Este documento discute as ideias centrais da filosofia transcendental de Immanuel Kant. Em três frases: (1) Kant argumenta que o conhecimento humano se baseia em formas a priori da sensibilidade e do intelecto que estruturam nossa percepção do mundo; (2) Nossa percepção se limita aos fenômenos e não pode conhecer as coisas em si mesmas; (3) A razão pura gera ideias metafísicas como alma, mundo e Deus, mas elas não podem ser objetos do conhe
2. Experiência e
pensamento
• Descreva esta pintura do artista norte-
americano Jackson Pollock
• Em um primeiro momento, não
identificamos nela nenhuma imagem
conhecida, só um conjunto de cores e
traços
• Porém, se soubéssemos que o artista
pintava em pé, com a tela estendida no
chão, a obra ganha algum sentido pois
podemos identificar os movimentos feitos
pelo artista, a forma como ele passou o
pincel por cima da tela.
Autumn Rhythm: Number 30 (1950) J. Polock
• Nosso conhecimento sobre essa pintura – e,
consequentemente, nossa capacidade de apreciá-la
repousa, portanto, sobre duas fontes:
• a experiência obtida quando lançamos um primeiro
olhar sobre a imagem
• e o que podemos formular em nosso pensamento
com base nessa visão.
3. O projeto crítico de Kant e a Revolução Copernicana
• Objetivo da filosofia de Kant: Investigar as possibilidades da Filosofia (Metafísica) ser
Científica.
• O que é ser científico? É trabalhar com proposições necessárias (não pode ser de outro modo) e
universais (é aplicável a todos os contextos) sobre a realidade
• Ex: aritimética 4+7=12
• Na natureza nada se cria ou se perde, tudo se transforma
• Revolução Copernicana: antes de pensarmos no objeto do conhecimento, pensemos no sujeito
que conhece
• GEOCENTRISMO (objeto no centro ) – HELIOCENTRISMO (a capacidade do homem conhecer)
4. Proposições kantianas
PROPOSIÇÕES EPISTEMOLÓGICAS
a Priori
• O conhecimento independe da
experiencia
a Posteriori
• O conhecimento depende da
experiencia
PROPOSIÇÕES Lógicas
Sintética
• Proposição do tipo A é B” e B é um atributo
não contido em A
• Ex: Celso é professor
Analítica
• Proposição do tipo A é B” e B é um atributo
contido em A
• Ex: Solteiros não são casados
5. Combinando as proposições
• AS PROPOSIÇÕES ANALITICAS A PRIORI
• São necessários e universais, porém não acrescentam informações sobre o descrito.
• não é necessário uma experiencia empírica para saber que “todo quadrado tem quatro lados”.
• Dizem respeito a linguagem a que pertencem e não necessariamente ao mundo que descrevem
• AS PROPOSIÇÕES SINTÉTICAS A POSTERIORI
• Celso é professor, é necessário conhecer o Celso para saber que ele é professor.
• Acrescentam informações sobre o que descrevem, porém dependem da experiencia .
• São universais apenas por hábito e não por necessidade. (Hume)
6. Proposições sintéticas a priori
• TODAS AS PROPOSIÇÕES ANALÍTICA SÃO A PRIORI – “onde quer que você esteja você estará
lá”
• NEM TODA PROPOSIÇÃO A PRIORI SÃO ANALÍTICAS
• PROPOSIÇÃO SINTETICA A PRIORI – “uma linha reta entre dois pontos é a distância mais curta
entre eles” (matemática-geometria)
• Ser mais curto está contido no conceito de retidão? Linha reta é curta?
• Não depende da experiência mas acrescenta informação
• Problema central da filosofia Kantiana: COMO É POSSÍVEL O JUIZO SINTÉTICO A PRIORI
• A filosofia, para ser científica e completa necessita de PROPOSIÇÕES A
PRIORI por que são universais e necessárias, porém devem ser
SINTÉTICAS, pois devem acrescentar alguma coisa ao conceito
7. O que é Transcendental?
• Em Kant, crítica não significa dizer algo negativo sobre a razão ou a ética, mas sim analisar as
condições de possibilidade do conhecimento.
