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12aurinegra #231 | 03FEV2012
FILIPA DO CARMO
filipadocarmo@aurinegra.com
12 reportagem
São produtos que
resistiram ao passar do
tempo e dos anos e que
mantêm, ainda hoje, a
imagem com que foram
apresentados, alguns
deles há várias décadas.
Embalagens apelativas e
modernas para quê, quando
um bom slogan parece fazer
milagres? (Re)descobrimos,
no Supermercado de
Febres, alguns dos mais
emblemáticos artigos que
ainda se podem encontrar no
comércio tradicional.
“Palavras para quê? É um
artista português e só usa pas-
ta medicinal Couto”. A frase
acompanhava o anúncio te-
levisivo, um dos primeiros
da televisão portuguesa, em
que se via um homem an-
dar à roda e fazer acrobacias
com uma cadeira, que segu-
rava apenas com os dentes.
O sucesso da pasta medicinal
Couto, provavelmente desco-
nhecida das gerações mais jo-
vens, é a prova de que quando
a receita e o produto são bons,
a embalagem nem precisa de
ser grande coisa. Lançada no
mercado português em 1932,
ainda hoje é possível encon-
trar em superfícies comerciais
a famosa caixa cor-de-laran-
ja. A pasta medicinal Couto
acabaria mesmo por mudar
os hábitos de higiene oral do
povo português.
“Hoje ainda se vende este
produto. Quem procura é
um cliente fiel, que não tro-
ca o artigo por outro”, explica
Fernando Faustino, gerente
do Supermercado de Febres
desde 1992 e filho do primei-
ro proprietário, “Ti” Mário
Faustino. “Normalmente são
pessoas mais velhas, a partir
dos 50 anos, por aí. Para al-
guns artigos, como os sabone-
tes Patti, da fábrica Ach Brito,
a idade dos compradores sobe
para os 70 anos”. São produ-
tos com tradição, fabricados
em Portugal, com padrões de
qualidade elevados. A Ach Bri-
to, por exemplo, dedica-se ao
fabrico de sabonetes, perfu-
mes e fragrâncias há mais de
um século. Achilles de Brito,
o seu proprietário, apostou
em artigos de gama alta e de
qualidade superior, tendo in-
vestido muito no mercado ex-
terno.
Curiosamente, os sabone-
tes Ach Brito para exportação,
que surgem sob a marca Claus
Porto, foram recentemente
recomendados pela conheci-
da apresentadora de televisão
norte-americana, Oprah Win-
frey, que assumiu serem os
seus favoritos. A modelo Kate
Moss e o actor Nicolas Cage
serão outros dois conhecidos
fãs destes produtos, que ape-
sar de terem uma longa vida
no mercado são, ainda, des-
conhecidos de muitos portu-
gueses.
RESTAURADOR
E PETRÓLEO OLEX
Percorremos os (três) cor-
redores do Supermercado de
Febres em busca de mais relí-
quias, produtos do tempo dos
nossos avós que continuam a
garantir lugar nas prateleiras
do comércio tradicional e, de
Produtos com história mantêm procura
A tradição ainda é o que era
13 aurinegra #231 | 03FEV2012
reportagem
alguns anos a esta parte, de um
novo segmento de negócio de-
dicado aos produtos gourmet
ou de charme. Encontramos
o afamado petróleo Olex, pro-
duto contra a queda de cabelo
que o torna sedoso e forte, de
acordo com a embalagem al-
tamente kitsch e ultrapassada.
“As marcas não mudam a ima-
gem nem a embalagem do pro-
duto para que os clientes fiéis,
normalmente mais velhos, os
identifiquem com facilidade”,
considera Fernando Faustino.
Por isso, quem procura petró-
leo Olex sabe que a embalagem
será sempre um tom de verde
desmaiado, enquanto o res-
taurador Olex vem numa caixa
vermelha.
Ali perto, junto aos cremes
de mãos, descobrimos ou-
tro produto muito apreciado
por clientes com idade mais
provecta: os cremes Benamôr
e Alantoine, da fábrica Nally,
nascida nos Laboratórios No-
bre. Garantem a hidratação
profunda da pele e o combate
a manchas, vermelhidão, bor-
bulhas e pontos negros. Nas
lojas de charme também se en-
contram, mas chegam a custar
o dobro do preço de venda no
verdadeiro comércio tradicio-
nal. O corredor dos produtos
de higiene e cosmética estava
a revelar-se muito profícuo em
produtos do antigamente. Não
faltaram o creme Nívea, ainda
a primeira escolha de muitos
compradores, nem a já falada
pasta Couto, a vaselina da mes-
ma marca e o dentífrico Pepso-
dent, “que já não se faz. Agora
só há Pepsodent até escoarmos
o stock que ainda aqui temos”.
