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ISSN 1982 - 0283
ESTATÍSTICA E
COMBINATÓRIA
NO CICLO DE
ALFABETIZAÇÃO
Ano XXIV - Boletim 6 - SETEMBRO 2014
Estatística e Combinatória no ciclo de alfabetização
SUMÁRIO
Apresentação........................................................................................................................... 3
Rosa Helena Mendonça
Introdução............................................................................................................................... 4
Gilda Guimarães
Texto 1: Vamos combinar? Aprendendo combinatória desde o início da escolarização ......... 6
Rute Elizabete de Souza Rosa Borba
Texto 2: Categorizar: habilidade necessária à formação básica .........................................12
Verônica Gitirana
Walquíria Castelo-Branco
Texto 3: Estatística nos anos iniciais ......................................................................................19
Gilda Guimarães
3
Estatística e Combinatória no ciclo de alfabetização
Apresentação
A publicação Salto para o Futuro comple-
menta as edições televisivas do programa
de mesmo nome da TV Escola (MEC). Este
aspecto não significa, no entanto, uma sim-
ples dependência entre as duas versões. Ao
contrário, os leitores e os telespectadores
– professores e gestores da Educação Bási-
ca, em sua maioria, além de estudantes de
cursos de formação de professores, de Fa-
culdades de Pedagogia e de diferentes licen-
ciaturas – poderão perceber que existe uma
interlocução entre textos e programas, pre-
servadas as especificidades dessas formas
distintas de apresentar e debater temáticas
variadas no campo da educação. Na página
eletrônica do programa, encontrarão ainda
outras funcionalidades que compõem uma
rede de conhecimentos e significados que se
efetiva nos diversos usos desses recursos nas
escolas e nas instituições de formação. Os
textos que integram cada edição temática,
além de constituírem material de pesquisa e
estudo para professores, servem também de
base para a produção dos programas.
A edição 6 de 2014 traz o tema Estatística e
Combinatória no ciclo de alfabetização, e
conta com a consultoria de Gilda Guimarães,
Doutora em Psicologia Cognitiva pela Uni-
versidade Federal de Pernambuco, com pós-
-doutorado pela Universidad de Burgos e pós-
-doutorado pela Université Laval, professora
efetiva da Universidade Federal de Pernam-
buco e Consultora desta Edição Temática.
Os textos que integram essa publicação são:
1. Vamos combinar? Aprendendo combina-
tória desde o início da escolarização
2. Categorizar: habilidade necessária à for-
mação básica
3. Estatística nos anos iniciais
Boa leitura!
Rosa Helena Mendonça1
1		 Supervisora Pedagógica do programa Salto para o Futuro (TV Escola/MEC).
4
	 A aprendizagem da Estatística vem
sendo proposta desde o Ensino Fundamen-
tal como um reflexo das demandas sociais e
da complexidade da sociedade que impulsio-
nam o indivíduo na direção de um melhor
entendimento de sua realidade. Ser letrado
estatisticamente implica saber entender e
comunicar dados baseados em informações,
sendo capaz de posicionar-se de modo crí-
tico diante delas, a fim de tomar decisões
individuais e/ou coletivas.
	 Para o desenvolvimento do pensa-
mento estatístico pelos estudantes, é funda-
mental proporcionar a vivência de situações
nas quais o indivíduo possa pensar um proble-
ma, elaborar questões, levantar hipóteses, de-
finir uma amostra, escolher os instrumentos
e a forma de coletar os dados, classificar os
dados, registrar as informações, interpretá-las
e chegar às conclusões possíveis diante do que
foi realizado, sempre avaliando cada fase e sua
relação com o todo. Enfim, desenvolver o espí-
rito investigativo natural do ser humano.
	 A pesquisa é uma forma de propiciar
a construção de conhecimentos de modo
interdisciplinar, envolvendo um trabalho co-
laborativo. Conceitos e procedimentos ga-
nham sentido para o indivíduo em virtude
de sua participação ativa na investigação.
Criam-se oportunidades do aluno construir
uma compreensão da Estatística de forma
contextualizada. Além disso, essa imersão
dos alunos numa cultura de investigação
favorece o desenvolvimento da capacidade
de arguição, criticidade, autonomia, pen-
samento científico e a curiosidade. É igual-
mente desafiador para os professores, por
provocar a capacidade de envolvimento
com a incerteza, proporcionar a tomada de
decisões com independência, reconhecer
as oportunidades para o aprendizado com
resultados inesperados, manter um pensa-
mento flexível e alcançar um profundo co-
nhecimento do conteúdo disciplinar.
	 Para organizarmos as informações é
fundamental saber classificar. O ato de clas-
Introdução
Estatística e combinatória nos anos iniciais de
escolarização
Gilda Guimarães1
1	 Pós-doutorado pela Universidad de Burgos(2011) e pela Université Laval(2013). Professora Efetiva da
Universidade Federal de Pernambuco e Consultora desta Edição Temática.
5
sificar é importante para o ser humano, pois
vivemos classificando coisas e ideias a fim
de conhecê-las e compreendê-las. A práti-
ca de classificação é um processo habitual
do homem, que não só faz parte da rotina
diária, como numa simples organização de
livros na prateleira ou roupas num armário,
como também está presente em várias situ-
ações de aprendizagens das mais diversas
áreas do conhecimento.
	 Ao organizarmos os dados, muitas
vezes é preciso saber quais as combinações
entre estes é possível. O raciocínio combi-
natório requer um longo período para o seu
desenvolvimento e, assim, deve-se começar
seu estudo no início da escolarização. As
crianças devem ser estimuladas a pensar em
distintas possibilidades.
	 Assim, convidamos você a se aprofun-
dar sobre esses conceitos nas leituras a seguir.
	 Texto 1: Vamos combinar? Aprenden-
do combinatória desde o início da escolariza-
ção, de Rute Elizabete de Souza Rosa Borba.
Partindo da observação de que o desenvolvi-
mento do raciocínio combinatório é um longo
processo, esse texto aborda a necessidade de
que, em toda a escolarização, os diferentes ti-
pos de problemas relacionados a este assunto
sejam trabalhados através de um aprofunda-
mento contínuo, para que estratégias infor-
mais sejam gradativamente transformadas
em procedimentos mais sistematizados.
	 Texto 2: Categorizar: habilidade ne-
cessária à formação básica, de Verônica Giti-
rana e Walquíria Castelo-Branco. Nesse texto,
pro­cura-se demonstrar o quanto as categorias
e a capacidade de categorizar são essenciais
para o desenvolvimento dos conhecimentos
escolar e científico.
	 Texto 3: Estatística nos anos iniciais,
de Gilda Guimarães. Esse texto busca discutir
o ensino de Estatística para crianças dos anos
iniciais do Ensino Fundamental, priorizando
a pesquisa como eixo principal da formação
dos alunos, a fim de desenvolver, nos estudan-
tes, a capacidade de lidar criticamente com as
mais diversas informações, bem como de to-
mar decisões em relação a estas.
6
Por que estudar Combinatória
desde a Educação Infantil e anos
iniciais do Ensino Fundamental?
	 Para resolver problemas combina-
tórios, é preciso considerar todas as possi-
bilidades das situações colocadas e isso re-
quer um pensamento flexível que vai além
de escolhas pessoais ou preferências. Se
perguntarmos de quantos modos possíveis
podemos nos vestir, escolhendo dentre qua-
tro blusas (branca, azul, laranja e vermelha)
e duas calças (preta e marrom), desejamos
que os estudantes concluam que há oito
maneiras distintas de escolha, mesmo que
prefiram a blusa branca com a calça preta
ou mesmo que não acreditem que laranja
“combina” com marrom, por exemplo.
	 Embora a Combinatória seja uma
temática mais explicitamente trabalhada
no Ensino Médio, defendemos que o tipo de
pensamento envolvido – raciocínio combi-
natório – requer um longo período para o
seu desenvolvimento e, assim, deve-se co-
meçar seu estudo no início da escolarização
básica. Situações combinatórias simples po-
dem ser trabalhadas, desde a Educação In-
fantil e durante os anos iniciais do Ensino
Fundamental, estimulando que as crianças
pensem em distintas possibilidades. De cer-
ta forma, nem sempre de modo explícito,
tais propostas já estão presentes nos livros
didáticos dos anos iniciais.
Problemas combinatórios
	 Há diferentes tipos de problemas
combinatórios – produtos cartesianos, ar-
ranjos, combinações e permutações – e estes
podem ser trabalhados fazendo-se uso de
representações mais concretas, com crian-
ças novas, para que iniciem, desde cedo, o
desenvolvimento de formas de levantar pos-
sibilidades. Não se deseja que as crianças
saibam classificar as situações, muito menos
que aprendam fórmulas, mas que sejam es-
timuladas a pensar em variados problemas
combinatórios simples.
texto 1
Vamos combinar? Aprendendo combinatória
desde o início da escolarização
Rute Elizabete de Souza Rosa Borba1
1	 PhD pela Oxford Brookes University. Líder do Grupo de Pesquisa (CNPq): Grupo de Estudos em Raciocínio
Combinatório do Centro de Educação da UFPE (Geração).
7
	 Seguem exemplos desses tipos de
problemas combinatórios, com as suas res-
pectivas características:
Produto cartesiano: De quantas maneiras di-
ferentes posso escolher um lanche e um suco,
se na lanchonete há quatro tipos de lanche (co-
xinha, empada, pizza e sanduíche) e dois tipos
de suco (laranja e abacaxi)?
	 Nesse tipo de problema, as escolhas
são efetuadas a partir de distintos conjuntos
de elementos (no caso, o conjunto de lanches e
o conjunto de sucos). As oito distintas possibi-
lidades são obtidas a partir da combinação de
um tipo de lanche com um tipo de suco: coxi-
nha-laranja; coxinha-abacaxi; empada-laranja;
empada-abacaxi; pizza-laranja; pizza-abacaxi;
sanduíche-laranja; e sanduíche-abacaxi.
Arranjo: De quantas maneiras diferentes pode ser
oresultadodeumacorrida–1ºe2ºlugares–setrês
crianças (Ana, Felipe e Paula) estão correndo?
	 Esse tipo de problema caracteriza-se
por ter apenas um conjunto a partir do qual os
elementos são escolhidos (no caso, o conjun-
to das crianças) e a ordem de disposição dos
elementos determina possibilidades distintas.
No problema citado há seis possibilidades di-
ferentes (AF, FA, FP, PF, AP e PA), considerando-
-se que, por exemplo, Ana em primeiro lugar
e Felipe em segundo (AF) é diferente de Felipe
em primeiro lugar e Ana em segundo (FA).
