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Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico
                                                                                                         Artigo de Revisão / Review Article
                                                                                                                         Santos, T.S., et al




Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no aten-
dimento odontológico
Current aproach on arterial sistemic hypertension in dental office

Thiago de Santana Santos*, Carla Renata Acevedo**, Marina Cordeiro Rêgo de Melo**, Edwaldo Dourado***


* Residente de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário Oswaldo Cruz – HUOC/UPE
**
   Acadêmica do último semestre da Faculdade de Odontologia de Pernambuco – FOP/UPE
***
    Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela PUCRS; Doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial - Universidade de
Barcelona, Espanha; Professor adjunto da disciplina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial - FOP/UPE; Membro Titular do Colégio Brasileiro
de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.


Descritores                                       Resumo


Hipertensão; Procedimentos Cirúrgicos             A hipertensão arterial sistêmica é geralmente um distúrbio assintomático que faz parte das do-
Ambulatórios; Ansiedade ao Tratamento             enças do aparelho circulatório, sendo um importante fator de risco para doenças decorrentes de
Odontológico.                                     ateroesclerose e trombose, que se exteriorizam, predominantemente, por acometimento cardíaco,
                                                  cerebral, renal e vascular periférico. O diagnóstico é basicamente estabelecido pelo encontro de
                                                  níveis tensionais acima dos limites da normalidade (120/80 mmHg), quando a pressão arterial é
                                                  determinada através de metodologia adequada e em condições apropriadas. O tratamento médi-
                                                  co geralmente consiste no controle da dieta e na utilização de medicações anti-hipertensivas. A
                                                  importância do conhecimento da hipertensão arterial para o tratamento odontológico reside no
                                                  fato desta patologia sistêmica ser considerada um fator de risco para estes pacientes durante o
                                                  atendimento. O paciente hipertenso deve ter sua pressão monitorizada a cada consulta, devendo
                                                  ser maior o cuidado com a escolha do anestésico, devido à concentração de vasoconstrictor. É
                                                  recomendado o protocolo de redução de ansiedade, com uso de ansiolíticos, o que vai reduzir o
                                                  nível de catecolaminas circulantes. O objetivo deste trabalho é realizar revisão de literatura para
                                                  nortear a prática clínica odontológica.

Key-words                                        Abstract                                                                                                   105
Hypertension; Ambulatory Surgical Procedu-        The arterial systemic hypertension is usually asymptomatic commotion of circulatory system disease
res; Dental Anxiety                               and is an important risk factor for illness from atherosclerosis and thrombosis that occurs with
                                                  cardiac, neurological, renal and peripheral vascular onset. Diagnosis is essentially established with
                                                  a high pression above the normal limit (120/80 mmHg) and the arterial hypertension is measured
                                                  through an appropriate condition and methodology. The medical management generally consists
                                                  in an adequate diet and using anti-hypertensive medications. The importance of knowing arterial
                                                  hypertension in dental compartment is to avoid this risk factor during the consult. Every consult must
                                                  monitor the arterial pression of theses patients. Moreover, beware with the choice of local anesthetic
                                                  due to the vasoconstrictor type. It is recommended the reduction anxiety’s protocol, with anxyolitics.
                                                  The objective of this paper is realize a literature review to guide the clinical practice in dentistry.



Correspondência para / Correspondence to:
Thiago de Santana Santos
Rua Dr. Geraldo de Andrade, n. 101, apt. 801 - Espinheiro - Recife - PE - CEP: 52.021-220 / E-mail: thiago_ctbmf@terra.com.br




                                                                                    A hipertensão arterial é o principal fator de risco modifi-
INTRODUÇÃO                                                                    cável para tais doenças, como a doença coronariana, doenças
                                                                              cerebrovasculares, insuficiência cardíaca congestiva, entre
      As doenças do aparelho circulatório constituem, há al-
                                                                              outras 17.
gumas décadas, as principais causas de morte da população
                                                                                    O adequado controle da pressão arterial (PA) no pré-
adulta brasileira e de internações hospitalares no âmbito do
                                                                              operatório e a abordagem do paciente hipertenso tem sido
Sistema Único de Saúde (SUS) após parto 25.
                                                                              alvo de constantes debates nos últimos 30 anos. A decisão
      A pressão arterial alta (hipertensão) é geralmente
                                                                              de postergar ou não uma cirurgia eletiva no paciente com a
um distúrbio assintomático no qual a elevação anormal da
                                                                              pressão arterial alterada é o motivo mais freqüente de contro-
pressão nas artérias aumenta o risco de distúrbios. É definida
                                                                              vérsias entre os anestesiologistas e os cirurgiões. Tendo em
pela pressão sistólica média em repouso de 140 mmHg ou
                                                                              vista a grande prevalência de hipertensão arterial sistêmica
mais e/ou pela pressão diastólica em repouso média de 90
                                                                              na população, particularmente na população idosa, pode-se
mmHg ou mais. Nos casos de hipertensão arterial, é comum
                                                                              antever a freqüência deste problema 19.
tanto a pressão sistólica quanto a pressão diastólica estarem
                                                                                    A hipertensão arterial é considerada um problema de
elevadas 3.
                                                                              saúde pública por sua magnitude, risco e dificuldades no



                                                                                 Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009
                                                                                                                                        www.cro-pe.org.br
Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico
      Santos, T.S., et al



