1. Padrões culturais e cultura:
outras formas de pensar a
cultura (continuação)
PERSPECTIVA FRANCESA DE CULTURA
2. Breve revisão: o funcionalismo inglês
BRONISLAW MALINOWISKI (1884 – 1942)
Propõe o método etnográfico: pesquisa de campo, de longa duração,
através da “observação participante”
Destaque: fluência no idioma local
Para entender uma sociedade é preciso observar o presente para entender
o funcionamento dessa sociedade = a estrutura social depende da relação
entre as diversas partes dessa sociedade (produção e distribuição da
comida, regras de parentesco, crença religiosa, uso da terra, etc.).
3. Estruturalismo francês: Claude Lévi-
Strauss (1908-2009)
Aluno de Marcel Mauss (1872-1950)
Crítica à visão do evolucionismo social
Comparação sistemática com trabalhos de antropólogos anteriores
Segundo Marcel Mauss, a base da sociedade é a sua capacidade de
ALIANÇA: desde a sua origem, as sociedades se mantém através das
trocas, desde a linguagem até utensílios de caça, agricultura, etc.; OU SEJA,
da sua capacidade de “dar e receber” (TEORIA DAS TROCAS).
4. Claude Lévi-Strauss (1908-2009) - Pesquisou indígenas por
todo o território americano: criou o MÉTODO
ETNOLÓGICO
ETNOGRAFIA
Método: descritivo
Estudo: sincrônico
Comparações: em pequena escala
Objetivo: alcançar um conhecimento
geral com base em uma série extensa
de casos particulares, que, de forma
indutiva, podem comparar-se entre si.
ETNOLOGIA
Método: comparativo
Estudo: diacrônico
Comparações: em grande escala
Objetivo: generalizar e formar leis
com base em grande quantidade de
casos, com relação a comportamentos
sociais.
5. Claude Lévi-Strauss (1908-2009)
Antropologia estrutural – obra publicada em 1958: perspectiva de análise que
estuda estruturas universais comuns a diferentes culturas.
Porém, essa estrutura não é evidente; ela é um modelo inconsciente, que
pertence ao campo das representações mentais.
A estrutura não se limita aos dados observados em uma etnografia. Ela vai
além da experiência de campo, da observação “in loco”, pois demanda uma
estrutura intelectual do pesquisador. Daí propor a ETNOLOGIA: o estudo dos
fatos e documentos levantados por uma ou mais etnografias para fins de
análise e comparação.
Exemplo : estudo sobre a origem e presença do “Papai Noel” em diversas
culturas, que resultou em um ensaio intitulado “O suplício do Papai Noel”.
6. Papai Noel e Katchina
Drawings of kachina dolls, Plate 11 from an 1894 anthropology book Dolls of the Tusayan
Indians by Jesse Walter Fewkes . Disponível em https://danieldelucca.medium.com/o-
supl%C3%ADcio-do-papai-noel-4cadbc325594. Acesso em 29/03/2021
7. Trecho da obra “O suplício do Papai
Noel”:
“Como não registrar a analogia que existe entre Papai Noel e os katchina
dos índios do sudeste dos Estados Unidos? Trata-se aqui de personagens
fantasiados e mascarados, que encarnam deuses e ancestrais; retornam
periodicamente para visitar a aldeia, para dançar, para punir e premiar as
crianças; dá-se um jeito para que estas não reconheçam seus pais ou
parentes sob o disfarce tradicional”.
Ambos são “rituais” que separam os INICIADOS dos NÃO-INICIADOS de
cada sociedade: os que já concluíram seu processo de socialização e os
que ainda estão aprendendo o processo de socialização.
8. Estruturalismo universal do
pensamento humano
ATENÇÃO: As comparações feitas por Lévi-Strauss não tem como objetivo
classificar ou hierarquizar as culturas, como fazia Edward Tylor a partir da
ideia do evolucionismo cultural. Seu objetivo é mostrar o que existe EM
COMUM nas diversas sociedades e culturas (“estruturalismo universal do
pensamento humano”).
EXEMPLO: ao estudar o SISTEMA DE PARENTESCO (conjunto de regras e
papeis que definem relações sanguíneas ou sociais entre membros de uma
sociedade), percebe que as sociedades elaboram regras de permissão e
proibição de casamento, como o “tabu do incesto” (união sexual proibida
entre parente consanguíneos, afins ou adotivos, dentro dos limites que a
moral impõe)
9. INCESTO E SISTEMA DE TROCAS
Em estado de natureza (anterior ao sistema de trocas), existia a “proibição
do incesto”, o “tabu do incesto”; isso obriga o casamento fora do grupo. É
esse sistema de casamento que dá início ao sistema de trocas.
Para Lévi-Strauss, a circulação das mulheres por meio do casamento
representava uma forma de comunicação, a exemplo da própria
linguagem. Tanto o casamento quanto a linguagem eram considerados um
sistema de comunicação para a integração de grupos. Nesse sentido,
atuavam como um complexo, havendo uma homologia entre duas ordens
de fenômenos.