SlideShare uma empresa Scribd logo
O CULTIVO 
COM 
BIOFLOCOS 
Engorda e formação de 
matrizes de Litopenaeus 
vannamei
INTRODUÇÃO 
 A intenção deste artigo é apresentar conceitos importantes ligados aos 
cultivos com bioflocos 
 Mostrar o trabalho que vem sendo desenvolvido no LCM 
 Chamar atenção para as particularidades existentes nesse tipo de cultivo 
 Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) da Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC) 
 Cultivo super intensivo em bioflocos (BFT-technology). 
 ISO 14.001 
 Comentários sobre os avanços obtidos ao longo dos quatro anos de 
trabalho no LCM também estão descritos à seguir.
INTRODUÇÃO 
Problemas nos cultivos: 
 Queda nos preços de mercado 
 Acusações de degradação ambiental e insustentabilidade 
 Excesso de trocas de água cultivo-ambiente 
 Não utilização de tratamento de efluentes, 
 Disseminação de doenças 
 Falta de controles sanitários e manejos adequados nos cultivos 
 Grandes mortalidades na produção 
 Aumento considerável no preço da farinha de peixe (recurso limitado).
INTRODUÇÃO 
Farinha de peixe. 
 Essencial para a dieta de camarões 
 Alta digestibilidade de aminoácidos essenciais 
 Ácido graxo, ômega-3, fosfolipídeos, colesterol 
 Atrativos de patatibilidade e minerais 
 60% dos custos de produção do cultivo 
 Sobre pesca e ate depleção de alguns estoques naturais de peixes 
 Redução de alimento para as espécies em níveis tróficos superiores.
O que é Cultivo com Bioflocos? 
 É um sistema de produção que funciona com altas densidades de 
estocagem - de 100 até 700 camarões por m2 
 Elevadas biomassas de camarões em pequenas áreas de cultivo. 
 É também chamada de tanques de suspensão ativada ou heterotróficos 
 Controlar o acúmulo de compostos nitrogenados (amônia e nitrito) 
transformando-os em biomassa bacteriana 
 Fertilização da água com compostos ricos em carbono 
 Relação C:N 
 Estimula o crescimento das bactérias 
 Baixa ou nenhuma renovação de água
O que é Cultivo com Bioflocos? 
 Formação dos bioflocos a partir de compostos ricos em carbono e dos 
restos de ração não consumida, fezes e da matéria orgânica presente no 
tanque. 
 Possibilita reduzir o teor de proteína bruta na dieta já que ocorre uma 
suplementação pela produtividade natural 
 Sem filtros mecânicos e biológicos 
 A reciclagem desse material em bioflocos é muito importante, pois são 
consumidos continuamente pelos camarões 
 Valioso item alimentar na dieta de camarões 
 Permite aumentar as taxas de crescimento na sua presença 
 Em sistemas de cultivo fechado, a absorção de nitrogênio pelas 
microalgas e a nitrificação pelas bactérias são os principais processos da 
ciclagem do nitrogênio na água
Como Funciona... 
Camarão 
Amônia 
Proteína 
Bioflocos Bactérias
Funcionamento 
Embora os camarões tolerem densidades elevadas de cultivo, o aumento da 
biomassa de camarões nos sistemas intensivos compromete a qualidade 
ambiental. 
Portanto são considerados alguns pontos chaves principais para o 
funcionamento desse sistema de cultivo: 
 densidades elevadas de camarão 
 aeração adequada para manter os sólidos em suspensão e os níveis de 
oxigênio adequados para os camarões e para a comunidade microbiana 
 entrada de material orgânico para alimentar tanto os camarões quanto as 
populações bacterianas, e um balanço correto da relação C:N que é 
requerido pelas bactérias
Funcionamento 
As principais variáveis que determinam a composição bacteriana ou algal nos 
sistemas são: 
 a taxa de remoção de sólidos 
 a quantidade de área superficial provida para as bactérias nitrificantes 
 relação C:N da ração 
 alcalinidade da água, 
 Níveis de oxigênio e 
 intensidade luminosa.
Estrutura LCM 
 O cultivo com bioflocos é usado pelo LCM para a formação de matrizes 
de camarões em sistemas fechados, evitando a entrada de material 
biológico externo. 
 O processo de produção dos reprodutores vai desde o povoamento dos 
tanques com as pós-larvas, produzidas no próprio laboratório, até a 
despesca dos camarões adultos com peso de 35 g 
 De 2004 até 2008, +- 60 cultivos no LCM 
 A sobrevivência média dos cultivos foi entre 60 e 65%.
Estrutura LCM 