      seu controle 22.                                                             A hipertensão secundária é responsável por 5 a 10%
            O objetivo desse trabalho é realizar revista da literatura e    dos casos de hipertensão e pode ser devido a doenças renais,
      analisar evidências que possam nortear a prática clínica.             hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma, coarctação
                                                                            da aorta, uso de hormônios, doenças da tireóide, desordens
                                                                            neurológicas, entre outras causas. Estenose da veia renal é a
      REVISTA DA LITERATURA E DISCUSSÃO                                     causa mais comum de HAS secundária, presente em 1 a 2%
                                                                            dos pacientes hipertensos 8.
      DEFINIÇÃO
                                                                                   A hipertensão maligna é uma forma rara de hipertensão
             Oigman (1987) 23 e Silva (1980) 26 já definiam a pressão
                                                                            arterial particularmente grave, que, caso não seja tratada,
      arterial como sendo aquela existente no interior das artérias
                                                                            geralmente leva à morte em 3 ou 6 meses 3.
      e comunicada às suas paredes, podendo ser calculada pelo
                                                                                   A medida isolada da PA não é representativa e o diag-
      produto da resistência vascular periférica total pelo débito car-
                                                                            nóstico de HAS deve ser dado após duas ou mais medidas da
      díaco. Varia entre um valor máximo durante a sístole (pressão
                                                                            PA realizadas em duas ou mais consultas após a avaliação
      arterial sistólica – PAS) e um mínimo na diástole (pressão ar-
                                                                            inicial. A mensuração da PA no ambulatório ou no domicílio
      terial diastólica – PAD). As medidas de PA podem variar devido
                                                                            por profissionais não médicos habilitados possui maior valor do
      à variação intra-individual, estímulos fisiológicos intrínsecos ou
                                                                            que medidas individuais, pois pode identificar casos de hiper-
      ambientais e ainda em relação a erros de medida 18.
                                                                            tensão de consultório e prevenir tratamentos desnecessários.
             Tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto o
                                                                            A hipertensão de consultório consiste na medida de valores
      Joint National Committee (JNC) definem a determinação da
                                                                            persistentemente elevados da PA no consultório médico, po-
      HAS, mas de formas distintas. A primeira define como neces-
                                                                            rém normal no dia-a-dia do paciente. Está presente em torno
      sárias três medidas da PA em duas ocasiões diferentes para
                                                                            de 20% dos pacientes com elevação da PA. Como pode ser
      se considerar um adulto hipertenso, já a JNC utiliza a média de
                                                                            um precursor da HAS, deve ser monitorada e continuamente
      duas ou mais medidas realizadas em dois ou mais momentos.
                                                                            avaliada 29. É importante diferenciar HAS da hipertensão de
      Além disso, a OMS considera como hipertenso um indivíduo
      com uma PAS = 160 mmHg e/ou PAD = 95 mmHg, enquanto                   consultório, tendo-se em mente que, às vezes, são necessárias
      que a JNC define HAS isolada uma PAS = 140 mmHg e PAD                 múltiplas medidas da PA 19.
      = 90 mmHg 28.                                                                Durante muito tempo, a PAD foi mais valorizada que a
                                                                            PAS, sendo a PAS isolada considerada uma doença benigna
                                                                            do idoso, já que a maioria dos pacientes hipertensos após 60
      ETIOLOGIA
                                                                            anos possui apenas aumento da PAS. Trabalhos mais recentes
             Em mais de 90% dos casos de hipertensão nenhuma
                                                                            demonstram que existe um risco aumentado de eventos car-
      causa é encontrada, sendo diagnosticada HAS primária ou
                                                                            diovasculares e óbito neste grupo de pacientes. Desse modo,
      essencial 8. A principal dificuldade na descoberta do meca-
                                                                            atualmente é reconhecido que a PAS isolada também deve ser
      nismo ou mecanismos responsáveis pela hipertensão desses
                                                                            tratada. Entretanto, a PAS elevada é fator preditivo mais forte
106   pacientes pode ser atribuída à variedade dos sistemas que
                                                                            para os eventos cardiovasculares que a PAD e a hipertensão
      estão envolvidos na regulação da pressão arterial, bem como a
                                                                            sistólica isolada. Quanto maior for o nível da hipertensão, maior
      complexidade das relações desses sistemas uns com os outros
                                                                            o risco de infarto do miocárdio, falência cardíaca e renal, numa
      5
        . As principais causas da hipertensão primária são herança,
                                                                            relação linear 16.
      grupo étnico, idade, classe social, ingestão de eletrólitos na
                                                                                   A despeito das diversas classificações existentes para
      dieta, obesidade, uso excessivo de álcool, fumo, uso de anti-
                                                                            a HAS 1,13,19,27,20, a classificação da Seventh Joint National
      concepcionais orais 18.
                                                                            Committee on the Detection, Evaluation and Treatment of High
                                                                            Blood Pressure (JNC VII) 14, em 2004, tem sido a mais citada
      CLASSIFICAÇÃO
                                                                            nos trabalhos, e é baseada nas medidas da PA, sem considerar
             A Organização Mundial de Saúde no ano de 1978 de-
                                                                            outros fatores de risco.
      finiu como necessárias, para se considerar um adulto como
      hipertenso, três medidas de PA realizadas em duas ocasiões
                                                                            DIAGNÓSTICO
      diferentes: normotensos – PAS < 140 mmHg e PAD < 90
                                                                                   A determinação da hipertensão arterial na população é
      mmHg; hipertensos – PAS = 160 mmHg e/ou PAD = 95 mmHg;
                                                                            uma tarefa complexa, que exige a aferição da pressão arterial
      hipertensos limítrofes – PAD > 90 e < 95 mmHg e/ou PAS >
                                                                            e informações sobre o uso atual de medicamentos para a
      140 e < 160 mm Hg 6.
                                                                            mesma 14.
             O Joint National Committee on the Detection, Evaluation
                                                                                   A avaliação do paciente hipertenso requer que a anam-
      and Treatment of High Blood Pressure, 2003 – JNC VI – consi-
                                                                            nese inicial, o exame físico e os testes laboratoriais sejam
      dera as medidas da PA sem considerar outros fatores de risco,
                                                                            dirigidos para a descoberta de formas secundarias de hiper-
      usando a média de duas ou mais medidas feitas em duas ou
                                                                            tensão passíveis de correção, estabelecimento de uma linha
      mais ocasiões. A avaliação da PA é realizada em três estágios
                                                                            básica de pré-tratamento, avaliação dos fatores que podem
      e define HAS isolada como a PAS = 140 mmHg e PAD = 90
                                                                            influenciar o tipo de terapia ou que podem ser adversamente
      mmHg. O risco para doenças cardiovasculares se inicia com PA
                                                                            modificados pela terapia, determinação da presença ou não
      > 115/75 mmHg, dobrando a cada aumento de 20/10mmHg.
                                                                            de lesões a órgãos-alvo e determinação da presença ou não
      PAS entre 120 e 139mmHg e PAD entre 80 e 89 mmHg
                                                                            de outros fatores de risco para o desenvolvimento da doença
      considera-se como pré-hipertensos e exigem modificações no
                                                                            cardiovascular arteriosclerótica 5.
      estilo de vida para prevenir doenças cardiovasculares 19.
             Ainda de acordo com os autores acima citados 19, os três
      estágios da HAS são: Estágio 1 – PAS 140-159 e PAD 90-99;
      Estágio 2 – PAS 160-179 e PAD 100-109; Estágio 3

      PAS = 180 e PAD = 110.
            A American Society of Anesthesiologists (ASA) classifica
      os pacientes hipertensos, de acordo com o controle da doença,
      em ASA II (HAS controlada) e ASA III (HAS não controlada) 12.


      Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009
      www.cro-pe.org.br
Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico
                                                                                                                       Santos, T.S., et al



