O documento discute avaliação e tratamento de lesões por pressão, incluindo classificação de estágios, tipos de tecido, sinais de infecção e opções de antibioticoterapia.
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
Tc lesaopressao
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Faculdade de Medicina – Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
2.
3. TELECONDUTAS - LESÃO POR PRESSÃO
TeleCondutas são materiais de apoio de fácil utilização, passíveis de serem consultados durante o
atendimento. Para buscar auxílio sobre dúvidas não contempladas nesses materiais, Médicos e
enfermeiros da Atenção Primária à Saúde (postos e unidades básicas de saúde) de todo o Brasil podem
utilizar o canal 0800 644 6543, gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 08:00h às 17:30 min.
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Sumário
Etiologia
Classificação
Características da lesão conforme Estágio
Tipos de Tecido
Avaliação e tratamento da infecção
Check-list
Cuidados com a ferida
Escolha da cobertura
Irrigação da Lesão
Desbridamento
Controle do Odor
Medidas Preventivas
Introdução
A Lesão por Pressão (LP) é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles
subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea, relacionada ao uso de
dispositivo médico ou a outro artefato. É um problema de saúde frequente no
atendimento da Atenção Primária à Saúde (APS), especialmente identificado em visitas
domiciliares na avaliação de pacientes acamados, podendo levar a repercussões graves
como infecção bacteriana disseminada e osteomielite.
Sinônimos: lesão induzida por pressão. Anteriormente, denominadas “escaras”, “úlceras de
decúbito” ou “úlceras por pressão”.
Etiologia da lesão por pressão
A pressão sobre a pele e tecidos subcutâneos é o fator preponderante.
Entretanto, outros fatores, como o cisalhamento (combinação de peso e fricção), e
inúmeros fatores intrínsecos podem estar associados ao desenvolvimento de LP.
Figura 1 - Fatores extrínsecos e intrínsecos no desenvolvimento da lesão por pressão
Assume-se o termo “lesão por pressão”, pois menores graus de danos à pele devido à pressão
podem não estar associados à ulceração cutânea.
Fonte: Adaptado de BLACK, J. et al. (2016).
4. Classificação das lesões por pressão
Existem vários sistemas de classificação das lesões por pressão. Elas são categorizadas
para indicar a extensão do dano tissular. O sistema mais utilizado é o National Pressure Ulcer
Advisory Panel (NPUAP) e inclui as definições dispostas no Quadro 1.
Quadro 1 - Classificação das lesões por pressão segundo NPUAP
Lesão por pressão Definição
Estágio 1 Pele íntegra com eritema que não embranquece.
Estágio 2 Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme.
Estágio 3 Perda da pele em sua espessura total.
Estágio 4 Perda da pele em sua espessura total e perda tissular.
Não Classificável Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível.
Tissular Profunda Coloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não
embranquece.
Definições adicionais
Relacionadas a dispositivos
médicos
Resulta do uso de dispositivos criados e aplicados para fins diagnósticos
e terapêuticos. A lesão por pressão resultante geralmente apresenta o
padrão ou forma do dispositivo. Essa lesão deve ser categorizada usando
o sistema de classificação de lesões por pressão.
Em membranas mucosas Encontrada quando há histórico de uso de dispositivos médicos no local
do dano. Devido à anatomia do tecido, essas lesões não podem ser
categorizadas.
Relacionadas a utensílios
domésticos
Resulta do contato prolongado com utensílios usualmente encontrados
no domicílio de pacientes cadeirantes ou restritos ao leito.
Fonte: Adaptado de NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL (2016).
Principais pontos para desenvolver lesões por pressão
Figura 2 - Principais pontos para desenvolver lesões por pressão.
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2017).
5. Avaliação da Lesão por Pressão
Na avaliação de pacientes com LP é importante determinar as características da ferida, o tipo
de tecido presente e se existe infecção secundária. Essas medidas permitem estabelecer um plano
de cuidado apropriado.
Características dos estágios das lesões por pressão
A identificação apropriada do estágio da LP é importante para fornecer medidas preventivas e
tratamento adequado conforme o tipo de lesão.
Quadro 2 – Características da lesão por pressão
Estágio da LP Definição Cuidados
Estágio 1:
Pele íntegra com eritema
que não embranquece
Pele intacta com área
localizada de eritema que
não embranquece, que
pode aparecer de forma
diferente em pele
pigmentada.
O desenvolvimento de uma lesão
de estágio 1 deve ser tomado
como uma indicação de que o
paciente está em alto risco de
desenvolvimento de úlceras e
medidas preventivas devem ser
tomadas.
Atenção: alterações da pele na
coloração roxa ou marrom,
podem indicar lesão de pressão
de tecido profundo.
Estágio 2:
Perda parcial da
espessura da pele com
exposição da derme
O leito da ferida é viável,
rosa ou vermelho, úmido e
também pode apresentar-
se como flictena (bolha)
com exsudato seroso
intacto ou rompido.
