O documento resume a biografia do escritor Joseph Conrad e seu romance "Heart of Darkness". Detalha os principais personagens da obra, como Marlow, Kurtz e o Rei Leopoldo II da Bélgica, cujo domínio sobre o Estado Livre do Congo é criticado por Conrad e inspirou a narrativa.
1. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE RONDÔNIA
CAMPUS JOSÉ RIBEIRO FILHO
NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO SCRICTU SENSU
MESTRADO ACADÊMICO EM ESTUDOS LITERÁRIOS
• HEART OF DARKNESS
• Discente: Quelmo da Silva Lins
• Docente: Prof. Dr. Miguel Nenevé
• Profa. Sônia Maria G.Sampaio
Porto Velho
2019
5. Nasce 03 de Dezembro de 1857
• Józef Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski ( austríaco-prússia-russa)
• Apollo Korzeniowski e Ewa Bobrowska
• Exilado para Província de Vologda(1862)
• Criado por um tio em Cracóvia (Polônia)
• 17 anos (Marselha,Marinha Francesa)
• Tentou o suicídio em 1878
• 1884 consegue a nacionalidade britânica
• Serviu num barco britânico para evitar o serviço militar russo
• Aos 21 aprende a língua inglesa
• 1894 Abandona a marinha e dedica-se exclusivamente à Literatura
• Escreveu 17 romances, sete novelas, livros de memórias e ensaios, além de textos sobre
suas próprias obras
• Morreu 03 de Agosto em Kent de 1924
• “ The Rover” (1923)
6. Filmes baseados nas obras do escritor
“LORD JIM”
(1965, Richard Brooks)
Heart of
Darkness(1994,Tnt
Tim Roth,John
Malkovich)
“APOCALYPSE
NOW”
(1979,Francis Ford
Coppola)
7. “ Almayer's Folly”(A loucura de Almery)(1895)
“Heart of Darkness” (Coração das trevas)(1899)
“Lord Jim” (1900)
“Nostromo” (1904)
“The Secret Agent” (O Agente Secreto) (1907)
“Under Western Eyes” (Sob os Olhos do Ocidente) (1911)
“Victory” (Vitória) (1915) e “The Shadow line” (A linha da
sombra) (1917).
PRINCIPAIS OBRAS
8. O protagonista de Heart of Darkness. Marlow é filosófico, de mente
independente e geralmente cético em relação aos que o rodeiam. Ele
também é um mestre contador de histórias, eloquente e capaz de
atrair seus ouvintes para sua história. Embora Marlow compartilhe
muitos dos preconceitos de seus compatriotas europeus, ele já viu o
suficiente do mundo e encontrou homens brancos desqualificados o
suficiente para fazê-lo cético em relação ao imperialismo.
MARLOW
9. CORAÇÃO DA TREVAS
• Marlow
“Ora, quando era garoto, eu tinha
paixão por mapas. Ficava horas
olhando a América do Sul, ou a África
ou a Austrália...Naquele tempo, havia
muitos espaços em branco na
terra...punha o dedo em cima e dizia:
Quando eu crescer, irei lá”(p.18)
“A conquista da terra, que em sua
maior parte significa tomá-la
daqueles que têm uma cor
ligeiramente diferente ou narizes
ligeiramente mais chatos que os
nossos, não é uma coisa bonita
quando a gente a olha de muito
perto” (p.16)
“- Não quero aborrecê-los muito
com o que me aconteceu a mim
pessoalmente – ele começou,
demonstrando nessa observação a
fraqueza de muitos contadores de
história, que frequentemente
parece ignorar o que sua audiência
preferiria ouvir.- Contudo, para
entender o efeito que teve sobre
mim, vocês têm de saber como
cheguei lá, o que vi, como subi
aquele rio até o lugar onde
encontrei pela primeira vez o pobre
diabo.”(p.17)
10. “E enquanto olhava
o mapa numa
vitrina, fascinou-me
como uma cobra
fascina um
pássaro...um
passarinho
idiota”(p.18)
“ A SERPENTE ME
ENCANTARA” (p.18)
11. “ Um leve clangor às minhas
costas fez-me virar a cabeça.