       Dentre os exames pré-operatórios rotineiros, especial                   Foi na década de 50 que se tornaram disponíveis drogas
atenção deve ser dada a eletrocardiograma, potássio sérico,             anti-hipertensivas efetivas. Nitroglicerina, nitroprussiato de só-
glicemia, eritrograma, uréia e creatinina. Deve ser avaliada com        dio e fenoldopam são drogas que têm sido usadas no controle
cuidado a medicação anti-hipertensiva em uso pelo paciente,             de crise hipertensiva no intra e pós-operatório imediato 11.
uma vez que a maioria dos hipertensos recebe algum tratamen-            Atualmente, o uso da nifedipina sublingual com este fim deve
to com medicamentos e que a combinação medicamentosa é                  ser totalmente desencorajado devido à dificuldade de titulação
atualmente mais comum que a monoterapia, principalmente                 e às complicações associadas a esta prática. O uso de beta-
nos estágios 2 e 3. Deve-se avaliar a possível hipocalemia              bloqueadores é particularmente benéfico nos pacientes com
decorrente do uso de diuréticos e considerar a impropriedade            HAS e em doenças coronariana. O tratamento a longo prazo
da correção iônica rápida. Em pacientes que necessitam de               da HAS tende a restabelecer a reatividade vascular, a auto-
reposição de potássio, é preferível fazê-lo em dias que em              regulação da circulação encefálica e melhorar a estabilidade
horas. Os pacientes que recebem inibidores de enzima conver-            hemodinâmica. Dessa forma, o tratamento pré-operatório da
soras de angiotensina podem apresentar resposta exagerada               hipertensão é benéfico para o paciente 19.
à indução anestésica e maior hipotensão peri-operatória. É                     O uso de vasopressores a pacientes tratados com beta-
recomendada a omissão da dose destes medicamentos na                    bloqueadores não seletivos aumenta a probabilidade de ele-
manhã da realização do procedimento anestésico-cirúrgico                vação acentuada da pressão arterial. Esta é acompanhada de
ou a suspensão no dia anterior à cirurgia. Os antagonistas da           bradicardia reflexa. Recomenda-se monitorizar os sinais vitais
angiotensina II também devem ser suspensos antes da cirurgia            pré-operatórios – especificamente pressão arterial, freqüência
pelo risco de hipotensão refratária. O levantamento de todas as         e ritmos cardíacos – em todos os pacientes, principalmente nos
drogas em uso, que é feito em todo paciente cirúrgico, assume           que recebem beta-bloqueadores e verificar novamente estes
aqui um caráter especial, visto que na população em questão,            sinais vitais 5 a 10 minutos após a administração de anestésico
geralmente idosa, em que é comum a presença de mais de uma              local associado a vasopressor 20.
doença em tratamento, as reservas fisiológicas para respostas                  Algumas drogas anti-hipertensivas efetivas estão dispo-
a determinadas situações são mais escassas e as associações             níveis no mercado, mas, em especial, a nifedipina apresenta
medicamentosas podem ser mais deletérias 19.                            controvérsias quanto a sua utilização. Segundo Stocche et al.
       O trabalho realizado por Blinder et al. 4 relacionou o risco     (2002) 27 é uma droga que pode ser utilizada ainda via sublin-
dos pacientes cardiopatas em uso da medicação Digoxina,                 gual, no entanto, para Lorentz et al. (2005) 19 a utilização da
através do eletrocardiograma (ECG), quando submetidos à                 nifedipina sublingual com finalidade anti-hipertensiva deve ser
exodontia sob anestesia local sem vasoconstritor. Obtiveram             repensada devido à dificuladade de titulação e às complicações
como resultados, mudanças no ECG após duas horas de trans-              associadas. Todavia, o que se constata na prática é o seu uso
corrida a cirurgia. Sugeriram, portanto, que pacientes cardíacos        amplamente difundido, sobretudo em emergências hiperten-
apresentam alto risco para complicações durante a exodontia             sivas, graças a sua ação muito rápida e a sua administração
sob anestesia local e, sendo assim, deve ser utilizado o moni-          por via oral.
toramento cardíaco durante o procedimento cirúrgico.                                                                                              107
       Determinar a HAS é um procedimento que necessita ser             RELAÇÃO COM A ODONTOLOGIA
realizado desde a abordagem inicial do paciente no consultório                 Pacientes com elevações leves a moderadas da pressão
até visitas subseqüentes, com nova aferição da PA e atualiza-           arterial sistólica ou diastólica são riscos aceitáveis para trata-
ção do prontuário odontológico acerca das drogas utilizadas.            mento odontológico, incluindo o uso de anestésicos locais com
São imprescindíveis um exame clínico bem realizado e exames             vasopressores. Os pacientes hipertensos devem ter sua pressão
complementares, para que se possa definir o tipo de HAS e,              arterial monitorizada a cada consulta e devem ser tratados de
subseqüentemente, a melhor forma de tratamento. O profis-               acordo com a recomendação mais recente. Devemos lembrar
sional necessita atentar para a hipertensão de consultório, que         que a desobediência do paciente aos regimes anti-hipertensivos
acontece, na maioria das vezes, por ansiedade do paciente, o            é epidêmica 20.
que implica em uma elevação momentânea da PA. Estudos                          É preferível evitar administrar altas concentrações de va-
recentes têm demonstrado que elevações constantes da PA                 soconstritores nos casos de doença cardiovascular significativa
em pacientes que apresentam predisposição para HAS podem                (ASA III-IV), em virtude do aumento do risco de desenvolvimento
resultar no estabelecimento da mesma 11,17,19,22,24,28.                 de resposta adversa. Recomenda-se a utilização de drogas
                                                                        alternativas que não estejam contra-indicadas, como anesté-
TRATAMENTO                                                              sicos locais com concentrações de adrenalina de 1:200000 ou
      Ao escolher um medicamento, o profissional da área                1:100000 ou mepivacaína a 3% ou prilocaína a 4% (bloqueio
da saúde leva em consideração fatores como a idade, o sexo              de nervos) 20. Também são citados: Citanest 3% - Cloridrato de
e a raça do paciente; a gravidade da hipertensão; a presença            prilocaína 30 mg. Octapressin 0,03 u.i. Citocaína – Cloridrato
de outros distúrbios, como o diabetes ou o nível sangüíneo              de prilocaína 30 mg com Felipressina 0,03 u.i. 21.
de colesterol elevado; os possíveis efeitos colaterais, os quais               Andrade (2006) 1 relata que o uso de soluções anesté-
variam de uma droga a outra; e o custo dos medicamentos e               sicas com vasoconstritor (epinefrina 1:100000 ou 1:200000)
dos exames necessários para controlar sua segurança 3.                  não é contra-indicado, entretanto, não se deve ultrapassar o
      Embora uma proporção significativa de hipertensos per-            limite de dois tubetes por sessão.
maneça sem terapêutica efetiva, a detecção, o tratamento e o                   A freqüência cardíaca cai imediatamente após o uso de
controle da HAS vêm aumentando em todo o mundo 10.                      anestésico sem vasoconstrictor, porém mantém-se aumentada
      Quando não tratada adequadamente, a hipertensão                   em 2 a 10 batimentos por minuto com o uso de vasoconstrictor.
arterial pode acarretar graves conseqüências a alguns                   Se forem usadas doses maiores de vasoconstrictor, a freqü-
                                                                        ência cardíaca será ainda maior. A pressão arterial sistólica
                                                                        aumenta discretamente durante a infiltração anestésica e volta
                                                                        ao normal imediatamente depois 4.
órgãos vitais 7, e como entidade isolada está entre as mais
freqüentes morbidades do adulto 15. Segundo Lessa (1998)
15
   , 50% dos hipertensos conhecidos não fazem nenhum tipo
de tratamento e dentre aqueles que o fazem, poucos têm a
pressão arterial controlada. Ressalta ainda que entre 30 e 50%
dos hipertensos interrompem o tratamento no primeiro ano e                 Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009
75% depois de cinco anos.                                                                                                     www.cro-pe.org.br
       O tratamento para o controle da hipertensão arterial
Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico
      Santos, T.S., et al



