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O LIVRO de MIRdAd
Capitulo XVIII - Pag. 151
Mirdad Advinha A Morte do Pai de Himbal
E as Circunstâncias Em Que Se dera
Ele Fala da Morte
O Tempo É o Maior Prestidigitador
A Roda do Tempo, Seu ARO e Seu EIXO
Naronda: Muita Água Já Correra Pelas Montanhas A Baixo e
Desembocara No Mar Quando Mais Uma Vez Os Companheiros,
Exceto Himbal, Se Reuniram Em Volta do Mestre,
No Ninho da Águia.
O Mestre Estava Falando Sobre A ONIVONTAdE.
Subitamente, Porém, Parou e disse:
Mirdad: Himbal Esta Em Aflição e Nos Procuraria Para Encontrar
Conforto, Mas Seus Pés Estão Muito Envergonhados Para Que
Possam Trazê-lo Aqui.
Vai e Ajuda-o Abimar.
Naronda: Abimar Foi-se e Em Pouco Voltava Com Himbal,
Que Tremia e Soluçava,
Tendo No Rosto Uma Expressão de Profunda Infelicidade.
Mirdad: Vem Para Perto de Mim, Himbal.
Ah Himbal, Himbal!
Porque Teu Pai Morreu, Tu deixas o Pesar Corroer-te o Coração
E Converte-lhe o SANGUE Em Lagrimas.
Que Farás Quando Toda A Tua Família Morrer?
Que Farás Quando Todos Os Pais, e Todas As Mães,
E Todas As Irmãs e Irmãos deste Mundo Forem Para Além do
Alcance de Tuas Mãos e Olhos?
Himbal: Ah, Mestre!
Meu Pai Faleceu de Morte Violenta.
Um Boi Que Tinha Comprado Recentemente o Chifrou Na Barriga
E Lhe Esmagou o Crânio Ainda Anteontem.
Acabo de Sabê-lo Por Um Mensageiro.
Ai de Mim!
Ah Ai de Mim!
Mirdad: E Ele Morreu, Ao Que Parece, Justamente Quando a
Fortuna deste Mundo Começava a Sorrir-lhe.
Himbal: Assim É, Mestre.
É Isso Mesmo.
Mirdad: E A dor de Sua Morte É Mais Aguda Porque o Boi Havia
Sido Comprado Com o dinheiro Que Tu lhe Enviaste.
Himbal: Assim É Mestre.
É Isso Mesmo.
Ao Que Parece, Vos Sabeis Todas As Coisas.
Mirdad: dinheiro Esse Que Era o Preço do Teu Amor Por Mirdad.
Noronda: Himbal Nada Mais Pôde dizer,
Pois Estava Afogado Em Lagrimas.
MIRdAd: Teu Pai Não Esta Morto, Himbal.
Nem Estão Mortas Ainda Sua Forma e Sua Sombra.
Mas Estão Mortos Verdadeiramente Teus Sentidos Para a Forma
E A Sombra Alteradas de Teu Pai,
Pois há Formas Tão delicadas,
Com Sombras Tão Atenuadas,
Que Os Olhos Grosseiros do Homem Não Podem detectar.
A Sombra de Um Cedro Na Floresta Não É A Mesma Que A Sombra
de Um Cedro Que Se Tornou Mastro de Um Navio,
Ou Pilar de Um Templo, Ou Um Patíbulo.
Nem É A Sombra daquele Cedro a Mesma Ao SOL e à LUZ da LUA
Ou das Estrelas, Ou Na Névoa Púrpura da Aurora.
No Entanto, Aquele Cedro, Não Importa Quanto Aja Sido
Transformado, Continua ViVendo Como Um Cedro,
Embora Os Outros Cedros da Floresta Já Não O Reconheçam
Como o Irmão de Antigamente.
Pode Um Bicho-da-Seda Que Está Sobre a Folha Reconhecer Uma
Irmã Na Larva Que Se Transforma No Casulo de Seda?
Ou Pode a Larva Reconhecer Uma Irmã Na Mariposa da Seda
Que Está Voando?
Pode o Grão de Trigo Na Terra Reconhecer Seu Parentesco Com o
Talo de Trigo Acima da Terra?
Pode Os Vapores No AR, Ou As Águas No Mar,
Reconhecer Como Irmãs e Irmãos Os Pingentes de Gelo Em Uma
Fenda da Montanha?