 A estufa conta com 8 tanques de fibra de vidro 
 8 m de diâmetro 
 volume de 50 toneladas 
 sistemas de aeração 
 Aquecimento 
 abastecimento de água e energia elétrica 
 segurança operacional com sistema de alarme - quedas de energia 
elétrica e falhas no sistema de aeração 
 geradores
Estrutura LCM
Experimento 
 Definição 
 Juvenis = 20 gramas 
 adultos = de 20 até 35 gramas 
 As densidades de povoamento em cada fase levam em conta a biomassa 
final por m², demanda de camarões por ciclo de produção, sobrevivência 
esperada e descarte na seleção. 
 Algumas modificações foram necessárias para garantir maior 
estabilidade na última fase de cultivo 
 No último cultivo realizado no LCM, não houve remoção de sólidos ou 
troca da água do tanque
Experimento 
Monitorar parâmetros de qualidade da água, como: 
 Alcalinidade – Cal hidratada 
 Oxigênio dissolvido 
 CO2 - difusão através de aeradores 
 Amônia e Nitrito 
 Níveis de sólidos
Experimento e Resultados 
 Tanque de 50 m² 
 250 camarões /m² 
 duração de 116 dias 
 salinidade da água no final do cultivo era de 45 
 índices produtivos satisfatórios. 
 sobrevivência de 83%
Experimento e Resultados 
 Conversão alimentar de 1,8 
 Ganho de peso semanal médio de 0,75 g 
 O peso médio final dos camarões foi de 12,5 g 
 Nível de sólido sedimentável de 80 ml/L e isso só foi possível devido ao 
uso racional de melaço ao longo do sistema, o que limitou a produção de 
sólidos
Discussão 
 os camarões adultos têm uma tolerância menor aos sólidos presentes na 
água, fazendo com que seja necessário um controle mais rigoroso dos 
níveis desses sólidos através da sua remoção, seja por decantação ou 
renovação da água. 
 A obstrução das brânquias pelo material em suspensão ocorre quando os 
níveis de sólidos aumentam no sistema. 
 Uma estratégia importante pode ser o uso de substratos artificiais. 
 Aparecimento de necroses nos camarões associadas ao crescimento de 
bactérias – queda na temperatura de cultivo para valores abaixo de 
23°C.
Discussão 
 Os resultados vêm mostrando que o uso excessivo de uma fonte de 
carbono para o controle da amônia não é recomendado devido ao 
acúmulo dos sólidos no tanque que não é transformado em biomassa de 
camarão. 
 É possível fazer o controle dos nitrogenados usando quantidades 
menores de carbono e fazendo com que outros microorganismos 
auxiliem na manutenção da qualidade de água (principalmente as 
bactérias nitrificantes). 
 O uso de uma ração específica para camarões em fase de reprodução, 
juntamente com a suplementação de lula, foi fundamental para a 
manutenção da saúde dos animais.
Vantagens 
 Reutilização da água (pós-despesca) 
 Protegido (Biossegurança), evita a introdução de patógenos 
 Controle total sobre a produção (Independe clima, mudanças climáticas) 
 Pode ser implantado em variadas localizações (longe da costa) 
 Fontes alternativas ou baixos níveis de proteínas 
 Alta produtividade (10 –13 kg/m3), menos espaço 
 Áreas menores de cultivo 
 Menor Volume de água
Desvantagens 
 Sistema complexo e recente (alto risco) 
 Sistemas super-intensivos já falharam no passado (Boyd& Clay, 2002) 
 Alto custo de implantação 
 Apenas algumas espécies (bioflocos).
Considerações Finais 
 Embora atrativo do ponto de vista ambiental e sanitário, há ainda um 
caminho a ser percorrido até que esse sistema se torne uma realidade no 
Brasil. Porém, não podemos esquecer que esse tipo de cultivo já vem 
sendo utilizado em escala comercial em alguns países e a sua viabilidade 
técnica e ambiental parece ser inquestionável. 
 Diante das perdas econômicas que vêm sofrendo a carcinicultura 
brasileira nos últimos anos devido às doenças virais e as críticas sofridas 
pelo setor com relação à questão ambiental, o desenvolvimento de novos 
conceitos de cultivo que possam assegurar a sustentabilidade da 
atividade em longo prazo é essencial
Referências 
 B. R. SCOPEL. Desempenho do camarão Litopenaeus vannamei 
(boone 1831) submetido a diferentes dietas e fontes alternativas de 
proteína em sistema de bioflocos. UFSC, 2008. 
 SCHVEITZER et. al. O cultivo com bioflocos. Panorama da Aquicultura, 
38-43, UFSC, mai/jun 2008.
OBRIGADO!

