O texto descreve um naufrágio no Mediterrâneo que resulta da crise migratória na Europa e defende a necessidade de encontrar soluções humanas para o problema.
1. h
SIMULAÇÃO DE EXAME NACIONAL DE PORTUGUÊS 9º ANO
NOME DO (A) ALUNO (A)
INSTRUÇÕES
Duração da Prova: 90 minutos.Tolerância:30minutos.
Utilizaapenascanetaou esferográficade tintaazul oupreta.
Não é permitidaaconsultade dicionário.
Não é permitidoousode corretor. Devesriscaraquiloque pretendesque nãosejaclassificado.
Para cada resposta,identificaogrupoe o item.
Apresentaapenasumarespostaparacada item.
A provaou parte delapodemnão sercotadas se as respostasforemdadascom umacaligrafiailegível.
Cotações
GRUPO I GRUPO III
1.1……………4 pontos 1...............3 pontos
1.2……………4 pontos 2
1.3……………4 pontos 2.1…………..3 pontos
1.4……………3 pontos 2.2…………..3 pontos
2………………3 pontos 3
3………………2 pontos 3.1…………..3 pontos
Total - 20 pontos 3.2…………..3 pontos
GRUPO II 4……………..5 pontos
1………………5 pontos
2………………7 pontos Total – 20 pontos
3
3.1……………6 pontos Grupo IV
4. Total - 30 pontos
4.1……………12 pontos
Total - 30 pontos
2. GRUPO I
Lê o texto.
O naufrágio à nossa frente
É a imagem lancinante que documenta estes dias. É uma fotografia que nos confronta com o naufrágio.
Mostra-noso casco inclinadodabarcaçaque se virae vemosmuitasdezenasde figurasminúsculasque tentam algum
meioparasobreviver,ouatirando-seaomarouagarrando-se àmadeiradobarcoque talvezaindaflutuealgumtempo
mais.Sabemosque sãomulheres,homense criançasque tentamsalvar-senomarimenso.NoMediterrâneo,aquem
os antigos romanos chamavam mare nostrum. Podemos seguir como que anestesiados, sem reagir, perante a
perturbadora imagem de um naufrágio assim diariamente replicado?
É uma fotografiaque documentaaquedaa pique de tantas,não sabemosquantas,vidas.Muitasescapamao
naufrágio, outras sucumbem e ficam para sempre em lugaresde fossa comum, localizados de modo vago como “ao
largoda costa líbia”. A histórialembraomodocomoVirgílio,há20 séculos,descreveuonaufrágiodafrotatroianade
Eneiasperante afúriadesencadeadapelapoderosae vingativadeusaJuno.Nocasomostradonestaimagemde agora,
umbravogrupodaGuardaCosteiraitalianaconseguiuevitarahecatombe e salvaramaiorparte destasvidas.Também
há gente valente de Portugal nestasoperaçõesde socorro.Mas não chega,os naufrágiosfataissucedem-se,todosos
dias. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados reportou, a partir do testemunho de sobreviventes, cerca de
700 vidas perdidas só em três dos muitos naufrágios da última semana.
Sabe-se que há muitos milhares de africanos que, frustrados na terra onde nasceram, dispostos a arriscar,
estãonasmargensda costasul doMediterrâneonaesperançade embarcar.Tendemasermilhões.Muitosnemterão
a noção das escassasperspetivase dosperigos.Sãomigranteseconómicos,nãopreenchemascondiçõesparaserem
consideradosrefugiadose assimobteremacolhimento.Massão levadosa ousar a sorte e estãoà mercê da indústria
contemporânea do tráfico de seres humanos.
Nocomeçodooutono,aquelafotografiadopequenoAylan,vestidoe calçado, masinerte pelamortenabeira-
mar de uma praia na Turquia,conseguiuacenderaopiniãopúblicaeuropeiaparaa tragédiadosrefugiadose impôso
debate político.Houve entãomuitaspalavras,comoçãode circunstância,maspor pouco,demasiadopoucotempo.A
crise dos refugiados segue por tratar.