• Em que condições podemos atingir um conhecimento verdadeiro? Em quais não podemos?
• Quais são os limites e as características do que o ser humano pode saber?
• Estruturas a priori do conhecimento humano (sensibilidade e intelecto)
• Não tenho acesso pela experiencia mas é condição de possibilidade da experiência humana.
• Condição de possibilidade de haver o conhecimento
Estética Transcendental
• Teoria da estrutura a priori do conhecimento sensível, das
condições de possibilidade do conhecimento sensível
• Sensação humana – percepção espaço-temporal
• Não podemos dizer que espaço e tempo são características da
realidade, podemos dizer que percebemos a realidade através do
espaço-tempo
8. O que é Transcendental?
Lógica Transcendental
• Teoria da estrutura a priori do intelecto, das condições de
possibilidade do conhecimento conceitual e divide-se em
analítica transcendental e dialética transcendental
• Analítica transcendental – pesquisa da
estrutura a priori e os princípios do
intelecto sem os quais nenhum objeto
pode ser pensado
• Dialética transcendental – para a preocupação
da razão pura, os problemas metafísicos nunca
teriam uma resposta que pudesse ser definitiva
e aceita por todos, como normalmente acontece
na ciência e suas leis.
10. A teoria do conhecimento: superar a dicotomia
entre racionalistas e empiristas
• Conhecimento é constituído de
algo que já existe no sujeito.
• O que já existe no sujeito é a
forma do conhecimento.
INFLUÊNCIA DOS RACIONALISTAS
• Conhecimento é constituído de
algo que vem de fora do sujeito.
• O que vem de fora do sujeito é a
matéria do conhecimento.
INFLUÊNCIA DOS
EMPIRISTAS
11. A estrutura da razão
• Para Kant, a razão possui três estruturas ou faculdades a priori
• 1. faculdade da sensibilidade, isto é, a estrutura ou forma da percepção sensível ou
sensorial;
• 2. faculdade do entendimento, isto é, do intelecto ou inteligência;
• 3. faculdade da razão propriamente dita, quando esta não se relaciona nem com os
conteúdos da sensibilidade, nem com os conteúdos do entendimento, mas apenas consigo
mesma.
• O modo como achamos que a coisas são, são objetos sentidos e pensados
• A razão é uma estrutura vazia, uma forma pura sem conteúdos. Essa estrutura (e não os
conteúdos) é que é universal, a mesma para todos os seres humanos, em todos os tempos e
lugares.
• Essa estrutura é inata, isto é, não é adquirida através da experiência. Por ser inata e não
depender da experiência para existir, a razão é, do ponto de vista do conhecimento, anterior à
experiência, ou seja, a estrutura da razão é a priori (vem antes da experiência e não depende
dela).
12. Conhecimento = matéria + forma
• Assim, a experiência fornece a matéria (os conteúdos) do conhecimento para a razão e esta,
por sua vez, fornece a forma (universal e necessária) do conhecimento.
• A matéria do conhecimento se dá a posteriori, ou seja, ela se origina da experiência
sensível.
• A forma do conhecimento é a priori, ou seja, ela é anterior à experiência, faz parte da
estrutura do sujeito.
• Qual o engano dos racionalistas? Supor que os conteúdos ou a matéria do conhecimento
são inatos. Não existem ideias inatas.
• Qual o engano dos empiristas? Supor que a estrutura da razão é adquirida por experiência
ou causada pela experiência.
• Na verdade, a experiência não é causa das ideias, mas é a ocasião para que
a razão, recebendo a matéria da experiência, formule as ideias.
13. Faculdade da sensibilidade
• As formas a priori da sensibilidade são o espaço e o
tempo.
