SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Desenvolvimento Humano I – 1º Sem 2011




RELATÓRIO      VICTOR, O MENINO SELVAGEM DE AVERYN




            Paula Andréa Prata Ferreira | Campus Ilha - Psicologia
Relatório
        O presente trabalho pretende discutir sobre o caso conhecido como “o menino
selvagem de Averyon”. Chamado de Victor, o menino foi encontrado em 8 de janeiro de 1798
na província de Averyon no sul da França.

Victor foi encontrado aparentando 12 anos de idade, vivia solto, sem roupas, andava de
quatro, alimentava-se de raízes e frutas. Victor não possuía linguagem. Também nunca foi
possível saber quanto tempo esteve em contato com a vida social antes ter se perdido na
floresta ou de ter sofrido abandono por parte de seus pais.

Victor foi levado a uma escola de surdos-mudos. Lá permaneceu sob os cuidados do médico
Jean-Marc Itard. Os últimos anos de sua vida passou sob os cuidados da empregada de Itard,
senhora Guérin, até falecer aos 40 anos.

O estudo desenvolvido por Itard usou métodos baseados no princípio da imitação,
condicionamento e modificação do comportamento. Porém, embora tenha adquirido a
habilidade de emitir alguns sons e vogais, Victor nunca conseguiu falar. Apesar de ter
conseguido demonstrar sentimentos de afeição (principalmente pela senhora Guérin),
vergonha, remorso e desejo de agradar, foi possível observar que Victor continuava centrado
em seu mundo, nutrindo o desejo pela liberdade proporcionada pela floresta. Além disso,
mesmo com todo o trabalho desenvolvido por Itard, Victor não conseguia se cuidar sozinho,
como também não havia conseguido se socializar.

O filme francês de 1969, O garoto selvagem, de François Truffaut retrata a história de Victor de
forma um tanto romantizada. Porém, apesar de todas as licenças poéticas colocadas na
película, na cena final do filme o personagem de Itard diz duas frases que resumem bem a
situação de Victor: “Já não é um selvagem, apesar de ainda não ser um homem. Victor é um
jovem notável com grandes expectativas.”.




Victor jamais conseguiu se desenvolver totalmente. Nesse momento, podemos refletir sobre
algumas considerações de seu caso, como por exemplo, os métodos usados por Itard. Sem
dúvida os métodos empregados por Itard tinham seus méritos, porém não foram garantias de
um “final feliz” para Victor, pois Victor já não era um selvagem, porém também não era
completamente um homem.
                                                                                       2
Não podemos afirmar se Victor tinha algum comprometimento, na época não havia exames de
imagem que auxiliassem no entendimento de seu quadro. Como afirmar se Victor não
conseguiu desenvolver a linguagem por ser portador de alguma lesão em seu cérebro na
região responsável por isso? Da mesma forma também não podemos afirmar se Victor tinha
algum tipo de transtorno como autismo, por exemplo. Nos escritos deixados por Dr. Itard, ele
documentou que Victor tinha uma grande cicatriz na garganta. Possivelmente pode ter sido
uma tentativa de matá-lo, e posteriormente, abandoná-lo para a morte na selva por ser uma
criança com algum tipo de comprometimento. Vale lembrar que historicamente o abandono
de crianças com algum tipo de deficiência, seja físico ou mental, era comum.

Outras crianças achadas sob condições parecidas com as de Victor, também suscitaram uma
série de perguntas a esse respeito. O documentário lançado em 2007 pela National Geografic,
Crianças Selvagens, explora diversas questões nesse sentido. Nele vemos um histórico de
diferentes crianças achadas em condições de isolamento social, como também as fantasias e
informações truncadas que guardam suas respectivas histórias. É fácil perceber que nem
sempre as informações são fidedignas, como também é questionável, em alguns casos, a
confiabilidade e eficiência dos métodos empregados no tratamento destas crianças, vide o
caso de Genie.

