O documento discute o sistema de bioflocos para a criação de camarões, que pode reduzir os custos de produção em até 30%. O sistema utiliza agregados microbianos para tratar efluentes e servir de alimento suplementar, reduzindo a necessidade de água e ração. Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande indicam que o sistema pode aumentar a produtividade em dez vezes com taxas de sobrevivência acima de 85%.
1. 17/08/2018 Sistema Bioflocos: custos com criação de camarões podem cair até 30% – Sociedade Nacional de Agricultura
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Sistema Bio ocos: custos com criação de
camarões podem cair até 30%
15/07/2014 | Tags: Tecnologia
“Método em cativeiro produz 90 mil toneladas por ano de camarão”,
a rma Wilson Wasielesky , coordenador do Projeto Camarão do
Instituto de Oceanogra a da FURG. Foto: Fábio Dutra/Jornal Agora
A carcinicultura pode ser uma atividade vantajosa, já que sozinha
fornece 90% de todo o camarão criado em cativeiro e consumido
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2. 17/08/2018 Sistema Bioflocos: custos com criação de camarões podem cair até 30% – Sociedade Nacional de Agricultura
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no Brasil. Para tanto, é necessário ter amplo controle da produção,
o que vem sendo possível graças ao cultivo em Sistema de
Bio ocos (do inglês Bio oc Technology System – sigla BFT).
De acordo com o professor Wilson Wasielesky Junior, coordenador
do Projeto Camarão do Instituto de Oceanogra a da Universidade
Federal do Rio Grande (FURG), o BFT tem sido uma alternativa
para elevar a produção e, ao mesmo tempo, reduzir os custos com
captação e renovação de água, e ainda eliminar possíveis
problemas com e uentes geralmente descartados nas águas, que
tanto prejudicam a pesca extrativa no País.
Com o aumento do consumo nas últimas décadas, principalmente
por parte de países em desenvolvimento, como o Brasil, muitos
criadores têm optado pelo Sistema de Bio ocos através de
viveiros ou raceways (estufas). Dependendo do método escolhido,
o custo da produção pode cair até 30%.
“A cada dez quilos de camarão disponíveis no mercado brasileiro
ao consumidor nal, apenas um quilo vem da pesca extrativa. O
método em cativeiro é responsável pela produção de 90 mil
toneladas por ano do produto, enquanto a extrativa ca com 10
mil toneladas. Daí a necessidade de melhorar o sistema de criação
de camarões em espaços fechados”, justi ca o oceanógrafo.
De acordo com ele, estudos mais recentes da FURG mostram que é
possível reduzir de 20% a 30% o custo da carcinicultura.
“Se antes produzíamos 20 toneladas de camarões, hoje é possível
chegar a 400 toneladas, graças à mudança de alimentação, com
menor índice protéico, estrutura mais avançada e manejo
adequado. Tudo em tanques bem menores. Ainda realizamos a
fertilização com carbono e economizamos mais água”, especi ca.
Segundo Wilson, pelo Bio ocos pode-se ter até um quilo de
camarão usando menos que cem litros de água.
“Nos sistemas convencionais, são utilizados mais de 50 mil litros
para se atingir a mesma produção.”
Conforme relatório da pesquisa da universidade, “o sistema ainda
oferece a possibilidade de utilizar elevadas densidades de
estocagem na produção de diferentes espécies de organismos
aquáticos, principalmente porque a assimilação dos compostos
nitrogenados (amônia, nitrito e nitrato) é realizada com o auxílio
da biomassa microbiana formada no próprio ambiente de cultivo”.
O pesquisador esclarece que estes microorganismos também
servem como fonte suplementar de alimento, o que reduz o
emprego de ração, melhorando a conversão alimentar (custo
versus benefício) e reduzindo os gastos com a produção.
Ele reforça que, no Sistema Bio ocos, praticamente não se exige a
renovação de água e ainda são aproveitados os microorganismos
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como alimento natural.
“O BFT apresenta maior biossegurança, pois diminui intercâmbios
de água e doenças”, explica
Estrutura de estufas para testes piloto com tanques revestidos
com geomembrana (PEAD) da Estação Marinha de Aquacultura da
FURG, Rio Grande (RS). Foto: Dariano Krummenauer
Estrutura de estufas para testes piloto com tanques revestidos com
geomembrana (PEAD) da Estação Marinha de Aquacultura da FURG.
Foto: Dariano Krummenauer
RELATÓRIO
Outro relatório da FURG – produzido por Wilson em parceria com
os pesquisadores Carlos Augusto Gaona, Fabiane da Paz Serra,
Luis Henrique Poersch -, a formação do oco ou agregado
microbiano surge após o acúmulo de matéria orgânica e da
existência de oxigênio no BFT, seja ele realizado em viveiros ou
em tanques revestidos com material impermeável, com mínima ou
nenhuma renovação de água.
Ele destaca que, no início do cultivo, a água clara favorece a
proliferação de organismos fotoautotró cos (aqueles que obtêm
seus nutrientes com a ajuda da luz do sol). Os nutrientes
presentes na água, continua Wilson, e a disponibilidade de luz
para a fotossíntese facilita a aparição das microalgas nos
primeiros dias do cultivo.
“Conforme a concentração da amônia vai crescendo, aumenta
também a concentração das bactérias heterotró cas (que se
alimentam de moléculas orgânicas oriundas de outros seres
vivos), bene ciadas pela sua maior capacidade de assimilação de
nitrogênio amoniacal.”
