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UNIVERSO
ATUALIDADES EM PSICOLOGIA: ÊNFASE
INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS EM CLÍNICA
PROFESSORA: ANA BEATRIZ DE MOTA E SOUZA
 APRESENTAÇÃO PESSOAL
 APRESENTAÇÃO DOS ALUNOS
 EXPECTATIVAS QUANTO À DISCIPLINA
OBJETIVO
 Proporcionar condições à compreensão da evolução e da moderna
construção das abordagens psicológicas e suas múltiplas formas de
condução e aplicação. Entender o contexto pós pandemia do covid-19 e
suas mudanças nos processos psicoterápicos, psicossocial e escolar.
EMENTA
 Carga Horária: 80h
 Curso/Período: Psicologia – 9° Período
 Ementa: Abordagens atuais no campo da Psicologia; Posicionamento do
Conselho Federal de Psicologia quantos as novas modalidades de terapias.
Atendimento de psicoterapia on-line individual e em grupo. Bases filosóficas e
científicas do nascimento da psicologia. Matrizes estruturalistas e
funcionalistas da formação do pensamento psicológico. Concepções do
conhecimento científico. Psicologia aplicada, escolas e teorias psicológicas
contemporâneas. Advento das neurociências.
.
EMENTA
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
 Análise histórica da conceitualização e das Teorias da Contemporâneas.
 Abordagens atuais no campo da Psicologia.
 Posicionamento do Conselho Federal de Psicologia quantos as novas
modalidades de terapias.
 Advento das neurociências.
.
ROTEIRO
1. Análise histórica da conceitualização e das Teorias Contemporâneas;
2. Abordagens atuais no campo da Psicologia, com ênfase na Psicologia Clínica;
3. Psicologia Social e Saúde;
4. Advento das Neurociências;
5. O uso da tecnologia na Clínica;
6. Posicionamento do Conselho Federal de Psicologia quanto às modalidades de
terapias;
7. Fenômenos do Século XXI, e
8. Exemplos de Programas Psicoeducativos.
INTRODUÇÃO
 Nós, seres humanos, sempre fomos atraídos pela
necessidade de entendermos o nosso próprio
comportamento e essa curiosidade sobre nós vem desde
os primórdios, sendo tópico de interesse de muitas obras
filosóficas e teológicas (SCHULTZ & SCHULTZ, 2021) e,
dentro desse contexto, é que irá nascer a Psicologia.
 Matriz na Filosofia e Fisiologia.
INTRODUÇÃO
 Pode-se dizer que a Psicologia é, ao mesmo tempo, uma das ciências
mais antigas como também uma das mais recentes, na medida em que
tem as suas origens estabelecidas antes da era Cristã, mas só foi
reconhecida como uma disciplina científica independente no final do
século XIX.
 Psicologia – Ciência que abrange várias perspectivas teóricas e, por
isso, há a coexistência de diferentes práticas na Psicologia Clínica.
INTRODUÇÃO
 As transformações do contexto e da sociedade exigem
uma constante reflexão acerca da nossa profissão e de
nossas práticas.
 Para que possamos falar das abordagens contemporâneas
no campo da Psicologia Clínica, é importante é importante
apresentar, brevemente, a história da atividade clínica no
campo da Psicologia, com foco nas principais concepções
teóricas que fundamentam as práticas atuais.
COMO SE DEU O INÍCIO DA PRÁTICA CLÍNICA EM
PSICOLOGIA?
 Surgiu como uma atividade de atendimento ao paciente acamado;
 A Psicanálise, por meio de Freud, foi uma pioneira nesse sentido. O
médico se preocupava em observar para remediar. Já a clínica
psicanalítica voltou-se para a escuta do sofrimento psíquico.
MUDANÇA DE PARADIGMA – A ÊNFASE NA PRÁTICA DA ESCUTA CLÍNICA
A PSICOTERAPIA COMO MÉTODO DE INTERVENÇÃO
(LISBOA; BROILO; VERSONI, 2021)
 Por esses motivos, muitos autores destacam ser Freud (1856-1939) o
precursor da Psicologia Clínica, embora não haja uma linha temporal
exata do surgimento da Psicologia Clínica.
 Antes de estar ligada à Medicina, a Psicologia estava subordinada à
Filosofia, como um ramo que estudava a alma.
 O status de ciência foi obtido através dos estudos de William Wundt
(1832-1920) – Ciências Naturais – o conhecimento científico deveria
ser observável e mensurável.
 Wundt – Referenciado como o pai da Psicologia científica. Para
delimitar esse campo e definir o seu objeto de estudo, diferentes
teorias foram formuladas.
 Em paralelo à Psicanálise desenvolvida por Freud, oriunda da prática
médica, desenvolveu-se, então, a Psicologia Comportamental, com
ênfase na compreensão do comportamento humano por meio de
estudos em laboratório.
 Além dessas duas vertentes, temos a Gestalt, que surge mais ligada à
Filosofia, defendendo a importância da compreensão do ser humano
em sua totalidade.
PSICANÁLISE PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL GESTALT
NOVAS PERSPECTIVAS TEÓRICAS FORAM DESENVOLVIDAS
FUNDAMENTANDO AS PESQUISAS CIENTÍFICAS E CONDUZINDO AS
ATIVIDADES DO PSICÓLOGO
O PSICÓLOGO CLÍNICO DEVE ATUAR SOMENTE NO ESPAÇO FÍSICO DO
CONSULTÓRIO?
RESOLUÇÃO CFP 23/2022
VI - PSICOLOGIA CLÍNICA
É a área de atuação profissional da Psicologia referente à integração de
conhecimentos teóricos e métodos psicoterápicos empregados para
promover a autonomia, a qualidade de vida e a saúde integral. A(o)
psicóloga(o) especialista em Psicologia Clínica:
a) usa métodos psicológicos para acolhimento, orientação,
aconselhamento e psicoterapia de pessoas atendidas;
b) presta atendimentos psicológicos a indivíduos, casais, famílias, grupos
e instituições, em contextos variados de settings psicoterapêuticos e a
todas as faixas etárias, com finalidades de promoção, prevenção e
tratamento de saúde mental;
c) faz anamnese detalhada a respeito de informações biográficas e
experiências, formativas e constitutivas, de pessoas atendidas, de acordo
com o contexto familiar, social, histórico, cultural e político;
d) oferece diagnósticos, prognósticos e tratamentos psicológicos às
pessoas atendidas, conforme o contexto de sofrimentos, conflitos,
transtornos psíquicos e inabilidades sociais;
e) propõe estratégias psicoterápicas para a redução e superação de
problemas psicológicos;
f) desenvolve e aplica técnicas psicológicas de aquisição de autonomia,
melhora da estima e qualidade de vida;
g) desenvolve atividades relacionadas ao desenvolvimento humano, a
relações sociais, a transtornos globais do desenvolvimento, de humor, de
personalidade, de aprendizagem e outras psicopatologias;
h) participa de programas de pesquisa, treinamento e desenvolvimento
de políticas de saúde mental;
i) atua na prevenção e no tratamento de pessoas com necessidades
decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
 A atividade do psicólogo clínico extrapola o espaço físico do
consultório porque ela não se caracteriza pelo local em
que se realiza, mas pelas concepções teóricas e metodológicas que se
refletem no exercício profissional (MOREIRA et al., 2007).
 Campanhas de Prevenção e Promoção à Saúde Mental.
Janeiro
branco
Junho
branco
Projetos
Psicoeducativos
 Para contextualizarmos as práticas contemporâneas em Psicologia
Clínica, vamos partir de sete perspectivas:
 A PERSPECTIVA BIOLÓGICA
 A PERSPECTIVA PSICODINÂMICA
 A PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL
 A PERSPECTIVA HUMANÍSTICA
 A PERSPECTIVA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
 A PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA POSITIVA
 A PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA
PERSPECTIVA BIOLÓGICA
 Enfatiza o estudo das bases fisiológicas do comportamento humano –
incluindo o sistema nervoso, o sistema endócrino, a genética.
 As Neurociências – Estudam o sistema nervoso, particularmente o
cérebro.
PERSPECTIVA PSICODINÂMICA
 Se utiliza das ideias e temas centrais trazidos por Freud, tais como a
importância das influências do inconsciente na vida humana, das
experiências precoces da vida (particularmente com os cuidadores) e
das relações interpessoais para explicar a dinâmica subjacente do
comportamento, ao tratar do sofrimento psíquico.
PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL
 Os psicólogos contemporâneos que têm como base de suas prática a
perspectiva comportamental continuam a estudas como o
comportamento é adquirido e modificado, particularmente na
interação com o meio.
 Enfatizam os conceitos trazidos pela teoria comportamental na
explicação e no tratamento dos transtornos psíquicos.
PERSPECTIVA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
 A Psicologia Cognitiva tem como foco a importância dos processos
mentais no comportamento, na forma como as pessoas processam e
recebem a informação.
 As terapias cognitivas são baseadas na ideia de que os problemas
psicológicos se devem a pensamentos desadaptativos.
PERSPECTIVA HUMANÍSTICA
 A influência de Carl Rogers e Maslow se perpetuam por meio do
trabalho de psicólogos contemporâneos que têm como base esses
autores.
 A perspectiva Humanística tem como foco a motivação das pessoas
no seu crescimento psicológico, na influência das relações
interpessoais para a autoimagem e também a importância da escolha
e da autodireção na busca por atingir os seus potenciais.
PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA POSITIVA
 A perspectiva Humanística contribuiu para o aparecimento da Psicologia
Positiva ênfase no crescimento psicológico e nas
potencialidades humanas.
 Foco no estudo das emoções positivas, nos traços individuais positivos e
nas instituições sociais que estimulam tais qualidades nos indivíduos e na
comunidades.
Felicidade
pessoal
Técnicas que
focam no
aumento do bem-
estar pessoal
Criatividade
Resiliência
Forças do
caráter
Otimismo
PERSPECTIVA EVOLUCIONISTA
 A perspectiva da Psicologia Evolucionista se refere à aplicação dos
princípios da evolução das espécies na explicar os fenômenos
psicológicos.
 Reflete um interesse renovado pelo trabalho de Charles Darwin.
 A psicologia evolucionista (PE) é uma área emergente da ciência da
mente e do comportamento.
 Os processos psicológicos que ajudaram os nossos ancestrais a se
adaptar ao ambiente são ainda presentes (ex: o cuidado parental,
cooperação, dentre outros).
 Em qual perspectiva está a Psicologia Positiva amparada?
 Quais constructos da Psicologia Positiva são abordados no artigo?
 Por que os estudos realizados com profissionais de saúde indicam que
eles podem ter maior propensão a sofrimento mental?
 Por que a resiliência pode ser uma característica essencial para o
enfrentamento das adversidades?