Seis negros adiantavam-se em
fila, mourejando na trilha.
Caminhavam eretos e devagar,
as cabeças cobertas de terra, e o
clangor acompanhava suas
passadas. Traziam trapos
negros em torno das virilhas, e
as curtas pontas atrás
balançavam de um lado para
outro,como caudas. Eu via cada
costela, as juntas dos membros
pareciam nós numa corda; cada
um tinha uma argola de ferro
em torno do pescoço, e todos
estavam ligados por uma
corrente cujos elos balançavam
entre eles, naquele ritmado
clangor”(p.29).
“Era o mesmo tipo de voz
sinistra ; mas aqueles
homens, por mais que se
esforçasse a imaginação, não
podiam ser chamados de
inimigos”(p.29).
12. “Morriam lentamente- isso estava
muito claro. Não eram inimigos, não
eram criminosos, não eram nada
terreno agora-nada, a não ser negras
sombras de doença e fome, jazendo
embolados na esverdeada penumbra.
Trazidos de todos os recessos da costa,
em toda a legalidade dos contratos por
tempo, perdidos em ambientes
desagradáveis , alimentados com
comida desconhecida, adoeciam,
tornavam-se ineficazes, e deixam-nos
então arrastar-se e repousar. Aqueles
vultos moribundos eram livres como o
ar – e quase igualmente
diáfanos”(p.31).
“ Não encontrei outra coisa a fazer
senão oferecer-lhe um dos
biscoitos do navio do meu bom
sueco, que trazia no bolso”(p.31).
13. Kurts
Kurtz é um comerciante de
marfim , enviado por uma obscura
empresa belga para o coração de
um lugar desconhecido na África
(geralmente considerado o Estado
Livre do Congo). Com a ajuda de
sua tecnologia superior, Kurtz se
transformou em um semideus
carismático de todas as tribos em
torno de sua estação e reuniu
grandes quantidades de marfim
dessa maneira. Como resultado,
seu nome é conhecido em toda a
região.
14. “Os aventureiros e os colonos;
navios de reis e navios de homens
de negócio, capitães, almirantes,
os sombrios violadores de
monopólio no comercio do Oriente,
os “generais” comissionados das
frotas da Índias Orientais. À caça
de ouro ou em busca da fama,
todos haviam partido daquele rio,
levando a espada , e muitas vezes
a tocha, mensageiros do poder da
terra,portadores de uma centelha
do fogo sagrado.Que grandeza não
havia navegado na vazante
daquele rio em direção aos
mistérios de uma terra
desconhecida!...”(p.13,grifo nosso).
16. Gerente Geral - O principal
agente da Companhia em seu
território africano, que administra
a Estação Central. Ele deve seu
sucesso a uma constituição
resistente que lhe permite
sobreviver a todos os seus
concorrentes. Ele é mediano na
aparência e não é notável nas
habilidades, mas possui uma
estranha capacidade de produzir
inquietação nos que o rodeiam,
mantendo todos suficientemente
inquietos para que ele exerça seu
controle sobre eles.
Brickmaker - O fabricante de
tijolos, que Marlow também conhece
na Estação Central, é um dos
favoritos do gerente e parece ser um
tipo de espião corporativo. Ele
nunca produz realmente nenhum
tijolo, já que ele está supostamente
esperando por algum elemento
essencial que nunca é entregue. Ele
é mesquinho e conivente e assume
que outras pessoas também são.
17. Contador-Chefe - Um trabalhador
eficiente com o incrível hábito de
vestir-se em brancos impecáveis e
manter-se absolutamente limpo,
apesar da miséria e do calor da
Estação Exterior, onde vive e
trabalha. Ele é um dos poucos
colonos que parece ter realizado
qualquer coisa: ele treinou uma
mulher nativa para cuidar de seu
guarda-roupa.