Os estudos da Psicologia Cognitiva mostram que os seres humanos passam por uma fase
crítica para seu desenvolvimento. Dessa forma, teria tanto Victor quanto outras crianças
selvagens não desenvolvido a linguagem por não estarem em contato com o meio social que
as estimulasse a isso? Teria algo mais afetado o desenvolvimento dessas crianças?

Mas ainda temos outras perguntas a fazer sobre o comprometimento do desenvolvimento nos
casos das crianças selvagens: até que ponto os traumas emocionais sofridos por essas crianças
foram capazes de interromper e comprometer o decurso natural do desenvolvimento? Vemos
por mais esta pergunta que não estamos considerando apenas a maturação biológica.
Percebemos que existe a convivência de aspectos inter-relacionados e não apenas um fator
decisivo para todo o quadro, ou seja, temos de levar em consideração também aspectos
sociais e emocionais envolvidos com o desenvolvimento da prontidão.



Referências Bibliográficas
IS it real: Feral Children. EUA: National Geographic, 2007,(46 min), son., color., leg.

O GAROTO Selvagem. Direção de François Truffaut. França: Produção Marcel Berbert, 1969,
(84 min), son., color., leg.

PAPALIA, Diane E.. Desenvolvimento Humano. 7 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 684 p.




                                                                                           3

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Direitos Humanos
Direitos HumanosDireitos Humanos
Direitos Humanos
MINV
 
Preconceito e intolerência
Preconceito e intolerênciaPreconceito e intolerência
Preconceito e intolerência
Victor Claudio
 
Violação dos direitos humanos mariana
Violação dos direitos humanos marianaViolação dos direitos humanos mariana
Violação dos direitos humanos mariana
ressurreicaorecreio
 
Principais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescênciaPrincipais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescência
Viviane Pasqualeto
 

Mais procurados (20)

Direitos Humanos
Direitos HumanosDireitos Humanos
Direitos Humanos
 
Desenvolvimento infantil (1)
Desenvolvimento infantil (1)Desenvolvimento infantil (1)
Desenvolvimento infantil (1)
 
Autismo
AutismoAutismo
Autismo
 
Direitos humanos
Direitos humanos Direitos humanos
Direitos humanos
 
Desenvolvimento infantil
Desenvolvimento infantilDesenvolvimento infantil
Desenvolvimento infantil
 
Desenvolvimento humano
Desenvolvimento humanoDesenvolvimento humano
Desenvolvimento humano
 
Preconceito e intolerência
Preconceito e intolerênciaPreconceito e intolerência
Preconceito e intolerência
 
O Racismo
O RacismoO Racismo
O Racismo
 
Behaviorismo
BehaviorismoBehaviorismo
Behaviorismo
 
Violação dos direitos humanos mariana
Violação dos direitos humanos marianaViolação dos direitos humanos mariana
Violação dos direitos humanos mariana
 
A adolescência
A adolescênciaA adolescência
A adolescência
 
O desenvolvimento humano
O desenvolvimento humanoO desenvolvimento humano
O desenvolvimento humano
 
DeclaraçãO Dos Direitos Humanos
DeclaraçãO Dos Direitos HumanosDeclaraçãO Dos Direitos Humanos
DeclaraçãO Dos Direitos Humanos
 
Étnico racial
Étnico racialÉtnico racial
Étnico racial
 
Principais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescênciaPrincipais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescência
 
Oito idades do homem
Oito idades do homemOito idades do homem
Oito idades do homem
 
Autismo aula power point
Autismo aula power pointAutismo aula power point
Autismo aula power point
 
O menino selvagem
O menino selvagemO menino selvagem
O menino selvagem
 
O papel da família na educação dos filhos
O papel da família na educação dos filhosO papel da família na educação dos filhos
O papel da família na educação dos filhos
 
Tipos De Aprendizagem
Tipos De AprendizagemTipos De Aprendizagem
Tipos De Aprendizagem
 

