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Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 259
A Psicoterapia breve no Hospital Geral1
Brief Psychotherapy in General Hospital
Maria Alice Lustosa2
Cursos de Pós Graduação, Santa Casa da Misericórdia do RJ
Resumo
A aplicação do tratamento psicoterápico breve remonta à época de Freud, e
tem seu início no âmbito da psicanálise. Entretanto não se confunde com ela,
no momento em que dela se distancia por questões metodológicas, e se torna
um campo bem definido, com método e técnica próprios. Com a entrada da
Psicologia no Hospital Geral, a Psicoterapia Breve se torna uma alternativa
bem vinda à demanda de situações clínicas, principalmente em aplicações
ambulatoriais, onde esta técnica encontra setting e demanda apropriados para
sua implementação. Sua aplicação só vem a enriquecer o trabalho da
Psicologia no âmbito hospitalar, e suas características próprias aí se ajustam
perfeitamente.
Palavras-Chave: Psicoterapia breve; Psicologia hospitalar.
Abstract
The application of brief psychotherapeutic treatment dates back to Freud, and
got his start as part of psychoanalysis. However it cannot be confused with it,
at the time it departs on methodological issues, and becomes a well-defined
field with its own methodology and technique. With the entry of Psychology at
the General Hospital, the Brief Psychotherapy becomes a welcome alternative
to the demands of clinical situations, mainly in ambulatory applications where
this technique is suitable for setting and demands its implementation. Its
application enriches the work of psychology in hospital settings, and their
characteristics fit perfectly there.
Keywords: Brief Psychotherapy; Health Psychology.
1
Curso ministrado na “Jornada de Psicologia do HU/UEL e 2° Congresso Brasileiro de Psicologia
Aplicada à Saúde , realizados em Londrina, 27-28-29 outubro de 2010.
2
Doutora em Psicologia pela UFRJ; Coordenadora dos Cursos de Pós Graduação da Santa Casa da
Misericórdia do RJ – CESANTA; Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Psicologia Hospitalar e
da Saúde da Sta Casa da Misericórdia do RJ; Coordenadora do Curso de Pós Graduação em
Psicologia Clínica da Sta Casa da Misericórdia do RJ; www.cepsirj.psc.br ; lustosa.ma@gmail.com
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 260
Histórico
Engana-se quem pensa que Freud não viu como bons olhos a
brevidade de atendimento psicanalítico. Conhecidas são suas investidas em
tratamentos breve. Basta lembrar-se de seu passeio por Leyden, onde durante
4 horas, dá como concluída uma bem sucedida experiência relacional com
Gustav Mahler.
Em outro momento, produziu o magnífico material do Homem dos Ratos,
trabalho clínico realizado em apenas 11 meses. Da mesma forma, deixa em
sua obra, o relato do caso conhecido como o Homem dos Lobos, de 1914,
onde, pela primeira vez resolve fixar um prazo para o término do processo
analítico, com intuito de acelerar o processo terapêutico.
Em 1918, em uma Conferência em Budapeste, Freud chega a propor
uma psicoterapia de base analítica dirigida à população de baixo poder
aquisitivo, lembrando do difícil momento histórico por que passa toda Europa
nesta época. Assim, sua simpatia por uma modalidade breve de tratamento
psicológico, se torna pública, e desperta, em muitos a mesma impressão.
Em 1937, em seu trabalho “ Análise Terminável e Interminável” chega a
afirmar que o encurtamento da análise é um fato desejável.
Entretanto, é com o neurologista húngaro Sandor Ferenczi (1873-1933)
que a idéia da brevidade do processo analítico se torna claro objetivo a
perseguir, através de sua observação dos pacientes analíticos, e de seus
ganhos secundários com a possibilidade de estenderem a análise por períodos
longos, além do necessário, sob seu ponto de vista. Passa a perseguir esta
idéia, primeiramente junto ao próprio Freud, que também se sente atraído pela
nova proposta. À medida que os estudos de Ferenczi prosseguem, Freud
passa a pregar prudência, dado as severas modificações metodológicas
proposta por Ferenczi no seio da teoria psicanalítica. Assim que o autor
avança em sua investida no desenvolvimento de teoria e técnica de uma
proposta breve de tratamento analítico, Freud acaba por opor-se à “Técnica
Ativa”, primeira tentativa de nomeação do novo modelo terapêutico.
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 261
O que parece mais alarmar Freud, e com razão, é a ousadia de
Ferenczi em interferir na proposta da associação livre, a qual, na Técnica Ativa,
não encontra local de atuação. E com isto e outros fatos da vida destes
teóricos brilhantes, a amizade entre eles, assim como a parceria profissional,
acabam por ser profundamente abaladas, até a chegada da ruptura da relação
de ambos.
Mas Ferenczi encontra em Otto Rank (1884-1939) parceria teórica e
criativa, para evolução de suas idéias, chegando à publicação de um livro em
conjunto, onde propõem, claramente, abreviar a cura psicanalítica.
