Este trabalho de conclusão de curso busca entender como a internet está presente no meio publicitário, de maneira mais específica nas redes sociais. O objetivo é identificar a presença de planejamento específico para web em alguns setores como, por exemplo, Atendimento, Mídia e Criação em empresas de propaganda de diferentes portes, utilizando um método qualitativo de pesquisa. Mais especificamente, foram realizadas entrevistas com pessoas do mercado publicitário mineiro. Essa pesquisa trouxe um resultado que poderá servir de base para as próprias agências entrevistadas e pessoas de comum interesse em rede social e publicidade.
Manual De Identidade Visual Da QI Comunicação Inteligente
Tcc Final O Impacto Da MíDias Sociais No Mercado PublicitáRio Mineiro
1. Gustavo Gomes
Ingrid Sibele
João Gabriel Campos
Nicole Duarte
Roberto Dornna
O impacto das mídias sociais no mercado publicitário mineiro
Belo Horizonte
2009
2. Gustavo Gomes
Ingrid Sibele
João Gabriel Campos
Nicole Duarte
Roberto Dornna
O impacto das mídias sociais no mercado publicitário mineiro
Monografia apresentada como
requisito de avaliação do curso de
Publicidade e Propaganda do Centro
Universitário UNA para obtenção do
título de bacharel em Comunicação.
Professor orientador: Pedro Coutinho
Belo Horizonte
2009
3. AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao nosso orientador Pedro, que disponibilizou com boa vontade seu tempo e
conhecimento; às agências que abriram suas portas, aos profissionais que nos cederam com
boa vontade um espaço em suas atribuladas agendas para responder às nossas questões. Por
fim, queremos agradecer à banca que se dispôs a analisar o trabalho.
4. RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso busca entender como a internet está presente no meio
publicitário, de maneira mais específica nas redes sociais. O objetivo é identificar a presença
de planejamento específico para web em alguns setores como, por exemplo, Atendimento,
Mídia e Criação em empresas de propaganda de diferentes portes, utilizando um método
qualitativo de pesquisa. Mais especificamente, foram realizadas entrevistas com pessoas do
mercado publicitário mineiro. Essa pesquisa trouxe um resultado que poderá servir de base
para as próprias agências entrevistadas e pessoas de comum interesse em rede social e
publicidade.
Palavras chave: Rede Social. Mídia Social. Minas Gerais. Agência. Internet.
5. SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 1
RESUMO ............................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 4
A EVOLUÇÃO DA INTERNET E A ARQUITETURA DA PARTICIPAÇÃO ............................................. 6
A PUBLICIDADE NA WEB 2.0 ........................................................................................................................ 20
METODOLOGIA ............................................................................................................................................... 32
O PONTO DE VISTA DOS PROFISSIONAIS MINEIROS .......................................................................... 35
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................................. 59
REFERÊNCIAS DE PÁGINAS NA INTERNET ............................................................................................ 61
ANEXO ................................................................................................................................................................ 62
6. Introdução 4
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos países que mais assimilou a internet a sua realidade, o que fez deste país
um dos maiores usuários desta tecnologia no mundo. Segundo pesquisa realizada pelo Ibope
Nielsen Online em 2009 onde no Brasil gasta cerca de 48 horas e 26 minutos por internauta
em ambientes domestico/residencial (http://g1.globo.com/Noticias/
Tecnologia/0,,MUL1274233-6174,00.html acesso em 26/11/2009). Um dos serviços de
internet que mais cresce é o de mídias sociais, onde o Brasil está com o posto de segundo
lugar em usuários ativos no mundo, como revelou a pesquisa realizada pela ComScore
(http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2009/07/02/russia-pais-onde-internautas-mais-
utilizam-redes-sociais-seguida-pelo-brasil-756624376.asp acesso 26/11/2009). Neste
ambiente, o conteúdo é gerado pelo próprio usuário, o que atrai a publicidade, que vê esta
mídia como uma oportunidade de alcançar o público de forma mais dinâmica e atrativa, sendo
muitas vezes o próprio consumidor da empresa o gerador do conteúdo publicitário. A
publicidade é atraída por esse ambiente, dentre outras coisas, pela transparência que ele traz,
principalmente se comparado com as pesquisas de mercado. Com essa virtude, a publicidade
vem apropriando deste meio com cada vem se mais freqüência, desenvolvendo as mais
variadas ações, desde um simples sorteio em uma comunidade de Orkut até o envio de
produtos customizados à maneira do consumidor.
O presente trabalho busca justamente compreender como as redes sociais têm sido utilizadas
na publicidade atual, com foco nas agências de Belo Horizonte. Cientes de como a área de
mídias sociais ainda é carente de estudos e informações, temos o objetivo de gerar uma
discussão acadêmica que sirva de referência para o meio acadêmico e para o mercado.
O nosso objetivo geral é estudar como algumas agências de Belo Horizonte estão se
adaptando às redes sociais, tentando identificar novos modelos de agências. Também
procuraremos entender quais as preocupações dos profissionais de agência acerca das mídias
sociais, verificar se as evoluções tecnológicas no mercado publicitário têm se adaptado às
novas possibilidades de comunicação nas redes sociais, e analisar como as empresas-clientes
das agências de publicidade têm se portado diante das redes sociais, mesmo havendo poucas
ferramentas de mensuração de resultados. Para tentar responder a estas questões foram
produzidos três capítulos.
7. Introdução 5
No primeiro capítulo, o assunto discorrido foi o universo da internet, sua história e seu
impacto na sociedade, apontando marcos como web 1.0, web 2.0, redes sociais e mídias
sociais, empregando como base o levantamento bibliográfico, usando livros, artigos e
pesquisas existentes na área. A internet, mesmo sendo uma nova ferramenta, apresenta uma
vasta bibliografia de diversos autores que discute sobre ela, facilitando a escolha do material
para análise.
Destarte, no segundo capítulo, o uso de bases teóricas em livros e artigos não foi tão extenso,
principalmente pela pouca bibliografia encontrada para tratar dos assuntos dissertados, que
foram as agências, os modelos de agências, o perfil dos profissionais, o mercado mineiro, o
seu uso da internet, principalmente as redes sociais, como mídia e ferramenta de aproximação
do consumidor junto à empresa. Para suprir essa necessidade, o grupo optou pelo material de
pesquisa oriundo de dados e cases proveniente da internet, como forma de sustentar as ideias
dos componentes do grupo.
O terceiro capítulo consiste em uma análise feita a partir de pesquisas realizadas dentro de um
grupo de agências pela forma de entrevistas guiadas. Para tanto foi utilizado um roteiro pré-
estabelecido visando mensurar a percepção e a opinião dos profissionais sobre a internet e as
redes sociais usadas como mídia na publicidade. A escolha da pesquisa qualitativa deu-se por
gerar um material com uma qualidade de análise dos resultados mais próxima à desejada pelo
grupo, que não poderia ser alcançada pela pesquisa quantitativa, visto que esta última
mostraria resultados de caráter mais generalista e menos específico.
Por ultimo, o trabalho apresenta uma conclusão onde vários pontos retirados das entrevistas
foram cruzados com os capítulos teóricos, que se iniciam na página seguinte.
8. A evolução da internet e a arquitetura da participação 6
A EVOLUÇÃO DA INTERNET E A ARQUITETURA DA PARTICIPAÇÃO
Em 1968, um homem de meia idade e tímido, chamado Doug Engelbart, se apresentou diante
de uma plateia heterogênea de matemáticos, diletantes e hippies no San Francisco Civic
Auditorium para fazer uma demonstração de um produto aparentemente simples, mas que
mudou o curso da história da informática. A demonstração durou 30 minutos, e foi
consagrada como o primeiro vislumbre da informação tornada espaço, embora fosse levar
mais de uma década para que isso ganhasse forma. O invento foi chamado de mouse.
A demonstração de Engelbart espantou a plateia, já que aquelas pessoas nunca tinham visto
nada parecido e muitas delas, inclusive, iriam esperar anos para ver algo equivalente. Foi
como se o nascimento de uma nova vertente da comunicação tivesse surgido de repente, e
estava claro que o futuro da computação e de toda a sociedade mudaria irreversivelmente.
Essa nova paisagem de informação foi, a um só tempo, um avanço tecnológico e uma obra de
grande criatividade, capaz de alterar a forma como interagimos com as máquinas, a abertura
de diversas possibilidades de conexão criadas por essa ferramenta, além de interferir no
modelo de produção de todas as empresas produtoras de computadores.
A invenção do mouse é apenas um exemplo para discutir as influências que as novas
tecnologias têm sobre a forma como nos relacionamos com o mundo; interagimos com as
pessoas, objetos e as ferramentas mediadoras da comunicação. De acordo com Don Tapscott e
Anthony Williams,
(...) De fato, as sociedades humanas sempre foram pontuadas por períodos de grande
mudanças (...) Em muitas instâncias, essas transformações foram impulsionadas por
tecnologias que produziram rupturas, tais como a imprensa, o automóvel e o telefone,
e penetraram nas sociedades para mudar fundamentalmente a sua cultura e a sua
economia. (TAPSCOTT, WILLIAMS: 2006, 16).
O que os autores dizem é que as grandes mudanças culturais de uma sociedade estão muitas
vezes ligadas aos booms tecnológicos, cujo alcance mundial é capaz de alterar a forma como
as pessoas se relacionam uma com as outras e a noção que têm de tempo e espaço.
A invenção da internet foi o grande boom do século XX ocorrido na década de 1960,
fenômeno que, se comparado às demais tecnologias de âmbito mundial, obteve os índices
mais rápidos de expansão. Disponibilizada comercialmente ao mundo em 1993, em menos de
9. A evolução da internet e a arquitetura da participação 7
10 anos já era acessada por uma média de 360 milhões de pessoas. (fonte: Internet World
Stats – Usage and population statistics – acesso em 02/09/2009).
As primeiras discussões sobre o impacto mundial desta nova tecnologia começaram a surgir
em meados de 1990, época em que se destacaram autores como Manuel Castells e Pierre
Lévy. O principal foco das discussões eram as mudanças nos padrões de relacionamento da
época, com a entrada de novos pontos de contato e a questão da interação entre real / virtual.
De acordo com Pierre Lévy (1996), o virtual não se limita somente ao ciberepaço, mas está
presente, por exemplo, quando são feitas ligações mentais / subjetivas para se compreender o
sentido de um texto, incorporando experiências anteriores às novas informações. O autor
afirma que "a imaginação, a memória, o conhecimento e a religião são vetores de
virtualização que nos fizeram abandonar a presença muito antes da informatização e das redes
digitais” (Lévy, 1996, 20), já que independem de aspectos materiais. No hipertexto (texto em
formato digital), a liberdade e a fluidez das ligações são potencializadas pelas opções de
complemento de conteúdo, como links, imagens, sons, vídeos e outros, que têm a função de
interconectar os diversos conjuntos de informação; o complexo final ultrapassa o texto em si.
