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          UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
                DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII
                         SENHOR DO BONFIM




                          SILVANA DOS SANTOS COSTA




         CULTURA DE MASSA E LUDICIDADE:
  A influência dos meios de comunicação de massa no
brincar das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto




                  SENHOR DO BONFIM – BA
                          2011
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                SILVANA DOS SANTOS COSTA




          CULTURA DE MASSA E LUDICIDADE:
  A influência dos meios de comunicação de massa no
brincar das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto




                            Monografia apresentada como pré-requisito
                            para conclusão do curso de Pedagogia:
                            Docência e Gestão de Processos Educativos,
                            pelo Departamento de Educação – Campus
                            VII da Universidade do Estado da Bahia –
                            UNEB.

                            Orientadora: Profª. Rita de Cássia Oliveira
                            Carneiro




                  SENHOR DO BONFIM – BA
                          2011
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                  SILVANA DOS SANTOS COSTA




         CULTURA DE MASSA E LUDICIDADE:
  A influência dos meios de comunicação de massa no
brincar das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto




            Aprovada em ______de ______________ 2011.




       _________________________________________________
                Profª.Rita de Cássia Oliveira Carneiro




       _________________________________________________
                            Avaliador(a)




       _________________________________________________
                            Avaliador(a)
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Dedico este trabalho aos meus filhos
Lucas e Isabelly Vitória e meu esposo
Loilton, pela força e inspiração, em todos
os momentos difíceis, me impulsionando
a buscar vida nova a cada dia, meus
eternos agradecimentos. A Deus, pai todo
poderoso,   que   incomparável   na   sua
infinita bondade compreendeu os meus
anseios transmitindo o dom da sabedoria
e a necessária coragem para atingir o
objetivo em todos os momentos da minha
vida, te agradeço infinitamente por mais
essa conquista.
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                               AGRADECIMENTOS


À Universidade do Estado da Bahia – Campus VII, representada pelos professores
direção e funcionários, pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo
do curso.


À professora Rita Carneiro pelo incentivo, simpatia e presteza no auxílio às
atividades e discussões sobre o andamento desta monografia.


Aos professores em especial, que souberam além de transmitir seus conhecimentos,
transmitiu-nos suas expectativas e ajudaram a tornar visíveis as nossas dificuldades.


Aos colegas da turma 2007.1, pelo incentivo e pelo apoio constante na troca de
informações e materiais demonstrando amizade e solidariedade.


A toda a minha família e amigos, que com muito amor e compreensão contribuíram
dando coragem e perseverança.


E a todos que direta e indiretamente contribuíram para a conclusão deste curso
6




“Nada lhe posso dar que não exista em
você mesmo. Não posso abrir-lhe outro
mundo de imagens além daquele que há
em sua própria alma. Nada lhe posso dar
a não ser a oportunidade, o impulso, a
chave. Eu o ajudarei a tornar visível seu
próprio mundo, e isso é tudo”.


                           Herman Hesse
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                                     RESUMO


O presente trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Pedagogia Gestão e
Docência em Espaços Educativos têm como objetivo, compreender como a cultura
de massa tem interferido a relação da criança com o lúdico e modificado as formas
de brincar das crianças, sob a influência dos meios de comunicação de massa
elemento tão presente na sociedade contemporânea. A pesquisa teve como lócus a
Escola Municipal Floriano Peixoto, no município de Jaguarari. Os sujeitos escolhidos
foram 20 estudantes do 3° ao 5º ano, do Ensino Fundamental, sendo que destes 10
são do sexo feminino e 10 do sexo masculino. A escolha da faixa etária se deu ao
percebermos que nessa idade eles sofrem uma influência maior da cultura de
massa, o que pode incidir no conteúdo das brincadeiras, pois os mesmos estão mais
vulneráveis a influência da mídia principalmente a televisiva. Para coletarmos os
dados necessários utilizamos a observação sistemática e a entrevista
semiestruturada. A pesquisa realizada foi de cunho qualitativo, onde procurou-se
analisar as formas de brincar das crianças e o que elas pensam sobre os meios de
comunicação de massa e de que forma estes influenciam em sua relação com o
lúdico, chegando a conclusão diante do objetivo da nossa pesquisa. Para a
realização da pesquisa utilizou-se como base teórica a leitura e abordagens dos
seguintes autores: Giroux (2001), Santos ( 2001,), Kishimoto (2001),Negrine (1994,),
Baccega (2000), Levin (2001), Borba (2005), Viana (2002), Postman (1999), entre
outros que serviram de base para a escrita e discussão do presente trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade - Cultura de Massa - Brincadeiras Infantis - Escola
8



