SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel


                             VIROLOGIA
                                                                    Prof. Emanuel
1. Características gerais

Os vírus são supramoleculares e diferem dos demais seres vivos pela inexistência de
organização celular, por não possuírem metabolismo próprio e não serem capazes de se
reproduzir sem estar dentro de uma célula uma célula hospedeira. São parasitas
intracelulares obrigatórios. Os vírus são os menores seres conhecidos, visíveis apenas ao
microscópio eletrônico. Possuem como material genético o DNA ou RNA, exceção feita ao
citomegalovírus que possui os dois ácidos nucléicos .
O ácido nucléico apresenta-se sempre envolto por uma cápsula protéica denominada
capsídeo.Cada molécula protéica do capsídeo recebe o nome genérico de capsômero. O
capsídeo mais o ácido nucléico que ele envolve são denominados nucleocapsídeo. Os vírus
podem parasitar células como bactérias(bacteriófagos), fungos (micovírus), e outros tipos
celulares diversos.




                                                                           Bacteriófago
A partícula viral, quando fora da célula hospedeira, é chamada de vírion. Cada espécie de
vírus apresenta vírions de formatos diferentes. Em comum, todos os vírus contém ácidos
nucléicos e proteínas. Alguns vírus possuem também outras proteínas, que agem como
enzimas, catalisando reações e processos necessários para o ataque do vírus às células
hospedeiras. O capsídeo tem várias funções, entre elas a de proteger os ácidos nucléicos
virais da digestão feita por certas enzimas, acoplar com certos sítios receptores na
superfície da célula hospedeira e penetrar na sua membrana ou, em alguns casos, injetar o
ácido nucléico infeccioso no interior da célula. Muitos vírus possuem, ainda, uma
membrana lipoproteíca envolvendo o capsídeo; esta membrana é chamada de envelope
viral. O envelope facilita a interação do vírus com a membrana citoplasmática e aumenta a
proteção do vírus contra o sistema de defesa do organismo.
Um tipo de vírus ataca apenas determinados tipos de células, por que o vírus só consegue
infectar a célula que tiver em sua membrana substâncias às quais ele possa se ligar. A
especificidade viral em relação à célula hospedeira parece relacionar-se com a sua origem.
A origem dos vírus não é inteiramente clara, porém a explicação atualmente favorecida é
que eles sejam derivados de seus próprios hospedeiros, originando-se de elementos
transferíveis como plasmídeos ou transposons (elementos transponíveis, são segmentos de
DNA que têm a capacidade de mover-se e replicar-se dentro de um determinado genoma)
Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel

2. Vírus de DNA (Desoxivírus)

Vírus que possuem DNA como material genético, similar às células, podem empregar
diretamente a maquinaria celular para transcrição de seus genes, sua replicação e reparo de
seu DNA. Isso permite a alguns vírus ter um genoma grande como os herpesvírus, que
evoluíram de forma a produzir alguns genes próprios. As moléculas de DNA (dupla ou
simples fita) podem ser encontradas na forma linear ou circular, dependendo do vírus. Os
desoxivírus normalmente possuem um genoma mais estável que os vírus de RNA. Neste
grupo encontramos os vírus da varíola, do herpes, HPV e os adenovírus.

3. Vírus de RNA (Ribovírus e retrovírus)

Como o genoma celular normalmente metaboliza DNA, os vírus de RNA devem dispor de
enzimas próprias para poderem reproduzir. Entre as enzimas encolvidas com a reprodução
de um vírus de RNA destacam-se a RNA replicases e a transcriptase reversa. Os retrovírus
ao entrarem nas células utilizam o RNA para a produção de DNA pela ação da transcriptase
reversa, como é o caso do HIV e do HTLV. Os ribovírus podem ser RNA + (o RNA viral
funciona diretamente como mensageiro estimulando a produção de proteínas virais) ou
RNA – (é necessário a produção de novas fitas de RNA para que sejam sintetizadas as
proteínas virais) , ambos utilizam a RNA replicase para transcrever seu RNA em várias
outras moléculas de RNA viral durante a reprodução, como é o caso dos vírus da influenza,
do sarampo, da raiva e da poliomielite. Os vírus de RNA são mais instáveis e sofrem mais
mutações que os vírus de DNA e são responsáveis pela maioria das zoonoses e das doenças
virias emergentes

OBS. Leitura complementar sobre vírus de DNA e RNA no site
http://www.editorasaraiva.com.br/biosonialopes/pdf/humanos_virus.pdf
4. Reprodução Viral

Para a formação de novos vírus, deve ocorrer a duplicação do ácido nucléico viral e a
síntese das proteínas que formam o capsídeo. Os vírus dispõem de diferentes mecanismos
para utilizar as células hospedeiras, desviando o metabolismo celular para o seu benefício.
No ciclo lítico o vírus se fixa na superfície da célula, libera enzimas para enfraquecer a
parede celular (no caso de vírus que atacam células bacterianas, de protozoários ou de
vegetais, que possuam parede celular) e o material genético do vírus é inoculado dentro da
célula. O material genético viral desencadeia uma profunda desorganização do
metabolismo celular, passando a dominá-lo, fazendo com que o mecanismo de síntese de
macromoléculas da célula seja desviado para a produção de cópias do material genético e
das proteínas virais, ocorrendo a formação de centenas de cópias do vírus. A seguir, a
célula se rompe e libera os novos vírus.
 No ciclo lisogênico o ácido nucléico viral associa-se ao DNA da célula hospedeira e ali
permanece na forma de pró-vírus, fazendo parte do cromossomo celular e sendo duplicado
e transmitido para as células filhas durante a divisão celular.
Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel




