1. Faculdade de Medicina de Lisboa
Módulo X - Medicina Geral e Ciências Sociais
Turma 4; Grupo B
Amorim AF
Ferreira R
Madeira S
Matias I
Nunes S
Parreira L
Prevalência de Sintomatologia associada a
Patologia do Sono
nos Utentes do C. S. de Benfica
3. Patologia do Sono
Sleep duration and mortality: a
systematic review and meta-
analysis
Nos doentes
que dormem
pouco
Risco Relativo de
mortalidade por
todas as causas
1,1x superior
aos demais
Sleep disruption and decline in
marital satisfaction across the
transition to parenthood
Alteração do
sono no pós-
parto
Contribui para
Diminuição da
satisfação
conjugal
RR=1,1
Fam Syst Health. 2009 Jun;27(2):153-60.J Sleep Res. 2009 Jun;18(2):148-58.
5. n=300 (1% da população do C.S.Benfica)
14.12.09 08.01.10
6. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 24
Escala de Epworth
25,9%
Sim
Não
Dores
Sim
Não
Congestão nasal
Sim
Não
Apneia
Sim
Não
Boca seca
Sim
Não
Ansiedade/
depressão ao
deitar
Sintomas
Nocturnos Sim
Não
Cefaleias
Sintomas
Diurnos
Sim
Não
Problemas no
trabalho
Sim
Não
Acidentes no
trabalho
Sim
Não
Sonolência
diurna
Sim
Não
Fadiga
8. Caracterização da Amostra
Total Homens Mulheres Valor-p
Total 300 96 204
Idade (anos) 51,77±19,49 54,8±1,9 50,5±1,4 ns
Dorme mal 37,9% 30,9% 41,4% ns
Sonolência diurna excessiva 22,4% 15,8% 19,6% ns
Problemas no trabalho 54,6% 9,4% 11,3% ns
Sem antecendentes 27,2% 29,2% 26,5% ns
n=300 (1% da população do C.S.Benfica)
12. 1. Apneia Obstrutiva do Sono
Interrupção da respiração normal durante o sono
pelo colapso da via aérea
(5+ episódios/ hora)
3ª doença respiratória mais prevalente
(1ªAsma; 2ªDPOC)
Até 20% de prevalência na população
AOS não tratada ou não diagnosticada
apresenta graves consequências
Factor de risco independente e
modificável de doença cardiovascular!
Stress oxidativo
Sensibilidade barorreflexa
Inflamação sistémica
Postgrad Med. 2009 Jul;121(4):33-41.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 3. Art. No.: CD001106.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2001, Issue 1. Art. No.: CD002875.
Rev Invest Clin. 2008 Nov-Dec;60(6):502-16.
Cardiovasc Diabetol. 2006 Nov 1;5:22.
Eur Respir J. 2009 Apr;33(4):907-14.
Lancet. 2005 Mar 19-25;365(9464):1046-53.
Manifestação de síndrome metabólica?
13. 1. Apneia Obstrutiva do Sono
SintomasNocturnos
Ressonar alto, com
episódios de 20-30s de
silêncio
Apneia
Engasgar-se
Dispneia
Desassossego
Acordar várias vezes
Nictúria
Diaforese
Pirose
Boca seca
SintomasDiurnos
Sonolência
Fadiga
Cefaleias matinais
Falta de concentração
Diminuição da líbido e
impotência
Diminuição da atenção
Depressão
Alterações da
personalidade
Factores de Risco
•Obesidade
•Género Masculino
•Congestão nasal
•Idade>65A
•História familiar
•Álcool ou sedativos
•Privação de sono
•Posição supina
•Alergias respiratórias
Postgrad Med. 2009 Jul;121(4):33-41.
14. 1. Apneia Obstrutiva do Sono
22,34%
5%
8%
5 ou mais sintomas AOS Com critérios diagnóstico
5 ou mais
das características de AOS
•58,2% são homens (p<0,001)
•59,7% tem menos de 65A (valor-p não significativo)
35.5
54.2
64.5 48.5
Sem Com critérios
Prevalência de HTA?
