SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Os Lusíadas 
CAMÕES – A consciência de um século 
(…) nunca Camões é um narrador neutro, objetivo, não comprometido. A sua epopeia obedece ao intuito de dignificar o Homem na sua real grandeza, que resulta da sua vitória permanente sobre a sua congénita fraqueza - e todo o Poema lá está a dizer-nos isso mesmo, a vitória do homem sobre o “Céu sereno”, sobre o medo,(…) sobre Neptuno e Baco, sobre as dificuldades sérias do “caminho da virtude”, “alto e fragoso / Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso”. 
Esta vitória do Homem sobre a Natureza e – o que é mais – sobre si mesmo –, abandonando o egoísmo, o gosto da vida fácil, é a vitória também contra o cepticismo de quem acredita inviável a vitória final e, o que é mais, profetiza a queda, a desgraça, a miséria final. É a vitória sobre o seu elemento natural – a Terra – para ser dono dos outros elementos – a Água – e, quem sabe, talvez um dia também do Fogo querido por Prometeu ou do Ar desejado por Ícaro. 
É, portanto, uma profissão belíssima de fé a que Camões nos oferece. 
Mas esta profissão de fé, perfeitamente enquadrada no espírito da época renascentista, vai a par com a constatação muito clara de que os homens seus contemporâneos vão progressivamente sendo abandonados pela fé nas suas possibilidades, pelo ideal de heroicidade que Camões celebra. A pátria, a sua pátria, diz Camões com amargura 
… está metida 
No gosto da cobiça e na rudeza 
Duma austera, apagada e vil tristeza 
(X, est.145) 
Daí a necessidade de fazer sentir como o Homem é grande, recordando feitos gloriosos e incentivando os contemporâneos a partir para novas tarefas, capazes de fazer reconquistar a fé perdida, a virtude. É esta, a meu ver, a principal mensagem d’Os Lusíadas e o verdadeiro sentido das invectivas a D. Sebastião, o rei que então reinava em período de “austera, apagada e vil tristeza”. Daí o sentido da generalidade dos excursos moralizadores existentes no Poema, sobretudo nos finais de Canto. Ergue-se do conjunto desses excursos uma teoria, uma ideologia, um conjunto de valores ético-políticos que representam, sem dúvida, uma mensagem capaz de reerguer à grandeza o homem seu contemporâneo. 
O ideal de homem virtuoso é, para Camões, e ele di-lo claramente, o daquele que, como ele, for possuidor de 
…honesto estudo 
Com longa experiência misturado 
E também de “engenho”. 
Como atingir este ideal?
Recusando uma vida ociosa, à sombra dos antepassados, no meio do luxo e do conforto, (…), sendo forte na guerra; desprezando as “honras vãs” e o dinheiro fácil que corrompe as consciências; difundindo a fé de Cristo; promovendo a europeização do mundo; (…) protegendo e cultivando a poesia e demais artes; recusando a lisonja, o egoísmo (…); a ambição de ocupar bons lugares para melhor se exercer a corrupção, (…) 
Que os homens sejam justos em tempo de paz e isso significa a recusa da tirania, da exploração dos pequenos; que sejam valentes em tempo de guerra. 
Aos poetas compete celebrarem estes valores, dar-lhes o prémio merecido da imortalidade; (…) 
Portanto, há, da parte de Camões, um ideal bem definido de grandeza, a par da consciência inquieta e amarga de que o seu tempo não é já tempo de grandeza. Daí o seu grito de alarme e de esperança que não quer morrer, mas ser revivificada.(…) 
Como, mais tarde, diria Fernando Pessoa, “É a hora!” (…) 
Amélia Pinto Pais, Para Compreender Os Lusíadas, Areal Editores, 1981

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Os Lusíadas canto I
Os Lusíadas   canto IOs Lusíadas   canto I
Os Lusíadas canto I
 
