2. São recursos que tornam as mensagens
que emitimos mais expressivas.
Subdividem-se em figuras de som, figuras
de palavras, figuras de pensamento e
figuras de construção.
3. Observe:
1) Fernanda acordou às sete horas,
Renata às nove horas, Paula às dez e
meia.
2) "Quando Deus fecha uma porta, abre
uma janela.“
3) Seus olhos eram luzes brilhantes.
Nos exemplos acima, temos três tipos
distintos de figuras de linguagem.
4. Exemplo 1: há o uso de uma construção sintética ao
deixar subentendido, na segunda e na terceira frase, um
termo citado anteriormente - o verbo acordar. Repare que a
segunda e a última frase do primeiro exemplo devem ser
entendidas da seguinte forma: "Renata acordou às nove
horas, Paula acordou às dez e meia. Dessa forma, temos uma
figura de construção ou de sintaxe.
Exemplo 2: a ideia principal do ditado reside num jogo
conceitual entre as palavras fecha e abre, que possuem
significados opostos. Temos, assim, uma figura de
pensamento.
Exemplo 3: a força expressiva da frase está na
associação entre os elementos olhos e luzes brilhantes. Essa
associação nos permite uma transferência de significados a
ponto de usarmos "olhos" por "luzes brilhantes". Temos, então,
uma figura de palavra.
5. Aliteração
Figura que consiste na repetição de consoantes, cujo intento é promover a
intensificação do ritmo ou produzir um efeito sonoro significativo. Vejamos
um exemplo:
Violões que choram
[...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]
Cruz e Souza
Constatamos que a repetição do fonema sonoro /v/ nos remete à ideia
relacionada ao sussurro do vento.
6. Assonância
Tal figura se caracteriza pela repetição de sons vocálicos em sílabas tônicas de palavras
distintas ou naquelas contidas numa mesma frase, cujo intuito é provocar efeitos de estilo.
Constatemos alguns exemplos:
Antífona
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Cruz e Souza
Notamos que as vogais “o”, “a” e “e” se repetem constantemente em todos os versos.
Nesse exemplo, podemos perceber a combinação de ambas as figuras (assonância e
aliteração).
Observe:
Um sonho
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos...
[...]
Eugênio de Castro
7. Paronomásia
Caracteriza-se pela reprodução de sons semelhantes em palavras
com significados distintos. Eis alguns exemplos:
Aquela cativa
Aquela cativa
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.
[...]
Luís de Camões
Qualquer coisa
[...]
Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
[...]
Caetano Veloso
8. Onomatopeia
Consiste no emprego de uma palavra ou de um grupo de
palavras no intuito de imitar os sons da realidade.
Constatemos, pois:
Ode triunfal
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
[...]
Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando Pessoa
Fonte: Vânia Duarte
Graduada em Letras