SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 56
Contexto histórico e cultural
   Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra
    Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um
    novo período de sua história republicana: com a posse
    do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente
    civil, inicia-se a "República do café-com-leite", dos
    grandes proprietários rurais, em substituição a
    "República da Espada" (governos do marechal Deodoro
    e do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira
    no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes
    levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o
    esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; é o
    surto de urbanização de São Paulo.
Mais história...
    Mas toda esta prosperidade vem deixar cada
    vez mais claros os fortes contrastes da
    realidade brasileira. É, também, o tempo de
    agitações sociais. Do abandono do Nordeste
    partem os primeiros gritos da revolta. Em fins
    do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de
    Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da
    Cunha; nos primeiros anos do século XX, o
    Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura
    central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço";
    em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço,
    com a figura lendária de Lampião.
...
   O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida, mais intensa
    revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a
    vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade,
    tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o
    desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra
    importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por João
    Cândido, o "almirante negro", contra o castigo corporal,
    conhecida como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em
    São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista,
    iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de
    trabalho.
     Essas agitações são sintomas de crise na "República do café-
    com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920,
    servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da
    Arte Moderna.
Cangaço
Construir uma Literatura em
sintonia com os acontecimentos
   As primeiras décadas do Séc. XX, trouxeram ao
    público obras de grande valor literário e social.
   Difícil traçar um panorama estético que englobe
    todos os autores que escreveram nesta época.
   Outra característica importante: Nas obras é
    possível reconhecer traços de algumas escolas
    literárias do final do Séc. XIX.
   Essa época não constitui nenhuma escola literária
    e sim um período de transição!
Pré Modernismo
   Autores:               Início – 1902 –
   Euclides da Cunha       Publicação de “Os
   Monteiro Lobato         sertões” de Euclides
                            da Cunha.
   Lima Barreto
                           Término – 1922 –
   Graça Aranha            Semana de Arte
   Augusto dos Anjos       Moderna
Estilos e Objetivos distintos
   O primeiro traço de união que surge, entre os pré
    modernos, é o de procurar criar um Brasil
    “literário” que corresponda ao país real,
    abandonando as visões particularizadas da elite e
    dos grandes centros urbanos.
   Aproximam o momento histórico vivido e a trama
    desenvolvida nos romances.
   Linguagem se modifica, torna-se mais direta, mais
    objetiva, mais próxima da linguagem característica
    do texto jornalístico.
Das Primeiras obras Publicadas
               surgem:
 Tendências que serão como bandeiras para
  os Modernistas:
 A dessacralização do texto literário
 Utilização de um português mais brasileiro
 Crítica à realidade social e econômica
  contemporânea
 Enfim, a constituição de uma literatura que
  retrata verdadeiramente o Brasil.
Euclides da Cunha
   Publicou “os Sertões”, em
    que retrata o conflito entre
    os seguidores do líder
    messiânico Antônio
    Conselheiro e as forças do
    exército brasileiro.
   Naturalismo,
    Determinismo;
   Mais tarde caráter
    aprofundado pela segunda
    geração – Regionalismo;
   A terra – O homem – A
    luta.
Primeiras impressões

