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António Gedeão – visto por si mesmo e…
Autobiografia
Enquanto comia

por fora ia o dia.

num gesto tranquilo,

A vida estuava,

comia e ouvia

a maré subia.

falar-se daquilo.

Caiu a menina

Dormia e ouvia

na praia amarela,

solicitamente,

logo um modelo de algas

como se presente

se apoderaram dela.

presente estaria.

Se apoderou dela

E enquanto comia,

carinhosamente,

comia e ouvia,

que as algas são gestos

a frágil menina

mas não são de gente.

que no fundo habita,

Caiu e ficou-se

que chora e que grita

deitada de bruços,

saía de mim.

desfeita em soluços

Saía de mim

sem forma nem lei.

correndo e chorando

Ò minha àguazinha

num gesto revolto,

faz com que eu não sinta,

cabelinho solto,

faz com que eu não minta,

roupa esvoaçando.

faz com que eu não odeie!

Ia como louca,

Àguazinha querida,

chorava e corria,

compromisso antigo,

enquanto eu metia

dissolve-me a vida,

comida na boca.

leva-me contigo.

Fugia-lhe a estrada

Leva-me contigo

debaixo dos pés,

no berço das algas;

a estrada pisada

que o sal com que salgas

que o luzeiro doira,

seja o meu vestido.

serpentina loira

Ficou-se a menins

que vai ter ao mar.

desfeita em soluços,

Corria a menina

seu corpo, de bruços,

de braços erguidos,

com o mar a cobri-lo,

seus brancos vestidos

enquanto eu, sentado,

pareciam luar.

sentado comia,

Por dentro ia a noite,

comia e ouvia,

António Gedeão

Página1

falar-se daquilo.
Vida de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (António Gedeão)
1

1926 - É alistado na tropa, mas o seu ingresso
é adiado. Em colaboração com o seu amigo
Carlos Bana, escreve Quod est, est (Tenho a
honra de pedir a mão de Violante), que é
levada à cena no final do ano escolar,
encenada por Vasco Santana e com música de
Manuel Ribeiro.
1928 - Decide mudar de curso e matricula-se

Cronologia2
1906 - Rómulo Vasco da Gama de Carvalho
nasce em Lisboa a 24 de Novembro, na Rua
do Arco do Limoeiro.
1912 - Entra no Colégio de Santa Maria. Faz
os seus primeiros poemas.
1914 - Termina a instrução primária.
1917 - Publica, no jornal Notícias de Évora, as
primeiras estrofes de continuação de Os

Lusíadas.

em Ciências Físico-Químicas, na Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto.
1931 - Termina o curso de Ciências FísicoQuímicas. Inicia estágio no Liceu Normal Pedro
Nunes.
1932

-

Conclui

o

curso

de

Ciências

Pedagógicas na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa.
1933 - Termina o estágio no Liceu Pedro
Nunes. Começa a ensinar, atividade que

Entra para o Liceu Gil Vicente.

exerce até 1974.

1919 - A família muda para a Calçada do

1934 - Casa com Maria José da Silva

Monte, onde passa a sua juventude.

Cardoso. Leciona na Escola Lusitânia, em

se no Curso Preparatório de Engenharia Militar,
na Faculdade de Ciências.

1

Rua do Arco do Limoeiro

2

http://faladohomemnascido.no.comunidades.net/

no Liceu Camões.
1936 - Nasce o filho Frederico.

Página2

1925 - Completa o 7.º ano do liceu. Matricula-

Lisboa. Faz o Exame de Estado. É colocado
1938 - É nomeado diretor do Laboratório de

1950 - É colocado no Liceu D. João III, em

Química do Liceu Camões, cargo que ocupa

Coimbra. Muda-se para Coimbra, para a Rua

até 1948.

Bernardo de Albuquerque, onde permanece até

1942 - Publica «O aspeto fraudulento da
Alquimia», em Liceus de Portugal.

1957.
Pública «Os átomos existem?», no Átomo.
Publica, «Compêndio de Química», «Guia dos

1945 - Casa com Maria Natália Paiva Nunes.
1946 - Publica «A forma morta de Leibnitz
[…]», no Mundo Literário. Integra a direção da
Gazeta da Física que mantém durante 28
anos.
1947 - Publica o livro «A ciência hermética» e
os artigos «A atitude mental de Langevin
perante os problemas científicos» (no Mundo
Literário) e «O primeiro barco a vapor» (na
Ver e Crer).
Começa a publicar artigos na Gazeta de
Matemática e na Gazeta de Física.

trabalhos práticos de Química» e, com A. A.
Riley da Mota, «Noções elementares de
Química».
Começa a colaborar no Boletim da Sociedade
de Língua Portuguesa.
1951 - Publica «No primeiro centenário da
morte de Daguerre […]», «No centenário da
morte de Oersted […]», no Átomo, e «Elogio
de Simão Stevin», na Labor. A Atlântida
Editora aprova a ideia da coleção Ciência para
Gente Nova. Começa a estudar o material
didático existente no Museu Pombalino, que
tinha pertencido ao Gabinete de Física do Real

1948 - Publica o livro «O embalsamento

colégio dos Nobres.

egípcio» e o artigo «As grandes aventuras do

1952 - Publica «História do telefone» e

professor auxiliar do Liceu Pedro Nunes, onde
permanece até 1950.
1949

-

Nasce

a

filha

Maria

Cristina.

Publica «As dimensões do universo molecular
e atómico» e «Como foi determinada, pela
primeira vez, a velocidade de propagação da
luz», no Átomo, e «A escolha do metro como
unidade de medida», na Ver e Crer.