Logo, para diferenciar o real do virtual, o autor defende três diferentes estados de ser:
realização, “ocorrência de um estado pré-definido”, atualização, “invenção de uma solução
exigida por um complexo problemático” e virtualização “movimento inverso da atualização,
consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma ‘elevação à potência’ da entidade
considerada” (Lévy, 1996, pg.15). Enquanto a realização é a concretização do possível, sem
que haja necessariamente criação e inovação, o atual é inventivo, foge de soluções
predeterminadas, já instituídas. Desta forma, pode-se afirmar que a atualização alimenta o
virtual, já que este possibilita uma expansão do ser, das suas possibilidades de ação, definindo
soluções mutantes, evolutivas e desterritorializadas, devido o aumento na liberdade e fluidez
do pensamento. Portanto,
“(...) o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao
possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático,
o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um
acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um
processo de resolução: a atualização”. (LÉVY: 1996, 16).
Um desprendimento do tempo e do espaço, conforme é apresentado por Lévy, não opõe o
sentido de virtual e real, conforme era intitulado na época, em que o real se concretizava no
material, e o virtual como uma ausência da existência. Segundo o autor, assim como o atual
10. A evolução da internet e a arquitetura da participação 8
complementa o virtual, este expande as possibilidades de ligações e consequentemente de
conteúdo da realidade, a desterritorializa, produzindo efeitos reais, criando uma
(...) mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do
objeto considerado: em vez de definir principalmente por sua atualidade (uma
‘solução’), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num campo
problemático. (LÈVY: 1996, 17 e 18).
Comparada às teorias de Lévy (1996), a questão da oposição entre o real e o virtual hoje
pouco mudou, visto que ambos não precisam necessariamente ser opostos um ao outro, mas
sim se complementarem. No entanto, hoje a definição de virtual está mais delimitada,
direcionada para a internet, já que, nas teorias de Lévy, este termo pode ser aplicado em
diversas situações subjetivas, sem necessariamente estar ligado ao ciberespaço, ou seja, ao
poder de influência da cibercultura sobre a forma como as pessoas se relacionam no mundo
real.
O que vale ressaltar é que tanto a noção de virtual como a de real se complementam. Há uma
ampliação das possibilidades das pessoas se relacionarem, o acesso às informações, a troca de
arquivos e a colaboração em massa a que, consequentemente, gera mudanças nos cenários
social, econômico e histórico do mundo real. É preciso se adaptar às mudanças de
comportamento, principalmente dos jovens, desenvolver novos padrões de comunicação e de
busca de informações e, paralelamente, continuar a alimentar o virtual com notícias e
acontecimentos reais, mesmo que publicadas em diferentes formatos, se comprados aos canais
tradicionais de mídia.
É neste período de expansão da internet que são criados termos técnicos que ajudam na
descrição deste um novo contexto histórico da informatização. Entre alguns dos termos mais
repetidos estão sociedade em rede, redes globais, compartilhamento de dados e cibercultura.
Manuel Castells (1999), enfatiza o poder das redes globais, responsáveis por “conectar e
desconectar grupos, religiões e até países, de acordo com sua pertinência na realização de
objetivos processados na rede, em um fluxo contínuo de decisões estratégicas” (Castells:
1999, 41). Segundo o autor, o poder das tecnologias é limitado pelo próprio homem, de
acordo com as influências econômicas e sociais que pode causar na sociedade. Portanto, a
transformação social causada por um grande boom tecnológico será uma resposta à forma
como é decidido (ou não) utilizar as novas ferramentas criadas pelo homem.
11. A evolução da internet e a arquitetura da participação 9
Embora Castells tenha formulado seus estudos sobre a internet ainda no início desta
tecnologia, o autor consegue, de forma consistente, apresentar os fatores históricos que
levaram à criação dessa nova ferramenta, e como ela poderia ser utilizada para aproximar as
pessoas nos aspectos culturais, econômicos e sociais.
Numa passagem do livro “A Sociedade em rede”, Castells afirma que a evolução de uma
tecnologia está ligada à freqüência com que é utilizada e à capacidade produtiva do homem
em relação a ela - reconfigurações e geração de novos aplicativos. Para o autor, todos os
produtos e serviços que oferecemos são uma representação do que pensamos e queremos,
como uma amplificação da mente humana. Assim,
O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de
conhecimento e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e
informação, para a geração de conhecimentos e de dispositivos de
processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação
cumulativo entre a inovação e seu uso (CASTELLS: 1999, 69).
As afirmações de Castells se encaixam perfeitamente na tecnologia da internet, devido a sua
progressiva evolução, desde a Guerra Fria até os dias de hoje. Possibilitando o acesso a todo
tipo de conteúdo, a internet intensificou o fenômeno da globalização ao aproximar culturas,
multiplicar o acesso à informação e aumentar os pontos de contato entre os indivíduos.
Entretanto, mesmo que a primeira geração do mundo virtual se distancie, em diversos
aspectos, do modelo de comunicação das tradicionais mídias de massa, o processo de criação
de conteúdo online ainda permanecia basicamente unilateral, “com ênfase na publicação” de
grandes sites, (O’Reilly 2005). Ou seja, o modelo de criação e publicação de conteúdo não
tinha alcançado a popularidade, nem dispunha de muitas ferramentas, oferecendo poucos
suportes para a interação de usuários, como de e-mails, chats, comentários em sites e
transferência de arquivos. Esta primeira geração de serviços online é hoje denominada “Web
1.0”.
As relações entre os usuários da Web 1.0 se restringiam ao que Alex Primo (1998 e 2003)
identifica como “interações reativas”. Como o próprio nome indica, a interação entre usuário
e computador é limitada por relações determinísticas de estímulo e resposta. Por exemplo, há
um hiperlink em que o usuário tem a escolha de clicar ou não, mas sem o controle de definir
para que página este link o levará, o que torna a comunicação unilateral.
12. A evolução da internet e a arquitetura da participação 10
Com a evolução dos suportes online, novas plataformas de relacionamento foram criadas,
caracterizando-se por “potencializar as formas de publicação, compartilhamento e
organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os
participantes do processo” (Primo: 2007). Este cenário, tido como a segunda geração de
serviços online, possibilitou elevar as interações entre usuários para “mútua” e de gerar
relações mais complexas do ponto de vista social. Assim,
(...) interação mútua é aquela caracterizada por relações interdependentes e
processos de negociação, em que cada interagente participa da construção
inventiva e cooperada da relação, afetando-se mutuamente (...). (Primo:
2003, 62).
O que Primo explica é que, embora ambos os comportamentos, reativo e mútuo,
proporcionem algum tipo de interação, quando uma comunicação é estabelecida entre dois ou
mais usuários no ciberespaço, pressupondo-se diálogo e onde os envolvidos participam
ativamente, tem-se a interação mútua. Esta pode gerar cenários de concordância, atrito ou
concorrência, remetendo a um tipo de relacionamento mais produtivo e participativo, seja
para alinhamento de idéias, por diversão, troca de arquivos, além de possibilidades diversas.
Essa mudança do comportamento reativo para mútuo, embora o primeiro não elimine o
segundo, é a principal base para o que O’Reilly (2005) chama de “arquitetura da participação:
sistema informático que incorpora recursos de interconexão e compartilhamento.” O autor
afirma que, quanto maior o número de usuários de uma rede, maior será a disponibilização de
arquivos e, conseqüentemente, melhores se tornarão os serviços oferecidos.
A arquitetura da participação é o principal diferencial da segunda geração de serviços online,
que se convencionou chamar de Web 2.0. No entanto, existem outras denominações para essa
nova tecnologia: Living Web, Hypernet, Active Web, Read/Write Web, entre outros. A
escolha pelo termo Web 2.0 foi apresentada em 2004 pela empresa O’Reilly Media e pode
apenas ter sido uma jogada de marketing, produto da parceria entre grandes empresas e
estudiosos da comunicação; de toda maneira, acabou se tornando referência para identificar
essas novas plataformas que foram surgindo.
A evolução da internet para a tecnologia Web 2.0 não se restringe somente à evolução
tecnológica da internet. O seu principal diferencial é apresentar importantes mudanças
sociais, potencializando a colaboração em massa, seja através da maior disponibilidade da
informação, da troca efetiva e do aumento na produção de conteúdo. Na Web 2.0, os usuários
13. A evolução da internet e a arquitetura da participação 11
podem participar ativamente da economia local e mundial, ao colaborarem para as empresas
abertas a essa nova plataforma de relacionamento. Primo ainda argumenta que, o “(...) fator
que confere força a produtos midiáticos gerados nas ‘bordas’ é o desenvolvimento de um
novo formato para a circulação de informações” Primo (2007).
A afirmação do autor nos leva a comparar a evolução do modelo de comunicação da Web 2.0
com o que a Web 1.0 oferecia aos seus usuários. Neste, a informação é transmitida pela
tecnologia pull – o conteúdo é puxado pela audiência, conforme é proposto pela ferramenta
RSS, criada no ambiente de jornais e diários online. Esta ferramenta oferece aos seus leitores
a facilidade de receber as últimas informações publicadas nos seus sites e blogs preferidos,
sem a necessidade de acessá-los diariamente. O usuário precisa simplesmente acessar o seu e-
mail, onde pode receber um resumo do que foi publicado, ou do que determinou receber, e a
partir daí escolhe quais conteúdos deseja ter acesso na íntegra.
A tecnologia pull foi inicialmente responsável por diferenciar a internet das tradicionais
mídias de massa que, antes da televisão digital, o modelo push prevalecia - a informação é
distribuída em horários pré-determinados e de forma homogênea para uma massa de
expectadores, sem oportunidades de interferência direta na programação.
Já na Web 2.0, os usuários podem criar e disponibilizar arquivos diversos, devido à variedade
de ferramentas disponíveis, colaborar para o desenvolvimento de sistemas operacionais livres
e de código aberto (diversos usuários podem contribuir para a evolução de plataformas
operacionais e programas de software, ao fazer modificações de acordo com suas
necessidades), como é o caso do Facebook e do Linux. Este se tornou um importante case na
Web 2.0, ao desenvolver um sistema operacional de primeira classe, hoje incorporado em
diversos tipos de produtos e serviços lucrativos desenvolvidos por grandes empresas como
BMW, IBM, Motorola, Philips e Sony (TAPSCOTT, WILLIAMS: 2006, 37).
Assim, no modelo Web 1.0, as empresas são responsáveis por gerar conteúdo e, na Web 2.0,
estas mesmas empresas disponibilizam ambientes para o usuário gerar conteúdo,
proporcionando, além do contato direto com seu público, espaços para discussão, para
captação de novas idéias vindas de baixo, ou seja, daqueles que são externos à organização,
mas que se interessam pelo objetivo real da empresa, além de outras proposições
participativas em canais de entretenimento e informação.