                                                    SUMÁRIO


INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10


CAPÍTULO I: PROBLEMÁTICA: A SOCIEDADE NO ATUAL CONTEXTO
GLOBALIZADO ....................................................................................................... 12


CAPÍTULO II: QUADRO TÉORICO: EXPLORANDO CONCEITOS CHAVE .......... 19
2.1 O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE .................................................. 19
2.2 O PROFESSOR,A CULTURA DE MASSA E A LUDICIDADE ............................................. 22
2.3 AS INFLUÊNCIAS DA CULTURA DE MASSA NAS BRINCADEIRAS INFANTIS ........................ 24
   2.3.1 ESCOLA E CULTURA ....................................................................................... 26


CAPÍTULO III: TRILHA METODOLÓGICA: APONTANDO O CAMINHO ............... 28
3.1 PESQUISA QUALITATIVA......................................................................................... 28
3.2 O AMBIENTE DA REALIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 30
3.3 SUJEITOS PESQUISADOS ....................................................................................... 30
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................................... 31
   3.4.1 A OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ......................................................................... 32
   3.4.2 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ..................................................................... 33


CAPÍTULO IV: DE QUÊ E COMO BRINCAM AS CRIANÇAS: O QUE NOS
REVELAM OS DADOS ............................................................................................ 35
4.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ................................................................................ 35
   4.1.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ............................................................................ 35
4.2. O QUE NOS CONTAM AS CRIANÇAS SOBRE O BRINCAR: OS RESULTADOS DA ENTREVISTA40
   4.2.1 OS     PROFESSORES DINAMIZAM AS AULAS ATRAVÉS DE ATIVIDADE LÚDICAS?                                  O   QUE

   OS ALUNOS DIZEM A RESPEITO DISSO........................................................................ 41

   4. 2. 2BRINCAR DE QUE? O QUE ELES MAIS GOSTAM? ................................................ 43
   4.2.3. BRINQUEDOS CONSTRUÍDOS OU COMPRADOS. O QUE É MAIS INTERESSANTE? ..... 45
   4.2.4 BRINCADEIRAS INFANTIS: DO QUE MAIS GOSTO DE BRINCAR?.............................. 48
   4.2.5 TELEVISÃO: O QUE E QUANDO ASSISTIR? .......................................................... 50
9



CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 52


REFERÊNCIAS..........................................................................................................55


ANEXOS
10



                                  INTRODUÇÃO


O presente trabalho monográfico, requisito necessário para a conclusão do Curso de
Pedagogia, tem por finalidade consolidar o aprofundamento teórico em torno do
tema cultura de massa e ludicidade, resultante dos estudos realizados ao longo do
curso e que suscitou o objeto desta pesquisa.


O nosso objeto de estudo surgiu da inquietação e do anseio de aprofundar os
conhecimentos sobre a temática pesquisada, buscando compreender a influência
que a sociedade de consumo exerce na relação dos sujeitos como lúdico e, em
especial, das crianças. Desta forma nasceu o desejo de compreender como a
cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e
suas formas de brincar. Partindo da nossa experiência anterior com o estágio
definimos como lócus da pesquisa uma escola para, naquele lugar observarmos o
brincar das crianças e as interações que elas estabeleciam com as brincadeiras
infantis. Além disso, seria mais fácil entrevistá-las saber do que brincavam e das
brincadeiras e brinquedos que gostavam.


Portanto, procuramos direcionar teoria e prática com o objetivo de melhor
compreender a finalidade proposta da pesquisa através dos métodos utilizados para
coletar dados.


O referido trabalho é composto de quatro capítulos, a saber:


Capítulo 1: Problematização. Nesse capítulo trouxemos um breve histórico sobre o
processo de globalização no mundo contemporâneo sob a ordem do capitalismo,
problematizando a temática pesquisada e apresentando nossa questão e o objetivo
de nossa pesquisa.


Capítulo 2: Fundamentação. Nesse capitulo, foi apresentada a fundamentação
teórica com base em alguns autores que subsidiaram essa pesquisa de uma
maneira contextualizada; e ainda apresentamos alguns subtítulos a fim de melhor
fundamentar o trabalho, a exemplo de: A importância da educação na
11



contemporaneidade, a influência da cultura de massa nas brincadeiras infantis,
ludicidade e cultura de massa e o professor, a cultura e a ludicidade.


No terceiro capítulo, apresentamos a metodologia empregada, assim como os
instrumentos de coleta de dados utilizados dando sustentação ao enfoque qualitativo
adotado no presente estudo.