«História da fotografia». Dirige o Laboratório de
Química no liceu D. João III.
1953 - Publica as monografias «História dos
balões» e «Ferreira da Silva, homem de
ciência e de pensamento», e «Problemas de
Física para o 3.º ciclo do ensino liceal».
1954 - Publica o livro «História da eletricidade
estática» e o artigo «A pretensa descoberta da

Página3

professor Piccard», na Ver e Crer. É nomeado
lei das ações magnéticas por Dalla Bella

de Física do Liceu de Pedro Nunes e integra a

[…]», na Revista Filosófica. Concorre ao

comissão de redação de «A Palestra», revista

Prémio Almeida Garrett, do Ateneu Comercial

desse liceu.

do Porto, com poemas reunidos sob o título «A
experiência dolorosa».

António Gedeão publica o livro de poemas
«Teatro do mundo».

1955 - Publica «História do átomo».

1959 - Pública «Que é a Física» e «História da

1956 - Publica «Portugal nas Philosophical

fundação do Colégio Real dos Nobres de

Transactions […]», na Revista Filosófica.

Lisboa». António Gedeão publica «Declaração

Traduz «O Sr. Tompkims explora o átomo», de

de amor», na Colóquio.

Gamow.

Escolhe

o

pseudónimo

António

Gedeão para figurar na Antologia do prémio
Almeida Garrett. Estreia-se na poesia com
«Movimento

perpétuo»,

publicado

com

o

pseudónimo de António Gedeão.

1960 - É nomeado diretor da biblioteca do
Liceu Pedro Nunes, funções que exerceu até à
aposentação.
1961 - António Gedeão publica «Máquina de
fogo».

1957 - Publica «História da radioatividade». É

1962 - Publica «História da energia nuclear» e

nomeado professor do Liceu de Pedro Nunes.

«História dos isótopos».

Garrett de 1954, organizada por João Gaspar
Simões. Regressa a Lisboa e instala-se na
Rua Sampaio Bruno, onde permanece até ao
fim da vida. É eleito para a direção da
Sociedade Portuguesa de Química e Física.
Adaptação radiofónica da História dos Balões
pela Emissora Nacional que a transmitiu em
três episódios.
1958 - Publica «Joaquim José dos Reis
construtor das máquinas de Física […]», na
Vértice. É nomeado professor metodólogo de
Ciências Físico-Químicas e diretor do gabinete

1963 - Publica «Apontamentos sobre Martinho
de Mendonça de Pina e de Proença», na
Ocidente,
universitários

e

«Sobre
exigidos

os
pela

compêndios
Reforma

Pombalina», na Miscelânea de Estudos a
Joaquim de Carvalho. Inicia a colaboração no
Dicionário de história de Portugal, dirigido por
Joel Serrão. António Gedeão publica «RTX –
78/24».
Poemas de António Gedeão são lidos em
recital sobre a Novíssima Poesia Portuguesa.
Página4

É publicada a Antologia do prémio Almeida
1964 - Publica «Leonis de Pina e Mendonça

antologia «Ich kann die Liebe nicht vertragen»,

[…]», na Ocidente.

organizada por Ilse Losa.

António Gedeão publica o livro «Poesias

Inicia o curso de orientação de professores

completas» e «Poema para Galileu»; o poema

estagiários de Físico-químicas em vários liceus.

«Lágrima de preta» sai em A Voz de

O poema «Enquanto» é distribuído nas ruas de

Moçambique.

Coimbra, durante as manifestações estudantis.

1965 - António Gedeão publica «O sentimento
científico

em

Bocage»,

na

Ocidente.

Roberto Barchiesi traduz para italiano «Poema
para Galileu» que sai nos Estudos Italianos em
Portugal.
1966 - Publica «A hipótese atómica de John
Dalton», no Diário de Lisboa. O poema
«Tempo de poesia» sai em A Tarde da Bahia
(Brasil). Recebe o Prémio Bocage pelo ensaio
«O sentimento científico em Bocage».
1967 - Publica «Relações científicas do
astrónomo francês Joseph-Nocolas de l’Isle
com Portugal», no Arquivo da Bibliografia
Portuguesa.
António Gedeão publica «Linhas de força».
O poema «Dia de Natal» é publicado num
jornal de estudantes do Liceu Camões que é
apreendido pelo reitor.
1968 - Publica «A Física para o povo» e
«Ciências da Natureza 1».

«Poema para Galileu» é gravado por Mário
Viegas.
A Associação de Estudantes da Faculdade de
Ciências de Lisboa promove uma sessão com
poesia de António Gedeão.
1970 - Sai um disco do ZIP-ZIP com a «Pedra
filosofal» musicada e cantada por Manuel
Freire. Recebe o Prémio Pozal Domingues pela
«Pedra filosofal». Integra o grupo, coordenado
por

Rui Grácio, para estudo de novos

programas de Ciências da Natureza para o
Ciclo Preparatório.
1971 - Publica «O lume vivo que a marítima
gente

tem

por

santo»,

na

Ocidente.

A Comissão de Censura proíbe que a peça
«RTX 78/24» seja levada à cena no Teatro
Vasco Santana. «Poema da malta das naus»
gravado por Manuel Freire.
1973 - António Gedeão publica «A poltrona e
outras novelas». É nomeado professor efetivo
no Liceu Normal de Pedro Nunes. É nomeado
codiretor do Boletim do Ensino Secundário, do

Os poemas de Gedeão são incluídos na

Ministério de Educação.

Página5

1969 - Publica «Ciências da Natureza 2».
1974 - António Gedeão integra antologia de

dos quatro primeiros números: «A descoberta

poesia portuguesa publicada em Moscovo.

do mundo físico», «A experiência científica»,

Efetua curso de preparação de professores do

«A

4.º ano do Ciclo Básico. Desloca-se a vários

moléculas» e «Átomos e iões».

liceus do país, como professor metodológico,
para observação de estágios em ciências
físico-químicas. Aposentação a 9 de Outubro.
1975 - Publica «Aditamento ao Guia de
trabalhos práticos de Química para o curso
complementar

do

ensino

liceal»

e,

em

colaboração, «Física para o 1.º ano do curso
complementar

do

ensino

secundário».