Pode a Terra Reconhecer Como Estrela-Irmã o Meteoro Lançado
Sobre Ela das Profundezas do Espaço?
Pode o Carvalho Ver A SI Mesmo Na Bolota?
Porque Teu Pai Está Agora Em Uma LUZ À Qual Teus Olhos Não
Estão Acostumados e Em Uma Forma Que Não Podes discernir,
Dizes Que Teu Pai Já Não Existe.
Mas o Ser Material do Homem,
Não Importa Para Onde Tenha Sido Transportado e Quanto Haja
Sido Modificado,
É Forçado A Projetar Uma Sombra Até Que Se Haja dissolvido
Totalmente Na LUZ do SER divino do Homem.
Um Pedaço de Madeira, Seja Ele Hoje Um Galho Verde Na Árvore
Ou Uma Cavilha Na Parede Amanhã,
Continua A Ser Madeira e a Mudar de Forma e Sombra Até Ser
Consumido Pelo Fogo dentro dele.
Do Mesmo Modo o Homem Continua a Ser Homem,
Tanto Quanto ViVo Como Quanto Morto,
Até Que o DEUS dentro dele o Consuma;
O Que Quer dizer:Até Que Ele Compreenda Sua Unicidade Com O
UM.
Isso, Porém, Não Se Cumpre No Piscar de Olhos Que o Homem
Gosta de Chamar de Tempo de Uma Vida.
Todo o Tempo É O Tempo de Uma Vida,
Meus Companheiros.
Não Há Paradas e Começos No Tempo.
Nem Há Caravançarás Onde Os Viajantes Possam Parar Para
Refrescar-se e descansar.
(Pág. 143).
O Tempo É Uma Continuidade Que Se Sobrepõe a Si Mesmo.
Sua Poupa Está Ligada A Sua Proa.
Nada É Finalizado e descartado No Tempo;
E Nada Tem Inicio Nem Fim.
O Tempo É Uma Roda Criada Pelos Sentidos,
E São Os Próprios Sentidos Que A Fazem Girar Na Vastidão
do Espaço.
Vós Sentis a Estonteante Mudança das Estações e Acreditais,
Portanto, Que Tudo Está Preso Nas Garras da Mudança.
Entretanto Admitis, Com Isso, Que o Poder Que Vela e desvela As
Estações É Eternamente Único e Sempre o Mesmo.
Sentis o Crescimento e a decadência das Coisas e,
Desalentados, declarais Que a decadência É O Fim de Tudo Que
Cresce.
Contudo, Reconheceis Que a Força Que Faz As Coisas Crescer
E decair,Ela Mesma Não Cresce Nem decai.
Vós Sentis a Velocidade do Vento Em Relação à da Brisa e dizeis
Que o Vento É, de Longe, o Mais Rápido,
Mas Apesar disso Admitis Que o Que Move o Vento e o Que Move
a Brisa É Um E O Mesmo,
E Nem Corre Com o Vento, Nem Engatinha Com a Brisa.
Quão Crédulos Sois!
Como Vos deixais Enganar Com Cada Truque Que Vossos Sentidos
Vos Aplicam!
Onde Está Vossa Imaginação?
Somente Com Ela Podeis Ver Que Todas As Mudanças Que Vos
deixam Atônitos Não São Mais do Que Truques de Prestidigitação.
Como Pode o Vento Ser Mais Rápido do Que a Brisa?
Não É A Brisa Que dá Origem Ao Vento?
Não Carrega o Vento A Brisa Consigo?
Vós, Andarilhos da Terra, Como Medis As distâncias Que
Caminhais Em Passos e Em Léguas?
Tanto Faz Irdes Perambulando Vagarosamente Como A Galope,
Não Estas Sendo Carregados Pela Velocidade da Terra Por Espaços
E Regiões Para Onde a Própria Terra Está Sendo Levada?
Não É, Pois, Vossa Senda Igual À Senda da Terra?
(Pág. 154).
Não É A Terra, Por Sua Vez,
Transportada Por Outros Corpos,
Tendo Sua Velocidade Igualada à desses Corpos?
Sim, o Lento é a Mãe do Célere.
O Célere é o Veiculo do Lento.
E A Lentidão e a Celeridade São Inseparáveis Em Cada Ponto do
Tempo e do Espaço.
Como dizeis Que o Crescimento É Crescimento e a decadência é
decadência e Que Um É Inimigo do Outro?
Alguma Coisa Já Nasceu Senão de Algo decaído?
