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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – IFCHS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DEGEOG
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA – IH07-L
UM OLHAR ETNOGRÁFICO NA FEIRA DO SÃO JOSÉ 2
Jandresson Soares De Araújo
Pedro Henrique de Sousa Pereira
No dia x decidimos ir á feira do São José dois, localizada na Zona Leste de Manaus,
próximo a Avenida Grande Circular, com o objetivo de elaborar um trabalho de etnografia
para a disciplina de Introdução á Antropologia Cultural. Optamos por esse lugar porque já
havíamos ouvido falar antes, e achamos interessantes visitá-lo e posteriormente procurar e
coletar dados que pudessem ser relevantes para a produção desse texto.
Em primeira análise, consideramos falar a respeito do local de estudo e os elementos
ou características que por nós foram tratados como relevantes. Foram vários dias intermitentes
de estudo de campo, ou seja, não seguimos uma ordem continuada. Além disso, apesar de
morarmos relativamente próximos a zona que a feira está situada, não era familiar para nós
visitar o local, tornando-o um espaço de certa forma “desconhecido”, o que foi relevante para
a produção do estudo de campo, já que uma das recomendações para a produção do trabalho
etnográfico envolvia justamente “sair da zona de conforto”.
A Feira do São José dois antigamente era restrita a um local que apenas costumava a
vender peixes majoritariamente, e era planejado e licenciado pela Prefeitura de Manaus - foi
possível identificar uma placa com a logo da prefeitura, embora em condições nítidas de
abandono, já que praticamente estava apagado, o que pouco oferecia de informação relevante
para sua identificação. Posteriormente, a feira se expandiu para as ruas adjacentes a ela,
porém de maneira informal, majoritariamente se dando através de ocupações irregulares – que
no cotidiano são chamadas de invasões. Mas sabemos que esse termo, e, sobretudo dentro do
ambiente acadêmico, não é correto a ser utilizado.
É claro que um verdadeiro trabalho de etnografia não se resume simplesmente a
coletar dados, como por exemplo, entrevistar pessoas e em seguida produzir seus diários de
campo. Entretanto, levando em consideração à rigidez que nos foi exigida para a produção
dessa etnografia, a coleta de dados se faz extremamente importante, e acreditamos que ela
será o principal elemento que irá constituir na produção deste texto.
Durante os dias semanais, incluindo também os dias de sábado, é possível notar uma
movimentação relativamente boa de maneira geral, com lojas e barracas ao redor das ruas -
algumas quase simplesmente invadindo-as, o que torna o tráfego de veículos e pedestres
bastante precário. Ao passar pelo local, foi possível notar que é praticamente impossível andar
pelas calçadas, porque ou elas estão ocupadas pelas lojas, ou estão ocupadas pelas diferentes
barracas e camelôs que ali se fazem presentes, ou simplesmente não existem. O normal é você
andar literalmente no meio da rua e se arriscar com os veículos que por lá estão passando.
Além disso, a questão sanitária é tratada de forma bastante precária, já que presenciamos, por
exemplo, um caminhão de lixo passando na rua ao lado de barracas que vendem carne, peixes
(principalmente), legumes e frutas. Isso sem contar a falta de higiene e cuidado por parte dos
vendedores, já que vimos produtos congelados sendo postos ao ar livre. É importante enfatizar
que absolutamente nada do que estamos falando aqui se trata de uma suposta crítica às
pessoas que ali trabalham, mas sim relatar o que foi visto e concebido por nós, bem como
nossas impressões inusitadas sobre o ambiente em que estávamos inseridos.
Foto 01: Feira do São José 2 durante a semana.
Fonte: Autores.
Exclusivamente durante os domingos, algumas ruas são fechadas e a feira acaba se
expandindo ainda mais, dessa vez ocupado de fato as ruas que durante a semana os veículos
estão trafegando. Dessa forma, foi possível notar que a variedade de produtos aumenta de
forma impressionante, desde a venda de roupas até peças veículos, como carro, moto, entre
outros; o fluxo de pessoas aumenta nas mesmas proporções.
Foto 02: Feira do São José 2 aos Domingos.
Fonte: Autores.