Diante do pavoroso panorama, com o advento da 2ª Guerra Mundial
(1939-1945), com os horrores vivenciados pela população mundial, em
especial européia, com as inacreditáveis perseguições do regime nazista,
muitos são os sofrimentos encarados pelo ser humano, que havia achado que,
com a terrível experiência da 1ª Guerra Mundial, jamais repetiria tamanho e
tenebrosa experiência humana. Mas o que esta devastadora Guerra deixa de
legado são multidões devastadas física, psicológica, social e culturalmente. O
sofrimento humano se distende ao insuportável e suas marcas estão, até hoje,
presentes na população mundial.
Nesta ocasião, o número de pessoas necessitadas de apoio psicológico
cresce muito mais do que o de psicanalistas, que não podem dar conta de
tratamentos longos como anteriormente. Somam-se a isto as severas
restrições econômico-financeiras, que não permitem o pagamento, pela
população empobrecida, do preço das seções analíticas, assim como a
imensa dificuldade de verbalização das classes menos favorecidas. Não
bastassem estes fatores, o tempo se torna escasso para uma recuperação
psicológica, com vista à reconstrução de cidades, países, e de estruturas
egóicas destruídas pela experiência devastadora. A situação de catástrofe
trazida pelos resultados de tantos anos de sofrimento em guerra demanda a
expectativa de resultados rápidos nos tratamentos psicológicos da população
necessitada.
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 262
Assim, a urgência da situação impulsiona o desenvolvimento das
primeiras tentativas da experiência de Ferenczi, e muitos outros autores
juntam-se a este movimento, despontando no nascimento da Psicoterapia
Breve de inspiração analítica.
Correntes da Psicoterapia Breve
Duas importantes influências permeiam teoria e técnica da Psicoterapia
Breve: uma de origem inglesa, e outra argentina.
Na vertente inglesa, a técnica tem o Insight Transferencial como fator de
cura, enquanto a argentina enfatiza o enfoque Cognitivo do Insight, através da
“Experiência Emocional Corretiva”.
Em cada uma delas, diversos autores trabalham arduamente para
elaborarem teoria e prática que possibilitem, cada vez mais, um
amadurecimento e bem sucedimento desta abordagem.
Ballint, psicanalista húngaro, ex aluno de Ferenczi que ao asilar-se em
Londres fugindo da perseguição nazista, junto com sua esposa Alice, encontra
na Clínica Tavistock (1955) ambiente extremamente fértil para sua evolução
profissional. Com a morte de Alice, Ballint encontra em Enid, assistente social
da mesma clínica, uma rica parceira de trabalho e de vida afetiva, com quem
se casa. Este autor, em muito contribui para esta modalidade terapêutica, que
junto a Malan constitui um binômio inglês, de representantes da Psicoterapia
Breve de inspiração psicanalítica.
Já Fiorini e Knobel, se destacam no desenvolvimento, na Argentina,
desta modalidade psicoterapêutica, sendo que o último autor, inclusive, muda-
se para o Brasil, e encontra em Campinas, SP, local de inspiração para
desenvolvimento de seu trabalho na Psicologia, produzindo legado precioso a
todos da área.
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 263
Conceitos da Psicoterapia Breve
Trata-se de uma técnica que atua em condições muito especiais,
determinadas claramente, e, das quais dependerá seu sucesso. Suas
variáveis são-lhe próprias e originais, não se traduzindo em um simples
encurtamento de tempo do processo psicanalítico, como, erroneamente, muitos
desavisados lhe atribuem como única característica. Não há como abordá-la
extrapolando, simplesmente os dados de outras técnicas. Constitui-se um
campo a ser investigado em sua estrutura dinâmica e particular, própria a suas
necessidades e limitações particulares.
A Psicoterapia Breve (PB) utiliza-se da técnica focal, e só desta forma
alcança o objetivo planejado, dado que privilegia um campo a ser tratado,
dentre tantos outros existentes no indivíduo. Assim como também necessita de
planejamento acurado, e de atividade por parte do terapeuta.
Ao falar-se de Psicoterapia Breve, fala-se de uma psicoterapia do Ego,
dado que este se estabelece como seu local de trabalho, e de investimento
terapêutico. Certamente, o Id acaba sendo alcançado, mas não se constitui,
como na Psicanálise, seu alvo direto de investigação, dado que sua técnica
não se propõe a tal. Entretanto, por ser uma Psicoterapia do Ego não se pode
deduzir ser uma psicoterapia superficial, pois as transformações ocorridas são
profundas, expressas em substituição de Mecanismos de Defesa inadequados,
por outros mais propícios às situações e comportamentos congelados, sem
flexibilidade, como se pede de comportamentos saudáveis.
Não tem como proposta, pelo prazo limitado com que trabalha, produzir
mudanças na estrutura da personalidade, embora possa produzir intensas
modificações dinâmicas.
Objetivos
Esta técnica tem claros objetivos limitados, e propõe-se a modificar os
sintomas apresentados, aliviá-los ou mesmo suprimi-los, como se pode
acompanhar em maioria dos trabalhos levados a cabo por psicoterapeutas
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 264
treinados, e pacientes com motivação para tal. Isto deve-se, principalmente, à
variação do emprego do repertório defensivo do sujeito, assim como da
ampliação da consciência de possibilidades e de entraves em si.