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Apresentação slides sobre os peixes
Apresentação slides sobre os peixes Apresentação slides sobre os peixes
Apresentação slides sobre os peixes
Michelle2789
 
Ecossistemas agropecuarios
Ecossistemas agropecuariosEcossistemas agropecuarios
Ecossistemas agropecuarios
Joao Shenga
 
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteCadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
Tiago Maboni Derlan
 
Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)
Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)
Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)
marcelo otenio
 
Reprodução Artificial de Peixes
Reprodução Artificial de PeixesReprodução Artificial de Peixes
Reprodução Artificial de Peixes
Bruno Djvan Ramos Barbosa
 
Tanques p peixes embrapa
Tanques p peixes embrapaTanques p peixes embrapa
Tanques p peixes embrapaThiago Barbosa
 
Ecossistemas - Nível superior
Ecossistemas - Nível superior Ecossistemas - Nível superior
Ecossistemas - Nível superior
Marcelo Gomes
 
Apostila forragicultura.
Apostila forragicultura.Apostila forragicultura.
Apostila forragicultura.
Denysson Amorim
 
Cap 2 principais ramos da aquacultura
Cap 2  principais ramos da aquaculturaCap 2  principais ramos da aquacultura
Cap 2 principais ramos da aquacultura
Ivaristo Americo
 
Aula 1 - O que é forragicultura.pptx
Aula 1 - O que é forragicultura.pptxAula 1 - O que é forragicultura.pptx
Aula 1 - O que é forragicultura.pptx
JoilsonEcheverria
 
Potencialidades biotecnológicas de microalgas
Potencialidades biotecnológicas de microalgasPotencialidades biotecnológicas de microalgas
Potencialidades biotecnológicas de microalgas
Carlos Kramer
 
Codornas
CodornasCodornas
Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...
Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...
Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...
Janaina Alves
 
Consorciação e Conservação de Plantas Forrageiras
Consorciação e Conservação de Plantas ForrageirasConsorciação e Conservação de Plantas Forrageiras
Consorciação e Conservação de Plantas Forrageiras
Kalliany Kellzer
 
Ecologia de insetos
Ecologia de insetosEcologia de insetos
Ecologia de insetos
Limnos Ufsc
 
Sistema nacional de unidades de conservação
Sistema nacional de unidades de conservaçãoSistema nacional de unidades de conservação
Sistema nacional de unidades de conservaçãoguest0a95ab
 
Sistemas de produção de suínos
Sistemas de produção de suínosSistemas de produção de suínos
Sistemas de produção de suínos
Marília Gomes
 

Mais procurados (20)

Apresentação slides sobre os peixes
Apresentação slides sobre os peixes Apresentação slides sobre os peixes
Apresentação slides sobre os peixes
 
Ecossistemas agropecuarios
Ecossistemas agropecuariosEcossistemas agropecuarios
Ecossistemas agropecuarios
 
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteCadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
 
Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)
Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)
Manejo de Dejetos (Semana dae Integração Tecnológica)
 