Atenção: não há presença de
tecido de granulação, esfacelo
e/ou escara
Estágio 3:
Perda total da espessura
da pele
Caracterizado por perda de
pele em toda a espessura, o
tecido de granulação e
frequentemente há bordas
“descoladas” presentes.
Variando de profundidade
conforme a região
anatômica.
Pode haver presença
parcial de esfacelo (necrose
de liquefação) e/ou escara
(necrose de coagulação),
bem como tunelização.
Atenção: fáscia, músculo,
tendões, ligamentos, cartilagem
e/ou osso não estão expostos
6. Estágio 4:
Perda total da espessura
da pele e perda tissular
Exposição ou palpação
direta de tecidos como
fáscia, músculo, tendão,
ligamento, cartilagem ou
osso na úlcera. Com
frequência ocorrem bordas
despregadas,
descolamentos e/ou
tunelizações.
Todos os tipos de tecidos
(granulação, esfacelo e/ou
escara) podem estar
presentes nesse estágio.
Atenção: as úlceras que se
estendem para estruturas de
suporte, incluindo fáscia, tendão
ou cápsula articular, podem estar
associadas à osteomielite
Não classificável: perda
total da espessura da
pele e perda tissular não
visível
A extensão do dano
tecidual no interior da
úlcera não pode ser
confirmada porque está
coberto por esfacelo ou
escara.
Quando o esfacelo ou
escara for removido, a LP
poderá ser classificada
como estágio 3 ou 4.
Atenção: Não se deve remover
escara estável (seca, aderente,
intacta, sem eritema ou
flutuação) que estiver sobre um
membro isquêmico ou no
calcanhar.
Tissular profunda:
coloração vermelho
escura, marrom ou
púrpura, persistente e
não branqueável
Área localizada da pele com
coloração vermelha,
marrom ou púrpura
persistente, com aspecto
de hematoma, ferida
escura ou bolha cheia de
sangue.
A ferida pode evoluir,
rapidamente, para revelar a
extensão real da lesão tecidual,
ou pode resolver sem perda de
tecido.
Atenção: Pode ser difícil de
detectar em indivíduos com pele
escura.
Fonte: Adaptado de NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL (2016).
Tipos de Tecido
Os tipos de tecido podem ser classificados da seguinte maneira:
Quadro 3 – Características dos tecidos:
Tipo de tecido Características Figura ilustrativa
Granulação Tecido viável de coloração avermelhada ou rósea, composto
por vasos e fibroblastos. Comumente brilhante.
7. Necrose de
Liquefação
(esfacelo)
Tecido de coloração amarela ou branca, consistência macia
e delgada. Pode estar solto ou aderido ao leito da lesão.
Necrose de
Coagulação
(escara)
Tecido de cor cinza, preta ou marrom, com consistência dura
e seca. Pode estar solto ou aderido ao leito da lesão.
Exposição de
tendões e fáscia
muscular
Tendões e fáscia podem ser visualizados. Não utilizar
desbridantes enzimáticos nesses tecidos. Atentar para a
presença desses durante a realização de desbridamento
instrumental
Exposição óssea Estrutura óssea pode ser visualizada ou sentida com um
instrumento estéril de ponta romba. Quando houver
presença de sinais flogísticos, compartilhar avaliação com o
profissional médico, levantar hipótese de osteomielite
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2017); DERMQUEST.COM (2017); DERMIS (2017).
Avaliação de infecção e tratamento
Todas as feridas são colonizadas por microrganismos. No entanto, nem todas as feridas estão
infectadas.
A infecção pode se apresentar de maneira variável, geralmente com sinais locais de
comprometimento dos tecidos moles, como calor, eritema, edema, secreção purulenta e presença
de odor fétido.
Não há evidências científicas para apoiar a antibioticoterapia profilática em feridas crônicas não-
infectadas, tal medida também não tem evidência de melhorar a cicatrização de feridas.
8. As seguintes características aumentam a suspeição clínica de infecção secundária associada
à lesão de pressão:
tecido de granulação friável;
mau odor;
aumento da dor na úlcera;
aumento de drenagem da ferida e mudanças de suas características (reaparecimento
de sangue na drenagem, característica purulenta);
maior quantidade de tecido necrótico no leito da ferida;
aparecimento de bolsas ou necroses no leito da ferida;
ausência de sinais de cicatrização após 2 semanas de tratamento apropriado.
A gravidade da infecção pode ser avaliada conforme os seguintes critérios:
infecção leve: presença de duas ou mais manifestações de infecção, porém a área de
celulite/eritema ao redor da úlcera é menor ou igual a 2 cm e a infecção é limitada à
pele ou ao tecido subcutâneo. Não existem outras manifestações de complicação local
ou sintomas sistêmicos;
infecção moderada: infecção que apresenta ao menos uma das seguintes
características: celulite/eritema maior do que 2 cm, presença de linfangite,
acometimento de fascia superficial, abcesso em tecido profundo, envolvimento de
tendão e musculatura;
infecção grave: paciente com sintomas de toxidade sistêmica ou instabilidade
metabólica (como febre, calafrio, taquicardia, hipotensão, confusão, vômitos,
leucocitose, acidose, hiperglicemia grave).