Para seu desenvolvimento, há de se eleger conflitos a serem
trabalhados, diferente da Psicanálise. A eleição pelo trabalho focal, é o que
confere precisão e maior rapidez a esta técnica, e o que lhe limita o alcance.
Para tal, o trabalho interpretativo é cauteloso, evitando-se interpretações
prematuras de conflitos infantis, dado que não se admite a instalação da
neurose transferencial, nem da regressão, assim como não se recomenda a
associação livre como recurso terapêutico.
E conseqüência à sua utilização, observa-se, invariavelmente, conquista
de maior ajustamento nas relações interpessoais, proporcionando também, ao
cliente, nítida ampliação no desenvolvimento de horizonte prospectivo, assim
como auto-estima mais realista, e novos suportes de sua identidade. Uma vez
que seu comportamento muda, há visíveis modificações no comportamento
dos outros a seu redor, transformando a dinâmica interpessoal preexistente.
A condição essencial de eficácia da PB é a técnica da Focalização, onde
busca-se um foco que traduza o centro do conflito do sujeito, e a ele se investe
toda atenção, desprezando-se o que dele não faz parte. Lembrando-se que a
PB é uma Psicoterapia Focal, não se poderia pensar de outra forma.
A Focalização traduz-se por dirigir toda a atenção consciente ao foco
escolhido e dele extrair-se, cada vez mais, seu significado transferido para o
comportamento do sujeito. O foco se estabelece como principal centro do
conflito, traduzindo-se como o conflito focal, conflito da situação atual do
cliente, subjacente ao qual existe o conflito nuclear exacerbado. Espera-se que
com interpretações cuidadosas, o cliente dê-se conta da trama comportamental
criada para permitir-lhe lidar com o conflito nuclear, para que, assim, possa ter
o entendimento da complexa dinâmica de utilização de seu arsenal defensivo,
em prol de lidar com a ansiedade que aquele lhe provoca internamente.
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 265
O foco é composto de material tanto consciente quanto inconsciente, e
portanto, algo desta instância será abordado durante o processo terapêutico,
sem que se fixe o trabalho nesta área, palco da Psicanálise.
Para a manutenção do foco, o terapeuta dirige sua atenção e sua ação
em uma determinada área do conflito, e leva o cliente a debruçar-se nesta
área, através de interpretações seletivas, assim como de “negligência seletiva”,
quando deixa de lado material que não tenha ligação com o foco determinado,
como sendo o objetivo do trabalho psicoterápico que se estabeleceu no
contrato inicial, posterior à 1ª Entrevista, base do sucesso de qualquer
tratamento.
Naturalmente o cliente tende à focalização. Nota-se isto ao observar-se
que este traz para a sessão, seus relatos organizados em torno do tema a
tratar, geralmente mantendo uma linha diretriz, onde se observam imagens e
recordações selecionadas, guiadas pela dinâmica interna que tende a
organizar e hierarquizar tarefas, com claro intuito de resolver conflitos
prioritários. Isto é fruto das forças egóicas adaptativas, que conferem alguma
integridade à estrutura do sujeito.
Muitos são os autores conhecidos, e a bibliografia é vasta sobre esta
temática, não permitindo tantos enganos quanto os com os quais se depara na
prática clínica hodierna: Bellak, Small, Lewin, Malam, Fiorini, Knobel, Guilliéron,
Mann, Knobel, entre outros. São autores, reconhecidamente importantes na
evolução da Psicoterapia Breve, assim como responsáveis por pesquisas
clínicas desta abordagem, que permitem maior segurança na utilização da
técnica.
Indicações da Psicoterapia Breve
A acurada indicação confere a esta técnica sua eficácia. Ela é muito bem
empregada em quadros agudos ( situações de emergência, crises), distúrbios
reativos (incluindo depressões reativas), reações ansiosas ou fóbicas e
perturbações psicossomáticas de início recente.
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 266
Para a população economicamente desfavorecida, muitas vezes, é a
única alternativa, dado que a prolongada psicoterapia não se ajusta à esta
população, que necessita de resultados relevantes em tempo curto, tanto por
falta de tempo quanto por condições financeiras inadequadas.
O ambiente no qual se pode aplicar a técnica pode ser tanto público
quanto privado, e, uma vez concluído o processo, admite qualquer tratamento
intensivo ulterior, se assim exige a evolução do cliente.
Entretanto, não se observa grande benefício da aplicação da
Psicoterapia Breve em portadores de distúrbios psiquiátricos ou psicológicos
crônicos (quadro paranóides, obsessivo-compulsivo, psicossomáticos crônicos,
perversão, sociopatias). Para portadores destes tipos de distúrbios, não se
oferece esta técnica, dado que se sabe que encontra limitações claras para
emprego nestas situações.
Psicoterapia Breve no Hospital Geral
Esta técnica mostra-se muito adequada à aplicação ambulatorial do
Hospital Geral (HG). É neste local do hospital que se pode observar sua
melhor utilização, em especial, no ambiente onde a população encontra-se em
grande número, em contrapartida ao limitado número de profissionais de saúde
mental habilitados que ali trabalhem. A situação sócio econômica é outro fator
de indicação da Psicoterapia Breve, em especial no Hospital Geral Público e
Militar, dado que no Hospital Geral Particular, as consultas ambulatoriais não
são comuns.