14. A evolução da internet e a arquitetura da participação 12
Além da utilização dos sistemas operacionais livres e de código aberto similares ao modelo do
Linux, grandes empresas têm se beneficiado da troca de informações e do conhecimento na
era do coletivismo em massa, para a criação e aprimoramento de novos produtos e serviços,
como por exemplo,
(...) os pesquisadores do CAMBIA que trabalham em soluções para os desafios da
segurança alimentar e da produtividade agrícola, divulgam os seus estudos
publicamente através de BIOs (Licenças Biológicas de Código Aberto). Assim eles
conseguem utilizar um número muito maior de cientistas talentosos no processo de
geração de soluções para os agricultores que precisam delas. (TAPSCOTT,
WILLIAMS: 2006, 36).
Este fenômeno chamado de peering, cuja origem simbólica da palavra peer remete a parceiro,
colega ou igual, foi denominado pelo professor Yochai Benkler (Yale Law Journal, vol. 112,
2002 – 2003), ao analisar as mudanças trazidas pela colaboração em massa online, capaz de
influenciar a estrutura e o modelo operacional das organizações e consequentemente da
economia global. Pode-se dizer que o termo peering conceitua o novo cenário da Web 2.0
como uma plataforma em que o modelo de hierarquia de participação é “horizontalizado”,
gerando igualdade de poder e influência entre os envolvidos no mesmo espaço, além de
facilitar o acesso à comunicação.
Uma das principais mudanças neste cenário da colaboração em massa são as possibilidades de
envolvimento de diversos públicos na criação de produtos e serviços, adotando uma
participação uniforme, ao invés da centralização do poder somente em alguns profissionais.
Este modelo não só amplia as oportunidades das organizações desenvolverem produtos mais
adequados às necessidades dos consumidores, como as dotam de maior competitividade
mercadológica.
Para se adaptar a esta novo formato da informação, um novo tipo de empresa está surgindo,
um modelo de organização que,
(...) abre as suas portas para o mundo, inova em conjunto com todos (sobretudo os
clientes), compartilha recursos que antes eram guardados a sete chaves, utiliza poder
da colaboração em massa e se comporta não como uma multinacional, mas como algo
novo: uma firma verdadeiramente global. (TAPSCOTT, WILLIAM: 2006, 31).
Desta forma, um dos objetivos do peering é o aperfeiçoamento de produtos e serviços através
de colaboradores externos e internos à empresa. Porém, este modelo de interação não se
restringe somente às organizações formais da economia, mas também facilita o acesso a toda
e qualquer informação. Entre os motivos que levam os internautas a contribuir para o
15. A evolução da internet e a arquitetura da participação 13
desenvolvimento de um projeto em específico podem estar o interesse pessoal (o resultado do
projeto detém informações importantes para um indivíduo ou grupo), entretenimento,
altruísmo, maior participação na economia, entre outros.
Logo, é importante que as empresas entendam estes diferentes incentivos pessoais, para que
consiga absorver, de forma seletiva, as informações trazidas por aqueles que estão além das
fronteiras organizacionais, sejam consumidores, acionistas, fornecedores, ou qualquer outro
público. Assim o resultado produtivo poderá ser o mais completo e adequado possível.
Todas estas mudanças que ocasionaram num novo panorama da internet, destacando-se a
passagem da publicação para o da participação (O’Reilly: 2005), e a criação de novos
modelos de intercâmbio de informações, são as chaves para o desenvolvimento e a
importância dos espaços sociais online de interação, como comunidades, formadas por
interesses em comum, que convencionou-se chamar de redes sociais.
Uma rede social online não se forma pela simples conexão de terminais. Trata-se de
um processo emergente que mantém sua existência através de interações entre os
envolvidos. Esta proposta, porém, focar-se-á não nos participantes individuais, e sim
no ‘entre’ (interação = ação entre). (PRIMO: 2007).
A terminologia “rede” não pode, entretanto, ser reduzida à emergência das novas tecnologias
de comunicação no ciberespaço. Outros campos da ciência, como biologia, física, economia e
matemática têm como base a rede para estruturar e organizar o relacionamento entre os seus
componentes internos e externos. Como exemplo, em economia, a rede “permite pensar as
novas relações entre atores na escala internacional (redes financeiras, comerciais...) ou
elaborar modelos teóricos (economia de rede, intermediação)” (Musso 2004, 22). De acordo
com o autor, a noção de rede tem ganhado grande importância no meio científico,
ultrapassando inclusive noções de estrutura e sistema.
As raízes da palavra “rede” remetem a tecido, linhas entrelaçadas e, quem primeiro trouxe o
termo para o campo das ciências foi o naturalista e médico Marcello Malpighi (1628-1694),
para designar as ligações internas do corpo humano. No entanto, já na virada do século XVIII
para o século XIX, novas conceituações de redes surgiram, identificando-a como uma
organização que pode ser criada e desenvolvida, “de natural, a rede vira artificial” e “pode ser
construída, porque se torna objeto pensado em sua relação com o espaço” (Musso: 2004,18).
16. A evolução da internet e a arquitetura da participação 14
A partir daí, o termo rede é definido, possuindo um significado limitado, e pode ser atribuído
em diversos campos da ciência, devido a sua aplicabilidade, designando muitas vezes ordem,
comunicação e infra-estrutura. Ou seja, as redes podem ser criadas e organizadas pelos
homens, podendo ser adaptadas de acordo com as particularidades de cada área.
Segundo Musso, a rede é “uma estrutura de interconexão instável, composta de elementos em
interação, e cuja variabilidade obedece a alguma regra de funcionamento” (Musso: 2004, 31).
Em outras palavras, os elementos de uma rede estão ligados entre si e a outras redes,
permitindo movimento e troca de contatos e espaços. A organização das redes pode variar de
acordo com o contexto e o tempo em que se situa, mas sempre obedecendo ao seu conceito
estrutural.
Nos fenômenos sociais, as redes possuem importantes aplicações e representam a interação
entre pessoas, organizações e os suportes de comunicação. De acordo com Recuero (2005),
Uma rede social é compreendida como um conjunto de dois elementos: atores
(pessoas, instituições ou grupo) e suas conexões. Essas conexões são entendidas
como os laços e relações sociais que ligam as pessoas através da interação social
(Recuero: 2005, 03).
Na tecnologia Web 2.0, a interação nas redes sociais é estudada tendo o computador como o
mediador das conexões, e passa-se a utilizar o termo rede social para designar todo e qualquer
espaço online capaz de proporcionar diálogo ativo entre duas ou mais pessoas. Ampliando os
conceitos, a Web 2.0 disponibiliza a conexão necessária para a criação de redes, onde estas
podem ser suportadas em ferramentas diversas, sejam para troca de arquivos,
relacionamentos, espaços de discussão, entre outros.
Entretanto, antes de se entrar nas particularidades das redes sociais, é preciso entender o
funcionamento mais abrangente da interação social, analisando o seu padrão de organização e
a sua estrutura. Conforme explica a autora,
Ao analisar a natureza e o funcionamento das relações de obrigação atuantes
entre os diversos grupos de uma sociedade, estaríamos descrevendo a organização
social, e ao estudar a posição, com referência uns aos outros, dos numerosos
grupos, posição que se manifesta no sistema de relações de obrigação familiares,
políticas econômicas, religiosas e etc., estaríamos analisando a estrutura social.
(Recuero: 2005, 05).
Nas redes sociais, a organização é composta pela totalidade das interações sociais de um
determinado grupo, mediadas pelo computador, passível de um padrão uniforme de
17. A evolução da internet e a arquitetura da participação 15
relacionamento, geralmente como resultado das interações repetidas, da escolha de um sentido
específico para a integração do grupo, que pode ser de cooperação, conflito ou competição.
Logo, para se definir os níveis de relacionamento construídos no ciberespaço e os seus efeitos
sobre a sociedade, é preciso analisar como se dão as interações na Web 2.0.
Desta forma, além de poderem ser mútuas ou reativas, algumas relações se dão de forma
síncrona, em que os interagentes têm resposta imediata ou quase imediata na interação, como
em suportes como chat, MSN, ICQ e outros sistemas de mensagens instantâneas, ou pode ser
assíncrona em que os estímulos de respostas geralmente não são imediatos, como em e-mails
e fóruns (Recuero: 2005, 6-7).
Além destes aspectos, as interações, de acordo com Recuero (2005:07), podem ocasionar num
processo social complexo de cooperação (os integrantes possuem um objetivo em comum)
essencial para a existência das estruturas sociais, competição (resultado das diferenças entre
desejos e aspirações), e conflito (que envolve hostilidade e pessoalidade) geralmente
responsável pelas mudanças de comportamento, através de discussões e proposições de novos
ideais.
A compreensão de todos estes fatores são apenas alguns dos aspectos que devem ser levados
em consideração para se entender o nível de relacionamento das interações e como formam
uma rede social, a mantém, fazem evoluir ou causam a sua ruptura.
Toda rede social possui sua estrutura e esta indica o fim a que alguns grupos se propõem ao
classificar, por exemplo, ações de colaboração em massa para atividades negativas e
prejudiciais à sociedade. Além disso, analisando o motivo das interações e a freqüência com
que acontecem, algumas empresas podem entrar em estado de alerta, devido às mudanças que
estas ações podem causar aos negócios, como é o caso da telefonia que viu a sua participação
de mercado cair com a criação de ferramentas como o Skype.
Na tecnologia Web 2.0 as redes sociais são representadas principalmente por ferramentas
como Orkut, Twitter, Facebook, YouTube e blog. Estes cinco espaços serão utilizados para
exemplificar as possibilidades de interação na internet, por já terem alcançado a popularidade
e maturidade na cibercultura. É preciso, portanto, construir breves tipologias para
contextualizar as ferramentas.
18. A evolução da internet e a arquitetura da participação 16
Orkut: criado em 2004, a rede de relacionamento filiada ao Google tem por objetivo ajudar
seus membros a criar novas amizades, manter relacionamentos e de se filiarem a comunidades
de interesses em comum.
Twitter: criado em 2006, funciona como um microblogging que permite aos usuários ler e
escrever comentários de até 140 caracteres. As atualizações são exibidas assim que postadas,
tanto para quem os escreve como para aqueles que “seguem” determinada pessoa para ler suas
postagens.
Facebook: aberto ao público em 2006, os usuários criam perfis que contém fotos, videos e
listas de interesses pessoais, trocam mensagens, além de permitir downloads de arquivos
postados.
YouTube: fundado em 2005, o site permite que seus usuários carreguem e compartilhem
vídeos em formato digital. Aqueles cujo acesso é maior ganham destaque.