            Embora a incidência de reações adversas para anestesia                Adiar uma cirurgia por causa de hipertensão arterial
      local seja baixa, os procedimentos cirúrgicos podem causar            diagnosticada incidentalmente, ou não devidamente controlada
      estresse para o sistema cardiovascular, especialmente em              de acordo com os parâmetros acima, traz grande desconforto
      pacientes com doença cardíaca estabelecida 21. Blinder et al.         ao paciente e a equipe médica, eleva os gastos hospitalares e
      (1996) 4 relataram que os níveis de pressão arterial são mais         não diminui o risco cirúrgico.
      elevados no início do procedimento que no fim.                              Cirurgias eletivas em pacientes com pressão arterial
            Durante o tratamento odontológico, a resposta hemo-             superior a 180/110 mmHg devem ser adiadas, pois há risco de
      dinâmica está relacionada, além da ansiedade, à presença              complicações intra e pós-operatórias. Nesses casos, o paciente
      ou não de dor. A dor é um potente mecanismo acionador                 deverá ter alta hospitalar, pois o controle adequado da pressão
      do sistema nervoso simpático. O tratamento realizado sem              arterial pode durar semanas ou meses. Controle a curto prazo
      anestesia traz efeitos hemodinâmicos mais acentuados que              da pressão arterial em um ou dois dias antes da cirurgia é
      aqueles realizados com anestésico e vasoconstritor, devido            desaconselhado, pois não traz benefícios adicionais.
      à dor, que funciona como desencadeador das modificações
      hemodinâmicas 13.                                                     REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
            Segundo Aytes e Escoda (1997) 2 quando o paciente está
      compensado interessa muito conhecer o tipo de tratamento que          1. Andrade ED. Terapêutica Medicamentosa na Odontologia. 2
      segue, pois os hipotensores beta-bloqueadores podem produzir          ed. São Paulo; Editora Artes Médicas; 2006.
      crises hipertensivas severas quando a solução do anestésico
      local contém um vasoconstrictor tipo catecolamina; por outro          2. Aytes LB, Escoda CG. Anestesia odontologica. Espanha;
      lado, a maioria dos hipotensores atua inibindo o sistema sim-         Editora Ediciones Avances; 1997.
      pático, aumentando o risco de hipotensões ortostáticas.
            O uso de norepinefrina ao invés de epinefrina acentua           3. Beers MH, Berkow R. Manual Merck: Diagnóstico e Trata-
      ainda mais as modificações hemodinâmicas, daí seu uso ter             mento - Edição Centenária. 17 ed. São Paulo; Editora ROCA;
      se tornado obsoleto na odontologia. Ainda nestes pacientes,           2001.
      é muito importante a redução do estresse aplicando todas as
      estratégias do protocolo de redução de ansiedade, mas tam-            4. Blinder D, Shemesh J, Taicher S. Electrocardiographic Chan-
      bém complementando com uma pré-medicação ansiolítica.                 ges in Cardiac Patients Undergoing Dental Extractions Under
      O uso de diazepínicos previamente ao procedimento dentário            Local Anesthesia. J Oral Maxillofac Surg, 1996; 54: 162-165.
      diminui os níveis de catecolaminas circulantes 2.
            Ainda não se chegou a um consenso sobre quando se               5. Braunwald E, Kasper DL, Fauci AS, Longo DL, Hawser SL,
      deve suspender a cirurgia num paciente hipertenso. A Ameri-           Jameson JL. Harrison - Medicina Interna. 16 ed. São Paulo;
      can Heart Association e o Colégio Americano de Cardiologia            Editora McGraw-Hill/Tecmedd; 2005.
      sugerem que a HAS estágio 3 deve ser controlada antes de um
108   procedimento cirúrgico eletivo 9. Outros autores sugerem que          6. Brott T, Thalinger K, Hertzberg V. Hypertension as a risk factor
      deva ser valorizada preferencialmente a presença de lesões em         for spontaneous intracerebral hemorrhage. Stroke, 1986; 17:
      órgãos alvo ao invés dos níveis pressóricos isoladamente 13.          1078-1083.
            Os pacientes com PAS em repouso (mínimo de 5 minutos
      de repouso) maior do que 200 mmHg ou diastólica superior a            7. Car MR, Pierin AMG, Aquino VLA. Estudo sobre a influência
      115 mm Hg correm riscos significativos e não devem ser sub-           do processo educativo no controle da hipertensão arterial. Rev
      metidos a qualquer tratamento odontológico eletivo invasivo,          Esc Enferm USP, 1991; 25: 259-269.
      até que seu problema clínico mais importante da hipertensão
      arterial seja corrigido. Os pacientes com doença cardiovascular       8. Derkx FH, Schalekamp MA. Renal artery stenosis and hiper-
      grave (risco maior que ASA IV) podem correr grande risco no           tension. Lancet, 1994; 344: 237-239.
      tratamento odontológico eletivo 20.
            Sendo de conhecimento que a adrenalina endógena é               9. Eagle KA, Berger PB, Calkins H. ACC/AHA guideline
      mais perigosa que a exógena 20. Malamed (2005) 20; Andrade            update for perioperative cardiovascular evaluation for noncar-
      (2006) 1 recomendam a utilização de anestésicos locais com            diac surgery - executive summary a report of the American
      concentrações de adrenalina de 1:200000 ou 1:100000 ou                College of Cardiology/ American Heart Association Task Force
      Mepivacaína a 3% ou Prilocaína a 4%. Já Marzola (1999) 21             on Practice Guidelines.Circulation, 2002; 105: 1257-1267.
      recomenda o Citanest 3% (Cloridrato de
                                                                            10. Eluf Neto J, Lotufo PA, Lólio CA. Tratamento da hipertensão
                                                                            e declínio da mortalidade por acidentes vasculares cerebrais.
                                                                            Rev Saúde Pública, 1990; 24(4): 332-336.

                                                                            11. Foex P, Sear JW. The surgical hypertensive patient Con-
                                                                            tinuing Education in Anaesthesia. Crit Care & Pain, 2004; 4:
      Prilocaína 30mg., Octapressin 0,03 u.i.) e a Citocaína (Cloridrato    139-143.
      de Prilocaína 30 mg., Felipressina 0,03 u.i.)
            Há muitas controvérsias, principalmente entre cirurgiões        12. Freitas R. Tratado de Cirurgia Bucomaxilofacial. São Paulo;
      e anestesiologistas, sobre quando adiar um procedimento cirúr-        Editora Santos; 2006.
      gico eletivo. Alguns autores, como Eagle et al. (2002) 10, seguem
      a determinação da American Heart Association e do Colégio             13. Gifford RW. Management of hypertensive crises. JAMA,
      Americano de Cardiologia, os quais preconizam o controle da           1991; 266: 829-835.
      PA antes de uma cirurgia eletiva de um paciente que se en-
      contra com HAS em estágio 3. Enquanto outros autores, como
      Gifford (1991) 13, valorizam a presença de lesões em órgãos
      alvo em detrimento da aferição da PA isoladamente.

      CONSIDERAÇÕES FINAIS
      Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009
             A ausência
      www.cro-pe.org.brde controle ideal da pressão arterial não
      acarreta, de maneira geral, aumento do risco cirúrgico. Pacien-
Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico
                                                                                                                     Santos, T.S., et al



14. JVC VII. Seven Report of the Joint Committee on Detection,
Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (on line).
2004. Disponível em URL: http://www.nhlbi.nih.gov/guideli-
nes/hypertension/ (2007 Jul 07).

15. Lessa I. O adulto brasileiro e as doenças da modernidade:
epidemiologia das doenças crônicas não transmissíveis. São
Paulo; Editora Hucitec; 1998.

16. Lewington S, Clarke R, Qizilbash N, Peto R, Collins R. Age-
specific relevance of usual blood pressure to vascular mortality.
Lancet, 2002; 360: 1903-1913.

17. Lima-Costa MF, Peixoto SV, Firmo JOA. Validade da hiper-
tensão arterial auto-referida e seus determinantes (Projeto
Bambuí). Rev Saúde Pública, 2004; 38(5): 637-642.

18. Lolio CA. Epidemiologia da hipertensão arterial. Rev. Saúde
Pública, 1990; 24: 425-432.

19. Lorentz MN, Santos AX. Hipertensão arterial sistêmica e
anestesia. Rev Bras Anestesiol, 2005; 55(5): 586-594.

20. Malamed SF. Manual de anestesia local. 5 ed. Rio de Ja-
neiro; Editora Guanabara Koogan; 2005.

21. Marzola C. Anestesiologia. 3 ed. São Paulo; Editora Pan-
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22. Molina MCB, Cunha RS, Herkenhhoff LF, Mill JG. Hipertensão
arterial e consumo de sal em população urbana. Rev Saúde
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23. Oigman W. Bases hemodinâmicas da hipertensão arterial.                                                                                      109
Arq Bras Cardiol, 1987; 49: 303-308.