A necessidade imediata de recuperação psicológica reforça sua
utilização no HG, dado a urgência de retorno ao equilíbrio psicológico desta
população, necessitada de retomar seu dia-a-dia, de forma rápida, quer por
exigências profissionais, quer por necessidades com a manutenção do
cuidado familiar.
A aplicabilidade da PB a grupos homogêneos demonstra a correta
eleição de tal técnica no HG. Nestes grupos, a pré determinação do tempo de
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 267
duração do tratamento, torna ágil e dinâmico todo este processo. Entretanto a
cuidadosa fase de seleção dos integrantes destes grupos lhe confere êxito ou
fracasso. A seleção visa investigar, tanto as indicações diretas, acima
descritas, quanto o nível de possibilidade de aderência ao tratamento, assim
como de possibilidade interna de se envolver em um grupo terapêutico. Com
esta prática grupal, maior número de cliente pode ser auxiliado dentro do HG,
com utilização de menor número de profissional, o que é uma preocupação,
pelo menos no Rio de Janeiro, onde a presença do profissional psicólogo no
HG não se encontra em número adequado à demanda de seu trabalho.
A receptividade da PB no HG Público tem sido muito favorável, tanto por
parte da equipe de saúde, que a indica, quanto da população, que a procura. A
satisfação dos pacientes com os resultados alcançados por esta técnica,
também tem convencido os psicólogos hospitalares a persistirem em sua
utilização, apesar de toda dificuldade encontrada em sua função nesta área da
Psicologia.
Algumas dificuldades se tem apresentado na aplicação desta técnica
nos Hospitais Públicos: em especial relativas à ausência e interrupção do
tratamento proposto. Muito deste absenteísmo, não tem relação com a técnica,
mas deve-se, principalmente à questão financeira de seus integrantes, sendo
a falta do valor para pagamento da condução no deslocamento físico, sua
maior causa. Com isto, grande parte da população carente, necessitada de um
atendimento psicoterápico, não pode ser assistida sequer pela Psicoterapia
Breve, o que deixa profissionais da área desolados.
A atenção do Poder Público, na área da Saúde, ainda tem muito a
realizar, e o otimismo não pode abandonar os servidores desta área, que
necessitam estar atentos e instigando, sempre, transformações favoráveis a
um melhor atendimento à população carente, ou não.
Conclusões e Considerações Finais
A Psicoterapia Breve, técnica de condições próprias, adequa-se
perfeitamente à dinâmica do Hospital Geral, em especial o Público e o Militar.
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 268
Pouco se tem notícia de sua utilização em Hospital Geral Particular, talvez por
características próprias da população aí atendida, mas não se vê relação de
sua não utilização neste ambiente, com características da técnica.
A determinação prévia do tempo de duração do tratamento traz a esta
prática um dinamismo interessante para sua utilização em locais onde o
número de pacientes é grande, e o de profissionais da área da saúde mental,
escasso.
Entretanto, a observação de suas indicações determina sua eficácia,
assim como a correta formação do profissional que se propõe a utilizá-la. A
formação do profissional nesta técnica é o que confere habilidade para correta
seleção dos candidatos a esta forma de tratamento psicoterápico, assim como
do encaminhamento adequado deste processo original.
A característica dinâmica do profissional, que, nesta técnica necessita
ser ativo, também é fator importante a ser observado. Assim como nem todo
paciente pode ser submetido a esta técnica, dado o pouco resultado que esta
lhe poderia oferecer, nem todo psicoterapeuta também se ajusta à forma em
que a Psicoterapia Breve trabalha. A observação deste detalhe não pode ser
ignorada pelo aplicador deste recurso terapêutico, assim como não deve ser
desprezado seu cuidado com o aprendizado de conceitos e aplicação. Não
faltam autores a serem investigados, não falta material traduzido e produzido
em língua portuguesa que desculpe a errônea aplicação da Psicoterapia Breve,
infelizmente ainda observada dentre os profissionais psi.
No que se refere à população, a Psicoterapia Breve tem muito a
contribuir com seu apoio psicológico, e com sua saúde mental. Portanto,
porque não utilizá-la adequadamente?
Referências
Braier, E. A. (1991). Psicoterapia breve de orientação psicanalítica. SP: Martins
Fontes.
Eizirik, C.; Aguiar, R.; Schestatsky, S. (1989). Psicoterapia de orientação
analítica. PA: Artes Médicas.
Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 269
Fiorini, H.J.; Peyrú,G. (1978). Desenvolvimentos em psicoterapias. RJ: Ed
Francisco Alves.
Fiorini, H.J. (1986). Estruturas e abordagens em psicoterapias. RJ: Ed
Francisco Alves.
Fiorini, H.J. (1985). Teoria e Técnica de Psicoterapias. RJ: Ed Francisco Alves.
Gilliéron, E. (1986). As psicoterapias breves. RJ: Zahar Ed.