5. Gripe do frango

A Influenza Aviária é uma doença causada por um orthomyxovírus tipo A, que pode afetar
várias espécies de aves silvestres e de produção. O vírus da influenza é dividido
antigenicamente em três tipos, denominados A, B e C. Os tipos B e C acometem apenas os
humanos, enquanto o tipo A, tem espectro mais amplo de patogenicidade, afetando além
dos humanos: aves, suínos, eqüinos, e algumas espécies de mamíferos aquáticos. A cepa
que está circulando de forma epidêmica atualmente entre as aves domésticas da Ásia é
altamente contagiosa e grave, provocando a dizimação de milhares desses animais. A
exposição direta a aves infectadas ou a suas fezes pode resultar na infecção humana.
Os surtos de doença causados pelos vírus H5N1 representam risco para a saúde humana,
em particular para os trabalhadores de granjas e de abatedouros dessas aves, pelo nível
maior de exposição. Há evidências de que esta cepa tem uma capacidade singular de
“pular” a barreira das espécies e causar doença grave, com alta mortalidade em humanos.
Destaca-se a possibilidade de que a situação presente possa originar outra pandemia de
influenza em humanos. Cientistas reconhecem que os vírus da influenza aviária e
humana podem trocar material genético quando uma pessoa é infectada
simultaneamente com vírus de ambas espécies. Este processo de troca genética no
organismo pode produzir um subtipo completamente diferente de vírus influenza para o
qual poucos humanos teriam imunidade natural. As vacinas existentes, desenvolvidas para
proteger os humanos durante epidemias sazonais, não seriam eficazes contra um vírus
influenza completamente novo. Se o vírus novo contiver genes da influenza humana, pode
ocorrer a transmissão direta de pessoa a pessoa (e não apenas de aves para o homem).
Quando isto acontecer, estarão reunidas as condições para o início de uma nova pandemia
Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel

de influenza. Isso foi observado durante a grande pandemia de influenza de 1918-1919
(Gripe Espanhola), quando um subtipo novo do vírus influenza se espalhou mundialmente,
com morte estimada de 40 a 50 milhões de pessoas. Atualmente, o tempo médio entre a
identificação de uma nova cepa e a produção de uma vacina específica é de 4 a 6 meses. O
vírus da influenza sofre mutações constantes e por isso facilmente ilude as defesas do
organismo ou mesmo a proteção conferida pelas vacinas. As novas amostras resultantes
destas mutações podem ser transmissíveis entre humanos durante um período considerável
e causar epidemias de grandes proporções.
Após a infecção, as galinhas eliminam o vírus nas fezes por cerca de 10 dias e as aves
silvestres por cerca de 30 dias. Depois desse período, as aves que não morreram pela
infecção podem desenvolver imunidade contra a doença. As aves não permanecem
portadoras do vírus por toda a vida.
A doença pode propagar-se de um país para outro país por meio do comércio internacional
de aves domésticas vivas. Aves migratórias podem carrear o vírus por longas distâncias,
como ocorrido anteriormente na difusão internacional da influenza aviária de alta
patogenicidade. Aves aquáticas migratórias – principalmente patos selvagens – são o
reservatório natural dos vírus da influenza aviária e são mais resistentes à infecção. Eles
podem carrear o vírus por grandes distâncias e eliminá-los nas fezes, ainda que
desenvolvam apenas doença leve. No entanto, os patos domésticos são suscetíveis a
infecções letais, bem como os perus, os gansos e diversas outras espécies criadas em
granjas comerciais ou quintais.

6. AIDS

A AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) é provocada por uma infecção virótica
que danifica o sistema imunológico humano. Em conseqüência, todo o organismo fica
exposto a outras infecções, como a pneumocistose (forma de pneumonia rara que acomete
também recém-nascidos debilitados), infecções cerebrais, diarréia persistente e herpes ou
ainda certas variedades de câncer (como o sarcoma de Kaposi, um tipo de câncer de pele).
São esses problemas que vêm a ser a causa direta da morte do doente.
A AIDS foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um
número elevado de pacientes adultos do sexo masculino homossexuais e moradores de São
Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia e
comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de uma
nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível.
O Vírus da AIDS , HIV, é um retrovírus envelopado. Possui no centro duas moléculas de
RNA. Internamente - envolvendo o RNA viral, existe uma c´spsula protéica. Após o
capsídeo, mais externamente existe uma camada dupla de lipídeos, na qual estão imersas
várias moléculas protéicas específicas deste vírus. No envelope externo estão várias
protuberâncias também formadas de proteínas (gp 120) e envolvidas com a associação dos
vírus à célula hospedeira. No interior do vírus existem moléculas de enzimas denominadas
transcriptase reversa, integrases e proteases
                             O ciclo da doença começa quando o HIV - circulando pela
                             corrente sanguínea se une à membrana plasmática de células de
                             defesa do organismo (linfócitos T CD4 e macrófagos). Seu
                             envelope incorpora-se à membrana da célula e o core, penetra
                             no citoplasma. A enzima transcriptase reversa utiliza o RNA do
Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel

vírus para a produção de DNA. A molécula de DNA se aloja no núcleo e com a ação da
integrase se incorpora ao DNA da célula hospedeira . Uma vez incorporado, o DNA viral
(provírus) , passa a comandar os mecanismos celulares , enviando RNA mensageiros para
a síntese de proteínas virais. As proteases participam da montagem dos novos vírus. As
proteínas virais migram para a membrana plasmática e vão se formando então várias
projeções para fora da membrana plasmática.Então duas moléculas de RNA viral penetram
em cada uma destas estruturas, até que amadureça o novo core e o envelope de cada novo
vírus,todas as estruturas esféricas dos novos HIV se desprendem - destruindo a célula
hospedeira e indo infectar outras células.
Uma das estratégias do vírus HIV é permanecer oculto dentro do núcleo das células até que
encontre o momento "certo" de atacar, nesta fase o DNA viral se associa ao DNA da célula
hospedeira, e quando a célula se reproduz, ele também o faz . Desta forma o vírus reproduz
de forma assintomática.
Nos últimos anos têm surgido novas drogas para combater o vírus HIV. Vou descrever aqui
o mecanismo de combate de quatro destas drogas (presentes no Coquetel). As quemoquinas
atuam quando a moléculas gp120 do vírus se encaixam na célula T4, elas atuam sobre estas
moléculas e procuram impedir a entrada do HIV na célula. Na segunda linha de defesa
temos as drogas como o AZT - estas drogas inativam a transcriptase reversa, bloqueando a
replicação viral. Na terceira linha de defesa temos as drogas inibidoras de integrases que
impedem a associação do DNA viral ao DNA celular. Se nenhum destes recursos surtir
efeito existe a última linha de defesa utilizando drogas que impedem o amadurecimento dos
vírus em formação por inibirem as proteases.
http://www.icb.ufmg.br/biq/prodabi6/grupos/grupo1/hiv.html
Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel

7. Entidades subvirais

Alguns agentes infecciosos apresentam algumas características gerais de vírus, mas por
outro lado são estruturalmente mais simples. Duas dessas entidades são as que assumem
maior importância atualmente: viróides e prions.

a) Viróides: são moléculas pequenas (de 246 a 375 nucleotídeos) de RNA simples fita,
circular, sem nenhuma forma de capsídeo. O viróide é constituído apenas de RNA, que
aparentemente não codifica nenhuma proteína. Portanto, o viróide é completamente
dependente das funções celulares para sua replicação. Os viróides se replicam em algumas
espécies de plantas, causando doenças provavelmente por interferência no metabolismo de
regulação gênica da célula hospedeira. O processo de infecção não é bem conhecido, mas
acredita-se que sua passagem seja a partir de contato entre células e/ou em células que
sofram um corte mecânico. Há hipóteses que sugerem similaridades entre os viróides e o
processamento de íntrons em células eucariontes. Estas similaridades podem estar ligadas a
uma origem direta dos viróides a partir de introns, que “escaparam” do genoma. Alguns
desses RNAs de viróides tem atividade catalítica própria, clivando outros RNAs.

b) Príons: são constituídos provavelmente apenas de um tipo de proteína, sem ácido
nucléico. O príon normal tem a maior parte dos aminoácidos arrumada em forma de espiral.
Já o príon anormal, como o que causa a doença da vaca louca, possui a maioria dos
aminoácidos organizada em ziguezague. O príon normal é chamado de príon celular,
enquanto o anormal recebe o nome de príon scrapie, denominação da moléstia causada por
príon que atinge as ovelhas. Eles causam doenças neurodegenerativas, fatais, de progressão
lenta. Em carneiros causam uma doença conhecida como scrapie (coçar), conhecida há
mais de 250 anos. Atualmente, este agente infeccioso tem se tornado muito conhecido por
causar uma epidemia no gado inglês, encefalopatia espongiforme de bovinos (BSE) ou a
síndrome da vaca louca. Acredita-se que os bovinos foram contaminados por ingestão de
ração contendo restos de carneiros contaminados com scrapie.
A doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD) e o Kuru são exemplos de doenças causadas por
príons em seres humanos. Elas apresentam características neuropatológicas, mas afetam
áreas diferentes do cérebro. Há suspeitas que alguns casos de CJD atípicos em pessoas
jovens, de menos que 30 anos, na Inglaterra, possam ser devidos à contaminação por
ingestão de carne bovina contaminada com o agente da BSE. O agente infeccioso príon é
altamente resistente á radiação UV e radiação gama, sendo aparentemente desprovido de
qualquer molécula de ácido nucléico. Acredita-se que a proteína príon seja codificada por
um gene da célula do hospedeiro, expresso normalmente nas células nervosas e a
reprodução do príon ocorra através da modificação conformacional da proteína celular,
convertendo-a em infecciosa.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

Virus e viroses
Virus e virosesVirus e viroses
Virus e viroses
 
Vírus Biologia
Vírus BiologiaVírus Biologia
Vírus Biologia
 
Aula de Microbiologia Clínica sobre Estrutura, Replicação e Classificação Viral
Aula de Microbiologia Clínica sobre Estrutura, Replicação e Classificação ViralAula de Microbiologia Clínica sobre Estrutura, Replicação e Classificação Viral
Aula de Microbiologia Clínica sobre Estrutura, Replicação e Classificação Viral
 