A técnica de coleta do swab da ferida não está indicada para diagnóstico da infecção,
pois reflete a colonização superficial da lesão. Na suspeita de infecção, idealmente deve-se
realizar biópsia de tecido para orientar o tratamento conforme resultado da cultura. Na
indisponibilidade dessa avaliação, o tratamento empírico pode ser realizado baseado na gravidade
da infecção e perfil de resistência. Para a seleção de antibioticoterapia empírica deve-se lançar mão
de dados locais e, na falta dessas informações, o quadro 5 apresenta os esquemas terapêuticos
mais utilizados. Para o tratamento da infecção é necessário uso de antibioticoterapia sistêmica,
devendo-se evitar o uso de antibioticoterapia tópica nessas situações.
9. Quadro 4 – Antibioticoterapia para tratamento de infecção leve a moderada em lesões por
pressão
Gravidade da infecção Antibioticoterapia
Leve Lesão sem secreção purulenta (cobertura para Streptococcus e Staphylococcus aureus)
Utilização de um antibiótico via oral por 7 a 14 dias:
Cefalexina (500 mg) – 1 comprimido de 6 em 6 horas; ou
Amoxicilina + clavulanato (500/125 mg) – 1 comprimido de 8 em 8 horas; ou
Clindamicina (300 mg) – 1 comprimido de 8 em 8 horas.
Com secreção purulenta (cobertura para Streptococcus e Staphylococcus aureus
meticilina resistente)
Utilização de dois antibióticos via oral por 7 a 14 dias (um deles deve ser o
sulfametoxaxol+trimetoprima):
Sulfametoxazol + trimetoprima (400/80 mg) – 2 a 4 comprimidos de 12 em 12
horas;
MAIS
Cefalexina (500 mg) – 1 comprimido de 6 em 6 horas; ou
Clindamicina (300 mg) – 1 comprimido de 8 em 8 horas.
Moderada
Ou
Leve refratária ao
tratamento inicial
Cobertura ampliada (Streptococcus e Staphylococcus aureus meticilina resistente, gram
negativos aeróbios e anaeróbios)
Utilização de 2 antibiótico por 7 a 14 dias, conforme as duas opções propostas:
Sulfametoxazol + trimetoprima (400/80 mg) – 2 a 4 comprimidos de 12 em 12
horas; e
Amoxicilina + clavulanato (500/125 mg) – 1 comprimido de 8 em 8 horas.
OU
Clindamicina (300 mg) – 1 comprimido de 8 em 8 horas;
e
Ciprofloxacino (500 mg) – 1 comprimido de 12 em 12 horas.
Grave Antibioticoterapia parenteral. Sugere-se avaliação hospitalar inicialmente.
Osteomielite
Osteomielite é uma complicação frequente em LP infectada, devendo ser considera
principalmente em pacientes com falha de cicatrização em lesões por pressão adequadamente
tratadas, especialmente quando há exposição óssea ou articular. O diagnóstico é estabelecido por
cultura a partir de biópsia do tecido ósseo. Nesses casos, a cultura de material de biópsia orientará
a antibioticoterapia adequada, além disso é recomendado desbridamento cirúrgico do tecido
necrótico. Dessa forma está recomendado encaminhamento para diagnóstico emergencial (na
osteomielite aguda) ou ambulatorial com serviço de ortopedia (osteomielite crônica).
10. Check-list para avaliar as lesões por pressão
Segue uma proposta de itens a serem avaliados pelo profissional da saúde ao cuidar de lesões
por pressão.
Quadro 5 – Check-list para avaliação de feridas
1. Número e localização das lesões por pressão;
2. Tempo de evolução da lesão(ões) por pressão;
3. Etiologia da(s) lesão(ões);
4. Exposição a fatores de risco (comorbidades, estado nutricional, mobilidade, vulnerabilidade);
5. O que já foi utilizado no cuidado das lesões (coberturas, medicamentos);
6. Avaliar dor (considerar analgesia);
7. Identificar quais tipos de tecido estão presentes (granulação – vermelho, rosa; necrose de
liquefação/esfacelos – amarelo; necrose de coagulação/escara – cinza, marrom, preto);
8. Avaliar sinais de infecção (dor, calor, rubor, odor, secreção purulenta, sinais sistêmicos);
9. Como o curativo é realizado no momento (quais materiais/produtos são utilizados);
10. Proceder com a irrigação/limpeza da ferida;
11. Medir e anotar o tamanho da(s) lesão (ões): comprimento; largura e profundidade; presença de
tunelização;
12. Avaliar necessidade/possibilidade de desbridamento mecânico e/ou instrumental de tecido necrótico;
13. Repetir a irrigação/limpeza do leito da ferida;
14. Identificar, novamente, quais tecidos estão presentes após o desbridamento;
15. Identificar se a ferida é seca ou exsudativa;
16. Escolher cobertura adequada (ver figura 4 e quadro 6);
17. Combinar, com o paciente e/ou cuidador/familiar, frequência de troca do curativo e reavaliação na
unidade de saúde e/ou domicílio.
