Pré-História?
Normalmente o estudo do início da trajetória
humana ao longo do tempo é chamado de
“Pré-História”. Mas por que Pré-História?
O termo foi inventado por historiadores que
acreditavam que uma verdadeira história só
podia ser feita a partir de fontes escritas.
Tudo que vinha antes da invenção da escrita
era considerado Pré-História.
Hoje sabemos que é possível estudar a história
de um povo mesmo que ele não tenha escrita.
O termo “Pré-História”, contudo, se manteve
por causa da tradição de assim designar o
campo de estudos desses povos.
Estudamos em Pré-História desde o surgimento
dos humanos até o desenvolvimento de
grandes sociedades complexas.
O que é ser humano?
Respostas de uma reportagem
da Revista LiveScience:
o que nos faz humanos?
Vida depois dos filhos
Enquanto que, na maioria das espécies, as fêmeas se reproduzem durante toda vida até a morte, as mulheres
vivem muito depois que param de gerar filhos. Alguns cientistas creditam isso à importância dos laços sociais
e afetivos na educação da prole.
A longa infância
Humanos permanecem crianças e dependentes da guarda dos pais por muito mais tempo que os outros
primatas. Para evolucionistas, isso poderia parecer uma desvantagem, mas a resposta pode ser o tempo que
o nosso cérebro, por possuir um grande potencial de desenvolvimento, necessita para crescer - e aprender.
Enrubescer
Até onde sabemos, os humanos são os únicos a ficar vermelhos de vergonha, comportamento que Darwin já
considerava "a mais peculiar e mais humana de todas as expressões". Não se sabe ainda ao certo por que
enrubescemos, mas cogita-se que essa habilidade de mostrar sentimentos à revelia de nossa vontade nos
ajudaria a sermos honestos e a convivermos em grupo.
Fogo
A habilidade de controlar o fogo deve ter dado aos nossos ancestrais a chance de iluminar a noite e, com ela,
de mover-se na escuridão e ainda de afugentar predadores noturnos. Além disso, o calor das chamas - que
ajuda a aguentar baixas temperaturas - nos permite cozinhar, ou seja, preparar alimentos que, aquecidos,
são de mais fácil digestão.
Quais características nos distinguem dos
outros seres vivos e nos tornam singulares?
O que é ser humano?
Respostas de uma reportagem
da Revista LiveScience:
o que nos faz humanos?
A fala
Nos humanos, a laringe (ou caixa vocálica) localiza-se mais abaixo que em outros primatas, configurando um dentre
inúmeros fatos que possibilitaram o desenvolvimento da fala. Nossos ancestrais desenvolveram a laringe há
aproximadamente 350 mil anos. Deles, também herdamos o osso hioide (em forma de ferradura, localizado abaixo de
nossa língua e único por não ser ligado a outros ossos do corpo) que nos permite articular palavras quando falamos.
Mãos
Humanos não são os únicos animais que possuem polegares opositores (a maioria dos primatas os possuem, e,
além disso, muitos macacos têm polegares opositores nos pés). Singularmente humana é, sim, a agilidade do
nosso polegar para se mexer pela mão e alcançar todos os outros dedos, o que nos possibilita grande agilidade e
precisão no manuseio de objetos.
Pele nua
Comparados aos nossos parentes primatas, parecemos impressionantemente nus. Mas, na verdade, quando
medimos a presença de folículos capilares presentes por cm² em homens e macacos, descobre-se que a
quantidade é praticamente a mesma. A diferença que é o pelo dos humanos é mais leve, fino, claro e curto.
Quais características nos distinguem dos
outros seres vivos e nos tornam singulares?
A vestimenta
Humanos podem ser chamados de "macacos nus", mas a grande maioria de nós, atualmente, usa roupas e
outros utensílios - um fato absolutamente único no reino animal.
O que é ser humano?
Respostas de uma reportagem
da Revista LiveScience:
o que nos faz humanos?