24. Peres DS, Magna JM, Viana LA. Portador de hipertensão
arterial: atitudes, crenças, percepções, pensamentos e práticas.
Rev Saúde Pública, 2003; 37(5): 635-642.

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2006-2009 (on line). 2005. Disponível em URL: http://www.
recife.pe.gov.br/ (2007 Jun 29).




26. Silva HB. Fisiopatogênese da hipertensão arterial. In: Chia-
verini R. Doença hipertensiva: diagnóstico, etiopatogênese,
tratamento. Rio de Janeiro: Editora Atheneu; 1980. p.09-63.

27. Stocche RM, Garcia LV, Klamt JG, Pachione A, Huang HY,
Oliveira WA. Comparação entre nifedipina por via sublingual
e clonidina por via venosa no controle de hipertensão arterial
peri-operatória em cirurgias de catarata. Rev Bras Anestesiol,
2002; 52(4): 426-433.

28. The sixth report of the Joint National Committee on preven-
tion, detection, evaluation and treatment of high blood pressure.
                                                                      Recebido para publicação em 11/07/2007
Arch Intern Med, 1997; 157: 2413-2446.

29. Verdecchia P, Schillaci G, Boldrini F, Zampi I, Porcellati C.     Enviado para reformulação em 12/09/2007
Variability between current definitions of “normal” ambulatory
blood presure. Hypertension, 1992; 20: 555-562.                       Aceito para publicação em 24/09/2008




                                                                         Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009
                                                                                                                            www.cro-pe.org.br
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Abordagem atual sobre hipertensão arterial no atendimento odontológico