No quarto capítulo, foi apresentado a análise e interpretação dos resultados da
pesquisa, obtidos através dos instrumentos de coleta de dados, em que procuramos
responder ao nosso questionamento e atender aos objetivos desta pesquisa.


Finalizamos, apresentando as considerações finais, onde expomos os resultados
alcançados através da presente pesquisa resultantes da análise e interpretação dos
dados.
12



                                     CAPITULO I


PROBLEMÁTICA: A SOCIEDADE NO ATUAL CONTEXTO GLOBALIZADO


A sociedade contemporânea é marcada pelo processo de globalização ou de
unificação do mundo sob a ordem do capitalismo e tem como um dos seus
pressupostos a incorporação dos vários segmentos da população à lógica do
consumo. Estas mudanças impactam na organização da vida em sociedade, das
famílias e das relações comunitárias.


A sociedade de consumo tem como objetivo primordial tornar a todos consumidores,
e para isso se faz necessário produzir objetos, criar necessidades e desejos de
possuir esses produtos. E neste contexto, os meios de comunicação têm um papel
importante na produção da necessidade de consumo e na construção dessa
necessidade, numa velocidade vertiginosa, buscando massificar o acesso a
determinados bens.


Esse fenômeno fez surgir uma grande quantidade de consumidores formados e
padronizados pela propaganda. Desta forma, não se usa mais determinado produto
ou coisa pelo fato de gostar, ou pela necessidade real que se tem, mas pelo
marketing na qualidade da marca e por outros aspectos, muitas vezes irrelevantes,
com o intuito de vender o produto.


Na contemporaneidade não se vende apenas bens de consumo, mas também
cultura, que se tornou um produto, tal qual um sapato ou comida, nas prateleiras do
mercado. Nesse sentido, as crianças constituem hoje uma importante fatia do
mercado, o que tem provocado um incremento da produção cultural voltada para a
infância, sobretudo daquela da ordem da cultura de massa.


A mídia, principalmente a televisiva, tem exercido forte poder sobre a formação
cultural da infância, quando se associa com as tendências da TV, para fragmentar e
descontextualizar a realidade. “Nesse sentido é preciso ficar atento, pois, a “mídia” é
capaz de influenciar das formas mais diversificadas, a vida cotidiana e a atuação
13



política dos indivíduos a maneira como agem, sentem, desejam, lembram, convivem
e resistem” (IRACI SANEMATSI, 2007, p.120).


Como um dos veículos mais importantes do mundo capitalista, a televisão tem como
fio condutor a ideia de que os interesses comerciais ditam a cultura infantil, está
pautada em transformar os pequenos em consumidores, pois à mídia o que importa
é o lucro, não interessando o bem estar das crianças. Não há dúvida de que a
infância e a cultura infantil estão mudando, muitas vezes como resultado de seu
contato com outras manifestações mais adultas da cultura de massa e da cultura
que é produzida para a infância. E é no interior dos lares que ela está inserida, como
observa Baccega (2000) visto que:


                     (...) a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a
                     escola e a família o processo educacional, tendo se tornado um importante
                     agente de formação. Ela até mesmo leva vantagem em relação aos demais
                     agentes: sua linguagem é mais ágil e está muito mais integrada ao
                     cotidiano: o tempo de exposição das pessoas à televisão costuma ser maior
                     do que o destinado à escola ou à convivência com os pais (p. 95).


Os valores familiares, que sempre se pautaram no respeito e no bom
relacionamento entre pais e filhos, observamos que na atualidade essa estrutura
está em desequilíbrio, e os que mais sofrem com isso são as crianças. Com o
esfacelamento da estrutura familiar, resultante do divórcio e de lares onde os pais
trabalham fora e ficam pouco tempo com os filhos, vive-se, hoje, a era das gerações
de “esquecidos em casa”, e na sua maioria entregues à babá eletrônica: a televisão.
Crianças que, em grande parte, têm sido obrigadas a se desenvolverem por si
mesmas.Levin (2001), ao discorrer sobre a criança diante da informática científica-
tecnológica, enfatiza a sua posição alienante diante da imagem:


                     O fascínio da imagem coloca a criança em posição geral passiva e
                     basicamente alienante; entregue à televisão, ao computador ou aos jogos
                     eletrônicos, o pequenino chega a tornar-se anônimo perante o imaginário
                     tecnológico que o cativa a todo momento, num imobilismo obscenamente
                     indiferente. (...) A criança fica “privatizada” pelo imaginário atual como
                     objeto de mercado, de consumo sem artifício, sem criação, sem invenção; e
                     nessa situação de objeto de consumo ela cumpre a sua função de consumir
                     banalmente essas mesmas imagens que a aprisionam, privando-a de seu
                     corpo, banalizando seu desenvolvimento (p.49).
14



A criança, portanto, desde pequena entra nesse mundo de fantasia e quando não
acompanhada e orientada se torna alvo fácil de manipulação. A ausência e a falta de
acompanhamento dos pais nessa fase fazem com que a televisão acabe cumprindo
o papel de agente modelador dessas crianças que podem se tornar jovens e adultos
alienados. Segundo Prestes (2005),é justamente as mudanças ocorridas na família
que permite a liberdade dos filhos e “a participação dos pais na escola influencia
para uma melhor aprendizagem, apoio e educação” (p.35).


