O documento discute a literatura brasileira do período pré-modernista, mencionando autores como Monteiro Lobato, Graça Aranha e Lima Barreto. Também aborda o romance Os Sertões de Euclides da Cunha, que retrata a vida no sertão nordestino e antecipa temas da prosa regionalista modernista.
6. Novas perspectivas estéticas técnicas e industriais.
Novos conhecimentos decisivos nas ciências naturais e humanas.
A teoria da relatividade- Einstein.
A psicanálise de Freud.
O descobrimento do raio X, Röentgen.
Destruição do puramente visível.
A nova geração criticava duramente o Realismo superficial dos Impressionistas.
Olhar por de trás da aparência das coisas.
Desenhar uma imagem mais verídica do mundo.
Necessitavam de uma nova linguagem pictórica.
7. Brasil da virada do século XIX
O contexto socioeconômico: entre o fanatismo e um cangaço
que crescia no país.
A literatura do verdadeiro “Brasil”.
Os poetas e escritores enfrentam o desafio de construir uma
Literatura sintonizada com o momento.
Principais autores:
Graça Aranha
Monteiro Lobato
Lima Barreto
Augusto dos Anjos
8. Difícil será traçar um panorama estético que os englobe, de tal maneira que se
possa afirmar que constituíram uma escola literária.
Confusão de estilos: Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo.
Segundo Bosi , creio que se pode chamar de pré-modernismo ( no sentimento
forte de premonição dos temas vivos em 22) tudo o que, nas primeiras décadas
realidade o século, problematiza a nossa realidade social e cultural.
Faz surgir obras em que há a convivência de aspectos associados a diferentes
tendências.
Outro fator transformador do cenário social brasileiro – chegada de um grande
número de imigrantes.
As obras produzidas neste período também inovam no que diz respeito à
aproximação entre o momento histórico vivido e a trama desenvolvida nos
romances.
11. OS SERTÕES
Livro posto entre a literatura e a sociologia naturalista. Os Sertões
assinalam um fim e um começo: o fim do imperialismo literário, o
começo da análise científica aplicada aos aspectos mais
importantes da sociedade brasileira ( no caso, as contradições
contidas na diferença de cultura entre as regiões litorâneas e o
interior).
Candido, A. Literatura e sociedade. 8.ed.
São Paulo: T. A. Queiroz, 2000
O livro de difícil classificação, apresentando características de
tratado científico - páginas dedicadas à análise das
características do solo do sertão nordestino.
12. Investigação socioantropológica – apresentação do sertanejo ou explicar a gênese de
Antônio Conselheiro como um líder messiânico.
Matéria jornalística – registro dos embates entre as tropas oficiais e os revoltosos .
Texto literário - captando, em suas descrições, a sinceridade da alma simples e leal do
sertanejo, pronto para seguir um líder e a morrer combatendo ao seu lado.
O livro apresenta uma clara visão determinista, que o liga ao naturalismo e à visão do
ser humano como produto do meio em que vive.
O determinismo na obra ganha fortes contornos regionalistas e sua obra antecipa, três
décadas, aquela que será a linha mestra da prosa de ficção da segunda geração
modernista.
O romance regionalista, que irá desvendar as características da vida no Nordeste
brasileiro.
A obra é dividida em três partes.
13. A TERRA – primeira parte; nela o autor dedica-se à apresentação
minuciosa das características do sertão nordestino, com informações
sobre o clima, a composição do solo, o relevo, a vegetação, e acaba por
constatar a dificuldade de vida no lugar.
O HOMEM – segunda parte; retrato do habitante da região,
apresentação de Antônio Conselheiro e análise de sua transformação
em líder messiânico de uma população miserável e inculta.
A LUTA – terceira e última parte; narração com precisão cada um dos
embates entre soldados das tropas oficiais e os seguidores de
Conselheiro. O livro termina com a descrição da queda do Arraial de
Canudos.
14.
15.
16. O gaúcho
O gaúcho, o pealador valente, é, certo, inimitável, numa carga guerreira;
precipitando-se, ao ressoar estrídulo dos clarins vibrantes, pelos pampas,
com o conto da lança enristada, firme no estribo; atufando-se loucamente
nos entreveros; desaparecendo, com um grito triunfal, na voragem do
combate, onde espadanam cintilações de espadas; transmudando o cavalo
em projétil e varanda quadrados e levando de rojo o adversário no rompão
das ferraduras, ou tombando, prestes, na luta, em que entra com
despreocupação soberana pela vida
17. O jagunço
O jagunço é menos teatralmente heróico; é mais tenaz; é mais resistente; é mais
perigoso; é mais forte; é mais duro.Raro assume esta feição romanesca e
gloriosa. Procura o adversário com o propósito firme de o destruir, seja como for.
Está afeiçoado aos prélios obscuros e longos, sem expansões entusiásticas. A
sua vida é uma conquista arduamente feita, em faina diuturna. Guarda-a como
capital precioso. Não esperdiça a mais ligeira contração muscular, a mais leve
vibração nervosa sem a certeza do resultado. Calcula friamente o pugilato. Ao
"riscar da faca" não dá um golpe em falso. Ao apontar a lazarina longa ou o
trabuco pesado, dorme na pontaria. . .
Se, ineficaz o arremesso fulminante, contrário enterreirado não baqueia, o
gaúcho, vencido ou pulseado, é fragílimo nas aperturas de uma situação inferior
ou indecisa.
O jagunço, não. Recua. Mas, no recuar é mais temeroso ainda. É um negacear
demoníaco.
O adversário tem, daquela hora em diante, visando-o pelo cano da espingarda,
um ódio inextinguível, oculto no sombreado das tocaias...
18. Os vaqueiros
Esta oposição de caracteres acentua-se nas quadras normais.
Assim todo sertanejo é vaqueiro. À parte a agricultura
rudimentar das plantações da vazante pela beira dos rios, para a
aquisição de cereais de primeira necessidade, a criação de gado
é, ali, a sorte de trabalho menos impropriada ao homem e à terra.
Entretanto não há vislumbrar nas fazendas do sertão a azáfama
festiva das estâncias do Sul
19. Os vaqueiros
Esta oposição de caracteres acentua-se nas quadras normais.
Assim todo sertanejo é vaqueiro. À parte a agricultura rudimentar
das plantações da
vazante pela beira dos rios, para a aquisição de cereais de primeira
necessidade, a criação de
gado é, ali, a sorte de trabalho menos impropriada ao homem e à
terra.
Entretanto não há vislumbrar nas fazendas do sertão a azáfama
festiva das estâncias do Sul
20. "Parar o rodeio" é para o gaúcho uma festa diária, de que as cavalhadas
espetaculosas são ampliações apenas. No âmbito estreito das
mangueiras ou em pleno campo, ajuntando o gado costeado ou
encalçando os bois esquivos pelas sangas e banhados, os pealadores,
capatazes e peões, preando à ilhapa dos laços o potro bravio, ou
fazendo tombar, fulminado pelas bolas silvantes, o touro alçado, nas
evoluções rápidas das carreiras, como se tirassem "argolinhas",
seguem no alarido e na alacridade de uma diversão tumultuosa. Nos
trabalhos mais calmos, quando nos rodeios marcam o gado, curam-lhe
as feridas, apartam os que se destinam às charqueadas, separam os
novilhos tambeiros ou escolhem os baguais condenados às chilenas
do domador — o mesmo fogo, que encandesce as marcas, dá as
brasas para os ágapes rudes
de assados com couro ou ferve a água para o chimarrão amargo.
Decorre-lhes a vida variada e farta.