Colabora na Logos Enciclopédia. António
Gedeão publica «Ay flores, ay flores do verde
pino», na Colóquio. Letras. Participa em
reuniões, para reformas do ensino, em sessões
de esclarecimento.

natureza

corpuscular

da

matéria

e

1980 - Publica «A estrutura cristalina», «A
energia» e «As forças». Publica na “Colóquio.
Letras” um soneto que havia sido escrito em
1939.
1981 - Publica «A atividade pedagógica da
Academia das Ciências de Lisboa nos séculos
XVIII e XIX»; «Peso e massa» e «As reações
químicas». Sai o artigo «Os Conservatórios de
Artes e Ofícios de Lisboa e Porto», na Ciência
e Técnica. Publica, em colaboração, «Física
para o 12.º ano de escolaridade». António
Gedeão publica «História breve da lua», peça
de teatro infantil.

1976 - Estuda o material do Museu Maynense.

1982 - Publica as monografias «A física

1977 - Publica «Ciências da Natureza: ensino

experimental em Portugal no século XVIII», «A

secundário» e, em colaboração, «Física para o

composição do ar», «A pressão atmosférica» e

2.º ano do curso complementar do ensino

«A eletricidade estática»; e o artigo «As

secundário».

ciências exatas no tempo de Pombal», na

da

Universidade

de

Coimbra

[…]».

Estreia de RTX 78/24 no Teatro do Nosso
Tempo.
1979 - Publica «Relações entre Portugal e a
Rússia no século XVIII». Inicia a publicação de
Cadernos de Iniciação Científica, com edição

Brotéria, e «O recurso a pessoal estrangeiro no
tempo de Pombal», na Revista de História das
Ideias. Profere uma conferência sobre a
criação do Gabinete de Física Pombalino, na
Universidade de Coimbra.
1983

-

Publica

«Magnetismo

e

«A

corrente

eletromagnetismo»

elétrica»,
e

«A

Página6

1978 - Publica «História do Gabinete de Física
eletrónica». António Gedeão publica «Poemas

1989 - Comunicação à Academia das Ciências

póstumos».

«Sobre a passagem do cometa Halley em

1985 - Publica «A astronomia em Portugal no
século XVIII», «A radioatividade», «A energia
radiante»

e

«Ondas

e

corpúsculos».

É eleito sócio correspondente da Classe de
Ciências da Academia das Ciências de Lisboa.

Portugal no ano de 1759», posteriormente
publicada.
É convidado pelo Ministério da Educação para
a sessão solene do 23º da Criação da
Diretoria Geral de Estudos.

Participa em simpósio, na Academia das

1990 - Profere conferências em Coimbra e

Ciências de Lisboa, sobre a História da Ciência

Lisboa sobre João Jacinto Magalhães. E

em Portugal.

apresenta a comunicação «Um “Folhetim

1986 - Publica «História do Ensino em
Portugal

[…]»,

«A

Física

na

Reforma

Pombalina» e «O roteiro europeu do 2.º Duque
de Lafões». «História breve da lua» é
representada pelo grupo TEAR.

no século XVIII» e «D. João Carlos de
2.º

duque

de

Museu Maynense da Academia das Ciências
de Lisboa. Organiza e publica o catálogo do
Museu Maynense. António Gedeão publica
«Novos

poemas

póstumos»

e

«Poesia

completa».

1987 - Publica «A História Natural em Portugal
Bragança,

Scientífico” de Camilo». É nomeado diretor do

Lafões

[…]».

Comunicação à Academia das Ciências «As
interpretações dadas, na época, às causas do
terramoto de 1 de Novembro de 1755»,
posteriormente publicada. É condecorado como
Grande Oficial da Ordem de Instrução Pública.

1991 - Publica «João Jacinto Magalhães e a
Academia das Ciências de Lisboa», «As
requisições

de

“instrumentos

matemáticos”

dirigidas de Lisboa a João Jacinto Magalhães»
e «O saber e a personalidade de João Jacinto
de

Magalhães

Academia
aceitação,

das
em

[…]»

nas

Ciências

de

Portugal,

Memórias

da

Lisboa,

«A

da

filosofia

Newtoniana», na Revista da Universidade de

redação dos textos científicos portugueses»,

Coimbra.

nas Memórias da Academia das Ciências de

É inaugurado oficialmente o Museu Maynense.

Lisboa.

Inicia o estudo da coleção etnográfica da

É eleito presidente honorário da Sociedade

Academia das Ciências de Lisboa. Publica

Portuguesa de Física.

«Carta inédita de João de Deus», na Colóquio.

Página7

1988 - Publica «O uso da língua latina na
Letras.

1995 - Publica «O texto poético como

1992 - É eleito sócio efetivo da Academia das

documento social» e «A Física no dia-a-dia».

Ciências de Lisboa. Publica «Bibliografia das
obras de autores nacionais publicadas durante
o século XX que se ocupam das atividades
científica e técnica dos portugueses nos
séculos anteriores». Comunicação à Academia
das Ciências de Lisboa. «João Chevalier,
astrónomo

português

do

séc.

XVIII»,

1996 - São-lhe prestadas várias homenagens
por ocasião dos seus 90 anos, nomeadamente
uma nacional. O dia 24 de Novembro passa a
ser considerado Dia Nacional da Cultura
Científica. Recebe a medalha de Mérito
Cultural, atribuída pelo Ministro da Cultura.

posteriormente publicada. Sai «51+3 poems

1997 - É publicada a Coletânea de estudos

and other writings», de António Gedeão.

históricos. António Gedeão publica Poemas

É atribuído o nome António Gedeão à Escola

escolhidos.

Secundária da Cova da Piedade.

Morre em 19 de Fevereiro.

1993 - Publica «O material didático dos

1998 - Publicação de «As origens de Portugal:

séculos XVIII e XIX do Museu Maynense da

história contada a uma criança».

