O documento apresenta o relatório final de um projeto de pesquisa para concepção e implementação da Biblioteca Digital Paulo Freire na Universidade Federal da Paraíba. O relatório descreve os objetivos da biblioteca de disponibilizar o pensamento de Paulo Freire e formar leitores críticos, além de resumir brevemente a obra e o método pedagógico de Paulo Freire que valorizam o diálogo e a conscientização crítica.
Oralidade e gêneros orais: um olhar sobre as práticas orais em sala de aulaDenise Oliveira
Essa apresentação amplia a anterior "Desenvolvimento da oralidade", oferecendo uma abordagem sobre os direitos de aprendizagem do eixo oralidade e das competências e habilidades necessárias.
A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.Leilany Campos
Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo, se é triste ver meninos sem escolas, mais triste é vê-los sentados enfileirados, em sala de aula, sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. (Carlos Drummond de Andrade).
Oralidade e gêneros orais: um olhar sobre as práticas orais em sala de aulaDenise Oliveira
Essa apresentação amplia a anterior "Desenvolvimento da oralidade", oferecendo uma abordagem sobre os direitos de aprendizagem do eixo oralidade e das competências e habilidades necessárias.
A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.Leilany Campos
Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo, se é triste ver meninos sem escolas, mais triste é vê-los sentados enfileirados, em sala de aula, sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. (Carlos Drummond de Andrade).
Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Ceará – UFC – como requisito parcial para a realização de dissertação no Mestrado em Filosofia.
Linha de pesquisa: Ensino de Filosofia.
1. Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas Letras e Artes
Departamento de Comunicação Social
RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO
PROJETO DE PESQUISA:
CONCEPÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA BIBLIOTECA DIGITAL
PAULO FREIRE (PIBIC/CNPq/UFPB)
MAURÍCIO LINHARES DE ARAGÃO JUNIOR
Matrícula: 10013148
Bolsista PIBIC/CNPq/UFPB
JOÃO PESSOA - PB
AGOSTO/2004
2. Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas Letras e Artes
Departamento de Comunicação Social
RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO
PROJETO DE PESQUISA:
CONCEPÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA BIBLIOTECA DIGITAL
PAULO FREIRE (PIBIC/CNPq/UFPB)
MAURÍCIO LINHARES DE ARAGÃO JUNIOR
Matrícula: 10213480
Bolsista PIBIC/CNPq/UFPB
PROFª. DRª. EDNA GUSMÃO DE GÓES BRENNAND
(ORIENTADORA)
JOÃO PESSOA - PB
AGOSTO/2004
3. CONCEPÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO
DA BIBLIOTECA DIGITAL PAULO FREIRE
_________________________________________
MAURÍCIO LINHARES DE ARAGÃO JUNIOR
(BOLSISTA PIBIC / CNPq / UFPB)
___________________________________________________
PROFª DRª EDNA GUSMÃO DE GÓES BRENNAND
(ORIENTADORA)
4. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Relatório final das atividades do
Projeto “Concepção e Implementação
da Biblioteca Digital Paulo Freire”
apresentado no Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica (PIBIC/CNPq/UFPB),
correspondente ao período de Agosto/
2003 a Agosto/2004.
Orientadora: Profª. Drª Edna
Gusmão de Góes Brennand.
JOÃO PESSOA – PB
AGOSTO/2004
5. Sumário
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.......................................................................4
4.3 Produção acadêmica e encontros:....................................................................................33
O bolsista em questão não participou de encontros nem publicou artigos por ter iniciado a
participação no projeto depois dos eventos nos quais os outros bolsistas do projeto
apresentaram seus trabalhos. Entretanto ele já conta com um artigo pronto para
publicação e está a procura de oportunidades para apresentar o trabalho da biblioteca. ...33
6. 1. Introdução
A Biblioteca Digital Paulo Freire (BDPF) está se tornando um referencial para implementação
do sistema de bibliotecas digitais, devido, além do esforço das pessoas que nela trabalham, a
interdisciplinaridade deste grupo. Surgida inicialmente em 2000, como um projeto de
iniciação a pesquisa apresentado pela professora Edna Gusmão de Góes Brennand, a
biblioteca chega a seu quarto ano de existência com a maturidade e segurança adquirida
nestes anos de esforço e pesquisa, sempre em busca da melhora e facilidade para que o
material possa ser acessado e utilizado, independente do lugar, sistema operacional utilizado e
poder econômico.
Seu papel como difusora do conhecimento gerado por Paulo Freire e das pessoas
influenciadas por este conhecimento tem como um de seus objetivos um dos mais importantes
ideais de Freire, que era o de levar as pessoas a fazer uma leitura crítica do que lêem, não
apenas decorando palavras e conceitos, segundo ele1:
“A leitura crítica implica, para mim, basicamente, que o leitor se assume
como sujeito inteligente e desvelador do texto. Nesse sentido, o leitor crítico
é aquele que até certo ponto “reescreve” o que lê, "recria” o assunto da
leitura em função dos seus próprios critérios. Já o leitor não-crítico
funciona como uma espécie de instrumento do autor, um repetidor paciente
e dócil do que 1ê. Não há nesse caso uma real apreensão do significado do
texto, mas uma espécie de justaposição, de colagem, de aderência. Assim,
pode-se ter um texto crítico com uma leitura ingênua e um texto ingênuo
1
Pedagogia: Diálogo e conflito / Moacir Gadotti, Paulo Freire e Sérgio Guimarães. 4 Ed. – São Paulo: Cortez,
1995
7. com uma leitura crítica, que reescreve e supera a ingenuidade do texto.
Essa superação só é possível pela leitura crítica, que, como já disse em
outros momentos, é aquela que fundamentalmente sabe situar num contexto
o que está sendo lido. Uma boa educação crítica estabelece
permanentemente esse movimento dinâmico entre a palavra e o mundo e
vice-versa.”
É este tipo de leitor que a Biblioteca Digital deseja formar com a disponibilização dos textos e
das idéias de uma personalidade como Paulo Freire, para que todos tenham a oportunidade de
entrar em contato com seu conhecimento e suas idéias. A formação de uma consciência
político-pedagógica, que ele tanto pregou em sua vida, nas pessoas que tem acesso a o
material da Biblioteca, é uma de nossas vontades e uma das principais motivações do nosso
trabalho, pois é esta consciência que vai nos dar força e conhecimento para lutar por um
amanhã melhor, como ele fez até os últimos momentos de sua vida.
