SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 15
Baixar para ler offline
Trabalho realizado por:
  José Marques nº 11
 Tiago Pinto nº 24
Escritor português natural, de São Martinho
de Anta, Vila Real. Proveniente de uma família
               Real.
humilde.
humilde.
Após uma breve passagem pelo seminário de
Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil.
                                    Brasil.
De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o
                              1925,
ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso
de Medicina, que terminou em 1933.
                              1933.
Exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em
outras localidades do país, fixando-se definitivamente em
                            fixando-
Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941.

Ligado inicialmente ao grupo da revista Presença, dele se desligou
em 1930, fundando nesse mesmo ano, com Branquinho da Fonseca
(outro dissidente), a Sinal, de que sairia apenas um número. Em
1936, lançou outra revista, Manifesto, também de duração breve.

A sua saída da Presença reflecte uma característica fundamental
da sua personalidade literária, uma individualidade veemente e
intransigente, que o manteve afastado, por toda a vida, de
escolas literárias e mesmo do contacto com os círculos culturais
do meio português
A esta intensa consciência individual aliou-se, no entanto,
                                       aliou-
uma profunda afirmação da sua pertença à natureza
humana, com que se solidariza na oposição a todas as forças
que oprimam a energia viva e a dignidade do homem, sejam
elas as tiranias políticas ou o próprio Deus. Miguel Torga,
tendo como homem a experiência dos sofrimentos da
emigração e da vida rural, do contacto com as misérias e
com a morte, tornou-se o poeta do mundo rural, das forças
               tornou-
telúricas, ancestrais, que animam o instinto humano na sua
luta dramática contra as leis que o aprisionam. Nessa
revolta consiste a missão do poeta, que se afirma tanto na
violência com que acusa a tirania divina e terrestre, como
na ternura franciscana que estende, de forma vibrante, a
todas as criaturas no seu sofrimento.
Mas essa revolta, por outro lado, não corresponde a uma
arreligiosidade ou recusa da transcendência.
A sua obra, recheada de simbologia bíblica, encontra-se, antes,
                                               encontra-
imersa num sentido divino que transfigura a natureza e dignifica
o homem no seu desafio ou no seu desprezo face ao divino. A
ligação à terra, à região natal, a Portugal, à própria Península
Ibérica e às suas gentes, é outra constante dos textos do autor.
Ela justifica o profundo conhecimento que Torga procurou ter de
Portugal e de Espanha, unidos no conceito de uma Ibéria comum,
pela rudeza e pobreza dos seus meios naturais, pelo movimento
de expansão e opressões da história, e por certas características
humanas definidoras da sua personalidade. A intervenção cívica
de Miguel Torga, na oposição ao Estado Novo e na denúncia dos
crimes da guerra civil espanhola e de Franco, valeu-lhe a
                                                 valeu-
apreensão de algumas das suas obras pela censura e, mesmo, a
prisão pela polícia política portuguesa.
Contista exímio, romancista, ensaísta, dramaturgo, autor de mais de 50
obras publicadas desde os 21 anos, estreou-se em 1928 com o volume de
                                   estreou-
poesia Ansiedade. Também em poesia, publicou, entre outras obras,
Rampa (1930), O Outro Livro de Job (1936), Lamentação (1943), Nihil
Sibi (1948), Cântico do Homem (1950), Alguns Poemas Ibéricos (1952),
Penas do Purgatório (1954) e Orfeu Rebelde (1958). Na ficção em prosa,
escreveu Pão Ázimo (1931), Criação do Mundo. Os Dois Primeiros Dias
(1937, obra de fundo autobiográfico, continuada em O Terceiro Dia da
Criação do Mundo, 1938, O Quarto Dia da Criação do Mundo, 1939, O
Quinto Dia da Criação do Mundo, 1974, e O Sexto Dia da Criação do
Mundo, 1981), Bichos (1940), Contos da Montanha (1941), O Senhor
Ventura (1943, romance), Novos Contos da Montanha (1944), Vindima
(1945) e Fogo Preso (1976).