Com HTA Sem
P=0,069
IC=]0,927;4,972[
OR=2,14
15. 1. Apneia Obstrutiva do Sono
CPAP
“Continuous
Positive
Airway
Pressure”
Tónus Muscular das Vias Aéreas
Perda de peso Higiene do sono Exercício Físico
Beneficios sintomáticos
HTA
Risco de eventos CV
Postgrad Med. 2009 Jul;121(4):33-41.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 3. Art. No.: CD001106.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2001, Issue 1. Art. No.: CD002875.
16. 2. Insónia
Características
Dificuldade e receio em adormecer
Dificuldade em manter o sono
Acordar muito cedo
Sensação de sono “não-reparador”
Fadiga, adinamia e sonolência diurna
Dificuldade de concentração
Irritabilidade
História de depressão ou ansiedade
Sexo feminino
17. 39%
33%
13% 5%
Sonolento durante o dia Problemas no trabalho
Consequências?
Com características de Insónia Sem
P<0,001
IC=]2,30;8,23[
OR=4,35
P<0,001
IC=]4,19;20,31[
OR=9,23
2. Insónia
20%
80%
6 ou mais
das 9 características de
insónia consideradas
25%
32%
7.70% 8.10%
Fármacos Anti-Depressivos Fármacos Ansiolíticos
Medicados?
Com Insónia Sem
p<0,001
IC=]2,18;13,31[
OR=5,38
P=0,003
IC=]1,52;10,45[
OR=3,98
p<0,001
IC=]9,04;3,75[
OR=18,48
* Sem diferença estatisticamente significativa no valor de Epworth patológico.
•86,9% são mulheres (p<0,001)
•67,9% tem menos de 65A (valor-p não significativo)
18. 2. Insónia
Actuar na causa
Higiene do sono
• Evitar
• sestas prolongadas
• ficar demasiado tempo na cama
• praticar exercício físico pouco
antes de adormecer
• consumo da cafeína
• Tentar
• Tomar banho ou bebidas quentes
antes de adormecer
• Manter um horário regular para
adormecer e cordar
• Expôr-se a luz solar nos primeiros
30 minutos após o acordar
• Manter quarto escuro e silencioso
Terapêutica Farmacológica
• Antidepressivos
• Ansiolíticos
19. 2. Insónia Depressão
• Depressão ↔ Insónia
↑ Risco de suicídio
↑ Risco de recorrência de depressão
CNS Drugs. 2009;23(4):309-29.
19%
81%
Queixas de Depressão ou
medicado com Antidepressivos
Insónia
24%
Sem
76%
!
Cuidar do
sono quando
se cuida da
depressão!
•82,5% são mulheres (p=0,01)
•64,9% tem menos de 65A (valor-p não significativo)
20. 76
76
132
16
Sem Com patologia AO
Sem Com queixas álgicas relacionadas com o sono
4. Patologia Osteo-Articular
p<0,001
IC=]4,49;15,16[
OR=8,25
* Sem diferença estatisticamente significativa no valor de Epworth patológico ou nas queicas de dormirem pouco tempo.
•N=92 doentes com patologia OA
•62,5% tem menos de 65A (p=0,03)
•76,3% são mulheres (p=0,002)
23.00%
48.70% 49.30%
13.50% 24.30% 26.70%
Sonolento durante o dia Acordado por não
conseguir dormir
Dormir mal
Consequências?
Com queixas álgicas Sem
1.92
2.95
2.67
Odd Ratio
23. HábitosHábitos
Consumo de café
Trabalhar por turnos
Desporto
Consequências
Valor de Epworth médio
Tempo que dorme
Dormir pouco
Não conseguir dormir
Dormir mal
Acordar durante a noite
Problemas no trabalho
Sonolência diurna
25. Conclusões
• As queixas relacionadas com a patologia do sono são muito
prevalentes
• O diagnóstico precoce destes doentes será muito
provelmenete feito ao nível dos cuidados de saúde primários
• É recomendado que o médico esteja alerta para esta
sintomatologia
27. Bibliografia
• Ferro J, Pimentel J, Neurologia - Princípios, Diagnóstico e Tratamento, Lisboa: LIDEL - Edições técnicas, 2006
• Kryger M, Roth T, Dement, WC, Principles and practice of Sleep Medicine, Third Edition, Pennsylvania, USA: WB
Saunders Company, 2000
• Ohayon MM, Prevalence and comorbidity of sleep disorders in general population, Rev Prat. 2007 Sep
30;57(14):1521-8.