Combinação: De quantas maneiras diferen-
tes pode-se escolher duplas a partir de um
grupo com cinco crianças (Bárbara, Carlos,
Gustavo, Marisa e Sérgio)?
	 Nessetipodeproblema,aescolhatam-
bém é a partir de um conjunto único (como
nos arranjos), mas a ordem de disposição dos
elementos não determina possibilidades dis-
tintas: a dupla Bárbara e Gustavo (BG) é igual
à dupla Gustavo e Bárbara (GB), por exemplo.
Tem-se, nesta situação, dez possibilidades: BC,
BG, BM, BS, CG, CM, CS, GM, GS e MS.
Permutação: De quantas maneiras diferentes
três livros (de História, Matemática e Ciências)
podem ser colocados em pé numa prateleira?
	 A permutação é um caso particular de
arranjo. As escolhas são feitas a partir de um
conjunto único, com a diferença de que todos
os elementos do conjunto são utilizados, sen-
do a ordem diferenciada, o que identifica cada
possibilidade. Nesse caso, há seis maneiras
distintas de colocar os três livros em uma pra-
teleira: HMC, HCM, MHC, MCH, CHM e CMH.
Como trabalhar a Combinatória no
início da escolarização?
	 Estudos recentes (PESSOA e BORBA,
2009; MATIAS, SANTOS e PESSOA, 2011; PES-
SOA e BORBA 2012) têm evidenciado que
crianças da Educação Infantil e dos anos
iniciais do Ensino Fundamental conseguem
levantar algumas ou todas as possibilida-
des de eventuais situações combinatórias.
Ressalta-se que, embora as crianças nem
sempre sejam capazes de listar todas as
possibilidades, elas indicam compreender
as relações combinatórias envolvidas, pois
selecionam casos adequados. Na maioria
8
das vezes, porém, se perdem na sistemati-
zação do levantamento de possibilidades e,
assim, não conseguem listar todas.
	 Para iniciar o estudo da Combina-
tória, em particular na Educação Infantil,
sugere-se que os problemas sejam apresen-
tados com número total de possibilidades
pequeno e que as crianças possam resolver
os problemas por intermédio da manipula-
ção de objetos ou figuras de objetos.
	 Na Figura 1, temos a resolução de
uma criança da Educação Infantil para uma
situação na qual se deseja determinar de
quantas maneiras possíveis se pode esco-
lher, numa loja de animais, três dentre qua-
tro animais (cachorro, gato, papagaio e tar-
taruga). A criança corretamente fez escolhas
de três animais, mas errou ao não perceber
que nesta situação a ordem de disposição
dos elementos não indica possibilidades
distintas, ou seja, escolher (gato, cachorro
e papagaio) é o mesmo que escolher (papa-
gaio, gato e cachorro). Pode-se questionar
isto com as crianças e, com ajuda, pode-
rão levantar as três possibilidades distintas:
gato, cachorro e papagaio; gato, cachorro e
tartaruga; e cachorro, papagaio e tartaruga.
	 Após o período de manipulação de
objetos, as crianças podem desenhar (quando
ainda não souberem escrever) ou listar possi-
bilidades (depois de alfabetizadas). As Figuras
2 e 3 são resoluções de estudantes dos anos
iniciais do Ensino Fundamental que resolve-
ram corretamente problemas combinatórios.
	 Na Figura 2, o estudante resolveu o
produto cartesiano por intermédio de dese-
nhos que foram organizados em forma de
quadro, o que facilitou a sistematização da
solução – as 15 maneiras de combinar três
saias e cinco blusas. Já na Figura 3, o estudan-
te corretamente listou como duas bicicletas
podem ser sorteadas entre três crianças.
Figura 1. Resolução de um problema
de combinação no qual uma criança da
Educação Infantil corretamente esco-
lheu três elementos, mas não percebeu
que há possibilidades repetidas.
Fonte: Pessoa e Borba (2012).
Figura 2. Resolução correta de um proble-
ma de produto cartesiano de uma criança
dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Fonte: Pessoa e Borba (2010).
9
Figura 3. Resolução correta de um pro-
blema de permutação de uma criança
dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Fonte: Pessoa e Borba (2010).
	 Azevedo e Borba (2012) verificaram
que é possível que crianças em início de
escolarização avancem
em suas capacidades de
levantar possibilidades
em problemas de Com-
binatória. As crianças
estudadas por Azevedo
e Borba construíam ár-
vores com auxílio de um
software educativo ou
com lápis e papel (como
indicado na Figura 4).
Figura 4. Resolução correta de um proble-
ma de produto cartesiano de uma criança
dos anos iniciais do Ensino Fundamental,
por meio de árvore de possibilidades.
Fonte: Azevedo e Borba (2012).
	 Como ambos os grupos – que constru-
íram árvores de possibilidades com software
ou com lápis e papel – desenvolveram-se em
seus raciocínios combinatórios, sugere-se que
crianças sejam estimuladas a construir árvo-
res de possibilidades, escritas ou virtuais, dian-
te de problemas combinatórios, o que pode
possibilitar uma maior sistematização em
suas soluções de problemas de Combinatória.
Considerações Finais
	 Como o desenvolvimento do raciocí-
nio combinatório é um
longo processo, é preci-
so que, em toda a esco-
larização, os diferentes
tipos de problemas se-
jam trabalhados e que
seja proposto um apro-
fundamento contínuo,
para que estratégias
informais sejam grada-
tivamente transforma-
das em procedimentos mais sistematizados.
	 De início, é possível o uso de mani-
pulativos e representações escritas, princi-
palmente por meio de desenhos, e, grada-
tivamente, outros tipos de representações
– como as listagens e as árvores de possibi-
lidades, podem ser utilizados. Dessa forma,
os estudantes poderão aperfeiçoar as suas
estratégias de resolução de problemas com-
binatórios, no sentido de uma maior siste-
matização das suas soluções e chegando ao
número total de possibilidades solicitadas, al-
cançando, assim, um desenvolvimento mais
amplo de seus raciocínios combinatórios.
“ Como o desenvolvimento
do raciocínio combinatório
é um longo processo,
é preciso que, em
toda a escolarização,
os diferentes tipos
de problemas sejam
trabalhados.”
10
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Juliana; BORBA, Rute. O ensino da Combinatória por meio da construção de árvores de
possibilidades com e sem o uso do software Diagramas de Árbol. Anais... XVI Encontro Brasileiro
de Estudantes de Pós-graduação em Educação Matemática (XVI Ebrapem), Canoas, RS, 2012.
MATIAS, Patrícia; SANTOS, Missilane; PESSOA, Cristiane. Crianças de Educação Infantil
resolvendo problemas de arranjo. In: Anais da XIII Conferência Interamericana de Educa-
ção Matemática. XIII Ciaem, Recife, 2011.
PESSOA, Cristiane; BORBA, Rute. Quem Dança com quem: o desenvolvimento do raciocínio com-
binatório de crianças de 1ª a 4ª série. ZETETIKÉ. Campinas, v.17, n.31, jan/jun 2009, p. 105-155.
______. Do young children notice what combinatorial situations require? Proceedings... 36th
Conference of the International Group for the Psychology of Mathematics Education, v. 1, p.
261. Taipei, Taiwan: PME. 2012.
11
	 Categoria é um conceito chave na or-
ganização social e, por sua vez, categorizar
passa a ser uma habilidade essencial na for-
mação do cidadão. A so-
ciedade em que vivemos
utiliza a ideia de catego-
ria em quase todas as
suas atividades.
	 As pessoas or-
ganizam a diversidade
de elementos que as
rodeiam (animais, sen-
timentos, brinquedos,
alimentos, cores, etc.)
em agrupamentos so-
bre os quais se debru-
çam para estabelecer
princípios e regras de
comportamento, instituindo racionalmente
recortes nessa diversidade.
	 A classificação dessa diversidade de
elementos por agrupamentos, ou categorias,
por sua vez, é construída em função das ques-
tões que fazemos: o que pretendemos fazer
com elas? Quais os elementos que possuem,
ou não, as propriedades? Por exemplo, a clas-
sificação dada aos brin-
quedos numa loja de
brinquedos é diferente
daquela que você dá
para arrumar os mes-
mos brinquedos em
uma sala de aula. É em
função desses questio-
namentos que estabele-
cemos todo um sistema
de relações para a cons-
trução de categorias.
	 A escola, porém, tem
valorizado pouco a for-
mação desses procedi-
mentos lógicos. Comparação, identificação,
equivalência, classificação, definição e divisão
são alguns dos procedimentos lógicos essen-
ciais ao processo de construção e reconstru-
ção do conhecimento, à formação dos concei-
tos e às atividades humanas.
texto 2
Categorizar: habilidade necessária à formação
básica
Verônica Gitirana1
Walquíria Castelo-Branco2
1	 PHD em Educação. Professora da Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica da Universidade
Federal de Pernambuco – veronica.gitirana@gmail.com
2	 Doutora em Educação. Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco - wcblins@gmail.com
“ (...) Comparação,
identificação,
equivalência,
classificação, definição
e divisão são alguns
dos procedimentos
lógicos essenciais ao
processo de construção
e reconstrução do
conhecimento, à
formação dos conceitos
e às atividades
humanas.”
12
	 A maioria dos estudantes não sabe com-
parar. Quando compara um objeto com
outro, não se orienta pelas propriedades
essenciais para estabelecer as bases de
comparação corretamente. Geralmente,
os alunos se orientam por indícios quali-
tativos e quantitativos. A crença de que só
podem ser comparados objetos da mesma
cor, quando este apresenta diferentes tona-
lidades como: mais vermelha, menos ver-
melha, ou ainda, só podem ser comparados
objetos de cores diferentes é um exemplo a
destacar. Em relação à quantidade, a com-
paração é dada tomando-se como referên-
cia apenas os atributos mais ou menos.”
(RIBEIRO; NUÑEZ, 1997, p.45)
	 É preciso rever e repensar as habilida-
des relativas à categorização, a serem desen-
volvidas pelas crianças. Iniciamos, portanto,
discutindo o que vem a ser uma categoria.
Categoria
	 A criação de uma categoria, a partir
dos objetos, pode ser vista como o agrupa-
mento de elementos que têm as mesmas
propriedades, segundo um ou mais critérios
bem delimitados. Estabelecer diferenças e
semelhanças entre os objetos define a habi-
lidade lógica da comparação, o que possibi-
lita a identificação de diversas propriedades.
No caso de dois objetos serem considerados
como tendo uma mesma propriedade, é
pressuposta a compreensão de quais mudan-
ças interferem nesta e quais não interferem.