  • 1. Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico Artigo de Revisão / Review Article Santos, T.S., et al Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no aten- dimento odontológico Current aproach on arterial sistemic hypertension in dental office Thiago de Santana Santos*, Carla Renata Acevedo**, Marina Cordeiro Rêgo de Melo**, Edwaldo Dourado*** * Residente de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário Oswaldo Cruz – HUOC/UPE ** Acadêmica do último semestre da Faculdade de Odontologia de Pernambuco – FOP/UPE *** Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela PUCRS; Doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial - Universidade de Barcelona, Espanha; Professor adjunto da disciplina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial - FOP/UPE; Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Descritores Resumo Hipertensão; Procedimentos Cirúrgicos A hipertensão arterial sistêmica é geralmente um distúrbio assintomático que faz parte das do- Ambulatórios; Ansiedade ao Tratamento enças do aparelho circulatório, sendo um importante fator de risco para doenças decorrentes de Odontológico. ateroesclerose e trombose, que se exteriorizam, predominantemente, por acometimento cardíaco, cerebral, renal e vascular periférico. O diagnóstico é basicamente estabelecido pelo encontro de níveis tensionais acima dos limites da normalidade (120/80 mmHg), quando a pressão arterial é determinada através de metodologia adequada e em condições apropriadas. O tratamento médi- co geralmente consiste no controle da dieta e na utilização de medicações anti-hipertensivas. A importância do conhecimento da hipertensão arterial para o tratamento odontológico reside no fato desta patologia sistêmica ser considerada um fator de risco para estes pacientes durante o atendimento. O paciente hipertenso deve ter sua pressão monitorizada a cada consulta, devendo ser maior o cuidado com a escolha do anestésico, devido à concentração de vasoconstrictor. É recomendado o protocolo de redução de ansiedade, com uso de ansiolíticos, o que vai reduzir o nível de catecolaminas circulantes. O objetivo deste trabalho é realizar revisão de literatura para nortear a prática clínica odontológica. Key-words Abstract 105 Hypertension; Ambulatory Surgical Procedu- The arterial systemic hypertension is usually asymptomatic commotion of circulatory system disease res; Dental Anxiety and is an important risk factor for illness from atherosclerosis and thrombosis that occurs with cardiac, neurological, renal and peripheral vascular onset. Diagnosis is essentially established with a high pression above the normal limit (120/80 mmHg) and the arterial hypertension is measured through an appropriate condition and methodology. The medical management generally consists in an adequate diet and using anti-hypertensive medications. The importance of knowing arterial hypertension in dental compartment is to avoid this risk factor during the consult. Every consult must monitor the arterial pression of theses patients. Moreover, beware with the choice of local anesthetic due to the vasoconstrictor type. It is recommended the reduction anxiety’s protocol, with anxyolitics. The objective of this paper is realize a literature review to guide the clinical practice in dentistry. Correspondência para / Correspondence to: Thiago de Santana Santos Rua Dr. Geraldo de Andrade, n. 101, apt. 801 - Espinheiro - Recife - PE - CEP: 52.021-220 / E-mail: thiago_ctbmf@terra.com.br A hipertensão arterial é o principal fator de risco modifi- INTRODUÇÃO cável para tais doenças, como a doença coronariana, doenças cerebrovasculares, insuficiência cardíaca congestiva, entre As doenças do aparelho circulatório constituem, há al- outras 17. gumas décadas, as principais causas de morte da população O adequado controle da pressão arterial (PA) no pré- adulta brasileira e de internações hospitalares no âmbito do operatório e a abordagem do paciente hipertenso tem sido Sistema Único de Saúde (SUS) após parto 25. alvo de constantes debates nos últimos 30 anos. A decisão A pressão arterial alta (hipertensão) é geralmente de postergar ou não uma cirurgia eletiva no paciente com a um distúrbio assintomático no qual a elevação anormal da pressão arterial alterada é o motivo mais freqüente de contro- pressão nas artérias aumenta o risco de distúrbios. É definida vérsias entre os anestesiologistas e os cirurgiões. Tendo em pela pressão sistólica média em repouso de 140 mmHg ou vista a grande prevalência de hipertensão arterial sistêmica mais e/ou pela pressão diastólica em repouso média de 90 na população, particularmente na população idosa, pode-se mmHg ou mais. Nos casos de hipertensão arterial, é comum antever a freqüência deste problema 19. tanto a pressão sistólica quanto a pressão diastólica estarem A hipertensão arterial é considerada um problema de elevadas 3. saúde pública por sua magnitude, risco e dificuldades no Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009 www.cro-pe.org.br
  • 2. Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico Santos, T.S., et al seu controle 22. A hipertensão secundária é responsável por 5 a 10% O objetivo desse trabalho é realizar revista da literatura e dos casos de hipertensão e pode ser devido a doenças renais, analisar evidências que possam nortear a prática clínica. hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma, coarctação da aorta, uso de hormônios, doenças da tireóide, desordens neurológicas, entre outras causas. Estenose da veia renal é a REVISTA DA LITERATURA E DISCUSSÃO causa mais comum de HAS secundária, presente em 1 a 2% dos pacientes hipertensos 8. DEFINIÇÃO A hipertensão maligna é uma forma rara de hipertensão Oigman (1987) 23 e Silva (1980) 26 já definiam a pressão arterial particularmente grave, que, caso não seja tratada, arterial como sendo aquela existente no interior das artérias geralmente leva à morte em 3 ou 6 meses 3. e comunicada às suas paredes, podendo ser calculada pelo A medida isolada da PA não é representativa e o diag- produto da resistência vascular periférica total pelo débito car- nóstico de HAS deve ser dado após duas ou mais medidas da díaco. Varia entre um valor máximo durante a sístole (pressão PA realizadas em duas ou mais consultas após a avaliação arterial sistólica – PAS) e um mínimo na diástole (pressão ar- inicial. A mensuração da PA no ambulatório ou no domicílio terial diastólica – PAD). As medidas de PA podem variar devido por profissionais não médicos habilitados possui maior valor do à variação intra-individual, estímulos fisiológicos intrínsecos ou que medidas individuais, pois pode identificar casos de hiper- ambientais e ainda em relação a erros de medida 18. tensão de consultório e prevenir tratamentos desnecessários. Tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto o A hipertensão de consultório consiste na medida de valores Joint National Committee (JNC) definem a determinação da persistentemente elevados da PA no consultório médico, po- HAS, mas de formas distintas. A primeira define como neces- rém normal no dia-a-dia do paciente. Está presente em torno sárias três medidas da PA em duas ocasiões diferentes para de 20% dos pacientes com elevação da PA. Como pode ser se considerar um adulto hipertenso, já a JNC utiliza a média de um precursor da HAS, deve ser monitorada e continuamente duas ou mais medidas realizadas em dois ou mais momentos. avaliada 29. É importante diferenciar HAS da hipertensão de Além disso, a OMS considera como hipertenso um indivíduo com uma PAS = 160 mmHg e/ou PAD = 95 mmHg, enquanto consultório, tendo-se em mente que, às vezes, são necessárias que a JNC define HAS isolada uma PAS = 140 mmHg e PAD múltiplas medidas da PA 19. = 90 mmHg 28. Durante muito tempo, a PAD foi mais valorizada que a PAS, sendo a PAS isolada considerada uma doença benigna do idoso, já que a maioria dos pacientes hipertensos após 60 ETIOLOGIA anos possui apenas aumento da PAS. Trabalhos mais recentes Em mais de 90% dos casos de hipertensão nenhuma demonstram que existe um risco aumentado de eventos car- causa é encontrada, sendo diagnosticada HAS primária ou diovasculares e óbito neste grupo de pacientes. Desse modo, essencial 8. A principal dificuldade na descoberta do meca- atualmente é reconhecido que a PAS isolada também deve ser nismo ou mecanismos responsáveis pela hipertensão desses tratada. Entretanto, a PAS elevada é fator preditivo mais forte 106 pacientes pode ser atribuída à variedade dos sistemas que para os eventos cardiovasculares que a PAD e a hipertensão estão envolvidos na regulação da pressão arterial, bem como a sistólica isolada. Quanto maior for o nível da hipertensão, maior complexidade das relações desses sistemas uns com os outros o risco de infarto do miocárdio, falência cardíaca e renal, numa 5 . As principais causas da hipertensão primária são herança, relação linear 16. grupo étnico, idade, classe social, ingestão de eletrólitos na A despeito das diversas classificações existentes para dieta, obesidade, uso excessivo de álcool, fumo, uso de anti- a HAS 1,13,19,27,20, a classificação da Seventh Joint National concepcionais orais 18. Committee on the Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (JNC VII) 14, em 2004, tem sido a mais citada CLASSIFICAÇÃO nos trabalhos, e é baseada nas medidas da PA, sem considerar A Organização