Cronicas selecionadas da coluna do estadao
Cronicas selecionadas da coluna do estadaoCronicas selecionadas da coluna do estadao
Cronicas selecionadas da coluna do estadao
 
Cantos i e ii lusíadas
Cantos i e ii   lusíadasCantos i e ii   lusíadas
Cantos i e ii lusíadas
 
Analise os lusiadas 1
Analise os lusiadas 1Analise os lusiadas 1
Analise os lusiadas 1
 
Classicismo
ClassicismoClassicismo
Classicismo
 
Classicismo
ClassicismoClassicismo
Classicismo
 
72
7272
72
 
Os Lusíadas (Luis de Camões) - Canto II
Os Lusíadas (Luis de Camões) - Canto IIOs Lusíadas (Luis de Camões) - Canto II
Os Lusíadas (Luis de Camões) - Canto II
 
Tétis e a ilha dos amores
Tétis e a ilha dos amoresTétis e a ilha dos amores
Tétis e a ilha dos amores
 
Intertextos
IntertextosIntertextos
Intertextos
 
Classicismo 2. revisado
Classicismo 2. revisadoClassicismo 2. revisado
Classicismo 2. revisado
 
Os Lusíadas canto II
Os Lusíadas   canto IIOs Lusíadas   canto II
Os Lusíadas canto II
 
José de Alencar - Alfarrábios - O garatuja
José de Alencar - Alfarrábios - O garatujaJosé de Alencar - Alfarrábios - O garatuja
José de Alencar - Alfarrábios - O garatuja
 
Barroco brasileiro
Barroco brasileiroBarroco brasileiro
Barroco brasileiro
 
11 oh jerusalém!...
11   oh jerusalém!...11   oh jerusalém!...
11 oh jerusalém!...
 
Os Lusíadas O Velho do Restelo - IV Canto
Os Lusíadas   O Velho do Restelo -  IV CantoOs Lusíadas   O Velho do Restelo -  IV Canto
Os Lusíadas O Velho do Restelo - IV Canto
 
Intertextualidade Mensagem e Os Lusíadas
Intertextualidade Mensagem e Os LusíadasIntertextualidade Mensagem e Os Lusíadas
Intertextualidade Mensagem e Os Lusíadas
 
Contos phantásticos - Teófilo Braga
Contos phantásticos - Teófilo BragaContos phantásticos - Teófilo Braga
Contos phantásticos - Teófilo Braga
 
Mensagem
MensagemMensagem
Mensagem
 
Lusíadas
LusíadasLusíadas
Lusíadas
 

Destaque

Destaque (20)

Texto pub..
Texto pub..Texto pub..
Texto pub..
 
Texto publicitário
Texto publicitárioTexto publicitário
Texto publicitário
 
Expressões latinas
Expressões latinasExpressões latinas
Expressões latinas
 
Texto publicitário
Texto publicitárioTexto publicitário
Texto publicitário
 
A publicidade graça (1)
A publicidade graça (1)A publicidade graça (1)
A publicidade graça (1)
 
Quadro sobre modalidade
Quadro sobre modalidadeQuadro sobre modalidade
Quadro sobre modalidade
 
Porque e por que
Porque e por quePorque e por que
Porque e por que
 
Classes de palavras
Classes de palavrasClasses de palavras
Classes de palavras
 
Modernismo em portugal
Modernismo em portugalModernismo em portugal
Modernismo em portugal
 
Ficha de gramática12º
Ficha de gramática12ºFicha de gramática12º
Ficha de gramática12º
 
A publicidade graça (1)
A publicidade graça (1)A publicidade graça (1)
A publicidade graça (1)
 
Quantificadores
QuantificadoresQuantificadores
Quantificadores
 
A estrutura d` os lusíadas
A estrutura d` os lusíadasA estrutura d` os lusíadas
A estrutura d` os lusíadas
 
29 regras para escrever português corretamente
29 regras para escrever português corretamente29 regras para escrever português corretamente
29 regras para escrever português corretamente
 