Por exemplo, os calçados são distribuídos
nas sapatarias em diferentes categorias. To-
memos uma categoria, os sapatos infantis.
Qual o critério que é utilizado para se decidir
se um sapato é, ou não, infantil? Quais as
caracte­rísticas que podem mudar sem que
se altere essa propriedade “ser infantil”?
Precisa ter bichinhos? Precisa ser colorido?
Pode ser de numeração 37? Enfim, que crité-
rio define tal categoria?
Figura 1: Sapatinha infantil
Fonte: arquivo pessoal
	 Uma habilidade importante a ser de-
senvolvida com a criança é a criação de uma
categoria a partir da identificação de crité-
rio, com um trabalho a partir dos dados dos
objetos a serem categorizados. Uma catego-
ria pode ser criada a partir de um ou de mais
de um conjunto de critérios. Como ponto de
partida, vamos focar nas categorias que uti-
lizam um único critério.
	 Entender qual é o critério que é uti-
lizado para definir se um calçado é ou não
infantil, consiste na compreensão da cate-
goria dos calçados infantis. Vamos então
tomar como critério o público a que se des-
13
tina. Porém, o limite do que vem a ser “des-
tinado ao público infantil” precisa ser bem
estabelecido, delimitando-se a extensão da
categoria. Um calçado 37, como o da figura
abaixo, configura-se como destinado ao pú-
blico infantil?
Figura 2: Pantufa n.37 com padrão de Zebra
Fonte: arquivo pessoal
	 O fato de ser decorado com padrão
de zebra o torna categorizado como de pú-
blico infantil?
	 A articulação entre a compreensão
das propriedades essenciais de uma catego-
ria e a extensão da categoria é essencial para
o desenvolvimento da habilidade de criar
categorias. Segundo as pesquisas realizadas
por Piaget e Inhelder (1983), só é possível li-
dar com a categorização ou com a classifica-
ção quando o sujeito é capaz de coordenar a
extensão e a compreensão de uma determi-
nada categoria de objetos.
	 Essas habilidades são necessárias,
não somente para criar categorias, mas
para entendê-las e para identificar um ob-
jeto como pertencendo - ou não - a uma ca-
tegoria. Tomemos um outro exemplo, agora
no âmbito escolar. Os livros didáticos para o
Ensino Fundamental têm sido categorizados
por área de ensino. Há o livro de Matemáti-
ca, os livros de Português (em geral dois: o
de Linguagem e o de Gramática), o de Ciên-
cias, etc. O aluno precisa saber identificá-los
para pegar o livro certo na aula, ou mesmo,
para levá-los à escola no dia certo.
	 Além de saber criar uma categoria,
é importante desenvolver, com os alunos,
a habilidade de entender as características
que a definem, bem como sua extensão. O
questionamento é essencial. Desafiar os li-
mites do que é, e do que parece ser, mas não
é, testa a extensão de uma categoria. Muitas
vezes, o entendimento dos objetos que não
são, auxiliam o entendimento da extensão e
da compreensão de uma categoria.
Categorização
	 Vários exemplos já discutidos ante-
riormente mostram que não basta criar uma
categoria isolada. Em geral, os elementos
(objetos, pessoas, etc.) aparecem categoriza-
dos em mais de duas categorias disjuntas.
	 Nas vitrines de uma sapataria, por
exemplo, os calçados estão organizados se-
gundo uma categorização, que pode seguir
um ou mais critérios: adulto ou infantil; fe-
14
minino ou masculino; formal, esportivo ou
casual. O cliente não precisa rodar toda a
loja para ver se tem um tênis infantil como
o da Figura 1. O vendedor, já conhecedor
da categorização feita para arrumar a vitri-
ne, encaminha o comprador para a prate-
leira dos calçados infantis, do tipo espor-
tivo. Essa organização em categorias, que
facilita a identificação, exige que todos os
calçados possam ser categorizados – exige-
-se que as categorias sejam exaustivas. O
cliente e o vendedor precisam saber onde
deveriam procurar mesmo aqueles que não
têm na loja, a menos que o sapato não faça
parte dos tipos lá vendidos.
	 Outra característica importante para
uma categorização é a exclusividade. Se, em
uma sapataria, por exemplo, um mesmo
calçado puder estar em duas prateleiras di-
ferentes, causará dificuldades para ser loca-
lizado. Um cliente que entre na loja e não
busque o auxílio do vendedor, pode olhar em
uma das prateleiras onde o produto que pro-
cura supostamente deveria estar e, se não o
encontra, vai embora. O critério para catego-
rizar os objetos é definido a partir do que se
quer com tal categorização. No estoque da
sapataria, por exemplo, os critérios utiliza-
dos provavelmente são diferentes. A marca
e o número são critérios que auxiliarão a en-
contrar o sapato a ser comprado.
	 Antes de continuar a discutir a habi-
lidade de gerar uma categorização a partir
de um ou mais critérios, precisamos discutir
uma questão. Ao criar uma categoria isola-
da, gera-se, necessariamente, um tipo bem
simples de determinação: pertencer ou não a
esta categoria. Muitas das atividades huma-
nas, entretanto, exigem categorizações mais
sofisticadas, em que um critério assume di-
versas categorias. As profissões são categori-
zadas segundo a área de atuação em: profis-
sionais da saúde, profissionais da educação,
profissionais da indústria, etc.
Categorização prévia
	 As categorias e a capacidade de ca-
tegorizar são importantes para os conheci-
mentos escolar e científico. Cada conceito,
por exemplo, é uma classe ou uma categoria,
pois é definido por características ou proprie-
dades que o elemento necessita ter. Quais as
características que um animal tem que ter
para ser um inseto? Quais as características
uma palavra tem que ter para ser um verbo?
Quais as características que uma figura geo-
métrica tem que ter para ser um triângulo?
	 Defende-se o ensino da Estatística
como essencial à formação do cidadão des-
de os primeiros anos da escolaridade. Assim
como nas outras áreas do conhecimento, a
habilidade de categorizar é essencial para
o desenvolvimento das diversas etapas de
uma pesquisa estatística. A habilidade de in-
terpretar um gráfico de barras depende da
compreensão de categorias. Os gráficos de
15
barra, abaixo, mostram os dados categori-
zados. Cada barra representa uma categoria
de uma variável (o critério) analisado.
Figura 3: Distribuição dos livros paradidá-
ticos do 1º ano da escola Alfa por bloco dos
PCNs (BRASIL, 1997)
Fonte: Gráfico fictício
	 O tratamento e a análise de dados
inerentes à pesquisa, e em particular, à pes-
quisa estatística, exige que a pessoa saiba
categorizar e entender as categorias lança-
das. Portanto, a categorização é uma habili-
dade importante a ser desenvolvida para um
letramento estatístico.
	 É no contexto da pesquisa e da for-
mação estatística que trazemos outra dis-
cussão sobre habilidades a serem desen-
volvidas com os estudantes, a capacidade
de lançar categorias prévias, que garantam
a exaustividade e a exclusividade de dados
ainda não coletados, mas sobre os quais se
tem algum conhecimento a respeito.
	 Uma das etapas importantes em
uma pesquisa estatística é a definição das
variáveis necessárias para a investigação e a
categorização dos “valores”3
assumidos por
tais variáveis.
	 Suponha que em uma pesquisa de
sala de aula, os alunos queiram investigar
o gosto pela prática de esporte dos familia-
res de toda a turma. Irão discutir quais as
variáveis (critérios) importantes na investi-
gação (muitas vezes a partir das hipóteses
geradas). Para a coleta de dados, precisarão
definir como os dados serão registrados e,
portanto, categorizados. Se decidirem que
é importante a quantidade de membros da
família, as idades, o gênero de cada um, o
esporte que pratica, cada uma dessas vari-
áveis terá que ser categorizada antes de se
coletarem os dados. Algumas dessas variá-
veis já são tradicionalmente categorizadas
e, com estas, não haverá problemas. Outras,
não. O esporte que se pratica, por exemplo.
Pode ser que, ao serem coletados os dados,
surjam registros como: “natação” e “esporte
aquático”. Nesse caso, só se poderá traba-
lhar com a categorização de esporte aquá-
tico, terrestre, aéreo, o que pode não dar
conta do que se quer investigar. Portanto, a
atividade de gerar categorias sem se ter os
dados (ou objetos) em mãos é também uma
das habilidades a ser desenvolvida. Esta exige
do estudante o desenvolvimento de um tipo
3	 Valores aqui referem-se não somente a valor numérico, mas aos nominais, aos ordinais não numéricos também.
16
de previsão e visualização de casos possíveis.
	 Além disso, o conhecimento cien-
tífico toma um conceito como uma cate-
goria que pode categorizar todo e qualquer
elemento que seja do grupo a ser classifi-
cado. Por exemplo, ser animal é uma ca-
tegoria dentre os seres vivos. Portanto, a
compreensão e a extensão desse conceito
(categoria) precisa valer para qualquer ser
vivo, já conhecido. Uma vez descoberto um
ser vivo sobre o qual não se possa decidir
se é animal ou não, o conceito (categoria)
animal precisará ser revisto.
Conclusão
	 O mundo é categorizado, criam-se os
objetos, os conceitos e os tipos de objetos.
Essa classificação é importante para toda a
vida do cidadão. Cabe à escola, e a nós, pro-
fessores, buscar desenvolver atividades que
auxiliem os estudantes a gerar categorias,
compreendê-las e checá-las, categorizar os
objetos a partir delas e gerar categorias sem
ter os dados ( ou objetos) em mãos.
17
REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais para os anos
iniciais do Ensino Fundamental. Brasilia: MEC, 1997.
PIAGET, J.; INHELDER, B. Gênese das Estruturas Lógicas Elementares, Trad. Álvaro Cabral, Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 3 ed., 1983.
RIBEIRO; R.P.; NUÑEZ, I.B. O Desenvolvimento dos Procedimentos do Pensamento Lógico:
comparação, identificação e classificação. In: Revista Educação em Questão, 7 (1/2), pp. 40-66,
jan/dez, 1997.
18
	 Estatística nos anos iniciais? O
que deve ser trabalhado? Como posso fa-
zer isso? Meus alunos terão condições de
aprender? Essas e outras perguntas estão
sendo feitas por muitos professores. Esse
texto busca discutir o ensino de Estatística
para crianças dos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
	 Para começar, ensinar Estatística
na escola, desde a Educação Infantil, não
é uma novidade. Os Parâmetros Curricula-
res de Matemática – PCNs, publicado em
1997, assim como o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil – RCNEI,
publicado em 1998, já valorizavam a Estatís-
tica há mais de 16 anos. Nos PCNs, o ensino
de Estatística foi denominado como o eixo
“tratamento da informação”.