É uma paragem impressionadora. As condições estruturais da terra lá se
vincularam à violência máxima dos agentes exteriores para o desenho de
relevos estupendos. O regime torrencial dos climas excessivos, sobrevindo,
de súbito, depois das insolações demoradas, e embatendo naqueles pendores,
expôs há muito, arrebatando-lhes para longe todos os elementos degradados,
as séries mais antigas daqueles últimos rebentos das montanhas: todas as
variedades cristalinas, e os quartzitos ásperos, e as fílades e calcários,
revezando-se ou entrelaçando-se, repontando duramente a cada passo, mal
cobertos por uma flora tolhiça — dispondo-se em cenários em que ressalta
predominante, o aspecto atormentado das paisagens.
Porque o que estas denunciam — no enterroado do chão, no desmantelo dos
cerros quase desnudos, no contorcido dos leitos secos dos ribeirões
efêmeros, no constrito das gargantas e no quase convulsivo de uma flora
decídua embaralhada em esgalhos — é de algum modo o martírio da terra,
brutalmente golpeada pelos elementos variáveis, distribuídos por todas as
modalidades climáticas
Lima Barreto
   A inovação se dará por sua
    preocupação de traçar, de forma
    bastante fiel, quadros que
    retratem a vida cotidiana nos
    subúrbios do Rio de Janeiro.
   Em seus romances
    acompanharemos:
   O dia-a-dia do funcionário
    público
   Moças que esperam
    pacientemente a hora do
    casamento
   Mulatos perseguidos pelo
    preconceito social
Triste fim de Policarpo Quaresma
   Embate entre o real e
    o ideal.
   Amar a pátria não
    significa apenas
    mantê-la como objeto
    de adoração.
   Ser patriota é conhecer
    as condições do país e
    tentar melhorá-lo.      Apostila pág. 21-22
Monteiro Lobato
   Denunciar a decadência do povo do interior,
    principalmente com o declínio do cultivo de café
    na região do Vale da Paraíba.
   Jeca Tatu, personagem marginalizada, caboclo
    ignorante, medíocre;
   O Brasil está cheio de Jecas Tatus.
   Depois o autor chega a conclusão que é o sistema
    que remete o povo a esse modo de existência.
Augusto dos Anjos
   Desde 1900 aparecem
    poemas de Augusto dos
    Anjos publicados em
    jornais e almanaques.
   De definição literária
    complexa, pode-se notar
    forte influência
    simbolista.
   Seus poemas serão, mais
    tarde, publicados em seu
    único livro, denominado
    “Eu”.
Tendência pré modernista
   Gosto pelas imagens            Objeto dos poemas;
    fortes e pela construção
    formal deixam claro sua
                                   Divagações
    ligação com o                   metafísicas;
    simbolismo;                    Vocabulário
   O que o diferencia de           cientificamente
    qualquer outra escola           calculado;
    literária e que o faz ser
    associado às novas
    tendências é:
Augusto dos Anjos
   Junção de todas as
    tendências e de outras
    mais vindas da ciência
    que tanto o
    apaixonava.
Versos Íntimos
   Vês! Ninguém assistiu ao formidável
    Enterro de tua última quimera.               Olhar pessimista
    Somente a Ingratidão - esta pantera -
    Foi tua companheira inseparável!             Desilusão e abandono
   Acostuma-te à lama que te espera!
    O Homem, que, nesta terra miserável,
                                                  acompanham o eu
    Mora, entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera.               lírico
   Toma um fósforo. Acende teu cigarro!         O ser humano está
    O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
    A mão que afaga é a mesma que
    apedreja.
                                                  fadado à solidão
   Se a alguém causa inda pena a tua
    chaga,
    Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija!
Contexto Histórico
   A primeira fase do            Em termos econômicos, o
    Modernismo no Brasil           mundo encaminhava-se
    estende-se de 1922 a           para um colapso,
    1930. Período em que o         concretizado pela quebra
                                   da bolsa de Nova Iorque,
    Brasil vive o fim da           em 1929. O Brasil, que
    chamada República velha,       dependia em grande parte
    quando as oligarquias          das exportações de café,
    ligadas aos grandes            sofreu um duro golpe com
    proprietários rurais           a quebra da bolsa e passou
    detinham o poder.              a vivenciar um período de
                                   grande instabilidade
                                   econômica.
A semana de Arte Moderna
   Em 1917, Anita
    Malfatti realizou uma
    exposição de quadros.
   Monteiro Lobato, que
    assistiu a exposição,
    publicou um polêmico
    texto: Paranóia ou
    mistificação?
   No Estado de São
    Paulo
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente
as coisas e em consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos
ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os
processos clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se
tem gênio, é Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na
Holanda, é Rubens na Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na
Alemanha, é Iorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se
tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em
torno daqueles sóis imorredouros. A outra espécie é formada pelos que
vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias
efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá
como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do
sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de
estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante,
as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas
do esquecimento. Embora eles se dêem como novos precursores duma
arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica:
nasceu com a paranóia e com a mistificação. De há muito já que a
estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros
desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. A única
diferença reside em que nos manicômios esta arte é sincera, produto
ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e fora
deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e absorvidas
por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma
lógica, sendo mistificação pura.
Contra-ataque!
   O grupo modernista
    decide, em razão do
    ataque sofrido, unir-se
    em torno de objetivos
    comuns, em uma
    tentativa de tornar
    mais visível para a
    opinião pública as
    novas tendências
    artísticas européias.
Ano de 1922 – dias 13, 15 e 17
            de fevereiro
   No Teatro municipal
    de São Paulo, em noite
    de gala, seriam
    realizados os eventos
    da Semana de Arte
    Moderna!!
Os sapos – Manoel Bandeira
   Enfunando os sapos,                             Urra o sapo-boi:
    saem da penumbra,                                - Meu pai foi rei! - Foi!
    Aos pulos, os sapos                              - Não foi! - Foi! - Não foi!
    A luz os deslumbra. Em ronco que aterra,        Brada era um assomo
    Borra o sapo-boi:
    Meu pai foi à guerra!                            O sapo tanoeiro
    Não foi! - Foi! - Não Foi! O sapo-tanoeiro       A grande arte é como lavor de joalheiro
    Parnasiano aguado,                               Outros, sapos-pipas
    Diz: -Meu cancioneiro é bem martelado. O         (Um mal cabe em si)
    meu verso é bom                                  Falam pelas tripas
    Frumento sem joio                                - Sei! - Não sabe! - Sabe! Longe dessa grita,
    Faço rimas com
    Consoantes de apoio. Vai por cinqüenta           Lá onde mais densa
    anos
                                                     A noite infinita
    Que lhes dei a forma:
    Reduzi sem danos                                 Verte a sombra imensa
    A formas e a forma.                              Lá, fugido ao mundo,
   Clame a saparia                                  Sem glória, sem fé,
    Em críticas céticas:                             No perau profundo
    Não há mais poesia,                              E solitário, é Que soluças tu,
    Mas há artes poéticas...                         Transido de frio
                                                     Sapo-cururu
                                                     Da beira do rio..."
Resultado Positivo!!!
   Embora causassem
    escândalo, os modernistas
    se fizeram notar!
    Deixaram claro que não
    tinham apenas intenções
    artísticas, mas um
    conjunto de obras em que
    as novas propostas eram
    concretizadas,
    demonstrando a
    viabilidade dos novos
    rumos estéticos.
Revistas e Manifestos
   Revistas: era criado      Manifestos:
    espaço para as             funcionavam como
    divulgações das            espaço de definição e
    produções literárias       divulgação dos
    inspiradas pela nova       próprios princípios
    visão artística.           modernistas.
Klaxon
   O primeiro número da
    revista foi aberto por um
    editorial manifesto:
   A busca do atual
   O culto ao progresso
   Afirmação de que arte não
    é cópia da realidade
   Incorporação de novas
    formas artísticas, como o
    cinema.
Revista de Antropofagia
   Como conciliar o direito à inovação estética com o
    peso da tradição?
   Como estabelecer o limite entre o regional, o
    nacional e o universal?
   O objetivo dos antropófagos era de promover uma
    nova agitação cultural, de modo a manter acesas as
    inquietações estéticas e culturais que deram
    origem ao Modernismo Brasileiro, que nos
    últimos anos assumira uma face bem acomodada.
Outras Revistas