Reprodução Artificial de Peixes
Reprodução Artificial de PeixesReprodução Artificial de Peixes
Reprodução Artificial de Peixes
 
Tanques p peixes embrapa
Tanques p peixes embrapaTanques p peixes embrapa
Tanques p peixes embrapa
 
Ecossistemas - Nível superior
Ecossistemas - Nível superior Ecossistemas - Nível superior
Ecossistemas - Nível superior
 
Aula 2 Tanque Rede
Aula 2   Tanque RedeAula 2   Tanque Rede
Aula 2 Tanque Rede
 
Apostila forragicultura.
Apostila forragicultura.Apostila forragicultura.
Apostila forragicultura.
 
Cap 2 principais ramos da aquacultura
Cap 2  principais ramos da aquaculturaCap 2  principais ramos da aquacultura
Cap 2 principais ramos da aquacultura
 
Aula 1 - O que é forragicultura.pptx
Aula 1 - O que é forragicultura.pptxAula 1 - O que é forragicultura.pptx
Aula 1 - O que é forragicultura.pptx
 
Potencialidades biotecnológicas de microalgas
Potencialidades biotecnológicas de microalgasPotencialidades biotecnológicas de microalgas
Potencialidades biotecnológicas de microalgas
 
Manguezais
ManguezaisManguezais
Manguezais
 
Codornas
CodornasCodornas
Codornas
 
Cabra de leite
Cabra de leiteCabra de leite
Cabra de leite
 
Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...
Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...
Apresentação - O Conceito de Bioma Deve Ser Modificado - Economia da Natureza...
 
Consorciação e Conservação de Plantas Forrageiras
Consorciação e Conservação de Plantas ForrageirasConsorciação e Conservação de Plantas Forrageiras
Consorciação e Conservação de Plantas Forrageiras
 
Ecologia de insetos
Ecologia de insetosEcologia de insetos
Ecologia de insetos
 
Sistema nacional de unidades de conservação
Sistema nacional de unidades de conservaçãoSistema nacional de unidades de conservação
Sistema nacional de unidades de conservação
 
Sistemas de produção de suínos
Sistemas de produção de suínosSistemas de produção de suínos
Sistemas de produção de suínos
 

Semelhante a O cultivo com bioflocos

Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite: limpeza hidráulica dos ...
Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite:  limpeza hidráulica dos ...Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite:  limpeza hidráulica dos ...
Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite: limpeza hidráulica dos ...
marcelo otenio
 
ECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdf
ECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdfECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdf
ECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdf
ECOCLÃ BIOTECNOLOGIA
 
ECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIAL
ECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIALECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIAL
ECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIAL
ECOCLÃ BIOTECNOLOGIA
 
Biodigestor na suinocultura
Biodigestor na suinoculturaBiodigestor na suinocultura
Biodigestor na suinocultura
Evangela Gielow
 
IMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURA
IMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURAIMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURA
IMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURAPriscila de Oliveira
 
Dejetos Na Propriedade Rural
Dejetos Na Propriedade RuralDejetos Na Propriedade Rural
Dejetos Na Propriedade Rural
marcelo otenio
 
Tratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizante
Tratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizanteTratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizante
Tratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizante
marcelo otenio
 
BSI - Biossistemas Integrados
BSI - Biossistemas IntegradosBSI - Biossistemas Integrados
BSI - Biossistemas Integrados
Fluxus Design Ecológico
 
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
ECOCLÃ BIOTECNOLOGIA
 
Calculo da c n
Calculo da c nCalculo da c n
Calculo da c n
ClaireJuliana1
 
Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...
Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...
Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...
Rural Pecuária
 
Compostagem_13_02.pdf
Compostagem_13_02.pdfCompostagem_13_02.pdf
Compostagem_13_02.pdf
LucimarVenncioAmaral
 
Livro tratamento de_esgotos[1]
Livro tratamento de_esgotos[1]Livro tratamento de_esgotos[1]
Livro tratamento de_esgotos[1]lucio-vicente
 