Para Borba (2005), a cultura de massa, principalmente a televisiva, faz com que a
criança ignore as desigualdades que marcam a sociedade, e quando representadas
na televisão quase sempre estão descontextualizadas e deslocadas da realidade da
criança. Um exemplo disso são os papéis destinados aos negros ou pardos na
televisão. Percebe-se, nitidamente que os papéis que os brancos fazem são de
heróis, de ricos, de uma classe superior ao papel que é destinado ao negro. Essa
divisão é vista e não passa despercebida nem pelos pequenos, e mesmo às vezes
disfarçada, esses papéis refletem na vida cotidiana das pessoas, principalmente se
não há uma mediação do adulto para fazer as crianças pensarem sobre estas
questões.


Ao fazer uma análise dos filmes e brinquedos destinados às crianças Giroux (2001,
apud, BORBA, 2005, p. 5), aponta que até existe “os heróis não-americanos –como
Aladim cujos traços, entretanto, não retratam o árabe, e sim o americano branco –
ou bonecas como a Barbie Jamaicana e de outras etnias”, mas estas têm como
modelo a “Barbie americana e loura, apenas vestindo trajes típicos”. Desta forma, a
indústria encontra novas maneiras de produzir em grande escala o mesmo produto,
mudando apenas alguns elementos para atrair o interesse do consumidor. Nesse
sentido Viana (2002), afirma que:


                     Todo esse processo reproduz interesses da classe dominante. A
                     indústria cultural produz uma padronização e manipulação da cultura
                     reproduzindo a dinâmica de qualquer outra indústria capitalista, a
                     busca do lucro, mas também reproduzindo as ideias que servem
                     para sua própria perpetuação e legitimação e, por extensão, a
                     sociedade capitalista como um todo (p.13).
15



Vale ressaltar, que nos últimos anos tem-se assistido a uma progressão assustadora
da indústria cultural destinada às crianças permitindo o que para alguns autores
significa “a existência de uma pedagogia cultural baseada na TV, no cinema, nas
revistas, nos jornais, nos brinquedos, nas propagandas, nos videogames, nos livros,
nos esportes, etc.” (STEINBERG &KINCHELOE, 2001, CASTRO, 1998, apud,
BORBA, 2005).


É evidente que nos dias atuais a centralização do poder está cada vez mais nas
mãos de poucos, tendo assim total liberdade para produzir qualquer tipo de cultura
infantil lucrativa já que cada vez mais, formam-se maiores corporações que
funcionam como grupos dominantes. Neste sentido, percebe-se o interesse de
grandes corporações (seguradoras, bancos, o comércio em geral), em apresentar-se
nas propagandas como os melhores interesses da família, e para isso usam
frequentemente a criança como foco de suas campanhas de mídia, com o
significado de promessa de segurança e felicidade. Segundo Postman (1999), a
televisão na nossa sociedade não faz distinção entre crianças e adultos, denotando
que:


                     [...] aproximadamente 3 milhões de crianças (com idades de dois a
                     onze anos) assistem à televisão todas as noites do ano entre 11 e
                     11:30; 2 milhões e 100 mil assistem à TV entre 11:30 e meia-noite; 1
                     milhão e 100 mil entre meia-noite e meia e uma da manhã; e quase
                     750 mil entre 1:00 e 1:30 da manhã. Isso acontece não só porque a
                     forma simbólica da televisão não propõe mistérios cognitivos, mas
                     também porque um aparelho de televisão não pode ser escondido
                     numa gaveta ou colocado numa prateleira alta, longe do alcance das
                     crianças (p.94).