A postura ereta
Entre os primatas, os humanos são os únicos a andarem predominantemente com a coluna ereta, libertando
nossas mãos para outras atividades. Infelizmente, as mudanças causadas em nossa pélvis pela postura ereta -
ainda combinadas com o tamanho especialmente grande do crânio dos recém-nascidos - tornam o
nascimento de humanos mais perigoso que o de outros animais. Há cem anos, os partos eram uma das
principais causas de morte entre as mulheres. A curva lombar nas nossas costas - que nos ajuda a andar e
manter equilíbrio - também nos deixa vulneráveis para dores e lesões.
Cérebros extraordinários
Sem dúvida, a idiossincrasia que mais nos distingue do resto do reino animal é nosso cérebro. Nós não
temos nem o maior cérebro (o maior deles pertence à baleia cachalote), nem temos o maior cérebro
proporcionalmente ao nosso corpo (o cérebro pesa 2,5% do nosso total, enquanto que alguns pássaros
têm cérebros responsáveis por até 8% do peso da massa corporal). Mas o cérebro humano, pesando
aproximadamente 1,4 kg em adultos, nos dá a capacidade de raciocinar e pensar muito além dos outros
animais, gerando legados como os de Mozart, Einstein e muitos outros gênios.
Quais características nos distinguem dos
outros seres vivos e nos tornam singulares?
Como surgiram e se desenvolveram essas
características? Nossa espécie, o Homo Sapiens, foi a
única a possuir todas essas características?
Você concorda com essa lista?O que mais você
acrescentaria como características singulares do ser
humano?
De onde viemos?
Os seres humanos surgiram a partir da evolução das espécies.
Todas as espécies que deram origem à nossa espécie já estão
extintas hoje. Conhecemos a existência de algumas delas graças à
descoberta de fósseis e podemos ter algumas boas noções de como
a evolução ocorreu a partir do estudo do Gênoma (informação
hereditária codificada no DNA de todos os seres vivos).
A marcha da evoluçãoEquívocos na imagem de senso comum das
origens dos seres humanos:
Evolução não é metamorfose!
Uma espécie não se transforma em outra.
Pequenas mutações que se acumulam ao longo de
milhões de anos geram indivíduos que se
diferenciam aos poucos dos seus antecessores
(quando essas modificações os tornam melhor
adaptados ao ambiente permitindo que eles
sobrevivam mais e melhor).
Os humanos não vieram dos macacos!
Humanos e Monos (Gorilas, Chimpanzés e
Orangotangos) modernos têm um distante
ancestral comum e pertencem à mesma Família
taxinômica. Humanos não são descendentes de
macacos, mas seus primos distantes.
A evolução não é linear!
A evolução das espécies que gerou os seres
humanos modernos não ocorreu de uma
transformação direta de uma espécie em outra até
chegar no Homo Sapiens. Mais do que uma linha,
temos uma grande e intrincada árvore evolutiva.
Onde estão as mulheres nas representações
da evolução da espécie humana?
Essa imagem ao menos mostra que existem homens e mulheres no gênero humano.
Mas por que essa insistência em mostrar um embranquecimento ao longo da evolução?
Não existem Homo Sapiens negras e negros?
Classificação taxonômica
dos Humanos
Todas as espécies possuem uma
classificação taxonômica, que indica
grupos com os quais elas têm
antepassados em comum.
O seres humanos são do reino
animal, o que indica termos algum
antepassado longínquo em comum
com todos os animais.
Um antepassado comum menos
longínquo, mas também bastante
remoto, unifica todas as espécies do
Filo dos Cordados (que inclui todos
os vertebrados).
Em seguida, menos remoto, mas
também distante, um antepassado
comum une todas as espécies da
Classe dos Mamíferos.
E por aí vai...