Vantagens do bft
Vantagens do bftVantagens do bft
Vantagens do bft
Claire Juliana
 
Projeto piscicultura
Projeto pisciculturaProjeto piscicultura
Projeto piscicultura
Lucas da Costa
 
Apresentação Projecto de Licenciatura
Apresentação Projecto de LicenciaturaApresentação Projecto de Licenciatura
Apresentação Projecto de Licenciatura
tonyeu
 
Aula 6 compostagem
Aula 6 compostagemAula 6 compostagem
Aula 6 compostagem
Giovanna Ortiz
 
Apresentaçao tilapia do nilo tecnologia do pescado
Apresentaçao tilapia do nilo   tecnologia do pescadoApresentaçao tilapia do nilo   tecnologia do pescado
Apresentaçao tilapia do nilo tecnologia do pescado
Carlos Eduardo de Farias Silva
 
S7 lamabri em bft
S7 lamabri em bftS7 lamabri em bft
S7 lamabri em bft
Claire Juliana
 

Semelhante a O cultivo com bioflocos (20)

Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite: limpeza hidráulica dos ...
Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite:  limpeza hidráulica dos ...Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite:  limpeza hidráulica dos ...
Manejo de resíduos em sistemas de produção de leite: limpeza hidráulica dos ...
 
ECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdf
ECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdfECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdf
ECOMIX G - LINHA AQUA E INDUSTRIAL 2022.pdf
 
ECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIAL
ECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIALECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIAL
ECOMIX G - LINHA AQUA e INDUSTRIAL
 
Biodigestor na suinocultura
Biodigestor na suinoculturaBiodigestor na suinocultura
Biodigestor na suinocultura
 
IMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURA
IMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURAIMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURA
IMPACTO AMBIENTAL E RESÍDUOS DA CARCINICULTURA
 
Dejetos Na Propriedade Rural
Dejetos Na Propriedade RuralDejetos Na Propriedade Rural
Dejetos Na Propriedade Rural
 
Tratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizante
Tratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizanteTratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizante
Tratamento de resíduos da bovinocultura e uso como fertilizante
 
BSI - Biossistemas Integrados
BSI - Biossistemas IntegradosBSI - Biossistemas Integrados
BSI - Biossistemas Integrados
 
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
 
Calculo da c n
Calculo da c nCalculo da c n
Calculo da c n
 
Aquários feira
Aquários feiraAquários feira
Aquários feira
 
Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...
Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...
Reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção de leite em confi...
 
Compostagem_13_02.pdf
Compostagem_13_02.pdfCompostagem_13_02.pdf
Compostagem_13_02.pdf
 
Livro tratamento de_esgotos[1]
Livro tratamento de_esgotos[1]Livro tratamento de_esgotos[1]
Livro tratamento de_esgotos[1]
 
Vantagens do bft
Vantagens do bftVantagens do bft
Vantagens do bft
 
Projeto piscicultura
Projeto pisciculturaProjeto piscicultura
Projeto piscicultura
 
Apresentação Projecto de Licenciatura
Apresentação Projecto de LicenciaturaApresentação Projecto de Licenciatura
Apresentação Projecto de Licenciatura
 
Aula 6 compostagem
Aula 6 compostagemAula 6 compostagem
Aula 6 compostagem
 
Apresentaçao tilapia do nilo tecnologia do pescado
Apresentaçao tilapia do nilo   tecnologia do pescadoApresentaçao tilapia do nilo   tecnologia do pescado
Apresentaçao tilapia do nilo tecnologia do pescado
 