Blog: site que combina texto, imagens e links para outros blogs e páginas da web. As
postagens aparecem geralmente em ordem cronológica, e os assuntos abordados normalmente
seguem um tema específico e os leitores podem deixar seus comentários. Os blogs já existiam
no modelo Web 1.0, porém não obteve a importância e amplitude hoje alcançadas. Na Web
2.0 os blogs se destacam por sua simplicidade de uso e de publicação, ou seja, a facilidade
com a qual é criado e mantido.
Com a característica em comum de permitirem o livre acesso e com o objetivo principal de
promover a interação entre os usuários, as ferramentas das redes sociais também se tornaram
poderosas fontes de pesquisa sobre o comportamento dos consumidores e sobre as novas
tendências de mercado. Entretanto, a sua evolução vai ainda mais além, ao disponibilizar
espaços para anúncios, ou seja, passar a utilizar alguns desses novos suportes como
ferramentas midiáticas.
De acordo com Roger Silverstone (1999), devemos entender a mídia como um processo, ou
seja,
como uma coisa em curso e uma coisa feita, e uma coisa em curso e feita em todos os
níveis, onde quer que as pessoas se congreguem no espaço real ou virtual, onde se
comunicam, onde procuram persuadir, informar, entreter, educar, onde procuram, de
múltiplas maneiras e com grau de sucessos variáveis, se conectar umas com as outras
(SILVERSTONE: 1999, 32).
19. A evolução da internet e a arquitetura da participação 17
As ferramentas das redes sociais, ao disponibilizarem os espaços também como canais de
mídia, permitem o surgimento de um novo grupo de veículos que convenciona-se chamar de
mídias sociais, diferente das tradicionais mídias de massa devido ao espaço que ocupam.
Assim, as mídias sociais passam a ser designadas como as ferramentas de interação
disponíveis na internet (Orkut, Twitter, Blogs e outros), e as redes sociais a forma como os
usuários se relacionam. Desta forma, quando são colocadas para funcionar, as mídias são as
ferramentas em ação que constroem as redes.
A própria publicidade, sempre presente durante estas mudanças no cenário tecnológico,
contribuiu constantemente para o aprimoramento de novos suportes onlines, como banners
interativos, jogos em flash, links patrocinados e outros.
O que amplifica o valor da internet para a publicidade, dentre outras vantagens, são as opções
de ferramentas disponíveis para a comunicação com os usuários e a forma como os resultados
das ações podem ser apurados. De acordo com Zeff e Aronson (1997) foram identificadas
cinco grandes benefícios da publicidade online: dirigibilidade, rastreamento, acessibilidade,
flexibilidade e interatividade.
Segundo os autores, a publicidade online pode trabalhar tendo como referência as eventuais
preferências demonstradas pelos usuários, rastreadas através do histórico de acessos (número
de identificação pessoal, IP), caracterizando como estes usuários interagem com uma marca
(os links que acessam e o tempo que passam num site, por exemplo), além da publicidade
estar online 24/horas por dia e poder ser alterada ou retirada do ar com facilidade. Entretanto,
Zeff e Aronson (1997), afirmam que a vantagem mais destacável é a interação com os
consumidores.
O autor Roger Silverstone já discutia acerca do poder das mídias no comportamento da
sociedade, e a publicidade está compreendida neste pacote,
Passamos a depender da mídia, tanto impressa como eletrônica, para fins de
entretenimento e informação, de conforto e segurança, para ver algum sentido nas
continuidades da experiência, e também, de quando em quando, para as intensidades
das experiências. (SILVERSTONE: 1999, 35).
A experiência designada pelo autor é composta tanto pela experiência da vida “real” quanto
pela midiática, sendo esta representada por outros personagens (reais ou fictícios), como são
apresentados em programas de talk show, noticiários, novelas e inclusive na publicidade, mas
20. A evolução da internet e a arquitetura da participação 18
tendo esse comportamento midiático como um reflexo da vida, das reais experiências das
pessoas. Assim, a internet, como uma extensão dos meios de comunicação, oferece à
publicidade novas formas de relacionamento com os consumidores, um novo suporte para a
criação de padrões de consumo que continuam a influenciar comportamentos e a oferecer
novas experiências, através do posicionamento de marcas. De acordo com o autor Gilmar
Santos (2005),
O mundo contemporâneo é formado por sociedades que operam em modelos de
produção intensiva, ou seja, aqueles em que há uma produção em grande escala dos
mais diversos produtos, que, por sua vez, são adquiridos por uma largo contingente da
população (SANTOS: 2005, 23).
Para que essa aceitação em massa de um produto se concretize, Santos (2005) afirma que
é preciso analisar três conceitos essenciais da comunicação mercadológica: necessidades,
desejos e demanda. Pode-se afirmar que a constante luta da publicidade se foca em entender
como o seu público anseia em receber novos produtos e serviços, quais tendências de mercado
são verdadeiras e importantes o suficiente para serem levadas em consideração e se as
necessidades podem ser consumidas por esse público que a anseia. É a partir destas
descobertas que os posicionamentos de mercado são estruturados, ou deviam ser, para se
poder proporcionar experiências adequadas ao público consumidor, ou até mesmo criar novas
necessidades através de ações inusitadas e criativas.
Desta forma, pode-se concluir que é na Web 2.0 que a publicidade consegue afinar as suas
táticas mercadológicas, seja através da coleta de informação, interação com usuários e / ou
avaliação dos resultados. Isso nos leva à conclusão de que tanto as mudanças tecnológicas têm
o poder de influenciar diversas áreas da ciência, assim como a ciência, neste caso a
publicidade em específico, pode influenciar o aprimoramento destas tecnologias, a partir do
momento em que verifica o seu potencial de comunicação. Esse processo de retroalimentação
é claramente perceptível na era da internet.
Além da utilização da Web 2.0 pela publicidade, vimos que a palavra chave para redes sociais
é interação mútua, onde as ferramentas online são espaços livres e abertos àqueles que
desejam compartilhar interesses em comum. Mas a sua utilização vai muito além quando
aproxima consumidores e empresas, e permite aos primeiros participarem dos processos
criativos e de aprimoramento de produtos e serviços.
21. A evolução da internet e a arquitetura da participação 19
No próximo capítulo, além de apresentarmos as mudanças que a Web 2.0 trouxe para os
modelos de agência de publicidade, será discutido como estas agências têm utilizado as
mídias sociais para comunicação externa e uso próprio, ilustrando os assuntos através de cases
e de análises de mercado. Será também discutido o panorama do mercado publicitário em
Minas Gerais, além de tendências mercadológicas.
22. A publicidade na Web 2.0 20
A PUBLICIDADE NA WEB 2.0
Atenta às inovações tecnológicas e aos impactos social e econômico gerados pelo novo
cenário da Web 2.0, a publicidade não só tem sido pioneira no uso de novas ferramentas para
fins lucrativos, como também as reconhece como importante fonte de pesquisa, donde os
diferentes comportamentos dos consumidores e as tendências de mercado borbulham
incessantemente. Assim, além da internet ter criado para a publicidade novas formas de se
comunicar com os consumidores e entender seus hábitos e preferências, a Web 2.0
potencializou esse cenário ao ampliar o alcance de contato direto, gerando um ambiente
propício para se instalar novos espaços de mídia social.
Este novo panorama do mercado publicitário cria a necessidade de evolução dos tradicionais
modelos de agência, amplas e generalistas, ainda muito utilizados, para um modelo com
setores mais específicos que atendam às mudanças de comportamento da sociedade. Essa
demanda por novos profissionais pode ser preenchida internamente ou externamente às
agências, seja através de novas contratações, ou mesmo através parcerias.
Hoje, o modelo tradicional de agências é estruturado em quatro principais núcleos, podendo
ser expandidos de acordo com o mercado de atuação, o número de funcionários e a demanda
dos clientes. Segue abaixo uma breve tipologia destes núcleos:
Atendimento: Responsável pela carteira de clientes da agência, funciona como uma ponte de
informação de duas mãos. Alguns profissionais denominam esta área como “Gestores de
Contas”, para informar que o atendimento tem a função de gerenciar a conta, não sendo
somente um canal de informação, mas como um grande conhecedor do negócio do cliente,
capaz de interferir em todas as etapas de negociação.
Planejamento: Responsável pelas análises de mercado e estudo de comportamento do
consumidor, define as trajetórias estratégicas a serem seguidas. É geralmente o primeiro
núcleo a ter contato com o briefing, após o atendimento. Esta área deve ser muito perceptiva e
criativa, capaz de delimitar uma linha de pensamento que será seguida ao longo de toda uma
campanha pelos demais núcleos da agência.
23. A publicidade na Web 2.0 21
Criação: Responsável por determinar como uma mensagem será dita, com o objetivo de
encontrar as proposições de aceitação do público. A área é geralmente composta por diretores
de arte e redatores, podendo ser ampliada de acordo com o tamanho e necessidades da
agência. Esse é provavelmente o núcleo que possui maior conhecimento acerca das novas
mídias, o que pode ser explicado pela constante busca de referências para insights, além de
terem grande influência na escolha do formato de transmissão de uma mensagem.
Mídia: Responsável por selecionar os veículos de comunicação e elaborar/acompanhar os
planos de inserção de anúncios. É uma área que trabalha muito próxima do planejamento,
podendo inclusive ser desempenhada pela mesma pessoa dependendo do tamanho da agência.
Assim, no mercado mineiro, algumas agências ainda possuem o setor de mídia sob a mesma
direção do de planejamento, ou do planejamento sob o do atendimento. É por essa razão que
são poucas as que possuem núcleos específicos de web e, quando alguma campanha engloba,
por exemplo, ações de interação online, é geralmente o departamento de criação o responsável
por selecionar as ferramentas ideais. Ora, em boa parte das agências mineiras de pequeno e
médio porte, conforme foi constatado em pesquisas qualitativas aplicadas pelo grupo, o setor
web simplesmente não existe, sendo muitas vezes terceirizado, ou a agência acaba optando
por mídias off-line, tradicionais.
Este cenário pode ser explicado através de uma análise da paisagem econômica de Minas
Gerais. Comparado com São Paulo, o pólo da inovação publicitária nacional e com referência
mundial, no mercado mineiro não existem agências de grande porte, somente de médio e
pequeno, devido principalmente ao porte dos clientes presentes no Estado que são muitas
vezes empresas regionais, ou filiais de multinacionais. Os maiores clientes são em sua maioria
setores do governo ou da indústria de base, muito convencionais e tradicionais se comparados
à grandes empresas como Unilever, Coca-Cola, Nestlè e outros. De acordo com Gilmar
Santos (2005),
(...) o mercado publicitário mineiro ainda não conseguiu ocupar uma posição
condizente com o porte da economia do Estado. Minas ainda continua dependendo
fortemente da indústria de base, ligada à transformação de produtos de origem
mineral (siderurgia e metalurgia). Essas empresas não vendem seus produtos
diretamente ao consumidor final, portanto não exigem um investimento publicitário
direcionado ao consumo, que é o grande filão do mercado publicitário. (SANTOS;
2005, 44).