Destaque

Como a sociologia pode auxiliar nossa vida
Como a sociologia pode auxiliar nossa vidaComo a sociologia pode auxiliar nossa vida
Como a sociologia pode auxiliar nossa vida
paramore146
 
A sociologia do mercado de trabalho
A sociologia do mercado de trabalhoA sociologia do mercado de trabalho
A sociologia do mercado de trabalho
Line Oleto
 
A emergencia da infancia
A emergencia da infanciaA emergencia da infancia
A emergencia da infancia
Fabricia Bruna
 
A perspectiva sociológica
A perspectiva sociológicaA perspectiva sociológica
A perspectiva sociológica
Gabriella Vieira
 
Psicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencialPsicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencial
Érika Renata
 
Desenvolvimento psico motor
Desenvolvimento psico motorDesenvolvimento psico motor
Desenvolvimento psico motor
becresforte
 
Desenvolvimento físico e psicomotor na 1a infância
Desenvolvimento físico e psicomotor na 1a infânciaDesenvolvimento físico e psicomotor na 1a infância
Desenvolvimento físico e psicomotor na 1a infância
UNICEP
 
2º encontro pnaic vânia 2015
2º encontro pnaic  vânia 20152º encontro pnaic  vânia 2015
2º encontro pnaic vânia 2015
Wanya Castro
 

Destaque (20)

Caso victor de aveyron e o método das ciências sociais
Caso victor de aveyron e o método das ciências sociaisCaso victor de aveyron e o método das ciências sociais
Caso victor de aveyron e o método das ciências sociais
 
Como a sociologia pode auxiliar nossa vida
Como a sociologia pode auxiliar nossa vidaComo a sociologia pode auxiliar nossa vida
Como a sociologia pode auxiliar nossa vida
 
A sociologia do mercado de trabalho
A sociologia do mercado de trabalhoA sociologia do mercado de trabalho
A sociologia do mercado de trabalho
 
A emergencia da infancia
A emergencia da infanciaA emergencia da infancia
A emergencia da infancia
 
Apagar Pagina Wiki
Apagar Pagina WikiApagar Pagina Wiki
Apagar Pagina Wiki
 
Quatro Mulheres E Muito Amor - Frei Betto
Quatro Mulheres E Muito Amor - Frei BettoQuatro Mulheres E Muito Amor - Frei Betto
Quatro Mulheres E Muito Amor - Frei Betto
 
Quatro Mulheres E Muito Amor (Frei Betto)
Quatro Mulheres E Muito Amor (Frei Betto)Quatro Mulheres E Muito Amor (Frei Betto)
Quatro Mulheres E Muito Amor (Frei Betto)
 
O homem bicentenário
O homem bicentenárioO homem bicentenário
O homem bicentenário
 
O Homem Bicentenário
O Homem BicentenárioO Homem Bicentenário
O Homem Bicentenário
 
Neuropedagogia - Um projeto arquitetural para sistemas neuropedagógicos integ...
Neuropedagogia - Um projeto arquitetural para sistemas neuropedagógicos integ...Neuropedagogia - Um projeto arquitetural para sistemas neuropedagógicos integ...
Neuropedagogia - Um projeto arquitetural para sistemas neuropedagógicos integ...
 
Leo rua
Leo ruaLeo rua
Leo rua
 
Menino Selvagem.Vd
Menino Selvagem.VdMenino Selvagem.Vd
Menino Selvagem.Vd
 
A perspectiva sociológica
A perspectiva sociológicaA perspectiva sociológica
A perspectiva sociológica
 
Psicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencialPsicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencial
 
Hes7 12
Hes7 12Hes7 12
Hes7 12
 
Teoria do desenvolvimento psicossocial erikson
Teoria do desenvolvimento psicossocial eriksonTeoria do desenvolvimento psicossocial erikson
Teoria do desenvolvimento psicossocial erikson
 
Desenvolvimento psico motor
Desenvolvimento psico motorDesenvolvimento psico motor
Desenvolvimento psico motor
 