Freud, S. ; Ferenczi, S. (1995). Correspondência; Vol I/Tomo 2. RJ: Imago.
Knobel, M. (1986). Psicoterapia breve. SP: EPU.
Small,L. (1974). As psicoterapias breves. RJ: Imago Editora Ltda.

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Psicoterapia breve no Hospital Geral

  • 1. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 259 A Psicoterapia breve no Hospital Geral1 Brief Psychotherapy in General Hospital Maria Alice Lustosa2 Cursos de Pós Graduação, Santa Casa da Misericórdia do RJ Resumo A aplicação do tratamento psicoterápico breve remonta à época de Freud, e tem seu início no âmbito da psicanálise. Entretanto não se confunde com ela, no momento em que dela se distancia por questões metodológicas, e se torna um campo bem definido, com método e técnica próprios. Com a entrada da Psicologia no Hospital Geral, a Psicoterapia Breve se torna uma alternativa bem vinda à demanda de situações clínicas, principalmente em aplicações ambulatoriais, onde esta técnica encontra setting e demanda apropriados para sua implementação. Sua aplicação só vem a enriquecer o trabalho da Psicologia no âmbito hospitalar, e suas características próprias aí se ajustam perfeitamente. Palavras-Chave: Psicoterapia breve; Psicologia hospitalar. Abstract The application of brief psychotherapeutic treatment dates back to Freud, and got his start as part of psychoanalysis. However it cannot be confused with it, at the time it departs on methodological issues, and becomes a well-defined field with its own methodology and technique. With the entry of Psychology at the General Hospital, the Brief Psychotherapy becomes a welcome alternative to the demands of clinical situations, mainly in ambulatory applications where this technique is suitable for setting and demands its implementation. Its application enriches the work of psychology in hospital settings, and their characteristics fit perfectly there. Keywords: Brief Psychotherapy; Health Psychology. 1 Curso ministrado na “Jornada de Psicologia do HU/UEL e 2° Congresso Brasileiro de Psicologia Aplicada à Saúde , realizados em Londrina, 27-28-29 outubro de 2010. 2 Doutora em Psicologia pela UFRJ; Coordenadora dos Cursos de Pós Graduação da Santa Casa da Misericórdia do RJ – CESANTA; Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Psicologia Hospitalar e da Saúde da Sta Casa da Misericórdia do RJ; Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Psicologia Clínica da Sta Casa da Misericórdia do RJ; www.cepsirj.psc.br ; lustosa.ma@gmail.com
  • 2. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 260 Histórico Engana-se quem pensa que Freud não viu como bons olhos a brevidade de atendimento psicanalítico. Conhecidas são suas investidas em tratamentos breve. Basta lembrar-se de seu passeio por Leyden, onde durante 4 horas, dá como concluída uma bem sucedida experiência relacional com Gustav Mahler. Em outro momento, produziu o magnífico material do Homem dos Ratos, trabalho clínico realizado em apenas 11 meses. Da mesma forma, deixa em sua obra, o relato do caso conhecido como o Homem dos Lobos, de 1914, onde, pela primeira vez resolve fixar um prazo para o término do processo analítico, com intuito de acelerar o processo terapêutico. Em 1918, em uma Conferência em Budapeste, Freud chega a propor uma psicoterapia de base analítica dirigida à população de baixo poder aquisitivo, lembrando do difícil momento histórico por que passa toda Europa nesta época. Assim, sua simpatia por uma modalidade breve de tratamento psicológico, se torna pública, e desperta, em muitos a mesma impressão. Em 1937, em seu trabalho “ Análise Terminável e Interminável” chega a afirmar que o encurtamento da análise é um fato desejável. Entretanto, é com o neurologista húngaro Sandor Ferenczi (1873-1933) que a idéia da brevidade do processo analítico se torna claro objetivo a perseguir, através de sua observação dos pacientes analíticos, e de seus ganhos secundários com a possibilidade de estenderem a análise por períodos longos, além do necessário, sob seu ponto de vista. Passa a perseguir esta idéia, primeiramente junto ao próprio Freud, que também se sente atraído pela nova proposta. À medida que os estudos de Ferenczi prosseguem, Freud passa a pregar prudência, dado as severas modificações metodológicas proposta por Ferenczi no seio da teoria psicanalítica. Assim que o autor avança em sua investida no desenvolvimento de teoria e técnica de uma proposta breve de tratamento analítico, Freud acaba por opor-se à “Técnica Ativa”, primeira tentativa de nomeação do novo modelo terapêutico.