 Como a prática da atenção plena ou mindfulness pode representar
uma importante atividade para o aumento do Bem-estar Subjetivo?
 O que você considerou mais relevante como parte da discussão
trazida pelos autores?
Psicoterapias psicodinâmicas
 Freud introduziu uma série de conceitos teóricos e recomendações
técnicas que serviriam de alicerce para o desenvolvimento da ciência
psicanalítica, constituindo sua base até os dias de hoje.
Inconsciente
Resistência
Transferência
Importância
dos sonhos
Livre associação
como via de acesso
ao material
reprimido
Instâncias
psíquicas
EGO, ID e
SUEPREGO
Uso de
interpretações
e a
Neutralidade
Psicoterapias psicodinâmicas
CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DE UMA PSICOTERAPIA COM BASE
PSICANALÍTICA
 O processo analítico impõe um estresse adicional à vida do indivíduo -
deve ter recursos mínimos para manter-se funcional durante o
tratamento, apesar do sofrimento imposto pelo contato os conteúdos
inconscientes agora revelados.
 O objetivo desse tratamento vai muito além da redução de sintomas, e
busca uma verdadeira ampliação da capacidade da mente, de pensar,
de criar e de se relacionar.
Psicoterapias psicodinâmicas
CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DE PSICOTERAPIA PSICODINÂMICA
 Busca espontânea;
 Sofrimentos psíquico;
 Curiosidade psíquica;
 Tolerância à frustração;
 Motivação para mudança, e
 Aliança terapêutica.
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
 Atualmente, as Psicoterapias Breves são divididas em duas grandes
linhas:
As de abordagem
cognitiva e
comportamental –
Psicoterapias Breves
Cognitivo-
Comportamentais
As de abordagem
psicodinâmica -
Psicoterapias
Breves
Psicodinâmicas
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
 Tem origem na psicanálise freudiana;
 O termo Psicoterapia Breve (PB) originou-se da tentativa de Ferenzi e
Rank (1924) de tornar o tempo dos tratamentos psicanalíticos mais
breves.
 Até a Segunda Guerra Mundial, a psicanálise era utilizada de maneira
indiscriminada, para qualquer tipo de problema mental.
 Com o desenvolvimento de múltiplas abordagens terapêuticas,
surgiram outras alternativas de tratamento.
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
CARACTERÍSTICAS ENFATIZADAS NAS PSICOTERAPIAS BREVES
PSICODINÂMICAS
 Afeto;
 Resistência;
 Identificação de padrões consistentes de relacionamentos,
sentimentos e comportamentos;
 Experiência passada;
 Experiência interpessoal ;
 Relacionamento terapêutico, e
 Desejos, sonhos ou fantasia.
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
CARACTERÍSTICAS ENFATIZADAS NAS PSICOTERAPIAS BREVES
PSICODINÂMICAS
 Por ser uma abordagem objetiva e de fácil aplicação, inclusive em
âmbito institucional, e por apresentar sólida fundamentação teórica e
científica, a psicoterapia psicodinâmica breve tem se destacado no
campo da saúde mental.
 Nessa forma de psicoterapia, a qualificação breve refere-se tanto à
duração do tratamento como ao direcionamento a objetivos definidos
(focalização).
 Focalizar significa adotar uma postura semelhante à de um fotógrafo
que procura ressaltar um objeto ou uma pessoa que vai ser
fotografado em relação a um fundo, que deverá ser menos nítido,
como no mecanismo de “figura e fundo” da teoria da percepção
(LEMGRUBER, 2008).
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS NAS PSICOTERAPIAS BREVES
PSICODINÂMICAS
 Terapeutas mais ativos, que estimulam o desenvolvimento da aliança
terapêutica e transferência positiva;
 Focalização em conflitos específicos ou temas definidos previamente
no início da terapia;
 Manutenção de foco de trabalho e objetivos definidos;
 Atenção dirigida para as experiências atuais do paciente, inclusive os
sintomas;
 Ênfase na situação transferencial da dimensão do “aqui e agora”, que
não necessariamente é correlacionada ao passado.
Psicoterapias psicodinâmicas
 O encontro analítico não pressupõe o “tudo saber”. Ao contrário,
pressupõe a busca da subjetividade e da singularidade do sujeito.
 O papel dinâmico dos processos inconscientes e a importância da
relação terapêutica são fundamentais.
 Para evoluir no conhecimento da dinâmica do funcionamento do
psiquismo torna-se essencial agregar às informações dos trabalhos
de Freud e seus seguidores, do final do século XIX, os dados de
pesquisas das neurociências do início do século XXI.
Psicoterapias psicodinâmicas
Está embasada em alguns pressupostos teóricos:
 Teoria neurocientífica das emoções
 Experiência emocional corretiva (EEC) - A possibilidade de o paciente
experimentar situações traumáticas do passado penosamente
reprimidas, revivendo-as na relação com o terapeuta. A ideia é que
uma nova experiência emocional possa ocorrer na relação
terapêutica.
 A capacidade de mudanças de conexões entre os neurônios
(plasticidade neuronal) durante toda a vida é básica para a
sobrevivência do ser humano. Esse fato permite a aprendizagem em
todas as etapas da vida e indica a possibilidade de reestruturação e
modificação de comportamentos e atitudes por meio das vivências de
EEC (LEMGRUBER, 2008).
Psicoterapias psicodinâmicas
 Efeito Carambola – mecanismo de potencialização dos ganhos
terapêuticos da PPB por repetidas EECs.
 Vivenciar uma EEC dá um novo significado às experiências passadas.
Surge outra interpretação, e formam-se trajetos para as percepções e
comportamentos. Novas redes de conexões neuronais são
estabelecidas, e mapas corticais são remodelados, o que resulta em
novas representações internas do self.
Psicoterapias psicodinâmicas
 Provoca mudança no script usado habitualmente pelo paciente, isto é,
na maneira como ele se percebe e reage diante da vida. As repetidas
interações corretivas criam um novo set cognitivo e afetivo e
possibilitam a reestruturação da imagem interna da pessoa como um
todo, transformando a forma como ela vê o mundo e sua relação com
outros indivíduos.
 “efeito carambola é tornar um círculo vicioso em círculo virtuoso”.
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
Possibilidades:
 A PPB focal tem indicação específica para situações de crise.
 A motivação para a mudança é um critério essencial.
 Capacidade de estabelecer rapidamente um vínculo como o terapeuta
e uma aliança terapêutica.
Limites:
 Dificuldades graves de funcionamento na vida diária.
 Doenças clínicas graves.
 Transtornos de neurodesenvolvimento.
 Falta de motivação.
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
 Estudos comprovaram a eficácia do tratamento.
 O resultado do estudo mostrou que pacientes de PBP do setor de
psicoterapia do Serviço de Psiquiatria/SCMRJ apresentam uma
dimensão de bem-estar subjetivo significativamente maior quando
terminam o tratamento do que quando chegam, evidenciando a eficácia
da técnica, medida a partir da manifestação dos próprios usuários, que
avaliaram estados subjetivos antes e depois de seu tratamento
Psicoterapia Breve Psicodinâmica
 Questões em aberto:
1. Quanto à questão de se afirmar que as modificações observadas na
TF se mantêm ao longo do tempo, conforme preconiza a hipótese
teórica do efeito carambola, há necessidade de trabalhos de
seguimento, ainda não executados.
2. Quanto à verificação da possibilidade de se obter mudanças
profundas na personalidade do paciente em períodos curtos de
tempo, ainda não existem condições adequadas de mensuração.
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
 É uma modalidade de psicoterapia psicodinâmica.
 Baseia-se nos pressupostos das terapias psicodinâmicas adaptados
ao setting grupal.
 O grupo possibilita ao terapeuta, por meio da interação de seus
integrantes, um acesso privilegiado aos conflitos e relacionamentos
(vínculos) que eles estabelecem, podendo assim abordar e tratar as
patologias existentes.
 Nos grupos as relações intersubjetivas (vínculos) fazem parte do
aqui-e-agora. Já no tratamento individual essas relações estão “fora”
e são apenas relatadas pelo paciente ao terapeuta.
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
 Podem ser aplicadas em vários contextos:
Contexto
hospitalar AA/NA
Em
Psiquiatria
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
 A existência de um grupo pressupõe uma série de características
psicológicas que lhe é intrínseca e, portanto, definidora de o que é um
grupo ________________________ DINÂMICA GRUPAL.
 Ocorre em todos os grupos humanos, independentemente da sua
finalidade.
 Um terapeuta de grupo deve compreendê-los adequadamente para
minimizar os seus efeitos obstrutivos e maximizar os seus efeitos
catalisadores de mudanças e de crescimento emocional
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
CARACTERÍSTICAS DA DINÂMICA GRUPAL
 Um grupo não é a soma de seus membros. Ao contrário, ele constitui
uma nova entidade que tem leis e uma cultura própria.
 Os grupos funcionam sempre em dois planos que se superpõem ou
predominam de forma alternante ---------------- Consciente e
Inconsciente.
 Um grupo está sempre em movimento, apoiado em duas forças
opostas: uma tendendo à sua coesão e outra à sua desintegração.
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
CARACTERÍSTICAS DA DINÂMICA GRUPAL
 Um acontecimento específico do campo grupal é a ressonância. Um acontecimento ou
uma emoção comunicada ao grupo vai ressoar nos demais participantes, produzindo
uma associação com significado afetivo equivalente, mesmo que expresso de forma
distinto.
 Uma outra característica importante da dinâmica grupal é o desempenho de “papéis”
que são adotados, temporária ou permanentemente, pelos membros do grupo.
Bode expiatório
Porta voz Sabotador
Liderança
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
QUESTÕES QUE DEVEM SER CONSIDERADAS NO PLANEJAMENTO DE UM
GRUPO
 Para que serve o grupo? (objetivos)
 Para quem é o grupo? (população-alvo)
 Como será feito o tratamento? (técnica utilizada)
 Por quem será feito o tratamento? (recursos do terapeuta)
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
 Quem é o terapeuta e qual é sua formação, ou seus recursos, a sua
experiência (trabalha com supervisão ou não)?
EVIDÊNCIAS DA EFICÁCIA DOS GRUPOS
 Prevenção de recaída para pacientes com transtorno de uso de
substâncias (álcool e drogas), por melhorar o apoio social (Graham et
al., 1996);
 Obesidade, com um efeito alcançado em parte por diminuição do
estigma (Renjilian et al., 2001).
 Pacientes com doenças médicas que aprendem a melhorar a auto
eficácia com seus pares.
Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo
CONTRA-INDICAÇÕES
 Pacientes com depressão grave, paranoides ou narcisistas;
 Psicopatia;
 Pacientes com acentuadas dificuldades cognitivas, que dificultem a
capacidade de abstração;
 Estejam no auge de uma séria situação crítica.