E Já Alguma Coisa decaiu Senão de Algo Em Crescimento?
Não Estais Crescendo Por Meio de Uma decadência Continua?
NÃO SÃO OS MORTOS O SUBSOLO dos VIVOS E OS VIVOS
O CELEIRO dos MORTOS?
SE O CRESCIMENTO É FILHO da dECAdÊNCIA E A
dECAdÊNCIA, FILHA do CRESCIMENTO;
SE A VIdA É MÃE da MORTE E A MORTE,
MÃE da VIdA, ENTÃO EM VERdAdE AMBAS SÃO UMA SÓ
EM CAdA PONTO do TEMPO E do ESPAÇO.
Em Verdade, Vossa Alegria Por Viver e Por Crescer É Tão Tola
Quanto Vossa dor Por Morrer e Por decair.
Como dizeis Que Só o Outono É a Estação das Uvas?
Em Verdade Vos digo Que A Uva Também Está Madura No
Inverno Quando Ela Não É Mais Que Seiva Sonolenta Pulsando
Imperceptivelmente e Sonhando Seus Sonhos Na Videira;
E Também Na Primavera, Quando Ela Surge Em Tenros Cachos
De Bagas de Esmeralda;
E Também No Verão, Quando Os Cachos Se Espalham e as Bagas
Incham e Suas Bochechas Se Tingem Com o Ouro do SOL.
Se Cada Estação Trás Em Si as Outras Três, Então,
Na Verdade, Todas As Estações São Uma Só Em Cada Ponto do
Tempo e do Espaço.
Sim o Tempo é o Maior Prestidigitador,
E Os Homens,
Os Maiores Simplórios.
Muito Semelhante ao Esquilo Em Sua Roda É o Homem Que,
Tendo Posto a Roda do Tempo a Girar,
Está Tão Cativo E Arrebatado Pelo Movimento,
Que Já Não Pode Crer Que É Ele Mesmo o Motor,
Nem Pode Ele “Achar Tempo” Para Fazer Parar o Burburinho do
Tempo.
Tal Como o Gato Que desgasta a Língua Lambendo Uma Pedra
De Amolar Na Ilusão de Que o Sangue Que Está Lambendo Roreja
Da Pedra, O Homem Lambe o Próprio Sangue,
Derramado No Aro do Tempo,
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Dilacerada Pelos Raios do Tempo,
Na Ilusão de Que Sejam o Sangue e a Carne do Tempo.
A Roda do Tempo Gira Na Vastidão do Espaço.
Em Seu Aro Estão Todas As Coisas Perceptíveis Pelos Sentidos,
Que Nada Podem perceber,
Senão No Tempo e No Espaço.
Assim As Coisas Continuam Aparecendo e desaparecendo.
O Que desaparece Para Um,
Em Certo Ponto do Tempo e do Espaço,
Aparece Para Outro Em Outro Ponto.
O QUE PODE SER EM CIMA PARA UM,
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O Que Pode Ser dia Para Um,
Para Outro é Noite, dependendo do “Quando” e do “Onde” do
Observador.
UMA SÓ É A ESTRAdA da VIdA E da MORTE,
Ó Monges, Sobre o Aro da Roda do Tempo,
Pois o Movimento Em Círculos Jamais Pode Atingir Um Fim e
Jamais Se Consome.
E Todo Movimento do Mundo É Um Movimento Em Círculo.
Então, O Homem Jamais Se Libertará do Círculo Vicioso do
Tempo?
SIM, o Homem Se Libertará, Pois Ele É Herdeiro da Santa
Liberdade d’DEUS.
A Roda do Tempo Gira,
Mas Seu Eixo Está Sempre Em Repouso.
DEUS É O Eixo da Roda do Tempo.
Embora Todas As Coisas Girem à Volta dEle No Tempo e No
Espaço, Ele É Sempre Eterno, Ilimitado e Estático.
EMBORA TodAS AS COISAS PROCEdAM de SEU VERBO,
SEU VERBO É TAM ETERNO E ILIMITAdO QUANTO ELE.
NO EIXO TudO É PAZ.
NO ARO, TudO É COMOÇÃO.
OndE PREFERIS ESTAR?
DIGO-VOS, DESLIZAI do ARO do TEMPO PARA O EIXO E VOS
POUPAREIS da NÁUSEA do MOVIMENTO.