24. A publicidade na Web 2.0 22
Ou seja, as agências mineiras muitas vezes têm o seu crescimento limitado devido ao mercado
em que atuam. Por isso o setor de web ainda não é muito comum. Ora, as empresas
tradicionais muitas vezes valorizam formas tradicionais de se relacionar com o seu público,
criando barreiras à entradas de novas ferramentas de comunicação, ou limitando o seu uso, o
que nem sempre é errado, devido ao público que desejam atingir.
De qualquer forma, vale ressaltar as características positivas e negativas do uso da web pelas
agências. Partindo para uma análise mais ampla, é no cenário da Web 2.0 que a publicidade
passa por profundas mudanças na abordagem dos consumidores e no estudo de mercado. A
chamada “era da participação” (Tapscott e Williams, 2006) permite à publicidade a
identificação de grupos de internautas envolvidos por causas em comum, com
comportamentos em comum. O que os autores chamam de “arma de colaboração em massa”
não só gera espaços de discussão e de compartilhamento de arquivos, como também
desenvolve um cenário propício para a busca de novas tendências de mercado no geral.
Logo, para a publicidade, a evolução ao extremo das novas ferramentas de relacionamento
online contribui para planejamentos de sucesso, cuja abordagem mercadológica pode ser mais
acertada. Tomamos como exemplo pontual o case Doritos de 5Kg, em outubro de 2008.
A Elma Chips realizou uma ação inspirada em comunidades nas redes sociais: “Eu amo
Doritos”, “Amantes de Doritos”, “Queremos Doritos de 5kg, entre outras. A empresa atendeu
aos pedidos dos consumidores e enviou a versão de 5kg para os participantes das
comunidades. Além da ação ser inusitada e criativa, gerando mídia espontânea (buzz) em
diversos veículos de comunicação, a marca ainda conseguiu reforçar o seu posicionamento de
mercado como um snack social que pode ser dividido e estar presente em festas e eventos
(Blog Brainstorm9 – http://www.brainstorm9.com.br, acesso em 20/10/2008).
O case Doritos é como uma personificação das novas tendências publicitárias, onde as
informações comportamentais não precisam necessariamente ser buscadas através de
pesquisas qualitativas ou grupos focais, mas em espaços onde as pessoas interagem de acordo
com a disposição e interesses pessoais. Segundo Tapscott e Williams,
Devido às profundas mudanças em tecnologia, demografia, negócios, na economia e
no mundo, estamos entrando em uma nova era, na qual as pessoas participam na
economia como nunca antes. Essa nova participação atingiu um ápice no qual novas
25. A publicidade na Web 2.0 23
formas de colaboração em massa estão mudando a maneira como bens e serviços
são inventados, produzidos, comercializados e distribuídos globalmente
(TAPSCOTT e WILLIAMS, 2006, 20).
Esse novo panorama da publicidade reflete o conceito de peering, onde um grupo de
internautas tem o poder de influenciar na criação de produtos e serviços junto às empresas, de
forma direta ou indireta, conforme apresentado no case Doritos. Por participarem do processo
de criação, os consumidores sentem-se mais próximos e valorizados principalmente pelas
grandes multinacionais que, devido à sua abrangência de mercados, nem sempre encontram
canais suficientemente diretos para conhecer seus consumidores e entender as suas
necessidades.
Ora, as ferramentas da Web 2.0 criam verdadeiras redes de experiências, onde milhões de
consumidores expõem seus sentimentos em relação às marcas. Estas experiências ultrapassam
as barreiras do espaço local para influenciar não só compradores, como departamentos de
revenda, de distribuição e inclusive a concorrência. Desta forma, com as redes sociais, as
vivências acerca dos bens de consumo são ampliadas indiretamente, testados pela experiência
de uso de terceiros, o que diminui, por exemplo, investimentos de risco por parte dos
anunciantes e consumidores.
Essa nova era da comunicação online proporciona à publicidade a identificação quase
imediata dos sentimentos de aceitação ou rejeição de uma campanha, o que a permite adaptar
seu discurso conforme o caminhar das primeiras impressões. Além disso, as empresas podem
avaliar as características de um novo produto ou serviço, conforme o desempenho de outras
marcas, sem atrasar significativamente as suas ações de lançamento.
Entretanto, mesmo que as redes sociais propiciem a criação de espaços ricos em informação,
o conteúdo muitas vezes se encontra num estado bruto, inacabado; por isso a necessidade de
trabalhá-las, interpretá-las do ponto de vista de quem as compartilha e da cultura criada em
torno das comunidades. É neste cenário que surge a netnografia, uma adaptação da pesquisa
etnográfica ao mundo digital. De acordo com Robert Kozinets (2002), professor de marketing
da Universidade de York no Canadá e considerado o “pai da netnografia”, os novos
interagentes da cibercultura são os responsáveis por dar às empresas as idéias necessárias para
inovar e daí a importância em conseguir entendê-los.
26. A publicidade na Web 2.0 24
O método da netnografia consiste na inserção do pesquisador no ambiente, no dia-a-dia do
grupo investigado. É preciso avaliar como uma informação é recebida pelos participantes de
uma comunidade, o rumo das discussões, a aferência a outras marcas, a importância que um
produto ou serviço emprega na vida dos consumidores e como a relevância das opiniões
devem ser consideradas para o próximo passo das empresas. Como exemplo, utilizaremos o
case “Chuteira Adidas F50” de 2006.
Coletando informações em blogs e comunidades online, a agência de inovação alemã Hyve
descobriu que os consumidores Adidas personalizavam seus tênis e os exibiam em suas
estantes em caixas sem graça. Com o objetivo de lançar uma nova linha tênis para a Copa do
mundo de 2006, a marca encomendou um estudo netnográfico para entender como os seus
consumidores gostariam de ter o seu Adidas. O resultado foi o lançamento de uma chuteira
capaz de ser produzida sob medida ao comprador, podendo-se escolher cores, materiais e
solados, resultando em 17 combinações distintas, cuja embalagem era transparente. A ação
rendeu à marca uma venda de 8 milhões de pares, dez vezes mais do que o esperado.
Assim, Kozinets compara os tradicionais modelos de pesquisa àquele proposto pela
netnografia,
As a method, netnography is faster, simpler, and less expensive than the traditional
ethnography and more naturalistic and unobtrusive than focus group and interviews.
It provides information on the symbolism, meanings and consumption patterns of
1
online consumer groups. (KOZINETS, 2002, 61).
Ora, as redes sociais representam um modelo de interação aberto, disponível àqueles cujo
interesse possui um sentido real, e cuja intensidade de uso reflete a importância dada aos
assuntos abordados. Assim, os comportamentos e hábitos pessoais se tornam um importante
banco de dados para as empresas. Entretanto, assim como em pesquisas de grupo focal, é
preciso técnica e apuração para se identificar os falsos perfis, as idéias camufladas e o
verdadeiro significado de participação. Muitas vezes, como acontece na ferramenta do Orkut,
uma única pessoa pode criar vários perfis, desenvolvendo personalidades distintas que se
associa e participa de diferentes comunidades.
1
Como um método, a Netnography é mais rápido, mais simples e menos dispendiosa do que a etnografia tradicional e mais
naturalista e discreta que o grupo focal e entrevistas. Ele fornece informações sobre o simbolismo, significados e padrões de
consumo de grupos de consumidores online.
27. A publicidade na Web 2.0 25
As características positivas das mídias sociais, além do que já foi dito, envolvem os baixos
custos de veiculação e produção, quando comparados às tradicionais, e a facilidade na
monitoração de resultados.
Outras características positivas são o contato direto com o público e a mudança de cenário,
onde o usuário deixa de ser um mero receptor e passa a ser um produtor de conteúdo. Essas
duas últimas qualidades é o que marca as mídias sociais e é o que lhe dá a notoriedade. Todos
estes benefícios possibilitam às empresas coleta de informações mais rápidas sobre a
aceitação de produtos e serviços, assim como do cenário mercadológico como um todo. Para
exemplificar segue um case da New Coke e do achocolatado Nescau.
Nos anos 80 a Coca-Cola, motivada por uma serie de testes cegos, mudou a fórmula do
refrigerante tradicional e o seu nome, com o objetivo de renovar a imagem da marca.
Entretanto, o resultado foi uma perda enorme de clientes, além de uma diminuição pontual no
share of market. Com a chegada do novo produto, denominado New Coke, e a retirada do
antigo sabor das prateleiras, a empresa foi bombardeada por reclamações dos consumidores
fieis à tradicional fórmula. Visto o erro cometido, a empresa The Coca-Cola Company se viu
quase que obrigada a voltar com o antigo produto, chamado então de Classic Coke.
(Site: http://www.metaanalise.com.br/inteligenciademercado/momento/ponto-de-vista/a-web-
2.0-poderia-ter-mudado-a-hist-ria.html - acesso em 22/09/2009)
Já em 2008 a Nescau (achocolatado da Nestlé), com mais de 70 anos de mercado, motivada
também pelo teste cego e sempre pela inovação da marca, decidiu alterar a fórmula do
produto clássico, inserindo o Nescau 2.0 no mercado, ao mesmo tempo em que retirava o
tradicional das prateleiras. O resultado foi um reboliço na internet, com criação de blogs e
comunidades que protestaram a favor da volta do produto, além de 65 mil e-mails enviados à
Nestlé criticando a retirada do Nescau tradicional. A Nestlé, monitorando as redes sociais,
mais que depressa repôs o produto no mercado, sem eliminar os demais sabores, além de
responder uma carta aberta pedindo desculpas aos seus consumidores.
(Site:http://www.administradores.com.br/artigos/as_10_melhores_praticas_de_marketing/290
19/ - acesso 23/09/09).
Analisando os cases, percebe-se a importância das redes sociais para a criação de valores
associados às marcas, além do seu poder de influência na forma como as pessoas consomem e
28. A publicidade na Web 2.0 26
reagem à experiência de uso. Com a criação das redes sociais, os consumidores encontraram
um canal onde podem expor seus sentimentos de rejeição e aceitação, além dos tradicionais
SACs, limitados na interação com o usuário, além de pouco eficientes em muitos casos. E é a
desterritorialização a responsável por estas mudanças, por ampliar as experiências de um
único usuário, um ponto em que as empresas devem estar constantemente atentas.