• Para Kant, o espaço e o tempo não são realidades
externas, elas existem no sujeito, são as formas através
das quais é possível que o sujeito tenha percepções do
mundo externo.
• TUDO QUE PERCEBEMOS ATRAVÉS DOS NOSSOS
SENTIDOS SE DÁ EM UM DETERMINADO ESPAÇO E
AO LONGO DE UM DETERMINADO TEMPO. POR ISSO,
O O TEMPO E O ESPAÇO SÃO AS FORMAS A PRIORI
DE TODA PERCEPÇÃO SENSÍVEL.
• Nós nunca aprendemos o que é o tempo nem o espaço, pois eles fazem parte da forma como
a razão humana apreende o mundo exterior. É como se “tempo” e “espaço” constituíssem o
mundo que vemos, como se determinassem a forma como percebemos o mundo.
14. Faculdade do entendimento
• A faculdade do entendimento é aquela que irá organizar as percepções sensíveis dadas
pela faculdade da sensibilidade.
• Nessa organização, as percepções sensíveis são transformadas em conhecimentos ou
conceitos.
• As formas a priori do entendimento são as 12 categorias (conceitos indispensáveis a
operação do intelecto) divididas em 4 tipos: Sem eles não há como existir a experiencia
do conhecimento, são pressupostos do pensamento.
• De quantidade: unidade, pluralidade, totalidade
• De qualidade: realidade, negação, limitação
• De relação: substância e acidente; causa e efeito; reciprocidade
• De moralidade: possibilidade, existência, necessidade
15. O CONHECIMENTO
• Como vimos, para Kant só podemos conhecer os fenômenos (as coisas
conforme elas aparecem para o sujeito, dadas as devidas condições, e que
podemos conhecer), isto é, a matéria/mundo exterior a partir das formas a
priori relativas ao sujeito.
• Númeno – A coisa como ela é, a coisa em si, e não a coisa tal e qual a
estrutura a priori do conhecimento a percebe.
• Para Kant, o conhecimento é o resultado da interação entre a matéria
exterior e as formas a priori da sensibilidade e do entendimento.
17. • Embora, não possam ser conhecidas, as ideias metafísicas podem ser pensadas pela razão.
• Esses temas inevitáveis da razão pura ou da faculdade da razão são: Deus, liberdade e imortalidade.
• Para Kant, esses temas são derivados das 3 ideias básicas da faculdade da razão das quais todas as
outras ideias metafísicas derivam, são elas:
• A ideia da alma (que dá unidade absoluta ao sujeito pensante);
• A ideia de mundo (que dá unidade absoluta ao mundo externo, material);
• A ideia de Deus (que dá unidade absoluta a todos os objetos do pensamento)
• Deus, para Kant, não poderia ser objeto da razão humana. Caso se considere que Deus é um ser
eterno, por exemplo, ele não pode ser percebido em termos de tempo. Logo, não pode ser conhecido
devidamente pelo ser humano. Isso não significa, para Kant, uma prova de que Deus não existe. Na
verdade, Kant acreditava em Deus.
• O que ele estava afirmando é que Deus não pode ser objeto da razão do ponto de vista dos
limites encontrados por sua crítica.
A faculdade da razão - METAFÍSICA
18. Ideias da razão
• Conceitos puros da Razão
• Exigências estruturais da Razão
• Ideia psicológica
• Ideia cosmológica
• Ideia teológica
ALMA
DEUS
MUNDO OU UNIVERSO
19. A Ideia da Alma
• Principio incondicionado (absoluto) e transcendente
• Um sujeito absoluto que derivam todos os fenômenos psíquicos interno
• Para Kant, a alma é uma criação da razão pois não passou pelo processo de
conhecimento e não possui experiencia sensível.
• Portanto , alma não possui conteúdo. Pode ter forma e atender às categorias do
entendimento, mas não tem como ter certeza e portanto não pode ser
conhecida.