A criança tem sido vista pela indústria como mais um consumidor em potencial e
para isso tem investido na divulgação de seus produtos através da grande mídia
com o objetivo de ressaltar a importância de a criança possuir um determinado
brinquedo ou jogo, não ocorrendo uma preocupação com valores, riscos e demais
problemas que o mesmo venha causar em um futuro próximo, cabendo a pais e
professores atentarem-se para a necessidade de orientaras crianças sobre como
agir diante das investidas da propaganda televisiva.
16



Tornou-se comum, na maioria das famílias contemporâneas, trocarem o tempo de
conversa entre pais e filhos pela convivência silenciosa em torno de uma tela de TV,
este “fenômeno típico dos tempos modernos”, atinge, principalmente, crianças e
jovens, em todas as classes sociais, quer dentro da própria família, quer nas ruas
(JOBIM & SOUZA, 1998, apud, BORBA, 2005).


Ressalta-se ainda, que a mídia televisiva tem enorme papel na relação entre infância
e cultura, não apenas por ser o veículo de circulação de modelos, mas por ser um
centro elaborador de mensagens que modelam os comportamentos humanos,
constituindo suas principais redes de referências, e tendo as crianças como foco,
pois elas são vista como consumidoras atuais e futuras. Para Feilitzen (2002):


                     [...] há uma exceção, em que as crianças são representadas com
                     maior frequência no contexto da mídia – nos comerciais. O fato de as
                     crianças serem mais comuns nos comerciais do que no contexto da
                     mídia em geral é um sinal de seu alto valor de consumo econômico
                     na sociedade – como consumidores atuais e futuros e como
                     conceitos de venda e estratégias de propaganda para produtos,
                     valores e estilos de vida (p.23).


Nessa sociedade da informação e do consumo, as Instituições de Educação têm um
imenso desafio de tentar, na contramão da cultura de massa, educar as crianças
pequenas para um mundo mais solidário, levando em conta as crianças como
produtoras de cultura. Nesta perspectiva a escola deve ser entendida como um
espaço de produção de cultura e os sujeitos desse processo devem cotidianamente
vivenciar um ensino que respeite a diversidade cultural e ao mesmo tempo
trabalhando para que a sala de aula seja um espaço de vivência dessa diversidade.


Para Durkheim (1973), “a educação não é um elemento para mudança social, e sim
pelo contrário, é um elemento fundamental para a conservação e funcionamento do
sistema social” (p.52). Portanto, a escola deve relacionar os saberes do passado e
do presente, e principalmente articular o conhecimento que é adquirido dentro e fora
deste espaço educacional. É indispensável que a escola reconheça o papel de cada
sujeito inserido em seu contexto, priorizando o seu desenvolvimento, o seu
conhecimento e indispensavelmente a sua cultura.
17



Desde a Educação Infantil, esse ensino deve estar presente, pois a criança nesse
processo vai tendo a oportunidade de experimentar, inferir, levantar hipóteses,
produções, conquistas, fazendo com que se concretize a vivência da diversidade no
dia a dia da criança.


Para tanto, pensar sobre a Educação e sobre o currículo desse ensino é um desafio
que vem percorrendo caminhos muitas vezes paradoxais ao longo de sua história,
cabendo assim ao profissional da educação criar, na sala de aula, espaço de troca
de saberes, onde os educandos possam, nessa etapa educativa, viver a experiência
de um ensino rico em afetividade e descobertas, oportunizando-os a adquirir novas
aprendizagens, que não deve ser resumida a repetição e/ou transferência dos
conteúdos.


Neste contexto, tanto a Instituição de Educação Infantil quanto as escolas do Ensino
Fundamental e os professores não podem esquecer que a mudança na realidade
econômica, associada ao acesso das crianças às informações sobre o mundo
adulto, transformou drasticamente a infância. Desta forma, a Instituição e seus
profissionais têm um grande desafio na educação das crianças, pois a tendência
destas, em copiar modismos implantados e divulgados pela cultura de massa, faz
surgir uma preocupação entre toda sociedade, a de que as antigas brincadeiras,
jogos e outras atividades fiquem esquecidos na oralidade dos pais.


Entretanto, este é um desafio que as Instituições de Educação e os professores
precisam enfrentar tentar entender como as crianças brincam, hoje, como estão
elaborando a cultura e ao mesmo tempo disponibilizar às crianças o acesso aos
bens culturais, historicamente produzidos, e o acervo de jogos e brincadeiras
tradicionais para ampliar o desenvolvimento e a compreensão da sua história
enquanto ser humano.


