Urolitíase em ruminantes: causas, sinais e prevenção
1.
2. Definição:
A urolitíase é uma doença nutricional que ocorre em conseqüência da
precipitação de minerais ou substâncias orgânicas no trato urinário de
bovinos, caprinos e ovinos, causando obstrução parcial ou total da uretra
através de cálculos uretrais, e assim classificada como:
Urolitíase obstrutiva. (RIET-CORREA, 2001)
3. Esta doença possui grande importância em ruminantes machos castrados
ainda jovens e que são mantidos em confinamento com pouca oferta de água,
associada a dietas ricas em concentrados levando a um aporte excessivo de
fósforo com desequilíbrio na relação Ca e P da dieta. Dietas com uma relação
Ca:P menor que 1,5: 1 a 2:1 facilmente causam urolitíase a qual possui taxa de
mortalidade de 10 a 20% . A nutrição e o manejo são os principais fatores
predisponentes para o aparecimento da urolitíase (RIET-CORREA, 2001).
4. Epidemiologia:
• CAPRINOS e OVINOS com maior freqüência
• Machos jovens (castração)
• Animais em regime de confinamento (caprinos, ovinos e bovinos)
5. Localização do cálculo uretral no macho
GRANDES PEQUENOS EQUINOS e CANINOS FELINOS
RUMINANTES RUMINANTES SUINOS
Arco isquiático e Prolongamento Pouca Base do Ao longo de
flexura sigmóide uretral freqüência pênis toda uretra
6. Locais mais comuns de ocorrência de obstrução nos machos.
Fonte: adaptado de TIRUNEH (2000).
10. Necropsia de carneio: Bexiga
distendida repleta de urina
devido à obstrução.
Fonte: Nadis.org
11. Sinais Clínicos:
Os sinais clínicos desta enfermidade são dor abdominal aguda,
anorexia, inquietação, dificuldade para andar, marcha rígida,
tentativas freqüentes de urinar e ocasionalmente gemidos de dor, ao
toque lombar e prepucial (FRASER,1996).
12. Aumento do volume abdominal, prepucial e Bexiga rompida de carneiro após sua morte
escrotal de um caprino com urolitiíase por urolitíase
14. Fatores Nutricionais de Predisposição da Urolitíase em Caprinos e Ovinos
Confinados ou Superalimentados
Grãos Concentrado e Volumoso
Grãos Fósforo (P)
Magnésio (Mg) Cálcio (Ca)
15. O metabolismo do fósforo (P) no organismo dos ruminantes é ponto chave
para entendimento do processo. Normalmente, cerca de 60% do P que
adentra o rúmen é proveniente da saliva secretada e deglutida pelo animal,
os 40% restantes vêm da dieta. A secreção diária salivar de P alcança de 5 a
10g nos ovinos. As glândulas salivares têm alta capacidade de concentrar o
P além das concentrações sanguíneas, numa proporção de 12 a 16:1.
Aparentemente, esta é uma estratégia para suprir o P aos microrganismos
do rúmen mesmo em longos períodos de falta deste mineral.
16. Fósforo (P) Fósforo (P)
na dieta no sangue
Absorvido
Excretado
Fósforo (P) Fósforo (P)
na saliva na Rins
19. Prevenção e Tratamento:
• Balanceamento da dieta (Proporções de Ca/P)
• Medidas gerais de manejo como disponibilidade de bebedouros em locais
adequados, e a qualidade da água fazem com que a ocorrência de casos
clínicos diminua
• A acidificação da urina com cloreto de amônio
• Amputação do processo uretral, a administração de antiespasmódicos,
acidificantes urinários e fluidos
• Uretrostomia
20. Polpa Cítrica:
A adição da polpa cítrica na dieta de ovinos e caprinos pode ajudar a
prevenir a urolitíase, sem que haja perda da produtividade dos animais.
A idéia é que o produtor possa usar a polpa substituindo
em até 60% o milho da ração.
Segundo a pesquisa que está sendo coordenada pelo professor titular, Enrico Lippi Ortolani, da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP).