Espécie Sapiens
Gênero Homo
Tribo Hominini
Família Hominidae
Parvordem Catarrhini
Infraordem Antrhopoidea
Subordem Haplorrhini
Ordem Primates
Classe Mammalia
Filo Chordata
Reino Animalia
Evolução dos Primatas
Subordem
Haplorrhini
Parvordem
Catarrhini
Família
Hominidae
Os seres humanos pertencem à ordem dos
Primatas, que inclui também Lêmures, Társios,
Macacos, Orangotangos e Chimpanzés.
Dentre os primatas, fazemos parte da Família
Hominidae (Hominídeos), que inclui também
Orangotangos, Gorilas, Chimpanzés e Bonobos.
Dentre os Hominídeos, fazemos parte da tribo
Hominini (Hominíneos), junto com os
Chimpanzés (que são nossos “parentes” vivos
mais próximos).
Tribo
Hominini
Subtribo Hominina
Dentro da tribo dos Hominíneos
existe a subtribo Hominina, que
agrupa diversos gêneros que
fazem parte da árvore evolutiva
do ser humano.
Os Ardipitécos possivelmente
são descendentes do Orrorin
Tugensis . Alguma espécie desse
gênero deu origem aos
Australopitécos.
Diferentes espécies de
Australopitécos deram origem
aos gêneros Kenyantropo,
Parantropo e Homo.
O gênero Homo engloba
diferentes espécies de humanos,
das quais apenas nós, Homo
Sapiens, restamos.
Gênero
Ardipithecus
Gênero
Australopithecus
Gênero
Paranthropus
Gênero
Homo
Comparação entre os esqueletos de espécies da família Hominina
Australopithecus Paranthropus Homo Erectus Homo Heidelberguensis Homo Neanderthalensis Homo Sapiens
Nossa espécie, o Homo Sapiens, é a única espécie de seres
humanos existente hoje. Contudo, não é a única que existiu:
fósseis de outras espécies têm sido encontrados, mostrando,
inclusive, que nós convivemos com algumas delas por milênios.
Coexistência entre diferentes
espécies de Humanos
As diferentes espécies de Humanos que
existiram ao longo do tempo não se sucederam
linearmente como normalmente se imagina.
Diferentes espécies conviveram entre si. A
existência de uma única espécie de humanos é,
na verdade, uma novidade recente.
O Homo Sapiens conviveu com várias espécies
diferentes de Humanos em diferentes regiões
do globo:
Homo Erectus na Ásia
Homo Neanderthalensis na Europa.
Homo Floresiensis na Indonésia.
Denisovanos na Ásia.
Existiu por cerca de
um milhão de anos
Existiu por pouco menos
de um milhão de anos
Existiu por pouco menos
de dois milhões de anos
Existiu por cerca de
750 mil anos
Existiu por cerca de
150 mil anos
Existimos há no
máximo 200 mil anos
Essa árvore evolutiva do Homo Sapiens se baseia no que pudemos
conhecer a partir dos fósseis e dos estudos genéticos até hoje. Existem,
inclusive, algumas interpretações diferentes construídas a partir dessas
mesmas informações. Sabemos, contudo, que a evolução das espécies
humanas trilhou um caminho complexo, com o desenvolvimento de
várias espécies distintas. O Homo Sapiens surgiu nesse processo.
Vamos estudar algumas desses espécies de humanos que conhecemos
melhor e que tiveram um papel muito importante em nossa história.
Homo Habilis e
a fabricação de ferramentas
É a espécie mais antiga de Humano
conhecida (ainda que alguns arqueo-
antropólogos o classifique ainda como
um Australopitéco, por sua semelhança
corporal com estes).
Apesar de bípedes quando estavam no
solo, o Homo Habilis ainda não era um
“bípede obrigatório”
Foram encontradas ferramentas
rudimentares de pedra em vários sítios
arqueológicos com fósseis de Homo
Habilis.
Existe algum debate se o Homo Habilis
foi o primeiro a produzir ferramentas.