Diante da problemática apontada a nossa questão de pesquisa, no presente estudo,
é compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da
criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na escola. Acreditamos
que o nosso estudo possa servir como reflexão sobre a temática, suscitando um
18



olhar mais acurado sobre a influência da cultura de massa nas formas de brincar das
crianças, além de aprofundar os conhecimentos sobre a temática pesquisada, e as
possibilidades de intervenção pedagógica.
19



                                   CAPÍTULO II


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: EXPLORANDO CONCEITOS CHAVE


De acordo com a problemática apontada no capítulo anterior e com os objetivos
propostos para esta pesquisa que é compreender como a cultura de massa tem
interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das
crianças na escola, percebemos a necessidade de explicitar de forma mais
aprofundada a discussão teórica dos conceitos norteadores da pesquisa que
orientam a leitura e interpretação dos dados, dando sustentação à análise que
realizamos. Desta forma, situamos o papel da educação na contemporaneidade, as
influências da cultura de massa nas brincadeiras infantis, O professor, a cultura de
massa e a ludicidade.


2.1O papel da educação na contemporaneidade


Atualmente as informações chegam ao público com certa facilidade, pelos mais
diferentes meios. Tais informações transmitidas pela mídia têm como objetivo
influenciar a formação da opinião do telespectador, mas também vender diversos
produtos. Embora os meios de comunicação não tenham nenhuma preocupação
educativa, eles estão presentes no cotidiano dos alunos e influenciam na educação
e na construção de costumes e valores. Desse modo os meios de comunicação,
como a televisão, a internet, o rádio, o jornal, têm a capacidade de incentivar e
mudar os padrões culturais de uma determinada sociedade.


Para Gonçalves (1990), o rádio, os jornais e em especial a televisão são
unanimemente reconhecidos, como fatores de influência determinante no campo
social. A televisão em especial, combina palavras, imagens e música que interferem
na própria linguagem usada por crianças e jovens que adotam o uso de gestos
corporais, onomatopéias, gírias, palavras e expressões que ela veicula.


Na contemporaneidade estes meios de comunicação de massa têm ganhado um
lugar de destaque nas famílias brasileiras, sendo que a prática de assistir TV, e o
20



uso rotineiro de alguns instrumentos das novas tecnologias já se configuram, para
muitos, como um vício. As crianças já não utilizam as férias escolares para correr,
pular, usar a imaginação, etc., e nos finais de semana não participam, por exemplo,
de atividades lúdicas que fizeram parte da infância de seus pais. Um grande número
de crianças tem passado muito tempo em frente à televisão e, muitas vezes, as
brincadeiras e atividades são reproduções da influência que a cultura de massa
exerce sobre elas.


A sociedade contemporânea tem modificado constantemente a concepção de
criança e de infância em função dos interesses comerciais. Assim, ao refletir sobre o
papel da criança na sociedade moderna, Levin (2001),afirma que


                     O reinado da criança-filho como objeto de consumo e consumidor
                     cresce e se acelera. O tempo da criança fica cada vez mais cheio de
                     atividades, instruções e propostas. O império do consumo e da
                     imagem faz suas vítimas e seus vitimários consumindo esse
                     irrecuperável período da infância (p.45).


No entanto, é preciso refletir, no mundo contemporâneo, sobre o papel da educação
na vida das crianças e adolescentes visto que a escola parece um pouco distante da
rapidez com que a mídia trata as informações. Há algumas décadas o professor
tinha, no espaço da sala de aula, a autoridade e domínio sobre o conteúdo, sendo o
aluno apenas um reprodutor destes conteúdos. Hoje esses alunos têm acesso a
todo tipo de informações que provocam uma transformação no modo de pensar e
agir, tanto dos educandos, que antes não questionavam nada, quanto nos
educadores que pensavam serem os donos da verdade. Desta forma, não dá para a
escola ignorar o poder que a televisão e outros meios eletrônicos exercem sobre as
crianças, é preciso levar em consideração e utilizar essa influência em favor da
educação das crianças e por isto é indispensável que o fazer pedagógico considere
tudo aquilo que a criança traz consigo, suas experiências e vivências cotidianas.


É evidente que sendo a escola espaço de construção de uma das dimensões do ser
humano, ela deve ser agente determinante, crítico, capaz de oferecer instruções aos
educandos, cabendo a esta instituição educacional formar seres humanos
questionadores capazes de não serem manipulados no atual contexto globalizado.
21



Assim, a educação na contemporaneidade deve ser vista como elemento
fundamental no desenvolvimento do individuo, tanto na sua personalidade social,
ética e moral quanto na sua capacidade física, psicológica, e cognitiva.


Vale ressaltar que o docente ao ensinar, deve levar o aluno para o novo para a
descoberta, buscando no aluno um ser questionador, levando-o construir a
autonomia. O professor, os pais, a comunidade, a sociedade civil, entidades civis e
governamentais precisam considerar o que realmente importa para o aluno, o
conteúdo é importante desde que este não seja trabalhado numa perspectiva da
educação bancária, onde o aluno é visto de maneira passiva. Assim, a escola não
pode ser vista como um local de treinamento, onde o professor fala e o aluno repete.
Ela precisa ser um espaço de construção do conhecimento, onde o aluno tenha
oportunidade de tomar iniciativa diante das situações, proporcionando ao mesmo o
desenvolvimento de sua autonomia, base de alicerce para o exercício da cidadania e
da construção de um ser crítico.


