O documento resume a obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha sobre a Guerra de Canudos na Bahia no século 19. A obra é dividida em três partes: a primeira descreve a paisagem árida do sertão, a segunda trata das tradições dos vaqueiros, e a terceira narra a descoberta do cadáver decomposto do líder religioso Antonio Conselheiro após a batalha.
2. EUCLIDES DA CUNHA
• (1866-1909)
• Nasceu em Cantalago, Rio de Janeiro.
• Foi escritor, jornalista, professor.
• Foi enviado como correspondente ao sertão da Bahia
para cobrir a guerra de canudos.
• Seu livro, “os sertões” representou uma das principais
obras do pré-modernismo
3. A OBRA: “OS SERTÕES”
• Publicada em 1902 (início do pré-
modernismo)
• A obra é traz como cenário a guerra de
canudos, na Bahia.
• Dentre as características encontradas na
obra, destaca-se o nacionalismo.
• A obra é dividida em três partes: A terra, o
homem, a luta.
4. 1º PARTE: A TERRA
As caatingas
Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.
Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas.Ao
passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e
não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e
desdobra-se-lhe na frente léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e
secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando
um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante.
Embora esta não tenha as espécies reduzidas dos desertos – mimosas tolhiças ou eufórbias ásperas sobre o
tapete de gramíneas murchas – e se afigure farta de vegetais distintos, as suas árvores, vistas em conjunto,
semelham uma só família de poucos gêneros, quase reduzida a uma espécie invariável, divergindo apenas no
tamanho, tendo todas a mesma conformação, a mesma aparência de vegetais morrendo, quase sem troncos,
em esgalhos logo ao irromper do chão.”
CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Francisco Alves/Publifolha, 2000. p. 37-8.
5. 2º PARTE: O HOMEM.
Tradições
“Volvem os vaqueiros ao pouso e ali, nas redes bamboantes, relatando as peripécias da
vaquejada ou famosas aventuras de feira, passam as horas matando, na significação
completa do termo, o tempo, e desalterando-se com a umbuzada saborosíssima, ou
merendando a iguaria incomparável de jerimum com leite.”
6. 3º PARTE: A LUTA
O cadáver de conselheiro
Antes, no amanhecer daquele dia, comissão adrede
escolhida descobrira o cadáver de Antônio
Conselheiro.
Jazia num dos casebres anexos à latada, e foi
encontrado graças à indicação de um prisioneiro.
Removida breve camada de terra, apareceu no
triste sudário de um lençol imundo, em que mãos
piedosas haviam desparzido algumas flores
murchas, e repousando sobre uma esteira velha, de
tábua, o corpo do “famigerado e bárbaro” agitador.
Estava hediondo. Envolto no velho hábito azul de
brim americano, mãos cruzadas ao peito, rosto
tumefato, e esquálido, olhos fundos cheios de terra
— mal o reconheceram os que mais de perto o
haviam tratado durante a vida.