  • 3. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 261 O que parece mais alarmar Freud, e com razão, é a ousadia de Ferenczi em interferir na proposta da associação livre, a qual, na Técnica Ativa, não encontra local de atuação. E com isto e outros fatos da vida destes teóricos brilhantes, a amizade entre eles, assim como a parceria profissional, acabam por ser profundamente abaladas, até a chegada da ruptura da relação de ambos. Mas Ferenczi encontra em Otto Rank (1884-1939) parceria teórica e criativa, para evolução de suas idéias, chegando à publicação de um livro em conjunto, onde propõem, claramente, abreviar a cura psicanalítica. Diante do pavoroso panorama, com o advento da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), com os horrores vivenciados pela população mundial, em especial européia, com as inacreditáveis perseguições do regime nazista, muitos são os sofrimentos encarados pelo ser humano, que havia achado que, com a terrível experiência da 1ª Guerra Mundial, jamais repetiria tamanho e tenebrosa experiência humana. Mas o que esta devastadora Guerra deixa de legado são multidões devastadas física, psicológica, social e culturalmente. O sofrimento humano se distende ao insuportável e suas marcas estão, até hoje, presentes na população mundial. Nesta ocasião, o número de pessoas necessitadas de apoio psicológico cresce muito mais do que o de psicanalistas, que não podem dar conta de tratamentos longos como anteriormente. Somam-se a isto as severas restrições econômico-financeiras, que não permitem o pagamento, pela população empobrecida, do preço das seções analíticas, assim como a imensa dificuldade de verbalização das classes menos favorecidas. Não bastassem estes fatores, o tempo se torna escasso para uma recuperação psicológica, com vista à reconstrução de cidades, países, e de estruturas egóicas destruídas pela experiência devastadora. A situação de catástrofe trazida pelos resultados de tantos anos de sofrimento em guerra demanda a expectativa de resultados rápidos nos tratamentos psicológicos da população necessitada.
  • 4. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 262 Assim, a urgência da situação impulsiona o desenvolvimento das primeiras tentativas da experiência de Ferenczi, e muitos outros autores juntam-se a este movimento, despontando no nascimento da Psicoterapia Breve de inspiração analítica. Correntes da Psicoterapia Breve Duas importantes influências permeiam teoria e técnica da Psicoterapia Breve: uma de origem inglesa, e outra argentina. Na vertente inglesa, a técnica tem o Insight Transferencial como fator de cura, enquanto a argentina enfatiza o enfoque Cognitivo do Insight, através da “Experiência Emocional Corretiva”. Em cada uma delas, diversos autores trabalham arduamente para elaborarem teoria e prática que possibilitem, cada vez mais, um amadurecimento e bem sucedimento desta abordagem. Ballint, psicanalista húngaro, ex aluno de Ferenczi que ao asilar-se em Londres fugindo da perseguição nazista, junto com sua esposa Alice, encontra na Clínica Tavistock (1955) ambiente extremamente fértil para sua evolução profissional. Com a morte de Alice, Ballint encontra em Enid, assistente social da mesma clínica, uma rica parceira de trabalho e de vida afetiva, com quem se casa. Este autor, em muito contribui para esta modalidade terapêutica, que junto a Malan constitui um binômio inglês, de representantes da Psicoterapia Breve de inspiração psicanalítica. Já Fiorini e Knobel, se destacam no desenvolvimento, na Argentina, desta modalidade psicoterapêutica, sendo que o último autor, inclusive, muda- se para o Brasil, e encontra em Campinas, SP, local de inspiração para desenvolvimento de seu trabalho na Psicologia, produzindo legado precioso a todos da área.
  • 5. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 263 Conceitos da Psicoterapia Breve Trata-se de uma técnica que atua em condições muito especiais, determinadas claramente, e, das quais dependerá seu sucesso. Suas variáveis são-lhe próprias e originais, não se traduzindo em um simples encurtamento de tempo do processo psicanalítico, como, erroneamente, muitos desavisados lhe atribuem como única característica. Não há como abordá-la extrapolando, simplesmente os dados de outras técnicas. Constitui-se um campo a ser investigado em sua estrutura dinâmica e particular, própria a suas necessidades e limitações particulares. A Psicoterapia Breve (PB) utiliza-se da técnica focal, e só desta forma alcança o objetivo planejado, dado que privilegia um campo a ser tratado, dentre tantos outros existentes no indivíduo. Assim como também necessita de planejamento acurado, e de atividade por parte do terapeuta. Ao falar-se de Psicoterapia Breve, fala-se de uma psicoterapia do Ego, dado que este se estabelece como seu local de trabalho, e de investimento terapêutico. Certamente, o Id acaba sendo alcançado, mas não se constitui, como na Psicanálise, seu