Somando-se a isto, nosso principal objetivo é “disponibilizar pressupostos filosóficos,
sociológicos e pedagógicos do pensamento freireano, para suportar ações educativas
coletivas facilitadoras da inclusão dos sujeitos educacionais na sociedade da informação”2.
2
BRENANND, Edna G.Góes et al. Concepção e Implementação da Biblioteca Digital Paulo Freire, João
Pessoa, 2000.
8. 2. Fundamentação teórica
2.1 Paulo Freire e sua obra
Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco,
uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de
sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da
Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o
que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e métodos.
Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente na tese de concurso escrita para a
universidade de Belas Artes em Recife, Pernambuco. Seu desenvolvimento continuou quando
foi titulado professor de História e Filosofia da Educação, além dos primeiros envolvimentos
com alfabetizações, como a que aconteceu em Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.
Seu método de alfabetização que tinha como características além de ensinar o alfabetizando a
ler e escrever, ensiná-lo a desenvolver uma consciência crítica do mundo ao seu redor. Este
método tinha por objetivo libertar o oprimido de seu estado de inocência, fato que fez de
Paulo um dos primeiros brasileiros a serem exilados após o golpe militar de 1964, sob o crime
de “subverter a ordem instituída” com este tipo de ensino.
Exilado, ele seguiu para o Chile, onde encontrou um momento social favorável para a
aplicação de seu método de alfabetização de adultos, com os camponeses incluídos do
programa de reforma agrária chileno. Paulo passou 5 anos desenvolvendo este trabalho no
Chile e suas experiências tornaram-se o livro “Pedagogia do Oprimido”, uma das mais
importantes obras de sua carreira.
9. Após esta experiência ele torna-se professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos,
participando ativamente de diversas novas experiências em educação tanto em áreas urbanas
quanto no campo. Foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho
Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a
vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de 16 anos
de exílio, retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em
1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil.
Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de
alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores.
Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio
Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para
a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como
Educador do Continentes (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro,
intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa". Paulo Freire
faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
2.2 O método freireano
Segundo Moacir Gadotti o "Método Paulo Freire" consiste de três momentos dialética e
interdisciplinarmente entrelaçados:
10. “a) a investigação temática pela qual aluno e professor buscam, no universo
vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua
biografia;
b) a tematização pela qual eles codificam e decodificam esses temas; ambos buscam o
seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido; e
c) a problematização na qual eles buscam superar uma primeira visão mágica por
uma visão crítica, partindo para a transformação do contexto vivido.”
Dada essa interdisciplinaridade, a obra de Paulo Freire pode ser vista tomando-o seja como
cientista, seja como educador. Contudo, essas duas dimensões supõem uma outra: Paulo
Freire não as separa da política. Paulo Freire deve ser considerado também como político.
Esta é a dimensão mais importante da sua obra. Ele não pensa a realidade como um sociólogo
que procura apenas entendê-la. Ele busca, nas ciências (sociais e naturais), elementos para,
compreendendo mais cientificamente a realidade e poder intervir de forma mais eficaz nela.
Por isso ele pensa a educação ao mesmo tempo como ato político, como ato de conhecimento
e como ato criador.
Todo o seu pensamento tem uma ligação direta com o mundo ao seu redor. Seu
comprometimento maior foi sempre com a realidade a ser transformada. Para ele, a pedagogia
deveria ter outra face, onde os educadores estivessem sempre aprendendo com os alunos e
onde não houvesse uma pessoa completamente educada ou definitivamente formada. A
educação não é apenas uma transmissão de conteúdos entre professor e aluno, mas sim um
diálogo entre estas partes, onde todos estivessem em um círculo de constante aprendizado.
11. A liberdade também é um tema recorrente na metodologia e no pensamento de Freire. A
educação, na sua concepção, é um passaporte para a liberdade, para uma vida melhor, longe
dos grilhões da opressão. Eu seus textos, Freire sempre deixou claro que o sistema opressor
não é uma característica apenas dos países subdesenvolvidos, é uma característica do sistema
econômico capitalista em geral, mesmo que se apresente em um menor grau a opressão
continua exercendo seu poder. A educação visa à libertação, à transformação radical da
realidade, para melhorá-la, para torná-la mais humana, para permitir que os homens e as
mulheres sejam reconhecidos como sujeitos da sua história e não como objetos.
As palavras conscientização e diálogo também fazem um papel importante no
desenvolvimento do método. A conscientização não é apenas perceber a realidade ao seu
redor, mas vislumbrá-la a distancia, pois seu objetivo é ultrapassar o pensamento crítico e
partir para uma ação transformadora da realidade. Segundo Freire "ninguém educa ninguém.
Ninguém se educa sozinho. Os homens se educam juntos, na transformação do mundo", e
essa educação em conjunto é conseguida com o diálogo entre os envolvidos no processo da
educação. O conhecimento de todos os envolvidos é levado em consideração, mas o dever do
professor não é confundido com o do aluno porque ele tem que estar apto a transcender o
conhecimento do aluno, de forma que possa trabalhar como um guia para o conhecimento que
ainda esta por se formar na mente de seus educandos.
Diferentemente dos métodos positivistas que o precederam, o método de Paulo Freire baseia-
se principalmente na vivência prática que desenvolvida durante os trabalhos que realizou,
principalmente nos vários projetos de educação de adultos, nos quais ele trabalhou até mesmo
como um orientador a distância, como foi o caso das cartas contidas no livro “Cartas a Guiné-
Bissau”. Em sua obra, teoria, método e prática formam um todo, guiado pelo princípio da
12. relação entre o conhecimento e o conhecedor, constituindo portanto uma teoria do
conhecimento e uma antropologia nas quais o saber tem um papel emancipador.
A teoria de Freire sempre se contrapôs ao método educacional burguês, que é visto como um
método bancário, onde o aluno é simplesmente um depósito de informação, ele não age
criticamente sobre o que está sendo ouvido nem participa ativamente da recepção desse
conhecimento, ele apenas deposita o que está sendo ouvido em sua mente. Segundo Moacir
Gadotti:
“Na concepção bancária (burguesa), o educador é o que sabe e os educandos, os que
não sabem; o educador é o que pensa e os educandos, os pensados; o educador é o que
diz a palavra e os educandos, os que escutam docilmente; o educador é o que opta e
prescreve sua opção e os educandos, os que seguem a prescrição; o educador escolhe o
conteúdo programático e os educandos jamais são ouvidos nessa escolha e se acomodam
a ela; o educador identifica a autoridade funcional, que lhe compete, com a autoridade
do saber, que se antagoniza com a liberdade dos educandos, pois os educandos devem se
adaptar às determinações do educador; e, finalmente, o educador é o sujeito do processo,
enquanto os educandos são meros objetos.