Além disso, em um desses domingos, foi possível identificar a presença de duas
barracas de peixes, praticamente uma de frente para outra. O que nos chamou atenção foi que
uma das barracas tinha apenas mulheres trabalhando, eram três jovens – todas usando jaleco e
descascando peixes – e uma senhora, que aparentemente era responsável apenas pela coleta
do dinheiro. Nesse contexto, foi possível identificar uma organização da divisão do trabalho
bastante interessante, pois em nenhum momento durante os dias semanais notamos essa
organização tão bem elaborada por assim dizer. Em contrapartida, na outra barraca que
também vendia peixe, não tinha essa organização, mas não foi isso que despertou nossa
atenção, mas sim a relação dos vendedores com os clientes, porque foi possível perceber que
eles estavam alegres, rindo, sentados na cadeira enquanto esperavam sua mercadoria e
conversando muito. Isso nos fez pensar: essa interação não acontece do dia para noite,
demanda certo tempo e confiança de ambas as partes. A título de curiosidade, deu até certa
vontade de participarmos das conversas daquela alegria ali exposta.
Sabemos que as feiras, de maneira geral, são constituídas majoritariamente por
pessoas de baixa renda, e muitas delas fazendo parte também das populações mais
vulneráveis. Além disso, é óbvio que estamos inseridos no sistema capitalista junto com todas
as suas mantras e características que são impostas a nós, como aquela famosa frase “Just in
time”, onde tempo é dinheiro, e que inclusive acaba impactando na nossa vivência, de modo
de estarmos a toa, não ser produtivo por um dado período de tempo, acaba gerando grandes
impactos na nossa saúde mental. Mas o que queremos dizer com isso?
A questão é que, ao procurar diferentes pessoas para nós entrevistarmos, percebemos
que a maior parte delas apresentavam pressa para fazer suas obrigações diárias, seja
organizando sua barracas, seja interagindo com os seus consumidores e ou procurando chamar
atenção de quem passa em frente as suas lojas. Ou seja, a vida nesse ambiente mostra ser
bastante corrida, já que a maioria dessas pessoas trabalham lá todos os dias e sobrevivem
através daquilo que fazem de melhor: vendendo seu produto.
Dessa forma, foi bastante difícil conseguirmos alguém para realizar nossos
questionamentos. A nossa pesquisa etnográfica não se resumia em só obsevar, envolvia
também a questão participativa ou ativa na realização desse estudo. Nós olhávamos para
vários tipos de pessoas e o comportamento delas passava uma forte impressão de “cara,
desculpa, mas eu preciso trabalhar” ou “se não for para comprar nada, então sai fora”. Nós
não ficamos surpresos com essa impressão que tivemos porque, de certa forma, é possível
entender o contexto de um ambiente de feira no sentido geral, ou seja, nós já tínhamos alguma
ideia de que fôssemos nos deparar com essas situações ou sensações que tivemos nesse
trabalho de campo. Mas, claro, mesmo que soubéssemos disso, não quer dizer que não
tenhamos ficados surpresos, até porque foi a nossa primeira experiência fazendo esse tipo de
estudo, onde é necessário conversar com diferentes pessoas e várias vezes ser recusado – sim,
fomos várias vezes recusados pelas pessoas que trabalham lá, mas todos nos trataram com
educação. Desse modo, nossa pesquisa acabou ficando limitada no que diz respeito a obtenção
de informações e alguns casos.
Dentre todas as conversas que tivemos com os feirantes, podemos destacar uma em
especifica, que foi com o senhor Dionísio Pereira Santos. Ele tem 66 anos, mora próximo à
feira, no bairro Aleixo, pai de quatro filhos, com boa disposição, alegria e bem consciente da
sua posição como feirante. Todos os dias sob sol e chuva está lá vendendo seus produtos
alimentícios. Há mais de 30 anos trabalhando no mesmo espaço ele diz que já viu muita coisa,
e que infelizmente não acredita que as políticas públicas sejam tão atuantes na feira. Dionísio
é um homem muito experiente que passou por vários locais a trabalho; já foi fundidor de ouro
na Serra pelada por quatro anos e a CAIXA comprava esse ouro; já trabalhou pela SUDAM
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
O senhor Dionísio tem consciência dos diversos problemas que a feira atualmente tem,
por exemplo, a situação dos boxes que são irregulares, ocupando espaços que deveriam ser
dos pedestres, tentou junto ao secretario urbano uma melhoria dos espaços, mas sem sucesso.
