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História
Professor José Knust.
2º Bimestre de 2014 - Leitura básica 1
A fase mais recente do Orientalismo, Edward Saïd.
Fonte: SAÏD, E. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das letras, p.289-291.
Desde a Segunda Guerra e, de modo mais observável, após cada uma das guerras árabe-israelenses, o
muçulmano árabe tornou-se urna figura na cultura popular americana, ao mesmo tempo que, no mundo
acadêmico, no mundo dos planejadores da política e no mundo dos negócios, muita atenção é dedicada ao
árabe. (...)
Se o árabe ocupa bastante a atenção, é como um valor negativo. Ele é visto como um perturbador da vida de
Israel e do Ocidente (...). Qualquer história que esse árabe tenha é parte da história que lhe é dada (ou retirada:
a diferença é pequena) pela tradição orientalista. A Palestina era vista - por Lamartine e pelos primeiros
sionistas - como um deserto vazio esperando para florescer; os habitantes que porventura tivesse eram
supostamente nómades inconsequentes que não tinham nenhum direito real sobre a terra, e, portanto, nenhuma
realidade cultural ou nacional. Desse modo, o árabe passa a ser concebido como urna sombra que persegue o
judeu. (...)
Nos filmes e na televisão o árabe é associado à libidinagem ou à desonestidade sedenta de sangue. Aparece
como um degenerado super sexuado, capaz, é claro, de intrigas astutamente tortuosas, mas essencialmente
sádico, traiçoeiro, baixo. Traficante de escravos, cameleiro, cambista, trapaceiro pitoresco: estes são alguns
dos papéis tradicionais do árabe no cinema. O chefe árabe (de saqueadores, piratas, insurgentes "nativos") é
muitas vezes visto rosnando para o herói e a loira ocidentais capturados (ambos impregnados de integridade):
"Meus homens vão matar vocês, mas... eles gostam de se divertir um pouco antes". Enquanto fala, ele olha
sugestivamente de soslaio: esta é urna degradação comum do xeque feito por Valentino. Nos filmes ou nas
fotos de notícias, o árabe é sempre visto em grandes números. Nenhuma individualidade, nenhuma
característica ou experiência pessoal. A maior parte das imagens apresenta massas enraivecidas ou miseráveis,
ou gestos irracionais (lago, desesperadoramente excêntricos). A espreita, por trás de todas essas imagens, está
a ameaça da jihad. Resultado: um temor de que os muçulmanos (ou árabes) tomem conta do mundo.
Regularmente publicam-se livros e artigos sobre o islã e os árabes que não representam absolutamente
nenhuma mudança em relação as virulentas polêmicas anti-islâmicas da Idade Média e da Renascença.

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