Considerando o modo que se busca aproximar o saber cultural do aluno para
estimular o aprendizado e conseguir resultados promissores, é desejável que se
gere no educando a autoconfiança, buscando motivá-lo internamente para a
aprendizagem.Embora o que se observa em muitas unidades escolares é ainda uma
visão limitada sobre quais conteúdos devem ser trabalhados ao longo do ano letivo,
esquecendo que o aluno tem que ser motivado para a aprendizagem, através de
atividades motivadoras e atraentes que desperte na curiosidade do mesmo.


Sendo assim, uma das maneiras de chegar-se a esta determinada motivação em
sala de aula encontra-se na iniciativa lúdica. Pensando neste aspecto, o educador
tem importante papel na mediação pedagógica, por isso se faz necessário que ele,
saiba escolher os jogos e brincadeiras, de acordo com a faixa etária das crianças e
com os objetivos a serem alcançados. Sobre essa temática Negrine (1994, p. 13)
pontua que “O professor deve estar preparado não apenas para atuar como
animador, mas também como observador e investigador das relações e
acontecimentos que ocorrem na escola”.
22



2.2 O Professor, a cultura de massa e a ludicidade


Dentro da relação cultura e ludicidade faz-se necessário observar que desde muito
cedo a criança sofre grande influência da cultura de massa, no que se refere à
transmissão de valores e ideias formuladas pelo complexo capitalista que, no
processo de globalização, se utiliza dos meios de comunicação de massa para
divulgar a ideia de uma nova dinâmica lúdica.


Assim, por meio da massificação da propaganda, a criança passa a cultuar novos
jogos e brinquedos que apenas vêem a criança como mera consumidora e
reprodutora de valores, e desta forma contribui para a eliminação de elementos que
fazem parte da cultura em que o aluno está inserido.


Vale salientar que em qualquer prática lúdica a criança desenvolve um determinado
conhecimento, contudo, a partir do momento em que ela entra no ambiente escolar o
lúdico pode assumir uma função pedagógica, e o jogo, a brincadeira passam a ser
usados como conteúdo a ser estudado. Segundo Kishimoto (2001), há uma
diferença do brinquedo para o material pedagógico, que se baseia na natureza dos
objetivos da ação educativa, apresentando seu interesse sobre o jogo pedagógico,
quando afirma:


                     Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos
                     simbólicos dispostos intencionalmente, à função pedagógica subsidia
                     o desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo
                     empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico,
                     apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação
                     geral de jogo educativo (p.83).


Assim, é importante ressaltar que não se pode brincar simplesmente para passar o
tempo da aula, é preciso fazer essa relação do brincar e do aprender, despertando
no estudante o desejo de entender e interpretar aquilo que está sendo ensinado.
Para Teixeira (1995, p. 23), “O ser que brinca e joga é, também, o ser que age,
sente, pensa, aprende e se desenvolve”. Desta forma, por meio da brincadeira, a
criança se envolve na atividade e sente a vontade de partilhar com o outro. Esta
23



relação divulga as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e coloca em
cheque as aptidões, testando limites e propondo desafios.


A atividade lúdica tem como papel fornecer à criança um espaço agradável,
motivador, planejado e enriquecido que leva a aprendizagem de várias habilidades,
além de trabalhar estas aptidões na criança, tende ajudar no desenvolvimento da
criatividade, coordenação motora, dentre outras.


Vale salientar que, não só o espaço deve ser planejado, todos que estão inseridos
na prática lúdica têm papel de relevância, podendo elaborar um planejamento
acerca do que necessitará para fazer um trabalho diferenciado, apresentando
diversas formas de como se trabalhar com o lúdico numa perspectiva que vai além
da brincadeira.


Portanto, a ludicidade deve ser entendida como entidade que conduz a criança,
estando ela inserida no ambiente escolar ou em espaços informais de educação, um
veículo vivo que contribui para a formação do ser humano. Como podem ser
observadas atualmente, várias empresas contratam educadores para desenvolver
atividades lúdicas, sendo essas usadas para evitar o estresse dos profissionais, e de
certa forma essa dinâmica vem a todo o momento conduzindo essas empresas a
uma melhoria no desenvolvimento do trabalho, sendo concretizado por um aumento
da produção. Almeida (1990) diz que:


                     A educação lúdica além de contribuir e influenciar na formação da
                     criança e do adolescente possibilitando um crescimento sadio, um
                     enriquecimento permanente, integra-se mais alto espírito de uma
                     prática democrática, enquanto investe em uma produção séria de
                     conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre,
                     critica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte
                     compromisso de transformação e modificação com o meio (p.57).