 Pertencem a uma categoria profissional ou política que representa
sérios riscos para uma eventual quebra do sigilo grupal.
 Tenham uma história com várias terapias anteriores interrompidas
(abandonadores compulsivos).
Terapia de família
POR QUE TRATAR A FAMÍLIA?
 O que acontece com um membro da família afeta os demais membros.
 O que ocorre com a família influencia necessariamente todos os membros.
A FAMÍLIA COMO UMA UNIDADE
Surge de famílias, às
quais dá continuidade e
se transforma em
novas famílias
A família como um sistema
vivo, que se desenvolve e
se transforma com o
tempo
Para o entendimento da
dinâmica familiar, é
necessário levar em conta
ao menos três gerações
Terapia de Família
 Surge após a Segunda Guerra Mundial, em um contexto de crise.
 Desenvolveu-se nos Estados Unidos, com duas vertentes principais: o
trabalho com esquizofrênicos e com crianças.
 Ackerman – psicanalista cunhou o termo “terapia familiar” , para uso
em psiquiatria infantil.
 Da década de 1990 em diante, várias perspectivas teóricas têm em seu
escopo o trabalho com famílias.
Terapia de Família
A FAMÍLIA COM ÓTIMO FUNCIONAMENTO
1. Igualdade de poder entre os cônjuges;
2. Ampla expressão de ideias e afetos;
3. Incentivo à autonomia pessoal com respeito às necessidades do
outro;
4. Percepção e respeito pela interdependência entre os membros da
família;
5. História familiar compartilhada;
6. Capacidade de usar adequadamente o humor, e
7. Envolvimento com grupos e movimentos sociais.
(CORDIOLI, 2009)
Terapia de Família
MUDANÇAS NO CICLO DE VIDA DA FAMÍLIA
FASES DO CICLO VITAL DA FAMÍLIA
Individuação
do adulto
Casamento
Nascimento
do primeiro
filho
Individuação
do adulto
Família com
filhos
adolescentes
Ninho vazio
CONHECER ESSAS MUDANÇAS
ORIENTA O TRATAMENTO
Terapia de Família
 Início do casamento – conhecimento recíproco e construção de regras
próprias de funcionamento, com semelhanças e diferenças em relação
ao funcionamento de suas famílias de origem.
 É um momento em que, em geral, o casal vive mais afastado de suas
famílias, renegociando as relações com seus pais e com os velhos
amigos e criando uma nova cultura familiar.
Terapia de Família
 A chegada do primeiro filho deveria ocorrer depois da estabilização do
casamento, pois esse momento marca um período difícil de
acomodação a uma terceira pessoa.
 Alguns estudos demonstram que nessa momento do ciclo de vida da
família é normal haver maiores dificuldades entre o casal.
 É um momento em que a família, em geral, diminui os contatos com o
meio externo e muitos hábitos mudam.
Terapia de Família
 Famílias nas quais ambos os cônjuges trabalhem têm desafios
próprios – divisão de tarefas e do cuidados com os filhos.
 A literatura, internacional e nacional, mostra que, mesmo com ambos
trabalhando fora, ainda é a mulher quem mais assume cuidados com
os filhos, o que a sobrecarrega e, secundariamente, também
sobrecarrega a relação conjugal (CORDIOLI, 2009).
Terapia de Família
 A cada novo filho que nasce há a necessidade de preparação da
chegada desse novo membro, tanto para os pais quanto para os
irmãos, que sofrem com medo de perder seu lugar na família.
 Os pais devem adequar seus cuidados à idade e à personalidade de
cada um dos filhos – exige uma maior flexibilidade.
 À medida que os filhos crescem, a família vai, gradativamente, se
abrindo para o exterior.
 Na relação com a escola, a família costuma viver seu primeiro teste
da capacidade de criar filhos saudáveis e capazes de enfrentar as
exigências da vida fora de casa.
Terapia de Família
 Adolescência dos filhos – período que, em geral, exige uma adaptação
dos pais, já que o adolescente tem por tarefa principal encontrar a sua
própria identidade.
 Saída dos filhos de casa – Síndrome do Ninho Vazio.
 A atuação do psicólogo deve ser direcionada a normalizar o estresse
familiar que ocorre, inevitavelmente, em momentos de transição e de
crises ao longo do ciclo vital das famílias, investigando estratégias de
manejo ao estresse já tentadas e propiciar a criação de novas
possibilidades de solução para os problemas apresentados.
Terapia de Família
POR QUE É IMPORTANTE PARA O TERAPEUTA FAMILIAR CONHECER AS
FASES DO CICLO VITAL DA FAMÍLIA?
 As diversas fases exigem acomodação e mudança de cada membro e
da família como um todo, sempre mantendo, simultaneamente, a
estabilidade do grupo.
Terapia de Família
BUSCA PELO TRATAMENTO
 A procura de atendimento ocorre, em geral, por meio de um membro
da família, que se diz necessitado de tratamento ou que busca ajuda
para um familiar identificado como problemático pelo grupo.
 A organização do primeiro encontro terapêutico dependerá da
avaliação inicial da situação.
 Quando o paciente identificado é uma criança, é de praxe convidar
todos os que moram na casa, mas se o paciente identificado é um
jovem adulto, pode ser mais aconselhável iniciar o processo ter uma
consulta individual inicial com ele.
Terapia de Família
O PRIMEIRO ENCONTRO TERAPÊUTICO
 Deve-se procurar estabelecer um clima de confiança e intimidade que
permita às pessoas envolvidas revelar suas preocupações e mostrar
suas formas peculiares de interagir.
 Muitas vezes, aquilo que era considerado um problema individual
passa a ser percebido como algo que está influenciando o grupo
familiar como um todo.
 O objetivo da primeira consulta é estabelecer uma boa relação e fazer
uma hipótese diagnóstica do problema que, uma vez compartilhada
com a família, permite combinar um plano terapêutico.
Terapia de Família
 Segredos como adoção, maus-tratos e casos extraconjugais podem
exigir entrevistas diagnósticas individuais concomitantes.
 Pode ser também necessário, já no início, o encaminhamento para
avaliação por outros especialistas (psiquiatra, assistente social,
pediatra, neurologista, fonoaudiólogo, psicopedagogo, terapeuta
ocupacional, etc.).
Terapia de Família
DIAGNÓSTICO DA ESTRUTURA E DA DINÂMICA FAMILIAR
 O diagnóstico é um processo dinâmico que precisa ser refeito ao longo
do tratamento à medida que a família e os indivíduos vão mudando.
 Muitas vezes uma família ou pessoa em grave crise situacional
aparenta ter uma patologia muito mais grave do que a que se
evidencia após a crise estar resolvida.
 É importante evitar os rótulos (que muitas vezes acompanham as
pessoas ao longo da vida e podem diminuir as oportunidades que lhes
são oferecidas).
Terapia de Família
ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA FORMULAÇÃO DO
DIAGNÓSTICO
 Características socioeconômicas e étnico-culturais da família?
 Estão vivenciando uma crise vital ou uma crise situacional?
 Qual é o estágio de desenvolvimento da família?
 É possível compreender os sintomas como um bloqueio ao
desenvolvimento, tendo em vista a crise existencial que a família vive?
 Como estão a estrutura e a organização familiar? Os adultos
conseguem liderar a família?
Terapia de Família
 Quais são as alianças e o estilo de funcionamento?
 Como está sua capacidade de comunicar-se, resolver problemas e
expressar afeto?
 Pode-se encontrar uma função de proteção familiar para o sintoma?
 Quais os nexos entre o comportamento disfuncional e a história
familiar trigeracional?
 Há evidências de algum membro estar apresentando transtorno
psiquiátrico?
 A família tem motivação para o tratamento?
Terapia de Família
EXEMPLO CLÍNICO (CORDIOLI, 2009)
Um casal trouxe o filho de 5 anos à consulta por ele ser desobediente e
muito agitado e por quebrar coisas em casa. Surgem diferenças de
opinião e há rápido aumento de tensão entre os pais. O menino, que até
ali, embora agitado, mantivera-se sentado, levanta-se, pega uma bola e
dá um chute que derruba um abajur.
O casal vira-se para ralhar com o filho e, com isso, a discussão é
interrompida. A percepção pela criança de que seu comportamento
interrompeu a briga do casal pode reforçar o seu comportamento (isto é
o que se define como triangulação do filho no conflito do casal, um
conceito central no entendimento da dinâmica familiar).
Nessa situação, se o casal não é cronicamente disfuncional, uma terapia
de curta duração pode resolver o problema
Terapia de Família
GENOGRAMA
Terapia de Família
PLANO TERAPÊUTICO
 O plano terapêutico é construído em conjunto com a família sob a
liderança do terapeuta. Leva em conta as necessidades individuais do
paciente identificado e as influências familiares que exerce e sofre.
 Fazem parte do sistema terapêutico a família, seu terapeuta e a
instituição em que este trabalha.
 O bom resultado do tratamento depende do funcionamento
harmonioso dos três níveis.
Terapia de Família
 O objetivo da terapia é a superação dos bloqueios ao desenvolvimento
dos indivíduos e do grupo familiar como um todo.
 O terapeuta deve criar condições para a individuação de cada um,
mantendo-se a coesão e a mutualidade do grupo.
 Os bloqueios são decorrentes de regras interacionais rígidas entre as
gerações, que não permitem espaço para o crescimento.
Terapia de Família
 Ênfase na busca e na mobilização dos aspectos saudáveis do grupo,
inclusive muitas vezes redefinindo o sintoma como uma tentativa de
manter e proteger a família.
 Em geral, trabalha-se muito no presente, procurando que apareçam
ao vivo, na sessão, os problemas interacionais sentidos e relatados
pela família.
 Três categorias mais amplas de técnicas:
Técnicas mais
diretivas
Melhorando a
comunicação
Estabelecendo e
solidificando a
aliança terapêutica
Terapia de Família
CONSIDERAÇÕES
 Não é somente uma questão técnica, mas sim uma forma de
compreender os problemas humanos surgem e se
resolvem sob a influência das relações interpessoais e ambientais,
principalmente no âmbito da família.
 Mesmo em atendimentos individuais, a família pode ser chamada a
participar, podendo acontecer sessões familiares.
 Trabalho com crianças e adolescentes.
Terapia de Família
 A terapia familiar tem por objetivo identificar e compreender os
problemas humanos, intervindo neles e considerando o contexto em
que ocorrem.
 As intervenções buscam dar sentido e descobrir áreas de competência
familiar, dando condições de transformar as experiências vividas na
família e em seu contexto mais amplo. Como a terapia de família inclui
os familiares do paciente como coterapeutas, o processo terapêutico
continua mesmo quando a sessão já acabou.