Sabe-se que Australopitécos usavam
pedras como ferramentas, mas não se
eles as fabricavam ou se usavam
pedras naturalmente lascadas.
É a maneira mais antiga que se conhece
de produção de ferramentas de pedra.
Consiste no talhamento de uma pedra
base, o núcleo, que gera lascas afiadas
usadas como ferramentas de corte.
Cultura Olduvaiense (Modo 1)
Reconstrução facial de um fóssil de Homo Habilis
Esquema explicativo da fabricação
de ferramentas olduvaienses.
Sítios arqueológicos
com fósseis de Homo
Habilis e provável
área de dispersão da
espécie.
2.5 milhões
– 1.6 milhão de anos atrás
Cultura Acheulense (Modo 2)
Homo Erectus: domesticação do fogo
e primeira dispersão pelo mundo.
O Homo Erectus é o ascendente direto do
Homo Sapiens mais antigo que se conhece.
Não se sabe se ele se originou a partir do
Homo Habilis ou de alguma outra espécie
próxima de Homo, conhecida ou não.
Foram os primeiros humanos a sair da África e
a se espalhar pela Ásia (suas pernas maiores e
braços mais curtos que seus antepassados
foram fundamentais para isso).
Também foram os primeiros a dominar a
produção do fogo.
A possibilidade de cozinhar alimentos era
uma grande vantagem adaptativa: ajudava
na conservação, matava micróbios e
reduzia a energia gasta na digestão.
O fogo tinha outras funções: como iluminar
a noite e afastar predadores.
O Homo erectus usava ferramentas olduvaienses
mas também desenvolveu uma nova e mais
eficiente forma de produzir ferramentas de
pedra. Ela consistia em lascar a pedra base nos
dois lados a fim de gerar um instrumento biface
(isto é, com corte em ambos os lados). Essa
técnica mostra o desenvolvimento de uma
maior capacidade de planejamento.
Sítios arqueológicos com fósseis de
Homo Erectus e provável área de
dispersão da espécie.
Reconstrução facial de um fóssil de Homo Erectus
Esquema explicativo da fabricação
de bifaces acheulenses.
1.9 milhão
– 50 mil anos atrás
Homo Heidelberguensis: nossa
última ancestral conhecida
O Homo Heidelbergensis (também conhecido
como Rhodesiensis) se desenvolveu a partir
do ramo africano do Homo Erectus
(mencionado também como Homo Ergaster).
Essa espécie também surgiu na África e se
dispersou pela Europa e talvez pela Ásia.
A partir de grupos africanos, essa espécie
deu origem ao Homo Sapiens, enquanto
grupos europeus deram origem ao Homo
Neanderthalensis.
Existem algumas evidência de construção de
habitações e objetos decorativos, mas são
ainda frágeis demais para termos certeza.
As evidências mais antigas da fabricação de
lanças de madeira e ferramentas compostas
estão associadas ao Homo Heidelberguensis.
Sítios arqueológicos com fósseis de
Homo Heidelberguensis e provável
área de dispersão da espécie.
Reconstrução facial de um fóssil de Homo Heidelberguensis
Cultura Musteriense (Modo 3)
O Homo heidelberguensis utilizava tanto as
técnicas olduvaiense quanto acheulense,
mas parece ter desenvolvido uma terceira
e mais complexa técnica de produção de
ferramentas. Essa técnica permitia a
produção de ferramentas de formas mais
variadas.
800 mil
– 200 mil anos atrás
Homo Neanderthalensis:
interação e competição?
O Homo Neanderthalensis é a espécie mais
conhecida quando se fala de outras espécies
humanas além da nossa.
As principais adaptações morfológicas dos
Neandertais eram voltadas para a vida no frio
extremo da última Era do Gelo.
Os Neandertais foram grandes produtores da
cultura Musteriense, desenvolvendo diversos
tipos de ferramentas.