Fatores de virulência
Fatores de virulênciaFatores de virulência
Fatores de virulência
 
Aula vírus
Aula vírusAula vírus
Aula vírus
 
Virologia - Super super med
Virologia - Super super medVirologia - Super super med
Virologia - Super super med
 
Virologia Geral - Estrutura dos vírus
Virologia Geral - Estrutura dos vírusVirologia Geral - Estrutura dos vírus
Virologia Geral - Estrutura dos vírus
 
Biologia- Virus
Biologia- VirusBiologia- Virus
Biologia- Virus
 
Aula 01
Aula 01Aula 01
Aula 01
 
Aula virus 3
Aula virus 3Aula virus 3
Aula virus 3
 
Gripe influenza
Gripe influenza Gripe influenza
Gripe influenza
 
Bactérias e Vírus
Bactérias e VírusBactérias e Vírus
Bactérias e Vírus
 
Microbiologia parte 1
Microbiologia parte 1Microbiologia parte 1
Microbiologia parte 1
 
Parasitismo
ParasitismoParasitismo
Parasitismo
 
Seminário sobre Helmintos
Seminário sobre HelmintosSeminário sobre Helmintos
Seminário sobre Helmintos
 
Vírus
VírusVírus
Vírus
 
Parasitas
ParasitasParasitas
Parasitas
 
Aula n° 1
Aula n° 1  Aula n° 1
Aula n° 1
 
Aula de Parasitologia Básica
Aula de Parasitologia BásicaAula de Parasitologia Básica
Aula de Parasitologia Básica
 
Doenças causadas por protozoários
Doenças causadas por protozoáriosDoenças causadas por protozoários
Doenças causadas por protozoários
 

Destaque

CEET_Aula sobre os vírus - 2º ano
CEET_Aula sobre os vírus - 2º anoCEET_Aula sobre os vírus - 2º ano
CEET_Aula sobre os vírus - 2º anoPCachoeira
 
Introdução à micologia
Introdução à micologiaIntrodução à micologia
Introdução à micologiaJoão Monteiro
 
Aula: Vírus - 2º Ano TI - UNASP
Aula: Vírus - 2º Ano TI - UNASPAula: Vírus - 2º Ano TI - UNASP
Aula: Vírus - 2º Ano TI - UNASPRonaldo Santana
 
Resumo de Zoologia
Resumo de ZoologiaResumo de Zoologia
Resumo de ZoologiaBIOGERALDO
 
1° Ano EM TI - Reino monera 01/2016
1° Ano EM TI - Reino monera 01/20161° Ano EM TI - Reino monera 01/2016
1° Ano EM TI - Reino monera 01/2016Ronaldo Santana
 
Treinamento consultec introdução citologia
Treinamento consultec   introdução citologiaTreinamento consultec   introdução citologia
Treinamento consultec introdução citologiaemanuel
 
Treinamento para a AV1 - II bimestre
Treinamento para a AV1 - II  bimestreTreinamento para a AV1 - II  bimestre
Treinamento para a AV1 - II bimestreemanuel
 
The cell - Introdução a citologia
The cell - Introdução a citologiaThe cell - Introdução a citologia
The cell - Introdução a citologiaemanuel
 
Treinamento para AV2 - Biologia
Treinamento para AV2 - BiologiaTreinamento para AV2 - Biologia
Treinamento para AV2 - Biologiaemanuel
 
Diferenciação celular das linhagens somática e germinativa
Diferenciação celular das linhagens somática e germinativaDiferenciação celular das linhagens somática e germinativa
Diferenciação celular das linhagens somática e germinativaemanuel
 
Leitura complementar de imunologia II
Leitura complementar de imunologia IILeitura complementar de imunologia II
Leitura complementar de imunologia IIemanuel
 
Biomoleculas
BiomoleculasBiomoleculas
Biomoleculasemanuel
 

Destaque (20)

Parasitoses
ParasitosesParasitoses
Parasitoses
 
Espelhos planos
Espelhos planosEspelhos planos
Espelhos planos
 
Vírus (resumo)
Vírus (resumo)Vírus (resumo)
Vírus (resumo)
 
Virus
VirusVirus
Virus
 
CEET_Aula sobre os vírus - 2º ano
CEET_Aula sobre os vírus - 2º anoCEET_Aula sobre os vírus - 2º ano
CEET_Aula sobre os vírus - 2º ano
 
Virus um grupo a parte
Virus  um grupo a parteVirus  um grupo a parte
Virus um grupo a parte
 
Microbiologia Geral - Vírus
Microbiologia Geral - VírusMicrobiologia Geral - Vírus
Microbiologia Geral - Vírus
 
Introdução à micologia
Introdução à micologiaIntrodução à micologia
Introdução à micologia
 
Os virus
Os virusOs virus
Os virus
 
Aula: Vírus - 2º Ano TI - UNASP
Aula: Vírus - 2º Ano TI - UNASPAula: Vírus - 2º Ano TI - UNASP
Aula: Vírus - 2º Ano TI - UNASP
 
Resumo de Zoologia
Resumo de ZoologiaResumo de Zoologia
Resumo de Zoologia
 
1° Ano EM TI - Reino monera 01/2016
1° Ano EM TI - Reino monera 01/20161° Ano EM TI - Reino monera 01/2016
1° Ano EM TI - Reino monera 01/2016
 