• Sigurdson K, Ayas NT, The public health and safety consequences of sleep disorders, Can J Physiol
Pharmacol. 2007 Jan;85(1):179-83
• Shneerson J, Wright JJ. Lifestyle modification for obstructive sleep apnoea. Cochrane Database of Systematic
Reviews 2001, Issue 1. Art. No.: CD002875. DOI: 10.1002/14651858.CD002875
• Giles TL, Lasserson TJ, Smith B, White J, Wright JJ, Cates CJ. Continuous positive airways pressure for
obstructive sleep apnoea in adults. Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 3. Art. No.:
CD001106. DOI: 10.1002/14651858.CD001106.pub3.
• Lieberman JA 3rd, Obstructive sleep apnea (OSA) and excessive sleepiness associated with OSA: recognition in
the primary care setting, Postgrad Med. 2009 Jul;121(4):33-41.
• Jennum P, Riha RL, Epidemiology of sleep apnoea/hypopnoea syndrome and sleep-disordered breathing, Eur
Respir J. 2009 Apr;33(4):907-14.
• Gruber A, Horwood F, Sithole J, Ali NJ, Idris I, Obstructive sleep apnoea is independently associated with the
metabolic syndrome but not insulin resistance state, Cardiovasc Diabetol. 2006 Nov 1;5:22.
• Torre-Bouscoulet L, Castorena-Maldonado A, Sada-Ovalle I, Meza-Vargas MS, [Mechanisms of cardiovascular
damage in obstructive sleep apnea], Rev Invest Clin. 2008 Nov-Dec;60(6):502-16
• Jindal RD., Insomnia in patients with depression: some pathophysiological and treatment considerations, CNS
Drugs. 2009;23(4):309-29.
Notas do Editor
Com o nosso trabalho pretendemos caracterizar “Prevalência de Sintomatologia associada a Patologia do Sono nos Utentes do C. S. de Benfica”.Sabemos bem que o sono é uma necessidade de todos os mamíferos e que não está bem compreendida. A alteração da sua qualidade ou da sua quantidade causam perturbações da vida diária, bem como incidência aumentada de outras patologia, com custos indirectos acrescidos.
A grande repercussão da privação de sono (que certamente todos nós aqui já sentimos), bem como o facto de não estarem bem caracterizadas a prevalência de sintomas, contribuiu para que escolhessemos este tema para o nosso trabalho de campo.
Tomamos aqui os exemplos de dois artigos do ano de 2009, uma meta-análise que indica um risco aumentado de mortalidade por todas as causas nos doentes que dormem pouco tempo E um estudo que demonstra o papel da alteração dos hábitos do sono conjugais no pós-parto como factor que contribui a diminuição da satisfação conjugal.
Foram entregues 300 questionários…
…com questões do tipo Sim/Não, que nos permitiram avaliar a prevalência de sintomas da patologia do sono. Usámostambém uma variável contínua, a Escala de Epworth, que avalia a probabilidade que cada pessoa tem de adormecer em situações concretas do dia-a-dia. Quanto maior o seu valor, maior a probabilidade. Na nossa amostra, ¼ dos utentes apresentam um valor patológico.
A média de idades da nossa amostra é de cerca de 52A, com 1/3 a referir que dorme mal, 1/5 a referir que anda sonolento e metade a dizer ter repercussõesno trabalho resultantes destes factos.
A partir dos sintomas diurnos compatíveis com patologia do sono, podemos observar que 18,3% da nossa amostra diz “Andar Sonolento” durante o dia, o que coincide com valores mais elevados na escala de Epworth neste grupo.Dentro desse grupo,é também 5 vezes maior a probabilidade de referirem ter problemas no trabalho devido à sonolência.
