1) O documento discute as Leis de Murphy e como pequenos problemas sempre acontecem de forma inesperada.
2) A estatística pode ajudar a reduzir a variação, mas Murphy sempre encontra uma forma de aparecer.
3) A Teoria das Restrições propõe usar buffers para minimizar os efeitos de Murphy ao invés de tentar eliminá-lo.
1. When MURPHY Talks... Listen ! (ouça-o)
by Luís Cristóvão, Jan 2017
Vem isto a propósito duma das coisas que nos consegue irritar mais, que todos experimentamos mas
que nem todos conhecem como, as Leis de MURPHY.
Murphy, quem é esse indivíduo mais ou menos cómico e sinistro que nos afecta a todos? Não interessa
quem é ou quem foi mas afecta-nos. É isso mesmo, ouviu ? Afecta-nos a todos!
Senão porque é que o povo também diz que o “Pão dos Pobres quando cai para o chão cai sempre com o
doce ou com a manteiga virada para baixo”.
Não acredita ? Então vejamos alguns exemplos:
“Num estádio cheio de gente, milhares de pessoas talvez, porque é que
o desgraçado do pombo fez as suas necessidades mesmo no seu
cucuruto e sujou o seu melhor casaco ?”
“Se temos a mão esquerda cheia de sacos, e a mão direita livre
adivinhe em que bolso vai estar a chave de casa ? Acertou… no bolso
esquerdo aquele em que a chave é muito mais difícil de alcançar !”
“Mas por que razão quando estamos atrasados há sempre confusão exactamente no túnel por onde
temos de passar, para irmos muito mais rápido ?”
“O tempo de espera por algo é directamente proporcional à pressa que temos e ao nível de stress em que
estamos. Quanto maior a pressa por algo ou mais stressados estamos… maior o tempo de espera que
temos de suportar !”
“Porque é que quando chove paramos exactamente no local do passeio onde um carro acaba de passar e
nos molha todos ?”
2. A lista parece mesmo ser infindável, estas são
algumas das quase infinitas formulações das
Leis de Murphy. No entanto sejamos rigorosos
e para isso vamos definir a regra ou
formulação geral.
Formulação geral - Lei de Murphy
"Quando algo pode correr mal, vai mesmo correr mal"
Corolário - Lei de Murphy
"A verdade é que as coisas que podem correr mal, vão correr ainda pior"
Este é pois o formato mais ou menos popular, mais ou menos científico de que o caos e o inesperado são
varáveis fundamentais na nossa vida. Muitas vezes governam mesmo a nossa existência. Dito duma forma
mais erudita, "Os sistemas tendem para um estado de Entropia máximo" (seja lá o que isso fôr).
O que significa que se traduzirmos inesperado por variação temos que "os sistemas tendem para um
maior grau de caos ou variação".
3. Sendo assim como nos protegemos desta variação, como nos protegemos então de MURPHY ? Temos de o
ouvir ! Existem várias formas, e a mais clássica é, "então vamos eliminar a variação, está claro" !
Eliminar a variação é um assunto que foi entrando ao longo dos anos pela ciência e pela estatística mais
refinada a que conseguimos dar a mão. Arranjaram-se fórmulas, e uma das maneiras mais inteligentes e
abusadas dessas fórmulas foi o chamado Teorema do Limite Central – um dos “Taos” ou dos píncaros da
moderna Estatística.
Mas vamos lá a ver o que é isto, para Totós (e com bonecos)…
Não é mais do que arranjar um conjunto de valores grande o suficiente para que todos misturados
possamos rezar para que pareçam uma distribuição Normal, a tal com a forma de sininho, em vez de
termos distribuições mais ou menos bizarra ou "(A)Normais", muito mais chatas de interpretar e tratar.
Mas por que diabo é o sininho Normal tão importante e o que tem a ver com Murphy ?