Peregrinos - Os agentes gananciosos da
Estação Central. Eles carregam longas
varas de madeira com eles por toda
parte, lembrando Marlow de viajantes
religiosos tradicionais. Todos eles
querem ser nomeados para uma estação
de modo que possam trocar por marfim e
ganhar uma comissão, mas nenhum
deles realmente toma quaisquer
medidas efetivas para atingir essa
meta. Eles estão obcecados em manter
um verniz de civilização e conduta
adequada, e são motivados inteiramente
pelo interesse próprio. Eles odeiam os
nativos e os tratam como animais,
embora em sua ganância e ridículo eles
pareçam menos do que humanos.
18. Canibais - Nativos contratados
como tripulantes do vapor, um
bando surpreendentemente
razoável e bem
temperado. Marlow respeita sua
contenção e sua calma aceitação
da adversidade. O líder do grupo,
em particular, parece ser
inteligente e capaz de refletir
irônico sobre sua situação.
“Havíamos recrutado alguns
daqueles sujeitos no caminho,
como tripulantes. Ótimos sujeitos-
canibais-...Eram homens com que
se podia trabalhar, e sou grato a
eles.E. afinal, não comiam uns aos
outros na minha frente”(p.58)
19. A Amante Africana De Kurtz -
Uma mulher ferozmente bonita
carregada de jóias que aparece na
praia quando o vapor de Marlow
chega e sai da Estação
Interna. Ela parece exercer uma
influência indevida sobre Kurtz e
os nativos ao redor da estação, e o
comerciante russo a aponta como
alguém a quem temer. Como
Kurtz, ela é um enigma: nunca
fala com Marlow e nunca aprende
mais sobre ela.
Pretendida de Kurtz - noiva
ingênua e sofredora de Kurtz, a
quem Marlow vai visitar depois da
morte de Kurtz. Sua certeza
inabalável sobre o amor de Kurtz
por ela reforça a crença de Marlow
de que as mulheres vivem em um
mundo de sonhos, bem isolado da
realidade.
20. ... Era como se um véu se
houvesse rasgado.. Vi naquele
rosto de marfim a expressão do
negro orgulho, do poder impiedoso,
do terror pusilânime – de um
intenso e desvalido desespero.
Reviveu ele sua vida então, em
todos os detalhes de desejo,
tentação e entrega, durante aquele
momento supremo de comopleto
conhecimento? Gritou num susurro,
um grito que não era mais que um
arquejo:(p.111)
21. “Assim como não existe uma ficção
pura em si, desvinculada do meio
histórico em que surge, já que,
mesmo que haja uma recusa do
real, faz-se referência a ele, é
possível concordarmos com a
hipótese de que não há história
que não possua resquícios ou que
não esteja assentada sobre uma
base de ficção, levando em
consideração sua estruturação em
discurso, a utilização por parte do
historiador de recursos típicos da
narrativa ficcional” (FREIRE,
2001, p.149).
22. Leopoldo II foi o segundo Rei dos
Belgas de 1865 até sua morte. Foi
também príncipe da Bélgica,
duque de Saxe, duque de Saxe-
Coburgo e Gotha, duque de
Brabante e soberano do Estado
Livre do Congo. Era o segundo
filho do rei Leopoldo I, a quem
sucedeu em 1865, tendo reinado
até sua morte, em 1909
23. LEOPOLDO II
Assim, o desejo de aumentar seu
domínio se transformou em obsessão,
e Leopoldo começou a pôr seu plano
em prática em 1866, quando tentou
conseguir as Filipinas da Rainha
Isabel II da Espanha, mas as
negociações fracassaram quando a
monarca espanhola foi derrubada do
trono dois anos mais tarde. Foi então
que o rei belga voltou sua atenção
para a África, mais precisamente para
a bacia do Congo.
Isso porque, na época em que a bacia
do Congo se tornou uma colônia belga,
essa região africana — cujo território
era 76 vezes maior do que a Bélgica!
— também era uma das maiores áreas
de cultivo no mundo e contava com
uma enorme abundância de recursos
minerais. Mas Leopoldo não chegou
até lá e, de cara, declarou que aquelas
terras eram dele. O monarca foi bem
mais ardiloso.