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2017).
Medida da lesão
Para medir a lesão deve-se utilizar régua limpa e descartável, medindo o maior comprimento
cefalocaudal e a maior largura perpendicular (90°) ao comprimento. Medir a profundidade com
instrumento estéril de ponta romba.
O registro fotográfico da lesão é útil para avaliar a evolução do processo de cicatrização da
ferida.
A seguir, apresentamos um modelo de régua para medir a lesão. Você pode baixar em tamanho
original no site do TeelssaúdeRS-UFRGS.
Figura 3 - Modelo de Régua para medir a lesão:
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2017).
11. Cuidados com a ferida
O cuidado da ferida é orientado pelo tipo de tecido presente, controle de odor e evidência de
infecção. Sumariamente a escolha da cobertura e dos cuidados podem ser orientados conforme a
figura a seguir:
Figura 4 – Avaliação para escolha da cobertura e cuidado com a ferida
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2017).
AVALIAR CRITERIOSAMENTE
- Odor e piora no seu padrão;
- Dor ou aumento da dor na lesão;
- Edema, eritema na região perilesional;
- Calor no tecido ao redor da lesão;
- Aumento da drenagem da ferida;
- Aspecto da drenagem da ferida (reaparecimento de sangue, drenagem
purulenta);
- Tecido necrótico no leito da ferida;
- Presença de febre
PRESENÇA DE INFECÇÃO? SIMNÃO
TIPO DE TECIDO
Avaliar cobertura e cuidado
apropriado conforme o tipo
de tecido
ALTERAÇÃO DE EXSUDATO
OU ODOR (PORÉM AINDA
SEM CARACTERÍSTICAS
CLARAS DE INFECÇÃO)
Investir na limpeza,
desbridamento da lesão e
cobertura apropriada
CELULITE, INFECÇÃO LEVE/
MODERADA/GRAVE
Uso de antibiótico sistêmico.
Avaliar limpeza, desbridamento
e cobertura apropriada
TECIDO DE GRANULAÇÃO
(VERMELHO)
NECROSE DE LIQUEFAÇÃO
(ESFACELO - AMARELO)
NECROSE DE COAGULAÇÃO
(ESCARA – CINZA/MARROM/PRETO)
EXSUDATO
NENHUM OU BAIXO MODERADO INTENSO
UMIDIFICANTES E
DESBRIDANTES
EQUILÍBRIO DA
UMIDADE:
UMIDIFICANTES,
ABSORVENTES E
DESBRIDANTES
CONTROLE DA
UMIDADE:
ABSORVENTES E
DESBRIDANTES
REMOVER TECIDO
DESVITALIZADO:
DESBRIDAMENTOS
- ENZIMÁTICO
- MECÂNICO
- INTRUMENTAL
12. Escolha da Cobertura
O curativo ideal é o que mantém um ambiente fisiologicamente saudável no leito da ferida e
auxilia na redução do período de cicatrização. Este ambiente compreende: prevenção e controle da
infecção, desbridamento dos tecidos inviáveis, controle do exsudato, controle do odor e proteção da
ferida. Feridas cavitárias necessitam de atenção especial. É essencial que se preencham os
espaços entre a cobertura primária e o curativo secundário. O material utilizado com maior
frequência é a gaze.
Quadro 6 – Principais tipos de cobertura e suas indicações
Categoria Coberturas Benefícios Indicações/uso
Precauções/contraind
icações
Frequência
de troca
Considerações
PROTETOR
Filme
transparente
ou
semipermeáv
eis
- Forma uma camada
protetora da pele;
- Age como barreira à
contaminação da ferida;
- É impermeável a água
e outros agentes;
- Adapta-se aos
contornos do corpo;
- Permite visualização
direta da ferida.
- Prevenção de LP;
- Proteção de pele íntegra
e escoriações.
- Pacientes com
sudorese aumentada;
- Feridas com muito
exsudato;
- Feridas infectadas;
- Em casos de
hipersensibilidade.
Trocar a cada
7 dias e ou
quando
necessário.
Reduz o atrito, porém a
pressão permanece a
mesma.
Quando paciente
acamado, mas com
mobilidade, essa
cobertura pode descolar
e se enrolar, causando
outras lesões.
PROTETORE
UMIDIFICANTE
Hidrocolóide
Apresentação
em placa,
pasta, fibra e
pó
Pode estar
associado à
prata
- Mantém o meio úmido;
- Promove
desbridamento
autolítico;
- Reduz o risco de
infecção, pois atua como
barreira térmica,
microbiana e mecânica;
- Reduz atrito e pressão.