Sintaxe e semântica lexical
Sintaxe e semântica lexicalSintaxe e semântica lexical
Sintaxe e semântica lexical
 
Não se diz...diz-se
Não se diz...diz-seNão se diz...diz-se
Não se diz...diz-se
 
Apresentação de 2013
Apresentação de 2013Apresentação de 2013
Apresentação de 2013
 
Trabalho de pesquisa oralidade património2015-16 10.ºano
Trabalho de pesquisa   oralidade património2015-16  10.ºanoTrabalho de pesquisa   oralidade património2015-16  10.ºano
Trabalho de pesquisa oralidade património2015-16 10.ºano
 
Cesário verde síntese
Cesário verde   sínteseCesário verde   síntese
Cesário verde síntese
 
Processos formação palavras
Processos formação palavrasProcessos formação palavras
Processos formação palavras
 

Semelhante a Camões - A mensagem de fé e grandeza

_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.ppt
_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.ppt_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.ppt
_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.pptSandra Ameixinha
 
Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)
Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)
Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)LauraMoreira94
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaDina Baptista
 
O velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - LusíadasO velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - LusíadasJoão Baptista
 
Os lusíadas, de luís de camões
Os lusíadas, de luís de camõesOs lusíadas, de luís de camões
Os lusíadas, de luís de camõesAntónio Fraga
 
O classicismo em portugal
O classicismo em portugalO classicismo em portugal
O classicismo em portugalma.no.el.ne.ves
 
1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.ppt
1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.ppt1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.ppt
1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.pptMarlenePastor2
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141luisprista
 
Lusiadas pontosessenciais
Lusiadas pontosessenciaisLusiadas pontosessenciais
Lusiadas pontosessenciaisMariaGuida
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulasluisprista
 

Semelhante a Camões - A mensagem de fé e grandeza (20)

_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.ppt
_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.ppt_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.ppt
_Os Lusíadas__ reflexões do poeta.ppt
 
Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)
Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)
Os Lusíadas: reflexões do poeta (Mensagens)
 
Os Lusíadas
Os Lusíadas Os Lusíadas
Os Lusíadas
 
OS LUSÍADAS 2.docx
OS LUSÍADAS 2.docxOS LUSÍADAS 2.docx
OS LUSÍADAS 2.docx
 
classicismo Pablo kdabra.ppt
classicismo Pablo kdabra.pptclassicismo Pablo kdabra.ppt
classicismo Pablo kdabra.ppt
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
 
O velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - LusíadasO velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - Lusíadas
 
Classicismo
ClassicismoClassicismo
Classicismo
 
Gramaticaelusiadas
GramaticaelusiadasGramaticaelusiadas
Gramaticaelusiadas
 
Os lusíadas, de luís de camões
Os lusíadas, de luís de camõesOs lusíadas, de luís de camões
Os lusíadas, de luís de camões
 
O classicismo em portugal
O classicismo em portugalO classicismo em portugal
O classicismo em portugal
 
1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.ppt
1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.ppt1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.ppt
1º ANO - ENSINO MÉDIO classicismo-ppt.ppt
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
 
Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580
 
Lusiadas 10º ano
Lusiadas 10º anoLusiadas 10º ano
Lusiadas 10º ano
 
Lusiadas pontosessenciais
Lusiadas pontosessenciaisLusiadas pontosessenciais
Lusiadas pontosessenciais
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
 
50 anos depois
50 anos depois50 anos depois
50 anos depois
 
50 anos depois
50 anos depois50 anos depois
50 anos depois
 
Cinquenta Anos Depois
Cinquenta Anos DepoisCinquenta Anos Depois
Cinquenta Anos Depois
 

Mais de quintaldasletras

Trabalho sobre o barroco tg
Trabalho sobre o barroco    tgTrabalho sobre o barroco    tg
Trabalho sobre o barroco tgquintaldasletras
 
Exposição oral guião para leitura de cartoons
Exposição oral   guião para leitura de cartoonsExposição oral   guião para leitura de cartoons
Exposição oral guião para leitura de cartoonsquintaldasletras
 