É ainda autor de peças de teatro (Terra Firme e Mar, 1941; O Paraíso,
1949; e Sinfonia, poema dramático, 1947) de volumes de impressões de
viagens (Portugal, 1950; Traço de União, 1955) e de um Diário em
dezasseis volumes, publicado entre 1941 e 1994.
Notável pela sua técnica narrativa no conto, pela expressividade
da sua linguagem, frequentemente de cunho popular, mas de uma
força clássica, fruto de um trabalho intenso da palavra, conseguiu
conferir aos seus textos um ritmo vigoroso e original, a que
associa uma imagística extremamente sugestiva e viva.
Várias vezes premiado, nacional e internacionalmente, foram-lhe
                                                       foram-
atribuídos, entre outros, o prémio Diário de Notícias (1969), o
Prémio Internacional de Poesia (1977), o prémio Montaigne
(1981), o prémio Camões (1989), o Prémio Vida Literária da
Associação Portuguesa de Escritores (1992) e o Prémio da
Crítica, consagrando a sua obra (1993).
Em 2000, é publicado Poesia Completa

Em 17 de Janeiro morreu o poeta Miguel Torga. Repousa, sob uma
única laje, em campa rasa no cemitério de S. Martinho de Anta.
Em poesia, publicou, entre outras obras:
Rampa (1930)
O Outro Livro de Job (1936)
Lamentação (1943)
Nihil Sibi (1948)
Cântico do Homem (1950)
Alguns Poemas Ibéricos (1952)
Penas do Purgatório (1954)
Orfeu Rebelde (1958).
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor
Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.
O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...
Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.
Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades...
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades...
Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre as gaivotas que se dão no rio.
Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.
    Ariane,
Deixem
passar quem vai na sua estrada.
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada
Deixem, que vai apenas
Beber água de sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.
Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois de amanhecer.
Deixem-
Deixem-no pois passar, agora
Que vai cheio de noite e solidão
Que vai ser uma estrela no chão.
Miguel Torga

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

As diferenças na educação no estado novo para
As diferenças na educação no estado novo paraAs diferenças na educação no estado novo para
As diferenças na educação no estado novo paraJoana Algodão Doce
 
Pedro alecrim resumos.
Pedro alecrim   resumos.Pedro alecrim   resumos.
Pedro alecrim resumos.manuela016
 
Portugal Estado Novo
Portugal   Estado NovoPortugal   Estado Novo
Portugal Estado NovoCarlos Vieira
 
Miguel torga: Vida e Obra
Miguel torga: Vida e ObraMiguel torga: Vida e Obra
Miguel torga: Vida e ObraDina Baptista
 
Poemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andradePoemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andradeAnaGomes40
 
Síntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reis
Síntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reisSíntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reis
Síntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reisCatarina Castro
 
Estado novo portugal
Estado novo portugalEstado novo portugal
Estado novo portugalTeresa Maia
 
A primeira república portuguesa
A primeira república portuguesaA primeira república portuguesa
A primeira república portuguesacattonia
 
Memorial do Convento - linguagem e estilo
Memorial do Convento - linguagem e estiloMemorial do Convento - linguagem e estilo
Memorial do Convento - linguagem e estiloFilipaFonseca
 
Textos de opinião dos alunos 9.ºano
Textos de opinião dos alunos 9.ºanoTextos de opinião dos alunos 9.ºano
Textos de opinião dos alunos 9.ºanobecastanheiradepera
 
Ficha verificação leitura memorial
Ficha verificação leitura memorialFicha verificação leitura memorial
Ficha verificação leitura memorialFernanda Pereira
 
Crónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão LopesCrónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão LopesGijasilvelitz 2
 
Memorial do Convento-Dimensão simbólica
Memorial do Convento-Dimensão simbólicaMemorial do Convento-Dimensão simbólica
Memorial do Convento-Dimensão simbólicananasimao
 