	 Entretanto, o nome “tratamento da
informação” vem sendo criticado por várias
pessoas, pois não precisamos apenas tratar
os dados, precisamos muito mais do que isso,
precisamos ensinar nossos alunos a PESQUI-
SAR. Tratar os dados é apenas uma das fases
de uma pesquisa. Assim, passarei a denominar
de Estatística o trabalho que deve ser realizado
por todos nós, desde cedo, na escola, levando
os alunos a compreender os fenômenos so-
ciais e naturais que os cercam.
	 A pesquisa acompanha o aluno desde
suas formas mais intuitivas e primitivas de se
questionar até a sua formação superior, na
qual se depara com a geração de informações
a partir de dados com procedimentos cienti-
ficamente elaborados e testados. A proposta
de aprendizagem da Estatística desde o Ensino
Fundamental é um reflexo das demandas so-
ciais e da complexidade da sociedade.
	 A Estatística é hoje parte do currículo
de Matemática no Ensino Básico do Brasil e de
vários outros países. Sua inserção nos diversos
níveis de ensino, desde a Educação Infantil até
o Ensino Superior, se deu em função de sua
utilidade na vida diária, da necessidade de
conhecimentos estatísticos em várias pro-
fissões, de seu papel em outras disciplinas,
texto 3
Estatística nos anos iniciais
Gilda Guimarães1
1	 Pós-doutorado pela Universidad de Burgos(2011) e pela Université Laval(2013). Professora Efetiva da
Universidade Federal de Pernambuco e Consultora desta Edição Temática.
19
e, principalmente, por sua capacidade de de-
senvolver o raciocínio crítico e impulsionar
o indivíduo na direção de um melhor enten-
dimento de sua realidade.
	 Ser letrado estatisticamente implica
ser capaz de posicionar-se de modo crítico
diante de uma informação, entender e sa-
ber comunicar dados baseados em informa-
ções para tomar decisões individuais e/ou
coletivas. O pensamento estatístico envolve
a compreensão dos dados e a possibilidade
de pensar o que eles indicam, valorizando o
mundo das incertezas.
	 Entretanto, muitos professores não
tiveram, em sua vida escolar e profissional,
uma aprendizagem sistematizada sobre esse
assunto e encontram, portanto, dificuldades
em trabalhar com essa temática. Muitos cur-
sos de formação inicial de professores ainda
não propiciam aprendizagem referente ao
ensino da Estatística. Da mesma forma, ob-
serva-se uma ausência de artigos referentes
à aprendizagem da Estatística para os anos
iniciais do Ensino Fundamental, como cons-
tataram Guimarães e Marques (2008) e Gui-
marães e Cavalcanti (2008).
	 Acrescido a essa ausência de textos
que subsidiem a formação de professores,
os livros didáticos de Matemática não vêm
contribuindo para uma aprendizagem da Es-
tatística que valorize a pesquisa, como afir-
mam Silva e Guimarães (2013).
	 É preciso pensar o ensino numa pers-
pectiva de envolver os alunos ativamente no
planejamento da pesquisa e na busca de da-
dos reais para responder questões práticas
do cotidiano. Esta abordagem caracteriza-se
pela contextualização social e interdiscipli-
nar, introduzindo o aluno na construção do
conhecimento a partir de observações e ex-
perimentos e favorecendo o desenvolvimen-
to da curiosidade e o pensamento científico
desde os anos iniciais.
	 É nesse sentido que se defende que a
pesquisa deva ser o eixo principal da forma-
ção estatística dos alunos, assim como a dos
professores, de todos os níveis de ensino.
	 Para o desenvolvimento do pensa-
mento estatístico, é necessária a vivência
de pesquisas. É fundamental a vivência de
situações nas quais o indivíduo possa pen-
sar problemas, elaborar questões, levantar
hipóteses, definir amostras, escolher os ins-
trumentos e a forma de coletar os dados,
classificá-los, registrar as informações, in-
terpretá-las e chegar às conclusões possíveis
diante do que foi realizado, sempre avalian-
do cada fase e a relação da mesma com o
todo. Enfim, desenvolver o espírito investi-
gativo natural do ser humano.
	 Trabalhar a partir de pesquisas é
uma forma de propiciar a construção de
conhecimentos de modo interdisciplinar,
envolvendo um trabalho colaborativo.
Conceitos e procedimentos ganham sen-
20
tido para o indivíduo em virtude de sua
participação ativa na investigação. Criam-
-se oportunidades do aluno construir uma
compreensão da estatística de forma con-
textualizada. Além
disso, essa imersão
dos alunos numa cul-
tura de investigação
favorece o desenvol-
vimento da capacida-
de de arguição, criti-
cidade, autonomia,
pensamento científi-
co e curiosidade.
	 Os alunos devem ser estimulados a
percorrer todas as fases do ciclo investiga-
tivo. Segundo Silva (2013), o ciclo investiga-
tivo abarca as seguintes fases: definição da
questão/objetivo, levantamento de hipóte-
ses, definição da amostra, coleta de dados
(incluindo escolha dos instrumentos e me-
todologia), classificação dos dados, regis-
tro ou representação dos dados, análise/
interpretação de dados e conclusão.
Silva (2013)
	 Nós, professores, devemos traba-
lhar, junto aos alunos, a realização de pes-
quisa envolvendo todas as fases e, ao mes-
mo tempo, aprimorando o conhecimento
específico de cada uma
delas.
Formular ques-
tões sobre fenô-
menos sociais e
naturais
	 Questões que cercam
as crianças no seu dia a
dia são fonte de pesqui-
sas. Podemos pensar em algumas como: me-
ninas correm mais do que meninos? Será que
todas as sementes demoram o mesmo tempo
para brotar? Qual o número de sapato mais
comum da turma? Crianças de hoje brincam
das mesmas coisas que seus avós brincavam
quando eram crianças? Qual suco de caixinha
tem mais açúcar? Que animal corre mais rá-
pido? Essas e muitas outras questões podem
e devem ser levantadas pelos alunos.
	 Questões como essas são frequen-
tes na vida das crianças. Assim, precisamos
incentivar sua curiosidade, desenvolvendo
uma competência de formular questões que
envolvam a busca de informações por parte
dos alunos. Elaborar questões e discutir as
possibilidades de respondê-las é uma ativida-
de que a escola deveria propor.
“(...) essa imersão dos
alunos numa cultura de
investigação favorece
o desenvolvimento da
capacidade de arguição,
criticidade, autonomia,
pensamento científico e
curiosidade.”
21
Levantar hipóteses ou antecipar pro-
visoriamente a explicação de fatos
	 Levantar hipóteses sobre possíveis
respostas da pergunta que foi formulada é
uma forma de buscar explicações para as
mesmas. Assim, os alunos devem ser esti-
mulados a pensar em possíveis respostas
às perguntas que fizeram. Se escolho, como
exemplo, a questão sobre que animal corre
mais rápido, posso hipotetizar que são os
de pernas mais longas, ou os de 4 patas,
ou os mais magros, entre outras. Entretan-
to, para responder à pergunta, precisamos
buscar os dados que nos levarão à resposta.
Para tanto, é preciso definir onde e como
buscar as informações.
Definir a população e/ou amostra
	 Podemos saber informações so-
bre fenômenos sociais e naturais utilizan-
do amostras. Utilizar informações de uma
amostra para avaliarmos um todo faz parte
do cotidiano das pessoas. Provamos uma co-
mida para saber se está salgada, colocamos
um pouco de perfume para saber se o cheiro
nos agrada, entre outras. Para selecionar a
amostra, precisamos refletir sobre a repre-
sentatividade da mesma para que não te-
nhamos uma amostra viciada.
E agora... coletar os dados
	 Para coletar dados existem diferen-
tes métodos: observações, experimenta-
ções, entrevista, questionário, votação, etc.
Para saber a preferência das crianças sobre
o tipo de cachorro, pode-se fazer uma en-
trevista. Para saber se todas as sementes
demoram o mesmo tempo para brotar é
preciso fazer um experimento. Para saber
qual suco de caixinha tem mais açúcar, po-
dem ser analisadas as tabelas de ingredien-
tes das embalagens.
Organizar informações coletadas: o
trabalho com classificações
	 Ao coletarmos informações, é preci-
so organizá-las. É fundamental que os alu-
nos percebam que os mesmos elementos
podem ser classificados de várias formas e
em quantidades diferentes de grupos. Cada
um classifica de acordo com suas necessi-
dades. O importante é considerar sempre a
exclusividade (cada elemento só pertence a
um grupo) e a exaustividade (todos os ele-
mentos precisam ser classificados).
	 Assim, podemos propor vários tipos
de atividade que envolvam classificações:
descobrir o critério de classificação elabora-
do pelo professor ou por um colega; classi-
ficar a partir de um ou mais critérios dados
pelo professor ou pelo aluno (estar de tênis
ou meninas que estão de tênis) e, principal-
mente, criar critérios para organizar os da-
dos coletados.
22
Registrar em gráficos ou tabelas
	 A representação em gráficos ou ta-
belas é uma ferramenta importante de ser
considerada como uma forma de organizar
dados ou de apresentar informações. No en-
tanto, esse conteúdo não deve ser fechado
em si mesmo, devendo ser trabalhado duran-
te todos os anos e a partir de vários temas.
Dessa forma, a escola deve levar os alunos,
tanto a interpretar, como a construir gráficos
e tabelas.
	 É necessário que os alunos compre-
endam as especificidades dos diferentes ti-
pos de representação: título, escala, legen-
da, fonte dos dados, nomeação dos eixos,
barras, linhas e coluna.
Analisar os dados
	 Vários tipos de questões podem ser
feitas a partir de dados apresentados em
gráficos e/ou tabelas:
•	 Temática
•	 Localização de pontos extremos (ponto
máximo e mínimo)
•	 Localização de categoria a partir de uma
frequência e vice-versa
•	 Explanação da variabilidade dos dados
(acréscimos, decréscimos e ausência de
variabilidade)
•	 Inferência informal para a população a
partir de uma amostra dada (a partir dos
dados apresentados, imaginar o que po-
derá ocorrer)
Finalmente, o fim, ou um novo começo
	 Responder a pergunta inicial é o objeti-
vo. Entretanto, ao chegarmos à conclusão, em
geral, outras questões aparecem. Assim, tere-
mos uma nova questão e o conhecimento vai
sendo construído.
	 A Estatística precisa ser ensinada sem-
pre considerando a pesquisa como foco e per-
cebendo o quanto ela pode ajudar a compreen-
der o mundo e nossas ações cotidianas.