Mundial de Saúde no ano de 1978 de- outros fatores de risco. finiu como necessárias, para se considerar um adulto como hipertenso, três medidas de PA realizadas em duas ocasiões DIAGNÓSTICO diferentes: normotensos – PAS < 140 mmHg e PAD < 90 A determinação da hipertensão arterial na população é mmHg; hipertensos – PAS = 160 mmHg e/ou PAD = 95 mmHg; uma tarefa complexa, que exige a aferição da pressão arterial hipertensos limítrofes – PAD > 90 e < 95 mmHg e/ou PAS > e informações sobre o uso atual de medicamentos para a 140 e < 160 mm Hg 6. mesma 14. O Joint National Committee on the Detection, Evaluation A avaliação do paciente hipertenso requer que a anam- and Treatment of High Blood Pressure, 2003 – JNC VI – consi- nese inicial, o exame físico e os testes laboratoriais sejam dera as medidas da PA sem considerar outros fatores de risco, dirigidos para a descoberta de formas secundarias de hiper- usando a média de duas ou mais medidas feitas em duas ou tensão passíveis de correção, estabelecimento de uma linha mais ocasiões. A avaliação da PA é realizada em três estágios básica de pré-tratamento, avaliação dos fatores que podem e define HAS isolada como a PAS = 140 mmHg e PAD = 90 influenciar o tipo de terapia ou que podem ser adversamente mmHg. O risco para doenças cardiovasculares se inicia com PA modificados pela terapia, determinação da presença ou não > 115/75 mmHg, dobrando a cada aumento de 20/10mmHg. de lesões a órgãos-alvo e determinação da presença ou não PAS entre 120 e 139mmHg e PAD entre 80 e 89 mmHg de outros fatores de risco para o desenvolvimento da doença considera-se como pré-hipertensos e exigem modificações no cardiovascular arteriosclerótica 5. estilo de vida para prevenir doenças cardiovasculares 19. Ainda de acordo com os autores acima citados 19, os três estágios da HAS são: Estágio 1 – PAS 140-159 e PAD 90-99; Estágio 2 – PAS 160-179 e PAD 100-109; Estágio 3 PAS = 180 e PAD = 110. A American Society of Anesthesiologists (ASA) classifica os pacientes hipertensos, de acordo com o controle da doença, em ASA II (HAS controlada) e ASA III (HAS não controlada) 12. Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009 www.cro-pe.org.br
  • 3. Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico Santos, T.S., et al Dentre os exames pré-operatórios rotineiros, especial Foi na década de 50 que se tornaram disponíveis drogas atenção deve ser dada a eletrocardiograma, potássio sérico, anti-hipertensivas efetivas. Nitroglicerina, nitroprussiato de só- glicemia, eritrograma, uréia e creatinina. Deve ser avaliada com dio e fenoldopam são drogas que têm sido usadas no controle cuidado a medicação anti-hipertensiva em uso pelo paciente, de crise hipertensiva no intra e pós-operatório imediato 11. uma vez que a maioria dos hipertensos recebe algum tratamen- Atualmente, o uso da nifedipina sublingual com este fim deve to com medicamentos e que a combinação medicamentosa é ser totalmente desencorajado devido à dificuldade de titulação atualmente mais comum que a monoterapia, principalmente e às complicações associadas a esta prática. O uso de beta- nos estágios 2 e 3. Deve-se avaliar a possível hipocalemia bloqueadores é particularmente benéfico nos pacientes com decorrente do uso de diuréticos e considerar a impropriedade HAS e em doenças coronariana. O tratamento a longo prazo da correção iônica rápida. Em pacientes que necessitam de da HAS tende a restabelecer a reatividade vascular, a auto- reposição de potássio, é preferível fazê-lo em dias que em regulação da circulação encefálica e melhorar a estabilidade horas. Os pacientes que recebem inibidores de enzima conver- hemodinâmica. Dessa forma, o tratamento pré-operatório da soras de angiotensina podem apresentar resposta exagerada hipertensão é benéfico para o paciente 19. à indução anestésica e maior hipotensão peri-operatória. É O uso de vasopressores a pacientes tratados com beta- recomendada a omissão da dose destes medicamentos na bloqueadores não seletivos aumenta a probabilidade de ele- manhã da realização do procedimento anestésico-cirúrgico vação acentuada da pressão arterial. Esta é acompanhada de ou a suspensão no dia anterior à cirurgia. Os antagonistas da bradicardia reflexa. Recomenda-se monitorizar os sinais vitais angiotensina II também devem ser suspensos antes da cirurgia pré-operatórios – especificamente pressão arterial, freqüência pelo risco de hipotensão refratária. O levantamento de todas as e ritmos cardíacos – em todos os pacientes, principalmente nos drogas em uso, que é feito em todo paciente cirúrgico, assume que recebem beta-bloqueadores e verificar novamente estes aqui um caráter especial, visto que na população em questão, sinais vitais 5 a 10 minutos após a administração de anestésico geralmente idosa, em que é comum a presença de mais de uma local associado a vasopressor 20. doença em tratamento, as reservas fisiológicas para respostas Algumas drogas anti-hipertensivas efetivas estão dispo- a determinadas situações são mais escassas e as associações níveis no mercado, mas, em especial, a nifedipina apresenta medicamentosas podem ser mais deletérias 19. controvérsias quanto a sua utilização. Segundo Stocche et al. O trabalho realizado por Blinder et al. 4 relacionou o risco (2002) 27 é uma droga que pode ser utilizada ainda via sublin- dos pacientes cardiopatas em uso da medicação Digoxina, gual, no entanto, para Lorentz et al. (2005) 19 a utilização da através do eletrocardiograma (ECG), quando submetidos à nifedipina sublingual com finalidade anti-hipertensiva deve ser exodontia sob anestesia local sem vasoconstritor. Obtiveram repensada devido à dificuladade de titulação e às complicações como resultados, mudanças no ECG após duas horas de trans- associadas. Todavia, o que se constata na prática é o seu uso corrida a cirurgia. Sugeriram, portanto, que pacientes cardíacos amplamente difundido, sobretudo em emergências hiperten- apresentam alto risco para complicações durante a exodontia sivas, graças a sua ação muito rápida e a sua administração sob anestesia local e, sendo assim, deve ser utilizado o moni- por via oral. toramento cardíaco durante o procedimento cirúrgico. 107 Determinar a HAS é um procedimento que necessita ser RELAÇÃO COM A ODONTOLOGIA realizado desde a abordagem inicial do paciente no consultório Pacientes com elevações leves a moderadas da pressão até visitas subseqüentes, com nova aferição da PA e atualiza- arterial sistólica ou diastólica são riscos aceitáveis para trata- ção do prontuário odontológico acerca das drogas utilizadas. mento odontológico, incluindo o uso de anestésicos locais com São imprescindíveis um exame clínico bem realizado e exames vasopressores. Os pacientes hipertensos devem ter sua pressão complementares, para que se possa definir o tipo de HAS e, arterial monitorizada a cada consulta e devem ser tratados de subseqüentemente, a melhor forma de tratamento. O profis- acordo com a recomendação mais recente. Devemos lembrar sional necessita atentar para a hipertensão de consultório, que que a desobediência do paciente aos regimes anti-hipertensivos acontece, na maioria das vezes, por ansiedade do paciente, o é epidêmica 20. que implica em uma elevação momentânea da PA. Estudos É preferível evitar administrar altas concentrações de va- recentes têm demonstrado que elevações constantes da PA soconstritores nos casos de doença cardiovascular significativa em pacientes que apresentam predisposição para HAS podem (ASA III-IV), em virtude do aumento do risco de desenvolvimento resultar no estabelecimento da mesma 11,17,19,22,24,28. de resposta adversa. Recomenda-se a utilização de drogas alternativas que não estejam contra-indicadas, como anesté- TRATAMENTO sicos locais com concentrações de adrenalina de 1:200000 ou Ao escolher um medicamento, o profissional da área 1:100000 ou mepivacaína a 3% ou prilocaína a 4% (bloqueio da saúde leva em consideração fatores como a idade, o sexo de nervos) 20. Também são citados: Citanest 3% - Cloridrato de e a raça do paciente; a gravidade da hipertensão; a presença prilocaína 30 mg. Octapressin 0,03 u.i. Citocaína – Cloridrato de outros distúrbios, como o diabetes ou o nível sangüíneo de prilocaína 30 mg com Felipressina 0,03 u.i. 21. de colesterol elevado; os possíveis efeitos colaterais, os quais Andrade (2006) 1 relata que o uso de soluções anesté- variam de uma droga a outra; e o custo dos medicamentos e sicas com vasoconstritor (epinefrina 1:100000 ou 1:200000) dos exames necessários para controlar sua segurança 3. não é contra-indicado, entretanto, não se deve ultrapassar o Embora uma proporção significativa de hipertensos per- limite de dois tubetes por sessão. maneça sem terapêutica efetiva, a detecção, o tratamento e o A freqüência cardíaca cai imediatamente após o uso de controle da HAS vêm aumentando em todo o mundo 10. anestésico sem vasoconstrictor, porém mantém-se aumentada Quando não tratada adequadamente, a hipertensão em 2 a 10 batimentos por minuto com o uso de vasoconstrictor. arterial pode acarretar graves conseqüências a alguns Se forem usadas doses maiores de vasoconstrictor, a freqü- ência cardíaca será ainda maior. A pressão arterial sistólica aumenta discretamente durante a infiltração anestésica e volta ao normal imediatamente depois 4. órgãos vitais 7, e como entidade isolada está entre as mais freqüentes morbidades do adulto 15. Segundo Lessa (1998) 15 , 50% dos hipertensos conhecidos não fazem nenhum tipo de tratamento e dentre aqueles que o fazem, poucos têm a pressão arterial controlada. Ressalta ainda que entre 30 e 50% dos hipertensos interrompem o tratamento no primeiro ano e Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009 75% depois de cinco anos. www.cro-pe.org.br O tratamento para o controle da hipertensão arterial