 Estética, 1924.
 A revista, 1925-1926.
 Terra Roxa e Outras Terras, 1926.
 Verde, 1927.
Manifesto Pau-Brasil – Oswald
             de Andrade
   No manifesto, Oswald           Fazer uso da língua sem
    ironiza e critica a visão       preconceitos, tal qual se
    “oficial” da história           manifesta na fala popular
    brasileira.                    “a contribuição milionária
   Contrapondo a uma visão         de todos os erros”.
    parótica e bem humorada.       Recuperação do passado
   Princípios do primeiro          histórico sob uma
    momento da literatura           perspectiva crítica.
    modernista:
   “Ver com olhos livres”.
Manifesto Antropófago
   Oswald de Andrade,          Valendo da antropofagia
                                 como metáfora do que
    lança esse manifesto         deveria ser culturalmente
    como resposta ao             repudiado, assimilado e
    nacionalismo do              superado para que
    Grupo da Anta,               alcançássemos uma
                                 verdadeira independência
    movimento                    cultural. O escritor
    conservador,                 sintetiza as conquistas do
    associado ao fascismo.       movimento modernista ao
                                 mesmo tempo que lança
                                 um lema para os tempos
                                 futuros:
Tupy or not Tupy that is the
               question.
   Assumindo um tom
    contestador e anarquista,
    Oswald propõe, no
    “Manifesto Antropófago”,
    o caminho contrário ao
    das correntes nacionalistas
    que defendiam a
    idealização de um estado
    forte.
Postura Nacionalista apresenta
       duas vertentes distintas:
   de um lado, um             de outro, um
    nacionalismo crítico,       nacionalismo
    consciente, de              ufanista, utópico,
    denúncia da realidade       exagerado,
    brasileira,                 identificado com as
    politicamente               correntes políticas de
    identificado com as         extrema direita.
    esquerdas;
Características Literárias
   A primeira fase do              Negação do passado;
    modernismo, marcada             Eleição do moderno como
    pelo signo de                    um valor em si mesmo;
    transformação, ficou            Valorização do cotidiano;
    conhecida como fase
    “heróica” ou de                 Nacionalismo;
    destruição. Tal designação      Redescoberta da realidade
    deveu-se, em grande parte,       brasileira;
    à opção pelo rompimento         Desejo de liberdade no
    com o passado, postura           uso das estruturas da
    vista por muitos como            língua;
    anárquica e destruidora.        Predominância da poesia
                                     sobre a prosa;
Poemas-piadas e paródias
    Canto de regresso à pátria          Canção do exílio
   Oswald de Andrade                   Gonçalves Dias
                                      Minha terra tem palmeiras,
    Minha terra tem palmares            Onde canta o Sabiá;
    Onde gorjeia o mar                  As aves, que aqui gorjeiam,
    Os passarinhos daqui                Não gorjeiam como lá.
    Não cantam como os de lá
                           lá          Nosso céu tem mais estrelas,
                                        Nossas várzeas têm mais flores,
    Minha terra tem mais rosas          Nossos bosques têm mais vida,
                                        Nossa vida mais amores.
    E quase que mais amores
    Minha terra tem mais ouro
                                       Em cismar, sozinho, à noite,
                                        Mais prazer eu encontro lá;
    Minha terra tem mais terra
                                        Minha terra tem palmeiras,
                                        Onde canta o Sabiá.
    Ouro terra amor e rosas            Minha terra tem primores,
    Eu quero tudo de lá
                     lá                 Que tais não encontro eu cá;
    Não permita Deus que eu morra       Em cismar –sozinho, à noite–
    Sem que volte para lá
                        lá              Mais prazer eu encontro lá;
                                        Minha terra tem palmeiras,
    Não permita Deus que eu morra       Onde canta o Sabiá.
    Sem que volte pra São Paulo        Não permita Deus que eu morra,
    Sem que veja a Rua 15               Sem que eu volte para lá;
    E o progresso de São Paulo          Sem que disfrute os primores
                                        Que não encontro por cá;
                                        Sem qu'inda aviste as palmeiras,
                                        Onde canta o Sabiá.
Oswald de Andrade
   A obra de Oswald de
    Andrade talvez seja a
    única a reunir todas as
    características que
    marcaram a primeira fase
    do Modernismo. Ele
    escreveu poesia, romance,
    teatro, crítica e, em todos
    os gêneros, deixou patente
    sua vocação para
    transgredir, quebrar
    expectativas, polemizar.
Revolucionou!
                                Pero Vaz de Caminha
   Transformação de
    textos do período           A DESCOBERTA
    colonial em poemas         Seguimos nosso caminho por
                                este mar de longo
    que assumem uma             Até a oitava da Páscoa
    conotação crítica da        Topamos aves
                                E houvemos vista de terra
    história “oficial” do      OS SELVAGENS
    Brasil.                    Mostraram-lhes uma galinha
                                Quase haviam medo dela
                                E não queriam pôr a mão
                                E depois a tomaram como
                                espantados
Prosa
   Os romances escritos por Oswald de
    Andrade trouxeram para a Literatura
    Brasileira uma estrutura inovadora. Os
    capítulos curtos emprestam à narrativa
    características da linguagem
    cinematográfica, como uma sequência de
    cenas encadeadas de um imenso mosaico
    em que a realidade nacional é flagrada em
    flashes rápidos.
Mário de Andrade
   Escreveu poesia, prosa
    e contos.
   Foi o primeiro que
    escreveu um texto
    teórico, no Brasil,
    sobre a natureza da
    arte contemporânea –
    No prefácio de
    Paulicéia Desvairada.
Poesia
   Encontramos em suas poesias um fluxo de
    lirismo, muitas vezes associado ao
    cotidiano. Além de uma visão crítica da
    elite, e a afirmação da possibilidade de uma
    existência multifacetada (pessoal e
    cultural).
Ode ao Burguês
   Eu insulto o burguês! O burguês-níquel                Eu insulto o burguês-funesto[cruel]!
    o burguês-burguês!                                     O indigesto feijão com toucinho, dono das
    A digestão bem-feita de São Paulo!                     tradições!
    O homem-curva! O homem-nádegas!                        Fora os que algarismam os amanhãs!
                                                           Olha a vida dos nossos setembros!
    O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,       Fará Sol? Choverá? Arlequinal[Arlequim –
    é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!                   palhaço]!
                                                           Mas à chuva dos rosais
                                                           o êxtase fará sempre Sol!
    Eu insulto as aristocracias cautelosas!
    Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques
    zurros!                                               Morte à gordura!
    Que vivem dentro de muros sem pulos,                   Morte às adiposidades cerebrais!
    e gemem sangue de alguns mil-réis fracos               Morte ao burguês-mensal!
    para dizerem que as filhas da senhora falam o          Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!
    francês                                                Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!
    e tocam os "Printemps“[primavera] com as               "— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
    unhas!                                                 — Um colar... — Conto e quinhentos!!!
                                                           Más nós morremos de fome!"