Academia das Ciências de Lisboa» e «No
segundo centenário da ascensão aerostática de
Vicenzo Lunardi no Terreiro do Paço».
1994 – «Elogio académico do Prof. Luís de
Albuquerque» e «Bento de Moura Portugal
[…]», nas Memórias da Academia das
Ciências, e «Quatro cartas inéditas de João
Jacinto de Magalhães». É publicado, no Brasil,
«Palavra de poeta», livro organizado por

2000 - Publicação de «Memória de Lisboa»,
com fotografias de Rómulo de Carvalho, e «O
matéria etnográfico do Museu Maynense da
Academia das Ciências de Lisboa».
2002 - A 6 de Maio foi assinado o termo de
doação do seu Espólio à Biblioteca. Foi
entregue entre Novembro desse ano e Julho de
2005.
2004 - Publicação de «Obra completa».

Denira Rozário, com entrevistas e poemas de
António Gedeão. O Sindicato dos Professores
da Grande Lisboa promove homenagem a

Página8

Rómulo de Carvalho.
Entrevista a Cristina Carvalho a propósito da biografia “Rómulo de Carvalho/António
Gedeão – príncipe perfeito” publicada pela Editorial Estampa3.
António Piedade (AP) - Porque é que escreveu o livro, porque é que o
escreveu agora?
Cristina Carvalho (CC) – Nunca na minha vida me tinha ocorrido
escrever estes apontamentos biográficos sobre a vida de meu pai. Sim,
concordo que esse pensamento me podia ter até aconchegado, que seria
natural eu poder escrever sobre ele, e seria! Mas nunca tal ideia me
aconteceu. Foi por um convite da editorial Estampa, uma, duas, três vezes
insistido que tal veio a acontecer. Não foi fácil. Tal como digo no início do livro, não foi nada fácil. Por
questões psicológicas, por questões sentimentais, por razões várias pouco dignas de interesse para
quem lê esta entrevista, mas muito importantes para mim. Contudo, acabei por aceitar o convite. E
nunca me arrependi. Foi uma experiência única, escrever estes breves apontamentos biográficos.

AP - Que tipo de leitores tinha em mente quando o estruturou e escreveu?
CC - Nunca tive em mente um determinado tipo de leitores embora soubesse e pudesse prever a
existência de um público leitor muito mais interessado do que outro neste tipo de narrativa e sobre a
pessoa que foi Rómulo de Carvalho/António Gedeão, a começar por esse imenso número de alunos
que estão vivos, que o conheceram e apreciaram e até amaram. Portanto, como disse, não estruturei
o livro nem o escrevi pensando em alguém, especialmente. Embora seja uma narrativa com certas
características muito específicas, foi este um outro livro que escrevi depois de ter conseguido libertar-

3

HTTP://DERERUMMUNDI.BLOGSPOT.PT/2012/11/ENTREVISTA-CRISTINA-CARVALHO-PROPOSITO.HTML

Página9

me de certas atitudes e de certas visões.
AP - Que tipo de leitores espera que leia o livro?
CC – Esta resposta vem um pouco no seguimento da anterior. Realmente, há “tipos” de leitores se
assim quisermos catalogar. E também há “tipos” de livros.
Se me pergunta que tipo de leitores eu espero que leia este livro, eu diria, todo o tipo de leitores,
embora eu saiba que isso não é possível. Um escritor escreve para ser lido, não escreve com o fito
determinado de ser lido por este ou por aquele. Mas sabe-se que isso não acontece assim. Há, de
facto, da parte de toda a gente inclinação ou apetência ou gosto ou prazer ou o que quisermos
chamar por certos livros. Eu não gosto de certa literatura assim como a pessoa que vai ali no
autocarro pode gostar daquilo que eu não gosto. É uma atitude cultural, não é? Se uma pessoa
aprendeu a conhecer e a gostar e a escolher determinado escritor ou determinado tipo de escrita ou
certos temas, dificilmente se prenderá com outro tipo de escrita, só mesmo por curiosidade. E às
vezes essa curiosidade pode levar a situações impensáveis, isso também é verdade. Eu posso julgar
que não gosto daquele livro e, afinal, gosto muito! O que eu gostaria mesmo é que este livro pudesse
ser útil e ser lido por muita, muita gente.

AP – Rómulo de Carvalho escreveu o principal estudo sobre a História da Educação em Portugal.
Desde o início da nacionalidade até ao 25 de Abril. Na proximidade que manteve com o seu pai,
pode dizer-nos algo sobre a opinião dele em relação ao estado da educação em Portugal a seguir
a 1974 e até os últimos anos da sua vida?
CC – Efetivamente a “História do Ensino em Portugal”, editada pela Fundação Gulbenkian e que já
conheceu várias reedições é considerada por muitas pessoas que se interessam pelas questões da
pedagogia e do ensino em Portugal como obra-mestra sobre esta temática. Já ouvi chamar-lhe uma

referência que oferece uma panorâmica muito interessante e às vezes surpreendente sobre a evolução

Página10

espécie de “bíblia” para professores e técnicos nesta matéria. Trata-se, na verdade, de uma obra de
e os vários ciclos do ensino no nosso país, desde a fundação da nacionalidade até ao 25 de Abril de
1974. Significativamente, terminou nessa data a abordagem que ele fez à história do ensino.
O ensino, segundo eu depreendo da leitura das “Memórias” e das abordagens privadas e públicas por
ele feitas, era visto como uma questão fundamental para o desenvolvimento da sociedade. No período
que se seguiu à Revolução, tal como aconteceu noutras áreas da vida portuguesa, o ensino e as
escolas passaram por grandes convulsões e perturbações. Foi perante essa situação que ele
abandonou, reformando-se antecipadamente, a carreira a que se dedicara toda a vida. Maior
expressão do que esta sobre o que ele pensaria acerca do rumo que o ensino estava a levar não
poderá haver. No entanto, recomendo a leitura das suas “Memórias” onde ele exprime em várias
oportunidades o que pensava sobre este assunto.