Aula 12 virus
Aula   12 virusAula   12 virus
Aula 12 virus
 
Treinamento consultec introdução citologia
Treinamento consultec   introdução citologiaTreinamento consultec   introdução citologia
Treinamento consultec introdução citologia
 
Treinamento para a AV1 - II bimestre
Treinamento para a AV1 - II  bimestreTreinamento para a AV1 - II  bimestre
Treinamento para a AV1 - II bimestre
 
The cell - Introdução a citologia
The cell - Introdução a citologiaThe cell - Introdução a citologia
The cell - Introdução a citologia
 
Treinamento para AV2 - Biologia
Treinamento para AV2 - BiologiaTreinamento para AV2 - Biologia
Treinamento para AV2 - Biologia
 
Diferenciação celular das linhagens somática e germinativa
Diferenciação celular das linhagens somática e germinativaDiferenciação celular das linhagens somática e germinativa
Diferenciação celular das linhagens somática e germinativa
 
Leitura complementar de imunologia II
Leitura complementar de imunologia IILeitura complementar de imunologia II
Leitura complementar de imunologia II
 
Biomoleculas
BiomoleculasBiomoleculas
Biomoleculas
 

Semelhante a Resumo de virologia: características e ciclo de vida dos vírus

Semelhante a Resumo de virologia: características e ciclo de vida dos vírus (20)

Vírus
VírusVírus
Vírus
 
Características dos vírus e doenças causadas por vírus
Características dos vírus e doenças causadas por vírusCaracterísticas dos vírus e doenças causadas por vírus
Características dos vírus e doenças causadas por vírus
 
Virus
VirusVirus
Virus
 
Aula virus (1)
Aula virus (1)Aula virus (1)
Aula virus (1)
 
Virus-aula.ppt
Virus-aula.pptVirus-aula.ppt
Virus-aula.ppt
 
Virus.ppt
Virus.pptVirus.ppt
Virus.ppt
 
Virus.ppt
Virus.pptVirus.ppt
Virus.ppt
 
Vírus
VírusVírus
Vírus
 
Virus
VirusVirus
Virus
 
Virus
VirusVirus
Virus
 
Vírus.ppt
Vírus.pptVírus.ppt
Vírus.ppt
 
Virus Final
Virus FinalVirus Final
Virus Final
 
4- VÍRUS.pptx
4- VÍRUS.pptx4- VÍRUS.pptx
4- VÍRUS.pptx
 
Aula vírus viroses_exercícios
Aula vírus viroses_exercíciosAula vírus viroses_exercícios
Aula vírus viroses_exercícios
 
Vírus
VírusVírus
Vírus
 
caracteristicas-gerais-dos-virus.ppt...............x
caracteristicas-gerais-dos-virus.ppt...............xcaracteristicas-gerais-dos-virus.ppt...............x
caracteristicas-gerais-dos-virus.ppt...............x
 
Ipo pg 2007.06.02 aula1
Ipo pg 2007.06.02 aula1Ipo pg 2007.06.02 aula1
Ipo pg 2007.06.02 aula1
 
Vírus
VírusVírus
Vírus
 
Virus
VirusVirus
Virus
 
Exercicios sobre virus
Exercicios sobre virusExercicios sobre virus
Exercicios sobre virus
 

Mais de emanuel

Revisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapaRevisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapaemanuel
 
Revisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃORevisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃOemanuel
 
Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia   Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia emanuel
 
3° simulado ENEM - matematica e linguagens
3° simulado ENEM -  matematica e linguagens3° simulado ENEM -  matematica e linguagens
3° simulado ENEM - matematica e linguagensemanuel
 
3º simulado enem - ciencias humanas e naturais
3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais
3º simulado enem - ciencias humanas e naturaisemanuel
 
Noções de Biotecnologia
Noções de BiotecnologiaNoções de Biotecnologia
Noções de Biotecnologiaemanuel
 
Noções de Cladistica
Noções de CladisticaNoções de Cladistica
Noções de Cladisticaemanuel
 
Sistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatórioSistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatórioemanuel
 
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagensemanuel
 
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturaisemanuel
 
1º simulado Enem Compacto
1º simulado   Enem Compacto 1º simulado   Enem Compacto
1º simulado Enem Compacto emanuel
 
Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1emanuel
 
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagensemanuel
 
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturaisemanuel
 
Ecologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organizaçãoEcologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organizaçãoemanuel
 
Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)emanuel
 
Lista de Histologia Animal
Lista de Histologia AnimalLista de Histologia Animal
Lista de Histologia Animalemanuel
 
Reino Monera 2015
Reino Monera 2015Reino Monera 2015
Reino Monera 2015emanuel
 
Aula dica 2014
Aula dica 2014Aula dica 2014
Aula dica 2014emanuel
 
Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas emanuel
 

Mais de emanuel (20)

Revisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapaRevisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapa
 
Revisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃORevisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃO
 
Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia   Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia
 
3° simulado ENEM - matematica e linguagens
3° simulado ENEM -  matematica e linguagens3° simulado ENEM -  matematica e linguagens
3° simulado ENEM - matematica e linguagens
 
3º simulado enem - ciencias humanas e naturais
3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais
3º simulado enem - ciencias humanas e naturais
 