23
REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática.
Ensino de 1a a 4a série. Brasília, MEC/ SEF, 1997.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais Curriculares Nacionais para a Edu-
cação Infantil. Brasília, MEC/ SEF, 1998.
GUIMARÃES, G. e CAVALCANTI, M. Estado da Arte em Tratamento da Informação: em periódi-
cos científicos nacionais. Anais do 2º Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Mate-
mática, julho de 2008.
______ e MARQUES, M. Educação estatística: estado da arte em anais de eventos científicos nacio-
nais. Anais do 2º Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, julho de 2008.
SILVA, E. M. C. Como são propostas pesquisas nos livros didáticos de Matemática e Ciên­cias
dos anos iniciais do Ensino Fundamental. – EDUMATEC - Universidade Federal de Pernambuco,
2013. (Dissertação da Pós-graduação em Educa­ção Matemática e Tecnológica).
24
Presidência da República
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica
TV ESCOLA/ SALTO PARA O FUTURO
Coordenação Pedagógica
Ana Maria Miguel
Acompanhamento pedagógico
Grazielle Bragança
Copidesque e Revisão
Milena Campos Eich
Diagramação e Editoração
Bruno Nin
Virgílio Veiga
Consultora especialmente convidada
Gilda Guimarães
E-mail: salto@mec.gov.br
Home page: www.tvescola.org.br/salto
Rua da Relação, 18, 4o
andar – Centro.
CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ)
Setembro 2014

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  • 1. ISSN 1982 - 0283 ESTATÍSTICA E COMBINATÓRIA NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO Ano XXIV - Boletim 6 - SETEMBRO 2014
  • 2. Estatística e Combinatória no ciclo de alfabetização SUMÁRIO Apresentação........................................................................................................................... 3 Rosa Helena Mendonça Introdução............................................................................................................................... 4 Gilda Guimarães Texto 1: Vamos combinar? Aprendendo combinatória desde o início da escolarização ......... 6 Rute Elizabete de Souza Rosa Borba Texto 2: Categorizar: habilidade necessária à formação básica .........................................12 Verônica Gitirana Walquíria Castelo-Branco Texto 3: Estatística nos anos iniciais ......................................................................................19 Gilda Guimarães
  • 3. 3 Estatística e Combinatória no ciclo de alfabetização Apresentação A publicação Salto para o Futuro comple- menta as edições televisivas do programa de mesmo nome da TV Escola (MEC). Este aspecto não significa, no entanto, uma sim- ples dependência entre as duas versões. Ao contrário, os leitores e os telespectadores – professores e gestores da Educação Bási- ca, em sua maioria, além de estudantes de cursos de formação de professores, de Fa- culdades de Pedagogia e de diferentes licen- ciaturas – poderão perceber que existe uma interlocução entre textos e programas, pre- servadas as especificidades dessas formas distintas de apresentar e debater temáticas variadas no campo da educação. Na página eletrônica do programa, encontrarão ainda outras funcionalidades que compõem uma rede de conhecimentos e significados que se efetiva nos diversos usos desses recursos nas escolas e nas instituições de formação. Os textos que integram cada edição temática, além de constituírem material de pesquisa e estudo para professores, servem também de base para a produção dos programas. A edição 6 de 2014 traz o tema Estatística e Combinatória no ciclo de alfabetização, e conta com a consultoria de Gilda Guimarães, Doutora em Psicologia Cognitiva pela Uni- versidade Federal de Pernambuco, com pós- -doutorado pela Universidad de Burgos e pós- -doutorado pela Université Laval, professora efetiva da Universidade Federal de Pernam- buco e Consultora desta Edição Temática. Os textos que integram essa publicação são: 1. Vamos combinar? Aprendendo combina- tória desde o início da escolarização 2. Categorizar: habilidade necessária à for- mação básica 3. Estatística nos anos iniciais Boa leitura! Rosa Helena Mendonça1 1 Supervisora Pedagógica do programa Salto para o Futuro (TV Escola/MEC).
  • 4. 4 A aprendizagem da Estatística vem sendo proposta desde o Ensino Fundamen- tal como um reflexo das demandas sociais e da complexidade da sociedade que impulsio- nam o indivíduo na direção de um melhor entendimento de sua realidade. Ser letrado estatisticamente implica saber entender e comunicar dados baseados em informações, sendo capaz de posicionar-se de modo crí- tico diante delas, a fim de tomar decisões individuais e/ou coletivas. Para o desenvolvimento do pensa- mento estatístico pelos estudantes, é funda- mental proporcionar a vivência de situações nas quais o indivíduo possa pensar um proble- ma, elaborar questões, levantar hipóteses, de- finir uma amostra, escolher os instrumentos e a forma de coletar os dados, classificar os dados, registrar as informações, interpretá-las e chegar às conclusões possíveis diante do que foi realizado, sempre avaliando cada fase e sua relação com o todo. Enfim, desenvolver o espí- rito investigativo natural do ser humano. A pesquisa é uma forma de propiciar a construção de conhecimentos de modo interdisciplinar, envolvendo um trabalho co- laborativo. Conceitos e procedimentos ga- nham sentido para o indivíduo em virtude de sua participação ativa na investigação. Criam-se oportunidades do aluno construir uma compreensão da Estatística de forma contextualizada. Além disso, essa imersão dos alunos numa cultura de investigação favorece o desenvolvimento da capacidade de arguição, criticidade, autonomia, pen- samento científico e a curiosidade. É igual- mente desafiador para os professores, por provocar a capacidade de envolvimento com a incerteza, proporcionar a tomada de decisões com independência, reconhecer as oportunidades para o aprendizado com resultados inesperados, manter um pensa- mento flexível e alcançar um profundo co- nhecimento do conteúdo disciplinar. Para organizarmos as informações é fundamental saber classificar. O ato de clas- Introdução Estatística e combinatória nos anos iniciais de escolarização Gilda Guimarães1 1 Pós-doutorado pela Universidad de Burgos(2011) e pela Université Laval(2013). Professora Efetiva da Universidade Federal de Pernambuco e Consultora desta Edição Temática.
  • 5. 5 sificar é importante para o ser humano, pois vivemos classificando coisas e ideias a fim de conhecê-las e compreendê-las. A práti- ca de classificação é um processo habitual do homem, que não só faz parte da rotina diária, como numa simples organização de livros na prateleira ou roupas num armário, como também está presente em várias situ- ações de aprendizagens das mais diversas áreas do conhecimento. Ao organizarmos os dados, muitas vezes é preciso saber quais as combinações entre estes é possível. O raciocínio combi- natório requer um longo período para o seu desenvolvimento e, assim, deve-se começar seu estudo no início da escolarização. As crianças devem ser estimuladas a pensar em distintas possibilidades. Assim, convidamos você a se aprofun- dar sobre esses conceitos nas leituras a seguir. Texto 1: Vamos combinar? Aprenden- do combinatória desde o início da escolariza- ção, de Rute Elizabete de Souza Rosa Borba. Partindo da observação de que o desenvolvi- mento do raciocínio combinatório é um longo processo, esse texto aborda a necessidade de que, em toda a escolarização, os diferentes ti- pos de problemas relacionados a este assunto sejam trabalhados através de um aprofunda- mento contínuo, para que estratégias infor- mais sejam gradativamente transformadas em procedimentos mais sistematizados. Texto 2: Categorizar: habilidade ne- cessária à formação básica, de Verônica Giti- rana e Walquíria Castelo-Branco. Nesse texto, pro­cura-se demonstrar o quanto as categorias e a capacidade de categorizar são essenciais para o desenvolvimento dos conhecimentos escolar e científico. Texto 3: Estatística nos anos iniciais, de Gilda Guimarães. Esse texto busca discutir o ensino de Estatística para crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, priorizando a pesquisa como eixo principal da formação dos alunos, a fim de desenvolver, nos estudan- tes, a capacidade de lidar criticamente com as mais diversas informações, bem como de to- mar decisões em relação a estas.
  • 6. 6 Por que estudar Combinatória desde a Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental? Para resolver problemas combina- tórios, é preciso considerar todas as possi- bilidades das situações colocadas e isso re- quer um pensamento flexível que vai além de escolhas pessoais ou preferências. Se perguntarmos de quantos modos possíveis podemos nos vestir, escolhendo dentre qua- tro blusas (branca, azul, laranja e vermelha) e duas calças (preta e marrom), desejamos que os estudantes concluam que há oito maneiras distintas de escolha, mesmo que prefiram a blusa branca com a calça preta ou mesmo que não acreditem que laranja “combina” com marrom, por exemplo. Embora a Combinatória seja uma temática mais explicitamente trabalhada no Ensino Médio, defendemos que o tipo de pensamento envolvido – raciocínio combi- natório – requer um longo período para o seu desenvolvimento e, assim, deve-se co- meçar seu estudo no início da escolarização básica. Situações combinatórias simples po- dem ser trabalhadas, desde a Educação In- fantil e durante os anos iniciais do Ensino Fundamental, estimulando que as crianças pensem em distintas possibilidades. De cer- ta forma, nem sempre de modo explícito, tais propostas já estão presentes nos livros didáticos dos anos iniciais. Problemas combinatórios Há diferentes tipos de problemas combinatórios – produtos cartesianos, ar- ranjos, combinações e permutações – e estes podem ser trabalhados fazendo-se uso de representações mais concretas, com crian- ças novas, para que iniciem, desde cedo, o desenvolvimento de formas de levantar pos- sibilidades. Não se deseja que as crianças saibam classificar as situações, muito menos que aprendam fórmulas, mas que sejam es- timuladas a pensar em variados problemas combinatórios simples. texto 1 Vamos combinar? Aprendendo combinatória desde o início da escolarização Rute Elizabete de Souza Rosa Borba1 1 PhD pela Oxford Brookes University. Líder do Grupo de Pesquisa (CNPq): Grupo de Estudos em Raciocínio Combinatório do Centro de Educação da UFPE (Geração).