S7 lamabri em bft
S7 lamabri em bftS7 lamabri em bft
S7 lamabri em bft
 

O cultivo com bioflocos

  • 1. O CULTIVO COM BIOFLOCOS Engorda e formação de matrizes de Litopenaeus vannamei
  • 2. INTRODUÇÃO  A intenção deste artigo é apresentar conceitos importantes ligados aos cultivos com bioflocos  Mostrar o trabalho que vem sendo desenvolvido no LCM  Chamar atenção para as particularidades existentes nesse tipo de cultivo  Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)  Cultivo super intensivo em bioflocos (BFT-technology).  ISO 14.001  Comentários sobre os avanços obtidos ao longo dos quatro anos de trabalho no LCM também estão descritos à seguir.
  • 3. INTRODUÇÃO Problemas nos cultivos:  Queda nos preços de mercado  Acusações de degradação ambiental e insustentabilidade  Excesso de trocas de água cultivo-ambiente  Não utilização de tratamento de efluentes,  Disseminação de doenças  Falta de controles sanitários e manejos adequados nos cultivos  Grandes mortalidades na produção  Aumento considerável no preço da farinha de peixe (recurso limitado).
  • 4. INTRODUÇÃO Farinha de peixe.  Essencial para a dieta de camarões  Alta digestibilidade de aminoácidos essenciais  Ácido graxo, ômega-3, fosfolipídeos, colesterol  Atrativos de patatibilidade e minerais  60% dos custos de produção do cultivo  Sobre pesca e ate depleção de alguns estoques naturais de peixes  Redução de alimento para as espécies em níveis tróficos superiores.
  • 5. O que é Cultivo com Bioflocos?  É um sistema de produção que funciona com altas densidades de estocagem - de 100 até 700 camarões por m2  Elevadas biomassas de camarões em pequenas áreas de cultivo.  É também chamada de tanques de suspensão ativada ou heterotróficos  Controlar o acúmulo de compostos nitrogenados (amônia e nitrito) transformando-os em biomassa bacteriana  Fertilização da água com compostos ricos em carbono  Relação C:N  Estimula o crescimento das bactérias  Baixa ou nenhuma renovação de água
  • 6. O que é Cultivo com Bioflocos?  Formação dos bioflocos a partir de compostos ricos em carbono e dos restos de ração não consumida, fezes e da matéria orgânica presente no tanque.  Possibilita reduzir o teor de proteína bruta na dieta já que ocorre uma suplementação pela produtividade natural  Sem filtros mecânicos e biológicos  A reciclagem desse material em bioflocos é muito importante, pois são consumidos continuamente pelos camarões  Valioso item alimentar na dieta de camarões  Permite aumentar as taxas de crescimento na sua presença  Em sistemas de cultivo fechado, a absorção de nitrogênio pelas microalgas e a nitrificação pelas bactérias são os principais processos da ciclagem do nitrogênio na água
  • 7. Como Funciona... Camarão Amônia Proteína Bioflocos Bactérias
  • 8. Funcionamento Embora os camarões tolerem densidades elevadas de cultivo, o aumento da biomassa de camarões nos sistemas intensivos compromete a qualidade ambiental. Portanto são considerados alguns pontos chaves principais para o funcionamento desse sistema de cultivo:  densidades elevadas de camarão  aeração adequada para manter os sólidos em suspensão e os níveis de oxigênio adequados para os camarões e para a comunidade microbiana  entrada de material orgânico para alimentar tanto os camarões quanto as populações bacterianas, e um balanço correto da relação C:N que é requerido pelas bactérias
  • 9. Funcionamento As principais variáveis que determinam a composição bacteriana ou algal nos sistemas são:  a taxa de remoção de sólidos  a quantidade de área superficial provida para as bactérias nitrificantes  relação C:N da ração  alcalinidade da água,  Níveis de oxigênio e  intensidade luminosa.
  • 10. Estrutura LCM  O cultivo com bioflocos é usado pelo LCM para a formação de matrizes de camarões em sistemas fechados, evitando a entrada de material biológico externo.  O processo de produção dos reprodutores vai desde o povoamento dos tanques com as pós-larvas, produzidas no próprio laboratório, até a despesca dos camarões adultos com peso de 35 g  De 2004 até 2008, +- 60 cultivos no LCM  A sobrevivência média dos cultivos foi entre 60 e 65%.