Agora, esta imagem da barcaça que se afunda volta a pôr diante dos nossos olhosum drama que resulta de
uma das questões essenciais do nosso tempo, a da emergência migratória: os milhões de pessoas que estão num
continente com 30 milhões de quilómetros-quadrados e que aspiram chegar à Europa. É preciso saber reagir e
encontrar soluções humanas. Quais? Não sei.
É uma tarefa para os políticos. Eles são eleitos com o encargo de encontrarem soluções para os problemas.
Sendo que, continuando a desviar o olhar, continuando alheios ao sofrimento dos outros, continuando sem saber
resolver com humanidade, continuando a silenciar este abandono, estamos todos a naufragar.
Santos, Francisco Sena, In SAPO 24, 31 maio 2016
1. Para responderesacada item(1.1. a 1.4.), selecionaaopção que permite obterumaafirmaçãoadequada ao
sentidodotexto.
Escreve o númerodoiteme a letraque identificaaopção escolhida.
1.1. No primeiroparágrafodescreve-se:
(A) um naufrágioemconcreto,no mar mediterrâneo,documentadoporimagens.
(B) umexemplode umdosmuitosnaufrágiosque envolvemrefugiadosnomarmediterrâneo.
(C) as razõespara a fugados refugiados.
(D) as consequênciasdafugados refugiados.
3. 1.2. Com a expressão“A histórialembraomodocomo Virgílio,há20 séculos,descreveuonaufrágiodafrotatroiana
de Eneias(…)”pretende-seestabelecer:
(A) uma alternativa.
(B) umagradação.
(C) um contraste.
(D) umacomparação.
1.3. Segundooautor a principal razãoque levaos migrantesadeixarosseuspaísesprende-se comrazões:
(A) humanitárias.
(B) económicas.
(C) culturais.
(D) relacionadascomascondiçõesde vidanospaíses de destino.
1.4. De acordo com o texto“(…) aquelafotografiadopequenoAylan,vestidoe calçado(…)”:
(A) teve impactona opiniãopúblicae resolveuacrise dosrefugiados.
(B) teve impactonosetorpoliticoe resolveuacrise dosrefugiados.
(C) teve impactona opiniãopública,masnãoresolveuacrise dosrefugiados
(D) teve impactonosetorpolitico,masnãoresolveuacrise dosrefugiados.
2. Selecionaaopção que corresponde àúnicaafirmação falsa.
Escreve o númerodoiteme a letraque identificaaopção escolhida.
(A) a soluçãopara o problema dosrefugiadoscabe aospolíticos.
(B) a soluçãopara o problemadosrefugiadosjáestáencontrada
(C) segundooautor todostemosum papel ativonasoluçãodo problema.
(D) a emergênciamigratóriaé umtemaiminentenanossasociedade.
3. Identificaoantecedente dopronome «que» em«que documenta»(linha1).
4. GRUPO II
TEXTO A
Lê o texto.
O comboio saiu do trepidante corredor de rochas vermelhas, penetrou nas plantações de bananeiras,
simétricase intermináveis,e oar tornou-se húmidoe nãose voltoua sentira brisa do mar.Uma fumaradasufocante
entroupelajaneladacarruagem. Viam-se carrosde boiscarregadosde cachos verdesnoestreitocaminhoparaleloà
via férrea. Do outro lado, em inesperados espaços não semeados, havia escritórios com ventiladores elétricos,
construçõesde tijolovermelhoe moradiascom cadeiras e mesinhas brancasem terraços situadasentre palmeirase
roseiras cobertas de poeira. Eram onze da manhã e o calor ainda não tinha começado.
– É melhor levantares o vidro – disse a mulher. – Vais ficar com o cabelo todo sujo de carvão.
A menina tentou fazê-lo, mas a janela estava emperrada devido à ferrugem.
Eram os únicospassageirosdamodestacarruagemde terceiraclasse.Comoo fumoda locomotiva continuou
a entrarpelajanela,ameninalevantou-sedobancoe colocouneleosúnicosobjetosque traziam:umsacode plástico
com algumas coisas para comer e um ramo de flores envolvido em papel de jornal. Sentou-se no banco fronteiro,
afastada da janela, em frente da mãe. Ambas guardavam um luto rigoroso e pobre.