Desta forma, as redes sociais nem sempre são utilizadas somente para divulgação de
campanhas, mas muitas vezes se esforçam para humanizar as marcar, fazê-las se aproximar do
público através de uma comunição diferente daquela utilizada nas mídias de massa. Por
exemplo, na ferramenta Twitter, as empresas devem escolher abordagens propícias ao
ambiente, de forma que incentive o acompanhamento do seu público. A cultura do ambiente é
de identificação, interesse pessoal e, para alcançar esse nível de relação, as organizações
devem, em primeiro lugar, mostrar credibilidade, tirar dúvidas, dar atenção, e não
simplesmente serem indiferentes e gerenalistas. No entanto, como a utilização destas mídias
ainda é relativamente nova no mercado, muitas ações são desenvolvidas no esquema tentativa
x erro, o que é um cenário comum em épocas de mudanças e inovações.
Outros aspectos importantes são como selecionar as mídias sociais adequadas para expôr uma
marca. Além da compatibilidade com o público, as agências devem levar em consideração,
por exemplo, se um determinado blog tem credibilidade em relação aos participantes, não
analisando somente o número de seguidores. Devem também avaliar as métricas de
segurança, como autor, assunto, confiabilidade da informação, nível de atualização, clareza
das informações passadas e selos de segurança. Os selos de seguranças podem ser prêmios
recebidos pela excelência na comunicação (Ibest e Bestblogs) e/ou selos de qualidades
desenvolvidos por sites de confiabilidade (como no caso do Twitter com o selo de
verificação).
Ou seja, além da utilização das mídias sociais para a busca de novas tendências de mercado e
avaliação das experiências de uso, a publicidade também utiliza destes canais como meios
diretos e indiretos de publicação. Denomina-se direto quando um anúncio se apresenta no
formato de publicidade, assim como acontece com o banner online e o link patrocinado. Já o
indireto é quando uma empresa, por exemplo, cria uma comunidade da sua marca no Orkut,
promovendo debates, anunciando lançamentos e convidando novos participantes. Seguem
29. A publicidade na Web 2.0 27
alguns exemplos pontuais de ações no Twitter, Orkut (Google), Blog (Água de Cheiro) e You
Tube (Burguers King), além das opções de publicidade disponíveis em cada ferramenta:
Twitter: A ferramenta ainda não disponibiliza espaços diretos para a publicidade. O que pode
acontecer e já é feito por algumas empresas, é twittar informações que atraiam seguidores.
Exemplo: A Camiseteria, conhecida pela venda de camisas com estampas desenvolvidas por
artistas de design, “twitta” ofertas de fretes gratuitos e promoções, mas também posta em sua
página endereços de sites interessantes para quem gosta de design e confecções.
Além disso, as empresas também podem contratar uma pessoa, geralmente um formador de
opinião já com diversos seguidores, para apoiar ações de comunicação no Twitter. Foi o que
aconteceu com a operadora Telefônica ao contratar o jornalista e apresentador Marcelo Tas,
responsável por “twitar” 20 mensagens por mês relacionadas a um novo produto da empresa.
(http://www.opovo.com.br/opovo/economia/870612.html - acesso em 05/10/2009).
Exemplo Twitter: Camiseteria - Out/2009
30. A publicidade na Web 2.0 28
Exemplo Twitter: Marcelo Tas - Otubro/2009
Orkut: As opções de publicidade direta disponíveis no Orkut são links patrocinados e
banners (podendo ser segmentados por perfil, idade, sexo, temas relacionados). Também é
possível criar perfis e comunidades, onde as empresas se relacionam com outros usuários
através da divulgação de lançamentos, propondo questionários de pesquisas, tirando dúvidas
dos consumidores, além de reforçar o posicionamento de marca, entre outros.
(http://www.undergoogle.com/blog/2008/monetizacao/adwords/publicidade-no-orkut-os-
anuncios-estao-de-volta.html). Segue exemplo pontual da Fiat:
Exemplo Orkut: Links patrocinados Fiat – Out/2009
31. A publicidade na Web 2.0 29
Exemplo Orkut: Comunidade Fiat – Outubro/2009
Blog: Além de ser uma ferramenta utilizada há mais tempo, a sua própria estrutura
disponibiliza espaços para uma comunicação mais completa, ampla. É utilizada por diversas
empresas principalmente para divulgar ações promocionais, com o objetivo de se criar uma
atmosfera diferenciada, destacar a ação do tradicional modelo de site, muitas vezes
institucional. Além disso, é um canal que promove um contato maior com o público e, por ser
facilmente atualizável, explica a grande adesão de canais de televisão, rádio e jornais. Segue
exemplo pontual do blog da MTV:
Exemplo Blog: MTV – Outubro/2009
Youtube: As ferramentas disponíveis para publicidade direta são o Brand Channel (canais
customizados para publicação de vídeos), link patrocinado e destaque (pago) para vídeos na
tela principal do site. Além disso, praticamente todas as campanhas que envolvem VTs
32. A publicidade na Web 2.0 30
postam no site seus vídeos, com o objetivo de ampliar o alcance das ações. Segue exemplo
pontual do Ricardo Eletro:
Exemplo You Tube: VT’s de campanhas Ricardo Eletro Outubro/2009
Entretanto, ainda existe uma grande discussão acerca da entrada da publicidade nas mídias
sociais, criando uma imagem de invasão, um aproveitamento do “espaço público”. As
reações, contudo, tendem a diminuir a partir do momento em que os anúncios se tornarem
mais comuns e a publicidade se adaptar aos modelos de comunicação dessas novas mídias,
como aconteceu com o Orkut e o Twitter, em que as empresas têm adequado seu linguajar e
abordagem.
Mesmo com as classificações, certificados e cases de sucesso, ainda não existe garantia de
bons resultados de campanhas estruturadas nestes meios, conforme se passa com as
tradicionais mídias de massa. Por isso, é importante ressaltar que, embora a utilização de
mídias sociais tenha aumentado significativamente entre agências de publicidade, elas
continuam muitas vezes como um complemento às grandes ações de comunicação e em
alguns casos o seu sucesso precisa de um “empurrão” de outras mídias mais tradicionais,
como aconteceu no lançamento do Nescau 2.0 no Youtube. A agência JWT de São Paulo,
responsável pela conta, divulgou a ação na televisão, convidando os consumidores a
acessarem o site e conferir a nova campanha do achocolado.
(http://www.ecommerce.tv.br/criticas-no-orkut-mudam-planos-para-nescau/ - acesso em 12/
10/2009).
33. A publicidade na Web 2.0 31
Além da utilização dos espaços de mídias sociais por anunciantes, as próprias agências de
publicidade têm desenvolvido blogs e outras ferramentas para se comunicar com seus clientes,
divulgar cursos ou notícias sobre a área, mas principalmente para apresentar as campanhas
que desenvolve, ou seja, os espaços, geralmente blogs, funcionam como um cartão de visita
das empresas, um portfólio comentado. Em Belo Horizonte algumas agências como Tom
Comunicação, RC Comunicação, Solution, Lápis Raro, Domínio Público, e outros, já o
fazem.
34. Metodologia 32
METODOLOGIA
Este capítulo explana a metodologia que será empregada no desenvolvimento da pesquisa a
ser realizada junto a profissionais de seis agências de Belo Horizonte, durante o período de
setembro, outubro e novembro de 2009.
Foi escolhida a entrevista individual, realizada por até dois integrantes do grupo, pelo motivo
de que o grupo teria um maior controle sobre a qualidade do material, visto que o entrevistado
era incentivado a responder as questões sob o modelo de uma conversa informal. Também foi
decidido pelo grupo não usar, em campo, material de gravação, baseado na hipótese que o
entrevistado ficaria inibido e se restringiria, causando detrimento da coleta de dados. A
entrevista será orientada por um questionário que servirá de roteiro para a realização das
pesquisas. Durante a produção das perguntas, a maior preocupação foi com a imparcialidade
dos entrevistadores em relação aos entrevistados, já que as perguntas não deveriam induzir a
resposta do entrevistado. As questões eram de cunho opinativo, pois a ideia do grupo é saber
o hábito de consumo dessas redes, tanto num aspecto profissional, quanto pessoal. O
questionário traz questões tanto sobre internet, como uma introdução, evoluindo o tema até
chegar nas mídias sociais. O questionário está disponível para consulta no CD-ROM anexo à
monografia.
A disposição das perguntas do roteiro ganhou a seguinte ordem:
1 – Como a tecnologia da informação influencia/influenciou na comunicação?
2 - Como você vê a internet na publicidade (como ferramenta)?
3 – Partindo do pressuposto de que a internet aproximou cada vez mais as pessoas, como você
acha que a comunicação pode utilizar essa ferramenta para atingir as pessoas?
4 – E as mídias sociais? Você acredita que elas também seguirão o mesmo rumo da internet?
5 – O que a agência faz para que essas novas tecnologias sejam inseridas nas suas propostas
de comunicação?
6 – Você, particularmente, utiliza algum tipo de mídias social, para uso pessoal? E para uso
profissional?
A) Nos seus planejamentos você propõe esse tipo de ferramenta?
B) Nas suas criações existem ferramentas como essa inseridas?
35. Metodologia 33
7 – O que você acha que falta para que essas novas ferramentas sejam vistas como úteis para
os clientes (empresas)?
8 – E esses clientes (empresas), há resistência por parte deles quanto a esses tipos de ação?
9 –(caso já tenha proposto algo) Vocês levam algum material para explicar como funcionam
essas ferramentas para os clientes?
10 – E por parte das agências, existe alguma resistência quanto a esse tipo de ação?
Todas as perguntas do questionário não têm caráter estatístico, buscando unicamente a
opinião do entrevistado. As questões serão aplicadas primeiramente com profissionais de
quatro agências (Fábrica, Filadélfia, RC Comunicação e Sigla) escolhidas pelo grupo por
serem madrinhas do curso de publicidade e propaganda do Centro Universitário UNA,
acreditando que a acessibilidade será mais fácil por existir um diálogo entre agência-
faculdade. Outras agências bem pequenas, que também têm relações com a faculdade não
foram escolhidas, e por elas não estarem estruturadas como as de médio e grande porte.
Também foram escolhidas outras duas agências sem apadrinhamento com a UNA, sendo elas
de grande porte, comparado ao mercado mineiro e com setor web desenvolvido. Trata-se das
agências Lápis Raro e Solution, ambas indicadas por pessoas do grupo que conhecem a
estrutura interna destas empresas. Além de serem mais bem estruturadas, essas agências
contam com um grupo de pessoas especializadas na área web que ajudaria a ampliar os rumos
da pesquisa e abrangeria o panorama do mercado mineiro. Por fim, o item mais decisivo para
a realização das entrevistas em todas as agências foi a disponibilidade dos entrevistados, pelo
fato de haver uma data pré-estabelecida para a entrega do material coletado. Todo o material
levantado nas agências tradicionais acontecerão durante todo o mês de Setembro do ano de
2009, enquanto nas agências com setor web será aplicado os questionários nos meses de
outubro e novembro do mesmo ano. Todas as pesquisas se encontram no CD anexo a
monografia.