Escondido entre produtos
mais modernos, encontramos
o inconfundível desodorizante
em barra Lander, na sua típica
embalagem de vidro riscado,
e disponível em dois aromas
distintos. “Há quem aqui ve-
nha quase exclusivamente para
levar este desodorizante”, diz
o proprietário enquanto nos
mostra o produto. Há até, re-
vela-nos, um médico bastan-
te conhecido no concelho de
Cantanhede, que não prescin-
de de visitar propositadamente
o estabelecimento de Fernando
Faustino para se abastecer do
desodorizante. “É muito puro,
tem poucos químicos e acaba
por respeitar mais a pele”.
“ATUM?
ESTÁ MAIS QUE VISTO...”
Quemnãoselembradeouvir
cantar a música do pudim Boca
Doce? Outro artigo com história
e tradição que continua a liderar
as vendas de produtos similares,
a que se juntam, na secção de
mercearia, o atum Bom Petisco,
as massas da Nacional, as lín-
guas de gato daTriunfo, a mistu-
ra solúvel Mokambo, a papa Ce-
relac ou os refrigerantes Sumol.
Na secção de guloseimas e gulo-
dices não faltam os medicinais
rebuçados Dr. Bayard, os drops
Nazaré, os nougats, as pastilhas
Gorila e as sombrinhas de cho-
colate da Regina. Não faltam
também as bombocas, originais
e de chocolate, que fizeram as
delícias de gerações e gerações
de jovens em Portugal.
Depois de recordarmos os
tempos em que enchíamos a
boca de pastilhas gorila e fazía-
mos concursos para ver quem
conseguia o maior balão, avan-
çamos para a secção dos deter-
gentes e produtos de limpeza.
As tradicionais bolas de naf-
talina saltam à vista e, subita-
mente, ao sentir o seu cheiro
característico, lembramo-nos
dos armários e arcas das nos-
sas avós, ou dos casacos que
eram usados “quando o rei fa-
zia anos” e que pareciam bolas
gigantes de naftalina, tal era a
intensidade do odor que liber-
tavam. Um pouco mais à frente
encontramos as barras de sa-
bão azul e branco, úteis para la-
var a roupa e o chão, mas tam-
bém o cabelo e o corpo, que
noutros tempos não requeriam
cuidados especiais.
Os detergentes manuais
Presto e Omo também têm
uma vida longa, mais longa
que a dos seus já desaparecidos
companheiros, o Pop Saquetas,
e o detergente Juá, que até ofe-
recia brindes às donas de casa.
“Há tempos até havia o hábito
de se dizer, quando alguém era
menos desenrascado a conduzir,
que a carta de condução lhe de-
via ter saído no detergente Juá”,
graceja Fernando Faustino. Ou
numa caixa de farinha Ampa-
ro, que era outra forma de di-
zer que o dito condutor era um
autêntico aselha. Os produtos
made in Portugal têm conquis-
tado cada vez mais comprado-
res, quer pela qualidade que
comprovadamente têm, quer
pelos apelos sucessivos para
que compremos o que é nosso.
Ainda assim, há quem te-
nha que se virar para o produ-
to mais barato, as ditas marcas
brancas, produtos que são “de
qualidade inferior, pois o que
é bom tem que se pagar. Às ve-
zes, para se pouparem uns cên-
timos, leva-se ‘gato por lebre’”,
desabafa o gerente do estabe-
lecimento comercial. Por isso
as marcas tradicionais portu-
guesas estão, cada vez mais, a
defender os seus produtos e a
apostar em nichos de mercado
e em imagens mais modernas
e apelativas. O investimento
no produto nacional revigora a
economia e cria riqueza e pos-
tos de trabalho. Se cá se fazem,
que cá se comprem!