DEIXAI O TEMPO GIRAR EM VOLTA de VÓS,
PORÉM NÃO GIREIS VOS COM O TEMPO.
(Pág. 157).
A Roda do Tempo e seu Eixo
A Roda do Tempo e seu Eixo

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A Roda do Tempo e seu Eixo

  • 1. O LIVRO de MIRdAd Capitulo XVIII - Pag. 151 Mirdad Advinha A Morte do Pai de Himbal E as Circunstâncias Em Que Se dera Ele Fala da Morte O Tempo É o Maior Prestidigitador A Roda do Tempo, Seu ARO e Seu EIXO Naronda: Muita Água Já Correra Pelas Montanhas A Baixo e Desembocara No Mar Quando Mais Uma Vez Os Companheiros, Exceto Himbal, Se Reuniram Em Volta do Mestre, No Ninho da Águia. O Mestre Estava Falando Sobre A ONIVONTAdE. Subitamente, Porém, Parou e disse: Mirdad: Himbal Esta Em Aflição e Nos Procuraria Para Encontrar Conforto, Mas Seus Pés Estão Muito Envergonhados Para Que Possam Trazê-lo Aqui. Vai e Ajuda-o Abimar. Naronda: Abimar Foi-se e Em Pouco Voltava Com Himbal, Que Tremia e Soluçava, Tendo No Rosto Uma Expressão de Profunda Infelicidade. Mirdad: Vem Para Perto de Mim, Himbal. Ah Himbal, Himbal! Porque Teu Pai Morreu, Tu deixas o Pesar Corroer-te o Coração E Converte-lhe o SANGUE Em Lagrimas. Que Farás Quando Toda A Tua Família Morrer? Que Farás Quando Todos Os Pais, e Todas As Mães, E Todas As Irmãs e Irmãos deste Mundo Forem Para Além do Alcance de Tuas Mãos e Olhos?
  • 2. Himbal: Ah, Mestre! Meu Pai Faleceu de Morte Violenta. Um Boi Que Tinha Comprado Recentemente o Chifrou Na Barriga E Lhe Esmagou o Crânio Ainda Anteontem. Acabo de Sabê-lo Por Um Mensageiro. Ai de Mim! Ah Ai de Mim! Mirdad: E Ele Morreu, Ao Que Parece, Justamente Quando a Fortuna deste Mundo Começava a Sorrir-lhe. Himbal: Assim É, Mestre. É Isso Mesmo. Mirdad: E A dor de Sua Morte É Mais Aguda Porque o Boi Havia Sido Comprado Com o dinheiro Que Tu lhe Enviaste. Himbal: Assim É Mestre. É Isso Mesmo. Ao Que Parece, Vos Sabeis Todas As Coisas. Mirdad: dinheiro Esse Que Era o Preço do Teu Amor Por Mirdad. Noronda: Himbal Nada Mais Pôde dizer, Pois Estava Afogado Em Lagrimas. MIRdAd: Teu Pai Não Esta Morto, Himbal. Nem Estão Mortas Ainda Sua Forma e Sua Sombra. Mas Estão Mortos Verdadeiramente Teus Sentidos Para a Forma E A Sombra Alteradas de Teu Pai, Pois há Formas Tão delicadas, Com Sombras Tão Atenuadas, Que Os Olhos Grosseiros do Homem Não Podem detectar. A Sombra de Um Cedro Na Floresta Não É A Mesma Que A Sombra de Um Cedro Que Se Tornou Mastro de Um Navio, Ou Pilar de Um Templo, Ou Um Patíbulo. Nem É A Sombra daquele Cedro a Mesma Ao SOL e à LUZ da LUA Ou das Estrelas, Ou Na Névoa Púrpura da Aurora. No Entanto, Aquele Cedro, Não Importa Quanto Aja Sido Transformado, Continua ViVendo Como Um Cedro, Embora Os Outros Cedros da Floresta Já Não O Reconheçam Como o Irmão de Antigamente.