Terapia de Família
 Mobilizam-se outros sistemas: a escola, o trabalho e as instituições
envolvidas com o paciente, ampliando as possibilidades de mudança.
CARÁTER PREVENTIVO
 Por meio de um irmão, tratam-se os demais;
 Ao se abordar problemas do casal, evita-se muitas vezes o
surgimento de novos sintomas.
Terapia de Família
DISCUSSÃO DO ARTIGO
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Bauman (2007) – “Tempos Líquidos” – Derretimento dos sólidos –
momento histórico da pós-modernidade.
 As organizações familiares atuais deixam de ser estáveis.
 A família, como instituição de referência, passa por modificações que
podem propiciar sentimentos de medo, ansiedade e angústia (LISBOA;
BROILO; VERSONI, 2021).
 Geração Y – Millenials – nascidos entre os anos de 1978 e meados dos
anos de 1990 – maior número de possibilidades – liberdade de escolha
e priorização da individualidade.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Abriu-se um espaço para a necessidade de constantes evoluções
profissionais e pessoais, gerando mudanças consecutivas para se
atingir a vida entendida como “ideal” (dentro da cultura em que o
sujeito está inserido).
 Busca diária por transformações individuais que podem levar a uma
forte indecisão entre as escolhas afetivas e profissionais.
 A partir desse contexto de mudanças, tanto sociais quanto individuais,
surgem novas formas de configuração de núcleos familiares.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
QUAL É O IMPACTO DESSAS MUDANÇAS NAS FAMÍLIAS E EM SUA
CONSTITUIÇÃO?
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
O CASAMENTO E AS NOVAS FORMAS DE SE RELACIONAR
 DIVÓRCIO – 1977 (lei do Divórcio) e 2010 (não há mais a necessidade de
separação judicial e não há também o requisito temporal).
 Tendência de queda no número de casamentos.
 A maioria dos indivíduos que se divorciam voltam a se casar ou
coabitar novamente com outras pessoas.
 Estudos destacam que a mudança nos papéis de gênero é um dos
principais motivos para o término dos casamentos.
 O afastamento da ideia do casamento como uma aliança econômica.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Legalização das uniões homoafetivas (2011) – casais homo e
heteroafetivos possuem os mesmos direitos e deveres em suas
relações.
 O casamento visto como uma possibilidade de troca de experiências,
divisão de responsabilidades e sentimentos.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 A família como um sistema vivo – precisa de uma estrutura regular
para sobreviver, mas essa estrutura também precisa de flexibilidade
para se adaptar às modificações contextuais - Mudanças no ciclo di
vida da família, mudanças sociais.
Mecanismos de feedback
FEEDBACK NEGATIVO
Minimiza a mudança
para manter a
estabilidade
FEEDBACK POSITIVO
Altera o sistema para
que se adapte aos
novos inputs
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Famílias mais resistentes podem desenvolver ciclos viciosos e as
mais flexíveis tendem a lidar de maneira mais adaptativa às
mudanças.
 Algumas famílias preservam uma estrutura antiga, mas se
mantém vivas e atualizadas as transformações ocorreram na
forma como os membros estabeleceram as suas relações,
aproveitando as oportunidades para criar novas configurações, não
perdendo a sua identidade como família.
 Clínica com famílias - novas configurações nas relações estabelecidas
entre os membros.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Abordagem Sistêmica da família – aborda as instabilidades nas
mudanças e transformações.
CONFIGURAÇÃO TRADICIONAL COMPLEXIDADE DAS RELAÇÕES E
SISTEMAS ENVOLVIDOS
 Família sistêmica – sustentada por uma profunda interconexão entre
os seus membros.
 Papéis de gênero = transformações ocorridas, especialmente nos
últimos 50 anos = a inserção da mulher no mercado de trabalho.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Estudo de Smeha e Oliveira (2013) – as maiores dificuldades relatadas
pelos jovens no estabelecimento de relações amorosas se referem às
excessivas responsabilidades, desrespeito à individualidade do
parceiro, assim como a escolha por priorizar a vida profissional.
“Sou flexível, mas tem que ter uns quesitos básicos, não pode ser uma
pessoa que não te passe confiança por exemplo, tem que ser uma pessoa
que pense parecido, tu não pode ficar com uma pessoa que não quer
trabalhar, não quer estudar (E)”.
“A primeira coisa que tu procura é a beleza, mas isso pra mim não é tudo.
Eu procuro também uma pessoa que tenha emprego, objetivo de crescer
na vida, e que tenha estabilidade, pois eu não me vejo sustentando marido
(C)”.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
FAMÍLIAS MONOPARENTAIS E HOMOPARENTAIS
 Atualmente, há uma aumento significativo de famílias monoparentais e
homoafetivas se faz necessário que a Psicologia se debruce
no estudo sobre essas novas configurações, tanto no aspecto teórico
como prático.
 MONOPARENTALIDADE – a família constituída por apenas uma dos
genitores e seu(s) filho(s), morando na mesma casa.
Fim do
relacionamento
conjugal
(divórcio,
morte)
Opção própria
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Em relação à repercussão dessa configuração no desenvolvimento
dos filhos, os estudos apresentam divergências – alguns apontam que
crianças e adolescentes de família monoparentais apresentam
maiores índices de transtornos psicológicos, enquanto outros estudos
destacam um maior amadurecimento e melhor capacidade de tomada
de decisão.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
E EM RELAÇÃO À PRÁTICA CLÍNICA?
Reassegurar
os pontos
fortes do
genitor
Auxiliar no processo
de estruturação
familiar
(construção de
limites, rotinas)
Reconhecer as
dificuldades
existentes na
monoparentalidade
Fortalecimento
de redes de
apoio
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 HOMOPARENTALIDADE – família constituída por uma relação afetiva-
sexual entre dois indivíduos do mesmo sexo, que se relacionam de
forma estável, em uma mesma habitação, com a existência de filhos
dessa relação.
 Em geral, os filhos são advindos por adoção ou inseminação artificial –
leva a uma maior planejamento familiar.
 Desafios sociais e legais das famílias homoparentais- reconhecimento
de direitos civis e previdenciários.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 É um tema novo, mas que tem sido cada vez mais discutido na
sociedade brasileira, e traz diversos desafios psicológicos e
emocionais, tanto para os pais como para as crianças e adolescentes
envolvidos.
 A vontade dos homossexuais em construir uma família está
relacionada à manifestação do desejo inato de pertencimento
(RODRIGUES; GOMES, 2012).
 Esse desejo está também vinculado à busca por inclusão em práticas
sociais amplamente aceitas e valorizadas.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
EM RELAÇÃO AOS FILHOS
Construção da
identidade dos filhos
no lidar com as
diferenças de sua
configuração familiar
Situações de
bullying, exclusão e
preconceito social
Repercussões na
saúde mental
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 A revisão abrangente da literatura (VILELLA et al., 2024) evidencia um
ponto comum nas pesquisas empíricas conduzidos por diversos
autores, que não apontam para diferenças substanciais no que se
refere à habilidade do cuidado parental e à competência parental entre
indivíduos heterossexuais e homossexuais e nem ao desenvolvimento
infantil.
 Aceitar e valorizar as experiências e desafios únicos enfrentados por
famílias homoparentais são aspectos essenciais no processo
terapêutico.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
NESSE CENÁRIO, QUAIS SÃO AS CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DA
PSICOLOGIA?
 Responsabilidade de fornecer informações, apoio e suporte emocional
para os filhos inseridos no contexto escolar traçando estratégias
assertivas que venham a combater todos esses sentimentos causados
pelo preconceito (VILELLA et al., 2024).
 Encontrar referências que sejam capazes de lidar com a complexidade
da família, superando a ênfase na Biologia e o fortalecimento dos
vínculos afetivos na relação parental.
 AFETO – como base da estabilidade familiar.
 Ética relacional, que permita aos indivíduos a expressão de suas
singularidades socioafetivas de forma autêntica.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA
Ambiente
terapêutico que
promova a
autenticidade e a
aceitação
Reconhecimento de
potencialidades individuais
e construção de
estratégias para enfrentar
os desafios
Fortalecimento
dos laços
familiares e de
redes de apoio
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
PSICOLOGIA POSITIVA
Engajamento em
atividades
significativas,
construção de
sentido na dinâmica
familiar
Enfatizar o florescimento
individual e familiar,
encorajando o
desenvolvimento de
emoções positivas
Promoção de
relacionamentos
positivos
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 Aconselhamento Psicológico - Pode ajudar a família homoparental a
enfrentar desafios externos, como o estigma social, e a fortalecer a
resiliência diante das adversidades.
 É essencial que os pais homoafetivos tenham acesso a recursos e
apoio psicológico para lidar com a ansiedade, o medo e a insegurança.
 Psicoterapia de grupo – uma das formas eficazes de suporte
psicológico.
 Os grupos oferecem um espaço seguro e de acolhimento, favorecendo
o compartilhamento de vivências e experiências, auxiliando na
construção de uma rede de apoio social e emocional para a família.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 A psicologia pode auxiliar, ainda, na construção de uma relação
saudável e afetiva entre pais e filhos, que tenha características
benéficas para o desenvolvimento infantil.
 Conselho Federal de Psicologia lançou em 2023 uma cartilha
específica sobre essa temática.
“Atendimento individual, sendo este um espaço de escuta e acolhimento
do(a) usuário(a) sem risco de exposição deste no coletivo; atendimento
em grupo, por ser considerado um espaço potente, possibilitando a
empatia, quebra de barreiras, trocas de experiências, aumento da rede de
apoio; atendimento espontâneo/emergencial, que considera as
vulnerabilidades múltiplas vividas nos contextos desta população.
(CONCÍLIO; AMARAL; SILVEIRA, 2016a, p. 77-99).”
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
OS RELACIONAMENTOS NA ERA DIGITAL
 Estudo de Scremin et al. (2021) – estudo sobre a concepção de jovens
entre 18 e 24 anos sobre o estabelecimento de relações amorosas via
aplicativos digitais.
 Os grandes avanços das tecnologias da informação e comunicação
(TICs) modificaram de forma importante o modo como as pessoas se
relacionam inter e intrapessoalmente e com o mundo (Castro, 2017).
Hintz et al. (2014) afirmam que o ciberespaço se constitui como um
espaço de relações, em que não há fronteiras bem definidas,
permitindo, portanto, infinitas possibilidades.
Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios
 A presença das TICs no tempo e espaço da intimidade do casal, bem
como, a diminuição do tempo compartilhado entre o casal, em
detrimento do tempo despendido nas redes sociais podem interferir
negativamente na dinâmica das relações off-line.