AP – Rómulo de Carvalho é o nosso “patrono” da divulgação de ciência. Como é que a Cristina
Carvalho classifica a evolução da divulgação de ciência em Portugal nas últimas décadas?
CC - Não serei a pessoa mais habilitada para responder a esta questão, mas do que nos é dado
observar à vista desarmada não parece haver dúvidas de que se deram passos de gigante tanto no
desenvolvimento da investigação científica em Portugal e da sua inserção nas redes internacionais da
Ciência, como na divulgação científica. Felizmente há pessoas de elevada craveira que brilham no
firmamento da Ciência internacional e entre essas pessoas são bastantes os jovens que se têm
distinguido. Só espero que esta caminhada prossiga e possa dar ao país e ao mundo grandes
contributos para o desenvolvimento global e em todos os sentidos.

Página11

António Piedade

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António Gedeão - Autobiografia em versos

  • 1. António Gedeão – visto por si mesmo e… Autobiografia Enquanto comia por fora ia o dia. num gesto tranquilo, A vida estuava, comia e ouvia a maré subia. falar-se daquilo. Caiu a menina Dormia e ouvia na praia amarela, solicitamente, logo um modelo de algas como se presente se apoderaram dela. presente estaria. Se apoderou dela E enquanto comia, carinhosamente, comia e ouvia, que as algas são gestos a frágil menina mas não são de gente. que no fundo habita, Caiu e ficou-se que chora e que grita deitada de bruços, saía de mim. desfeita em soluços Saía de mim sem forma nem lei. correndo e chorando Ò minha àguazinha num gesto revolto, faz com que eu não sinta, cabelinho solto, faz com que eu não minta, roupa esvoaçando. faz com que eu não odeie! Ia como louca, Àguazinha querida, chorava e corria, compromisso antigo, enquanto eu metia dissolve-me a vida, comida na boca. leva-me contigo. Fugia-lhe a estrada Leva-me contigo debaixo dos pés, no berço das algas; a estrada pisada que o sal com que salgas que o luzeiro doira, seja o meu vestido. serpentina loira Ficou-se a menins que vai ter ao mar. desfeita em soluços, Corria a menina seu corpo, de bruços, de braços erguidos, com o mar a cobri-lo, seus brancos vestidos enquanto eu, sentado, pareciam luar. sentado comia, Por dentro ia a noite, comia e ouvia, António Gedeão Página1 falar-se daquilo.
  • 2. Vida de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (António Gedeão) 1 1926 - É alistado na tropa, mas o seu ingresso é adiado. Em colaboração com o seu amigo Carlos Bana, escreve Quod est, est (Tenho a honra de pedir a mão de Violante), que é levada à cena no final do ano escolar, encenada por Vasco Santana e com música de Manuel Ribeiro. 1928 - Decide mudar de curso e matricula-se Cronologia2 1906 - Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasce em Lisboa a 24 de Novembro, na Rua do Arco do Limoeiro. 1912 - Entra no Colégio de Santa Maria. Faz os seus primeiros poemas. 1914 - Termina a instrução primária. 1917 - Publica, no jornal Notícias de Évora, as primeiras estrofes de continuação de Os Lusíadas. em Ciências Físico-Químicas, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. 1931 - Termina o curso de Ciências FísicoQuímicas. Inicia estágio no Liceu Normal Pedro Nunes. 1932 - Conclui o curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 1933 - Termina o estágio no Liceu Pedro Nunes. Começa a ensinar, atividade que Entra para o Liceu Gil Vicente. exerce até 1974. 1919 - A família muda para a Calçada do 1934 - Casa com Maria José da Silva Monte, onde passa a sua juventude. Cardoso. Leciona na Escola Lusitânia, em se no Curso Preparatório de Engenharia Militar, na Faculdade de Ciências. 1 Rua do Arco do Limoeiro 2 http://faladohomemnascido.no.comunidades.net/ no Liceu Camões. 1936 - Nasce o filho Frederico. Página2 1925 - Completa o 7.º ano do liceu. Matricula- Lisboa. Faz o Exame de Estado. É colocado
  • 3. 1938 - É nomeado diretor do Laboratório de 1950 - É colocado no Liceu D. João III, em Química do Liceu Camões, cargo que ocupa Coimbra. Muda-se para Coimbra, para a Rua até 1948. Bernardo de Albuquerque, onde permanece até 1942 - Publica «O aspeto fraudulento da Alquimia», em Liceus de Portugal. 1957. Pública «Os átomos existem?», no Átomo. Publica, «Compêndio de Química», «Guia dos 1945 - Casa com Maria Natália Paiva Nunes. 1946 - Publica «A forma morta de Leibnitz […]», no Mundo Literário. Integra a direção da Gazeta da Física que mantém durante 28 anos. 1947 - Publica o livro «A ciência hermética» e os artigos «A atitude mental de Langevin perante os problemas científicos» (no Mundo Literário) e «O primeiro barco a vapor» (na Ver e Crer). Começa a publicar artigos na Gazeta de Matemática e na Gazeta de Física. trabalhos práticos de Química» e, com A. A. Riley da Mota, «Noções elementares de Química». Começa a colaborar no Boletim da Sociedade de Língua Portuguesa. 1951 - Publica «No primeiro centenário da morte de Daguerre […]», «No centenário da morte de Oersted […]», no Átomo, e «Elogio de Simão Stevin», na Labor. A Atlântida Editora aprova a ideia da coleção Ciência para Gente Nova. Começa a estudar o material didático existente no Museu Pombalino, que tinha pertencido ao Gabinete de Física do Real 1948 - Publica o livro «O embalsamento colégio dos Nobres. egípcio» e o artigo «As grandes aventuras do 1952 - Publica «História do telefone» e professor auxiliar do Liceu Pedro Nunes, onde permanece até 1950. 1949 - Nasce a filha Maria Cristina. Publica «As dimensões do universo molecular e atómico» e «Como foi determinada, pela primeira vez, a velocidade de propagação da luz», no Átomo, e «A escolha do metro como unidade de medida», na Ver e Crer. «História da fotografia». Dirige o Laboratório de Química no liceu D. João III. 1953 - Publica as monografias «História dos balões» e «Ferreira da Silva, homem de ciência e de pensamento», e «Problemas de Física para o 3.º ciclo do ensino liceal». 1954 - Publica o livro «História da eletricidade estática» e o artigo «A pretensa descoberta da Página3 professor Piccard», na Ver e Crer. É nomeado
