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Desenvolvimento Humano I – 1º Sem 2011




RELATÓRIO      VICTOR, O MENINO SELVAGEM DE AVERYN




            Paula Andréa Prata Ferreira | Campus Ilha - Psicologia
Relatório
        O presente trabalho pretende discutir sobre o caso conhecido como “o menino
selvagem de Averyon”. Chamado de Victor, o menino foi encontrado em 8 de janeiro de 1798
na província de Averyon no sul da França.

Victor foi encontrado aparentando 12 anos de idade, vivia solto, sem roupas, andava de
quatro, alimentava-se de raízes e frutas. Victor não possuía linguagem. Também nunca foi
possível saber quanto tempo esteve em contato com a vida social antes ter se perdido na
floresta ou de ter sofrido abandono por parte de seus pais.

Victor foi levado a uma escola de surdos-mudos. Lá permaneceu sob os cuidados do médico
Jean-Marc Itard. Os últimos anos de sua vida passou sob os cuidados da empregada de Itard,
senhora Guérin, até falecer aos 40 anos.

O estudo desenvolvido por Itard usou métodos baseados no princípio da imitação,
condicionamento e modificação do comportamento. Porém, embora tenha adquirido a
habilidade de emitir alguns sons e vogais, Victor nunca conseguiu falar. Apesar de ter
conseguido demonstrar sentimentos de afeição (principalmente pela senhora Guérin),
vergonha, remorso e desejo de agradar, foi possível observar que Victor continuava centrado
em seu mundo, nutrindo o desejo pela liberdade proporcionada pela floresta. Além disso,
mesmo com todo o trabalho desenvolvido por Itard, Victor não conseguia se cuidar sozinho,
como também não havia conseguido se socializar.

O filme francês de 1969, O garoto selvagem, de François Truffaut retrata a história de Victor de
forma um tanto romantizada. Porém, apesar de todas as licenças poéticas colocadas na
película, na cena final do filme o personagem de Itard diz duas frases que resumem bem a
situação de Victor: “Já não é um selvagem, apesar de ainda não ser um homem. Victor é um
jovem notável com grandes expectativas.”.




Victor jamais conseguiu se desenvolver totalmente. Nesse momento, podemos refletir sobre
algumas considerações de seu caso, como por exemplo, os métodos usados por Itard. Sem
dúvida os métodos empregados por Itard tinham seus méritos, porém não foram garantias de
um “final feliz” para Victor, pois Victor já não era um selvagem, porém também não era
completamente um homem.
                                                                                       2
Não podemos afirmar se Victor tinha algum comprometimento, na época não havia exames de
imagem que auxiliassem no entendimento de seu quadro. Como afirmar se Victor não
conseguiu desenvolver a linguagem por ser portador de alguma lesão em seu cérebro na
região responsável por isso? Da mesma forma também não podemos afirmar se Victor tinha
algum tipo de transtorno como autismo, por exemplo. Nos escritos deixados por Dr. Itard, ele
documentou que Victor tinha uma grande cicatriz na garganta. Possivelmente pode ter sido
uma tentativa de matá-lo, e posteriormente, abandoná-lo para a morte na selva por ser uma
criança com algum tipo de comprometimento. Vale lembrar que historicamente o abandono
de crianças com algum tipo de deficiência, seja físico ou mental, era comum.

Outras crianças achadas sob condições parecidas com as de Victor, também suscitaram uma
série de perguntas a esse respeito. O documentário lançado em 2007 pela National Geografic,
Crianças Selvagens, explora diversas questões nesse sentido. Nele vemos um histórico de
diferentes crianças achadas em condições de isolamento social, como também as fantasias e
informações truncadas que guardam suas respectivas histórias. É fácil perceber que nem
sempre as informações são fidedignas, como também é questionável, em alguns casos, a
confiabilidade e eficiência dos métodos empregados no tratamento destas crianças, vide o
caso de Genie.

Os estudos da Psicologia Cognitiva mostram que os seres humanos passam por uma fase
crítica para seu desenvolvimento. Dessa forma, teria tanto Victor quanto outras crianças
selvagens não desenvolvido a linguagem por não estarem em contato com o meio social que
as estimulasse a isso? Teria algo mais afetado o desenvolvimento dessas crianças?

Mas ainda temos outras perguntas a fazer sobre o comprometimento do desenvolvimento nos
casos das crianças selvagens: até que ponto os traumas emocionais sofridos por essas crianças
foram capazes de interromper e comprometer o decurso natural do desenvolvimento? Vemos
por mais esta pergunta que não estamos considerando apenas a maturação biológica.
Percebemos que existe a convivência de aspectos inter-relacionados e não apenas um fator
decisivo para todo o quadro, ou seja, temos de levar em consideração também aspectos
sociais e emocionais envolvidos com o desenvolvimento da prontidão.



Referências Bibliográficas
IS it real: Feral Children. EUA: National Geographic, 2007,(46 min), son., color., leg.

O GAROTO Selvagem. Direção de François Truffaut. França: Produção Marcel Berbert, 1969,
(84 min), son., color., leg.