                                                          (...)
Prosa
   Assim como na prosa de Oswald, Mário apresenta
    um questionamento das estruturas típicas do
    romance do século XIX.
   O autor experimenta diferentes organizações para
    a prosa: ora eliminando a marcação de capítulos,
    ora criando um narrador, que embora onisciente,
    atua quase como uma personagem do livro, numa
    linguagem que explicitava a busca do português
    “brasileiro”.
Macunaíma
 Texto responsável pela redefinição do
  “herói” brasileiro.
 A personagem, a cada instante, se
  transforma assumindo as feições das
  diferentes raças que originaram o povo
  brasileiro (índio, negro e europeu).
Manuel Bandeira
   A solidão, as frustrações
    provocadas por uma vida
    limitada pela tuberculose,
    uma ternura imensa e a
    capacidade de perceber o
    lirismo nas pequenas
    coisas da vida, serão as
    marcas características da
    poesia de Manuel
    Bandeira.
Poesias
   Inovação modernista –            Sua história pessoal
    uso de formas livres, tanto       empresta aos poemas
    no que diz respeito a
                                      que escreve uma forte
    métrica, quanto a rima.
                                      consciência da
   Capacidade de ver as
    cenas mais banais do dia-         precariedade da vida.
    a-dia filtradas por lentes
    críticas e de recriá-las
    poeticamente em uma
    linguagem simples.
Poética – pág. 25
   Estou farto do lirismo comedido                  De todo lirismo que capitula ao que
    Do lirismo bem comportado                         quer que seja
    Do lirismo funcionário público com livro de
                 funcioná   pú                        fora de si mesmo
    ponto expediente                                  De resto não é lirismo
    protocolo e manifestações de apreço ao
                  manifestaç       apreç              Será contabilidade tabela de co-
    Sr. diretor.                                      senos secretário do amante
    Estou farto do lirismo que pára e vai
                                pá                    exemplar com cem modelos de
    averiguar no dicionário
                   dicioná                            cartas e as diferentes
    o cunho vernáculo de um vocábulo.
               verná           vocá                   maneiras de agradar às mulheres,
    Abaixo os puristas                                etc
    Todas as palavras sobretudo os                    Quero antes o lirismo dos loucos
    barbarismos universais                            O lirismo dos bêbedos
    Todas as construções sobretudo as
                construç                              O lirismo difícil e pungente dos
    sintaxes de exceção
                  exceç
                                                      bêbedos
    Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
                                    inumerá
                                                      O lirismo dos clowns de
    Estou farto do lirismo namorador
    Político
    Polí
                                                      Shakespeare
    Raquítico
    Raquí
    Sifilítico
    Sifilí
                                                      — Não quero mais saber do lirismo
                                                      que não é libertação.
Momento num café
   Quando o enterro passou
    Os homens que se achavam no café
    Tiraram o chapéu maquinalmente
    Saudavam o morto distraídos
    Estavam todos voltados para a vida
    Absortos na vida
    Confiantes na vida.
    Um no entanto se descobriu num
    gesto largo e demorado
    Olhando o esquife longamente
    Este sabia que a vida é uma
    agitação feroz e sem finalidade
    Que a vida é traição
    E saudava a matéria que passava
    Liberta para sempre da alma extinta
Novo caminho a ser trilhado
   Manuel Bandeira foi o único que conseguiu
    produzir uma poesia que, embora refletindo
    as transformações estéticas do momento,
    transcendeu seus limites históricos e refletiu
    sobre angústias e conflitos de natureza
    universal, como o amor, a paixão pela vida,
    a saudade de uma infância idealizada e o
    medo da morte.
Modernismo
Modernismo