Para Freire o fim maior da educação deve ser sempre o de libertar os oprimidos, de levar a
eles o conhecimento que a sociedade burguesa capitalista tanto deseja esconder. Pois é apenas
com este conhecimento, desenvolvido a partir do diálogo e da consciência, que as pessoas
podem lutar por sua liberdade, frente a máquina opressora do capitalismo e de sua nova face,
o imperialismo.
13. 2.3 As bibliotecas
Uma biblioteca é definida, de modo geral, como sendo um local de armazenamento de
documentos escritos. Como a sua existência de documentos ecrtitos remonta as primeiras
civilizações orientais, ainda antes da imprensa ter sido criada na Europa, estes documentos
escritos poderiam estar em diversas formas, desde pedaços de argila contendo escrita
cuneiforme, papiros, pergaminhos de fibra celulósica (precursora do nosso atual papel), vasos
adornados da China antiga, os livros copiados pelos monges cristãos e os livros impressos.
As primeiras bibliotecas foram os locais onde este material foi sistematizado, onde foram
criados os primeiros catálogos bibliográficos.
Podemos elencar algumas características comuns a todos os tipos de bibliotecas:
Arquivo de conhecimento;
Preservação e manutenção da cultura;
Disseminação do conhecimento;
Recuperação da informação;
Educação;
Interação social;
Estas características se repetem, em maior ou menor grau, nos diversos tipos de bibliotecas,
pois elas formam um pilar comum sobre a manutenção e distribuição do conhecimento, a
razão de ser das bibliotecas. Com o avanço das tecnologias de comunicação as bibliotecas
tradicionais também sofreram mudanças. A informatização de seus sistemas foi a primeira
parte da revolução.
14. O uso de computadores e bancos de dados especializados para o armazenamento de catálogos
de documentos de diferentes tipos aumentou significativamente a velocidade de acesso a
informação contida nas bibliotecas, pois não é mais necessário procurar por montes
intermináveis de fichas. Apenas um acesso ao banco de dados pode mostrar os resultados
esperados e direcionar o usuário da biblioteca diretamente para o seu interesse.
Meios digitais são assim chamados porque eles armazenam as informações em forma de
dígitos. Os nossos sistemas computacionais armazenam todos os tipos de informação na
forma de seqüências de números “um” e “zero”. Tudo que está presente nos discos rígidos ou
Compact Discs (CDs) é formado por seqüências destes dois números, como por exemplo o
número dois, que em binário (seqüências de uns e zeros) é demonstrado por 10. O sistema
digital se diferencia dos sistemas analógicos, como as fitas cassete, pela facilidade com a qual
a informação pode ser acessada e pela qualidade e fidelidade que a informação transposta
pode alcançar.
Após a transposição dos índices para o formato digital foi a vez do acervo ser levado para o
mundo da informação digital. Esta transposição só foi possível graças a busca da informática
de fazer com que os computadores pudessem reunir e processar cada vez mais informações,
de uma forma organizada e segura. O aumento da capacidade de armazenamento dos
computadores e a facilidade dos meios de transposição da informação impressa em digital
tornaram possível a criação das bibliotecas digitais.
Deste conceito de transposição do material físico para um formato digital surgiram três
variações:
15. Biblioteca digital: é aquela onde os materiais são armazenados apenas em meios
digitais, não existindo nenhum outro tipo de material em seu acervo. Este acervo pode
ser localizado e visualizado tanto dentro da própria biblioteca quanto por redes
internas ou a Internet, de forma que uma consulta possa ser feita por um outro
computador que esteja na mesma rede que a biblioteca esteja.
Biblioteca virtual: ela se diferencia da biblioteca simplesmente digital porque sua
apresentação para o usuário final não é apenas formada por formulários de busca ou
tabelas de índices, mas sim por uma representação em realidade virtual do conteúdo
oferecido pela biblioteca. A maioria das bibliotecas virtuais são temáticas, abordando
assuntos específicos e tendem a existirem apenas em redes fechadas de alta
velocidade, devido os altos custos de criação e a gigantesca movimentação de
informações necessárias para a demonstração de ambientes em três dimensões nos
computadores, que também demandam uma extrema capacidade de processamento da
máquina do usuário final, que normalmente não foi construída no intuito de funcionar
processando informações tão complexas.
Biblioteca híbrida: se define como sendo uma biblioteca digital que também contém
material em formas de armazenamento não digital, como livros, fitas de áudio ou de
vídeo. Este tipo de biblioteca que alia sistemas antigos com novos normalmente é
composto por antigas bibliotecas tradicionais que estão se transformando em
bibliotecas digitais. Este tipo de biblioteca é extremamente importante porque seu
conteúdo não fica restrito apenas aqueles que tem acesso a o universo digital, já que a
inclusão digital ainda não é uma realidade palpável para a maioria da população tanto
do Brasil como de diversos países subdesenvolvidos.
16. 2.4 Como surgiu a internet?
A rede mundial de computadores que conhecemos hoje surgiu da reunião de vários esforços,
as vezes separados, as vezes unidos, e o mais importante deles foi a ARPAnet, um projeto
financiado pela Agencia de Projetos de Pesquisa Avançada dos Estados Unidos (ARPA –
Advanced Research Projects Agency), que foi a primeira rede de computadores por
comutação de pacotes (troca de mensagens) e ancestral da Internet que conhecemos hoje. Seu
projeto foi desenvolvido em 1967 e foi finalmente posto em prática em 1969, na Universidade
da Califórnia (Ucla).
De 1969 até o inicio dos anos 90 a rede mundial de computadores tinha um apelo meramente
acadêmico. Apenas Institutos de pesquisa e universidades tinha acesso a informação que
circulava na rede que viria a ser conhecida como Internet. Mas neste início de década veio a
verdadeira revolução que esta rede mundial vinha preparando, o surgimento da World Wide
Web, uma rede mundial de computadores que reuniria não apenas institutos relacionados a
educação, pesquisa e exercito, mas as empresas e pessoas de todo o mundo. Essa revolução
nasceu, em parte, no Centro Europeu para Física Nuclear (Cern – European Center for
Nuclear Physics), sob a tutela de Tim-Berners Lee, entre 1989 e 1991. Ele e seus
companheiros desenvolveram a linguagem de marcação Hyper-Text Makup Laguage
(HTML), o protocolo de comunicação de computadores Hyper-Text Transfer Protocol
(HTTP), o primeiro servidor de páginas Web e o primeiro Browser.