  • 4. lei das ações magnéticas por Dalla Bella de Física do Liceu de Pedro Nunes e integra a […]», na Revista Filosófica. Concorre ao comissão de redação de «A Palestra», revista Prémio Almeida Garrett, do Ateneu Comercial desse liceu. do Porto, com poemas reunidos sob o título «A experiência dolorosa». António Gedeão publica o livro de poemas «Teatro do mundo». 1955 - Publica «História do átomo». 1959 - Pública «Que é a Física» e «História da 1956 - Publica «Portugal nas Philosophical fundação do Colégio Real dos Nobres de Transactions […]», na Revista Filosófica. Lisboa». António Gedeão publica «Declaração Traduz «O Sr. Tompkims explora o átomo», de de amor», na Colóquio. Gamow. Escolhe o pseudónimo António Gedeão para figurar na Antologia do prémio Almeida Garrett. Estreia-se na poesia com «Movimento perpétuo», publicado com o pseudónimo de António Gedeão. 1960 - É nomeado diretor da biblioteca do Liceu Pedro Nunes, funções que exerceu até à aposentação. 1961 - António Gedeão publica «Máquina de fogo». 1957 - Publica «História da radioatividade». É 1962 - Publica «História da energia nuclear» e nomeado professor do Liceu de Pedro Nunes. «História dos isótopos». Garrett de 1954, organizada por João Gaspar Simões. Regressa a Lisboa e instala-se na Rua Sampaio Bruno, onde permanece até ao fim da vida. É eleito para a direção da Sociedade Portuguesa de Química e Física. Adaptação radiofónica da História dos Balões pela Emissora Nacional que a transmitiu em três episódios. 1958 - Publica «Joaquim José dos Reis construtor das máquinas de Física […]», na Vértice. É nomeado professor metodólogo de Ciências Físico-Químicas e diretor do gabinete 1963 - Publica «Apontamentos sobre Martinho de Mendonça de Pina e de Proença», na Ocidente, universitários e «Sobre exigidos os pela compêndios Reforma Pombalina», na Miscelânea de Estudos a Joaquim de Carvalho. Inicia a colaboração no Dicionário de história de Portugal, dirigido por Joel Serrão. António Gedeão publica «RTX – 78/24». Poemas de António Gedeão são lidos em recital sobre a Novíssima Poesia Portuguesa. Página4 É publicada a Antologia do prémio Almeida
  • 5. 1964 - Publica «Leonis de Pina e Mendonça antologia «Ich kann die Liebe nicht vertragen», […]», na Ocidente. organizada por Ilse Losa. António Gedeão publica o livro «Poesias Inicia o curso de orientação de professores completas» e «Poema para Galileu»; o poema estagiários de Físico-químicas em vários liceus. «Lágrima de preta» sai em A Voz de O poema «Enquanto» é distribuído nas ruas de Moçambique. Coimbra, durante as manifestações estudantis. 1965 - António Gedeão publica «O sentimento científico em Bocage», na Ocidente. Roberto Barchiesi traduz para italiano «Poema para Galileu» que sai nos Estudos Italianos em Portugal. 1966 - Publica «A hipótese atómica de John Dalton», no Diário de Lisboa. O poema «Tempo de poesia» sai em A Tarde da Bahia (Brasil). Recebe o Prémio Bocage pelo ensaio «O sentimento científico em Bocage». 1967 - Publica «Relações científicas do astrónomo francês Joseph-Nocolas de l’Isle com Portugal», no Arquivo da Bibliografia Portuguesa. António Gedeão publica «Linhas de força». O poema «Dia de Natal» é publicado num jornal de estudantes do Liceu Camões que é apreendido pelo reitor. 1968 - Publica «A Física para o povo» e «Ciências da Natureza 1». «Poema para Galileu» é gravado por Mário Viegas. A Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa promove uma sessão com poesia de António Gedeão. 1970 - Sai um disco do ZIP-ZIP com a «Pedra filosofal» musicada e cantada por Manuel Freire. Recebe o Prémio Pozal Domingues pela «Pedra filosofal». Integra o grupo, coordenado por Rui Grácio, para estudo de novos programas de Ciências da Natureza para o Ciclo Preparatório. 1971 - Publica «O lume vivo que a marítima gente tem por santo», na Ocidente. A Comissão de Censura proíbe que a peça «RTX 78/24» seja levada à cena no Teatro Vasco Santana. «Poema da malta das naus» gravado por Manuel Freire. 1973 - António Gedeão publica «A poltrona e outras novelas». É nomeado professor efetivo no Liceu Normal de Pedro Nunes. É nomeado codiretor do Boletim do Ensino Secundário, do Os poemas de Gedeão são incluídos na Ministério de Educação. Página5 1969 - Publica «Ciências da Natureza 2».
  • 6. 1974 - António Gedeão integra antologia de dos quatro primeiros números: «A descoberta poesia portuguesa publicada em Moscovo. do mundo físico», «A experiência científica», Efetua curso de preparação de professores do «A 4.º ano do Ciclo Básico. Desloca-se a vários moléculas» e «Átomos e iões». liceus do país, como professor metodológico, para observação de estágios em ciências físico-químicas. Aposentação a 9 de Outubro. 1975 - Publica «Aditamento ao Guia de trabalhos práticos de Química para o curso complementar do ensino liceal» e, em colaboração, «Física para o 1.º ano do curso complementar do ensino secundário». Colabora na Logos Enciclopédia. António Gedeão publica «Ay flores, ay flores do verde pino», na Colóquio. Letras. Participa em reuniões, para reformas do ensino, em sessões de esclarecimento. natureza corpuscular da matéria e 1980 - Publica «A estrutura cristalina», «A energia» e «As forças». Publica na “Colóquio. Letras” um soneto que havia sido escrito em 1939. 