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pre Modernismo by trabalho da hora
Pre Modernismo by trabalho da horaPre Modernismo by trabalho da hora
Pre Modernismo by trabalho da hora
 
Pré modernismo
Pré  modernismoPré  modernismo
Pré modernismo
 
Pré-Modernismo
Pré-ModernismoPré-Modernismo
Pré-Modernismo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Apostila pré modernismo
Apostila pré modernismoApostila pré modernismo
Apostila pré modernismo
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pre modernismo e modernismo
Pre modernismo e modernismoPre modernismo e modernismo
Pre modernismo e modernismo
 
Pré- Modernismo
Pré- ModernismoPré- Modernismo
Pré- Modernismo
 
Pré modernismo walbea
Pré   modernismo walbeaPré   modernismo walbea
Pré modernismo walbea
 
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinPré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
 
A Geração De 30 (Prosa) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 30 (Prosa) - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 30 (Prosa) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 30 (Prosa) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
 
Revisando o pré modernismo
Revisando o pré modernismoRevisando o pré modernismo
Revisando o pré modernismo
 
Literatura do pré modernismo
Literatura do pré modernismoLiteratura do pré modernismo
Literatura do pré modernismo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Zé ramalho
Zé ramalhoZé ramalho
Zé ramalho
 
Pre modernismo-no-brasil
Pre modernismo-no-brasilPre modernismo-no-brasil
Pre modernismo-no-brasil
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pre modernismo
Pre modernismoPre modernismo
Pre modernismo
 

Semelhante a Modernismo

3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasilWilliam Marques
 
Aula 19 pré - modernismo - brasil
Aula 19   pré - modernismo - brasilAula 19   pré - modernismo - brasil
Aula 19 pré - modernismo - brasilJonatas Carlos
 
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptxGabrielLessa19
 
Pre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxPre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxNunaMedeiros
 
Modernismo Segunda Fase Brasil
Modernismo Segunda Fase BrasilModernismo Segunda Fase Brasil
Modernismo Segunda Fase Brasilggmota93
 
Modernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentaçãoModernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentaçãoZenia Ferreira
 
Modernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentaçãoModernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentaçãoZenia Ferreira
 
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentaçãomorgananogueira2
 

Semelhante a Modernismo (20)

Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
 
Aula 19 pré - modernismo - brasil
Aula 19   pré - modernismo - brasilAula 19   pré - modernismo - brasil
Aula 19 pré - modernismo - brasil
 
Pré
PréPré
Pré
 
PRÉ-MODERNISMO.pptx
PRÉ-MODERNISMO.pptxPRÉ-MODERNISMO.pptx
PRÉ-MODERNISMO.pptx
 
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
 
PRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptxPRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptx
 
PRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptxPRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptx
 
O Primeiro Momento Modernista
O Primeiro Momento ModernistaO Primeiro Momento Modernista
O Primeiro Momento Modernista
 
Pre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxPre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptx
 
Prémoderismo
PrémoderismoPrémoderismo
Prémoderismo
 
Pre modernismo
Pre modernismoPre modernismo
Pre modernismo
 
Pre modernismo
Pre modernismoPre modernismo
Pre modernismo
 
Modernismo Segunda Fase Brasil
Modernismo Segunda Fase BrasilModernismo Segunda Fase Brasil
Modernismo Segunda Fase Brasil
 
Vidas secas
Vidas secasVidas secas
Vidas secas
 
Modernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentaçãoModernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentação
 
Modernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentaçãoModernismo 1ª fase apresentação
Modernismo 1ª fase apresentação
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
 

Último

Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 

Último (20)

Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 

Modernismo

  • 1.
  • 2.
  • 3. Contexto histórico e cultural  Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a "República do café-com-leite", dos grandes proprietários rurais, em substituição a "República da Espada" (governos do marechal Deodoro e do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de urbanização de São Paulo.
  • 4. Mais história...  Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste partem os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.
  • 5. ...  O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida, mais intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por João Cândido, o "almirante negro", contra o castigo corporal, conhecida como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.  Essas agitações são sintomas de crise na "República do café- com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna.
  • 7.
  • 8. Construir uma Literatura em sintonia com os acontecimentos  As primeiras décadas do Séc. XX, trouxeram ao público obras de grande valor literário e social.  Difícil traçar um panorama estético que englobe todos os autores que escreveram nesta época.  Outra característica importante: Nas obras é possível reconhecer traços de algumas escolas literárias do final do Séc. XIX.  Essa época não constitui nenhuma escola literária e sim um período de transição!
  • 9. Pré Modernismo  Autores:  Início – 1902 –  Euclides da Cunha Publicação de “Os  Monteiro Lobato sertões” de Euclides da Cunha.  Lima Barreto  Término – 1922 –  Graça Aranha Semana de Arte  Augusto dos Anjos Moderna
  • 10. Estilos e Objetivos distintos  O primeiro traço de união que surge, entre os pré modernos, é o de procurar criar um Brasil “literário” que corresponda ao país real, abandonando as visões particularizadas da elite e dos grandes centros urbanos.  Aproximam o momento histórico vivido e a trama desenvolvida nos romances.  Linguagem se modifica, torna-se mais direta, mais objetiva, mais próxima da linguagem característica do texto jornalístico.
  • 11. Das Primeiras obras Publicadas surgem:  Tendências que serão como bandeiras para os Modernistas:  A dessacralização do texto literário  Utilização de um português mais brasileiro  Crítica à realidade social e econômica contemporânea  Enfim, a constituição de uma literatura que retrata verdadeiramente o Brasil.
  • 12.
  • 13.
  • 14. Euclides da Cunha  Publicou “os Sertões”, em que retrata o conflito entre os seguidores do líder messiânico Antônio Conselheiro e as forças do exército brasileiro.  Naturalismo, Determinismo;  Mais tarde caráter aprofundado pela segunda geração – Regionalismo;  A terra – O homem – A luta.
  • 15. Primeiras impressões É uma paragem impressionadora. As condições estruturais da terra lá se vincularam à violência máxima dos agentes exteriores para o desenho de relevos estupendos. O regime torrencial dos climas excessivos, sobrevindo, de súbito, depois das insolações demoradas, e embatendo naqueles pendores, expôs há muito, arrebatando-lhes para longe todos os elementos degradados, as séries mais antigas daqueles últimos rebentos das montanhas: todas as variedades cristalinas, e os quartzitos ásperos, e as fílades e calcários, revezando-se ou entrelaçando-se, repontando duramente a cada passo, mal cobertos por uma flora tolhiça — dispondo-se em cenários em que ressalta predominante, o aspecto atormentado das paisagens. Porque o que estas denunciam — no enterroado do chão, no desmantelo dos cerros quase desnudos, no contorcido dos leitos secos dos ribeirões efêmeros, no constrito das gargantas e no quase convulsivo de uma flora decídua embaralhada em esgalhos — é de algum modo o martírio da terra, brutalmente golpeada pelos elementos variáveis, distribuídos por todas as modalidades climáticas
  • 16. Lima Barreto  A inovação se dará por sua preocupação de traçar, de forma bastante fiel, quadros que retratem a vida cotidiana nos subúrbios do Rio de Janeiro.  Em seus romances acompanharemos:  O dia-a-dia do funcionário público  Moças que esperam pacientemente a hora do casamento  Mulatos perseguidos pelo preconceito social
  • 17. Triste fim de Policarpo Quaresma  Embate entre o real e o ideal.  Amar a pátria não significa apenas mantê-la como objeto de adoração.  Ser patriota é conhecer as condições do país e tentar melhorá-lo. Apostila pág. 21-22
  • 18. Monteiro Lobato  Denunciar a decadência do povo do interior, principalmente com o declínio do cultivo de café na região do Vale da Paraíba.  Jeca Tatu, personagem marginalizada, caboclo ignorante, medíocre;  O Brasil está cheio de Jecas Tatus.  Depois o autor chega a conclusão que é o sistema que remete o povo a esse modo de existência.
  • 19. Augusto dos Anjos  Desde 1900 aparecem poemas de Augusto dos Anjos publicados em jornais e almanaques.  De definição literária complexa, pode-se notar forte influência simbolista.  Seus poemas serão, mais tarde, publicados em seu único livro, denominado “Eu”.
  • 20. Tendência pré modernista  Gosto pelas imagens  Objeto dos poemas; fortes e pela construção formal deixam claro sua  Divagações ligação com o metafísicas; simbolismo;  Vocabulário  O que o diferencia de cientificamente qualquer outra escola calculado; literária e que o faz ser associado às novas tendências é:
  • 21. Augusto dos Anjos  Junção de todas as tendências e de outras mais vindas da ciência que tanto o apaixonava.
  • 22. Versos Íntimos  Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera.  Olhar pessimista Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável!  Desilusão e abandono  Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, acompanham o eu Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. lírico  Toma um fósforo. Acende teu cigarro!  O ser humano está O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. fadado à solidão  Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
  • 23.
  • 24.