Teve duas situações que realmente foram bastante complicadas de sentir na pele as
dificuldades que apareceram para ele. Segundo relato do senhor Dionísio, o então prefeito
Manoel Ribeiro (mandato de 1985-1988) tentou, através da força, remover os feirantes
daquele espaço de uma hora para outra, sem aviso prévio e sem planejamento, mas a decisão
acabou sendo um fracasso, pois se tivesse ocorrido com sucesso, muito feirantes incluindo
senhor Dionísio estariam bastante complicados e sem rumo. Nesse meio tempo, o senhor
Dionísio conversou com o prefeito para saber o que acontecia, e com isso obteve uma
autorização para trabalhar lá.
A outra situação complicada foi durante a pandemia. Assim como os demais colegas
de trabalho, ele passou por situações difíceis no seu estabelecimento porque foi impedido de
vender seus produtos – isso no auge da pandemia -, e sua situação piorou ainda mais, pois
essa é a sua única forma de renda. Sem escolhas, voltou a vender, mesmo com toda cautela e
cuidado a sua situação não melhorou muito, por que não tinha muitos clientes. Como um
homem de fé, próximo de suas quatros bíblias, sendo pastor por mais de vinte anos, acreditou
em dias melhores. Por todo tempo que trabalha lá, até aquele presente momento não teve
brigas por espaços ou territórios, há um comum acordo entre todos que lá trabalham em
relação aos seus respectivos lugares. Depois de horas de conversa, nos despedimos do senhor
Dionísio.
Essa pesquisa etnográfica nos mostrou que mesmo em lugares próximos a nós,
passando todo dia no mesmo local, ainda será uma experiência nova a ser vivida e pesquisada.
As pessoas transformam os espaços em lugares, e esses lugares se tornam partem delas,
convivendo e se adaptando às diversas oscilações espaciais para se adequar o melhor possível.
A diferença de olhar, se tornou aqui essencial para notarmos as discrepâncias diárias, que se
continuássemos só por apenas olhar, ou seja, apenas pautar nosso estudo na observação,
provavelmente não perceberíamos as situações, as interações e toda essa complexidade que
nos cerca, que muitas vezes ignoramos sem percebemos.

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UM OLHAR ETNOGRÁFICO NA FEIRA DO SÃO JOSÉ 2 - AO USAR COMO FONTE POR FAVOR CITAR NAS REFERÊNCIAS

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – IFCHS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DEGEOG CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA – IH07-L UM OLHAR ETNOGRÁFICO NA FEIRA DO SÃO JOSÉ 2 Jandresson Soares De Araújo Pedro Henrique de Sousa Pereira No dia x decidimos ir á feira do São José dois, localizada na Zona Leste de Manaus, próximo a Avenida Grande Circular, com o objetivo de elaborar um trabalho de etnografia para a disciplina de Introdução á Antropologia Cultural. Optamos por esse lugar porque já havíamos ouvido falar antes, e achamos interessantes visitá-lo e posteriormente procurar e coletar dados que pudessem ser relevantes para a produção desse texto. Em primeira análise, consideramos falar a respeito do local de estudo e os elementos ou características que por nós foram tratados como relevantes. Foram vários dias intermitentes de estudo de campo, ou seja, não seguimos uma ordem continuada. Além disso, apesar de morarmos relativamente próximos a zona que a feira está situada, não era familiar para nós visitar o local, tornando-o um espaço de certa forma “desconhecido”, o que foi relevante para a produção do estudo de campo, já que uma das recomendações para a produção do trabalho etnográfico envolvia justamente “sair da zona de conforto”. A Feira do São José dois antigamente era restrita a um local que apenas costumava a vender peixes majoritariamente, e era planejado e licenciado pela Prefeitura de Manaus - foi possível identificar uma placa com a logo da prefeitura, embora em condições nítidas de abandono, já que praticamente estava apagado, o que pouco oferecia de informação relevante para sua identificação. Posteriormente, a feira se expandiu para as ruas adjacentes a ela, porém de maneira informal, majoritariamente se dando através de ocupações irregulares – que no cotidiano são chamadas de invasões. Mas sabemos que esse termo, e, sobretudo dentro do ambiente acadêmico, não é correto a ser utilizado. É claro que um verdadeiro trabalho de etnografia não se resume simplesmente a coletar dados, como por exemplo, entrevistar pessoas e em seguida produzir seus diários de campo. Entretanto, levando em consideração à rigidez que nos foi exigida para a produção dessa etnografia, a coleta de dados se faz extremamente importante, e acreditamos que ela será o principal elemento que irá constituir na produção deste texto.