Noite Literária em Mira
A Biblioteca da EB2 de Mira
recebeu, no dia 25 de Janeiro,
um serão literário promovido
por aquele espaço em parceria
com o Projecto Cultura e Cida-
dania. “Vozes ao Alto” contou
com a participação de cinco
autores e quatro leitores, que
divulgaram textos, em prosa
e em verso, perante uma pla-
teia atenta e interessada. Só-
nia Cravo, Isabel Rosete, Olga
Resi, Paulo Manata Fixe e An-
tónio Canteiro foram os escri-
tores presentes, que partilha-
ram excertos das suas obras,
enquanto António Veríssimo,
Domingos Neto, Zélia Morais
e Luís Isidoro foram os leitores
que participaram activamente
na iniciativa literária.
O Agrupamento de Escolas
do Concelho de Mira, a Câ-
mara Municipal de Mira e o
Intermarché local apoiaram a
iniciativa, que contou com a
presença de Américo Páscoa
(presidente da Associação de
Pais do Agrupamento de Es-
colas), Lurdes Costa (Agrupa-
mento de Escolas de Mira) e
João Reigota (presidente da
Câmara Municipal de Mira).
Maria do Rosário Figueiredo,
professora bibliotecária da EB2
de Mira, coordenou esta inicia-
tiva, que o Clube Literário de
Mira apoiou. Está já na calha
uma segunda edição desta noi-
te literária, com outros autores
da Região, que pode vir a ser re-
alizada ainda este ano lectivo.
Iniciativa do Projecto Cultura e Cidadania
O Movimento 560 pretende apoiar e promover a produção nacional, ajudando a mudar a mentalidade
dos portugueses que, muitas vezes, optam pelos produtos mais baratos, sobretudo por questões econó-
micas. Sempre que possível, devemos comprar português, pois a longo prazo as nossas escolhas reflec-
tem-se na economia, nas empresas e no próprio preço dos produtos nacionais. Se não compramos por
ser um pouco mais caro, dificilmente esse produto poderá, um dia, vir a ser mais barato. Se não se ven-
de, há quebras na produção, que terão que ser compensadas com o encarecimento das mercadorias.
Há marcas portuguesas, que são aquelas que têm origem e produção no nosso País, e há produtos
portugueses, que são fabricados em Portugal, seja por empresas nacionais, internacionais ou multina-
cionais. Estes são produtos feitos com recurso a mão-de-obra nacional, “que contribuem superiormente
para a nossa economia e para o emprego no nosso País”. Para ter certeza que está a comprar o que
é nosso, procure o código de barras na embalagem do produto. O código de Portugal é o 560, mas
há algumas empresas que possuem códigos de barras proprietários. Procure sempre na embalagem a
origem do produto.
Movimento 560

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  • 1. 12aurinegra #231 | 03FEV2012 FILIPA DO CARMO filipadocarmo@aurinegra.com 12 reportagem São produtos que resistiram ao passar do tempo e dos anos e que mantêm, ainda hoje, a imagem com que foram apresentados, alguns deles há várias décadas. Embalagens apelativas e modernas para quê, quando um bom slogan parece fazer milagres? (Re)descobrimos, no Supermercado de Febres, alguns dos mais emblemáticos artigos que ainda se podem encontrar no comércio tradicional. “Palavras para quê? É um artista português e só usa pas- ta medicinal Couto”. A frase acompanhava o anúncio te- levisivo, um dos primeiros da televisão portuguesa, em que se via um homem an- dar à roda e fazer acrobacias com uma cadeira, que segu- rava apenas com os dentes. O sucesso da pasta medicinal Couto, provavelmente desco- nhecida das gerações mais jo- vens, é a prova de que quando a receita e o produto são bons, a embalagem nem precisa de ser grande coisa. Lançada no mercado português em 1932, ainda hoje é possível encon- trar em superfícies comerciais a famosa caixa cor-de-laran- ja. A pasta medicinal Couto acabaria mesmo por mudar os hábitos de higiene oral do povo português. “Hoje ainda se vende este produto. Quem procura é um cliente fiel, que não tro- ca o artigo por outro”, explica Fernando Faustino, gerente do Supermercado de Febres desde 1992 e filho do primei- ro proprietário, “Ti” Mário Faustino. “Normalmente são pessoas mais velhas, a partir dos 50 anos, por aí. Para al- guns artigos, como os sabone- tes Patti, da fábrica Ach Brito, a idade dos compradores sobe para