  • 25. Contexto Histórico  A primeira fase do  Em termos econômicos, o Modernismo no Brasil mundo encaminhava-se estende-se de 1922 a para um colapso, 1930. Período em que o concretizado pela quebra da bolsa de Nova Iorque, Brasil vive o fim da em 1929. O Brasil, que chamada República velha, dependia em grande parte quando as oligarquias das exportações de café, ligadas aos grandes sofreu um duro golpe com proprietários rurais a quebra da bolsa e passou detinham o poder. a vivenciar um período de grande instabilidade econômica.
  • 26. A semana de Arte Moderna  Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição de quadros.  Monteiro Lobato, que assistiu a exposição, publicou um polêmico texto: Paranóia ou mistificação?  No Estado de São Paulo
  • 27. Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é Rubens na Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis imorredouros. A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento. Embora eles se dêem como novos precursores duma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranóia e com a mistificação. De há muito já que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. A única diferença reside em que nos manicômios esta arte é sincera, produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e fora deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e absorvidas por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo mistificação pura.
  • 28. Contra-ataque!  O grupo modernista decide, em razão do ataque sofrido, unir-se em torno de objetivos comuns, em uma tentativa de tornar mais visível para a opinião pública as novas tendências artísticas européias.
  • 29. Ano de 1922 – dias 13, 15 e 17 de fevereiro  No Teatro municipal de São Paulo, em noite de gala, seriam realizados os eventos da Semana de Arte Moderna!!
  • 30. Os sapos – Manoel Bandeira  Enfunando os sapos,  Urra o sapo-boi: saem da penumbra, - Meu pai foi rei! - Foi! Aos pulos, os sapos - Não foi! - Foi! - Não foi! A luz os deslumbra. Em ronco que aterra,  Brada era um assomo Borra o sapo-boi: Meu pai foi à guerra! O sapo tanoeiro Não foi! - Foi! - Não Foi! O sapo-tanoeiro A grande arte é como lavor de joalheiro Parnasiano aguado, Outros, sapos-pipas Diz: -Meu cancioneiro é bem martelado. O (Um mal cabe em si) meu verso é bom Falam pelas tripas Frumento sem joio - Sei! - Não sabe! - Sabe! Longe dessa grita, Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinqüenta Lá onde mais densa anos A noite infinita Que lhes dei a forma: Reduzi sem danos Verte a sombra imensa A formas e a forma. Lá, fugido ao mundo,  Clame a saparia Sem glória, sem fé, Em críticas céticas: No perau profundo Não há mais poesia, E solitário, é Que soluças tu, Mas há artes poéticas... Transido de frio Sapo-cururu Da beira do rio..."
  • 31. Resultado Positivo!!!  Embora causassem escândalo, os modernistas se fizeram notar! Deixaram claro que não tinham apenas intenções artísticas, mas um conjunto de obras em que as novas propostas eram concretizadas, demonstrando a viabilidade dos novos rumos estéticos.
  • 32. Revistas e Manifestos  Revistas: era criado  Manifestos: espaço para as funcionavam como divulgações das espaço de definição e produções literárias divulgação dos inspiradas pela nova próprios princípios visão artística. modernistas.
  • 33. Klaxon  O primeiro número da revista foi aberto por um editorial manifesto:  A busca do atual  O culto ao progresso  Afirmação de que arte não é cópia da realidade  Incorporação de novas formas artísticas, como o cinema.
  • 34. Revista de Antropofagia  Como conciliar o direito à inovação estética com o peso da tradição?  Como estabelecer o limite entre o regional, o nacional e o universal?  O objetivo dos antropófagos era de promover uma nova agitação cultural, de modo a manter acesas as inquietações estéticas e culturais que deram origem ao Modernismo Brasileiro, que nos últimos anos assumira uma face bem acomodada.
  • 35. Outras Revistas  Estética, 1924.  A revista, 1925-1926.  Terra Roxa e Outras Terras, 1926.  Verde, 1927.
  • 36. Manifesto Pau-Brasil – Oswald de Andrade  No manifesto, Oswald  Fazer uso da língua sem ironiza e critica a visão preconceitos, tal qual se “oficial” da história manifesta na fala popular brasileira.  “a contribuição milionária  Contrapondo a uma visão de todos os erros”. parótica e bem humorada.  Recuperação do passado  Princípios do primeiro histórico sob uma momento da literatura perspectiva crítica. modernista:  “Ver com olhos livres”.
  • 37. Manifesto Antropófago  Oswald de Andrade,  Valendo da antropofagia como metáfora do que lança esse manifesto deveria ser culturalmente como resposta ao repudiado, assimilado e nacionalismo do superado para que Grupo da Anta, alcançássemos uma verdadeira independência movimento cultural. O escritor conservador, sintetiza as conquistas do associado ao fascismo. movimento modernista ao mesmo tempo que lança um lema para os tempos futuros:
  • 38. Tupy or not Tupy that is the question.  Assumindo um tom contestador e anarquista, Oswald propõe, no “Manifesto Antropófago”, o caminho contrário ao das correntes nacionalistas que defendiam a idealização de um estado forte.
  • 39. Postura Nacionalista apresenta duas vertentes distintas:  de um lado, um  de outro, um nacionalismo crítico, nacionalismo consciente, de ufanista, utópico, denúncia da realidade exagerado, brasileira, identificado com as politicamente correntes políticas de identificado com as extrema direita. esquerdas;
  • 40. Características Literárias  A primeira fase do  Negação do passado; modernismo, marcada  Eleição do moderno como pelo signo de um valor em si mesmo; transformação, ficou  Valorização do cotidiano; conhecida como fase “heróica” ou de  Nacionalismo; destruição. Tal designação  Redescoberta da realidade deveu-se, em grande parte, brasileira; à opção pelo rompimento  Desejo de liberdade no com o passado, postura uso das estruturas da vista por muitos como língua; anárquica e destruidora.  Predominância da poesia sobre a prosa;