PAPALIA, Diane E.. Desenvolvimento Humano. 7 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 684 p.




                                                                                           3

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  • 1. Desenvolvimento Humano I – 1º Sem 2011 RELATÓRIO VICTOR, O MENINO SELVAGEM DE AVERYN Paula Andréa Prata Ferreira | Campus Ilha - Psicologia
  • 2. Relatório O presente trabalho pretende discutir sobre o caso conhecido como “o menino selvagem de Averyon”. Chamado de Victor, o menino foi encontrado em 8 de janeiro de 1798 na província de Averyon no sul da França. Victor foi encontrado aparentando 12 anos de idade, vivia solto, sem roupas, andava de quatro, alimentava-se de raízes e frutas. Victor não possuía linguagem. Também nunca foi possível saber quanto tempo esteve em contato com a vida social antes ter se perdido na floresta ou de ter sofrido abandono por parte de seus pais. Victor foi levado a uma escola de surdos-mudos. Lá permaneceu sob os cuidados do médico Jean-Marc Itard. Os últimos anos de sua vida passou sob os cuidados da empregada de Itard, senhora Guérin, até falecer aos 40 anos. O estudo desenvolvido por Itard usou métodos baseados no princípio da imitação, condicionamento e modificação do comportamento. Porém, embora tenha adquirido a habilidade de emitir alguns sons e vogais, Victor nunca conseguiu falar. Apesar de ter conseguido demonstrar sentimentos de afeição (principalmente pela senhora Guérin), vergonha, remorso e desejo de agradar, foi possível observar que Victor continuava centrado em seu mundo, nutrindo o desejo pela liberdade proporcionada pela floresta. Além disso, mesmo com todo o trabalho desenvolvido por Itard, Victor não conseguia se cuidar sozinho, como também não havia conseguido se socializar. O filme francês de 1969, O garoto selvagem, de François Truffaut retrata a história de Victor de forma um tanto romantizada. Porém, apesar de todas as licenças poéticas colocadas na película, na cena final do filme o personagem de Itard diz duas frases que resumem bem a situação de Victor: “Já não é um selvagem, apesar de ainda não ser um homem. Victor é um jovem notável com grandes expectativas.”. Victor jamais conseguiu se desenvolver totalmente. Nesse momento, podemos refletir sobre algumas considerações de seu caso, como por exemplo, os métodos usados por Itard. Sem dúvida os métodos empregados por Itard tinham seus méritos, porém não foram garantias de um “final feliz” para Victor, pois Victor já não era um selvagem, porém também não era completamente um homem. 2
  • 3. Não podemos afirmar se Victor tinha algum comprometimento, na época não havia exames de imagem que auxiliassem no entendimento de seu quadro. Como afirmar se Victor não conseguiu desenvolver a linguagem por ser portador de alguma lesão em seu cérebro na região responsável por isso? Da mesma forma também não podemos afirmar se Victor tinha algum tipo de transtorno como autismo, por exemplo. Nos escritos deixados por Dr. Itard, ele documentou que Victor tinha uma grande cicatriz na garganta. Possivelmente pode ter sido uma tentativa de matá-lo, e posteriormente, abandoná-lo para a morte na selva por ser uma criança com algum tipo de comprometimento. Vale lembrar que historicamente o abandono de crianças com algum tipo de deficiência, seja físico ou mental, era comum. Outras crianças achadas sob condições parecidas com as de Victor, também suscitaram uma série de perguntas a esse respeito. O documentário lançado em 2007 pela National Geografic, Crianças Selvagens, explora diversas questões nesse sentido. Nele vemos um histórico de diferentes crianças achadas em condições de isolamento social, como também as fantasias e informações truncadas que guardam suas respectivas histórias. É fácil perceber que nem sempre as informações são fidedignas, como também é questionável, em alguns casos, a confiabilidade e eficiência dos métodos empregados no tratamento destas crianças, vide o caso de Genie. Os estudos da Psicologia Cognitiva mostram que os seres humanos passam por uma fase crítica para seu desenvolvimento. Dessa forma, teria tanto Victor quanto outras crianças selvagens não desenvolvido a linguagem por não estarem em contato com o meio social que as estimulasse a isso? Teria algo mais afetado o desenvolvimento dessas crianças? Mas ainda temos outras perguntas a fazer sobre o comprometimento do desenvolvimento nos casos das crianças selvagens: até que ponto os traumas emocionais sofridos por essas crianças foram capazes de interromper e comprometer o decurso natural do desenvolvimento? Vemos por mais esta pergunta que não estamos considerando apenas a maturação biológica. Percebemos que existe a convivência de aspectos inter-relacionados e não apenas um fator decisivo para todo o quadro, ou seja, temos de levar em consideração também aspectos sociais e emocionais envolvidos com o desenvolvimento da prontidão. Referências Bibliográficas IS it real: Feral Children. EUA: National Geographic, 2007,(46 min), son., color., leg. O GAROTO Selvagem. Direção de François Truffaut. França: Produção Marcel Berbert, 1969, (84 min), son., color., leg. PAPALIA, Diane E.. Desenvolvimento Humano. 7 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 684 p. 3