Capítulo X - MC
Capítulo X - MCCapítulo X - MC
Capítulo X - MC12anogolega
 
Mensagem Fernando Pessoa
Mensagem   Fernando PessoaMensagem   Fernando Pessoa
Mensagem Fernando Pessoaguest0f0d8
 

Mais procurados (20)

As diferenças na educação no estado novo para
As diferenças na educação no estado novo paraAs diferenças na educação no estado novo para
As diferenças na educação no estado novo para
 
Pedro alecrim resumos.
Pedro alecrim   resumos.Pedro alecrim   resumos.
Pedro alecrim resumos.
 
Portugal Estado Novo
Portugal   Estado NovoPortugal   Estado Novo
Portugal Estado Novo
 
Miguel torga: Vida e Obra
Miguel torga: Vida e ObraMiguel torga: Vida e Obra
Miguel torga: Vida e Obra
 
Poemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andradePoemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andrade
 
Memorial Do Convento
Memorial Do ConventoMemorial Do Convento
Memorial Do Convento
 
Síntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reis
Síntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reisSíntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reis
Síntese José Saramago, O ano da morte de ricardo reis
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Ficha de gramática12º
Ficha de gramática12ºFicha de gramática12º
Ficha de gramática12º
 
Capítulo i
Capítulo iCapítulo i
Capítulo i
 
Estado novo portugal
Estado novo portugalEstado novo portugal
Estado novo portugal
 
Orfeu rebelde
Orfeu rebeldeOrfeu rebelde
Orfeu rebelde
 
A primeira república portuguesa
A primeira república portuguesaA primeira república portuguesa
A primeira república portuguesa
 
Memorial do Convento - linguagem e estilo
Memorial do Convento - linguagem e estiloMemorial do Convento - linguagem e estilo
Memorial do Convento - linguagem e estilo
 
Textos de opinião dos alunos 9.ºano
Textos de opinião dos alunos 9.ºanoTextos de opinião dos alunos 9.ºano
Textos de opinião dos alunos 9.ºano
 
Ficha verificação leitura memorial
Ficha verificação leitura memorialFicha verificação leitura memorial
Ficha verificação leitura memorial
 
Crónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão LopesCrónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão Lopes
 
Memorial do Convento-Dimensão simbólica
Memorial do Convento-Dimensão simbólicaMemorial do Convento-Dimensão simbólica
Memorial do Convento-Dimensão simbólica
 
Capítulo X - MC
Capítulo X - MCCapítulo X - MC
Capítulo X - MC
 
Mensagem Fernando Pessoa
Mensagem   Fernando PessoaMensagem   Fernando Pessoa
Mensagem Fernando Pessoa
 

Destaque

Completobichos2 120603171137-phpapp02
Completobichos2 120603171137-phpapp02Completobichos2 120603171137-phpapp02
Completobichos2 120603171137-phpapp02Joao Bessa
 
Apresentação Bichos Miguel Torga
Apresentação Bichos Miguel TorgaApresentação Bichos Miguel Torga
Apresentação Bichos Miguel TorgaMaria Rebelo
 
Os bichos guião de leitura
Os bichos   guião de leituraOs bichos   guião de leitura
Os bichos guião de leiturabibliotecap
 
Bichos - Miguel Torga
Bichos - Miguel TorgaBichos - Miguel Torga
Bichos - Miguel TorgaPaula Morgado
 
Trabalho portugues miguel torga
Trabalho portugues miguel torgaTrabalho portugues miguel torga
Trabalho portugues miguel torgaJorge Santana
 
Guiao bichos torga
Guiao bichos torgaGuiao bichos torga
Guiao bichos torgabibliotecap
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasAna Tapadas
 
Os ninhos
Os ninhosOs ninhos
Os ninhosrukka
 
Miguel torga - eliana e joana
Miguel torga - eliana e joanaMiguel torga - eliana e joana
Miguel torga - eliana e joana101d1
 