A partir de então a Internet começou a dar seus primeiros passos para fazer a revolução da
informação que ela está causando até hoje. Pois esteja onde você estiver, pode conseguir
informações sobre quase tudo o que desejar, bastando apenas ter um aparelho que se conecte a
17. internet, não necessariamente um computador, pois vídeo-games, aparelhos celulares,
televisores e ainda outros aparelhos não tão comuns (como geladeiras) também estão se
conectando a rede de mundial de computadores para trocar informações.
E é esta facilidade para se obter as informações que transforma a Internet em uma das mais
importantes criações do ser humano, mas também traz novos e gigantescos problemas por
causa da falta de controle que existe sobre o que é publicado na rede. Os maiores exemplos
disso são as redes Peer-to-Peer (P2P), onde pessoas trocam arquivos de diversos tipos, como
música, vídeos, documentos, de modo gratuito, muitas vezes infringindo as leis de
propriedade intelectual sobre aqueles arquivos ou informações que estão sendo trocadas.
2.5 Liberdade de acesso a informação
Teoricamente, a informação é um bem de todos e o direito a informação é inalienável, mas o
poder sobre a informação e o conhecimento de certa forma, está se tornando mais importante
até que o poder econômico, que sempre foi a base do sistema capitalista. A informação está se
tornando um novo meio de se gerar dividendo para as empresas, tanto no âmbito do
conhecimento científico, como na disseminação de acontecimentos. O controle sobre os meios
de comunicação é mais importante do que o poder econômico que uma empresa pode exercer,
pois a grande mídia é uma formadora de opinião e exerce um certo controle sobre a
população.
A liberdade de acesso a informação torna-se importante porque a cada momento mais e mais
da informação é escondida daqueles que não fazem parte da elite dominante. O poder das
elites está hoje na quantidade de informação que eles conseguem esconder da grande massa
18. de dominados, pois só o conhecimento tem o poder de libertar a consciência de um povo. A
dominação exercida hoje sobre as massas tem como sustentáculo o mascaramento da
realidade em uma ilusão de bem estar, onde as pessoas tem a impressão de que são iguais e
que podem chegar a mesma posição daqueles que estão no poder, que eles também podem
tornar-se parte da elite se houver esforço e trabalho suficiente.
Esta realidade mascarada pode ser percebida, na maioria das vezes, através das novelas,
principalmente aqui no Brasil, da mídia televisiva. Que pintam a periferia das grandes cidades
como uma área alegre, onde as pessoas vivem em paz, e onde estas mesmas pessoas podem
chegar a riqueza apenas com seu trabalho esforçado e honesto. Diferente da realidade violenta
e opressiva da periferia e até mesmo dos bairros nobres, tanto em cidades grandes com no
interior.
A informação tornou-se mais uma moeda do capitalismo, pois apenas com poder econômico
você pode ter direito a ela, quando na verdade ela deveria ser levada para todos, independente
de sua classe social ou de seu papel de oprimido na sociedade atual. Querer a liberdade de
acesso a informação é apenas querer justiça, já que todos nós temos o direito de saber, de
conhecer, e é neste conceito que inserimos a Biblioteca Digital, pois ela está lá para difundir a
informação, socializar o conhecimento, mesmo que seja apenas uma pequena parte dele. Este
é o nosso papel.
2.6 Segurança, proteção da informação e dos direitos autorais na Internet
A maior preocupação das empresas que trabalham com a Internet hoje em dia é com relação a
segurança de seus sistemas. Além dos vírus, que são um problema constante para quem acessa
19. a Rede, os ataques e o roubo de informações são um assunto recorrente em discussões sobre
os rumos da Internet. Programas anti-vírus e firewalls (barreiras contra acessos indevidos a
rede) são uma das maiores fontes de gastos para organizações que precisam conectar suas
redes locais a Internet.
O tráfego seguro de informações nas redes normalmente é feito a partir do uso de protocolos
de comunicação seguros como Secure Sockets Layer (SSL), que usa a criptografia de chaves
privadas e públicas para fazer uma autenticação entre o usuário (quem requisita a informação)
e o servidor (quem envia a informação). O transporte de dados é feito por meio de dados
criptografados3 através do método e das chaves selecionadas previamente entre as duas partes
da comunicação, de modo que mesmo que alguém intercepte a informação não vai ser capaz
de entende-la a menos que esteja de posse das duas chaves negociadas entre as duas partes
inicialmente relacionadas a comunicação. Todo esse relacionamento é normalmente
transparente para o usuário, o próprio sistema operacional e os programas navegadores da
Internet fazem toda essa comunicação sem afetar o modo como as informações são repassadas
para o usuário final. Na maioria das vezes o navegador avisa que está entrando em uma
conecção segura em sua barra de ferramentas, com símbolos como cadeados ou chaves.
O envio de arquivos seguro também segue a mesma teoria. O remetente e o receptor
negociam métodos e chaves criptográficas para que os arquivos só possam ser visualizados
por eles. Além da criptografia também existe um sistema de assinaturas digitais funcionando
para evitar que um arquivo seja mudado no caminho que ele segue entre o remetente e o
destinatário, tornando a entrega condicionada a validade da assinatura digital relacionada.
3
Em uma forma que não pode ser entendia se vista de modo literal. Dados criptografados parecem com
seqüências desordenadas de números letras e símbolos, até que o método criptográfico que o criou seja utilizado
para decriptografar a informação.
20. Os vírus de computadores atuais refletem a importância da informação, porque eles não mais
causam falhas de funcionamento dos sistemas ou de seus periféricos, mas se utilizam para
roubar ou guardar informações sobre as pessoas que fazem o uso daquela máquina infectada.
Vermes como os key-loggers, que gravam todas as teclas digitadas em um computador e
depois enviam os arquivos para os seus criadores, vermes trojans que liberam o acesso
remoto (a distância) a máquinas infectadas para seus criadores, são todos métodos que são
utilizados tanto para obtenção de informações pessoais (números de cartão de crédito) como
para espionagem industrial.