  • 7. 7 Seguem exemplos desses tipos de problemas combinatórios, com as suas res- pectivas características: Produto cartesiano: De quantas maneiras di- ferentes posso escolher um lanche e um suco, se na lanchonete há quatro tipos de lanche (co- xinha, empada, pizza e sanduíche) e dois tipos de suco (laranja e abacaxi)? Nesse tipo de problema, as escolhas são efetuadas a partir de distintos conjuntos de elementos (no caso, o conjunto de lanches e o conjunto de sucos). As oito distintas possibi- lidades são obtidas a partir da combinação de um tipo de lanche com um tipo de suco: coxi- nha-laranja; coxinha-abacaxi; empada-laranja; empada-abacaxi; pizza-laranja; pizza-abacaxi; sanduíche-laranja; e sanduíche-abacaxi. Arranjo: De quantas maneiras diferentes pode ser oresultadodeumacorrida–1ºe2ºlugares–setrês crianças (Ana, Felipe e Paula) estão correndo? Esse tipo de problema caracteriza-se por ter apenas um conjunto a partir do qual os elementos são escolhidos (no caso, o conjun- to das crianças) e a ordem de disposição dos elementos determina possibilidades distintas. No problema citado há seis possibilidades di- ferentes (AF, FA, FP, PF, AP e PA), considerando- -se que, por exemplo, Ana em primeiro lugar e Felipe em segundo (AF) é diferente de Felipe em primeiro lugar e Ana em segundo (FA). Combinação: De quantas maneiras diferen- tes pode-se escolher duplas a partir de um grupo com cinco crianças (Bárbara, Carlos, Gustavo, Marisa e Sérgio)? Nessetipodeproblema,aescolhatam- bém é a partir de um conjunto único (como nos arranjos), mas a ordem de disposição dos elementos não determina possibilidades dis- tintas: a dupla Bárbara e Gustavo (BG) é igual à dupla Gustavo e Bárbara (GB), por exemplo. Tem-se, nesta situação, dez possibilidades: BC, BG, BM, BS, CG, CM, CS, GM, GS e MS. Permutação: De quantas maneiras diferentes três livros (de História, Matemática e Ciências) podem ser colocados em pé numa prateleira? A permutação é um caso particular de arranjo. As escolhas são feitas a partir de um conjunto único, com a diferença de que todos os elementos do conjunto são utilizados, sen- do a ordem diferenciada, o que identifica cada possibilidade. Nesse caso, há seis maneiras distintas de colocar os três livros em uma pra- teleira: HMC, HCM, MHC, MCH, CHM e CMH. Como trabalhar a Combinatória no início da escolarização? Estudos recentes (PESSOA e BORBA, 2009; MATIAS, SANTOS e PESSOA, 2011; PES- SOA e BORBA 2012) têm evidenciado que crianças da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental conseguem levantar algumas ou todas as possibilida- des de eventuais situações combinatórias. Ressalta-se que, embora as crianças nem sempre sejam capazes de listar todas as possibilidades, elas indicam compreender as relações combinatórias envolvidas, pois selecionam casos adequados. Na maioria
  • 8. 8 das vezes, porém, se perdem na sistemati- zação do levantamento de possibilidades e, assim, não conseguem listar todas. Para iniciar o estudo da Combina- tória, em particular na Educação Infantil, sugere-se que os problemas sejam apresen- tados com número total de possibilidades pequeno e que as crianças possam resolver os problemas por intermédio da manipula- ção de objetos ou figuras de objetos. Na Figura 1, temos a resolução de uma criança da Educação Infantil para uma situação na qual se deseja determinar de quantas maneiras possíveis se pode esco- lher, numa loja de animais, três dentre qua- tro animais (cachorro, gato, papagaio e tar- taruga). A criança corretamente fez escolhas de três animais, mas errou ao não perceber que nesta situação a ordem de disposição dos elementos não indica possibilidades distintas, ou seja, escolher (gato, cachorro e papagaio) é o mesmo que escolher (papa- gaio, gato e cachorro). Pode-se questionar isto com as crianças e, com ajuda, pode- rão levantar as três possibilidades distintas: gato, cachorro e papagaio; gato, cachorro e tartaruga; e cachorro, papagaio e tartaruga. Após o período de manipulação de objetos, as crianças podem desenhar (quando ainda não souberem escrever) ou listar possi- bilidades (depois de alfabetizadas). As Figuras 2 e 3 são resoluções de estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental que resolve- ram corretamente problemas combinatórios. Na Figura 2, o estudante resolveu o produto cartesiano por intermédio de dese- nhos que foram organizados em forma de quadro, o que facilitou a sistematização da solução – as 15 maneiras de combinar três saias e cinco blusas. Já na Figura 3, o estudan- te corretamente listou como duas bicicletas podem ser sorteadas entre três crianças. Figura 1. Resolução de um problema de combinação no qual uma criança da Educação Infantil corretamente esco- lheu três elementos, mas não percebeu que há possibilidades repetidas. Fonte: Pessoa e Borba (2012). Figura 2. Resolução correta de um proble- ma de produto cartesiano de uma criança dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Fonte: Pessoa e Borba (2010).
  • 9. 9 Figura 3. Resolução correta de um pro- blema de permutação de uma criança dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Fonte: Pessoa e Borba (2010). Azevedo e Borba (2012) verificaram que é possível que crianças em início de escolarização avancem em suas capacidades de levantar possibilidades em problemas de Com- binatória. As crianças estudadas por Azevedo e Borba construíam ár- vores com auxílio de um software educativo ou com lápis e papel (como indicado na Figura 4). Figura 4. Resolução correta de um proble- ma de produto cartesiano de uma criança dos anos iniciais do Ensino Fundamental, por meio de árvore de possibilidades. Fonte: Azevedo e Borba (2012). Como ambos os grupos – que constru- íram árvores de possibilidades com software ou com lápis e papel – desenvolveram-se em seus raciocínios combinatórios, sugere-se que crianças sejam estimuladas a construir árvo- res de possibilidades, escritas ou virtuais, dian- te de problemas combinatórios, o que pode possibilitar uma maior sistematização em suas soluções de problemas de Combinatória. Considerações Finais Como o desenvolvimento do raciocí- nio combinatório é um longo processo, é preci- so que, em toda a esco- larização, os diferentes tipos de problemas se- jam trabalhados e que seja proposto um apro- fundamento contínuo, para que estratégias informais sejam grada- tivamente transforma- das em procedimentos mais sistematizados. De início, é possível o uso de mani- pulativos e representações escritas, princi- palmente por meio de desenhos, e, grada- tivamente, outros tipos de representações – como as listagens e as árvores de possibi- lidades, podem ser utilizados. Dessa forma, os estudantes poderão aperfeiçoar as suas estratégias de resolução de problemas com- binatórios, no sentido de uma maior siste- matização das suas soluções e chegando ao número total de possibilidades solicitadas, al- cançando, assim, um desenvolvimento mais amplo de seus raciocínios combinatórios. “ Como o desenvolvimento do raciocínio combinatório é um longo processo, é preciso que, em toda a escolarização, os diferentes tipos de problemas sejam trabalhados.”
  • 10. 10 REFERÊNCIAS AZEVEDO, Juliana; BORBA, Rute. O ensino da Combinatória por meio da construção de árvores de possibilidades com e sem o uso do software Diagramas de Árbol. Anais... XVI Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-graduação em Educação Matemática (XVI Ebrapem), Canoas, RS, 2012. MATIAS, Patrícia; SANTOS, Missilane; PESSOA, Cristiane. Crianças de Educação Infantil resolvendo problemas de arranjo. In: Anais da XIII Conferência Interamericana de Educa- ção Matemática. XIII Ciaem, Recife, 2011. PESSOA, Cristiane; BORBA, Rute. Quem Dança com quem: o desenvolvimento do raciocínio com- binatório de crianças de 1ª a 4ª série. ZETETIKÉ. Campinas, v.17, n.31, jan/jun 2009, p. 105-155. ______. Do young children notice what combinatorial situations require? Proceedings... 36th Conference of the International Group for the Psychology of Mathematics Education, v. 1, p. 261. Taipei, Taiwan: PME. 2012.
  • 11. 11 Categoria é um conceito chave na or- ganização social e, por sua vez, categorizar passa a ser uma habilidade essencial na for- mação do cidadão. A so- ciedade em que vivemos utiliza a ideia de catego- ria em quase todas as suas atividades. As pessoas or- ganizam a diversidade de elementos que as rodeiam (animais, sen- timentos, brinquedos, alimentos, cores, etc.) em agrupamentos so- bre os quais se debru- çam para estabelecer princípios e regras de comportamento, instituindo racionalmente recortes nessa diversidade. A classificação dessa diversidade de elementos por agrupamentos, ou categorias, por sua vez, é construída em função das ques- tões que fazemos: o que pretendemos fazer com elas? Quais os elementos que possuem, ou não, as propriedades? Por exemplo, a clas- sificação dada aos brin- quedos numa loja de brinquedos é diferente daquela que você dá para arrumar os mes- mos brinquedos em uma sala de aula. É em função desses questio- namentos que estabele- cemos todo um sistema de relações para a cons- trução de categorias. A escola, porém, tem valorizado pouco a for- mação desses procedi- mentos lógicos. Comparação, identificação, equivalência, classificação, definição e divisão são alguns dos procedimentos lógicos essen- ciais ao processo de construção e reconstru- ção do conhecimento, à formação dos concei- tos e às atividades humanas. texto 2 Categorizar: habilidade necessária à formação básica Verônica Gitirana1 Walquíria Castelo-Branco2 1 PHD em Educação. Professora da Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica da Universidade Federal de Pernambuco – veronica.gitirana@gmail.com 2 Doutora em Educação. Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco - wcblins@gmail.com “ (...) Comparação, identificação, equivalência, classificação, definição e divisão são alguns dos procedimentos lógicos essenciais ao processo de construção e reconstrução do conhecimento, à formação dos conceitos e às atividades humanas.”