  • 4. Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico Santos, T.S., et al Embora a incidência de reações adversas para anestesia Adiar uma cirurgia por causa de hipertensão arterial local seja baixa, os procedimentos cirúrgicos podem causar diagnosticada incidentalmente, ou não devidamente controlada estresse para o sistema cardiovascular, especialmente em de acordo com os parâmetros acima, traz grande desconforto pacientes com doença cardíaca estabelecida 21. Blinder et al. ao paciente e a equipe médica, eleva os gastos hospitalares e (1996) 4 relataram que os níveis de pressão arterial são mais não diminui o risco cirúrgico. elevados no início do procedimento que no fim. Cirurgias eletivas em pacientes com pressão arterial Durante o tratamento odontológico, a resposta hemo- superior a 180/110 mmHg devem ser adiadas, pois há risco de dinâmica está relacionada, além da ansiedade, à presença complicações intra e pós-operatórias. Nesses casos, o paciente ou não de dor. A dor é um potente mecanismo acionador deverá ter alta hospitalar, pois o controle adequado da pressão do sistema nervoso simpático. O tratamento realizado sem arterial pode durar semanas ou meses. Controle a curto prazo anestesia traz efeitos hemodinâmicos mais acentuados que da pressão arterial em um ou dois dias antes da cirurgia é aqueles realizados com anestésico e vasoconstritor, devido desaconselhado, pois não traz benefícios adicionais. à dor, que funciona como desencadeador das modificações hemodinâmicas 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Segundo Aytes e Escoda (1997) 2 quando o paciente está compensado interessa muito conhecer o tipo de tratamento que 1. Andrade ED. Terapêutica Medicamentosa na Odontologia. 2 segue, pois os hipotensores beta-bloqueadores podem produzir ed. São Paulo; Editora Artes Médicas; 2006. crises hipertensivas severas quando a solução do anestésico local contém um vasoconstrictor tipo catecolamina; por outro 2. Aytes LB, Escoda CG. Anestesia odontologica. Espanha; lado, a maioria dos hipotensores atua inibindo o sistema sim- Editora Ediciones Avances; 1997. pático, aumentando o risco de hipotensões ortostáticas. O uso de norepinefrina ao invés de epinefrina acentua 3. Beers MH, Berkow R. Manual Merck: Diagnóstico e Trata- ainda mais as modificações hemodinâmicas, daí seu uso ter mento - Edição Centenária. 17 ed. São Paulo; Editora ROCA; se tornado obsoleto na odontologia. Ainda nestes pacientes, 2001. é muito importante a redução do estresse aplicando todas as estratégias do protocolo de redução de ansiedade, mas tam- 4. Blinder D, Shemesh J, Taicher S. Electrocardiographic Chan- bém complementando com uma pré-medicação ansiolítica. ges in Cardiac Patients Undergoing Dental Extractions Under O uso de diazepínicos previamente ao procedimento dentário Local Anesthesia. J Oral Maxillofac Surg, 1996; 54: 162-165. diminui os níveis de catecolaminas circulantes 2. Ainda não se chegou a um consenso sobre quando se 5. Braunwald E, Kasper DL, Fauci AS, Longo DL, Hawser SL, deve suspender a cirurgia num paciente hipertenso. A Ameri- Jameson JL. Harrison - Medicina Interna. 16 ed. São Paulo; can Heart Association e o Colégio Americano de Cardiologia Editora McGraw-Hill/Tecmedd; 2005. sugerem que a HAS estágio 3 deve ser controlada antes de um 108 procedimento cirúrgico eletivo 9. Outros autores sugerem que 6. Brott T, Thalinger K, Hertzberg V. Hypertension as a risk factor deva ser valorizada preferencialmente a presença de lesões em for spontaneous intracerebral hemorrhage. Stroke, 1986; 17: órgãos alvo ao invés dos níveis pressóricos isoladamente 13. 1078-1083. Os pacientes com PAS em repouso (mínimo de 5 minutos de repouso) maior do que 200 mmHg ou diastólica superior a 7. Car MR, Pierin AMG, Aquino VLA. Estudo sobre a influência 115 mm Hg correm riscos significativos e não devem ser sub- do processo educativo no controle da hipertensão arterial. Rev metidos a qualquer tratamento odontológico eletivo invasivo, Esc Enferm USP, 1991; 25: 259-269. até que seu problema clínico mais importante da hipertensão arterial seja corrigido. Os pacientes com doença cardiovascular 8. Derkx FH, Schalekamp MA. Renal artery stenosis and hiper- grave (risco maior que ASA IV) podem correr grande risco no tension. Lancet, 1994; 344: 237-239. tratamento odontológico eletivo 20. Sendo de conhecimento que a adrenalina endógena é 9. Eagle KA, Berger PB, Calkins H. ACC/AHA guideline mais perigosa que a exógena 20. Malamed (2005) 20; Andrade update for perioperative cardiovascular evaluation for noncar- (2006) 1 recomendam a utilização de anestésicos locais com diac surgery - executive summary a report of the American concentrações de adrenalina de 1:200000 ou 1:100000 ou College of Cardiology/ American Heart Association Task Force Mepivacaína a 3% ou Prilocaína a 4%. Já Marzola (1999) 21 on Practice Guidelines.Circulation, 2002; 105: 1257-1267. recomenda o Citanest 3% (Cloridrato de 10. Eluf Neto J, Lotufo PA, Lólio CA. Tratamento da hipertensão e declínio da mortalidade por acidentes vasculares cerebrais. Rev Saúde Pública, 1990; 24(4): 332-336. 11. Foex P, Sear JW. The surgical hypertensive patient Con- tinuing Education in Anaesthesia. Crit Care & Pain, 2004; 4: Prilocaína 30mg., Octapressin 0,03 u.i.) e a Citocaína (Cloridrato 139-143. de Prilocaína 30 mg., Felipressina 0,03 u.i.) Há muitas controvérsias, principalmente entre cirurgiões 12. Freitas R. Tratado de Cirurgia Bucomaxilofacial. São Paulo; e anestesiologistas, sobre quando adiar um procedimento cirúr- Editora Santos; 2006. gico eletivo. Alguns autores, como Eagle et al. (2002) 10, seguem a determinação da American Heart Association e do Colégio 13. Gifford RW. Management of hypertensive crises. JAMA, Americano de Cardiologia, os quais preconizam o controle da 1991; 266: 829-835. PA antes de uma cirurgia eletiva de um paciente que se en- contra com HAS em estágio 3. Enquanto outros autores, como Gifford (1991) 13, valorizam a presença de lesões em órgãos alvo em detrimento da aferição da PA isoladamente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009 A ausência www.cro-pe.org.brde controle ideal da pressão arterial não acarreta, de maneira geral, aumento do risco cirúrgico. Pacien-
  • 5. Abordagem atual sobre hipertensão arterial sistêmica no atendimento odontológico Santos, T.S., et al 14. JVC VII. Seven Report of the Joint Committee on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (on line). 2004. Disponível em URL: http://www.nhlbi.nih.gov/guideli- nes/hypertension/ (2007 Jul 07). 15. Lessa I. O adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia das doenças crônicas não transmissíveis. São Paulo; Editora Hucitec; 1998. 16. Lewington S, Clarke R, Qizilbash N, Peto R, Collins R. Age- specific relevance of usual blood pressure to vascular mortality. Lancet, 2002; 360: 1903-1913. 17. Lima-Costa MF, Peixoto SV, Firmo JOA. Validade da hiper- tensão arterial auto-referida e seus determinantes (Projeto Bambuí). Rev Saúde Pública, 2004; 38(5): 637-642. 18. Lolio CA. Epidemiologia da hipertensão arterial. Rev. Saúde Pública, 1990; 24: 425-432. 19. Lorentz MN, Santos AX. Hipertensão arterial sistêmica e anestesia. Rev Bras Anestesiol, 2005; 55(5): 586-594. 20. Malamed SF. Manual de anestesia local. 5 ed. Rio de Ja- neiro; Editora Guanabara Koogan; 2005. 21. Marzola C. Anestesiologia. 3 ed. São Paulo; Editora Pan- cast; 1999. 22. Molina MCB, Cunha RS, Herkenhhoff LF, Mill JG. Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Rev Saúde Pública, 2003; 37(6): 743-750. 23. Oigman W. Bases hemodinâmicas da hipertensão arterial. 109 Arq Bras Cardiol, 1987; 49: 303-308. 24. Peres DS, Magna JM, Viana LA. Portador de hipertensão arterial: atitudes, crenças, percepções, pensamentos e práticas. Rev Saúde Pública, 2003; 37(5): 635-642. 25. Prefeitura do Recife. Plano Municipal de Saúde do Recife 2006-2009 (on line). 2005. Disponível em URL: http://www. recife.pe.gov.br/ (2007 Jun 29). 26. Silva HB. Fisiopatogênese da hipertensão arterial. In: Chia- verini R. Doença hipertensiva: diagnóstico, etiopatogênese, tratamento. Rio de Janeiro: Editora Atheneu; 1980. p.09-63. 27. Stocche RM, Garcia LV, Klamt JG, Pachione A, Huang HY, Oliveira WA. Comparação entre nifedipina por via sublingual e clonidina por via venosa no controle de hipertensão arterial peri-operatória em cirurgias de catarata. Rev Bras Anestesiol, 2002; 52(4): 426-433. 28. The sixth report of the Joint National Committee on preven- tion, detection, evaluation and treatment of high blood pressure. Recebido para publicação em 11/07/2007 Arch Intern Med, 1997; 157: 2413-2446. 29. Verdecchia P, Schillaci G, Boldrini F, Zampi I, Porcellati C. Enviado para reformulação em 12/09/2007 Variability between current definitions of “normal” ambulatory blood presure. Hypertension, 1992; 20: 555-562. Aceito para publicação em 24/09/2008 Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 8 (2): 105-109, abr/jun., 2009 www.cro-pe.org.br