Estima-se que os Neandertais usassem grandes
quantidades de roupas de couro para enfrentar
o frio. Não deveriam ser, contudo, roupas
costuradas, apenas peles usadas como roupa.
De toda forma, esses couros precisavam de
processamento, como serem amaciados.
Abrigos construídos com ossos de mamutes já
foram identificados pelos arqueólogos.
Comportamento social, como grupos familiares,
ação coletiva na caça e sepultamentos também
já foram identificados pelos arqueólogos.
Sítios arqueológicos com fósseis de
Homo Neanderthalensis e provável
área de dispersão da espécie.
Reconstrução facial de uma mulher Neandertal
Neandertais e Homo Sapiens
Neandertais e Humanos modernos conviveram pelos menos por 5 mil
anos na Europa. Essa coexistência foi indicada por alguns estudiosos
como a causa da extinção dos Neandertais, que não teriam sido
capazes de concorrer pelos mesmos recursos com os Homo Sapiens.
Por outro lado, alguns estudos genéticos recentes têm mostrado que
parte da população Neandertal foi absorvida pelos humanos
modernos europeus.
130 mil –
25 mil anos atrás
As últimas descobertas
de Humanos arcaicos
Homo Floresiensis (12 mil anos
atrás)
Diversos fósseis encontrados em uma
caverna na ilha de Flores, Indonésia.
Eram extremamente mais baixos que
as espécies mais próximas – tinham
apenas cerca de 1 metro de altura.
Isso pode ser explicado pelo Nanismo
Insular – tendência comum na Seleção
Natural de espécies de tamanho
reduzido em situações de isolamento
e baixa oferta de alimentos.
Seriam a última espécie humana não-
moderna a ser extinta.
Denisovanos (cerca de 250 a 40 mil
anos atrás)
Foram encontrados apenas um dente e
a ponta de um dedo fossilizados, mas o
excelente estado de conservação
permitiu estudos genéticos.
A partir destes percebeu-se que se
tratava de uma espécie distinta de
Humano, aparentada dos Neandertais.
Também se descobriu que a população
atual da Melanésia, Oceania, tem certo
parentesco com essa outra espécie,
mostrando alguma interação entre os
Denisovanos e o Homo Sapiens.
Nas últimas décadas foram descobertos
alguns fósseis interpretados como espécies
humanas recentes. Existe algum debate se
eles são Homo Sapiens ou são espécies
diferentes de Homo.
Ilha de Flores, Indonésia
Caverna de Denisova, Rússia
Reconstrução facial de um fóssil de
Homo Floresienses.
Dente fossilizado
encontrado na caverna
de Denisova
Homo Sapiens: o surgimento das
humanas e humanos modernos.
A tese mais aceita sobre o surgimento
do Homo Sapiens estabelece que a
espécie surgiu na África a partir de
grupos de Homo Heidelberguensis e
depois se dispersou pelo mundo.
Acredita-se hoje que ao menos em
algum nível Homo Sapiens e outras
espécies humanas tiveram relações
sexuais e geraram prole fértil, pois
alguns grupos populacionais do
presente têm carga genética
significativa dessas outras espécies
(Neandertais na Europa e Denisovanos
na Melanésia).
Dentre as características anatômicas
mais distintivas da nossa espécie em
relação a outras espécies humanas
temos o formato da caixa craniana,
grande e alta, a retração da face, e a
menor robustez do corpo e dos
membros (somos mais longilíneos que a
maioria das outras espécies humanas).
200 mil
anos atrás
até hoje
O estudo de fósseis e da genética das populações permite a construção de
modelos sobre as rotas e as épocas em que os seres humanos modernos
saíram da África e se dispersaram pelo mundo.
Deixando a África (onde conviviam com os últimos Heidelberguianos) pelo
Oriente Médio, alguns grupos humanos foram se espalhando pela Ásia até
chegar na Indonésia – encontrando nessa caminhada Denisovanos,
Floresienses e os últimos Erectos – até chegar na Austrália. Ao mesmo tempo,
começavam a chegar na Europa – onde encontraram os Neandertais.