A meninatinhadoze anos e viajavapelaprimeiravez.A mulherpareciavelhade maispara ser mãe dela,por
causa das veiasazuisdas pálpebras,e do corpo pequeno,franzinoe semformas, metidonumvestidotalhadocomo
uma sotaina. (...)
Procurandosempre a sombradas amendoeiras,amulhere a meninaentraramna povoaçãosem perturbara
sesta.Dirigiram-se diretamente àsede paroquial.A mulherbateulevemente coma unha na rede metálicada porta,
esperouummomento e tornoua bater.Lá dentro,zumbiauma ventoinhaelétrica.Nãose ouvirampassos.Ouviu-se
somente oranger de uma porta e a seguirumavoz cautelosa,muitopróximadarede metálica:«Quemé?» A mulher
tentou ver através da rede metálica.
– Preciso de falar com o padre.
– Agora está a dormir.
– É urgente – insistiu a mulher.
A voz dela tinha uma tenacidade tranquila. (...)
A portaentreabriu-sesemruídoe apareceuumamulhermadurae atarracada, de pele muitopálidae cabelos
cor de ferrugem. Os olhos pareciam demasiado pequenos por trás das grossas lentes dos óculos.
– Entrem – disse, e acabou de abrir a porta. (...)
– Que deseja? – perguntou.
– As chaves do cemitério – disse a mulher.
A meninaestavasentadacom as floresno colo e os pés cruzados debaixodobanco. O sacerdote olhoupara
ela, depois olhou para a mulher, e depois, através da rede metálica da janela, para o céu brilhante e sem nuvens.
– Com este calor – disse. – Era melhor esperarem que o sol baixasse.
A mulherabanouacabeçaemsilêncio.Osacerdote passouparaooutroladodabalaustrada,tiroudoarmário
um caderno forrado de oleado, uma caixa de madeira com canetas e um tinteiro, e sentou-se à mesa. O cabelo que
lhe faltava na cabeça sobrava-lhe nas mãos.
– Que sepultura vão visitar? – perguntou.
– A de Carlos Centeno – disse a mulher.
– De quem? – De Carlos Centeno – repetiu a mulher.
O padre continuou sem perceber.
– É o ladrão que mataram aqui, na semana passada – disse a mulher sem alterar a voz. – Sou a mãe dele.
MÁRQUEZ, Gabriel García, Contoscompletos.5.ª ed.,Lisboa: PublicaçõesD. Quixote,2011
5. 1. Divide o texto em duas partes e sintetiza o assunto de cada uma delas.
2. Caracteriza psicologicamente a mãe, referindo e justificando o modo de caracterização utilizado.
3. “O cabelo que lhe faltava na cabeça sobrava-lhe nas mãos.”
3.1 identifica o recurso estilístico presente na frase acima transcrita e comenta a sua expressividade.
4. Lê as estrofes21e 22 do CantoIX de Os Lusíadas,de Luís de Camões,abaixotranscritas.Se necessário, consultaas
notas:
Texto B
21
Isto bem revolvido, determina
De ter-lhe aparelhada (1), lá no meio
Das águas, algũa ínsula (2) divina,
Ornada d' esmaltado e verde arreio (3);
Que muitas tem no reino que confina
Da primeira co terreno seio (4),
Afora as que possui soberanas
Pera dentro das portas Herculanas (5).
22
Ali quer que as aquáticas donzelas (6)
Esperem os fortíssimos barões
(Todas as que têm título de belas,
Glória dos olhos, dor dos corações (7))
Com danças e coreias (8), porque nelas
Influïrá secretas afeições (9),
Pera com mais vontade trabalharem
De contentar a quem se afeiçoarem.
Notas:
1) Preparada
2) Ilha
3) Com vegetação bela e abundante.
4) Os mares que confinamcom a terra.