alvo direto de investigação, dado que sua técnica não se propõe a tal. Entretanto, por ser uma Psicoterapia do Ego não se pode deduzir ser uma psicoterapia superficial, pois as transformações ocorridas são profundas, expressas em substituição de Mecanismos de Defesa inadequados, por outros mais propícios às situações e comportamentos congelados, sem flexibilidade, como se pede de comportamentos saudáveis. Não tem como proposta, pelo prazo limitado com que trabalha, produzir mudanças na estrutura da personalidade, embora possa produzir intensas modificações dinâmicas. Objetivos Esta técnica tem claros objetivos limitados, e propõe-se a modificar os sintomas apresentados, aliviá-los ou mesmo suprimi-los, como se pode acompanhar em maioria dos trabalhos levados a cabo por psicoterapeutas
  • 6. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 264 treinados, e pacientes com motivação para tal. Isto deve-se, principalmente, à variação do emprego do repertório defensivo do sujeito, assim como da ampliação da consciência de possibilidades e de entraves em si. Para seu desenvolvimento, há de se eleger conflitos a serem trabalhados, diferente da Psicanálise. A eleição pelo trabalho focal, é o que confere precisão e maior rapidez a esta técnica, e o que lhe limita o alcance. Para tal, o trabalho interpretativo é cauteloso, evitando-se interpretações prematuras de conflitos infantis, dado que não se admite a instalação da neurose transferencial, nem da regressão, assim como não se recomenda a associação livre como recurso terapêutico. E conseqüência à sua utilização, observa-se, invariavelmente, conquista de maior ajustamento nas relações interpessoais, proporcionando também, ao cliente, nítida ampliação no desenvolvimento de horizonte prospectivo, assim como auto-estima mais realista, e novos suportes de sua identidade. Uma vez que seu comportamento muda, há visíveis modificações no comportamento dos outros a seu redor, transformando a dinâmica interpessoal preexistente. A condição essencial de eficácia da PB é a técnica da Focalização, onde busca-se um foco que traduza o centro do conflito do sujeito, e a ele se investe toda atenção, desprezando-se o que dele não faz parte. Lembrando-se que a PB é uma Psicoterapia Focal, não se poderia pensar de outra forma. A Focalização traduz-se por dirigir toda a atenção consciente ao foco escolhido e dele extrair-se, cada vez mais, seu significado transferido para o comportamento do sujeito. O foco se estabelece como principal centro do conflito, traduzindo-se como o conflito focal, conflito da situação atual do cliente, subjacente ao qual existe o conflito nuclear exacerbado. Espera-se que com interpretações cuidadosas, o cliente dê-se conta da trama comportamental criada para permitir-lhe lidar com o conflito nuclear, para que, assim, possa ter o entendimento da complexa dinâmica de utilização de seu arsenal defensivo, em prol de lidar com a ansiedade que aquele lhe provoca internamente.
  • 7. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 265 O foco é composto de material tanto consciente quanto inconsciente, e portanto, algo desta instância será abordado durante o processo terapêutico, sem que se fixe o trabalho nesta área, palco da Psicanálise. Para a manutenção do foco, o terapeuta dirige sua atenção e sua ação em uma determinada área do conflito, e leva o cliente a debruçar-se nesta área, através de interpretações seletivas, assim como de “negligência seletiva”, quando deixa de lado material que não tenha ligação com o foco determinado, como sendo o objetivo do trabalho psicoterápico que se estabeleceu no contrato inicial, posterior à 1ª Entrevista, base do sucesso de qualquer tratamento. Naturalmente o cliente tende à focalização. Nota-se isto ao observar-se que este traz para a sessão, seus relatos organizados em torno do tema a tratar, geralmente mantendo uma linha diretriz, onde se observam imagens e recordações selecionadas, guiadas pela dinâmica interna que tende a organizar e hierarquizar tarefas, com claro intuito de resolver conflitos prioritários. Isto é fruto das forças egóicas adaptativas, que conferem alguma integridade à estrutura do sujeito. Muitos são os autores conhecidos, e a bibliografia é vasta sobre esta temática, não permitindo tantos enganos quanto os com os quais se depara na prática clínica hodierna: Bellak, Small, Lewin, Malam, Fiorini, Knobel, Guilliéron, Mann, Knobel, entre outros. São autores, reconhecidamente importantes na evolução da Psicoterapia Breve, assim como responsáveis por pesquisas clínicas desta abordagem, que permitem maior segurança na utilização da técnica. Indicações da Psicoterapia Breve A acurada indicação confere a esta técnica sua eficácia. Ela é muito bem empregada em quadros agudos ( situações de emergência, crises), distúrbios reativos (incluindo depressões reativas), reações ansiosas ou fóbicas e perturbações psicossomáticas de início recente.