- Prevenção ou tratamento
de LP não infectadas;
- Feridas abertas e planas
com pouca a moderada
exsudação;
- Feridas cirúrgicas limpas;
- Barreira protetora de
área perilesional e para
efluentes de estomas.
- Feridas muito
exsudativas;
- Feridas infectadas;
- Feridas cavitárias;
- Região sacra em caso
de incontinência fecal
e urinária;
- Indivíduos sensíveis
aos componentes do
produto.
Trocar no
máximo a
cada 7 dias,
sempre que
houver
saturação da
cobertura ou
o curativo
descolar.
Pode causar maceração
da área perilesional
devido à absorção não
acontecer de forma
vertical (a cobertura não
é absorvente). Fixar 1 a
2 cm da borda,
diminuindo assim a área
de extravasamento de
exsudato.
UMIDIFICANTE
Ácido Graxo
Essencial
(AGE)
Óleo vegetal
composto por
ácido
linoleico,
ácido
caprílico,
ácido cáprico,
vitamina A, E
e lecitina de
soja.
- Mantém o meio úmido;
- Promove angiogênese;
- Acelera o processo de
granulação tecidual;
- Forma película
protetora na pele;
- Auxilia o
desbridamento
autolitico;
- Pode ser usado em
qualquer fase de
cicatrização.
- Prevenção de LP;
- Feridas de todos os tipos
em processo de
cicatrização com ou sem
infecção.
- Pode ocorrer
hipersensibilidade.
Trocar no
máximo a
cada 24 horas
ou sempre
que o
curativo
secundário
estiver
saturado.
O uso prolongado pode
causar hipergranulação
da ferida.
Pode ser associado a
várias coberturas.
UMIDIFICANTE
Hidrogel
Pode estar
associado à
cálcio e sódio
- Mantém o meio úmido;
- Promove
desbridamento
autolítico.
- Feridas secas ou pouco
exsudativas;
- Tecidos desvitalizados em
feridas abertas;
- Áreas doadoras de pele;
- Queimaduras de 1º e 2º
graus;
- Desbridamento leve de
necrose de liquefação
(esfacelo) e de necrose de
coagulação (escara).
- Feridas com
exsudato em média ou
grande quantidade;
- Pele íntegra;
- Queimaduras de
terceiro grau;
- Sensibilidade aos
componentes do
produto.
Trocas em
até 48 horas.
Feridas
infectadas:
no máximo a
cada 24
horas;
O uso de gel para tratar
feridas com muito
exsudato macera as
bordas da lesão e a pele
adjacente.
13. Categoria
Coberturas Benefícios Indicações/uso
Precauções/contr
aindicações
Frequência de troca Considerações
ABSORVENTE
Alginato de
cálcio
Apresentação
em placa ou fita
Pode estar
associado ao
sódio e/ou à
prata
- Absorve grande
quantidade de
exsudato;
- Auxilia no
desbridamento
autolítico;
- Promove
hemostasia em
lesões sangrantes.
- Feridas exsudativas
moderadas a altas;
- Feridas com ou sem
sangramentos;
- Áreas doadoras de
enxerto;
- Feridas cavitárias
em geral;
- Desbridamento de
pequenas áreas de
necrose de liquefação
(esfacelo).
- Não utilizar em
feridas secas ou
com pouco
exsudato;
- Prevenção de
LP;
- Grandes
queimados.
Feridas infectadas: no máximo a
cada 24 horas.
Feridas Limpas com
sangramento: a cada 48 horas ou
quando saturado.
Em outras situações a frequência
das trocas deverá ser
estabelecida de acordo com a
avaliação do profissional que
acompanha o cuidado.
Considerar saturação do curativo
secundário e aderência da
cobertura no leito da ferida.
Havendo aumento do
intervalo de trocas, devido
à diminuição do exsudato,
deve-se suspender o uso
dessa cobertura para
evitar o ressecamento do
leito da ferida.
ABSORVENTE
Hidrofibra
carboximetilcelul
ose sódica
Apresentação
em placa ou fita
Pode estar
associado à
prata
- Mantém o meio
úmido;
- Favorece o
desbridamento
autolítico;
- Absorve grande
quantidade de
exsudato;
- Reduz a dor e o
trauma no
momento da troca.
- Feridas com
moderada a grande
quantidade de
exsudato;
- Feridas infectadas
ou com risco de
infecção;
- Úlceras vasculares,
diabéticas e LP.
- Queimaduras de
espessura parcial (2°
grau);
- Feridas secas;
- Sensibilidade
aos
componentes do
produto.
Feridas limpas: até 7 dias;
Feridas infectadas: no máximo 3
dias;
Com prata: remover somente por
vazamento, sangramento
excessivo, dor ou em no máximo
7 dias. Durante as primeiras 72
horas, o curativo com prata pode
ser removido se não demonstrar
aderência à lesão.
Manter borda de no
mínimo 1 cm em todos os
lados. Pode ser recortado.