Noções de Biotecnologia
Noções de BiotecnologiaNoções de Biotecnologia
Noções de Biotecnologia
 
Noções de Cladistica
Noções de CladisticaNoções de Cladistica
Noções de Cladistica
 
Sistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatórioSistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatório
 
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
 
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
 
1º simulado Enem Compacto
1º simulado   Enem Compacto 1º simulado   Enem Compacto
1º simulado Enem Compacto
 
Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1
 
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
 
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
 
Ecologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organizaçãoEcologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organização
 
Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)
 
Lista de Histologia Animal
Lista de Histologia AnimalLista de Histologia Animal
Lista de Histologia Animal
 
Reino Monera 2015
Reino Monera 2015Reino Monera 2015
Reino Monera 2015
 
Aula dica 2014
Aula dica 2014Aula dica 2014
Aula dica 2014
 
Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas
 

Resumo de virologia: características e ciclo de vida dos vírus

  • 1. Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel VIROLOGIA Prof. Emanuel 1. Características gerais Os vírus são supramoleculares e diferem dos demais seres vivos pela inexistência de organização celular, por não possuírem metabolismo próprio e não serem capazes de se reproduzir sem estar dentro de uma célula uma célula hospedeira. São parasitas intracelulares obrigatórios. Os vírus são os menores seres conhecidos, visíveis apenas ao microscópio eletrônico. Possuem como material genético o DNA ou RNA, exceção feita ao citomegalovírus que possui os dois ácidos nucléicos . O ácido nucléico apresenta-se sempre envolto por uma cápsula protéica denominada capsídeo.Cada molécula protéica do capsídeo recebe o nome genérico de capsômero. O capsídeo mais o ácido nucléico que ele envolve são denominados nucleocapsídeo. Os vírus podem parasitar células como bactérias(bacteriófagos), fungos (micovírus), e outros tipos celulares diversos. Bacteriófago A partícula viral, quando fora da célula hospedeira, é chamada de vírion. Cada espécie de vírus apresenta vírions de formatos diferentes. Em comum, todos os vírus contém ácidos nucléicos e proteínas. Alguns vírus possuem também outras proteínas, que agem como enzimas, catalisando reações e processos necessários para o ataque do vírus às células hospedeiras. O capsídeo tem várias funções, entre elas a de proteger os ácidos nucléicos virais da digestão feita por certas enzimas, acoplar com certos sítios receptores na superfície da célula hospedeira e penetrar na sua membrana ou, em alguns casos, injetar o ácido nucléico infeccioso no interior da célula. Muitos vírus possuem, ainda, uma membrana lipoproteíca envolvendo o capsídeo; esta membrana é chamada de envelope viral. O envelope facilita a interação do vírus com a membrana citoplasmática e aumenta a proteção do vírus contra o sistema de defesa do organismo. Um tipo de vírus ataca apenas determinados tipos de células, por que o vírus só consegue infectar a célula que tiver em sua membrana substâncias às quais ele possa se ligar. A especificidade viral em relação à célula hospedeira parece relacionar-se com a sua origem. A origem dos vírus não é inteiramente clara, porém a explicação atualmente favorecida é que eles sejam derivados de seus próprios hospedeiros, originando-se de elementos transferíveis como plasmídeos ou transposons (elementos transponíveis, são segmentos de DNA que têm a capacidade de mover-se e replicar-se dentro de um determinado genoma)
  • 2. Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel 2. Vírus de DNA (Desoxivírus) Vírus que possuem DNA como material genético, similar às células, podem empregar diretamente a maquinaria celular para transcrição de seus genes, sua replicação e reparo de seu DNA. Isso permite a alguns vírus ter um genoma grande como os herpesvírus, que evoluíram de forma a produzir alguns genes próprios. As moléculas de DNA (dupla ou simples fita) podem ser encontradas na forma linear ou circular, dependendo do vírus. Os desoxivírus normalmente possuem um genoma mais estável que os vírus de RNA. Neste grupo encontramos os vírus da varíola, do herpes, HPV e os adenovírus. 3. Vírus de RNA (Ribovírus e retrovírus) Como o genoma celular normalmente metaboliza DNA, os vírus de RNA devem dispor de enzimas próprias para poderem reproduzir. Entre as enzimas encolvidas com a reprodução de um vírus de RNA destacam-se a RNA replicases e a transcriptase reversa. Os retrovírus ao entrarem nas células utilizam o RNA para a produção de DNA pela ação da transcriptase reversa, como é o caso do HIV e do HTLV. Os ribovírus podem ser RNA + (o RNA viral funciona diretamente como mensageiro estimulando a produção de proteínas virais) ou RNA – (é necessário a produção de novas fitas de RNA para que sejam sintetizadas as proteínas virais) , ambos utilizam a RNA replicase para transcrever seu RNA em várias outras moléculas de RNA viral durante a reprodução, como é o caso dos vírus da influenza, do sarampo, da raiva e da poliomielite. Os vírus de RNA são mais instáveis e sofrem mais mutações que os vírus de DNA e são responsáveis pela maioria das zoonoses e das doenças virias emergentes OBS. Leitura complementar sobre vírus de DNA e RNA no site http://www.editorasaraiva.com.br/biosonialopes/pdf/humanos_virus.pdf 4. Reprodução