A dispersão do Homo Sapiens pelo mundo.
O povoamento humano da América é
um tema extremamente controverso,
com várias teorias concorrentes.
Vamos estuda-las em outra aula.
Apenas a biologia nos distingue
das outras espécies?
Para além de aspectos genéticos e morfológicos, os
humanos modernos (Homo Sapiens) diferem dos humanos
arcaicos (Homo Erectus, Floresiensis, Heidelberguiensis,
Neanderthalensis e mesmo dos primeiros Homo Sapiens)
em outros aspectos. Especialmente no que diz respeito às
formas de pensar e de se organizar socialmente.
Ascensão da Cultura Humana
A organização social do Homo Sapiens no Paleolítico
Parte 2
A Revolução do Paleolítico Superior
Como vimos, é possível identificar algumas práticas culturais
desenvolvidas entre os Neandertais e os Heidelberguianos.
Contudo, nada se compara às atividades que o Homo Sapiens
começa a desenvolver entre 70 e 50 mil anos atrás.
Esse momento de “explosão criativa”, quando o Homo Sapiens
começa a produzir uma cultura material extremamente
diversificada e elaborada, é conhecido como “Revolução do
Paleolítico Superior”.
Alguns estudiosos acreditam que uma modificação genética
ocorrida nesse período permitiu um rápido desenvolvimento da
capacidade cognitiva humana (“modelo neuronal”). Outros
estudiosos, percebendo que o desenvolvimento dessa
capacidade cognitiva foi lento e gradativo, defendem que houve
na verdade um acúmulo e uma dispersão de conhecimento
possibilitada pelo adensamento demográfico das populações de
Homo Sapiens.
Deve-se destacar que a “Revolução do Paleolítico Superior”
coincide temporalmente com a expansão dos Homo Sapiens
pelo mundo. É provável que esse desenvolvimento cognitivo
tenha trazido vantagens para nossa espécie que permitiu a
expansão e a “vitória” no contato com outras espécies de
humanos.
Novas e variadas formas de lascamento das pedras.
Ossos e madeira passam a ser utilizados
sistematicamente.
Uso do fogo para preparar utensílios (primeiros
vestígios de produção de cerâmica).
Exploração de recursos marinhos (que necessitam
tipos específicos de instrumentos, como arpões,
anzóis e redes, além de embarcações).
Diversificação dos instrumentos
Pontas de arpão feitas de ossosUma das novas formas de produção
de instrumentos de pedra
A Revolução do Paleolítico Superior
Como vimos, é possível identificar algumas práticas culturais
desenvolvidas entre os Neandertais e os Heidelberguianos.
Contudo, nada se compara às atividades que o Homo Sapiens
começa a desenvolver entre 70 e 50 mil anos atrás.
Esse momento de “explosão criativa”, quando o Homo Sapiens
começa a produzir uma cultura material extremamente
diversificada e elaborada, é conhecido como “Revolução do
Paleolítico Superior”.
Alguns estudiosos acreditam que uma modificação genética
ocorrida nesse período permitiu um rápido desenvolvimento da
capacidade cognitiva humana (“modelo neuronal”). Outros
estudiosos, percebendo que o desenvolvimento dessa
capacidade cognitiva foi lento e gradativo, defendem que houve
na verdade um acúmulo e uma dispersão de conhecimento
possibilitada pelo adensamento demográfico das populações de
Homo Sapiens.
Deve-se destacar que a “Revolução do Paleolítico Superior”
coincide temporalmente com a expansão dos Homo Sapiens
pelo mundo. É provável que esse desenvolvimento cognitivo
tenha trazidos vantagens para nossa espécie que permitiu a
expansão e a “vitória” no contato com outras espécies de
humanos.