Miguel torga gf
Miguel torga gfMiguel torga gf
Miguel torga gfLurdes
 
O Castelo de Faria
O Castelo de FariaO Castelo de Faria
O Castelo de FariaMaria Gois
 

Destaque (18)

Completobichos2 120603171137-phpapp02
Completobichos2 120603171137-phpapp02Completobichos2 120603171137-phpapp02
Completobichos2 120603171137-phpapp02
 
Apresentação Bichos Miguel Torga
Apresentação Bichos Miguel TorgaApresentação Bichos Miguel Torga
Apresentação Bichos Miguel Torga
 
Os bichos guião de leitura
Os bichos   guião de leituraOs bichos   guião de leitura
Os bichos guião de leitura
 
Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torga
 
Bichos - Miguel Torga
Bichos - Miguel TorgaBichos - Miguel Torga
Bichos - Miguel Torga
 
Trabalho portugues miguel torga
Trabalho portugues miguel torgaTrabalho portugues miguel torga
Trabalho portugues miguel torga
 
Vida e obra de miguel torga
Vida e obra de miguel torga Vida e obra de miguel torga
Vida e obra de miguel torga
 
Ficha de leitura5
Ficha de leitura5Ficha de leitura5
Ficha de leitura5
 
Guiao bichos torga
Guiao bichos torgaGuiao bichos torga
Guiao bichos torga
 
Trabalho de portugues
Trabalho de portuguesTrabalho de portugues
Trabalho de portugues
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - Poemas
 
Os ninhos
Os ninhosOs ninhos
Os ninhos
 
Miguel torga - eliana e joana
Miguel torga - eliana e joanaMiguel torga - eliana e joana
Miguel torga - eliana e joana
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel torga gf
Miguel torga gfMiguel torga gf
Miguel torga gf
 
Sísifo- Miguel Torga
Sísifo- Miguel TorgaSísifo- Miguel Torga
Sísifo- Miguel Torga
 
O Castelo de Faria
O Castelo de FariaO Castelo de Faria
O Castelo de Faria
 
Texto poético
Texto poéticoTexto poético
Texto poético
 

Semelhante a Miguel Torga

Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torgaliofer21
 
Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torgaatilahab
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel TorgaSilvares
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torgablogos
 
Miguel Torga Gf
Miguel Torga GfMiguel Torga Gf
Miguel Torga GfHelena
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torgafrutinha
 
Biogrfia de saramago preparada para pdf.
Biogrfia de saramago preparada para pdf.Biogrfia de saramago preparada para pdf.
Biogrfia de saramago preparada para pdf.stcnsaidjv
 
Trabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintana
Trabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintanaTrabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintana
Trabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintanaRosário Cunha
 
Biografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castroBiografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castroJoão Miguel Silva
 
Biografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castroBiografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castroJoão Miguel Silva
 

Semelhante a Miguel Torga (20)

Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torga
 
Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torga
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torga
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel torga gf
Miguel torga gfMiguel torga gf
Miguel torga gf
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Miguel Torga Gf
Miguel Torga GfMiguel Torga Gf
Miguel Torga Gf
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Biogrfia de saramago preparada para pdf.
Biogrfia de saramago preparada para pdf.Biogrfia de saramago preparada para pdf.
Biogrfia de saramago preparada para pdf.
 
Trabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintana
Trabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintanaTrabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintana
Trabalho dos poetas do sec.xx 1 miguel torga e mário quintana
 
Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torga
 
Vida e obra de miguel torga
Vida e obra de miguel torga Vida e obra de miguel torga
Vida e obra de miguel torga
 
Biografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castroBiografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castro
 
Biografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castroBiografia cronologica de ferreira de castro
Biografia cronologica de ferreira de castro
 

Último

ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxlvaroSantos51
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1Michycau1
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 

Último (20)

CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 

Miguel Torga

  • 1. Trabalho realizado por: José Marques nº 11 Tiago Pinto nº 24
  • 2. Escritor português natural, de São Martinho de Anta, Vila Real. Proveniente de uma família Real. humilde. humilde. Após uma breve passagem pelo seminário de Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil. Brasil. De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o 1925, ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina, que terminou em 1933. 1933.
  • 3. Exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em outras localidades do país, fixando-se definitivamente em fixando- Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941. Ligado inicialmente ao grupo da revista Presença, dele se desligou em 1930, fundando nesse mesmo ano, com Branquinho da Fonseca (outro dissidente), a Sinal, de que sairia apenas um número. Em 1936, lançou outra revista, Manifesto, também de duração breve. A sua saída da Presença reflecte uma característica fundamental da sua personalidade literária, uma individualidade veemente e intransigente, que o manteve afastado, por toda a vida, de escolas literárias e mesmo do contacto com os círculos culturais do meio português
  • 4. A esta intensa consciência individual aliou-se, no entanto, aliou- uma profunda afirmação da sua pertença à natureza humana, com que se solidariza na oposição a todas as forças que oprimam a energia viva e a dignidade do homem, sejam elas as tiranias políticas ou o próprio Deus. Miguel Torga, tendo como homem a experiência dos sofrimentos da emigração e da vida rural, do contacto com as misérias e com a morte, tornou-se o poeta do mundo rural, das forças tornou- telúricas, ancestrais, que animam o instinto humano na sua luta dramática contra as leis que o aprisionam. Nessa revolta consiste a missão do poeta, que se afirma tanto na violência com que acusa a tirania divina e terrestre, como na ternura franciscana que estende, de forma vibrante, a todas as criaturas no seu sofrimento.
  • 5. Mas essa revolta, por outro lado, não corresponde a uma arreligiosidade ou recusa da transcendência. A sua obra, recheada de simbologia bíblica, encontra-se, antes, encontra- imersa num sentido divino que transfigura a natureza e dignifica o homem no seu desafio ou no seu desprezo face ao divino. A ligação à terra, à região natal, a Portugal, à própria Península Ibérica e às suas gentes, é outra constante dos textos do autor. Ela justifica o profundo conhecimento que Torga procurou ter de Portugal e de Espanha, unidos no conceito de uma Ibéria comum, pela rudeza e pobreza dos seus meios naturais, pelo movimento de expansão e opressões da história, e por certas características humanas definidoras da sua personalidade. A intervenção cívica de Miguel Torga, na oposição ao Estado Novo e na denúncia dos crimes da guerra civil espanhola e de Franco, valeu-lhe a valeu- apreensão de algumas das suas obras pela censura e, mesmo, a prisão pela polícia política portuguesa.