  • 2. Durante os dias semanais, incluindo também os dias de sábado, é possível notar uma movimentação relativamente boa de maneira geral, com lojas e barracas ao redor das ruas - algumas quase simplesmente invadindo-as, o que torna o tráfego de veículos e pedestres bastante precário. Ao passar pelo local, foi possível notar que é praticamente impossível andar pelas calçadas, porque ou elas estão ocupadas pelas lojas, ou estão ocupadas pelas diferentes barracas e camelôs que ali se fazem presentes, ou simplesmente não existem. O normal é você andar literalmente no meio da rua e se arriscar com os veículos que por lá estão passando. Além disso, a questão sanitária é tratada de forma bastante precária, já que presenciamos, por exemplo, um caminhão de lixo passando na rua ao lado de barracas que vendem carne, peixes (principalmente), legumes e frutas. Isso sem contar a falta de higiene e cuidado por parte dos vendedores, já que vimos produtos congelados sendo postos ao ar livre. É importante enfatizar que absolutamente nada do que estamos falando aqui se trata de uma suposta crítica às pessoas que ali trabalham, mas sim relatar o que foi visto e concebido por nós, bem como nossas impressões inusitadas sobre o ambiente em que estávamos inseridos. Foto 01: Feira do São José 2 durante a semana. Fonte: Autores. Exclusivamente durante os domingos, algumas ruas são fechadas e a feira acaba se expandindo ainda mais, dessa vez ocupado de fato as ruas que durante a semana os veículos estão trafegando. Dessa forma, foi possível notar que a variedade de produtos aumenta de forma impressionante, desde a venda de roupas até peças veículos, como carro, moto, entre outros; o fluxo de pessoas aumenta nas mesmas proporções.
  • 3. Foto 02: Feira do São José 2 aos Domingos. Fonte: Autores. Além disso, em um desses domingos, foi possível identificar a presença de duas barracas de peixes, praticamente uma de frente para outra. O que nos chamou atenção foi que uma das barracas tinha apenas mulheres trabalhando, eram três jovens – todas usando jaleco e descascando peixes – e uma senhora, que aparentemente era responsável apenas pela coleta do dinheiro. Nesse contexto, foi possível identificar uma organização da divisão do trabalho bastante interessante, pois em nenhum momento durante os dias semanais notamos essa organização tão bem elaborada por assim dizer. Em contrapartida, na outra barraca que também vendia peixe, não tinha essa organização, mas não foi isso que despertou nossa atenção, mas sim a relação dos vendedores com os clientes, porque foi possível perceber que eles estavam alegres, rindo, sentados na cadeira enquanto esperavam sua mercadoria e conversando muito. Isso nos fez pensar: essa interação não acontece do dia para noite, demanda certo tempo e confiança de ambas as partes. A título de curiosidade, deu até certa vontade de participarmos das conversas daquela alegria ali exposta. Sabemos que as feiras, de maneira geral, são constituídas majoritariamente por pessoas de baixa renda, e muitas delas fazendo parte também das populações mais vulneráveis. Além disso, é óbvio que estamos inseridos no sistema capitalista junto com todas as suas mantras e características que são impostas a nós, como aquela famosa frase “Just in time”, onde tempo é dinheiro, e que inclusive acaba impactando na nossa vivência, de modo de estarmos a toa, não ser produtivo por um dado período de tempo, acaba gerando grandes impactos na nossa saúde mental. Mas o que queremos dizer com isso? A questão é que, ao procurar diferentes pessoas para nós entrevistarmos, percebemos que a maior parte delas apresentavam pressa para fazer suas obrigações diárias, seja