1981 - Publica «A atividade pedagógica da Academia das Ciências de Lisboa nos séculos XVIII e XIX»; «Peso e massa» e «As reações químicas». Sai o artigo «Os Conservatórios de Artes e Ofícios de Lisboa e Porto», na Ciência e Técnica. Publica, em colaboração, «Física para o 12.º ano de escolaridade». António Gedeão publica «História breve da lua», peça de teatro infantil. 1976 - Estuda o material do Museu Maynense. 1982 - Publica as monografias «A física 1977 - Publica «Ciências da Natureza: ensino experimental em Portugal no século XVIII», «A secundário» e, em colaboração, «Física para o composição do ar», «A pressão atmosférica» e 2.º ano do curso complementar do ensino «A eletricidade estática»; e o artigo «As secundário». ciências exatas no tempo de Pombal», na da Universidade de Coimbra […]». Estreia de RTX 78/24 no Teatro do Nosso Tempo. 1979 - Publica «Relações entre Portugal e a Rússia no século XVIII». Inicia a publicação de Cadernos de Iniciação Científica, com edição Brotéria, e «O recurso a pessoal estrangeiro no tempo de Pombal», na Revista de História das Ideias. Profere uma conferência sobre a criação do Gabinete de Física Pombalino, na Universidade de Coimbra. 1983 - Publica «Magnetismo e «A corrente eletromagnetismo» elétrica», e «A Página6 1978 - Publica «História do Gabinete de Física
  • 7. eletrónica». António Gedeão publica «Poemas 1989 - Comunicação à Academia das Ciências póstumos». «Sobre a passagem do cometa Halley em 1985 - Publica «A astronomia em Portugal no século XVIII», «A radioatividade», «A energia radiante» e «Ondas e corpúsculos». É eleito sócio correspondente da Classe de Ciências da Academia das Ciências de Lisboa. Portugal no ano de 1759», posteriormente publicada. É convidado pelo Ministério da Educação para a sessão solene do 23º da Criação da Diretoria Geral de Estudos. Participa em simpósio, na Academia das 1990 - Profere conferências em Coimbra e Ciências de Lisboa, sobre a História da Ciência Lisboa sobre João Jacinto Magalhães. E em Portugal. apresenta a comunicação «Um “Folhetim 1986 - Publica «História do Ensino em Portugal […]», «A Física na Reforma Pombalina» e «O roteiro europeu do 2.º Duque de Lafões». «História breve da lua» é representada pelo grupo TEAR. no século XVIII» e «D. João Carlos de 2.º duque de Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa. Organiza e publica o catálogo do Museu Maynense. António Gedeão publica «Novos poemas póstumos» e «Poesia completa». 1987 - Publica «A História Natural em Portugal Bragança, Scientífico” de Camilo». É nomeado diretor do Lafões […]». Comunicação à Academia das Ciências «As interpretações dadas, na época, às causas do terramoto de 1 de Novembro de 1755», posteriormente publicada. É condecorado como Grande Oficial da Ordem de Instrução Pública. 1991 - Publica «João Jacinto Magalhães e a Academia das Ciências de Lisboa», «As requisições de “instrumentos matemáticos” dirigidas de Lisboa a João Jacinto Magalhães» e «O saber e a personalidade de João Jacinto de Magalhães Academia aceitação, das em […]» nas Ciências de Portugal, Memórias da Lisboa, «A da filosofia Newtoniana», na Revista da Universidade de redação dos textos científicos portugueses», Coimbra. nas Memórias da Academia das Ciências de É inaugurado oficialmente o Museu Maynense. Lisboa. Inicia o estudo da coleção etnográfica da É eleito presidente honorário da Sociedade Academia das Ciências de Lisboa. Publica Portuguesa de Física. «Carta inédita de João de Deus», na Colóquio. Página7 1988 - Publica «O uso da língua latina na
  • 8. Letras. 1995 - Publica «O texto poético como 1992 - É eleito sócio efetivo da Academia das documento social» e «A Física no dia-a-dia». Ciências de Lisboa. Publica «Bibliografia das obras de autores nacionais publicadas durante o século XX que se ocupam das atividades científica e técnica dos portugueses nos séculos anteriores». Comunicação à Academia das Ciências de Lisboa. «João Chevalier, astrónomo português do séc. XVIII», 1996 - São-lhe prestadas várias homenagens por ocasião dos seus 90 anos, nomeadamente uma nacional. O dia 24 de Novembro passa a ser considerado Dia Nacional da Cultura Científica. Recebe a medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Ministro da Cultura. posteriormente publicada. Sai «51+3 poems 1997 - É publicada a Coletânea de estudos and other writings», de António Gedeão. históricos. António Gedeão publica Poemas É atribuído o nome António Gedeão à Escola escolhidos. Secundária da Cova da Piedade. Morre em 19 de Fevereiro. 1993 - Publica «O material didático dos 1998 - Publicação de «As origens de Portugal: séculos XVIII e XIX do Museu Maynense da história contada a uma criança». Academia das Ciências de Lisboa» e «No segundo centenário da ascensão aerostática de Vicenzo Lunardi no Terreiro do Paço». 1994 – «Elogio académico do Prof. Luís de Albuquerque» e «Bento de Moura Portugal […]», nas Memórias da Academia das Ciências, e «Quatro cartas inéditas de João Jacinto de Magalhães». É publicado, no Brasil, «Palavra de poeta», livro organizado por 2000 - Publicação de «Memória de Lisboa», com fotografias de Rómulo de Carvalho, e «O matéria etnográfico do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa». 2002 - A 6 de Maio foi assinado o termo de doação do seu Espólio à Biblioteca. Foi entregue entre Novembro desse ano e Julho de 2005. 2004 - Publicação de «Obra completa». Denira Rozário, com entrevistas e poemas de António Gedeão. O Sindicato dos Professores da Grande Lisboa promove homenagem a Página8 Rómulo de Carvalho.