21. Vantagens da Polpa Cítrica:
• A polpa cítrica é um produto com grande disponibilidade no Estado de São
Paulo, principalmente entre os meses de julho e novembro, e pode ser
estocada por pelo menos três meses, sem prejuízo na qualidade
• É uma alternativa ao uso de fontes energéticas tradicionais, pode reduzir o
custo de produção, já que custa entre 15% e 20% a menos do que o milho
• Aumenta o tempo de ruminação
22. Vantagem sobre a Urolitíase:
Os pequenos ruminantes não eliminam fósforo pela urina, mas pela
saliva. Porém, as rações tradicionais à base de milho, sorgo e farelo
de trigo não estimulam a salivação.
E lim in a ç ã o
d e F ó s fo ro (P )
P o lp a C ítric a R u m in a ç ã o n a s a liv a
24. Fatores predisponentes:
• Pesadas dietas de baixa concentração volumoso, água limitada, privação da ingestão de
água ou desidratação, a alcalinidade da urina, água mineralizada, poços artesianos para
abastecimento de água alcalina, excesso de bicarbonato de sódio na dieta, os
desequilíbrios de vitamina E, hipovitaminose A e hipervitaminose D, e alto teor de proteína
nas rações (EMERICK 1988, LARSON 1996, RADOSTIS 2000).
• Pastoreio em áreas em que as plantas de pastagens contêm grandes quantidades de
oxalato, estrógenos ou sílica são propensas a desenvolver estes tipos de cálculos
(RADOSTIS, 2000).
25. Depósitos minerais (urólitos)
medindo 0,1-0,2 milímetros
Bexiga de um boi de confinamento
em que o surto de urolitíase
ocorreu.
Pênis de um boi de confinamento com
urolitíase.
26. Ocorre especialmente em confinamento com bovinos de engorda recebendo
rações de cereais ricos em grãos e oleaginosas. Estes alimentos contêm
fósforo e os níveis de magnésio em excesso, mas relativamente baixos de
cálcio e potássio, predispondo à ocorrência da doença (Payne 1989, Radostits
et al. , 2000). Um desequilíbrio cálcio-fósforo resulta na excreção urinária de
fosfato de alta que é um fator importante na gênese de fosfato de cálculos
(RADOSTIS, 2000).
27. Prevenção e Tratamento:
Embora a uretrostomia perineal seja uma técnica que acarreta perda da
função reprodutora do macho é o principal tratamento indicado para
bovinos. Como geralmente trata-se de novilhos (garrotes) em engorda
é recomendado o abate, imediatamente após os primeiros sinais ou
após a uretrostomia e recuperação do animal.
(RIET-CORREA, 2001)
29. A urolitíase atinge em menor incidência os grandes ruminantes, sendo a maioria das
pesquisas voltadas para ovinos e caprinos acometidos por esta patologia. Grande parte do
problema está na nutrição e manejo destes animais. Sendo o grande vilão da formação dos
cálculos a proporção de Fósforo e Cálcio ingeridas pelos ruminantes alem da pouca oferta
de água de beber.
O balanceamento da dieta aliado as novas alternativas como a polpa cítrica e a soja
auxiliam na profilaxia dessa doença. O tratamento cirúrgico é eficiente embora em alguns
casos seja necessária a inutilizarão do animal para fins reprodutivos.
Acredito que as pesquisas na área ainda são escassas, sendo este um tema vasto de
aplicação prática e grande campo de estudo na área nutricional.
31. Referências Bibliográficas:
• EMERICK R.J. 1988. Urinary calculi, p.523-528. In: Church, D.C. (ed.) The Ruminant Animal:
Digestive Physiology and Nutrition. Prentice Hall, New Jersey.
• RADOSTITS, O. T.; GAY, C. C.; BLOOD, D. C.; HICHCLIFF, K. W. C Doenças do sistema
urinário. Clinica veterinária: Um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e
eqüinos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 441-445.
• RIET-CORREA, F; SCHILD, A.L; MNDEZ, M.D.C; LEMOS, R.A.A. [et al]. Doenças de
ruminantes e eqüídeos. v. 2, São Paulo: Varela, 2001, p 561-565.