Não deve ser associado
com produtos à base de
óleo.
ABSORVENTE
Hidropolímero
Apresentação
em lâmina ou
espuma de
preenchimento
- Mantém o meio
úmido;
- Favorece o
desbridamento
autolítico;
- Absorve grande
quantidade de
exsudato;
- Reduz o trauma
na troca do
curativo.
Lâmina
Feridas planas
Espumas de
preenchimento
Feridas cavitárias
- Feridas secas;
- Queimaduras
de 3º grau;
- Feridas com
necrose de
coagulação
(escara).
A frequência das trocas deverá
ser estabelecida de acordo com a
avaliação do profissional que
acompanha o cuidado.
Podem ter formulações
associadas com
antimicrobianos ou anti-
inflamatórios.
Podem ser ou não
recortáveis.
DESBRIDANTE
Papaína
8 a 10% para
escara; 6 a 4%
esfacelo; 2%
tecido de
granulação
- Promove
desbridamento
químico/enzimátic
o;
- Bactericida e
bacteriostático.
- Lesões com
presença de
granulação
(concentração 2%),
necrose de
liquefação/esfacelo
(4-6%) e necrose de
coagulação/escara (8-
10%);
- Feridas secas ou
exsudativas;
- Planas e/ou
cavitárias;
- Feridas infectadas.
- Sensibilidade
aos
componentes do
produto;
- Pacientes
alérgicos à látex
não devem
utilizar papaína.
A cada 24 horas, antes se o
curativo secundário estiver
saturado.
Os recipientes utilizados
para diluição e
armazenamento não
devem ser metálicos, pois
provocam oxidação e
inativação da enzima.
DESBRIDANTE
Colagenase
fibrase
- Mantém o meio
úmido;
- Promove o
desbridamento
enzimático suave e
não invasivo de
lesões.
Feridas com tecido
desvitalizado.
Pacientes
sensíveis às
enzimas da
fórmula.
A cada 24 horas.
Promove desbridamento
muito lento.
ANTIMICROBIANO
Carvão ativado
Pode estar
associado à
prata
- Absorve grande
quantidade de
exsudato;
- Controla o odor e
as células
bacterianas,
destruídas pela
ação da prata.
- Feridas infectadas
com ou sem odor;
- Feridas profundas
com exsudação
moderada à
abundante
- Feridas limpas;
- Queimaduras;
- Feridas pouco
exsudativas,
sangrantes ou
com necrose de
coagulação/esca
ra.
A saturação do tecido de carvão
ativado acontece, em média, em
3 a 4 dias, podendo ficar no leito
até 7 dias. Estabelecer
necessidade de troca do curativo
secundário conforme avaliação
do profissional que acompanha o
cuidado.
Havendo aumento do
intervalo de trocas, devido
à diminuição do exsudato,
deve-se suspender o uso
dessa cobertura para
evitar o ressecamento do
leito da ferida.
Existem hoje, no mercado,
curativos à base de carvão
ativado que podem ser
recortados de acordo com
o tamanho da lesão.
14. Categoria
Coberturas Benefícios Indicações/uso
Precauções/
contraindicações
Frequência de troca Considerações
NÃOADERENTE
Malha de
petrolato
- Mantém o meio
úmido;
- Não adere ao leito da
ferida;
- Promove o equilíbrio
da umidade da lesão,
pois permite que o
exsudato seja
absorvido pelo
curativo secundário,
Lesões
superficiais de
queimaduras,
úlceras, feridas
superficiais
limpas,
abrasões,
lacerações,
áreas doadoras
de enxerto.
Feridas
infectadas.
A frequência das trocas
deverá ser estabelecida de
acordo com a avaliação do
profissional que acompanha
o cuidado. A saturação do
curativo secundário e a
possível aderência da
cobertura no leito da ferida
devem ser levados em
consideração.
NÃOADERENTE
Tela de silicone
- Promove o equilíbrio
da umidade da lesão,
pois permite que o
exsudato seja
absorvido pelo
curativo secundário,
evitando a maceração
da pele;
- Minimiza o trauma e
dor durante as trocas
de curativos;
- Permite visualização
direta da ferida;
- Adapta-se aos
contornos do corpo.
- Tratamento de
feridas
exsudativas
planas;
- Áreas
doadoras e
receptoras de
enxerto
cutâneo;
- Epidermólise
bolhosa.
- Feridas
cavitárias.
A frequência das trocas
deverá ser estabelecida de
acordo com a avaliação do
profissional que acompanha
o cuidado. A saturação do
curativo secundário deve ser
um dos critérios para a troca.
A tela de silicone pode ser
lavada com soro fisiológico e
reaplicada na mesma lesão.
Levar em consideração as
orientações do fabricante.
Requer curativo
secundário.
*Para todas as coberturas listadas, deve-se levar em consideração as orientações de cada fabricante.
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2017).