Viral Para a formação de novos vírus, deve ocorrer a duplicação do ácido nucléico viral e a síntese das proteínas que formam o capsídeo. Os vírus dispõem de diferentes mecanismos para utilizar as células hospedeiras, desviando o metabolismo celular para o seu benefício. No ciclo lítico o vírus se fixa na superfície da célula, libera enzimas para enfraquecer a parede celular (no caso de vírus que atacam células bacterianas, de protozoários ou de vegetais, que possuam parede celular) e o material genético do vírus é inoculado dentro da célula. O material genético viral desencadeia uma profunda desorganização do metabolismo celular, passando a dominá-lo, fazendo com que o mecanismo de síntese de macromoléculas da célula seja desviado para a produção de cópias do material genético e das proteínas virais, ocorrendo a formação de centenas de cópias do vírus. A seguir, a célula se rompe e libera os novos vírus. No ciclo lisogênico o ácido nucléico viral associa-se ao DNA da célula hospedeira e ali permanece na forma de pró-vírus, fazendo parte do cromossomo celular e sendo duplicado e transmitido para as células filhas durante a divisão celular.
  • 3. Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel 5. Gripe do frango A Influenza Aviária é uma doença causada por um orthomyxovírus tipo A, que pode afetar várias espécies de aves silvestres e de produção. O vírus da influenza é dividido antigenicamente em três tipos, denominados A, B e C. Os tipos B e C acometem apenas os humanos, enquanto o tipo A, tem espectro mais amplo de patogenicidade, afetando além dos humanos: aves, suínos, eqüinos, e algumas espécies de mamíferos aquáticos. A cepa que está circulando de forma epidêmica atualmente entre as aves domésticas da Ásia é altamente contagiosa e grave, provocando a dizimação de milhares desses animais. A exposição direta a aves infectadas ou a suas fezes pode resultar na infecção humana. Os surtos de doença causados pelos vírus H5N1 representam risco para a saúde humana, em particular para os trabalhadores de granjas e de abatedouros dessas aves, pelo nível maior de exposição. Há evidências de que esta cepa tem uma capacidade singular de “pular” a barreira das espécies e causar doença grave, com alta mortalidade em humanos. Destaca-se a possibilidade de que a situação presente possa originar outra pandemia de influenza em humanos. Cientistas reconhecem que os vírus da influenza aviária e humana podem trocar material genético quando uma pessoa é infectada simultaneamente com vírus de ambas espécies. Este processo de troca genética no organismo pode produzir um subtipo completamente diferente de vírus influenza para o qual poucos humanos teriam imunidade natural. As vacinas existentes, desenvolvidas para proteger os humanos durante epidemias sazonais, não seriam eficazes contra um vírus influenza completamente novo. Se o vírus novo contiver genes da influenza humana, pode ocorrer a transmissão direta de pessoa a pessoa (e não apenas de aves para o homem). Quando isto acontecer, estarão reunidas as condições para o início de uma nova pandemia
  • 4. Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel de influenza. Isso foi observado durante a grande pandemia de influenza de 1918-1919 (Gripe Espanhola), quando um subtipo novo do vírus influenza se espalhou mundialmente, com morte estimada de 40 a 50 milhões de pessoas. Atualmente, o tempo médio entre a identificação de uma nova cepa e a produção de uma vacina específica é de 4 a 6 meses. O vírus da influenza sofre mutações constantes e por isso facilmente ilude as defesas do organismo ou mesmo a proteção conferida pelas vacinas. As novas amostras resultantes destas mutações podem ser transmissíveis entre humanos durante um período considerável e causar epidemias de grandes proporções. Após a infecção, as galinhas eliminam o vírus nas fezes por cerca de 10 dias e as aves silvestres por cerca de 30 dias. Depois desse período, as aves que não morreram pela infecção podem desenvolver imunidade contra a doença. As aves não permanecem portadoras do vírus por toda a vida. A doença pode propagar-se de um país para outro país por meio do comércio internacional de aves domésticas vivas. Aves migratórias podem carrear o vírus por longas distâncias, como ocorrido anteriormente na difusão internacional da influenza aviária de alta patogenicidade. Aves aquáticas migratórias – principalmente patos selvagens – são o reservatório natural dos vírus da influenza aviária e são mais resistentes à infecção. Eles podem carrear o vírus por grandes distâncias e eliminá-los nas fezes, ainda que desenvolvam apenas doença leve. No entanto, os patos domésticos são suscetíveis a infecções letais, bem como os perus, os gansos e diversas outras espécies criadas em granjas comerciais ou quintais. 6. AIDS A AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) é provocada por uma infecção virótica que danifica o sistema imunológico humano. Em conseqüência, todo o organismo fica exposto a outras infecções, como a pneumocistose (forma de pneumonia rara que acomete também recém-nascidos debilitados), infecções cerebrais, diarréia persistente e herpes ou ainda certas variedades de câncer (como o sarcoma de Kaposi, um tipo de câncer de pele). São esses problemas que vêm a ser a causa direta da morte do doente. A AIDS foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia e comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível. O Vírus da AIDS , HIV, é um retrovírus envelopado. Possui no centro duas moléculas de RNA. Internamente - envolvendo o RNA viral, existe uma c´spsula protéica. Após o capsídeo, mais externamente existe uma camada dupla de lipídeos, na qual estão imersas várias moléculas protéicas específicas deste vírus. No envelope externo estão várias protuberâncias também formadas de proteínas (gp 120) e envolvidas com a associação dos vírus à célula hospedeira. No interior do vírus existem moléculas de enzimas denominadas transcriptase reversa, integrases e proteases O ciclo da doença começa quando o HIV - circulando pela corrente sanguínea se une à membrana plasmática de células de defesa do organismo (linfócitos T CD4 e macrófagos). Seu envelope incorpora-se à membrana da célula e o core, penetra no citoplasma. A enzima transcriptase reversa utiliza o RNA do