 Nesse contexto, identifica-se que as TICs se constituem como pano de
fundo para as relações amorosas, tanto repercutindo nas já
estabelecidas, quanto sendo amplamente utilizadas para buscar novas
relações.

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Atualidades em Psicologia ÊNFASE INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS EM CLÍNICA

  • 1. UNIVERSO ATUALIDADES EM PSICOLOGIA: ÊNFASE INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS EM CLÍNICA PROFESSORA: ANA BEATRIZ DE MOTA E SOUZA
  • 2.  APRESENTAÇÃO PESSOAL  APRESENTAÇÃO DOS ALUNOS  EXPECTATIVAS QUANTO À DISCIPLINA
  • 3. OBJETIVO  Proporcionar condições à compreensão da evolução e da moderna construção das abordagens psicológicas e suas múltiplas formas de condução e aplicação. Entender o contexto pós pandemia do covid-19 e suas mudanças nos processos psicoterápicos, psicossocial e escolar.
  • 4. EMENTA  Carga Horária: 80h  Curso/Período: Psicologia – 9° Período  Ementa: Abordagens atuais no campo da Psicologia; Posicionamento do Conselho Federal de Psicologia quantos as novas modalidades de terapias. Atendimento de psicoterapia on-line individual e em grupo. Bases filosóficas e científicas do nascimento da psicologia. Matrizes estruturalistas e funcionalistas da formação do pensamento psicológico. Concepções do conhecimento científico. Psicologia aplicada, escolas e teorias psicológicas contemporâneas. Advento das neurociências. .
  • 5. EMENTA CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:  Análise histórica da conceitualização e das Teorias da Contemporâneas.  Abordagens atuais no campo da Psicologia.  Posicionamento do Conselho Federal de Psicologia quantos as novas modalidades de terapias.  Advento das neurociências. .
  • 6. ROTEIRO 1. Análise histórica da conceitualização e das Teorias Contemporâneas; 2. Abordagens atuais no campo da Psicologia, com ênfase na Psicologia Clínica; 3. Psicologia Social e Saúde; 4. Advento das Neurociências; 5. O uso da tecnologia na Clínica; 6. Posicionamento do Conselho Federal de Psicologia quanto às modalidades de terapias; 7. Fenômenos do Século XXI, e 8. Exemplos de Programas Psicoeducativos.
  • 7. INTRODUÇÃO  Nós, seres humanos, sempre fomos atraídos pela necessidade de entendermos o nosso próprio comportamento e essa curiosidade sobre nós vem desde os primórdios, sendo tópico de interesse de muitas obras filosóficas e teológicas (SCHULTZ & SCHULTZ, 2021) e, dentro desse contexto, é que irá nascer a Psicologia.  Matriz na Filosofia e Fisiologia.
  • 8. INTRODUÇÃO  Pode-se dizer que a Psicologia é, ao mesmo tempo, uma das ciências mais antigas como também uma das mais recentes, na medida em que tem as suas origens estabelecidas antes da era Cristã, mas só foi reconhecida como uma disciplina científica independente no final do século XIX.  Psicologia – Ciência que abrange várias perspectivas teóricas e, por isso, há a coexistência de diferentes práticas na Psicologia Clínica.
  • 9. INTRODUÇÃO  As transformações do contexto e da sociedade exigem uma constante reflexão acerca da nossa profissão e de nossas práticas.  Para que possamos falar das abordagens contemporâneas no campo da Psicologia Clínica, é importante é importante apresentar, brevemente, a história da atividade clínica no campo da Psicologia, com foco nas principais concepções teóricas que fundamentam as práticas atuais.
  • 10. COMO SE DEU O INÍCIO DA PRÁTICA CLÍNICA EM PSICOLOGIA?  Surgiu como uma atividade de atendimento ao paciente acamado;  A Psicanálise, por meio de Freud, foi uma pioneira nesse sentido. O médico se preocupava em observar para remediar. Já a clínica psicanalítica voltou-se para a escuta do sofrimento psíquico. MUDANÇA DE PARADIGMA – A ÊNFASE NA PRÁTICA DA ESCUTA CLÍNICA A PSICOTERAPIA COMO MÉTODO DE INTERVENÇÃO (LISBOA; BROILO; VERSONI, 2021)
  • 11.  Por esses motivos, muitos autores destacam ser Freud (1856-1939) o precursor da Psicologia Clínica, embora não haja uma linha temporal exata do surgimento da Psicologia Clínica.  Antes de estar ligada à Medicina, a Psicologia estava subordinada à Filosofia, como um ramo que estudava a alma.  O status de ciência foi obtido através dos estudos de William Wundt (1832-1920) – Ciências Naturais – o conhecimento científico deveria ser observável e mensurável.
  • 12.  Wundt – Referenciado como o pai da Psicologia científica. Para delimitar esse campo e definir o seu objeto de estudo, diferentes teorias foram formuladas.  Em paralelo à Psicanálise desenvolvida por Freud, oriunda da prática médica, desenvolveu-se, então, a Psicologia Comportamental, com ênfase na compreensão do comportamento humano por meio de estudos em laboratório.  Além dessas duas vertentes, temos a Gestalt, que surge mais ligada à Filosofia, defendendo a importância da compreensão do ser humano em sua totalidade.
  • 13. PSICANÁLISE PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL GESTALT NOVAS PERSPECTIVAS TEÓRICAS FORAM DESENVOLVIDAS FUNDAMENTANDO AS PESQUISAS CIENTÍFICAS E CONDUZINDO AS ATIVIDADES DO PSICÓLOGO
  • 14. O PSICÓLOGO CLÍNICO DEVE ATUAR SOMENTE NO ESPAÇO FÍSICO DO CONSULTÓRIO?
  • 15. RESOLUÇÃO CFP 23/2022 VI - PSICOLOGIA CLÍNICA É a área de atuação profissional da Psicologia referente à integração de conhecimentos teóricos e métodos psicoterápicos empregados para promover a autonomia, a qualidade de vida e a saúde integral. A(o) psicóloga(o) especialista em Psicologia Clínica: a) usa métodos psicológicos para acolhimento, orientação, aconselhamento e psicoterapia de pessoas atendidas; b) presta atendimentos psicológicos a indivíduos, casais, famílias, grupos e instituições, em contextos variados de settings psicoterapêuticos e a todas as faixas etárias, com finalidades de promoção, prevenção e tratamento de saúde mental;
  • 16. c) faz anamnese detalhada a respeito de informações biográficas e experiências, formativas e constitutivas, de pessoas atendidas, de acordo com o contexto familiar, social, histórico, cultural e político; d) oferece diagnósticos, prognósticos e tratamentos psicológicos às pessoas atendidas, conforme o contexto de sofrimentos, conflitos, transtornos psíquicos e inabilidades sociais; e) propõe estratégias psicoterápicas para a redução e superação de problemas psicológicos;
  • 17. f) desenvolve e aplica técnicas psicológicas de aquisição de autonomia, melhora da estima e qualidade de vida; g) desenvolve atividades relacionadas ao desenvolvimento humano, a relações sociais, a transtornos globais do desenvolvimento, de humor, de personalidade, de aprendizagem e outras psicopatologias; h) participa de programas de pesquisa, treinamento e desenvolvimento de políticas de saúde mental; i) atua na prevenção e no tratamento de pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
  • 18.  A atividade do psicólogo clínico extrapola o espaço físico do consultório porque ela não se caracteriza pelo local em que se realiza, mas pelas concepções teóricas e metodológicas que se refletem no exercício profissional (MOREIRA et al., 2007).  Campanhas de Prevenção e Promoção à Saúde Mental. Janeiro branco Junho branco Projetos Psicoeducativos
  • 19.  Para contextualizarmos as práticas contemporâneas em Psicologia Clínica, vamos partir de sete perspectivas:  A PERSPECTIVA BIOLÓGICA  A PERSPECTIVA PSICODINÂMICA  A PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL  A PERSPECTIVA HUMANÍSTICA  A PERSPECTIVA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL  A PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA POSITIVA  A PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA
  • 20. PERSPECTIVA BIOLÓGICA  Enfatiza o estudo das bases fisiológicas do comportamento humano – incluindo o sistema nervoso, o sistema endócrino, a genética.  As Neurociências – Estudam o sistema nervoso, particularmente o cérebro.
  • 21. PERSPECTIVA PSICODINÂMICA  Se utiliza das ideias e temas centrais trazidos por Freud, tais como a importância das influências do inconsciente na vida humana, das experiências precoces da vida (particularmente com os cuidadores) e das relações interpessoais para explicar a dinâmica subjacente do comportamento, ao tratar do sofrimento psíquico.
  • 22. PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL  Os psicólogos contemporâneos que têm como base de suas prática a perspectiva comportamental continuam a estudas como o comportamento é adquirido e modificado, particularmente na interação com o meio.  Enfatizam os conceitos trazidos pela teoria comportamental na explicação e no tratamento dos transtornos psíquicos.
  • 23. PERSPECTIVA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL  A Psicologia Cognitiva tem como foco a importância dos processos mentais no comportamento, na forma como as pessoas processam e recebem a informação.  As terapias cognitivas são baseadas na ideia de que os problemas psicológicos se devem a pensamentos desadaptativos.
  • 24. PERSPECTIVA HUMANÍSTICA  A influência de Carl Rogers e Maslow se perpetuam por meio do trabalho de psicólogos contemporâneos que têm como base esses autores.  A perspectiva Humanística tem como foco a motivação das pessoas no seu crescimento psicológico, na influência das relações interpessoais para a autoimagem e também a importância da escolha e da autodireção na busca por atingir os seus potenciais.
  • 25. PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA POSITIVA  A perspectiva Humanística contribuiu para o aparecimento da Psicologia Positiva ênfase no crescimento psicológico e nas potencialidades humanas.  Foco no estudo das emoções positivas, nos traços individuais positivos e nas instituições sociais que estimulam tais qualidades nos indivíduos e na comunidades. Felicidade pessoal Técnicas que focam no aumento do bem- estar pessoal Criatividade Resiliência Forças do caráter Otimismo
  • 26. PERSPECTIVA EVOLUCIONISTA  A perspectiva da Psicologia Evolucionista se refere à aplicação dos princípios da evolução das espécies na explicar os fenômenos psicológicos.  Reflete um interesse renovado pelo trabalho de Charles Darwin.  A psicologia evolucionista (PE) é uma área emergente da ciência da mente e do comportamento.  Os processos psicológicos que ajudaram os nossos ancestrais a se adaptar ao ambiente são ainda presentes (ex: o cuidado parental, cooperação, dentre outros).