Sepultamentos ritualísticos
Outras espécies de humanos e o próprio Homo Sapiens já
realizavam sepultamentos. A partir do Paleolítico Superior,
contudo, esses sepultamentos se tornaram cada vez mais
elaborados, mostrando o desenvolvimento de ricos rituais
no processo de enterrar os mortos.
Sepultamento em
Sungir, Rússia:
Foto da escavação
e representação.
Acredita-se que as
milhares de contas
encontradas sobre
o corpo enterrado
formasse parte da
roupa com que a
pessoa foi
sepultada.
A Revolução do Paleolítico Superior
Como vimos, é possível identificar algumas práticas culturais
desenvolvidas entre os Neandertais e os Heidelberguianos.
Contudo, nada se compara às atividades que o Homo Sapiens
começa a desenvolver entre 70 e 50 mil anos atrás.
Esse momento de “explosão criativa”, quando o Homo Sapiens
começa a produzir uma cultura material extremamente
diversificada e elaborada, é conhecido como “Revolução do
Paleolítico Superior”.
Alguns estudiosos acreditam que uma modificação genética
ocorrida nesse período permitiu um rápido desenvolvimento da
capacidade cognitiva humana (“modelo neuronal”). Outros
estudiosos, percebendo que o desenvolvimento dessa
capacidade cognitiva foi lento e gradativo, defendem que houve
na verdade um acúmulo e uma dispersão de conhecimento
possibilitada pelo adensamento demográfico das populações de
Homo Sapiens.
Deve-se destacar que a “Revolução do Paleolítico Superior”
coincide temporalmente com a expansão dos Homo Sapiens
pelo mundo. É provável que esse desenvolvimento cognitivo
tenha trazidos vantagens para nossa espécie que permitiu a
expansão e a “vitória” no contato com outras espécies de
humanos.
A revolução da arte
O aspecto mais chamativo da Revolução do Paleolítico
Superior é o grande desenvolvimento da arte. Os humanos
passam a criar representações simbólicas de aspectos
diversos de sua realidade (material e imaterial), como
animais e figuras que acreditamos ser de alguma maneira
sobrenaturais (ainda que não saibamos seus significados
precisos).
Pequenas estatuetas femininas, talvez
representando divindades ligadas à
fertilidade, parecem ter sido muito
comuns na Europa Paleolítica.
Homem-Leão de Hohlenstein (Alemanha): de cerca
de 40 mil anos atrás, mais antiga estatueta conhecida.
Bisão de La Madeleine (França): cerca de 15 mil anos atrás
Pinturas Rupestres
A forma mais conhecida de arte paleolítica
são as pinturas em paredes de cavernas,
encontradas em todo o mundo, da África do
sul à Europa, da América à Austrália.
Por conta de cenas de caçada encontradas em
algumas dessas pinturas, tradicionalmente se
entendeu que elas representavam cenas
cotidianas daquelas pessoas.
Com o tempo, percebeu-se, porém, que
muitas dessas representações provavelmente
possuíam outros significados para aquelas
pessoas: muitas parecem representações de
rituais ou mesmo transes religiosos, por
exemplo.
Contornos de mão em caverna da
Indonésia: 40 mil anos atrás, provavelmente
a mais antiga pintura conhecida.
Parte das pinturas na caverna de Lascaux (França),
conhecida como a “Capela Sistina da Idade da Pedra”
Um dos bisões pintados na Caverna de Altamira (Espanha). Segundo Picasso,
seria impossível para a humanidade superar a beleza das pinturas dessa caverna.
Cueva de las manos,
Argentina
Pinturas Rupestres
Caça ou representação de ritual religioso?
Comparemos duas representações
Na primeira cena percebe-se
uma clara cena de caçada,
com humanos atingindo
presas com arco e flecha.
A segunda cena já foi
interpretada com uma cena
de caça também. Contudo,
repare que a cabeça do
caçador é, na verdade, uma
cabeça de pássaro. Repare
também que o pássaro
representado ao seu lado
parece ser, na verdade, uma
espécie de bastão com uma
figura de pássaro em uma
das pontas. A posição do
corpo também é bem
diferente da dos caçadores
da outra imagem.