  • 6. Contista exímio, romancista, ensaísta, dramaturgo, autor de mais de 50 obras publicadas desde os 21 anos, estreou-se em 1928 com o volume de estreou- poesia Ansiedade. Também em poesia, publicou, entre outras obras, Rampa (1930), O Outro Livro de Job (1936), Lamentação (1943), Nihil Sibi (1948), Cântico do Homem (1950), Alguns Poemas Ibéricos (1952), Penas do Purgatório (1954) e Orfeu Rebelde (1958). Na ficção em prosa, escreveu Pão Ázimo (1931), Criação do Mundo. Os Dois Primeiros Dias (1937, obra de fundo autobiográfico, continuada em O Terceiro Dia da Criação do Mundo, 1938, O Quarto Dia da Criação do Mundo, 1939, O Quinto Dia da Criação do Mundo, 1974, e O Sexto Dia da Criação do Mundo, 1981), Bichos (1940), Contos da Montanha (1941), O Senhor Ventura (1943, romance), Novos Contos da Montanha (1944), Vindima (1945) e Fogo Preso (1976). É ainda autor de peças de teatro (Terra Firme e Mar, 1941; O Paraíso, 1949; e Sinfonia, poema dramático, 1947) de volumes de impressões de viagens (Portugal, 1950; Traço de União, 1955) e de um Diário em dezasseis volumes, publicado entre 1941 e 1994.
  • 7. Notável pela sua técnica narrativa no conto, pela expressividade da sua linguagem, frequentemente de cunho popular, mas de uma força clássica, fruto de um trabalho intenso da palavra, conseguiu conferir aos seus textos um ritmo vigoroso e original, a que associa uma imagística extremamente sugestiva e viva. Várias vezes premiado, nacional e internacionalmente, foram-lhe foram- atribuídos, entre outros, o prémio Diário de Notícias (1969), o Prémio Internacional de Poesia (1977), o prémio Montaigne (1981), o prémio Camões (1989), o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992) e o Prémio da Crítica, consagrando a sua obra (1993). Em 2000, é publicado Poesia Completa Em 17 de Janeiro morreu o poeta Miguel Torga. Repousa, sob uma única laje, em campa rasa no cemitério de S. Martinho de Anta.
  • 8. Em poesia, publicou, entre outras obras: Rampa (1930) O Outro Livro de Job (1936) Lamentação (1943) Nihil Sibi (1948) Cântico do Homem (1950) Alguns Poemas Ibéricos (1952) Penas do Purgatório (1954) Orfeu Rebelde (1958).
  • 9. Sei um ninho. E o ninho tem um ovo. E o ovo, redondinho, Tem lá dentro um passarinho Novo. Mas escusam de me atentar: Nem o tiro, nem o ensino. Quero ser um bom menino E guardar Este segredo comigo. E ter depois um amigo Que faça o pino A voar...
  • 10. Há muito tempo já que não escrevo um poema De amor. E é o que eu sei fazer com mais delicadeza! A nossa natureza Lusitana Tem essa humana Graça Feiticeira De tornar de cristal A mais sentimental E baça Bebedeira. Mas ou seja que vou envelhecendo E ninguém me deseje apaixonado, Ou que a antiga paixão Me mantenha calado O coração Num íntimo pudor, --- Há muito tempo já que não escrevo um poema De amor
  • 11. Não são pepitas de oiro que procuro. Oiro dentro de mim, terra singela! Busco apenas aquela Universal riqueza Do homem que revolve a solidão: O tesoiro sagrado De nenhuma certeza, Soterrado Por mil certezas de aluvião. Cavo, Lavo, Peneiro, Mas só quero a fortuna De me encontrar. Poeta antes dos versos E sede antes da fonte. Puro como um deserto. Inteiramente nu e descoberto.
  • 12. O que é bonito neste mundo, e anima, É ver que na vindima De cada sonho Fica a cepa a sonhar outra aventura... E que a doçura Que se não prova Se transfigura Numa doçura Muito mais pura E muito mais nova...
  • 13. Ariane é um navio. Tem mastros, velas e bandeira à proa, E chegou num dia branco, frio, A este rio Tejo de Lisboa. Carregado de Sonho, fundeou Dentro da claridade destas grades... Cisne de todos, que se foi, voltou Só para os olhos de quem tem saudades... Foram duas fragatas ver quem era Um tal milagre assim: era um navio Que se balança ali à minha espera Entre as gaivotas que se dão no rio. Mas eu é que não pude ainda por meus passos Sair desta prisão em corpo inteiro, E levantar âncora, e cair nos braços De Ariane, o veleiro. Ariane,
  • 14. Deixem passar quem vai na sua estrada. Deixem passar Quem vai cheio de noite e de luar. Deixem passar e não lhe digam nada Deixem, que vai apenas Beber água de sonho a qualquer fonte; Ou colher açucenas A um jardim que ele lá sabe, ali defronte. Vem da terra de todos, onde mora E onde volta depois de amanhecer. Deixem- Deixem-no pois passar, agora Que vai cheio de noite e solidão Que vai ser uma estrela no chão.