As leis para proteção da informação que circula na Internet ainda são pouco eficazes e difíceis
de serem aplicadas, porque a própria arquitetura da Rede tem como uma de suas principais
características “a descentralização do controle, onde não haveria um controle global sobre as
várias redes interligadas”4 . Tornando assim ações de controle difíceis de serem mantidas,
graças a volatilidade e velocidade com a qual o conteúdo é adicionado e pode desaparecer
dentro da rede.
Em sua maioria, os maiores problemas jurídicos contra a disseminação de informação pela
Internet é quando o material é propriedade intelectual. Partindo da definição de
(OPPENHEIM, 1999): “A propriedade intelectual representa o fruto dos esforços e da
criatividade de um individuo”, a Internet não aliena exatamente a propriedade intelectual, mas
sim o seu caráter capitalista, seu objetivo de gerar lucro, pois até hoje ainda não foi definida
uma política de distribuição de propriedade cultural, como a música. Fato este que vem
fortalecendo cada vez mais os programas de compartilhamento de arquivos como o Kazaa e
E-Mule, que tem na disseminação de música e vídeo o maior tráfego dentro de suas redes.
4
Kurose, James F. / Redes de computadores e a Internet: Uma nova abordagem / James F. Kurose, Keith W.
Ross. 1 Ed. – São Paulo : Addison Wesley, 2003.
21. Nos Estados Unidos, com a pressão das associações de donos de gravadoras de música e das
produtoras de cinema de Hollywood, as leis estão surgindo, algumas até já estão em vigor,
como as que proíbem que sites da Internet disponibilizem produção cultural sem o
consentimento de seu autor(es).
No nosso caso, de biblioteca digital, ainda não existe uma legislação específica sobre o
funcionamento e nem mesmo sobre o que define uma biblioteca digital constitucionalmente.
Algumas bibliotecas digitais, como por exemplo a Biblioteca Digital Paulo Freire, objeto
deste relatório, funcionam como grupos de transposição do material físico para formato
digital de uma biblioteca maior, que neste caso é a Biblioteca Central da Universidade Federal
da Paraíba. Além de lidar com materiais digitais que possam fazer parte do acervo da
biblioteca tradicional e de seus meios de acesso a novas fontes de informação.
2.7 Novas tecnologias da informação e o futuro da Internet
A Internet forçou a criação de novos padrões na disseminação do conhecimento de no modo
como ele deve ser tratado. Os sistemas de computação eram vistos de uma forma quase
mágica, pois apenas seus criadores e pessoas especializadas sabiam utilizar, deram lugar a
interfaces gráficas para o usuário, as chamadas GUI (Graphic User Interface), que tornam a
sua operação cada vez mais intuitiva e fazem com que se exija cada vez menos das pessoas
para que elas operem um computador de forma satisfatória.
Com essa facilidade e a socialização dos computadores (mais em alguns países do quem em
outros), os meios para a distribuição da informação estão tendo que se adequar tanto a
22. facilidade de uso como a velocidade de acesso. As bibliotecas devem sempre contar com um
sistema informatizado de indexação para facilitar suas buscas, as lojas estão migrando para o
comércio eletrônico, a educação a distância está se desenvolvendo a uma velocidade nunca
antes imaginada.
O futuro da Internet já está sendo apontado, ela está se dirigindo para uma convergência entre
todas as outras formas de mídia, para criar um algo novo e que mesmo que não leve os outros
meios a extinção vai diminuir cada vez mais o seu peso sobre a informação e formação de
opinião, porque uma pessoa que tenha acesso a Rede não vai precisar sair dela para ouvir uma
rádio, assistir um programa de televisão, ler o seu jornal preferido, fazer uma pesquisa para
um trabalho acadêmico, conhecer novas pessoas ou se divertir jogando alguma coisa.
Não há nada de ficção científica nisso, a tendência de que o computador se torne o centro de
entretenimento e pesquisa nos lares é real e já está acontecendo nos grandes centros, como
EUA, Europa e Japão, mas até que esta nova mídia chegue a os países mais pobres vai
demorar um pouco, e pode até mesmo nem tornar-se realidade tão cedo, se depender do
controle que as elites desejam manter sobre seus dominados.
A Internet caminha para ser a mais importante fonte de informação da humanidade (se não já
for), mas também é a que mais exclui, por seu alto custo econômico, proibitivo para a maioria
dos lares dos países subdesenvolvidos, como o Brasil.
2.8 A Biblioteca Digital Paulo Freire
23. O Projeto da Biblioteca Digital Paulo Freire (BDPF) (www.paulofreire.ufpb.br),
coordenado pela Profª Drª Edna Gusmão de Góes Brennand (Programa de Pós-Graduação em
Educação – PPGE/CEAD/UFPB (ebrenna2@uol.com.br) e pelo Profº Drº Ed Porto Bezerra
(Departamento de Informática – DI (ed_porto@uol.com.br), teve origem no ano 2000 em
parceria com o Centro Paulo Freire – Estudos e Pesquisas, contando, inicialmente, com o
apoio da Coordenação Institucional de Educação a Distância (CEAD) e Coordenação de
Informática – CODEINFO/PROPLAN/UFPB e posteriormente do CNPq.
A BDPF tem por objetivo principal “disponibilizar pressupostos filosóficos, sociológicos e
pedagógicos do pensamento freireano, para suportar ações educativas coletivas facilitadoras
da inclusão dos sujeitos educacionais na sociedade da informação”. E por específicos:
1. “Disponibilizar na Internet um grande volume de dados, armazenados de forma ordenada e
em ambiente centralizado, a respeito do educador Paulo Freire;
2. Ampliar o envolvimento de pesquisadores em um trabalho interinstitucional e
multidisciplinar na pesquisa e aplicação das tecnologias da informação e comunicação;
3. Fortalecer a experiência para novos empreendimentos educacionais sob o formato digital;
4. Exercitar habilidades multidisciplinares de uma equipe interinstitucional, através da
experiência na concepção e implantação de uma ferramenta, envolvendo pedagogos,
bibliotecários, historiadores, educadores, psicólogos, webdesigners, projetistas de bancos de
dados, especialistas em rede de computadores e em inteface humano computador etc;
5. Habilitar profissionais para o uso das novas tecnologias de informação (PORTO E
BRENNAND, 2002, p. 4)”.