O pensamento simbólico e a linguagem
A fala humana depende de alguns elementos naturais:
desenvolvimentos genéticos específicos, laringe mais
baixa e a posição do osso hióide (que permitem a
articulação da fala). Depende, também, de elementos
culturais, dos quais se destaca a capacidade de
abstração.
O que se percebe na Revolução do Paleolítico superior é
um grande desenvolvimento da capacidade humana de
pensar simbolicamente – isto é, de abstrair em ideias a
realidade concreta que se vivencia.
Esse é um passo fundamental para o desenvolvimento de
uma linguagem complexa. Experimentos modernos
mostram que diversos animais conseguem se comunicar
com mensagens simples, mas a capacidade humana de
construir uma linguagem complexa é única.
Não sabemos quando o Homo Sapiens começou a se
comunicar pela fala de maneira complexa, mas acredita-
se que isso tenha ocorrido durante a Revolução do
Paleolítico Superior.
Economia de caça e coleta
A subsistência humana dependia da caça e da
coleta. Carcaças abandonadas por outros
predadores eram uma fonte de alimentos muito
importante.
A organização necessária para a realização
dessas atividades assim como para a divisão de
seus produtos estimulou a formação das relações
sociais nas quais as pessoas viviam.
Acredita-se que eles viviam em grupos de 25 a 50
pessoas e que uma ética de compartilhamento
era fundamental para o pertencimento ao grupo.
Não deviam existir posições hierárquicas rígidas e
a única autoridade que despontava no grupo
deveria ser a do líder espiritual.
A existência de instrumentos de tipos muito
variados no Paleolítico Superior pode indicar o
início de uma especialização do trabalho.
O senso comum imagina que caçadores e
coletores vivem na linha da miséria, enfrentando
com muita dificuldade o desafio de conseguir um
mínimo de alimentos. Na verdade, estudos com
povos caçadores e coletores do presente
mostraram que o tempo gasto por eles para
obter o mínimo de subsistência é menor do que
em sociedades agrárias.
A “dieta do paleolítico”
Há alguns anos atrás surgiu uma
“Dieta” miraculosa que pretendia
resolver todos os nossos
problemas de saúde: comermos
como os nossos antepassados do
paleolítico, que não sofriam dos
mesmos problemas de saúde
causados pela alimentação que
sofremos. Essa ideia não só ignora
o fato de que aquelas pessoas não
viviam tanto quanto nós e que
praticavam muito mais atividades
físicas em média, mas também o
fato de que não existe uma única
dieta de caçadores e coletores.
Estudos sobre alimentação de
caçadores e coletores dos dias de
hoje mostram a possibilidade de
variadas formas de se alimentar a
partir da caça e da coleta.
Relações de gênero
Estudos recentes sobre grupos de caçadores e
coletores do presente mostram, contudo, que uma
relação igualitária entre os gêneros era necessária
para a formação de redes sociais extra-familiares
fundamentais para a sobrevivência desses grupos.
Assim, grupos com igualdade de gênero tinham
vantagens adaptativas frente aqueles com
desigualdade. Assim, eles sobreviviam mais e melhor,
sobrepondo-se sobre estes.
Outro estudo interessante mostra que a maior parte
dos contornos de mão pintados em cavernas são de
mãos femininas, sugerindo que a maioria dos
primeiros artistas pintores de cavernas foram
mulheres.
Nossa sociedade acredita que estamos no ponto alto da civilização,
que alcançamos depois de progressivamente abandonarmos a
barbárie. Nessa perspectiva, acreditamos que as sociedades do
paleolítico eram mais atrasadas em tudo. Um bom exemplo é a
relação entre homens e mulheres. A imagem tradicional dessa
relação é a do homem das cavernas arrastando a força uma mulher.