  • 41. Poemas-piadas e paródias Canto de regresso à pátria Canção do exílio  Oswald de Andrade Gonçalves Dias   Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem palmares Onde canta o Sabiá; Onde gorjeia o mar As aves, que aqui gorjeiam, Os passarinhos daqui Não gorjeiam como lá. Não cantam como os de lá lá  Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Minha terra tem mais rosas Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro  Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem mais terra Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Ouro terra amor e rosas  Minha terra tem primores, Eu quero tudo de lá lá Que tais não encontro eu cá; Não permita Deus que eu morra Em cismar –sozinho, à noite– Sem que volte para lá lá Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Não permita Deus que eu morra Onde canta o Sabiá. Sem que volte pra São Paulo  Não permita Deus que eu morra, Sem que veja a Rua 15 Sem que eu volte para lá; E o progresso de São Paulo Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
  • 42. Oswald de Andrade  A obra de Oswald de Andrade talvez seja a única a reunir todas as características que marcaram a primeira fase do Modernismo. Ele escreveu poesia, romance, teatro, crítica e, em todos os gêneros, deixou patente sua vocação para transgredir, quebrar expectativas, polemizar.
  • 43. Revolucionou! Pero Vaz de Caminha  Transformação de textos do período A DESCOBERTA colonial em poemas  Seguimos nosso caminho por este mar de longo que assumem uma Até a oitava da Páscoa conotação crítica da Topamos aves E houvemos vista de terra história “oficial” do  OS SELVAGENS Brasil.  Mostraram-lhes uma galinha Quase haviam medo dela E não queriam pôr a mão E depois a tomaram como espantados
  • 44. Prosa  Os romances escritos por Oswald de Andrade trouxeram para a Literatura Brasileira uma estrutura inovadora. Os capítulos curtos emprestam à narrativa características da linguagem cinematográfica, como uma sequência de cenas encadeadas de um imenso mosaico em que a realidade nacional é flagrada em flashes rápidos.
  • 45. Mário de Andrade  Escreveu poesia, prosa e contos.  Foi o primeiro que escreveu um texto teórico, no Brasil, sobre a natureza da arte contemporânea – No prefácio de Paulicéia Desvairada.
  • 46. Poesia  Encontramos em suas poesias um fluxo de lirismo, muitas vezes associado ao cotidiano. Além de uma visão crítica da elite, e a afirmação da possibilidade de uma existência multifacetada (pessoal e cultural).
  • 47. Ode ao Burguês  Eu insulto o burguês! O burguês-níquel  Eu insulto o burguês-funesto[cruel]! o burguês-burguês! O indigesto feijão com toucinho, dono das A digestão bem-feita de São Paulo! tradições! O homem-curva! O homem-nádegas! Fora os que algarismam os amanhãs! Olha a vida dos nossos setembros! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, Fará Sol? Choverá? Arlequinal[Arlequim – é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! palhaço]! Mas à chuva dos rosais o êxtase fará sempre Sol! Eu insulto as aristocracias cautelosas! Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!  Morte à gordura! Que vivem dentro de muros sem pulos, Morte às adiposidades cerebrais! e gemem sangue de alguns mil-réis fracos Morte ao burguês-mensal! para dizerem que as filhas da senhora falam o Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi! francês Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano! e tocam os "Printemps“[primavera] com as "— Ai, filha, que te darei pelos teus anos? unhas! — Um colar... — Conto e quinhentos!!! Más nós morremos de fome!"  (...)
  • 48. Prosa  Assim como na prosa de Oswald, Mário apresenta um questionamento das estruturas típicas do romance do século XIX.  O autor experimenta diferentes organizações para a prosa: ora eliminando a marcação de capítulos, ora criando um narrador, que embora onisciente, atua quase como uma personagem do livro, numa linguagem que explicitava a busca do português “brasileiro”.
  • 49. Macunaíma  Texto responsável pela redefinição do “herói” brasileiro.  A personagem, a cada instante, se transforma assumindo as feições das diferentes raças que originaram o povo brasileiro (índio, negro e europeu).
  • 50. Manuel Bandeira  A solidão, as frustrações provocadas por uma vida limitada pela tuberculose, uma ternura imensa e a capacidade de perceber o lirismo nas pequenas coisas da vida, serão as marcas características da poesia de Manuel Bandeira.
  • 51. Poesias  Inovação modernista –  Sua história pessoal uso de formas livres, tanto empresta aos poemas no que diz respeito a que escreve uma forte métrica, quanto a rima. consciência da  Capacidade de ver as cenas mais banais do dia- precariedade da vida. a-dia filtradas por lentes críticas e de recriá-las poeticamente em uma linguagem simples.
  • 52. Poética – pág. 25  Estou farto do lirismo comedido  De todo lirismo que capitula ao que Do lirismo bem comportado quer que seja Do lirismo funcionário público com livro de funcioná pú fora de si mesmo ponto expediente De resto não é lirismo protocolo e manifestações de apreço ao manifestaç apreç Será contabilidade tabela de co- Sr. diretor. senos secretário do amante Estou farto do lirismo que pára e vai pá exemplar com cem modelos de averiguar no dicionário dicioná cartas e as diferentes o cunho vernáculo de um vocábulo. verná vocá maneiras de agradar às mulheres, Abaixo os puristas etc Todas as palavras sobretudo os Quero antes o lirismo dos loucos barbarismos universais O lirismo dos bêbedos Todas as construções sobretudo as construç O lirismo difícil e pungente dos sintaxes de exceção exceç bêbedos Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis inumerá O lirismo dos clowns de Estou farto do lirismo namorador Político Polí Shakespeare Raquítico Raquí Sifilítico Sifilí — Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
  • 53. Momento num café  Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiraram o chapéu maquinalmente Saudavam o morto distraídos Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida. Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta
  • 54. Novo caminho a ser trilhado  Manuel Bandeira foi o único que conseguiu produzir uma poesia que, embora refletindo as transformações estéticas do momento, transcendeu seus limites históricos e refletiu sobre angústias e conflitos de natureza universal, como o amor, a paixão pela vida, a saudade de uma infância idealizada e o medo da morte.