  • 4. organizando sua barracas, seja interagindo com os seus consumidores e ou procurando chamar atenção de quem passa em frente as suas lojas. Ou seja, a vida nesse ambiente mostra ser bastante corrida, já que a maioria dessas pessoas trabalham lá todos os dias e sobrevivem através daquilo que fazem de melhor: vendendo seu produto. Dessa forma, foi bastante difícil conseguirmos alguém para realizar nossos questionamentos. A nossa pesquisa etnográfica não se resumia em só obsevar, envolvia também a questão participativa ou ativa na realização desse estudo. Nós olhávamos para vários tipos de pessoas e o comportamento delas passava uma forte impressão de “cara, desculpa, mas eu preciso trabalhar” ou “se não for para comprar nada, então sai fora”. Nós não ficamos surpresos com essa impressão que tivemos porque, de certa forma, é possível entender o contexto de um ambiente de feira no sentido geral, ou seja, nós já tínhamos alguma ideia de que fôssemos nos deparar com essas situações ou sensações que tivemos nesse trabalho de campo. Mas, claro, mesmo que soubéssemos disso, não quer dizer que não tenhamos ficados surpresos, até porque foi a nossa primeira experiência fazendo esse tipo de estudo, onde é necessário conversar com diferentes pessoas e várias vezes ser recusado – sim, fomos várias vezes recusados pelas pessoas que trabalham lá, mas todos nos trataram com educação. Desse modo, nossa pesquisa acabou ficando limitada no que diz respeito a obtenção de informações e alguns casos. Dentre todas as conversas que tivemos com os feirantes, podemos destacar uma em especifica, que foi com o senhor Dionísio Pereira Santos. Ele tem 66 anos, mora próximo à feira, no bairro Aleixo, pai de quatro filhos, com boa disposição, alegria e bem consciente da sua posição como feirante. Todos os dias sob sol e chuva está lá vendendo seus produtos alimentícios. Há mais de 30 anos trabalhando no mesmo espaço ele diz que já viu muita coisa, e que infelizmente não acredita que as políticas públicas sejam tão atuantes na feira. Dionísio é um homem muito experiente que passou por vários locais a trabalho; já foi fundidor de ouro na Serra pelada por quatro anos e a CAIXA comprava esse ouro; já trabalhou pela SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). O senhor Dionísio tem consciência dos diversos problemas que a feira atualmente tem, por exemplo, a situação dos boxes que são irregulares, ocupando espaços que deveriam ser dos pedestres, tentou junto ao secretario urbano uma melhoria dos espaços, mas sem sucesso. Teve duas situações que realmente foram bastante complicadas de sentir na pele as dificuldades que apareceram para ele. Segundo relato do senhor Dionísio, o então prefeito Manoel Ribeiro (mandato de 1985-1988) tentou, através da força, remover os feirantes daquele espaço de uma hora para outra, sem aviso prévio e sem planejamento, mas a decisão
  • 5. acabou sendo um fracasso, pois se tivesse ocorrido com sucesso, muito feirantes incluindo senhor Dionísio estariam bastante complicados e sem rumo. Nesse meio tempo, o senhor Dionísio conversou com o prefeito para saber o que acontecia, e com isso obteve uma autorização para trabalhar lá. A outra situação complicada foi durante a pandemia. Assim como os demais colegas de trabalho, ele passou por situações difíceis no seu estabelecimento porque foi impedido de vender seus produtos – isso no auge da pandemia -, e sua situação piorou ainda mais, pois essa é a sua única forma de renda. Sem escolhas, voltou a vender, mesmo com toda cautela e cuidado a sua situação não melhorou muito, por que não tinha muitos clientes. Como um homem de fé, próximo de suas quatros bíblias, sendo pastor por mais de vinte anos, acreditou em dias melhores. Por todo tempo que trabalha lá, até aquele presente momento não teve brigas por espaços ou territórios, há um comum acordo entre todos que lá trabalham em relação aos seus respectivos lugares. Depois de horas de conversa, nos despedimos do senhor Dionísio. Essa pesquisa etnográfica nos mostrou que mesmo em lugares próximos a nós, passando todo dia no mesmo local, ainda será uma experiência nova a ser vivida e pesquisada. As pessoas transformam os espaços em lugares, e esses lugares se tornam partem delas, convivendo e se adaptando às diversas oscilações espaciais para se adequar o melhor possível. A diferença de olhar, se tornou aqui essencial para notarmos as discrepâncias diárias, que se continuássemos só por apenas olhar, ou seja, apenas pautar nosso estudo na observação, provavelmente não perceberíamos as situações, as interações e toda essa complexidade que nos cerca, que muitas vezes ignoramos sem percebemos.