Outro critério usado que delimitará a pesquisa é a escolha de profissionais gestores das áreas
de Planejamento, Mídia, Criação e Web (quando disponível este cargo). A escolha desses
perfis foi determinada por serem freqüentemente, dentro das agências, os responsáveis pelo
desenvolvimento, criação e escolha das mídias a serem usadas em uma campanha publicitária.
Porém, somente em uma agência viu-se a necessidade de entrevistar um profissional não
gestor da área, já que a função desempenhada por ele traria uma visão mais específica e
qualificada sobre as redes sociais.
36. Metodologia 34
Na análise dos dados, serão cruzados os dados oriundos das entrevistas qualitativas com
informações secundarias retiradas do material bibliográfico usado nos capítulos 1 e 2 (livros,
artigos, entrevistas secundárias, dados de pesquisas quantitativas e sites). Com a escolha
deste formato, o grupo acredita fazer uma análise profunda e de qualidade sobre os dados
coletados.
O meio a ser usado para tabulação dos resultados será o Excel, já que por experiências previas
do grupo tabulação, sabia-se que a ferramenta mais barata e eficiente seria esta. Para a
organização das perguntas no arquivo da tabulação, foi dividido cada pergunta em uma aba do
arquivo, onde todas as respostas colhidas foram reunidas junto à pergunta correspondente. No
CD anexo encontra-se também a tabulação dos materiais colhidos nas agências, tanto nas
tradicionais quanto nas com setor web estruturado.
Por fim, foi decidido não citar o nome das agências e dos profissionais na análise da entrevista
por pedidos de alguns profissionais que não queriam ser identificados. Para preencher o
espaço dos nomes será utilizado nomes fictícios generalizados como Entrevistado 1, Agência
1 e cargo, pois assim acredita-se que todos os indivíduos possam permanecer anônimos.
No próximo capítulo será discorrido a analise produzida pelo grupo baseado nas entrevistas
coletadas.
37. O ponto de vista dos profissionais mineiros 35
O PONTO DE VISTA DOS PROFISSIONAIS MINEIROS
O capítulo de análise das pesquisas aplicadas nas agências de publicidade será dividido em
três micro capítulos. No primeiro micro capítulo, serão abordados assuntos como o avanço
das tecnologias de informação, a internet e sua importância na publicidade, e as novas
abordagens que esses avanços possibilitaram para a comunicação das empresas com os seus
públicos-alvo.
No segundo, partiremos para assuntos mais ligados à chegada das mídias sociais na
publicidade. A importância que as agências têm dado para essas ferramentas, os tipos de usos
que são feitos, e como estão se incorporando as propostas de comunicação atual das empresas.
Já no terceiro, faremos um cruzamento sobre tudo que foi abordado nos dois primeiros micro
capítulos, e faremos um link com assuntos que se referem ao que as agências tem feito para
que essas novas tecnologias sejam inseridas na comunicação de seus clientes, e
principalmente, sobre os medos e receios tanto dos clientes, como das próprias agências
quanto a essa novas tecnologias da informação.
A tecnologia da informação e a internet como ferramentas na publicidade mineira.
A tecnologia da informação veio para o mercado com o propósito de facilitar e agilizar o
processo de comunicação entre as pessoas e empresas. Dentre os entrevistados, a opinião não
foge muito uma da outra, mas se vê que cada um dá uma importância diferente e especial a
mais sobre ela na publicidade.
Um dos entrevistados disse que esse avanço tecnológico foi um verdadeiro marco para a
publicidade. Antes dele, a possibilidade de se atingir públicos diferenciados com a mesma
linguagem, ou o mesmo canal de comunicação era menor, e dificultado pela falta de acesso as
opiniões do público a quem a comunicação se referia. Como o próprio entrevistado disse:
A entrada da TI na comunicação pode ser vista quase como um divisor de águas, tanto
no processo do trabalho quanto nas possibilidades que ela nos permite ao trabalhar a
comunicação. (Entrevistado 2, Agência 2, Resposta da questão 1, Profissional de
Atendimento e Produção)
38. O ponto de vista dos profissionais mineiros 36
Além disso, os profissionais entrevistados, em sua maioria, disseram sobre como esse avanço
tecnológico proporcionou a troca de informação mais rápida, precisa, renovada e segura. Para
muitos, a tecnologia da informação foi decisiva na maneira como as empresas passaram a se
comunicar com seus clientes. A partir desses avanços, elas passaram a ser alvos mais diretos
de seus consumidores.
Com a tecnologia, vieram novas ferramentas que possibilitaram às pessoas o direito de dar a
opinião livremente, seja criticando as organizações e seus produtos, ou elogiando-as. Ou seja,
elas passaram a ser vistas de maneira diferenciada pelas empresas, e essa mudança de visão
levou a comunicação a criar novas maneiras de se trabalhar de forma a utilizar melhor esses
avanços para entender os públicos com quem se fala efetivamente.
Com o aumento do acesso à informação, empresas que dominavam o mercado também
passaram a se ver intimidadas por outras que antes não tinham tanta visibilidade. A facilidade
de se obter informações, e mais rápido, fizeram com que as organizações que demoraram a
entender a importância desses avanços perdessem mercado para outras que rapidamente viram
nessas novas possibilidades a chance de crescer. Ou seja, esses avanços deram poder de
concorrência para aquelas que nunca tiveram a chance de alcançar o mercado de maneira
forte, devido ao domínio de algumas que já existiam. Como a própria fala abaixo:
Na verdade é um processo. A maneira como a tecnologia avançou foi decisivo, e
avançou muito. A informação é mais rápida, precisa, renovada e mais segura. Como
exemplos posso falar do IBOPE que não é hoje a única ferramenta de pesquisa.
(Entrevistado 2, Agência 1, Resposta da questão 1, Profissional de Planejamento)
Algo que todos disseram é que esses avanços não foram apenas importantes para a rapidez da
informação, acessibilidade e geração de conteúdo pelas pessoas, mas para que a tecnologia da
informação proporcionasse um avanço dentro das próprias agências.
Segundo os próprios entrevistados, softwares foram criados para ajudar na organização do
processo de comunicação dentro das agências. Agora, um funcionário, através de um
programa, consegue rastrear tudo que acontece com certa demanda que foi inserida na
produção.
Ajuda a garimpar informações, aumenta a acessibilidade á diversos conteúdos, além
de proporcionar maior organização interno e externo às agências, como acontece com
sistemas como o PubliManager - contribui para o mapeamento das informações de
mídia, pesquisas de mercado, e outros. A tecnologia da informação é um facilitador.
(Entrevistado 2, Agência 3, Resposta da questão 1, Profissional de Criação)
39. O ponto de vista dos profissionais mineiros 37
E mais, com o acesso irrestrito a informações as mais diversas possíveis, os profissionais
deixaram de depender única e exclusivamente de empresas que detinham informações sobre
conteúdos direcionados a assuntos específicos. Todos passaram a conseguir através dessa
facilidade gerar e, principalmente, filtrar o conteúdo de maior interesse não só para a agência,
mas também para os clientes. Assim como disse o entrevistado abaixo:
Ajudou a filtrar e atingir mais facilmente os públicos desejados. (Entrevistado 1,
Agência 3, Resposta questão 1, Profissional de Planejamento e Mídia)
O avanço nas tecnologias da informação, portanto, proporcionou a criação de ferramentas que
hoje são de extrema importância para a publicidade, para os profissionais e também para as
próprias empresas.
A ferramenta mais importante que se desenvolveu neste período de grandes avanços foi a
internet que, hoje, como o próprio entrevistado diz, é fundamental para que um trabalho
dentro de uma agência seja desenvolvido de maneira eficiente, barata e, principalmente,
lucrativa para os clientes.
Através dela, como dissemos antes, os profissionais deixaram de depender de instituições que
mantinham o poder sobre a informação e passaram a buscar por eles próprios aquilo que
melhor satisfizesse os interesses de seus clientes para que as campanhas pudessem cumprir
com o que foi planejado dentro e fora da agência. Tornou-se uma ferramenta de pesquisa
fundamental para entender mais pontualmente os interesses de cada público em específico. A
partir daí, se desenvolveram trabalhos mais eficientes, que trazem os resultados esperados
para quem está investindo no negócio da comunicação. Na fala abaixo, isso fica claro:
Fundamental. Vou dar um exemplo. Nós atendemos a secretaria de turismo de Minas
Gerais e nas pesquisas descobrimos que 89% das pessoas que vão viajar, das classes A
e B vão primeiro a internet para pesquisar sobre destinos. Por isso propomos a este
cliente estratégias na internet, com banners, mídias sociais, etc. Mas temos que ter
cuidado para não achar que o mundo todo está inserido na internet. (Entrevistado 1,
Agência 1, Resposta da questão 2, Profissional de Mídia)
Ainda assim, o próprio entrevistado deixou bem claro que a internet realmente é muito
importante para a publicidade, mas que se deve tomar muito cuidado, pois como ele mesmo
diz, temos que levar em consideração que não é todo mundo que está inserido na iternet Ou
seja, quase sempre não é só a internet que vai fazer com que a campanha seja um sucesso,
40. O ponto de vista dos profissionais mineiros 38
mas sim um conjunto de ações, tanto online, quanto offline, cada uma com seus benefícios e
como apoio uma da outra.
Além disso, pelo mercado mineiro ser um mercado mais tradicional quanto a investimentos
em comunicação, é possível notar, nas falas de alguns entrevistados, a dificuldade que existe
de se mostrar o quão importante um apoio de campanha online é para que os resultados da
comunicação sejam eficientes.
Talvez por isso, como na fala abaixo, ainda há muito a ser explorado pela publicidade na
internet. Ações mais tradicionais talvez não tenham tanta eficácia quanto ações de marketing
viral online, que são ações que rapidamente são distribuídas e dissipadas na internet, de modo
que, em pouco tempo muitas pessoas já viram e comentaram sobre o assunto:
“Acredito que a Internet ainda não é tão explorada quanto poderia ser na publicidade.
Vejo muito mais retorno com a comunicação viral pela Internet ou pelas redes sociais
do que veiculação de banners ou pop-ups de sites. No entanto, pode-se ver que as
empresas já começaram a observar esta nova forma de explorar a Internet”.
(Entrevistado 2, Agência 2, Resposta da questão 2, Profissional de Atendimento e
Produção)
E são esses tipos de ações que, quando dão certo, vêm à tona nas mídias de massa. São ações
virais que aparecem nos jornais televisivos, nos jornais impressos, nos grandes portais de
notícias, ou seja, nos grandes canais de comunicação tradicionais. Quando uma ação assim é
bem sucedida, muitas vezes a empresa que a fez ganha mais publicidade ainda. Além da ação
em si, sua marca é divulgada e comentada em muitos outros meios de comunicação, sem que
ela gaste verba além do planejado inicialmente para a campanha.