  • 5. Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel vírus para a produção de DNA. A molécula de DNA se aloja no núcleo e com a ação da integrase se incorpora ao DNA da célula hospedeira . Uma vez incorporado, o DNA viral (provírus) , passa a comandar os mecanismos celulares , enviando RNA mensageiros para a síntese de proteínas virais. As proteases participam da montagem dos novos vírus. As proteínas virais migram para a membrana plasmática e vão se formando então várias projeções para fora da membrana plasmática.Então duas moléculas de RNA viral penetram em cada uma destas estruturas, até que amadureça o novo core e o envelope de cada novo vírus,todas as estruturas esféricas dos novos HIV se desprendem - destruindo a célula hospedeira e indo infectar outras células. Uma das estratégias do vírus HIV é permanecer oculto dentro do núcleo das células até que encontre o momento "certo" de atacar, nesta fase o DNA viral se associa ao DNA da célula hospedeira, e quando a célula se reproduz, ele também o faz . Desta forma o vírus reproduz de forma assintomática. Nos últimos anos têm surgido novas drogas para combater o vírus HIV. Vou descrever aqui o mecanismo de combate de quatro destas drogas (presentes no Coquetel). As quemoquinas atuam quando a moléculas gp120 do vírus se encaixam na célula T4, elas atuam sobre estas moléculas e procuram impedir a entrada do HIV na célula. Na segunda linha de defesa temos as drogas como o AZT - estas drogas inativam a transcriptase reversa, bloqueando a replicação viral. Na terceira linha de defesa temos as drogas inibidoras de integrases que impedem a associação do DNA viral ao DNA celular. Se nenhum destes recursos surtir efeito existe a última linha de defesa utilizando drogas que impedem o amadurecimento dos vírus em formação por inibirem as proteases. http://www.icb.ufmg.br/biq/prodabi6/grupos/grupo1/hiv.html
  • 6. Resumo teórico de virologia - Prof. Emanuel 7. Entidades subvirais Alguns agentes infecciosos apresentam algumas características gerais de vírus, mas por outro lado são estruturalmente mais simples. Duas dessas entidades são as que assumem maior importância atualmente: viróides e prions. a) Viróides: são moléculas pequenas (de 246 a 375 nucleotídeos) de RNA simples fita, circular, sem nenhuma forma de capsídeo. O viróide é constituído apenas de RNA, que aparentemente não codifica nenhuma proteína. Portanto, o viróide é completamente dependente das funções celulares para sua replicação. Os viróides se replicam em algumas espécies de plantas, causando doenças provavelmente por interferência no metabolismo de regulação gênica da célula hospedeira. O processo de infecção não é bem conhecido, mas acredita-se que sua passagem seja a partir de contato entre células e/ou em células que sofram um corte mecânico. Há hipóteses que sugerem similaridades entre os viróides e o processamento de íntrons em células eucariontes. Estas similaridades podem estar ligadas a uma origem direta dos viróides a partir de introns, que “escaparam” do genoma. Alguns desses RNAs de viróides tem atividade catalítica própria, clivando outros RNAs. b) Príons: são constituídos provavelmente apenas de um tipo de proteína, sem ácido nucléico. O príon normal tem a maior parte dos aminoácidos arrumada em forma de espiral. Já o príon anormal, como o que causa a doença da vaca louca, possui a maioria dos aminoácidos organizada em ziguezague. O príon normal é chamado de príon celular, enquanto o anormal recebe o nome de príon scrapie, denominação da moléstia causada por príon que atinge as ovelhas. Eles causam doenças neurodegenerativas, fatais, de progressão lenta. Em carneiros causam uma doença conhecida como scrapie (coçar), conhecida há mais de 250 anos. Atualmente, este agente infeccioso tem se tornado muito conhecido por causar uma epidemia no gado inglês, encefalopatia espongiforme de bovinos (BSE) ou a síndrome da vaca louca. Acredita-se que os bovinos foram contaminados por ingestão de ração contendo restos de carneiros contaminados com scrapie. A doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD) e o Kuru são exemplos de doenças causadas por príons em seres humanos. Elas apresentam características neuropatológicas, mas afetam áreas diferentes do cérebro. Há suspeitas que alguns casos de CJD atípicos em pessoas jovens, de menos que 30 anos, na Inglaterra, possam ser devidos à contaminação por ingestão de carne bovina contaminada com o agente da BSE. O agente infeccioso príon é altamente resistente á radiação UV e radiação gama, sendo aparentemente desprovido de qualquer molécula de ácido nucléico. Acredita-se que a proteína príon seja codificada por um gene da célula do hospedeiro, expresso normalmente nas células nervosas e a reprodução do príon ocorra através da modificação conformacional da proteína celular, convertendo-a em infecciosa.