Irrigação da Lesão
A irrigação auxilia na remoção de tecidos desvitalizados, reduzindo a carga bacteriana,
promovendo a limpeza e melhorando a visualização do leito da ferida. Não está indicado secar ou
esfregar o leito da lesão após a irrigação. Secar apenas a área perilesional. A irrigação deve ser
realizada em todas as trocas de curativos.
Técnica de irrigação
É realizada através de colocação de agulha 40x12 em frasco de solução fisiológica 0,9%. A pressão exercida
pelo jato da solução salina apoia na limpeza sem lesionar o leito da ferida. Indica-se o uso de solução
fisiológica, preferencialmente aquecida, para não resfriar o leito da ferida (vasoconstrição).
Caso sobre soro fisiológico do frasco utilizado para a limpeza da lesão, não reutilizar para reduzir a
contaminação cruzada.
15. O uso de soluções antissépticas na limpeza da ferida (por exemplo, clorexidina e peróxido
de hidrogênio) é uma recomendação em desuso devido ao seu potencial irritante e citotóxico,
atrasando o processo cicatricial. Atualmente, estão disponíveis no mercado, produtos antissépticos
desenvolvidos especificamente para o tratamento de feridas, porém são necessários mais estudos
para avaliar recomendações de uso e eficácia.
Desbridamento
É um componente padrão do tratamento da ferida quando há tecido desvitalizado. Deve ser
descontinuado uma vez que o tecido necrótico tenha sido removido e o tecido de granulação esteja
presente. Pode ser mecânico, autolítico, enzimático ou instrumental.
Desbridamento mecânico: consiste na aplicação de força mecânica sobre o tecido
desvitalizado a fim de facilitar a remoção, promovendo um meio ideal para a ação de coberturas
primárias. A irrigação com soro através de jato é o desbridamento mecânico mais indicado para LP.
Desbridamento autolítico: autólise é a degradação natural do tecido desvitalizado. A
utilização de coberturas primárias (que entram em contato direto com a ferida) que mantém úmido
o leito da ferida e permitem ação de enzimas proteolíticas, agindo sobre o tecido desvitalizado. Pode
ser associada com outras técnicas de desbridamento.
Desbridamento enzimático: consiste na aplicação tópica de enzimas desbridantes
diretamente no tecido desvitalizado. Bons resultados associados à técnica de Square.
Desbridamento instrumental: utilização de material cortante (pinça, bisturi ou tesoura). Pode
ser conservador, realizado por médico e enfermeiro em ambiente ambulatorial ou domiciliar; ou
cirúrgico, executado por médico cirurgião.
O encaminhamento para serviço de emergência está indicado em situações que exigem
remoção maciça de tecido desvitalizado, como em casos de processos infecciosos graves
(acometimento de tecidos profundos, osteomielite aguda ou sepse), que necessitem de anestesia.
Atenção: enfermeiros estão autorizados, segundo resolução COFEN nº 501/ 2015, a realizar
desbridamento instrumental conservador (usando pinça, tesoura e bisturi), desde que tenham
conhecimentos e habilidades para tal.
Técnicas comuns de desbridamento instrumental:
Square: utiliza-se lâmina de bisturi para a realização de pequenos quadrados (2 mm a 5 mm) no tecido
necrótico que poderão ser removidos. Também utilizada para facilitar a penetração de substância
desbridante no tecido necrótico.
Slice: utiliza-se lâmina de bisturi ou tesoura a fim de remover a necrose que se apresenta na ferida de
forma desorganizada.
16. Cuidados com a área perilesional/bordas
A área perilesional deve manter-se intacta e hidratada. A preservação dos bordos da ferida,
evitando a maceração, é importante dentro do processo cicatricial.
Controle do odor
A presença de odor em feridas crônicas não significa que a lesão está infectada. Tal
manifestação, na ausência de outros sintomas de infecção, podem estar associadas a colonização
microbiana.
O tratamento inicial do odor é realizado com a limpeza regular da ferida e remoção dos tecidos
desvitalizados. Tal medida costuma ser suficiente no controle do odor em Lesões por Pressão.
Em alguns casos selecionados, especialmente em feridas por tumor, o uso do metronidazol gel
0,8% tópico pode ser utilizado para o controle de odor fétido da úlcera por pressão. É importante
ressaltar que o uso de metronidazol tópico não visa à erradicação dos germes causadores do odor
ou tratamento de infecção secundária. O objetivo do uso da droga é controlar o odor, reduzindo
a sua intensidade ou até eliminando-o de forma temporária.
Monitoramento
Na fase inicial, é importante avaliar a lesão por pressão pelo menos uma vez por semana,
comparando a evolução com a lesão inicial, permitindo assim detectar complicações de maneira
precoce e ajustar o plano de cuidado conforme necessário. Recomenda-se um período de duas
semanas para observar os progressos de cicatrização.
Os sinais de piora, por exemplo, aumento da dimensão da ferida, mudança na qualidade do
tecido, aumento do exsudato ou sinais de infecção devem ser tratados assim que detectados.