É por causa de ações assim, que são estruturadas por campanhas online e offline, que, como o
próprio entrevistado disse, as empresas estão observando melhor os novos usos que a
publicidade pode fazer da internet. Já se vê um interesse maior em sair do “fazer um site”. Até
para as próprias agências, o site deve ser um apoio, uma referência para ações mais ousadas
dentro da internet, e até offline:
A internet é de grande auxílio para os comunicadores, pois, muitas vezes, facilita,
agiliza e abre o leque de opções para o trabalho desses profissionais. (Entrevistado 1,
Agência 2, Resposta questão 2, Profissional Coordenador de Projetos e Atendimento)
41. O ponto de vista dos profissionais mineiros 39
Por outro lado, dentre os nossos entrevistados, há quem diga que a internet é importante, mas
que falta uma padronização do material publicitário a ser distribuído nesses canais online de
comunicação. Ou seja, tudo é muito mutável, e isso, segundo nosso entrevistado, dificulta a
forma de abordagem dos públicos desejados:
A internet é bastante importante, porém, a falta de padrão de canais dificulta e faz com
que as ações de comunicação fiquem um pouco mais dissipadas, ao invés de densas
em seus públicos específicos. (Entrevistado 1, Agência 3, Resposta da questão 2,
Profissional de Planejamento)
Além disso, para ele, a internet acaba por tirar um efeito que muitas vezes em materiais
impressos seriam mais eficientes, o da mensagem direcionada. Na internet, devido à grande
variedade de assunto que estão inseridos na mesma ferramenta, tem como conseqüência a
perda desse direcionamento de mensagem.
A internet também, segundo alguns entrevistados, é capaz de fazer com que pessoas se
agrupem em sites por assuntos de interesse. E mais, os próprios profissionais de publicidade
podem participar desses grupos sem serem notados, o que facilita o entendimento de assuntos
e comportamentos de um público específico. Assim como o entrevistado abaixo diz, a internet
disponibiliza várias ferramentas para que as pessoas se agrupem, e esse profissional muitas
vezes acaba se inserindo nessas ferramentas, não por interesses pessoais, como as pessoas em
geral fazem, mais por interesses profissionais.
É uma ferramenta de trabalho, eu uso o Twitter para me agrupar a outros grupos de
planejamento do país, uso o Orkut para fazer casting. Na realidade mineira a pesquisa
é muito fraca o que faz com que a internet seja uma validade dos dados. As vezes aqui
na agência eu faço umas pesquisas com os funcionários e confirmo os dados na
internet, mas eu sei que na internet tem muita mentira. (Entrevistado 2, Agência 1,
Resposta da questão 2, Profissional de Planejamento)
Ou seja, a internet, assim como o entrevistado abaixo diz, passou a ser uma ferramenta de
pesquisa importante para a busca de dados que sejam mais informais que comprovem
informações que possam ser relevantes para o desenvolvimento de campanhas. Mas como o
entrevistado mesmo diz, é quase sempre necessário confirmar essas informações com outros
tipos de pesquisas, visto que na internet não se sabe de onde vieram essas informações e a
veracidade delas.
Com o problema de veracidade da informação, as pesquisas devem ser feitas em sites que são
confiáveis. Muitas vezes em portais onde o acesso é irrestrito e as pessoas apenas opinam
42. O ponto de vista dos profissionais mineiros 40
sobre assuntos em comum. Mesmo assim, os sites de relacionamento, onde as pessoas são as
geradoras de conteúdo, são muito importantes para que as empresas e agências tenham um
contato direto com os próprios consumidores.
Esses sites de relacionamento são os responsáveis pela criação de grupos de discussão sobre
assuntos em comum. Muitas vezes, estes criados para discutir marcas e produtos de empresas
que atuam no mercado. Isso faz da internet uma ferramenta mais verdadeira sobre assuntos
que interessam tanto as empresas, quanto as agências.
Além disso, as empresas passaram a ter a sua disposição novos canais de relacionamento com
os consumidores, o que as levam e ter um acesso a opinião de seus clientes. Assim, tiveram
que aprender a ouvi-los e principalmente, a ter uma obrigação de dar feedback aos seus
consumidores tendo em vista que eles se tornaram geradores de conteúdo:
Principalmente, com as redes sociais, essa aproximação é capaz de fazer com que as
empresas vejam aquilo que as pessoas pensam delas e se aproximem delas. Assim,
várias ferramentas podem der vriada para isso, como canais de SAC, de sugestões e
reclamações. E com isso, as empresas tiveram que aprender a ouvir e a responder seus
consumidores. (Entrevistado 1, Agência 5, Resposta questão 9, Profissional Diretor do
Núcleo de Web)
Ou seja, com os canais de relacionamento, as pesquisas na internet passaram a ser mais
interessantes, pois o acesso à opinião dos consumidores é capaz de fazer com que
comunicação da empresa seja adequada tanto em relação ao conteúdo de informação, quanto
em relação ao público-alvo da campanha. Com isso, as necessidades desse público são melhor
atendidas. Isso fica claro na fala do entrevistado:
A internet pode ser utilizada de várias maneiras, pois a partir do momento em que as
pessoas se organizam dentro dela ou por gostarem das mesmas coisas, ou por
participarem dos mesmos grupos sociais, podemos buscar informações, fazer
pesquisas na própria internet para saber como é mais fácil e eficaz atingir a esses
públicos. Além disso, se você passa a interagir com essas pessoas através da internet,
redes sociais, você entende melhor a linguagem que elas usam e passa a utilizar na
comunicação uma linguagem mais adequada e pertinente a esse público. (Entrevistado
1, Agência 4, Resposta da questão 3, Profissional de Mídia)
Um detalhe importante citado por um dos entrevistados foi como o papel do consumidor se
modificou para as empresas e para as agências com o surgimento da internet. Por passarem a
ser geradoras de conteúdo, as pessoas se tornaram mídias. A força da opinião das pessoas na
43. O ponto de vista dos profissionais mineiros 41
web ganhou grande importância, pelo fato de que cada um, com suas experiências negativas
em comum com uma mesma marca, por exemplo, conseguem gerar uma movimentação de
negativismo capaz de trazer danos para a imagem dessas empresas.
Essa capacidade de influenciar na construção, no desenvolvimento de uma marca, fez com
que as empresas e as agências começassem a observar e a investir mais nessa mídia. A
aproximação das pessoas que a internet proporcionou fez dela um canal imprescindível para
que uma comunicação pudesse abranger o maior número possível de pessoas e as que fossem
mais interessantes para as organizações. Assim como a fala abaixo mostra:
Mais que aproxima, ela torna o público em gerador de conteúdo. As pessoas são
mídias. Todos podem ser formadores de opinião. O Twitter pode destruir uma marca.
(Entrevistado 2, Agência 1, Resposta da questão 3, Profissional de Planejamento)
Em contrapartida, se por um lado a internet se tornou uma ferramenta de extrema importância
para pesquisas e como referência para a maioria das ações que são planejadas pelas agências,
por outro, como o próprio entrevistado diz abaixo, a publicidade se tornou, de certa forma,
escrava da internet. A partir do momento em que grande parte do que se é feito hoje tem como
base informações vindas da internet:
A publicidade é escrava da internet. É nela que se busca referência, mídia e troca
informação. (Entrevistado 3, Agência 1, Resposta da questão 2, Profissional de
Criação)
Sendo assim, as estratégias de abordagem e de comunicação nessa ferramenta devem ser
muito bem analisadas e planejadas, para que se possa utilizar de forma eficiente tudo aquilo
que ela disponibiliza para as agências e seus clientes. Por isso o acompanhamento sobre as
informações que essas ferramentas disponibilizam devem ser feitas de perto. De maneira que
a busca e o uso dessas informações sejam eficientes e corretos para a comunicação dos
clientes.
As estratégias devem ser as mesmas de aproximação, por meio de sites de
relacionamento, virais, entre outros. A Internet deve deixar de ser vista como um meio
frio pelas empresas, trazendo-a para o dia-a-dia de seus clientes e empregados.
(Entrevistado 2, Agência 2, Resposta da questão 3, Profissional de Atendimento e
Produção)
Como o entrevistado acima revela, as ações na internet devem ser feitas de maneira a se
aproximar as empresas dos clientes que geram conteúdo. Fazer com que a internet seja vista
como uma mídia de relacionamento direto com os clientes, de forma que ela deixe de ser uma
44. O ponto de vista dos profissionais mineiros 42
ferramenta fria, onde as pessoas deixem de ser apenas receptoras de mensagem e passem a
produzir e criar conteúdos direto para as empresas.
E é no segundo micro capítulo que falaremos sobre como a chegada das mídias sociais foi
importante para que a internet deixasse de ser vista como uma ferramenta fria.
A chegada das redes sociais e seus usos na publicidade mineira
Como vimos no tópico anterior, a internet é percebida como revolucionária para a mudança de
abordagem da comunicação das empresas. E foram essas mudanças e os avanços tecnológicos
dentro da própria ferramenta que proporcionaram às agências a abertura de um leque de novas
possibilidades de se chegar ao público desejado pelas organizações.
E algumas dessas novas ferramentas, que como vimos anteriormente estão inseridas na
internet, acabaram virando moda no mercado publicitário, que são as redes sociais.
Porém, mesmo estando na moda, as redes sociais ainda são um fenômeno recente para a
realidade da comunicação brasileira. Seria um abuso compará-la com o fenômeno que foi e é
a internet até hoje. Porém, para a publicidade, que se apropria rapidamente de novas
ferramentas logo que aparecem, essa é uma novidade que já deve ser explorada o mais
rapidamente possível. Não tão cedo foi inserida no Brasil, as redes sociais já se tornaram
mídias sociais, as quais foram apropriadas para veicular campanhas publicitárias, o que a leva
a ser um foco de discussão no meio publicitário. Confirme nas falas abaixo:
As mídias sociais estão em alta agora. Mas acho que ainda é cedo para dizer se elas
conseguirão atingir o mesmo poderio da internet. (Entrevistado 1, Agência 2, Resposta
questão 4, Profissional Coordenador de Projetos e Atendimento)
Na fala do entrevistado abaixo pode se notar ainda certo receio quando a essas novas mídias:
Acho que toda agência e empresa devem estar atentos e monitorar essas redes sociais
com muito cuidado. (Entrevistado 1, Agência 1, Resposta questão 4, Profissional de
Mídia)
E, segundo um de nossos entrevistados, são essas mídias sociais que irão sustentar a evolução
da internet ainda mais no mercado publicitário. Ou seja, elas são uma evolução da ferramenta