  • 27.  Em qual perspectiva está a Psicologia Positiva amparada?  Quais constructos da Psicologia Positiva são abordados no artigo?  Por que os estudos realizados com profissionais de saúde indicam que eles podem ter maior propensão a sofrimento mental?  Por que a resiliência pode ser uma característica essencial para o enfrentamento das adversidades?  Como a prática da atenção plena ou mindfulness pode representar uma importante atividade para o aumento do Bem-estar Subjetivo?  O que você considerou mais relevante como parte da discussão trazida pelos autores?
  • 28. Psicoterapias psicodinâmicas  Freud introduziu uma série de conceitos teóricos e recomendações técnicas que serviriam de alicerce para o desenvolvimento da ciência psicanalítica, constituindo sua base até os dias de hoje. Inconsciente Resistência Transferência Importância dos sonhos Livre associação como via de acesso ao material reprimido Instâncias psíquicas EGO, ID e SUEPREGO Uso de interpretações e a Neutralidade
  • 29. Psicoterapias psicodinâmicas CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DE UMA PSICOTERAPIA COM BASE PSICANALÍTICA  O processo analítico impõe um estresse adicional à vida do indivíduo - deve ter recursos mínimos para manter-se funcional durante o tratamento, apesar do sofrimento imposto pelo contato os conteúdos inconscientes agora revelados.  O objetivo desse tratamento vai muito além da redução de sintomas, e busca uma verdadeira ampliação da capacidade da mente, de pensar, de criar e de se relacionar.
  • 30. Psicoterapias psicodinâmicas CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DE PSICOTERAPIA PSICODINÂMICA  Busca espontânea;  Sofrimentos psíquico;  Curiosidade psíquica;  Tolerância à frustração;  Motivação para mudança, e  Aliança terapêutica.
  • 31. Psicoterapia Breve Psicodinâmica  Atualmente, as Psicoterapias Breves são divididas em duas grandes linhas: As de abordagem cognitiva e comportamental – Psicoterapias Breves Cognitivo- Comportamentais As de abordagem psicodinâmica - Psicoterapias Breves Psicodinâmicas
  • 32. Psicoterapia Breve Psicodinâmica  Tem origem na psicanálise freudiana;  O termo Psicoterapia Breve (PB) originou-se da tentativa de Ferenzi e Rank (1924) de tornar o tempo dos tratamentos psicanalíticos mais breves.  Até a Segunda Guerra Mundial, a psicanálise era utilizada de maneira indiscriminada, para qualquer tipo de problema mental.  Com o desenvolvimento de múltiplas abordagens terapêuticas, surgiram outras alternativas de tratamento.
  • 33. Psicoterapia Breve Psicodinâmica CARACTERÍSTICAS ENFATIZADAS NAS PSICOTERAPIAS BREVES PSICODINÂMICAS  Afeto;  Resistência;  Identificação de padrões consistentes de relacionamentos, sentimentos e comportamentos;  Experiência passada;  Experiência interpessoal ;  Relacionamento terapêutico, e  Desejos, sonhos ou fantasia.
  • 34. Psicoterapia Breve Psicodinâmica CARACTERÍSTICAS ENFATIZADAS NAS PSICOTERAPIAS BREVES PSICODINÂMICAS  Por ser uma abordagem objetiva e de fácil aplicação, inclusive em âmbito institucional, e por apresentar sólida fundamentação teórica e científica, a psicoterapia psicodinâmica breve tem se destacado no campo da saúde mental.  Nessa forma de psicoterapia, a qualificação breve refere-se tanto à duração do tratamento como ao direcionamento a objetivos definidos (focalização).  Focalizar significa adotar uma postura semelhante à de um fotógrafo que procura ressaltar um objeto ou uma pessoa que vai ser fotografado em relação a um fundo, que deverá ser menos nítido, como no mecanismo de “figura e fundo” da teoria da percepção (LEMGRUBER, 2008).
  • 35. Psicoterapia Breve Psicodinâmica CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS NAS PSICOTERAPIAS BREVES PSICODINÂMICAS  Terapeutas mais ativos, que estimulam o desenvolvimento da aliança terapêutica e transferência positiva;  Focalização em conflitos específicos ou temas definidos previamente no início da terapia;  Manutenção de foco de trabalho e objetivos definidos;  Atenção dirigida para as experiências atuais do paciente, inclusive os sintomas;  Ênfase na situação transferencial da dimensão do “aqui e agora”, que não necessariamente é correlacionada ao passado.
  • 36. Psicoterapias psicodinâmicas  O encontro analítico não pressupõe o “tudo saber”. Ao contrário, pressupõe a busca da subjetividade e da singularidade do sujeito.  O papel dinâmico dos processos inconscientes e a importância da relação terapêutica são fundamentais.  Para evoluir no conhecimento da dinâmica do funcionamento do psiquismo torna-se essencial agregar às informações dos trabalhos de Freud e seus seguidores, do final do século XIX, os dados de pesquisas das neurociências do início do século XXI.
  • 37. Psicoterapias psicodinâmicas Está embasada em alguns pressupostos teóricos:  Teoria neurocientífica das emoções  Experiência emocional corretiva (EEC) - A possibilidade de o paciente experimentar situações traumáticas do passado penosamente reprimidas, revivendo-as na relação com o terapeuta. A ideia é que uma nova experiência emocional possa ocorrer na relação terapêutica.  A capacidade de mudanças de conexões entre os neurônios (plasticidade neuronal) durante toda a vida é básica para a sobrevivência do ser humano. Esse fato permite a aprendizagem em todas as etapas da vida e indica a possibilidade de reestruturação e modificação de comportamentos e atitudes por meio das vivências de EEC (LEMGRUBER, 2008).
  • 38. Psicoterapias psicodinâmicas  Efeito Carambola – mecanismo de potencialização dos ganhos terapêuticos da PPB por repetidas EECs.  Vivenciar uma EEC dá um novo significado às experiências passadas. Surge outra interpretação, e formam-se trajetos para as percepções e comportamentos. Novas redes de conexões neuronais são estabelecidas, e mapas corticais são remodelados, o que resulta em novas representações internas do self.
  • 39. Psicoterapias psicodinâmicas  Provoca mudança no script usado habitualmente pelo paciente, isto é, na maneira como ele se percebe e reage diante da vida. As repetidas interações corretivas criam um novo set cognitivo e afetivo e possibilitam a reestruturação da imagem interna da pessoa como um todo, transformando a forma como ela vê o mundo e sua relação com outros indivíduos.  “efeito carambola é tornar um círculo vicioso em círculo virtuoso”.
  • 40. Psicoterapia Breve Psicodinâmica Possibilidades:  A PPB focal tem indicação específica para situações de crise.  A motivação para a mudança é um critério essencial.  Capacidade de estabelecer rapidamente um vínculo como o terapeuta e uma aliança terapêutica. Limites:  Dificuldades graves de funcionamento na vida diária.  Doenças clínicas graves.  Transtornos de neurodesenvolvimento.  Falta de motivação.
  • 41. Psicoterapia Breve Psicodinâmica  Estudos comprovaram a eficácia do tratamento.  O resultado do estudo mostrou que pacientes de PBP do setor de psicoterapia do Serviço de Psiquiatria/SCMRJ apresentam uma dimensão de bem-estar subjetivo significativamente maior quando terminam o tratamento do que quando chegam, evidenciando a eficácia da técnica, medida a partir da manifestação dos próprios usuários, que avaliaram estados subjetivos antes e depois de seu tratamento
  • 42. Psicoterapia Breve Psicodinâmica  Questões em aberto: 1. Quanto à questão de se afirmar que as modificações observadas na TF se mantêm ao longo do tempo, conforme preconiza a hipótese teórica do efeito carambola, há necessidade de trabalhos de seguimento, ainda não executados. 2. Quanto à verificação da possibilidade de se obter mudanças profundas na personalidade do paciente em períodos curtos de tempo, ainda não existem condições adequadas de mensuração.
  • 43. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo  É uma modalidade de psicoterapia psicodinâmica.  Baseia-se nos pressupostos das terapias psicodinâmicas adaptados ao setting grupal.  O grupo possibilita ao terapeuta, por meio da interação de seus integrantes, um acesso privilegiado aos conflitos e relacionamentos (vínculos) que eles estabelecem, podendo assim abordar e tratar as patologias existentes.  Nos grupos as relações intersubjetivas (vínculos) fazem parte do aqui-e-agora. Já no tratamento individual essas relações estão “fora” e são apenas relatadas pelo paciente ao terapeuta.
  • 44. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo  Podem ser aplicadas em vários contextos: Contexto hospitalar AA/NA Em Psiquiatria
  • 45. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo  A existência de um grupo pressupõe uma série de características psicológicas que lhe é intrínseca e, portanto, definidora de o que é um grupo ________________________ DINÂMICA GRUPAL.  Ocorre em todos os grupos humanos, independentemente da sua finalidade.  Um terapeuta de grupo deve compreendê-los adequadamente para minimizar os seus efeitos obstrutivos e maximizar os seus efeitos catalisadores de mudanças e de crescimento emocional
  • 46. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo CARACTERÍSTICAS DA DINÂMICA GRUPAL  Um grupo não é a soma de seus membros. Ao contrário, ele constitui uma nova entidade que tem leis e uma cultura própria.  Os grupos funcionam sempre em dois planos que se superpõem ou predominam de forma alternante ---------------- Consciente e Inconsciente.  Um grupo está sempre em movimento, apoiado em duas forças opostas: uma tendendo à sua coesão e outra à sua desintegração.
  • 47. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo CARACTERÍSTICAS DA DINÂMICA GRUPAL  Um acontecimento específico do campo grupal é a ressonância. Um acontecimento ou uma emoção comunicada ao grupo vai ressoar nos demais participantes, produzindo uma associação com significado afetivo equivalente, mesmo que expresso de forma distinto.  Uma outra característica importante da dinâmica grupal é o desempenho de “papéis” que são adotados, temporária ou permanentemente, pelos membros do grupo. Bode expiatório Porta voz Sabotador Liderança
  • 48. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo QUESTÕES QUE DEVEM SER CONSIDERADAS NO PLANEJAMENTO DE UM GRUPO  Para que serve o grupo? (objetivos)  Para quem é o grupo? (população-alvo)  Como será feito o tratamento? (técnica utilizada)  Por quem será feito o tratamento? (recursos do terapeuta)
  • 49. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo  Quem é o terapeuta e qual é sua formação, ou seus recursos, a sua experiência (trabalha com supervisão ou não)? EVIDÊNCIAS DA EFICÁCIA DOS GRUPOS  Prevenção de recaída para pacientes com transtorno de uso de substâncias (álcool e drogas), por melhorar o apoio social (Graham et al., 1996);  Obesidade, com um efeito alcançado em parte por diminuição do estigma (Renjilian et al., 2001).  Pacientes com doenças médicas que aprendem a melhorar a auto eficácia com seus pares.