os 70 anos”. São produ- tos com tradição, fabricados em Portugal, com padrões de qualidade elevados. A Ach Bri- to, por exemplo, dedica-se ao fabrico de sabonetes, perfu- mes e fragrâncias há mais de um século. Achilles de Brito, o seu proprietário, apostou em artigos de gama alta e de qualidade superior, tendo in- vestido muito no mercado ex- terno. Curiosamente, os sabone- tes Ach Brito para exportação, que surgem sob a marca Claus Porto, foram recentemente recomendados pela conheci- da apresentadora de televisão norte-americana, Oprah Win- frey, que assumiu serem os seus favoritos. A modelo Kate Moss e o actor Nicolas Cage serão outros dois conhecidos fãs destes produtos, que ape- sar de terem uma longa vida no mercado são, ainda, des- conhecidos de muitos portu- gueses. RESTAURADOR E PETRÓLEO OLEX Percorremos os (três) cor- redores do Supermercado de Febres em busca de mais relí- quias, produtos do tempo dos nossos avós que continuam a garantir lugar nas prateleiras do comércio tradicional e, de Produtos com história mantêm procura A tradição ainda é o que era
  • 2. 13 aurinegra #231 | 03FEV2012 reportagem alguns anos a esta parte, de um novo segmento de negócio de- dicado aos produtos gourmet ou de charme. Encontramos o afamado petróleo Olex, pro- duto contra a queda de cabelo que o torna sedoso e forte, de acordo com a embalagem al- tamente kitsch e ultrapassada. “As marcas não mudam a ima- gem nem a embalagem do pro- duto para que os clientes fiéis, normalmente mais velhos, os identifiquem com facilidade”, considera Fernando Faustino. Por isso, quem procura petró- leo Olex sabe que a embalagem será sempre um tom de verde desmaiado, enquanto o res- taurador Olex vem numa caixa vermelha. Ali perto, junto aos cremes de mãos, descobrimos ou- tro produto muito apreciado por clientes com idade mais provecta: os cremes Benamôr e Alantoine, da fábrica Nally, nascida nos Laboratórios No- bre. Garantem a hidratação profunda da pele e o combate a manchas, vermelhidão, bor- bulhas e pontos negros. Nas lojas de charme também se en- contram, mas chegam a custar o dobro do preço de venda no verdadeiro comércio tradicio- nal. O corredor dos produtos de higiene e cosmética estava a revelar-se muito profícuo em produtos do antigamente. Não faltaram o creme Nívea, ainda a primeira escolha de muitos compradores, nem a já falada pasta Couto, a vaselina da mes- ma marca e o dentífrico Pepso- dent, “que já não se faz. Agora só há Pepsodent até escoarmos o stock que ainda aqui temos”. Escondido entre produtos mais modernos, encontramos o inconfundível desodorizante em barra Lander, na sua típica embalagem de vidro riscado, e disponível em dois aromas distintos. “Há quem aqui ve- nha quase exclusivamente para levar este desodorizante”, diz o proprietário enquanto nos mostra o produto. Há até, re- vela-nos, um médico bastan- te conhecido no concelho de Cantanhede, que não prescin- de de visitar propositadamente o estabelecimento de Fernando Faustino para se abastecer do desodorizante. “É muito puro, tem poucos químicos e acaba por respeitar mais a pele”. “ATUM? ESTÁ MAIS QUE VISTO...” Quemnãoselembradeouvir cantar a música do pudim Boca Doce? Outro artigo com história e tradição que continua a liderar as vendas de produtos similares, a que se juntam, na secção de mercearia, o atum Bom Petisco, as massas da Nacional, as lín- guas de gato daTriunfo, a mistu- ra solúvel Mokambo, a papa Ce- relac ou os refrigerantes Sumol. Na secção de guloseimas e gulo- dices não faltam os medicinais rebuçados Dr. Bayard, os drops Nazaré, os nougats, as pastilhas Gorila e as sombrinhas de cho- colate da Regina. Não faltam também as bombocas, originais e de chocolate, que fizeram as delícias de gerações e gerações de jovens em Portugal. Depois de recordarmos os tempos em que enchíamos a boca de pastilhas gorila e fazía- mos concursos para ver quem conseguia o maior balão, avan- çamos para a secção dos deter- gentes e produtos de limpeza. As tradicionais bolas de naf- talina saltam à vista e, subita- mente, ao sentir o seu cheiro característico, lembramo-nos dos armários e arcas das nos- sas