  • 11. Estrutura LCM  A estufa conta com 8 tanques de fibra de vidro  8 m de diâmetro  volume de 50 toneladas  sistemas de aeração  Aquecimento  abastecimento de água e energia elétrica  segurança operacional com sistema de alarme - quedas de energia elétrica e falhas no sistema de aeração  geradores
  • 13. Experimento  Definição  Juvenis = 20 gramas  adultos = de 20 até 35 gramas  As densidades de povoamento em cada fase levam em conta a biomassa final por m², demanda de camarões por ciclo de produção, sobrevivência esperada e descarte na seleção.  Algumas modificações foram necessárias para garantir maior estabilidade na última fase de cultivo  No último cultivo realizado no LCM, não houve remoção de sólidos ou troca da água do tanque
  • 14. Experimento Monitorar parâmetros de qualidade da água, como:  Alcalinidade – Cal hidratada  Oxigênio dissolvido  CO2 - difusão através de aeradores  Amônia e Nitrito  Níveis de sólidos
  • 15. Experimento e Resultados  Tanque de 50 m²  250 camarões /m²  duração de 116 dias  salinidade da água no final do cultivo era de 45  índices produtivos satisfatórios.  sobrevivência de 83%
  • 16. Experimento e Resultados  Conversão alimentar de 1,8  Ganho de peso semanal médio de 0,75 g  O peso médio final dos camarões foi de 12,5 g  Nível de sólido sedimentável de 80 ml/L e isso só foi possível devido ao uso racional de melaço ao longo do sistema, o que limitou a produção de sólidos
  • 17. Discussão  os camarões adultos têm uma tolerância menor aos sólidos presentes na água, fazendo com que seja necessário um controle mais rigoroso dos níveis desses sólidos através da sua remoção, seja por decantação ou renovação da água.  A obstrução das brânquias pelo material em suspensão ocorre quando os níveis de sólidos aumentam no sistema.  Uma estratégia importante pode ser o uso de substratos artificiais.  Aparecimento de necroses nos camarões associadas ao crescimento de bactérias – queda na temperatura de cultivo para valores abaixo de 23°C.
  • 18. Discussão  Os resultados vêm mostrando que o uso excessivo de uma fonte de carbono para o controle da amônia não é recomendado devido ao acúmulo dos sólidos no tanque que não é transformado em biomassa de camarão.  É possível fazer o controle dos nitrogenados usando quantidades menores de carbono e fazendo com que outros microorganismos auxiliem na manutenção da qualidade de água (principalmente as bactérias nitrificantes).  O uso de uma ração específica para camarões em fase de reprodução, juntamente com a suplementação de lula, foi fundamental para a manutenção da saúde dos animais.
  • 19. Vantagens  Reutilização da água (pós-despesca)  Protegido (Biossegurança), evita a introdução de patógenos  Controle total sobre a produção (Independe clima, mudanças climáticas)  Pode ser implantado em variadas localizações (longe da costa)  Fontes alternativas ou baixos níveis de proteínas  Alta produtividade (10 –13 kg/m3), menos espaço  Áreas menores de cultivo  Menor Volume de água
  • 20. Desvantagens  Sistema complexo e recente (alto risco)  Sistemas super-intensivos já falharam no passado (Boyd& Clay, 2002)  Alto custo de implantação  Apenas algumas espécies (bioflocos).
  • 21. Considerações Finais  Embora atrativo do ponto de vista ambiental e sanitário, há ainda um caminho a ser percorrido até que esse sistema se torne uma realidade no Brasil. Porém, não podemos esquecer que esse tipo de cultivo já vem sendo utilizado em escala comercial em alguns países e a sua viabilidade técnica e ambiental parece ser inquestionável.  Diante das perdas econômicas que vêm sofrendo a carcinicultura brasileira nos últimos anos devido às doenças virais e as críticas sofridas pelo setor com relação à questão ambiental, o desenvolvimento de novos conceitos de cultivo que possam assegurar a sustentabilidade da atividade em longo prazo é essencial
  • 22. Referências  B. R. SCOPEL. Desempenho do camarão Litopenaeus vannamei (boone 1831) submetido a diferentes dietas e fontes alternativas de proteína em sistema de bioflocos. UFSC, 2008.  SCHVEITZER et. al. O cultivo com bioflocos. Panorama da Aquicultura, 38-43, UFSC, mai/jun 2008.