É importante, porque o sininho tem um conjunto de fórmulas que nos permitem fazer previsões ("bolas de
cristal científicas") acerca do comportamento dum sistema através do uso da estatística. Para isso surgem
as médias, os desvios padrões, os intervalos de variação, as probabilidades, etc, etc, juro que não vos maço
mais …
Ora a estatística avançou e com isso surgiram métodos e práticas para reduzir a variação ainda mais
sofisticadas… e realmente conseguiu-se isso…. Nalgumas situações, nalguns sistemas...
4. Isto faz-me lembrar um célebre comentador desportivo na TV que à páginas tantas irrompeu a meio dum
jogo com um comentário já laureado…(justamente quando um jogador, isolado, com a baliza
completamente aberta, enviou a bola para a nuvem mais negra que acabava de pairar sobre o estádio (era
Murphy a falar, está claro :-))
“…É do… caraças srs. Telespectadores”
Então pelos vistos conseguimos estatísticamente, recorrendo ao nosso sininho artilhado com desvios
padrões, análise de variâncias, desenhos de experiências, etc,… (desculpem-me o entusiasmo) ... controlar
MURPHY, ELIMINAR MURPHY !!!!
Conseguimos controlar esse Cão de fila maldito encurralá-lo no seu próprio destino e reduzir a variação a
ZERO ! Brilhante, extraordinário, fantástico, awesome (em estrangeiro).
Por algum tempo fomos induzidos por este brilharete, que funciona, sim não sejamos velhos do Restelo,
funciona. Funciona… funciona ? Mas e em que condições ?
Não há dúvidas que em determinadas condições em sistemas muito optimizados podemos reduzir, reduzir,
reduzir a variação e eliminarmos Murphy. É seguramente uma trabalheira morosa e complicada.
Mas se voltarmos às situações reportadas atrás será que conseguimos eliminar toda a variação ? Os
sistemas e o nosso dia a dia está cheio deles, não têm só variáveis e nem só de estatística vive o homem…
Mesmo em determinado sistema muito optimizado apoiado em máquinas, se um malvado dum pico de
tensão ou uma das malfadas harmónicas electromagnéticas der cabo dum sensor, que não detecta um
sinal, que não abre a válvula, que assim desregula a temperatura … e que causa um grave problema no
processo e no produto …. Então isso é …. M U R P H Y !!!
Sendo assim nós pobres mortais apoiados na ciência que nos guia o que vamos fazer ?
Uma das formas mais inteligentes de lidar com MURPHY é como disse atrás… e vocês não ouviram, não
ouviram não... é ouvindo o que ele nos diz !
Mas como diabo vamos ouvi-lo e às suas malfadas leis ?
Uma das pessoas que percebeu muito cedo que não podia vencer a variação (exceptuando algumas das
situações que falámos) foi Eli Goldratt, esse mesmo, o físico inventor da ToC.
5. Se não podemos vencer MURPHY então temos que lhe dar a volta de outra forma, fintá-lo, não lhe dar
"abébias" ou como vulgarmente ouvimos dizer hoje –
“Não nos devemos lançar para fora de pé”
Assim uma das formas mais inteligentes de fintar Murphy é usarmos “uma bóia de salvação” (quando
estamos fora de pé) ou seja usarmos Buffers (os vulgarmente chamados Pulmões)!
A ToC é a única metodologia de melhoria de sistemas que entendeu este tema e encarou Murphy
verdadeiramente nos olhos, frente a frente.
Através do uso de Buffers selectivos, de stock, de tempo,… podemos minimizar e vencer Murphy (pelo
menos muito mais vezes… porque...o indivíduo é realmente danado, levado do diabo !).
O que são Buffers como os utilizar da forma mais eficaz e eficiente …bom isso é matéria para outra
conversa, mas pode saber mais muito mais , na 2ª Ed. do MBA ToC, a iniciar em 27 Fevereiro próximo.
Informe-se e não perca em : 2ª Edição MBA ToC - 27 Fev.2017
Se quiser saber mais sobre a Teoria das Restrições não perca a obra (agora só a $9,99):
Teoria das Restrições (ToC) - Conceitos Base e Apoio à Decisão
PS: só para que conste... e eu não disse isto... Murphy na realidade era um optimista !