  • 50. Psicoterapia Psicodinâmica de Grupo CONTRA-INDICAÇÕES  Pacientes com depressão grave, paranoides ou narcisistas;  Psicopatia;  Pacientes com acentuadas dificuldades cognitivas, que dificultem a capacidade de abstração;  Estejam no auge de uma séria situação crítica.  Pertencem a uma categoria profissional ou política que representa sérios riscos para uma eventual quebra do sigilo grupal.  Tenham uma história com várias terapias anteriores interrompidas (abandonadores compulsivos).
  • 51. Terapia de família POR QUE TRATAR A FAMÍLIA?  O que acontece com um membro da família afeta os demais membros.  O que ocorre com a família influencia necessariamente todos os membros. A FAMÍLIA COMO UMA UNIDADE Surge de famílias, às quais dá continuidade e se transforma em novas famílias A família como um sistema vivo, que se desenvolve e se transforma com o tempo Para o entendimento da dinâmica familiar, é necessário levar em conta ao menos três gerações
  • 52. Terapia de Família  Surge após a Segunda Guerra Mundial, em um contexto de crise.  Desenvolveu-se nos Estados Unidos, com duas vertentes principais: o trabalho com esquizofrênicos e com crianças.  Ackerman – psicanalista cunhou o termo “terapia familiar” , para uso em psiquiatria infantil.  Da década de 1990 em diante, várias perspectivas teóricas têm em seu escopo o trabalho com famílias.
  • 53. Terapia de Família A FAMÍLIA COM ÓTIMO FUNCIONAMENTO 1. Igualdade de poder entre os cônjuges; 2. Ampla expressão de ideias e afetos; 3. Incentivo à autonomia pessoal com respeito às necessidades do outro; 4. Percepção e respeito pela interdependência entre os membros da família; 5. História familiar compartilhada; 6. Capacidade de usar adequadamente o humor, e 7. Envolvimento com grupos e movimentos sociais. (CORDIOLI, 2009)
  • 54. Terapia de Família MUDANÇAS NO CICLO DE VIDA DA FAMÍLIA FASES DO CICLO VITAL DA FAMÍLIA Individuação do adulto Casamento Nascimento do primeiro filho Individuação do adulto Família com filhos adolescentes Ninho vazio CONHECER ESSAS MUDANÇAS ORIENTA O TRATAMENTO
  • 55. Terapia de Família  Início do casamento – conhecimento recíproco e construção de regras próprias de funcionamento, com semelhanças e diferenças em relação ao funcionamento de suas famílias de origem.  É um momento em que, em geral, o casal vive mais afastado de suas famílias, renegociando as relações com seus pais e com os velhos amigos e criando uma nova cultura familiar.
  • 56. Terapia de Família  A chegada do primeiro filho deveria ocorrer depois da estabilização do casamento, pois esse momento marca um período difícil de acomodação a uma terceira pessoa.  Alguns estudos demonstram que nessa momento do ciclo de vida da família é normal haver maiores dificuldades entre o casal.  É um momento em que a família, em geral, diminui os contatos com o meio externo e muitos hábitos mudam.
  • 57. Terapia de Família  Famílias nas quais ambos os cônjuges trabalhem têm desafios próprios – divisão de tarefas e do cuidados com os filhos.  A literatura, internacional e nacional, mostra que, mesmo com ambos trabalhando fora, ainda é a mulher quem mais assume cuidados com os filhos, o que a sobrecarrega e, secundariamente, também sobrecarrega a relação conjugal (CORDIOLI, 2009).
  • 58. Terapia de Família  A cada novo filho que nasce há a necessidade de preparação da chegada desse novo membro, tanto para os pais quanto para os irmãos, que sofrem com medo de perder seu lugar na família.  Os pais devem adequar seus cuidados à idade e à personalidade de cada um dos filhos – exige uma maior flexibilidade.  À medida que os filhos crescem, a família vai, gradativamente, se abrindo para o exterior.  Na relação com a escola, a família costuma viver seu primeiro teste da capacidade de criar filhos saudáveis e capazes de enfrentar as exigências da vida fora de casa.
  • 59. Terapia de Família  Adolescência dos filhos – período que, em geral, exige uma adaptação dos pais, já que o adolescente tem por tarefa principal encontrar a sua própria identidade.  Saída dos filhos de casa – Síndrome do Ninho Vazio.  A atuação do psicólogo deve ser direcionada a normalizar o estresse familiar que ocorre, inevitavelmente, em momentos de transição e de crises ao longo do ciclo vital das famílias, investigando estratégias de manejo ao estresse já tentadas e propiciar a criação de novas possibilidades de solução para os problemas apresentados.
  • 60. Terapia de Família POR QUE É IMPORTANTE PARA O TERAPEUTA FAMILIAR CONHECER AS FASES DO CICLO VITAL DA FAMÍLIA?  As diversas fases exigem acomodação e mudança de cada membro e da família como um todo, sempre mantendo, simultaneamente, a estabilidade do grupo.
  • 61. Terapia de Família BUSCA PELO TRATAMENTO  A procura de atendimento ocorre, em geral, por meio de um membro da família, que se diz necessitado de tratamento ou que busca ajuda para um familiar identificado como problemático pelo grupo.  A organização do primeiro encontro terapêutico dependerá da avaliação inicial da situação.  Quando o paciente identificado é uma criança, é de praxe convidar todos os que moram na casa, mas se o paciente identificado é um jovem adulto, pode ser mais aconselhável iniciar o processo ter uma consulta individual inicial com ele.
  • 62. Terapia de Família O PRIMEIRO ENCONTRO TERAPÊUTICO  Deve-se procurar estabelecer um clima de confiança e intimidade que permita às pessoas envolvidas revelar suas preocupações e mostrar suas formas peculiares de interagir.  Muitas vezes, aquilo que era considerado um problema individual passa a ser percebido como algo que está influenciando o grupo familiar como um todo.  O objetivo da primeira consulta é estabelecer uma boa relação e fazer uma hipótese diagnóstica do problema que, uma vez compartilhada com a família, permite combinar um plano terapêutico.
  • 63. Terapia de Família  Segredos como adoção, maus-tratos e casos extraconjugais podem exigir entrevistas diagnósticas individuais concomitantes.  Pode ser também necessário, já no início, o encaminhamento para avaliação por outros especialistas (psiquiatra, assistente social, pediatra, neurologista, fonoaudiólogo, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, etc.).
  • 64. Terapia de Família DIAGNÓSTICO DA ESTRUTURA E DA DINÂMICA FAMILIAR  O diagnóstico é um processo dinâmico que precisa ser refeito ao longo do tratamento à medida que a família e os indivíduos vão mudando.  Muitas vezes uma família ou pessoa em grave crise situacional aparenta ter uma patologia muito mais grave do que a que se evidencia após a crise estar resolvida.  É importante evitar os rótulos (que muitas vezes acompanham as pessoas ao longo da vida e podem diminuir as oportunidades que lhes são oferecidas).
  • 65. Terapia de Família ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA FORMULAÇÃO DO DIAGNÓSTICO  Características socioeconômicas e étnico-culturais da família?  Estão vivenciando uma crise vital ou uma crise situacional?  Qual é o estágio de desenvolvimento da família?  É possível compreender os sintomas como um bloqueio ao desenvolvimento, tendo em vista a crise existencial que a família vive?  Como estão a estrutura e a organização familiar? Os adultos conseguem liderar a família?
  • 66. Terapia de Família  Quais são as alianças e o estilo de funcionamento?  Como está sua capacidade de comunicar-se, resolver problemas e expressar afeto?  Pode-se encontrar uma função de proteção familiar para o sintoma?  Quais os nexos entre o comportamento disfuncional e a história familiar trigeracional?  Há evidências de algum membro estar apresentando transtorno psiquiátrico?  A família tem motivação para o tratamento?
  • 67. Terapia de Família EXEMPLO CLÍNICO (CORDIOLI, 2009) Um casal trouxe o filho de 5 anos à consulta por ele ser desobediente e muito agitado e por quebrar coisas em casa. Surgem diferenças de opinião e há rápido aumento de tensão entre os pais. O menino, que até ali, embora agitado, mantivera-se sentado, levanta-se, pega uma bola e dá um chute que derruba um abajur. O casal vira-se para ralhar com o filho e, com isso, a discussão é interrompida. A percepção pela criança de que seu comportamento interrompeu a briga do casal pode reforçar o seu comportamento (isto é o que se define como triangulação do filho no conflito do casal, um conceito central no entendimento da dinâmica familiar). Nessa situação, se o casal não é cronicamente disfuncional, uma terapia de curta duração pode resolver o problema
  • 69. Terapia de Família PLANO TERAPÊUTICO  O plano terapêutico é construído em conjunto com a família sob a liderança do terapeuta. Leva em conta as necessidades individuais do paciente identificado e as influências familiares que exerce e sofre.  Fazem parte do sistema terapêutico a família, seu terapeuta e a instituição em que este trabalha.  O bom resultado do tratamento depende do funcionamento harmonioso dos três níveis.
  • 70. Terapia de Família  O objetivo da terapia é a superação dos bloqueios ao desenvolvimento dos indivíduos e do grupo familiar como um todo.  O terapeuta deve criar condições para a individuação de cada um, mantendo-se a coesão e a mutualidade do grupo.  Os bloqueios são decorrentes de regras interacionais rígidas entre as gerações, que não permitem espaço para o crescimento.
  • 71. Terapia de Família  Ênfase na busca e na mobilização dos aspectos saudáveis do grupo, inclusive muitas vezes redefinindo o sintoma como uma tentativa de manter e proteger a família.  Em geral, trabalha-se muito no presente, procurando que apareçam ao vivo, na sessão, os problemas interacionais sentidos e relatados pela família.  Três categorias mais amplas de técnicas: Técnicas mais diretivas Melhorando a comunicação Estabelecendo e solidificando a aliança terapêutica
  • 72. Terapia de Família CONSIDERAÇÕES  Não é somente uma questão técnica, mas sim uma forma de compreender os problemas humanos surgem e se resolvem sob a influência das relações interpessoais e ambientais, principalmente no âmbito da família.  Mesmo em atendimentos individuais, a família pode ser chamada a participar, podendo acontecer sessões familiares.  Trabalho com crianças e adolescentes.
  • 73. Terapia de Família  A terapia familiar tem por objetivo identificar e compreender os problemas humanos, intervindo neles e considerando o contexto em que ocorrem.  As intervenções buscam dar sentido e descobrir áreas de competência familiar, dando condições de transformar as experiências vividas na família e em seu contexto mais amplo. Como a terapia de família inclui os familiares do paciente como coterapeutas, o processo terapêutico continua mesmo quando a sessão já acabou.