Exposição oral guião para leitura de cartoons
Exposição oral   guião para leitura de cartoonsExposição oral   guião para leitura de cartoons
Exposição oral guião para leitura de cartoonsquintaldasletras
 
Ficha informativa memorial do convento
Ficha informativa memorial do conventoFicha informativa memorial do convento
Ficha informativa memorial do conventoquintaldasletras
 
Ficha de trabalho de português o verbo (1)
Ficha de trabalho de português   o verbo (1)Ficha de trabalho de português   o verbo (1)
Ficha de trabalho de português o verbo (1)quintaldasletras
 
Ficha de trabalho de português o verbo (1)
Ficha de trabalho de português   o verbo (1)Ficha de trabalho de português   o verbo (1)
Ficha de trabalho de português o verbo (1)quintaldasletras
 
29 regras para escrever português corretamente
29 regras para escrever português corretamente29 regras para escrever português corretamente
29 regras para escrever português corretamentequintaldasletras
 
29 regras para escrever português correctamente
29 regras para escrever português correctamente29 regras para escrever português correctamente
29 regras para escrever português correctamentequintaldasletras
 
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15quintaldasletras
 
Subclasses dos verbos exercícios
Subclasses dos verbos exercíciosSubclasses dos verbos exercícios
Subclasses dos verbos exercíciosquintaldasletras
 
Predicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoPredicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoquintaldasletras
 
Ficha informativa e de trabalho modificadores
Ficha informativa e de trabalho modificadores Ficha informativa e de trabalho modificadores
Ficha informativa e de trabalho modificadores quintaldasletras
 

Mais de quintaldasletras (19)

Trabalho sobre o barroco tg
Trabalho sobre o barroco    tgTrabalho sobre o barroco    tg
Trabalho sobre o barroco tg
 
Exposição oral guião para leitura de cartoons
Exposição oral   guião para leitura de cartoonsExposição oral   guião para leitura de cartoons
Exposição oral guião para leitura de cartoons
 
Cartoons para análise
Cartoons para análiseCartoons para análise
Cartoons para análise
 
Exposição oral guião para leitura de cartoons
Exposição oral   guião para leitura de cartoonsExposição oral   guião para leitura de cartoons
Exposição oral guião para leitura de cartoons
 
Ficha informativa memorial do convento
Ficha informativa memorial do conventoFicha informativa memorial do convento
Ficha informativa memorial do convento
 
Ficha de trabalho de português o verbo (1)
Ficha de trabalho de português   o verbo (1)Ficha de trabalho de português   o verbo (1)
Ficha de trabalho de português o verbo (1)
 
Ficha de trabalho de português o verbo (1)
Ficha de trabalho de português   o verbo (1)Ficha de trabalho de português   o verbo (1)
Ficha de trabalho de português o verbo (1)
 
Https
HttpsHttps
Https
 
A publicidade graça (1)
A publicidade graça (1)A publicidade graça (1)
A publicidade graça (1)
 
Camões lírico teoria
Camões lírico teoriaCamões lírico teoria
Camões lírico teoria
 
29 regras para escrever português corretamente
29 regras para escrever português corretamente29 regras para escrever português corretamente
29 regras para escrever português corretamente
 
29 regras para escrever português correctamente
29 regras para escrever português correctamente29 regras para escrever português correctamente
29 regras para escrever português correctamente
 
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
 
Carta formal
Carta formalCarta formal
Carta formal
 
Subclasses dos verbos exercícios
Subclasses dos verbos exercíciosSubclasses dos verbos exercícios
Subclasses dos verbos exercícios
 
Subclasses dos verbos
Subclasses dos verbosSubclasses dos verbos
Subclasses dos verbos
 
Flexão verbal
Flexão verbalFlexão verbal
Flexão verbal
 
Predicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoPredicativo do complemento direto
Predicativo do complemento direto
 