  • 12. 12 A maioria dos estudantes não sabe com- parar. Quando compara um objeto com outro, não se orienta pelas propriedades essenciais para estabelecer as bases de comparação corretamente. Geralmente, os alunos se orientam por indícios quali- tativos e quantitativos. A crença de que só podem ser comparados objetos da mesma cor, quando este apresenta diferentes tona- lidades como: mais vermelha, menos ver- melha, ou ainda, só podem ser comparados objetos de cores diferentes é um exemplo a destacar. Em relação à quantidade, a com- paração é dada tomando-se como referên- cia apenas os atributos mais ou menos.” (RIBEIRO; NUÑEZ, 1997, p.45) É preciso rever e repensar as habilida- des relativas à categorização, a serem desen- volvidas pelas crianças. Iniciamos, portanto, discutindo o que vem a ser uma categoria. Categoria A criação de uma categoria, a partir dos objetos, pode ser vista como o agrupa- mento de elementos que têm as mesmas propriedades, segundo um ou mais critérios bem delimitados. Estabelecer diferenças e semelhanças entre os objetos define a habi- lidade lógica da comparação, o que possibi- lita a identificação de diversas propriedades. No caso de dois objetos serem considerados como tendo uma mesma propriedade, é pressuposta a compreensão de quais mudan- ças interferem nesta e quais não interferem. Por exemplo, os calçados são distribuídos nas sapatarias em diferentes categorias. To- memos uma categoria, os sapatos infantis. Qual o critério que é utilizado para se decidir se um sapato é, ou não, infantil? Quais as caracte­rísticas que podem mudar sem que se altere essa propriedade “ser infantil”? Precisa ter bichinhos? Precisa ser colorido? Pode ser de numeração 37? Enfim, que crité- rio define tal categoria? Figura 1: Sapatinha infantil Fonte: arquivo pessoal Uma habilidade importante a ser de- senvolvida com a criança é a criação de uma categoria a partir da identificação de crité- rio, com um trabalho a partir dos dados dos objetos a serem categorizados. Uma catego- ria pode ser criada a partir de um ou de mais de um conjunto de critérios. Como ponto de partida, vamos focar nas categorias que uti- lizam um único critério. Entender qual é o critério que é uti- lizado para definir se um calçado é ou não infantil, consiste na compreensão da cate- goria dos calçados infantis. Vamos então tomar como critério o público a que se des-
  • 13. 13 tina. Porém, o limite do que vem a ser “des- tinado ao público infantil” precisa ser bem estabelecido, delimitando-se a extensão da categoria. Um calçado 37, como o da figura abaixo, configura-se como destinado ao pú- blico infantil? Figura 2: Pantufa n.37 com padrão de Zebra Fonte: arquivo pessoal O fato de ser decorado com padrão de zebra o torna categorizado como de pú- blico infantil? A articulação entre a compreensão das propriedades essenciais de uma catego- ria e a extensão da categoria é essencial para o desenvolvimento da habilidade de criar categorias. Segundo as pesquisas realizadas por Piaget e Inhelder (1983), só é possível li- dar com a categorização ou com a classifica- ção quando o sujeito é capaz de coordenar a extensão e a compreensão de uma determi- nada categoria de objetos. Essas habilidades são necessárias, não somente para criar categorias, mas para entendê-las e para identificar um ob- jeto como pertencendo - ou não - a uma ca- tegoria. Tomemos um outro exemplo, agora no âmbito escolar. Os livros didáticos para o Ensino Fundamental têm sido categorizados por área de ensino. Há o livro de Matemáti- ca, os livros de Português (em geral dois: o de Linguagem e o de Gramática), o de Ciên- cias, etc. O aluno precisa saber identificá-los para pegar o livro certo na aula, ou mesmo, para levá-los à escola no dia certo. Além de saber criar uma categoria, é importante desenvolver, com os alunos, a habilidade de entender as características que a definem, bem como sua extensão. O questionamento é essencial. Desafiar os li- mites do que é, e do que parece ser, mas não é, testa a extensão de uma categoria. Muitas vezes, o entendimento dos objetos que não são, auxiliam o entendimento da extensão e da compreensão de uma categoria. Categorização Vários exemplos já discutidos ante- riormente mostram que não basta criar uma categoria isolada. Em geral, os elementos (objetos, pessoas, etc.) aparecem categoriza- dos em mais de duas categorias disjuntas. Nas vitrines de uma sapataria, por exemplo, os calçados estão organizados se- gundo uma categorização, que pode seguir um ou mais critérios: adulto ou infantil; fe-
  • 14. 14 minino ou masculino; formal, esportivo ou casual. O cliente não precisa rodar toda a loja para ver se tem um tênis infantil como o da Figura 1. O vendedor, já conhecedor da categorização feita para arrumar a vitri- ne, encaminha o comprador para a prate- leira dos calçados infantis, do tipo espor- tivo. Essa organização em categorias, que facilita a identificação, exige que todos os calçados possam ser categorizados – exige- -se que as categorias sejam exaustivas. O cliente e o vendedor precisam saber onde deveriam procurar mesmo aqueles que não têm na loja, a menos que o sapato não faça parte dos tipos lá vendidos. Outra característica importante para uma categorização é a exclusividade. Se, em uma sapataria, por exemplo, um mesmo calçado puder estar em duas prateleiras di- ferentes, causará dificuldades para ser loca- lizado. Um cliente que entre na loja e não busque o auxílio do vendedor, pode olhar em uma das prateleiras onde o produto que pro- cura supostamente deveria estar e, se não o encontra, vai embora. O critério para catego- rizar os objetos é definido a partir do que se quer com tal categorização. No estoque da sapataria, por exemplo, os critérios utiliza- dos provavelmente são diferentes. A marca e o número são critérios que auxiliarão a en- contrar o sapato a ser comprado. Antes de continuar a discutir a habi- lidade de gerar uma categorização a partir de um ou mais critérios, precisamos discutir uma questão. Ao criar uma categoria isola- da, gera-se, necessariamente, um tipo bem simples de determinação: pertencer ou não a esta categoria. Muitas das atividades huma- nas, entretanto, exigem categorizações mais sofisticadas, em que um critério assume di- versas categorias. As profissões são categori- zadas segundo a área de atuação em: profis- sionais da saúde, profissionais da educação, profissionais da indústria, etc. Categorização prévia As categorias e a capacidade de ca- tegorizar são importantes para os conheci- mentos escolar e científico. Cada conceito, por exemplo, é uma classe ou uma categoria, pois é definido por características ou proprie- dades que o elemento necessita ter. Quais as características que um animal tem que ter para ser um inseto? Quais as características uma palavra tem que ter para ser um verbo? Quais as características que uma figura geo- métrica tem que ter para ser um triângulo? Defende-se o ensino da Estatística como essencial à formação do cidadão des- de os primeiros anos da escolaridade. Assim como nas outras áreas do conhecimento, a habilidade de categorizar é essencial para o desenvolvimento das diversas etapas de uma pesquisa estatística. A habilidade de in- terpretar um gráfico de barras depende da compreensão de categorias. Os gráficos de
  • 15. 15 barra, abaixo, mostram os dados categori- zados. Cada barra representa uma categoria de uma variável (o critério) analisado. Figura 3: Distribuição dos livros paradidá- ticos do 1º ano da escola Alfa por bloco dos PCNs (BRASIL, 1997) Fonte: Gráfico fictício O tratamento e a análise de dados inerentes à pesquisa, e em particular, à pes- quisa estatística, exige que a pessoa saiba categorizar e entender as categorias lança- das. Portanto, a categorização é uma habili- dade importante a ser desenvolvida para um letramento estatístico. É no contexto da pesquisa e da for- mação estatística que trazemos outra dis- cussão sobre habilidades a serem desen- volvidas com os estudantes, a capacidade de lançar categorias prévias, que garantam a exaustividade e a exclusividade de dados ainda não coletados, mas sobre os quais se tem algum conhecimento a respeito. Uma das etapas importantes em uma pesquisa estatística é a definição das variáveis necessárias para a investigação e a categorização dos “valores”3 assumidos por tais variáveis. Suponha que em uma pesquisa de sala de aula, os alunos queiram investigar o gosto pela prática de esporte dos familia- res de toda a turma. Irão discutir quais as variáveis (critérios) importantes na investi- gação (muitas vezes a partir das hipóteses geradas). Para a coleta de dados, precisarão definir como os dados serão registrados e, portanto, categorizados. Se decidirem que é importante a quantidade de membros da família, as idades, o gênero de cada um, o esporte que pratica, cada uma dessas vari- áveis terá que ser categorizada antes de se coletarem os dados. Algumas dessas variá- veis já são tradicionalmente categorizadas e, com estas, não haverá problemas. Outras, não. O esporte que se pratica, por exemplo. Pode ser que, ao serem coletados os dados, surjam registros como: “natação” e “esporte aquático”. Nesse caso, só se poderá traba- lhar com a categorização de esporte aquá- tico, terrestre, aéreo, o que pode não dar conta do que se quer investigar. Portanto, a atividade de gerar categorias sem se ter os dados (ou objetos) em mãos é também uma das habilidades a ser desenvolvida. Esta exige do estudante o desenvolvimento de um tipo 3 Valores aqui referem-se não somente a valor numérico, mas aos nominais, aos ordinais não numéricos também.
  • 16. 16 de previsão e visualização de casos possíveis. Além disso, o conhecimento cien- tífico toma um conceito como uma cate- goria que pode categorizar todo e qualquer elemento que seja do grupo a ser classifi- cado. Por exemplo, ser animal é uma ca- tegoria dentre os seres vivos. Portanto, a compreensão e a extensão desse conceito (categoria) precisa valer para qualquer ser vivo, já conhecido. Uma vez descoberto um ser vivo sobre o qual não se possa decidir se é animal ou não, o conceito (categoria) animal precisará ser revisto. Conclusão O mundo é categorizado, criam-se os objetos, os conceitos e os tipos de objetos. Essa classificação é importante para toda a vida do cidadão. Cabe à escola, e a nós, pro- fessores, buscar desenvolver atividades que auxiliem os estudantes a gerar categorias, compreendê-las e checá-las, categorizar os objetos a partir delas e gerar categorias sem ter os dados ( ou objetos) em mãos.
  • 17. 17 REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Brasilia: MEC, 1997. PIAGET, J.; INHELDER, B. Gênese das Estruturas Lógicas Elementares, Trad. Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 3 ed., 1983. RIBEIRO; R.P.; NUÑEZ, I.B. O Desenvolvimento dos Procedimentos do Pensamento Lógico: comparação, identificação e classificação. In: Revista Educação em Questão, 7 (1/2), pp. 40-66, jan/dez, 1997.
  • 18. 18 Estatística nos anos iniciais? O que deve ser trabalhado? Como posso fa- zer isso? Meus alunos terão condições de aprender? Essas e outras perguntas estão sendo feitas por muitos professores. Esse texto busca discutir o ensino de Estatística para crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para começar, ensinar Estatística na escola, desde a Educação Infantil, não é uma novidade. Os Parâmetros Curricula- res de Matemática – PCNs, publicado em 1997, assim como o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI, publicado em 1998, já valorizavam a Estatís- tica há mais de 16 anos. Nos PCNs, o ensino de Estatística foi denominado como o eixo “tratamento da informação”. Entretanto, o nome “tratamento da informação” vem sendo criticado por várias pessoas, pois não precisamos apenas tratar os dados, precisamos muito mais do que isso, precisamos ensinar nossos alunos a PESQUI- SAR. Tratar os dados é apenas uma das fases de uma pesquisa. Assim, passarei a denominar de Estatística o trabalho que deve ser realizado por todos nós, desde cedo, na escola, levando os alunos a compreender os fenômenos so- ciais e naturais que os cercam. A pesquisa acompanha o aluno desde suas formas mais intuitivas e primitivas de se questionar até a sua formação superior, na qual se depara com a geração de informações a partir de dados com procedimentos cienti- ficamente elaborados e testados. A proposta de aprendizagem da Estatística desde o Ensino Fundamental é um reflexo das demandas so- ciais e da complexidade da sociedade. A Estatística é hoje parte do currículo de Matemática no Ensino Básico do Brasil e de vários outros países. Sua inserção nos diversos níveis de ensino, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, se deu em função de sua utilidade na vida diária, da necessidade de conhecimentos estatísticos em várias pro- fissões, de seu papel em outras disciplinas, texto 3 Estatística nos anos iniciais Gilda Guimarães1 1 Pós-doutorado pela Universidad de Burgos(2011) e pela Université Laval(2013). Professora Efetiva da Universidade Federal de Pernambuco e Consultora desta Edição Temática.