2.9 Papel da Biblioteca Digital Paulo Freire
24. Uma biblioteca digital tem como seu principal diferencial de uma biblioteca “formal” o fato
de não depender de um acesso físico a seus conteúdos. Uma pessoa que necessite de um
arquivo que esteja em nosso acervo não vai precisar sair da frente de seu computador para
acessá-lo, já que ele está disponível em um formato que permite o compartilhamento daquela
mesma informação sem que a fonte ou o usuário-final sofra qualquer perda, já que o que foi
enviado é uma cópia daquele arquivo e não sua versão original.
As editoras que trabalham com fotolitos seriam uma analogia possível a o funcionamento de
uma biblioteca digital. Quando um livro vai ser prensado, ele é originalmente uma seqüência
de fotolitos (folhas de plástico, parecidas com filmes fotográficos), que vão ser “revelados”
diversas vezes, em folhas de papel, gerando várias cópias idênticas do mesmo livro (ou
fotolito). Em uma biblioteca digital o conceito é o mesmo, cada usuário que precisa de um
determinado arquivo recebe uma cópia idêntica (e não o arquivo original, que continua na
biblioteca digital), do arquivo em questão. Mas o custo para a impressão e distribuição do
livro é muito maior do que o mesmo para um arquivo digital.
A biblioteca digital faz com que os custos sejam diminuídos e que pessoas que poderiam não
ter acesso a aquela informação, por causa de seu preço, impossibilidade de entrega, ou outros
motivos afins, possa ter acesso a informação em questão.
Partindo da definição de Clara López Guzmán:
“As bibliotecas digitais são organizações que provêem os recursos,
incluindo pessoal especializado, para selecionar, estruturar, distribuir,
25. controlar o acesso, conservar a integridade e assegurar a persistência,
através do tempo, de coleções de trabalhos digitais que estejam fáceis e
economicamente disponíveis para serem usados por uma comunidade
definida ou para um conjunto de comunidades.”
A BDPF pode ser definida como uma fonte de conhecimento de fácil acesso sobre Paulo
Freire, não apenas para uma comunidade, mas para todas as pessoas que desejarem conhecer
mais sobre este, que foi um dos mais importantes pedagogos da história, não apenas pelo
conhecimento que ele gerou, mas também por sua postura combativa, contra as desigualdades
que assolam o nosso país.
26. 3. Materiais e métodos
3.1 Introdução
O conteúdo da BDPF é selecionado a partir, das obras pertencentes a Biblioteca Central da
Universidade Federal da Paraíba, das doações que a biblioteca recebe e de buscas feitas na
Internet ou outras fontes de documentos, que podem ser jornais, revistas, televisão ou rádio. A
seleção dos documentos é simples, e leva em conta o relacionamento que o documento em
questão tem com Paulo Freire e suas teorias.
Partindo do pressuposto de que o documento foi aceito para fazer parte do material a
Biblioteca, primeiro é definido se ele precisa de uma autorização de seu criador (para os
materiais não pertencentes ao acervo da Biblioteca Central), que deve seguir um modelo já
definido de declaração. Depois deste passo o conteúdo é separado pelo formato do qual faz
parte e para onde vai ser encaminhado dentro da biblioteca, que no momento trabalha com os
seguintes formatos: impressos, áudios, vídeos e fotos. Após esta analise segue-se a
digitalização do material.
3.2 Tipos de documentos para digitalização
A. Impressos
Os materiais impressos não-caligráficos (que sofreram editoração e foram impressos em letras
não-cursivas) são digitalizados (transformados em imagens digitais) com o uso dos scanners
Canon CanoScan N656U e Epson Expression 1640 XL. Após a digitalização o programa
27. Cuneiform Pro OCR 6.0 reconhece os caracteres (letras) da imagem através do método de
Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR – Optical Character Recognition). Os caracteres
em forma de texto são passados então para o Microsoft Office Word, que foi utilizado em suas
versões 2000 e 2003, onde todo o texto é diagramado para ficar o mais parecido possível com
sua fonte original. Neste processo tornou-se padrão que a folha de destino é do tamanho A4
( 21 x 29.7 cm) e a fonte padrão para corpo de texto é a Times New Roman.
Os materiais impressos caligráficos (escritos a mão ou que utilizem fontes cursivas não
reconhecíveis através do OCR) são digitalizados (transformados em imagens digitais) com o
uso dos scanners Canon CanoScan N656U e Epson Expression 1640 XL. Como não é
possível o reconhecimento automatizado dos caracteres é feita uma avaliação do material para
ver se é possível mantê-lo como imagem ou se ele deve ser digitado manualmente para que
possa seguir para o próximo passo.
O último passo da digitalização de materiais impressos é a transformação em um formato
mais genérico e que demonstre certo nível de proteção contra modificação do documento, o
qual foi escolhido o .PDF, da Adobe Systems, que apresenta a maior confiabilidade contra
modificações e pode ter um controle de cópia e impressão maior que os outros tipos de
documentos que poderiam ter sido utilizados.
B. Áudios
Os materiais de áudio em fita cassete selecionados são digitalizados através da interligação de
um aparelho reprodutor e gravador de áudio da Aiwa com a entrada de áudio RCA presente na
placa de som Creative Sound Blaster 16 bits, por um cabo P2 Estéreo. Com a conecção
28. funcionando é inicializada a utilização do programa Sony Sound Forge 7.0 para captura do
áudio, inicialmente no formato Wave (sem compactação) para fazer com que o som mantenha
a sua máxima qualidade.
Após a captura de todo o áudio é iniciado o tratamento do som. O plug-in5 Sony Noise
Reduction 2.0 é utilizado nesta fase da operação com o objetivo de retirar ruídos e fazer com
que o som digitalizado tenha o mínimo de interferências possível, tornando sua qualidade
maior que a do arquivo de áudio original em fita cassete. O objetivo principal deste processo é
fazer uma remasterização do áudio, fazendo com que ele fique com a melhor qualidade
possível.
Mesmo com este processo existem casos extremos onde a fita teve seu áudio deteriorado de
forma irremediável até mesmo para os métodos mais avançados de redução de ruídos e
tratamento de áudio. Nestes casos específicos, quando nem ao menos pode ser feita uma
transcrição do áudio, a fita é descartada.
Materiais de áudio que já foram digitalizados no processo anterior, ou materiais que já
chegam a biblioteca em formato digital ou em Compact Disks (CDs), são comprimidos para o
formato MP3 (ainda com o uso do Sony Sound Forge), que mesmo não sendo o que apresenta
a melhor compressão é o mais utilizado e é tomado como um padrão “de facto” dentro da
industria multimídia e computação.