24. Leopoldo começou criando a
Associação Internacional Africana
em 1876, com o suposto propósito
de enviar ajuda humanitária à
África para catequizar os nativos e
industrializar as diferentes
nações. Entretanto, o real objetivo
do monarca era reunir recursos e
organizar a exploração do
continente, e ele acabou se aliando
a dois exploradores, Henry Morton
Stanley e David Livingstone, para
dar início à empreitada.
25. Alguns historiadores argumentam
que o monarca belga, católico
devoto, provavelmente tinha real
intenção de converter os locais ao
cristianismo. Contudo, milhares
de congoleses acabaram sendo
assassinados durante o processo, e
os que restaram foram obrigados a
trabalhar incessantemente na
mineração de ouro, na caça de
elefantes para a obtenção de
marfim e na derrubada da
vegetação nativa para a extração
de borracha.
26. Logo os congoleses foram forçados
a trabalhar até a morte em
plantações e minas, sem falar que,
para abrir espaço para a extração
de borracha, Leopoldo ordenou a
desocupação de incontáveis
vilarejos e a derrubada de áreas
imensas de florestas. Os nativos
também receberam cotas de
produção, e quem não conseguisse
bater sua “meta” de obtenção de
ouro ou marfim, por exemplo, era
castigado — geralmente com a
amputação de mãos e pés.
27. E mais: se o trabalhador que
não cumprisse sua meta de
produção conseguisse fugir
antes de receber o castigo ou
precisasse das duas mãos e
pés para continuar
trabalhando, quem tinha as
mãos e os pés decepados
eram sua esposa ou seus
filhos.
28. Ninguém sabe dizer ao certo qual era a
população do Estado Livre do Congo
(livre?) quando ele foi estabelecido em
1885, mas as estimativas apontam que
cerca de 20 milhões de pessoas viviam
por lá. Um censo realizado em 1924
indicou que a região contava com 10
milhões de habitantes, o que significa
que metade da população local
provavelmente perdeu a vida durante a
colonização belga — com Leopoldo como
responsável direto e indireto.
Com o tempo, as histórias sobre as
barbaridades cometidas contra os
congoleses começaram a se espalhar pelo
mundo e, em 1908, Leopoldo foi forçado
a ceder sua “propriedade privada” ao
governo belga. Diversas reformas foram
conduzidas, e o Estado Livre do Congo
foi rebatizado de Congo Belga. Além
disso, o sistema de cotas de produção foi
modificado, e o assassinato arbitrário de
congoleses passou a ser tecnicamente
proibido.
29. Uma ironia, considerando que o Congo
é o país com a maior riqueza em
recursos naturais (por metro
quadrado) do mundo. E que fim levou
Leopoldo? Ele morreu pacificamente
em 1909, no dia em que seu reinado
completou 44 anos. E sabe o pior? O
monarca na maioria das vezes é
recordado por suas incríveis
conquistas e pelos belos edifícios que
ele deixou como legado — e que foram
construídos graças ao suor e ao
sangue dos pobres congoleses. Triste,
não é mesmo?
30. DESCOLONIZAÇÃO
“Sua primeira confrontação se
desenrolou sob o signo da
violência, e sua coabitação – ou
melhor, a exploração do colonizado
pelo “colonizador”- foi levada a
cabo com grande refôrço de
baionetas e canhões. O
“colonizador” e o colonizado são
velhos conhecidos. E, de fato, o
“colonizador” tem razão quando
diz que “os” conhece. É o
“colonizador”que fez e continua a
fazer o colonizado. O colonizador
tira sua verdade, isto é, os seus
bens , do sistema colonial”
(FANON,1968, p.26)
31. “A descolonização jamais passa
despercebida porque atinge o ser,
modifica fundamentalmente o ser,
transforma espectadores
sobrecarregados de
inessencialidade em atores
privilegiados, colhidos de modo
quase grandioso pela roda-viva da
história. Introduz no ser um ritmo
próprio, transmitido por homens
novos, uma nova linguagem, uma
nova humanidade. A
descolonização é, em verdade,
criação de homens novos. Mas esta
criação não recebe sua
legitimidade de nenhum poder
sobrenatural; a “coisa” colonizada
se faz no processo mesmo pelo
qual se liberta”
(FANON,1968,p.26-27)