Sob efeito da amônia nas bactérias, é notado alta concentração de
nitrito, que é tóxico para os animais. “Os níveis crescentes de
nitrito, por sua vez, favorecem a presença de bactérias
nitri cantes que oxidam o nitrito, transformando-o em nitrato,
que é menos tóxica para os camarões con nados. Em um processo
simultâneo e contínuo, observamos a formação dos bio ocos e o
seu acúmulo até o nal do ciclo de produção”, explica Wilson,
No que diz respeito à formação dos bio ocos, os pesquisadores do
Laboratório de Carcinicultura da FURG já testaram diferenciadas
fontes de aeração, diversas fontes de carbono, além da adição de
amônia para acelerar a formação dos agregados microbianos.
Também foram realizados cultivos com água marinha natural e
arti cial, com diferentes salinidades, e avaliada a viabilidade da
reutilização de água.
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De acordo com Wilson, inicialmente foram feitos testes em
berçários intensivos com densidades entre 1,5 mil e 6 mil
camarões por metro quadrado de tanque. Ele relata que a
sobrevivência superou os 90 % em diferentes densidades, sem
renovação de água.
Já na fase de engorda do camarão, foram testadas as densidades
de 150, 300 e 450 camarões por metro quadrado, durante 90 dias
(a partir de um grama). O relatório da FURG mostra que os
melhores resultados foram obtidos na densidade de 300/m², com
crescimento semanal de 0,82 gramas e sobrevivência acima de
85%. A produtividade foi de 3,9 quilos de camarões por metro
quadrado (39 toneladas/ha/ciclo).
Estufa (585m2) para testes piloto com tanques revestidos com
geomembrana (PEAD) da Estação Marinha de Aquacultura da
FURG, Rio Grande (RS)
Estufa (585m2) para testes piloto com tanques revestidos com
geomembrana
(PEAD) da Estação Marinha de Aquacultura da FURG. Foto: Dariano
Krummenauer
MERCADO
“O consumo aumentou no mundo todo e a carcinicultura teve de
se adaptar, principalmente por causa de problemas ambientais
que envolvem a poluição de águas, em virtude da emissão de
e uentes sem tratamento, elevação da procura por farinha e óleo
de peixes usados nas rações e do surgimento de doenças, como a
Síndrome de Taura, Mancha Branca, entre outras”, cita o professor.
O oceanógrafo também destaca que a criação de camarões em
raceways cobertos tem despertado o interesse de pesquisadores e
produtores de outros países, especialmente de regiões com clima
subtropical e/ou temperado.
“As estruturas fechadas também são alvo de estudos nos Estados
Unidos, na Bélgica, Coreia do Sul, Indonésia e Holanda. Nestes
lugares, o sistema BFT também já está sendo usado para engorda
de camarões”, conta o professor.
“Os testes com raceways têm sido animadores, porque mostram
que a técnica é uma realidade que está pronta para ser aplicada
por carcinicultores. O problema tem sido a burocracia,
principalmente quando envolve o licenciamento ambiental.
Recentemente, soube de um produtor de camarão que conseguiu
sua licença após três anos de espera. Não sou contra o
licenciamento, mas é preciso dar uma resposta rápida para
estimular novos investimentos no setor”, ressalta Wilson.
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FURG
A Estação Marinha de Aquacultura da Universidade Federal do Rio
Grande (FURG), onde também funciona o Laboratório de
Carcinicultura do Instituto de Oceanogra a, conta com um sistema
de estufas de 580 metros quadrados com dez raceways, todos
revestidos com geomembrana. A aeração dos tanques é feita
através de um soprador (blower).
A estufa ainda conta com sistema de emergência e de ltração,
quando necessário. Essa estufa-piloto de cultivo do camarão
facilita a realização de testes em repetições que simulem ciclos
completos do cultivo na prática (berçário e engorda). O
Laboratório ainda possui duas estufas de pesquisa, onde são
realizados crescimentos de camarões com bio ocos e três salas
experimentais para realização de experimentos em micro-escala
com bio ocos.
“Os resultados obtidos no laboratório, para o sistema BFT, indicam
que podem usadas elevadas densidades de estocagem, desde que
sejam mantidas boas condições de qualidade da água para a
espécie, através do manejo adequado. As taxas de conversão
alimentar são semelhantes aos cultivos tradicionais, mas as
sobrevivências dos camarões são signi cativamente superiores e a
produtividade é, no mínimo, dez vezes maior que em viveiros que
não utilizam o Sistema Bio ocos”, defende Wilson.
SAIBA MAIS
Vantagens do sistema BFT:
* Aumento da produtividade
* Aumento da biossegurança
* Comunidade microbiana atuando com probiótico
* Diminuição da quantidade de proteína nas rações
* Diminuição ou isenção da renovação de água
* Maior estabilidade do sistema
* Maior disponibilidade de alimento natural
* Menores unidades de cultivo com maior controle
* Menor impacto ambiental
* Possibilidade de cultivo em regiões afastadas da costa
* Utilização de menores áreas de cultivo
Por equipe SNA/RJ
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6. 17/08/2018 Sistema Bioflocos: custos com criação de camarões podem cair até 30% – Sociedade Nacional de Agricultura
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