  • 74. Terapia de Família  Mobilizam-se outros sistemas: a escola, o trabalho e as instituições envolvidas com o paciente, ampliando as possibilidades de mudança. CARÁTER PREVENTIVO  Por meio de um irmão, tratam-se os demais;  Ao se abordar problemas do casal, evita-se muitas vezes o surgimento de novos sintomas.
  • 76. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Bauman (2007) – “Tempos Líquidos” – Derretimento dos sólidos – momento histórico da pós-modernidade.  As organizações familiares atuais deixam de ser estáveis.  A família, como instituição de referência, passa por modificações que podem propiciar sentimentos de medo, ansiedade e angústia (LISBOA; BROILO; VERSONI, 2021).  Geração Y – Millenials – nascidos entre os anos de 1978 e meados dos anos de 1990 – maior número de possibilidades – liberdade de escolha e priorização da individualidade.
  • 77. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Abriu-se um espaço para a necessidade de constantes evoluções profissionais e pessoais, gerando mudanças consecutivas para se atingir a vida entendida como “ideal” (dentro da cultura em que o sujeito está inserido).  Busca diária por transformações individuais que podem levar a uma forte indecisão entre as escolhas afetivas e profissionais.  A partir desse contexto de mudanças, tanto sociais quanto individuais, surgem novas formas de configuração de núcleos familiares.
  • 78. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios QUAL É O IMPACTO DESSAS MUDANÇAS NAS FAMÍLIAS E EM SUA CONSTITUIÇÃO?
  • 79. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios O CASAMENTO E AS NOVAS FORMAS DE SE RELACIONAR  DIVÓRCIO – 1977 (lei do Divórcio) e 2010 (não há mais a necessidade de separação judicial e não há também o requisito temporal).  Tendência de queda no número de casamentos.  A maioria dos indivíduos que se divorciam voltam a se casar ou coabitar novamente com outras pessoas.  Estudos destacam que a mudança nos papéis de gênero é um dos principais motivos para o término dos casamentos.  O afastamento da ideia do casamento como uma aliança econômica.
  • 80. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Legalização das uniões homoafetivas (2011) – casais homo e heteroafetivos possuem os mesmos direitos e deveres em suas relações.  O casamento visto como uma possibilidade de troca de experiências, divisão de responsabilidades e sentimentos.
  • 81. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  A família como um sistema vivo – precisa de uma estrutura regular para sobreviver, mas essa estrutura também precisa de flexibilidade para se adaptar às modificações contextuais - Mudanças no ciclo di vida da família, mudanças sociais. Mecanismos de feedback FEEDBACK NEGATIVO Minimiza a mudança para manter a estabilidade FEEDBACK POSITIVO Altera o sistema para que se adapte aos novos inputs
  • 82. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Famílias mais resistentes podem desenvolver ciclos viciosos e as mais flexíveis tendem a lidar de maneira mais adaptativa às mudanças.  Algumas famílias preservam uma estrutura antiga, mas se mantém vivas e atualizadas as transformações ocorreram na forma como os membros estabeleceram as suas relações, aproveitando as oportunidades para criar novas configurações, não perdendo a sua identidade como família.  Clínica com famílias - novas configurações nas relações estabelecidas entre os membros.
  • 83. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Abordagem Sistêmica da família – aborda as instabilidades nas mudanças e transformações. CONFIGURAÇÃO TRADICIONAL COMPLEXIDADE DAS RELAÇÕES E SISTEMAS ENVOLVIDOS  Família sistêmica – sustentada por uma profunda interconexão entre os seus membros.  Papéis de gênero = transformações ocorridas, especialmente nos últimos 50 anos = a inserção da mulher no mercado de trabalho.
  • 84. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Estudo de Smeha e Oliveira (2013) – as maiores dificuldades relatadas pelos jovens no estabelecimento de relações amorosas se referem às excessivas responsabilidades, desrespeito à individualidade do parceiro, assim como a escolha por priorizar a vida profissional. “Sou flexível, mas tem que ter uns quesitos básicos, não pode ser uma pessoa que não te passe confiança por exemplo, tem que ser uma pessoa que pense parecido, tu não pode ficar com uma pessoa que não quer trabalhar, não quer estudar (E)”. “A primeira coisa que tu procura é a beleza, mas isso pra mim não é tudo. Eu procuro também uma pessoa que tenha emprego, objetivo de crescer na vida, e que tenha estabilidade, pois eu não me vejo sustentando marido (C)”.
  • 85. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios FAMÍLIAS MONOPARENTAIS E HOMOPARENTAIS  Atualmente, há uma aumento significativo de famílias monoparentais e homoafetivas se faz necessário que a Psicologia se debruce no estudo sobre essas novas configurações, tanto no aspecto teórico como prático.  MONOPARENTALIDADE – a família constituída por apenas uma dos genitores e seu(s) filho(s), morando na mesma casa. Fim do relacionamento conjugal (divórcio, morte) Opção própria
  • 86. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Em relação à repercussão dessa configuração no desenvolvimento dos filhos, os estudos apresentam divergências – alguns apontam que crianças e adolescentes de família monoparentais apresentam maiores índices de transtornos psicológicos, enquanto outros estudos destacam um maior amadurecimento e melhor capacidade de tomada de decisão.
  • 87. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios E EM RELAÇÃO À PRÁTICA CLÍNICA? Reassegurar os pontos fortes do genitor Auxiliar no processo de estruturação familiar (construção de limites, rotinas) Reconhecer as dificuldades existentes na monoparentalidade Fortalecimento de redes de apoio
  • 88. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  HOMOPARENTALIDADE – família constituída por uma relação afetiva- sexual entre dois indivíduos do mesmo sexo, que se relacionam de forma estável, em uma mesma habitação, com a existência de filhos dessa relação.  Em geral, os filhos são advindos por adoção ou inseminação artificial – leva a uma maior planejamento familiar.  Desafios sociais e legais das famílias homoparentais- reconhecimento de direitos civis e previdenciários.
  • 89. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  É um tema novo, mas que tem sido cada vez mais discutido na sociedade brasileira, e traz diversos desafios psicológicos e emocionais, tanto para os pais como para as crianças e adolescentes envolvidos.  A vontade dos homossexuais em construir uma família está relacionada à manifestação do desejo inato de pertencimento (RODRIGUES; GOMES, 2012).  Esse desejo está também vinculado à busca por inclusão em práticas sociais amplamente aceitas e valorizadas.
  • 90. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios EM RELAÇÃO AOS FILHOS Construção da identidade dos filhos no lidar com as diferenças de sua configuração familiar Situações de bullying, exclusão e preconceito social Repercussões na saúde mental
  • 91. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  A revisão abrangente da literatura (VILELLA et al., 2024) evidencia um ponto comum nas pesquisas empíricas conduzidos por diversos autores, que não apontam para diferenças substanciais no que se refere à habilidade do cuidado parental e à competência parental entre indivíduos heterossexuais e homossexuais e nem ao desenvolvimento infantil.  Aceitar e valorizar as experiências e desafios únicos enfrentados por famílias homoparentais são aspectos essenciais no processo terapêutico.
  • 92. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios NESSE CENÁRIO, QUAIS SÃO AS CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DA PSICOLOGIA?  Responsabilidade de fornecer informações, apoio e suporte emocional para os filhos inseridos no contexto escolar traçando estratégias assertivas que venham a combater todos esses sentimentos causados pelo preconceito (VILELLA et al., 2024).  Encontrar referências que sejam capazes de lidar com a complexidade da família, superando a ênfase na Biologia e o fortalecimento dos vínculos afetivos na relação parental.  AFETO – como base da estabilidade familiar.  Ética relacional, que permita aos indivíduos a expressão de suas singularidades socioafetivas de forma autêntica.
  • 93. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA Ambiente terapêutico que promova a autenticidade e a aceitação Reconhecimento de potencialidades individuais e construção de estratégias para enfrentar os desafios Fortalecimento dos laços familiares e de redes de apoio
  • 94. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios PSICOLOGIA POSITIVA Engajamento em atividades significativas, construção de sentido na dinâmica familiar Enfatizar o florescimento individual e familiar, encorajando o desenvolvimento de emoções positivas Promoção de relacionamentos positivos
  • 95. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  Aconselhamento Psicológico - Pode ajudar a família homoparental a enfrentar desafios externos, como o estigma social, e a fortalecer a resiliência diante das adversidades.  É essencial que os pais homoafetivos tenham acesso a recursos e apoio psicológico para lidar com a ansiedade, o medo e a insegurança.  Psicoterapia de grupo – uma das formas eficazes de suporte psicológico.  Os grupos oferecem um espaço seguro e de acolhimento, favorecendo o compartilhamento de vivências e experiências, auxiliando na construção de uma rede de apoio social e emocional para a família.
  • 96. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  A psicologia pode auxiliar, ainda, na construção de uma relação saudável e afetiva entre pais e filhos, que tenha características benéficas para o desenvolvimento infantil.  Conselho Federal de Psicologia lançou em 2023 uma cartilha específica sobre essa temática. “Atendimento individual, sendo este um espaço de escuta e acolhimento do(a) usuário(a) sem risco de exposição deste no coletivo; atendimento em grupo, por ser considerado um espaço potente, possibilitando a empatia, quebra de barreiras, trocas de experiências, aumento da rede de apoio; atendimento espontâneo/emergencial, que considera as vulnerabilidades múltiplas vividas nos contextos desta população. (CONCÍLIO; AMARAL; SILVEIRA, 2016a, p. 77-99).”
  • 97. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios OS RELACIONAMENTOS NA ERA DIGITAL  Estudo de Scremin et al. (2021) – estudo sobre a concepção de jovens entre 18 e 24 anos sobre o estabelecimento de relações amorosas via aplicativos digitais.  Os grandes avanços das tecnologias da informação e comunicação (TICs) modificaram de forma importante o modo como as pessoas se relacionam inter e intrapessoalmente e com o mundo (Castro, 2017). Hintz et al. (2014) afirmam que o ciberespaço se constitui como um espaço de relações, em que não há fronteiras bem definidas, permitindo, portanto, infinitas possibilidades.
  • 98. Novas Configurações familiares: Possibilidades e Desafios  A presença das TICs no tempo e espaço da intimidade do casal, bem como, a diminuição do tempo compartilhado entre o casal, em detrimento do tempo despendido nas redes sociais podem interferir negativamente na dinâmica das relações off-line.  Nesse contexto, identifica-se que as TICs se constituem como pano de fundo para as relações amorosas, tanto repercutindo nas já estabelecidas, quanto sendo amplamente utilizadas para buscar novas relações.