C. Vídeos
5
Plug-in: módulo ou adendo que adiciona novas funcionalidades a um programa específico ou que facilita o uso
de rotinas complexas ou seqüenciais, com o objetivo de automatizá-las.
29. O material em formato de vídeo em fitas VHS é digitalizado através de uma conecção de alta-
velocidade Fire Wire com um aparelho de reprodução de fitas VHS. O material é então
transformado tanto nos formatos MPG como em AVI compactado com o codec6 DIVx. Essa
transposição é feita com a ajuda do programa Adobe Premiere 6.5, que além do trabalho de
digitalização também faz a edição do material, podendo até mesmo dividi-lo em diversos
arquivos se o tamanho dele em um arquivo só for muito grande.
D. Fotos
O material em formato de fotos é digitalizado (transformado em imagens digitais) com o uso
dos scanners Canon CanoScan N656U e Epson Expression 1640 XL, com a ajuda do
programa Adobe Photoshop 7.0 que também é o programa utilizado para fazer a restauração
de imagens quando isto se mostra necessário. O formato final para este tipo de mídia é o
JPEG, padrão da industria fotográfica e também um padrão para imagens da Internet, junto
com o GIF e o PSD.
3.3 Indexação e Inserção na página
Quando o arquivo já está digitalizado é enviado para a equipe de indexação, que reúne todas
as informações disponíveis sobre aquele documento e as prepara para o preenchimento do
formulário específico para cada tipo e subtipo de arquivo presente na implementação da
BDPF. Após a definição das informações que vão constar nos diversos campos a serem
preenchidos parte para a utilização do programa de acesso ao banco de dados da BDPF, que
foi desenvolvido com o objetivo de fazer as inserções das referências dos arquivos ao banco
6
Codec: algoritmo ou método de compressão utilizado para diminuir o tamanho final de um arquivo digital
qualquer.
30. de dados que vai ser utilizado pelo sistema de busca e de geração dinâmica de páginas. O
programa foi escrito na linguagem de programação Delphi, utilizando o programa de mesmo
nome em sua versão 6.0.
O sistema de banco de dados em questão é o PostGreSQL, gerenciado pelo programa DB
Tools Manager. Todo o sistema da página é montado em um servidor Apache em conjunto
com o módulo Jakarta Tomcat, que dá suporte ao sistema de páginas dinâmicas baseados na
tecnologia Java, utilizando o Java Server Pages (JSP) como meio de acesso ao banco de
dados.
A tecnologia JSP foi escolhida porque ela é uma forma de se desenvolver páginas Web
dinânicas separando o design gráfico do acesso ao banco de dados, oferecendo uma liberdade
maior ao programador que está desenvolvendo o site. Para a geração do código JSP são
utilizados as plataformas de desenvolvimento Java, Sun NetBeans 3 e Eclipse Platform 2, em
conjunto com o Java 2 Enterprise Edition Software Development Kit, que é o ambiente de
desenvolvimento da linguagem de programação Java, criada pela Sun Microsystems.
Na definição e criação do design do site da biblioteca digital foram utilizados os programas
Macromedia Dreamweaver MX para a codificação do HTML, Macromedia Flash MX para as
animações, e os programas de computação gráfica Adobe Photoshop 7.0 e Corel Draw para a
criação e edição das imagens utilizadas na página.
3.4 Política de indexação da Biblioteca Digital Paulo Freire
31. A Política de Indexação da Biblioteca Digital Paulo Freire foi elaborada pelo grupo de
indexação formada pelas professoras: Elizabete Baltar, Francisca Arruda e Marynice Autran,
todas pertencentes ao Departamento de Biblioteconomia e Documentação (DBD) em seguida
pela bolsista Patrícia Morais (PIBIC/CNPq/UFPB). Aprovada a Política pela Coordenadora
da BDPF Profª Dra. Edna Gusmão de Góes Brennand, começou-se a utilizá-la na BDPF. A
falta de uma política de indexação e a inexistência de um vocabulário controlado na
Biblioteca Digital Paulo Freire, justificou a necessidade de elaborar um novo instrumento de
recuperação da informação. Esta Política tem como principal objetivo recuperar conteúdos
através da identificação de termos que resultará na elaboração de uma lista de cabeçalhos de
assunto, seguidos de uma descrição breve de seu significado, em consonância com as idéias
de Paulo Freire. Para que assim o usuário recupere a informação desejada com maior precisão
e eficiência.
32. 4. Atividades desenvolvidas
4.1 Reuniões:
Reunião coma a equipe de indexação, Professora Dra. Edna Brennand e os bolsistas:
Patrícia Morais, Fabiana Franca e Mauricio Linhares. Teve como pauta definição da
coordenação do grupo no possível afastamento da Profª Edna Brennand para fazer Pós
doutorado e firmar parceria com o Centro Paulo Freire Recife (PE);
Reunião com a orientadora para definição dos estudos sobre digitalização de vídeos;
Reunião coma a orientadora para definição do no cronograma de atividades para
pedido de renovação da bolsa;
4.2 Digitalização de materiais
Digitalização, correção e formatação do livro “Conscientização”;
Digitalização, correção e formatação do livro “Cartas à Guiné Bissau”;
Digitalização, correção e formatação do livro “Pedagogia: diálogo e conflito”;
Digitalização, correção e formatação do livro “Professora sim, Tia não. Cartas a quem
ousa ensinar”;
Digitalização e tratamento do arquivo de áudio “Paulo Freire fala sobre socialismo,
autoritarismo, alfabetização, alfabetização de adultos”;
Digitalização e tratamento do arquivo de áudio “Paulo Freire fala sobre seu método de
ensino”;
Digitalização e tratamento do arquivo de áudio “Paulo Freire fala sobre seu método de
ensino (A,B,E e F)”;
33. 4.3 Produção acadêmica e encontros:
O bolsista em questão não participou de encontros nem publicou artigos por ter iniciado a
participação no projeto depois dos eventos nos quais os outros bolsistas do projeto
apresentaram seus trabalhos. Entretanto ele já conta com um artigo pronto para publicação e
está a procura de oportunidades para apresentar o trabalho da biblioteca.