  • 3. Pode Um Bicho-da-Seda Que Está Sobre a Folha Reconhecer Uma Irmã Na Larva Que Se Transforma No Casulo de Seda? Ou Pode a Larva Reconhecer Uma Irmã Na Mariposa da Seda Que Está Voando? Pode o Grão de Trigo Na Terra Reconhecer Seu Parentesco Com o Talo de Trigo Acima da Terra? Pode Os Vapores No AR, Ou As Águas No Mar, Reconhecer Como Irmãs e Irmãos Os Pingentes de Gelo Em Uma Fenda da Montanha? Pode a Terra Reconhecer Como Estrela-Irmã o Meteoro Lançado Sobre Ela das Profundezas do Espaço? Pode o Carvalho Ver A SI Mesmo Na Bolota? Porque Teu Pai Está Agora Em Uma LUZ À Qual Teus Olhos Não Estão Acostumados e Em Uma Forma Que Não Podes discernir, Dizes Que Teu Pai Já Não Existe. Mas o Ser Material do Homem, Não Importa Para Onde Tenha Sido Transportado e Quanto Haja Sido Modificado, É Forçado A Projetar Uma Sombra Até Que Se Haja dissolvido Totalmente Na LUZ do SER divino do Homem. Um Pedaço de Madeira, Seja Ele Hoje Um Galho Verde Na Árvore Ou Uma Cavilha Na Parede Amanhã, Continua A Ser Madeira e a Mudar de Forma e Sombra Até Ser Consumido Pelo Fogo dentro dele. Do Mesmo Modo o Homem Continua a Ser Homem, Tanto Quanto ViVo Como Quanto Morto, Até Que o DEUS dentro dele o Consuma; O Que Quer dizer:Até Que Ele Compreenda Sua Unicidade Com O UM. Isso, Porém, Não Se Cumpre No Piscar de Olhos Que o Homem Gosta de Chamar de Tempo de Uma Vida.
  • 4. Todo o Tempo É O Tempo de Uma Vida, Meus Companheiros. Não Há Paradas e Começos No Tempo. Nem Há Caravançarás Onde Os Viajantes Possam Parar Para Refrescar-se e descansar. (Pág. 143). O Tempo É Uma Continuidade Que Se Sobrepõe a Si Mesmo. Sua Poupa Está Ligada A Sua Proa. Nada É Finalizado e descartado No Tempo; E Nada Tem Inicio Nem Fim. O Tempo É Uma Roda Criada Pelos Sentidos, E São Os Próprios Sentidos Que A Fazem Girar Na Vastidão do Espaço. Vós Sentis a Estonteante Mudança das Estações e Acreditais, Portanto, Que Tudo Está Preso Nas Garras da Mudança. Entretanto Admitis, Com Isso, Que o Poder Que Vela e desvela As Estações É Eternamente Único e Sempre o Mesmo. Sentis o Crescimento e a decadência das Coisas e, Desalentados, declarais Que a decadência É O Fim de Tudo Que Cresce. Contudo, Reconheceis Que a Força Que Faz As Coisas Crescer E decair,Ela Mesma Não Cresce Nem decai. Vós Sentis a Velocidade do Vento Em Relação à da Brisa e dizeis Que o Vento É, de Longe, o Mais Rápido, Mas Apesar disso Admitis Que o Que Move o Vento e o Que Move a Brisa É Um E O Mesmo, E Nem Corre Com o Vento, Nem Engatinha Com a Brisa. Quão Crédulos Sois! Como Vos deixais Enganar Com Cada Truque Que Vossos Sentidos Vos Aplicam! Onde Está Vossa Imaginação? Somente Com Ela Podeis Ver Que Todas As Mudanças Que Vos deixam Atônitos Não São Mais do Que Truques de Prestidigitação.
  • 5. Como Pode o Vento Ser Mais Rápido do Que a Brisa? Não É A Brisa Que dá Origem Ao Vento? Não Carrega o Vento A Brisa Consigo? Vós, Andarilhos da Terra, Como Medis As distâncias Que Caminhais Em Passos e Em Léguas? Tanto Faz Irdes Perambulando Vagarosamente Como A Galope, Não Estas Sendo Carregados Pela Velocidade da Terra Por Espaços E Regiões Para Onde a Própria Terra Está Sendo Levada? Não É, Pois, Vossa Senda Igual À Senda da Terra? (Pág. 154). Não É A Terra, Por Sua Vez, Transportada Por Outros Corpos, Tendo Sua Velocidade Igualada à desses Corpos? Sim, o Lento é a Mãe do Célere. O Célere é o Veiculo do Lento. E A Lentidão e a Celeridade São Inseparáveis Em Cada Ponto do Tempo e do Espaço. Como dizeis Que o Crescimento É Crescimento e a decadência é decadência e Que Um É Inimigo do Outro? Alguma Coisa Já Nasceu Senão de Algo decaído? E Já Alguma Coisa decaiu Senão de Algo Em Crescimento? Não Estais Crescendo Por Meio de Uma decadência Continua? NÃO SÃO OS MORTOS O SUBSOLO dos VIVOS E OS VIVOS O CELEIRO dos MORTOS? SE O CRESCIMENTO É FILHO da dECAdÊNCIA E A dECAdÊNCIA, FILHA do CRESCIMENTO; SE A VIdA É MÃE da MORTE E A MORTE, MÃE da VIdA, ENTÃO EM VERdAdE AMBAS SÃO UMA SÓ EM CAdA PONTO do TEMPO E do ESPAÇO.