Desenvolvimento físico e psicomotor na 1a infância
Desenvolvimento físico e psicomotor na 1a infânciaDesenvolvimento físico e psicomotor na 1a infância
Desenvolvimento físico e psicomotor na 1a infância
 
Apostila sociologia da educação fak
Apostila sociologia da educação   fakApostila sociologia da educação   fak
Apostila sociologia da educação fak
 
2º encontro pnaic vânia 2015
2º encontro pnaic  vânia 20152º encontro pnaic  vânia 2015
2º encontro pnaic vânia 2015
 

Mais de Paula Prata

Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...
Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...
Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...
Paula Prata
 
Modificação do Comportamento - Bandura
Modificação do Comportamento - BanduraModificação do Comportamento - Bandura
Modificação do Comportamento - Bandura
Paula Prata
 
1 Esquizofrenia Apresentação
1   Esquizofrenia   Apresentação1   Esquizofrenia   Apresentação
1 Esquizofrenia Apresentação
Paula Prata
 

Mais de Paula Prata (7)

Jerome Bruner
Jerome BrunerJerome Bruner
Jerome Bruner
 
Teorias de Aprendizagem
Teorias de AprendizagemTeorias de Aprendizagem
Teorias de Aprendizagem
 
Sociedade de Esquina - Jornal Do Brasil: Mandamentos do Pesquisador
Sociedade de Esquina - Jornal Do Brasil: Mandamentos do PesquisadorSociedade de Esquina - Jornal Do Brasil: Mandamentos do Pesquisador
Sociedade de Esquina - Jornal Do Brasil: Mandamentos do Pesquisador
 
WEB 2.0 e as Religiões - Artigo: Do Púlpito à Web: Uma Eclésia no Mundo Virtual
WEB 2.0 e as Religiões - Artigo: Do Púlpito à Web: Uma Eclésia no Mundo VirtualWEB 2.0 e as Religiões - Artigo: Do Púlpito à Web: Uma Eclésia no Mundo Virtual
WEB 2.0 e as Religiões - Artigo: Do Púlpito à Web: Uma Eclésia no Mundo Virtual
 
Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...
Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...
Reportagem do GLOBO sobre abandono de doentes mentais ganha prêmio Vladimir H...
 
Modificação do Comportamento - Bandura
Modificação do Comportamento - BanduraModificação do Comportamento - Bandura
Modificação do Comportamento - Bandura
 
1 Esquizofrenia Apresentação
1   Esquizofrenia   Apresentação1   Esquizofrenia   Apresentação
1 Esquizofrenia Apresentação
 

Último

Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
AntonioVieira539017
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
TailsonSantos1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 

Último (20)

Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
Conflitos entre: ISRAEL E PALESTINA.pdf
Conflitos entre:  ISRAEL E PALESTINA.pdfConflitos entre:  ISRAEL E PALESTINA.pdf
Conflitos entre: ISRAEL E PALESTINA.pdf
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 