4.4 Outras atividades
Busca na web por possíveis eventos para o envio de trabalhos;
Reorganização dos arquivos e pastas da Biblioteca;
Busca constante de novos conteúdos para a página da BDPF;
Entregue as fitas cassetes digitalizadas em CD para a equipe de indexação;
Atualização de documentos e livros;
Capacitação para atualização do novo banco de dados;
Instalação dos programas necessários ao funcionamento da biblioteca nos
computadores pertencentes ao projeto;
Manutenção, atualização e configuração dos computadores pertencentes ao projeto;
Estudo sobre a utilização do programa Sony Sound Forge 7.0;
Estudo sobre a utilização do Plug-in Noise Reduction do programa Sony Sound Forge
7.0;
Estudo sobre a utilização do programa Adobe Premiere 7.0;
34. 5. Conclusão
A Biblioteca Digital Paulo Freire está montada sobre uma base sólida de pesquisa e
implementação de novas tecnologias. Todo o seu desenvolvimento, desde a política de
indexação quando os projetos do banco de dados, layout do site e formatos utilizados na
digitalização de documentos, foram discutidos exaustivamente, seguindo principalmente a
portabilidade. A busca por utilizar padrões “de fato”, como o formato .PDF e a programação
na plataforma Java 2, e os padrões reconhecidos internacionalmente como os formatos .JPEG
para imagens e .MPEG para vídeos demonstra toda esta preocupação com a portabilidade.
Seu objetivo como laboratório para a implementação de um sistema de bibliotecas digitais
está se tornando uma experiência de grande valor para todos os seus envolvidos, tanto aqueles
que trabalham diretamente com o projeto quando as pessoas beneficiadas com o material que
está disponível para acesso.
Mesmo utilizando a mais alta tecnologia, com tudo o que existe de mais recente em
digitalização, sistemas de bancos de dados, servidores de páginas Web e programação
orientada a objetos, o mérito do sucesso do projeto deve-se principalmente a sua equipe
interdisciplinar.
Como o próprio Paulo Freire definiu, a educação é um diálogo onde todos aprendem de todos,
ninguém sabe tudo e a construção desta biblioteca digital é uma prova de que este é realmente
o caminho. Cada um dos grupos relacionados com o desenvolvimento do projeto da biblioteca
compartilhou aquilo que mais sabia, cada pessoa participante do projeto deu a sua
35. contribuição para que opiniões tão heterogenias resultassem no sistema organizado e
funcional que utilizamos hoje.
Todo o sistema pode, finalmente, ser tido como um modelo para futuras incursões tanto da
UFPB quanto de qualquer outra universidade ou instituição que deseje ter uma biblioteca
digital, porque nosso objetivo também era desenvolver um sistema que pudesse ser aplicado
em outras bibliotecas, fora da nossa realidade.
Todos estes anos de esforço para chegar a este resultado mostram o quanto a pesquisa pode
ser importante e o quanto os seus resultados podem ajudar no desenvolvimento de novos
métodos de fazer a informação chegar a quem realmente precisa dela. Ainda parafraseando
Freire, o conhecimento parte da observação do mundo, da consciência da realidade e esta
consciência se dá através da educação, do diálogo, da troca de conhecimentos. E é desta troca
de conhecimentos que surge a liberdade, o saber verdadeiro, não o saber bancário, onde as
pessoas apenas armazenam a informação, mas o saber libertário, onde o conhecimento liberta
até mesmo as almas presas pela opressão.
Nosso trabalho agora, depois que tudo já está construído, é ensinar as pessoas como construir
um sistema parecido que se adeque as suas características e melhorar ainda mais o modelo
que criamos, pois sempre existem mais coisas para serem aprendidas e sempre vai haver um
caminho para que as coisas sejam melhoradas.
O desenvolvimento vai continuar seguindo o seu curso natural, junto com o avanço das
tecnologias da informação e comunicação e onde Tudo deve ser tratado como uma soma de
36. experiências, onde estaremos sempre aprendendo, sempre reconstruindo nossas idéias junto
com as idéias de outras pessoas que tenham o nosso mesmo objetivo, libertar.
Minha experiência na Biblioteca Digital Paulo Freire foi de grande importância não apenas
pelo conhecimento adquirido sobre o pedagogo Paulo Freire, mas também pelo modo de
trabalho desenvolvido no projeto. Não existe uma competição pra ver quem vai ser mais que o
outro, as pessoas não lutam umas contra as outras, todos trabalham juntos, discutem juntos e
resolvem os problemas juntos.
A oportunidade de trabalhar neste projeto também me trouxe novos conhecimentos na área de
digitalização de materiais, principalmente no que diz respeito a áudio, pois foi na duração do
projeto que aprendi a utilizar um dos programas mais utilizados para edição de áudio no
mundo, o Sony Sound Forge. Um conhecimento de alta valia para mim, principalmente
porque ele é muito utilizado no meu futuro meio de trabalho, o jornalismo, na edição de
programas e na preparação de falas gravadas previamente.
Os conhecimentos de utilização de bancos de dados e acesso a servidores web também foram
mais um ponto importante da minha participação deste projeto, pois pude entender o
funcionamento e a utilização de sistemas de bancos de dados e o desenvolvimento de páginas
web dinâmicas.
Mas por último, e o mais importante de todos, está o conhecimento adquirido sobre Freire.
Sua obra, sua metodologia, sua ideologia, são fatos que vão estar marcados na minha vivência
pelo resto de minha vida, principalmente por sua orientação socialista e dialética, onde eu
encontro uma influência em comum para nós, Karl Marx. A luta entre classes tem se mostrado
37. como o maior motor da história e os teóricos que fingem não enxergar este fato nos estudos
da sociedade, especialmente nas áreas de economia e educação, passam ao largo da realidade.
Hoje, depois deste contato com sua obra, tenho mais fé na possibilidade de mudança. Tenho
esperança de que ainda existem modos de nos livramos dos grilhões do capitalismo
imperialista, e dentro destes modos está a educação libertária que Freire tanto pregou. Ler
Paulo Freire é se libertar das amarras dos teóricos virtuais, que imaginavam uma realidade
que nunca existiu, criando métodos falhos que mesmo assim continuam a ser repetidos até os
nossos dias, como a alfabetização da “decoreba”.
Entrar em contato com a obra de Freire me reavivou um antigo desejo, um desejo que há
muito estava esquecido porque para muitos parecia ser loucura, ser professor. Ouvir ele nas
fitas digitalizadas, ler suas palavras nos livros nos quais trabalhei, trouxeram-me outra vez a
vontade de seguir a vida acadêmica, seguindo o seu exemplo. Um acadêmico politizado, que
saiba mostrar a realidade para seus companheiros de diálogo, pois a aula é de todos, não só do
professor.
38. 6. Referências Bibliográficas
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