  • 8. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 266 Para a população economicamente desfavorecida, muitas vezes, é a única alternativa, dado que a prolongada psicoterapia não se ajusta à esta população, que necessita de resultados relevantes em tempo curto, tanto por falta de tempo quanto por condições financeiras inadequadas. O ambiente no qual se pode aplicar a técnica pode ser tanto público quanto privado, e, uma vez concluído o processo, admite qualquer tratamento intensivo ulterior, se assim exige a evolução do cliente. Entretanto, não se observa grande benefício da aplicação da Psicoterapia Breve em portadores de distúrbios psiquiátricos ou psicológicos crônicos (quadro paranóides, obsessivo-compulsivo, psicossomáticos crônicos, perversão, sociopatias). Para portadores destes tipos de distúrbios, não se oferece esta técnica, dado que se sabe que encontra limitações claras para emprego nestas situações. Psicoterapia Breve no Hospital Geral Esta técnica mostra-se muito adequada à aplicação ambulatorial do Hospital Geral (HG). É neste local do hospital que se pode observar sua melhor utilização, em especial, no ambiente onde a população encontra-se em grande número, em contrapartida ao limitado número de profissionais de saúde mental habilitados que ali trabalhem. A situação sócio econômica é outro fator de indicação da Psicoterapia Breve, em especial no Hospital Geral Público e Militar, dado que no Hospital Geral Particular, as consultas ambulatoriais não são comuns. A necessidade imediata de recuperação psicológica reforça sua utilização no HG, dado a urgência de retorno ao equilíbrio psicológico desta população, necessitada de retomar seu dia-a-dia, de forma rápida, quer por exigências profissionais, quer por necessidades com a manutenção do cuidado familiar. A aplicabilidade da PB a grupos homogêneos demonstra a correta eleição de tal técnica no HG. Nestes grupos, a pré determinação do tempo de
  • 9. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 267 duração do tratamento, torna ágil e dinâmico todo este processo. Entretanto a cuidadosa fase de seleção dos integrantes destes grupos lhe confere êxito ou fracasso. A seleção visa investigar, tanto as indicações diretas, acima descritas, quanto o nível de possibilidade de aderência ao tratamento, assim como de possibilidade interna de se envolver em um grupo terapêutico. Com esta prática grupal, maior número de cliente pode ser auxiliado dentro do HG, com utilização de menor número de profissional, o que é uma preocupação, pelo menos no Rio de Janeiro, onde a presença do profissional psicólogo no HG não se encontra em número adequado à demanda de seu trabalho. A receptividade da PB no HG Público tem sido muito favorável, tanto por parte da equipe de saúde, que a indica, quanto da população, que a procura. A satisfação dos pacientes com os resultados alcançados por esta técnica, também tem convencido os psicólogos hospitalares a persistirem em sua utilização, apesar de toda dificuldade encontrada em sua função nesta área da Psicologia. Algumas dificuldades se tem apresentado na aplicação desta técnica nos Hospitais Públicos: em especial relativas à ausência e interrupção do tratamento proposto. Muito deste absenteísmo, não tem relação com a técnica, mas deve-se, principalmente à questão financeira de seus integrantes, sendo a falta do valor para pagamento da condução no deslocamento físico, sua maior causa. Com isto, grande parte da população carente, necessitada de um atendimento psicoterápico, não pode ser assistida sequer pela Psicoterapia Breve, o que deixa profissionais da área desolados. A atenção do Poder Público, na área da Saúde, ainda tem muito a realizar, e o otimismo não pode abandonar os servidores desta área, que necessitam estar atentos e instigando, sempre, transformações favoráveis a um melhor atendimento à população carente, ou não. Conclusões e Considerações Finais A Psicoterapia Breve, técnica de condições próprias, adequa-se perfeitamente à dinâmica do Hospital Geral, em especial o Público e o Militar.
  • 10. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 268 Pouco se tem notícia de sua utilização em Hospital Geral Particular, talvez por características próprias da população aí atendida, mas não se vê relação de sua não utilização neste ambiente, com características da técnica. A determinação prévia do tempo de duração do tratamento traz a esta prática um dinamismo interessante para sua utilização em locais onde o número de pacientes é grande, e o de profissionais da área da saúde mental, escasso. Entretanto, a observação de suas indicações determina sua eficácia, assim como a correta formação do profissional que se propõe a utilizá-la. A formação do profissional nesta técnica é o que confere habilidade para correta seleção dos candidatos a esta forma de tratamento psicoterápico, assim como do encaminhamento adequado deste processo original. A característica dinâmica do profissional, que, nesta técnica necessita ser ativo, também é fator importante a ser observado. Assim como nem todo paciente pode ser submetido a esta técnica, dado o pouco resultado que esta lhe poderia oferecer, nem todo psicoterapeuta também se ajusta à forma em que a Psicoterapia Breve trabalha. A observação deste detalhe não pode ser ignorada pelo aplicador deste recurso terapêutico, assim como não deve ser desprezado seu cuidado com o aprendizado de conceitos e aplicação. Não faltam autores a serem investigados, não falta material traduzido e produzido em língua portuguesa que desculpe a errônea aplicação da Psicoterapia Breve, infelizmente ainda observada dentre os profissionais psi. No que se refere à população, a Psicoterapia Breve tem muito a contribuir com seu apoio psicológico, e com sua saúde mental. Portanto, porque não utilizá-la adequadamente? Referências Braier, E. A. (1991). Psicoterapia breve de orientação psicanalítica. SP: Martins Fontes. Eizirik, C.; Aguiar, R.; Schestatsky, S. (1989). Psicoterapia de orientação analítica. PA: Artes Médicas.
  • 11. Rev. SBPH vol.13 no.2, Rio de Janeiro - Julho/dez. - 2010 269 Fiorini, H.J.; Peyrú,G. (1978). Desenvolvimentos em psicoterapias. RJ: Ed Francisco Alves. Fiorini, H.J. (1986). Estruturas e abordagens em psicoterapias. RJ: Ed Francisco Alves. Fiorini, H.J. (1985). Teoria e Técnica de Psicoterapias. RJ: Ed Francisco Alves. Gilliéron, E. (1986). As psicoterapias breves. RJ: Zahar Ed. Freud, S. ; Ferenczi, S. (1995). Correspondência; Vol I/Tomo 2. RJ: Imago. Knobel, M. (1986). Psicoterapia breve. SP: EPU. Small,L. (1974). As psicoterapias breves. RJ: Imago Editora Ltda.