Estudar estas variáveis permitiu-nos depois agrupá-las segundo as doenças a que estão associadas. Embora possam ser feitas outras associações decorrente das cercas de 60 variáveis estudadas, optámos por nos debruçar sobre 5 grupos de doentes:AOSDepressãoInsóniaPatologia OA
A primeira doença que escolhemos abordar é a Apneia Obstutiva do Sono, que é definida como sendo mais de 5 episódios de interrupção da respiração normal durante o sono pelo colapso da via aérea.Como se pode observar das conclusões deste estudo, publicado em 2005 no Lancet, para esta doença está bem comprovado o aumento da mortalidade e da morbilidade por causas cardiovasculares.Esta doença pode ser considerada como um factor de risco independente e modificável de doença cardiovascular.
Esta patologia manifesta-se com sintomas nocturnose com sintomas diurnos,[CLIQUE]e está associada a alguns factores de risco. Considerando uma lista de 10 sintomas de AOS,[CLIQUE]
chegámos à conclusão que cerca de 1/5 dos doentes apresentava 5 ou mais destes sintomas, apesar de apenas 5% referir o diagnóstico de AOS. Considerando os critérios diagnósticos para a AOS, cerca de 8% poderiam receber (de acordo com as respostas ao questionário) este diagnóstico. Estes dados sugerem uma percentagem elevada doentes que se encontra subdiagnosticada. [CLIQUE]Tal como a bibliografia sugere, reparámos, ainda, que os doentes com critérios de AOS tinham maior prevalência de HTA, embora esta diferença não fosse estatisticamente significativa. Deixamos, porém, a ressalva de que a nossa amostra continha apenas 24 doentes (era muito reduzida) e que o valor-p era quase significativo (=0,069).
A terapêutica de primeira linha é o CPAP, o qual cria uma pressão positiva que mantém a via aérea aberta. Este procedimento, se for associado a medidas gerais que aumentem o tónus muscular das vias aéreas, está associado a maiores benefícios sintomáticos, bem como à diminuição da HTA e de riscos de eventos CV.
Outra patologia que abordámos foi a insónia.Das características associadas à insónia, algumas foram incluídas no nosso questionário. Elaborámos um score que agrupou os doentes numa categoria chamada “Insónia”.
Assim, na nossa amostra existem 20,3% de doentes que apresentam no presente 6 ou mais das características associáveis à insónia.Estes doentes têm, mesmo assim, uma probabilidade 18 vezes superior de estarem já medicados com ansiolíticos e/ou antidepressivos. No entanto, têm uma prevalência muito superior de queixas de sonolência durante o dia ou de terem problemas no trabalho.Uma vez que a actuação neste grupo de doentes passa também pela medicação com benzodiazepinas,indutores do sono não-benzodiazepínicos ou com antidepressivos, poder-se-á dizer que se deve proceder a um ajuste terapêutico nestes doentes? E naqueles que ainda não estão medicados? Que medidas de higiene do sono sugerir?
Que medidas de higiene do sono sugerir?Enunciamos aqui algumas medidas básicas, como evitar praticar exercício físico nas horas que antecedem o adormecer ou manter um horário regular para acordar. Em combinação ou não com a terapêutica farmacológica.
Na nossa amostra, 19% apresentam queixas de depressão ou encontram-se já medicados com antidepressivos.Destes doentes, 24% podem ser incluídos na categoria “insónia”.É sabido que a insónia surge muito ligada à depressão. Nos doentes com depressão, a insónia aumenta de forma independente o risco de suicídio e de recorrência de depressão.Então, quando se pretende cuidar da depressão, é importante cuidar dos hábitos de sono do doente!
Outro grupo de doentes com características semelhantes entre si são os doentes que disseram ter patologia osteo-articular.As pessoas que referiram possuir patologias desta natureza tinham uma probabilidade cerca de 8 vezes superior de terem dores durante o sono. Acabam, assim, por dormir pior que as pessoas que não têm dores, por andarem mais sonolentos durante o dia e por passarem mais horas acordadas durante a noite.
Do cruzamento das nossas variáveis, houve associações que não se mostraram fortes, ao contrário daquilo que esperávamos…
…os idosos não têm mais queixas compatíveis com patologia do sono do que a demais população…
…bem como os diferentes consumos não condicionam aumento ou diminuição das queixas estudadas.