  • 6. Em Verdade, Vossa Alegria Por Viver e Por Crescer É Tão Tola Quanto Vossa dor Por Morrer e Por decair. Como dizeis Que Só o Outono É a Estação das Uvas? Em Verdade Vos digo Que A Uva Também Está Madura No Inverno Quando Ela Não É Mais Que Seiva Sonolenta Pulsando Imperceptivelmente e Sonhando Seus Sonhos Na Videira; E Também Na Primavera, Quando Ela Surge Em Tenros Cachos De Bagas de Esmeralda; E Também No Verão, Quando Os Cachos Se Espalham e as Bagas Incham e Suas Bochechas Se Tingem Com o Ouro do SOL. Se Cada Estação Trás Em Si as Outras Três, Então, Na Verdade, Todas As Estações São Uma Só Em Cada Ponto do Tempo e do Espaço. Sim o Tempo é o Maior Prestidigitador, E Os Homens, Os Maiores Simplórios. Muito Semelhante ao Esquilo Em Sua Roda É o Homem Que, Tendo Posto a Roda do Tempo a Girar, Está Tão Cativo E Arrebatado Pelo Movimento, Que Já Não Pode Crer Que É Ele Mesmo o Motor, Nem Pode Ele “Achar Tempo” Para Fazer Parar o Burburinho do Tempo. Tal Como o Gato Que desgasta a Língua Lambendo Uma Pedra De Amolar Na Ilusão de Que o Sangue Que Está Lambendo Roreja Da Pedra, O Homem Lambe o Próprio Sangue, Derramado No Aro do Tempo, E Mastiga a Própria Carne, Dilacerada Pelos Raios do Tempo, Na Ilusão de Que Sejam o Sangue e a Carne do Tempo. A Roda do Tempo Gira Na Vastidão do Espaço. Em Seu Aro Estão Todas As Coisas Perceptíveis Pelos Sentidos, Que Nada Podem perceber,
  • 7. Senão No Tempo e No Espaço. Assim As Coisas Continuam Aparecendo e desaparecendo. O Que desaparece Para Um, Em Certo Ponto do Tempo e do Espaço, Aparece Para Outro Em Outro Ponto. O QUE PODE SER EM CIMA PARA UM, É EM BAIXO PARA OUTRO. O Que Pode Ser dia Para Um, Para Outro é Noite, dependendo do “Quando” e do “Onde” do Observador. UMA SÓ É A ESTRAdA da VIdA E da MORTE, Ó Monges, Sobre o Aro da Roda do Tempo, Pois o Movimento Em Círculos Jamais Pode Atingir Um Fim e Jamais Se Consome. E Todo Movimento do Mundo É Um Movimento Em Círculo. Então, O Homem Jamais Se Libertará do Círculo Vicioso do Tempo? SIM, o Homem Se Libertará, Pois Ele É Herdeiro da Santa Liberdade d’DEUS. A Roda do Tempo Gira, Mas Seu Eixo Está Sempre Em Repouso. DEUS É O Eixo da Roda do Tempo. Embora Todas As Coisas Girem à Volta dEle No Tempo e No Espaço, Ele É Sempre Eterno, Ilimitado e Estático. EMBORA TodAS AS COISAS PROCEdAM de SEU VERBO, SEU VERBO É TAM ETERNO E ILIMITAdO QUANTO ELE. NO EIXO TudO É PAZ. NO ARO, TudO É COMOÇÃO.
  • 8. OndE PREFERIS ESTAR? DIGO-VOS, DESLIZAI do ARO do TEMPO PARA O EIXO E VOS POUPAREIS da NÁUSEA do MOVIMENTO. DEIXAI O TEMPO GIRAR EM VOLTA de VÓS, PORÉM NÃO GIREIS VOS COM O TEMPO. (Pág. 157).