  • 19. 19 e, principalmente, por sua capacidade de de- senvolver o raciocínio crítico e impulsionar o indivíduo na direção de um melhor enten- dimento de sua realidade. Ser letrado estatisticamente implica ser capaz de posicionar-se de modo crítico diante de uma informação, entender e sa- ber comunicar dados baseados em informa- ções para tomar decisões individuais e/ou coletivas. O pensamento estatístico envolve a compreensão dos dados e a possibilidade de pensar o que eles indicam, valorizando o mundo das incertezas. Entretanto, muitos professores não tiveram, em sua vida escolar e profissional, uma aprendizagem sistematizada sobre esse assunto e encontram, portanto, dificuldades em trabalhar com essa temática. Muitos cur- sos de formação inicial de professores ainda não propiciam aprendizagem referente ao ensino da Estatística. Da mesma forma, ob- serva-se uma ausência de artigos referentes à aprendizagem da Estatística para os anos iniciais do Ensino Fundamental, como cons- tataram Guimarães e Marques (2008) e Gui- marães e Cavalcanti (2008). Acrescido a essa ausência de textos que subsidiem a formação de professores, os livros didáticos de Matemática não vêm contribuindo para uma aprendizagem da Es- tatística que valorize a pesquisa, como afir- mam Silva e Guimarães (2013). É preciso pensar o ensino numa pers- pectiva de envolver os alunos ativamente no planejamento da pesquisa e na busca de da- dos reais para responder questões práticas do cotidiano. Esta abordagem caracteriza-se pela contextualização social e interdiscipli- nar, introduzindo o aluno na construção do conhecimento a partir de observações e ex- perimentos e favorecendo o desenvolvimen- to da curiosidade e o pensamento científico desde os anos iniciais. É nesse sentido que se defende que a pesquisa deva ser o eixo principal da forma- ção estatística dos alunos, assim como a dos professores, de todos os níveis de ensino. Para o desenvolvimento do pensa- mento estatístico, é necessária a vivência de pesquisas. É fundamental a vivência de situações nas quais o indivíduo possa pen- sar problemas, elaborar questões, levantar hipóteses, definir amostras, escolher os ins- trumentos e a forma de coletar os dados, classificá-los, registrar as informações, in- terpretá-las e chegar às conclusões possíveis diante do que foi realizado, sempre avalian- do cada fase e a relação da mesma com o todo. Enfim, desenvolver o espírito investi- gativo natural do ser humano. Trabalhar a partir de pesquisas é uma forma de propiciar a construção de conhecimentos de modo interdisciplinar, envolvendo um trabalho colaborativo. Conceitos e procedimentos ganham sen-
  • 20. 20 tido para o indivíduo em virtude de sua participação ativa na investigação. Criam- -se oportunidades do aluno construir uma compreensão da estatística de forma con- textualizada. Além disso, essa imersão dos alunos numa cul- tura de investigação favorece o desenvol- vimento da capacida- de de arguição, criti- cidade, autonomia, pensamento científi- co e curiosidade. Os alunos devem ser estimulados a percorrer todas as fases do ciclo investiga- tivo. Segundo Silva (2013), o ciclo investiga- tivo abarca as seguintes fases: definição da questão/objetivo, levantamento de hipóte- ses, definição da amostra, coleta de dados (incluindo escolha dos instrumentos e me- todologia), classificação dos dados, regis- tro ou representação dos dados, análise/ interpretação de dados e conclusão. Silva (2013) Nós, professores, devemos traba- lhar, junto aos alunos, a realização de pes- quisa envolvendo todas as fases e, ao mes- mo tempo, aprimorando o conhecimento específico de cada uma delas. Formular ques- tões sobre fenô- menos sociais e naturais Questões que cercam as crianças no seu dia a dia são fonte de pesqui- sas. Podemos pensar em algumas como: me- ninas correm mais do que meninos? Será que todas as sementes demoram o mesmo tempo para brotar? Qual o número de sapato mais comum da turma? Crianças de hoje brincam das mesmas coisas que seus avós brincavam quando eram crianças? Qual suco de caixinha tem mais açúcar? Que animal corre mais rá- pido? Essas e muitas outras questões podem e devem ser levantadas pelos alunos. Questões como essas são frequen- tes na vida das crianças. Assim, precisamos incentivar sua curiosidade, desenvolvendo uma competência de formular questões que envolvam a busca de informações por parte dos alunos. Elaborar questões e discutir as possibilidades de respondê-las é uma ativida- de que a escola deveria propor. “(...) essa imersão dos alunos numa cultura de investigação favorece o desenvolvimento da capacidade de arguição, criticidade, autonomia, pensamento científico e curiosidade.”
  • 21. 21 Levantar hipóteses ou antecipar pro- visoriamente a explicação de fatos Levantar hipóteses sobre possíveis respostas da pergunta que foi formulada é uma forma de buscar explicações para as mesmas. Assim, os alunos devem ser esti- mulados a pensar em possíveis respostas às perguntas que fizeram. Se escolho, como exemplo, a questão sobre que animal corre mais rápido, posso hipotetizar que são os de pernas mais longas, ou os de 4 patas, ou os mais magros, entre outras. Entretan- to, para responder à pergunta, precisamos buscar os dados que nos levarão à resposta. Para tanto, é preciso definir onde e como buscar as informações. Definir a população e/ou amostra Podemos saber informações so- bre fenômenos sociais e naturais utilizan- do amostras. Utilizar informações de uma amostra para avaliarmos um todo faz parte do cotidiano das pessoas. Provamos uma co- mida para saber se está salgada, colocamos um pouco de perfume para saber se o cheiro nos agrada, entre outras. Para selecionar a amostra, precisamos refletir sobre a repre- sentatividade da mesma para que não te- nhamos uma amostra viciada. E agora... coletar os dados Para coletar dados existem diferen- tes métodos: observações, experimenta- ções, entrevista, questionário, votação, etc. Para saber a preferência das crianças sobre o tipo de cachorro, pode-se fazer uma en- trevista. Para saber se todas as sementes demoram o mesmo tempo para brotar é preciso fazer um experimento. Para saber qual suco de caixinha tem mais açúcar, po- dem ser analisadas as tabelas de ingredien- tes das embalagens. Organizar informações coletadas: o trabalho com classificações Ao coletarmos informações, é preci- so organizá-las. É fundamental que os alu- nos percebam que os mesmos elementos podem ser classificados de várias formas e em quantidades diferentes de grupos. Cada um classifica de acordo com suas necessi- dades. O importante é considerar sempre a exclusividade (cada elemento só pertence a um grupo) e a exaustividade (todos os ele- mentos precisam ser classificados). Assim, podemos propor vários tipos de atividade que envolvam classificações: descobrir o critério de classificação elabora- do pelo professor ou por um colega; classi- ficar a partir de um ou mais critérios dados pelo professor ou pelo aluno (estar de tênis ou meninas que estão de tênis) e, principal- mente, criar critérios para organizar os da- dos coletados.
  • 22. 22 Registrar em gráficos ou tabelas A representação em gráficos ou ta- belas é uma ferramenta importante de ser considerada como uma forma de organizar dados ou de apresentar informações. No en- tanto, esse conteúdo não deve ser fechado em si mesmo, devendo ser trabalhado duran- te todos os anos e a partir de vários temas. Dessa forma, a escola deve levar os alunos, tanto a interpretar, como a construir gráficos e tabelas. É necessário que os alunos compre- endam as especificidades dos diferentes ti- pos de representação: título, escala, legen- da, fonte dos dados, nomeação dos eixos, barras, linhas e coluna. Analisar os dados Vários tipos de questões podem ser feitas a partir de dados apresentados em gráficos e/ou tabelas: • Temática • Localização de pontos extremos (ponto máximo e mínimo) • Localização de categoria a partir de uma frequência e vice-versa • Explanação da variabilidade dos dados (acréscimos, decréscimos e ausência de variabilidade) • Inferência informal para a população a partir de uma amostra dada (a partir dos dados apresentados, imaginar o que po- derá ocorrer) Finalmente, o fim, ou um novo começo Responder a pergunta inicial é o objeti- vo. Entretanto, ao chegarmos à conclusão, em geral, outras questões aparecem. Assim, tere- mos uma nova questão e o conhecimento vai sendo construído. A Estatística precisa ser ensinada sem- pre considerando a pesquisa como foco e per- cebendo o quanto ela pode ajudar a compreen- der o mundo e nossas ações cotidianas.
  • 23. 23 REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática. Ensino de 1a a 4a série. Brasília, MEC/ SEF, 1997. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais Curriculares Nacionais para a Edu- cação Infantil. Brasília, MEC/ SEF, 1998. GUIMARÃES, G. e CAVALCANTI, M. Estado da Arte em Tratamento da Informação: em periódi- cos científicos nacionais. Anais do 2º Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Mate- mática, julho de 2008. ______ e MARQUES, M. Educação estatística: estado da arte em anais de eventos científicos nacio- nais. Anais do 2º Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, julho de 2008. SILVA, E. M. C. Como são propostas pesquisas nos livros didáticos de Matemática e Ciên­cias dos anos iniciais do Ensino Fundamental. – EDUMATEC - Universidade Federal de Pernambuco, 2013. (Dissertação da Pós-graduação em Educa­ção Matemática e Tecnológica).
  • 24. 24 Presidência da República Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica TV ESCOLA/ SALTO PARA O FUTURO Coordenação Pedagógica Ana Maria Miguel Acompanhamento pedagógico Grazielle Bragança Copidesque e Revisão Milena Campos Eich Diagramação e Editoração Bruno Nin Virgílio Veiga Consultora especialmente convidada Gilda Guimarães E-mail: salto@mec.gov.br Home page: www.tvescola.org.br/salto Rua da Relação, 18, 4o andar – Centro. CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ) Setembro 2014