A equipe pode utilizar ferramentas de monitoramento que facilita e torna eficaz a comunicação
entre os profissionais de saúde responsáveis pelo cuidado dos pacientes. A escolha da ferramenta
deve ser adequada às características do serviço e os profissionais treinados para o uso, garantindo
que a avaliação seja feita de forma consistente.
Medidas preventivas
A prevenção da lesão por pressão buscar reduzir a exposição aos fatores extrínsecos. É
necessário inspeção regular da pele, controle da umidade local e proteção das proeminências
ósseas. As medidas mais comumente utilizadas são: utilizar superfícies de apoio para redistribuição
da pressão; reposicionar o paciente com frequência; atentar para que o leito do paciente esteja
sempre limpo, com lençóis secos e esticados.
17. As medidas preventivas devem ser adotadas para todos os pacientes que apresentam
risco de desenvolver LP, mesmo naqueles que já estão com LP em qualquer estágio.
Redistribuição da pressão
O alívio da pressão é a principal estratégia para prevenção da LP, utilizando superfícies
estáticas (de baixa tecnologia) ou dinâmicas (de alta tecnologia).
Superfícies estáticas ou de baixa tecnologia:
a) Colchões ou colchonetes com espuma de alta densidade: costumam ser os mais utilizados.
Devem ser trocados quando houver deformações que limitem os movimentos ou dificultem a
mudança de decúbito do paciente.
b) Colchões piramidais (“caixa de ovo”). Trata-se de uma superfície de espuma de
aproximadamente 5 cm que é colocada sobre os colchões de espuma convencional. Devem ser
trocados sempre que o colchão perder densidade ou altura. Para não ter sua função anulada
ou reduzida, eles não devem ser forrados. Este tipo de colchão poderá ser insuficiente para
pacientes idosos ou com déficit neurológico aumentado.
c) Colchões ou colchonetes de gel: normalmente de silicone. Sua função é dispersar a pressão. A
troca está indicada conforme orientações do fabricante.
d) Colchões ou colchonetes de fluido (água) ou ar: distribuem o peso corporal igualmente.
Desvantagens: temperatura da água que pode se tornar desconfortável; requerem
preenchimento constante; risco de perfuração; dificultam a reanimação cardiorrespiratória e
reduzem qualquer mobilidade por medo de queda à movimentação.
e) Coxins: auxiliam no alívio da pressão em determinados pontos e podem ser utilizados no
reposicionamento do paciente no leito ou na cadeira. São utilizados para separar os joelhos,
elevar joelhos e calcanhares, posicionar ombros e braços. Os mais adequados são
confeccionados em espuma ou gel de silicone, pois tem menor risco de cisalhamento e fricção.
Está contraindicada a utilização de luvas preenchidas com água ou ar e boias de plástico pois
aumentam a área isquêmica.
Superfícies dinâmicas ou de alta tecnologia:
Quando o custo não é um fator limitante, as superfícies acionadas podem ser apropriadas para
pacientes com úlceras grandes ou múltiplas que impedem o posicionamento apropriado.
a) Colchão ou colchonete de ar alternado: possuem compressor que faz a alternância do ar nas
áreas de compressão. Fáceis de esvaziar em caso de parada cardiorrespiratória.
b) Leitos com ar fluidificado: reduz a interface de pressão para oclusão capilar e permite que o
corpo se adapte à superfície de contato. Mantém a constância do preenchimento, controla a
umidade e é de fácil limpeza.
c) Camas eletrônicas: auxiliam na mobilização do paciente, reduzindo o risco de fricção e
cisalhamento. Podem vir com colcha de ar alternado.
O papel dos cuidadores
Normalmente os pacientes com lesão por pressão estão com a mobilidade restrita e/ou
restritos ao leito, portanto o papel do cuidador é essencial na prevenção e no tratamento das
lesões por pressão.
Sempre que possível, realizar o curativo na presença do cuidador e, quando indicado, solicite
que o mesmo realize o curativo sob a supervisão do profissional envolvido no cuidado.
18. Reposicionamento do paciente
O reposicionamento não reduz a intensidade da pressão, mas reduz a duração desta em
determinada área. A frequência deve ser reajustada conforme as características da superfície de
apoio e complicações clínicas do paciente.
Não existe evidencia sobre o tempo de reposicionamento adequado, portanto sugerimos
que o reposicionamento seja realizado a cada 2 horas para pacientes com capacidade
circulatória normal.
Sempre que possível, evitar posicionar o indivíduo sobre proeminências ósseas que
apresentam eritema não branqueável. O eritema indica que o corpo ainda não recuperou da pressão
anterior e exige um intervalo de tempo maior entre pressões repetidas. Trocas de posição frequentes
são importantes, mas se não forem feitas da forma adequada também podem causar LP. Portanto,
a orientação deve ser no sentido de erguer o paciente para o reposicionamento e nunca arrastá-lo,
reduzindo assim o risco de cisalhamento.
19. Referências
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