avós, ou dos casacos que eram usados “quando o rei fa- zia anos” e que pareciam bolas gigantes de naftalina, tal era a intensidade do odor que liber- tavam. Um pouco mais à frente encontramos as barras de sa- bão azul e branco, úteis para la- var a roupa e o chão, mas tam- bém o cabelo e o corpo, que noutros tempos não requeriam cuidados especiais. Os detergentes manuais Presto e Omo também têm uma vida longa, mais longa que a dos seus já desaparecidos companheiros, o Pop Saquetas, e o detergente Juá, que até ofe- recia brindes às donas de casa. “Há tempos até havia o hábito de se dizer, quando alguém era menos desenrascado a conduzir, que a carta de condução lhe de- via ter saído no detergente Juá”, graceja Fernando Faustino. Ou numa caixa de farinha Ampa- ro, que era outra forma de di- zer que o dito condutor era um autêntico aselha. Os produtos made in Portugal têm conquis- tado cada vez mais comprado- res, quer pela qualidade que comprovadamente têm, quer pelos apelos sucessivos para que compremos o que é nosso. Ainda assim, há quem te- nha que se virar para o produ- to mais barato, as ditas marcas brancas, produtos que são “de qualidade inferior, pois o que é bom tem que se pagar. Às ve- zes, para se pouparem uns cên- timos, leva-se ‘gato por lebre’”, desabafa o gerente do estabe- lecimento comercial. Por isso as marcas tradicionais portu- guesas estão, cada vez mais, a defender os seus produtos e a apostar em nichos de mercado e em imagens mais modernas e apelativas. O investimento no produto nacional revigora a economia e cria riqueza e pos- tos de trabalho. Se cá se fazem, que cá se comprem! Noite Literária em Mira A Biblioteca da EB2 de Mira recebeu, no dia 25 de Janeiro, um serão literário promovido por aquele espaço em parceria com o Projecto Cultura e Cida- dania. “Vozes ao Alto” contou com a participação de cinco autores e quatro leitores, que divulgaram textos, em prosa e em verso, perante uma pla- teia atenta e interessada. Só- nia Cravo, Isabel Rosete, Olga Resi, Paulo Manata Fixe e An- tónio Canteiro foram os escri- tores presentes, que partilha- ram excertos das suas obras, enquanto António Veríssimo, Domingos Neto, Zélia Morais e Luís Isidoro foram os leitores que participaram activamente na iniciativa literária. O Agrupamento de Escolas do Concelho de Mira, a Câ- mara Municipal de Mira e o Intermarché local apoiaram a iniciativa, que contou com a presença de Américo Páscoa (presidente da Associação de Pais do Agrupamento de Es- colas), Lurdes Costa (Agrupa- mento de Escolas de Mira) e João Reigota (presidente da Câmara Municipal de Mira). Maria do Rosário Figueiredo, professora bibliotecária da EB2 de Mira, coordenou esta inicia- tiva, que o Clube Literário de Mira apoiou. Está já na calha uma segunda edição desta noi- te literária, com outros autores da Região, que pode vir a ser re- alizada ainda este ano lectivo. Iniciativa do Projecto Cultura e Cidadania O Movimento 560 pretende apoiar e promover a produção nacional, ajudando a mudar a mentalidade dos portugueses que, muitas vezes, optam pelos produtos mais baratos, sobretudo por questões econó- micas. Sempre que possível, devemos comprar português, pois a longo prazo as nossas escolhas reflec- tem-se na economia, nas empresas e no próprio preço dos produtos nacionais. Se não compramos por ser um pouco mais caro, dificilmente esse produto poderá, um dia, vir a ser mais barato. Se não se ven- de, há quebras na produção, que terão que ser compensadas com o encarecimento das mercadorias. Há marcas portuguesas, que são aquelas que têm origem e produção no nosso País, e há produtos portugueses, que são fabricados em Portugal, seja por empresas nacionais, internacionais ou multina- cionais. Estes são produtos feitos com recurso a mão-de-obra nacional, “que contribuem superiormente para a nossa economia e para o emprego no nosso País”. Para ter certeza que está a comprar o que é nosso, procure o código de barras na embalagem do produto. O código de Portugal é o 560, mas há algumas empresas que possuem códigos de barras proprietários. Procure sempre na embalagem a origem do produto. Movimento 560