5) Estreito de Gibraltar
6) As Nereidas
7) Prazer para a vista,motivo de paixão para os corações
8) Bailados
9) Vénus que inspirarágrandes paixões no coração pelos portugueses no coração deninfas.
4.1. Escreve um textoexpositivo,comummínimode 70 e ummáximode 120 palavras,noqual expliciteso conteúdo
das estrofes21 e 22.
O teutextodeve incluirumaparte introdutória,umaparte de desenvolvimentoe umaparte de conclusão.
Organizaa informaçãoda formaque consideraresmaispertinente,tratandoos cincotópicosapresentados aseguir.
Se não mencionaresouse nãotratares corretamente osdois primeirostópicos,atuaresposta seráclassificadacom
zeropontos.
• Indicaçãodoepisódioaque pertencemasestrofes.
• Identificaçãodapersonagemreferidaatravésdaexpressão«fortíssimosbarões» (verso2,est.22).
6. • Indicaçãode uma das razõesda recompensadadaaosportugueses, combase noteuconhecimentodo episódioa
que pertencemestasestrofes e daglobalidade daobra.
• Justificaçãodaimportância deste episódio naglorificaçãodoherói de OsLusíadas.
• Inserção,justificando,deste episódionumdosplanosdaobra Os Lusíadas.
Observaçõesrelativas ao item4:
1. Paraefeitosde contagem,considera-seumapalavraqualquersequênciadelimitadaporespaçosembranco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma
única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2013/).
2. Relativamenteaodesviodoslimitesde extensãoindicados–ummínimode 70e ummáximode 120palavras
–, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (um ponto);
– um texto com extensão inferior a 23 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
Grupo III
1. Associacada elementodacoluna A ao único elementodacoluna B que lhe corresponde,de modo a identificares
a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada em cada frase.
2. Reescreve as frasesseguintes,substituindoos complementosindicadosnas alíneaspelasformas adequadasdos
pronomes pessoais. Procede às alterações necessárias.
2.1. Complemento direto
As pessoas seguiam com o olhar aquela mãe e a filha.
2.2. Complemento direto e complemento indireto
A mãe nunca disse ao padre que era mãe do ladrão?
3. Classificaas orações sublinhadasnas seguintesfrases:
3.1. Como o fumo da locomotiva continuou a entrar pela janela, a menina levantou-se do banco (…).
3.2. O cabeloque lhe faltavanacabeça sobrava-lhe nasmãos.
Coluna A Coluna B
a) Todosconsideravamorapaz um ladrão.
b) A mãe pediu-lheolivro.
c) A meninaassistiaàconversa.
d) Seguiamasduas emsilêncio.
e) A meninapermaneciaconstantemente
emsilêncio.
1) Sujeito
2) Predicado
3) Complementodireto
4) Complementoindireto
5) Complementooblíquo
6) Predicativodosujeito
7) Predicativodocomplementodireto
8) Modificador
7. 4. Explicitaa regra que torna obrigatório o uso da vírgula na frase seguinte,indicandoa função sintática da
expressão“Padre”.
- Padre,preciso da chavedo cemitério!
GRUPO IV
Imagina que participas como voluntárionum projeto de solidariedade e que és destacado para um campo
de refugiados.
Escreve um textonarrativo emque relatesessa aventura numa página de um diário ou numa carta a
um(a) amigo(a).Devesincluirum momento de descrição do espaço no qual te encontras.
O textodeve terentre 180 e 240 palavras.
Observações:
1. Para efeitosde contagem, considera-seumapalavra qualquersequênciadelimitadaporespaçosembranco,
mesmo
quandoestaintegre elementosligadosporhífen(exemplo:/di-lo-ei/).Qualquernúmerocontacomoumaúnica
palavra,
independentemente dosalgarismosque oconstituam(exemplo:/2015/).
2. Relativamenteaodesviodoslimitesde extensãoindicados –180 e 240 palavras –, há que atenderao seguinte:
– umdesviodoslimitesde extensãorequeridosimplicaumadesvalorizaçãoparcial (até doispontos);
– umtextocom extensãoinferiora60 palavrasé classificadocom0 (zero) pontos.
FIM