VICTOR, O MENINO SELVAGEM DE AVERYN

  • 1. Desenvolvimento Humano I – 1º Sem 2011 RELATÓRIO VICTOR, O MENINO SELVAGEM DE AVERYN Paula Andréa Prata Ferreira | Campus Ilha - Psicologia
  • 2. Relatório O presente trabalho pretende discutir sobre o caso conhecido como “o menino selvagem de Averyon”. Chamado de Victor, o menino foi encontrado em 8 de janeiro de 1798 na província de Averyon no sul da França. Victor foi encontrado aparentando 12 anos de idade, vivia solto, sem roupas, andava de quatro, alimentava-se de raízes e frutas. Victor não possuía linguagem. Também nunca foi possível saber quanto tempo esteve em contato com a vida social antes ter se perdido na floresta ou de ter sofrido abandono por parte de seus pais. Victor foi levado a uma escola de surdos-mudos. Lá permaneceu sob os cuidados do médico Jean-Marc Itard. Os últimos anos de sua vida passou sob os cuidados da empregada de Itard, senhora Guérin, até falecer aos 40 anos. O estudo desenvolvido por Itard usou métodos baseados no princípio da imitação, condicionamento e modificação do comportamento. Porém, embora tenha adquirido a habilidade de emitir alguns sons e vogais, Victor nunca conseguiu falar. Apesar de ter conseguido demonstrar sentimentos de afeição (principalmente pela senhora Guérin), vergonha, remorso e desejo de agradar, foi possível observar que Victor continuava centrado em seu mundo, nutrindo o desejo pela liberdade proporcionada pela floresta. Além disso, mesmo com todo o trabalho desenvolvido por Itard, Victor não conseguia se cuidar sozinho, como também não havia conseguido se socializar. O filme francês de 1969, O garoto selvagem, de François Truffaut retrata a história de Victor de forma um tanto romantizada. Porém, apesar de todas as licenças poéticas colocadas na película, na cena final do filme o personagem de Itard diz duas frases que resumem bem a situação de Victor: “Já não é um selvagem, apesar de ainda não ser um homem. Victor é um jovem notável com grandes expectativas.”. Victor jamais conseguiu se desenvolver totalmente. Nesse momento, podemos refletir sobre algumas considerações de seu caso, como por exemplo, os métodos usados por Itard. Sem dúvida os métodos empregados por Itard tinham seus méritos, porém não foram garantias de um “final feliz” para Victor, pois Victor já não era um selvagem, porém também não era completamente um homem. 2
  • 3. Não podemos afirmar se Victor tinha algum comprometimento, na época não havia exames de imagem que auxiliassem no entendimento de seu quadro. Como afirmar se Victor não conseguiu desenvolver a linguagem por ser portador de alguma lesão em seu cérebro na região responsável por isso? Da mesma forma também não podemos afirmar se Victor tinha algum tipo de transtorno como autismo, por exemplo. Nos escritos deixados por Dr. Itard, ele documentou que Victor tinha uma grande cicatriz na garganta. Possivelmente pode ter sido uma tentativa de matá-lo, e posteriormente, abandoná-lo para a morte na selva por ser uma criança com algum tipo de comprometimento. Vale lembrar que historicamente o abandono de crianças com algum tipo de deficiência, seja físico ou mental, era comum. Outras crianças achadas sob condições parecidas com as de Victor, também suscitaram uma série de perguntas a esse respeito. O documentário lançado em 2007 pela National Geografic, Crianças Selvagens, explora diversas questões nesse sentido. Nele vemos um histórico de diferentes crianças achadas em condições de isolamento social, como também as fantasias e informações truncadas que guardam suas respectivas histórias. É fácil perceber que nem sempre as informações são fidedignas, como também é questionável, em alguns casos, a confiabilidade e eficiência dos métodos empregados no tratamento destas crianças, vide o caso de Genie. Os estudos da Psicologia Cognitiva mostram que os seres humanos passam por uma fase crítica para seu desenvolvimento. Dessa forma, teria tanto Victor quanto outras crianças selvagens não desenvolvido a linguagem por não estarem em contato com o meio social que as estimulasse a isso? Teria algo mais afetado o desenvolvimento dessas crianças? Mas ainda temos outras perguntas a fazer sobre o comprometimento do desenvolvimento nos casos das crianças selvagens: até que ponto os traumas emocionais sofridos por essas crianças foram capazes de interromper e comprometer o decurso natural do desenvolvimento? Vemos por mais esta pergunta que não estamos considerando apenas a maturação biológica. Percebemos que existe a convivência de aspectos inter-relacionados e não apenas um fator decisivo para todo o quadro, ou seja, temos de levar em consideração também aspectos sociais e emocionais envolvidos com o desenvolvimento da prontidão. Referências Bibliográficas IS it real: Feral Children. EUA: National Geographic, 2007,(46 min), son., color., leg. O GAROTO Selvagem. Direção de François Truffaut. França: Produção Marcel Berbert, 1969, (84 min), son., color., leg. PAPALIA, Diane E.. Desenvolvimento Humano. 7 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 684 p. 3