  • 9. Entrevista a Cristina Carvalho a propósito da biografia “Rómulo de Carvalho/António Gedeão – príncipe perfeito” publicada pela Editorial Estampa3. António Piedade (AP) - Porque é que escreveu o livro, porque é que o escreveu agora? Cristina Carvalho (CC) – Nunca na minha vida me tinha ocorrido escrever estes apontamentos biográficos sobre a vida de meu pai. Sim, concordo que esse pensamento me podia ter até aconchegado, que seria natural eu poder escrever sobre ele, e seria! Mas nunca tal ideia me aconteceu. Foi por um convite da editorial Estampa, uma, duas, três vezes insistido que tal veio a acontecer. Não foi fácil. Tal como digo no início do livro, não foi nada fácil. Por questões psicológicas, por questões sentimentais, por razões várias pouco dignas de interesse para quem lê esta entrevista, mas muito importantes para mim. Contudo, acabei por aceitar o convite. E nunca me arrependi. Foi uma experiência única, escrever estes breves apontamentos biográficos. AP - Que tipo de leitores tinha em mente quando o estruturou e escreveu? CC - Nunca tive em mente um determinado tipo de leitores embora soubesse e pudesse prever a existência de um público leitor muito mais interessado do que outro neste tipo de narrativa e sobre a pessoa que foi Rómulo de Carvalho/António Gedeão, a começar por esse imenso número de alunos que estão vivos, que o conheceram e apreciaram e até amaram. Portanto, como disse, não estruturei o livro nem o escrevi pensando em alguém, especialmente. Embora seja uma narrativa com certas características muito específicas, foi este um outro livro que escrevi depois de ter conseguido libertar- 3 HTTP://DERERUMMUNDI.BLOGSPOT.PT/2012/11/ENTREVISTA-CRISTINA-CARVALHO-PROPOSITO.HTML Página9 me de certas atitudes e de certas visões.
  • 10. AP - Que tipo de leitores espera que leia o livro? CC – Esta resposta vem um pouco no seguimento da anterior. Realmente, há “tipos” de leitores se assim quisermos catalogar. E também há “tipos” de livros. Se me pergunta que tipo de leitores eu espero que leia este livro, eu diria, todo o tipo de leitores, embora eu saiba que isso não é possível. Um escritor escreve para ser lido, não escreve com o fito determinado de ser lido por este ou por aquele. Mas sabe-se que isso não acontece assim. Há, de facto, da parte de toda a gente inclinação ou apetência ou gosto ou prazer ou o que quisermos chamar por certos livros. Eu não gosto de certa literatura assim como a pessoa que vai ali no autocarro pode gostar daquilo que eu não gosto. É uma atitude cultural, não é? Se uma pessoa aprendeu a conhecer e a gostar e a escolher determinado escritor ou determinado tipo de escrita ou certos temas, dificilmente se prenderá com outro tipo de escrita, só mesmo por curiosidade. E às vezes essa curiosidade pode levar a situações impensáveis, isso também é verdade. Eu posso julgar que não gosto daquele livro e, afinal, gosto muito! O que eu gostaria mesmo é que este livro pudesse ser útil e ser lido por muita, muita gente. AP – Rómulo de Carvalho escreveu o principal estudo sobre a História da Educação em Portugal. Desde o início da nacionalidade até ao 25 de Abril. Na proximidade que manteve com o seu pai, pode dizer-nos algo sobre a opinião dele em relação ao estado da educação em Portugal a seguir a 1974 e até os últimos anos da sua vida? CC – Efetivamente a “História do Ensino em Portugal”, editada pela Fundação Gulbenkian e que já conheceu várias reedições é considerada por muitas pessoas que se interessam pelas questões da pedagogia e do ensino em Portugal como obra-mestra sobre esta temática. Já ouvi chamar-lhe uma referência que oferece uma panorâmica muito interessante e às vezes surpreendente sobre a evolução Página10 espécie de “bíblia” para professores e técnicos nesta matéria. Trata-se, na verdade, de uma obra de
  • 11. e os vários ciclos do ensino no nosso país, desde a fundação da nacionalidade até ao 25 de Abril de 1974. Significativamente, terminou nessa data a abordagem que ele fez à história do ensino. O ensino, segundo eu depreendo da leitura das “Memórias” e das abordagens privadas e públicas por ele feitas, era visto como uma questão fundamental para o desenvolvimento da sociedade. No período que se seguiu à Revolução, tal como aconteceu noutras áreas da vida portuguesa, o ensino e as escolas passaram por grandes convulsões e perturbações. Foi perante essa situação que ele abandonou, reformando-se antecipadamente, a carreira a que se dedicara toda a vida. Maior expressão do que esta sobre o que ele pensaria acerca do rumo que o ensino estava a levar não poderá haver. No entanto, recomendo a leitura das suas “Memórias” onde ele exprime em várias oportunidades o que pensava sobre este assunto. AP – Rómulo de Carvalho é o nosso “patrono” da divulgação de ciência. Como é que a Cristina Carvalho classifica a evolução da divulgação de ciência em Portugal nas últimas décadas? CC - Não serei a pessoa mais habilitada para responder a esta questão, mas do que nos é dado observar à vista desarmada não parece haver dúvidas de que se deram passos de gigante tanto no desenvolvimento da investigação científica em Portugal e da sua inserção nas redes internacionais da Ciência, como na divulgação científica. Felizmente há pessoas de elevada craveira que brilham no firmamento da Ciência internacional e entre essas pessoas são bastantes os jovens que se têm distinguido. Só espero que esta caminhada prossiga e possa dar ao país e ao mundo grandes contributos para o desenvolvimento global e em todos os sentidos. Página11 António Piedade