Ficha informativa e de trabalho modificadores
Ficha informativa e de trabalho modificadores Ficha informativa e de trabalho modificadores
Ficha informativa e de trabalho modificadores
 

Último

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfMárcio Azevedo
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 

Último (20)

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 

Camões - A mensagem de fé e grandeza

  • 1. Os Lusíadas CAMÕES – A consciência de um século (…) nunca Camões é um narrador neutro, objetivo, não comprometido. A sua epopeia obedece ao intuito de dignificar o Homem na sua real grandeza, que resulta da sua vitória permanente sobre a sua congénita fraqueza - e todo o Poema lá está a dizer-nos isso mesmo, a vitória do homem sobre o “Céu sereno”, sobre o medo,(…) sobre Neptuno e Baco, sobre as dificuldades sérias do “caminho da virtude”, “alto e fragoso / Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso”. Esta vitória do Homem sobre a Natureza e – o que é mais – sobre si mesmo –, abandonando o egoísmo, o gosto da vida fácil, é a vitória também contra o cepticismo de quem acredita inviável a vitória final e, o que é mais, profetiza a queda, a desgraça, a miséria final. É a vitória sobre o seu elemento natural – a Terra – para ser dono dos outros elementos – a Água – e, quem sabe, talvez um dia também do Fogo querido por Prometeu ou do Ar desejado por Ícaro. É, portanto, uma profissão belíssima de fé a que Camões nos oferece. Mas esta profissão de fé, perfeitamente enquadrada no espírito da época renascentista, vai a par com a constatação muito clara de que os homens seus contemporâneos vão progressivamente sendo abandonados pela fé nas suas possibilidades, pelo ideal de heroicidade que Camões celebra. A pátria, a sua pátria, diz Camões com amargura … está metida No gosto da cobiça e na rudeza Duma austera, apagada e vil tristeza (X, est.145) Daí a necessidade de fazer sentir como o Homem é grande, recordando feitos gloriosos e incentivando os contemporâneos a partir para novas tarefas, capazes de fazer reconquistar a fé perdida, a virtude. É esta, a meu ver, a principal mensagem d’Os Lusíadas e o verdadeiro sentido das invectivas a D. Sebastião, o rei que então reinava em período de “austera, apagada e vil tristeza”. Daí o sentido da generalidade dos excursos moralizadores existentes no Poema, sobretudo nos finais de Canto. Ergue-se do conjunto desses excursos uma teoria, uma ideologia, um conjunto de valores ético-políticos que representam, sem dúvida, uma mensagem capaz de reerguer à grandeza o homem seu contemporâneo. O ideal de homem virtuoso é, para Camões, e ele di-lo claramente, o daquele que, como ele, for possuidor de …honesto estudo Com longa experiência misturado E também de “engenho”. Como atingir este ideal?
  • 2. Recusando uma vida ociosa, à sombra dos antepassados, no meio do luxo e do conforto, (…), sendo forte na guerra; desprezando as “honras vãs” e o dinheiro fácil que corrompe as consciências; difundindo a fé de Cristo; promovendo a europeização do mundo; (…) protegendo e cultivando a poesia e demais artes; recusando a lisonja, o egoísmo (…); a ambição de ocupar bons lugares para melhor se exercer a corrupção, (…) Que os homens sejam justos em tempo de paz e isso significa a recusa da tirania, da exploração dos pequenos; que sejam valentes em tempo de guerra. Aos poetas compete celebrarem estes valores, dar-lhes o prémio merecido da imortalidade; (…) Portanto, há, da parte de Camões, um ideal bem definido de grandeza, a par da consciência inquieta e amarga de que o seu tempo não é já tempo de grandeza. Daí o seu grito de alarme e de esperança que não quer morrer, mas ser revivificada.(…) Como, mais tarde, diria Fernando Pessoa, “É a hora!” (…) Amélia Pinto Pais, Para Compreender Os Lusíadas, Areal Editores, 1981