Eu penso Eu
existo
Parte transcendental da formação do conhecimento
MERAMENTE FORMAL
Intuição Intelectual (algo impossível pois intuir é
algo da esfera da sensibilidade)
PRETENSAMENTE SUBSTANCIAL
20. Ideia do mundo
• Totalidade ontológica vista em suas causas numênicas = Para além do que a cognição
humana pode perceber nos fenômenos
• Kant apresenta uma série de ANTINOMIAS DA RAZÃO - Quando tentamos conhecer as ideias da
razão, aplicando-lhes as formas do espaço e do tempo ou das categorias, chegamos a conclusões
contraditórias, igualmente pertinentes e, portanto, impossíveis de serem solucionadas.
• EXEMPLOS:
1- Tempo e espaço
• Tese: «O mundo tem um começo no tempo e é também limitado no espaço.»
• Antítese: «O mundo não tem nem começo nem limites no espaço, mas é infinito tanto no tempo como
no espaço.»
2- Substância
• Tese: Toda substancia composta que existe no mundo pode ser didivida até sua menos parte simples
• Antítese: toda substancia simples é composta de partes cada vez menores e e nada simples mas sim
múltiplas e infinitas
21. Ideia de Deus
• Prova ontológica- do puro conceito de Deus deduz-se sua existência (Anselmo)
• Prova cosmológica – da experiencia (o mundo é causa contingente e precisa de uma causa
necessária – que causa a si mesmo - para existir) infere-se Deus como causa (Aquino)
• Prova teleológica – da ordem, beleza e finalidade do mundo infere-se Deus , ser ultimo e
supremo, causa de toda a perfeição (Aristóteles/Aquino)
Contra prova Ontológica
• Existência não é predicado,
mas um verbo de ligação
• Deus não é um conceito
analítico, mas sintético
• Não é a priori
• Logo é sintético a posteriori
– não faz sentido porque
Deus não é empírico.
• Intuição Intelectual
Contra prova Cosmológica
• Se a contingencia do mundo
requer um ser necessário,
resta provar sua existência
real e não meramente por
exigência do pensamento do
ser necessário.
Contra prova Teleológica
• A prova teleológica salta para a
prova cosmológica que por sua
vez salta para a prova
ontológica.
• O conceito de Deus parece
que deve existir a partir do
pensamento, mas não
significa, necessariamente,
que este pensamento seja
uma verdade.
22. • Embora, não possam ser conhecidas, as ideias metafísicas são pensadas pela faculdade da
razão de modo a regular o agir moral.
• Isso significa que enquanto as faculdades da sensibilidade e do entendimento têm função de
conhecer o mundo material, externo, a faculdade da razão tem função prática, isto é, é
fundamental para que o homem aja moralmente
• Disso se segue, que para Kant só é possível conhecer a realidade que que se oferece a nós pela
experiência (o mundo dos fenômenos).
• Quanto à realidade que está além da experiência (o mundo do noumeno), não nos é possível
conhecer, posto que não é dada à nossa sensibilidade (isto é, nós não podemos percebê-la
através de nossos sentidos) nem ao nosso entendimento.
• Contudo, como este mundo dos noumeno é curiosamente afirmado pela razão sem base na
experiência ou no entendimento é inevitável que pensemos nele.
A faculdade da razão - ÉTICA
23. O CONHECIMENTO EM KANT
a razão sintetiza
os dados do
entendimento
obtendo as
ideias
transcendentais
: alma, Deus e
mundo
a sensibilidade intui o objeto
como fenômeno. Suas formas a
priori, são o espaço e o tempo
O entendimento pensa e
julga o objeto. Suas formas
a priori são as categorias
Sensibilidade + entendimento
Conhecimento do objeto como
fenômeno
IMPRESSÕES
SENSÍVEIS –
a matéria do
conhecimento