A partir dessa atividade a escola como ambiente, onde a criança fica a maior parte
de sua infância e onde vários profissionais estão ali capacitados para atender as
reais necessidades dos estudantes, deve ter uma preocupação com o planejamento
das atividades lúdicas, levando também em conta a cultura dos educandos. É
importante ressaltar também, que os professores devem mostrar-se atentos à
24



relação entre cultura de massa e ludicidade, buscando entender de que maneira
essa relação influencia no comportamento das crianças e suas formas de brincar,
não esquecendo a riqueza cultural da ludicidade vivenciada pela criança ao longo de
sua existência, na sua relação com os brinquedos, com os jogos e brincadeiras, na
convivência com as outras crianças e também com os adultos.


2.3 As influências da cultura de massa nas brincadeiras infantis


Ao abordarmos a influência da cultura de massa na forma como as crianças brincam
e se divertem, hoje, na sociedade contemporânea, não podemos nos esquecer do
papel importante da televisão. Este meio de comunicação de massa tornou-se o
porta-voz da cultura de massa e tem contribuído na definição dos padrões culturais
criados pela indústria cultural. A TV funciona como componente importante no que
se refere a influenciar tanto a criança na escolha de uma determinada brincadeira,
como no próprio adulto quando deseja comprar determinado produto destinado às
crianças, seja um brinquedo ou peças de vestuário.


Nos dias atuais, observa-se uma tendência em cultuar aquilo que não é seu, pois em
outros tempos quando se perguntava sobre o seu ídolo para uma criança ela logo
respondia: meu pai e minha mãe. Hoje, os ídolos são construídos pelos meios de
comunicação de massa, em especial a televisão, criando modelos e referências para
as crianças que, em sua maioria, não são bons para elas.


Diante disso, podemos dizer que a cultura de massa tem forte influência nas
diferentes formas do lúdico, visto que muitas vezes a brincadeira é realizada de
forma solitária, tendo como companhia a TV, o vídeo game ou o computador. Desta
forma, os momentos de recreação, no espaço escolar e extra-escolar, sofrem com a
manifestação orientada a todo o momento pela influência da mídia. Portanto, se faz
necessário que os educadores utilizem, em alguns momentos, elementos que
conduzam os estudantes a fazer reflexões sobre algumas formas de brincar, além
de possibilitar o resgate de jogos e brincadeiras tradicionais resultantes da cultura
popular, que fizeram parte da infância de muitas outras gerações.Para Gomes,
(apud, AGUIAR, 2004, p.20): ”O termo atividade recreativa corresponde a toda ação,
25



motora ou não, que causa prazer, espontaneidade a ludicidade em quem a pratica”.
Pode-se afirmar que a criança também aprende enquanto brinca e não é necessário
fazer separação entre o brincar e o aprender. Enquanto ela brinca, o aprender não
fica tão repetitivo, ao contrário, estimula a criatividade como também mostra as
dificuldades dos educandos.


É muito comum ouvirmos depoimentos errôneos referentes à ludicidade na prática
pedagógica; “A aceitação da ludicidade, por parte dos professores, não garante uma
postura lúdico-pedagógica na sua atuação” (SANTOS, 2001, p.14). É preciso fazer
com que estudantes, professores, pais e toda a comunidade escolar e extra-escolar
compreendam a importância dessas brincadeiras infantis para a formação social,
intelectual e psicológica da criança. Segundo Vygotsky (1992):


                     É na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento
                     habitual de sua idade, além de seu comportamento diário. A criança
                     vivencia uma experiência no brinquedo como se fosse maior do que
                     a realidade, o brinquedo fornece estrutura básica para mudanças das
                     necessidades e da consciência da criança (p.117).


O ambiente escolar também pode tornar-se um espaço lúdico para a criança desde
que a instituição educativa promova atividades lúdicas, pois através das brincadeiras
a criança aprende a se relacionar com outras crianças, discutem possíveis dúvidas,
e com perspicácia assume um papel de investigador e profundo pesquisador do
modo de viver em sociedade. O jogo educativo também pode constituir-se num
poderoso recurso didático que potencializa as condições de aprendizagem das
crianças se a escola e seus profissionais souberem utilizar.


É necessário entender a cultura de massa como veículo de transmissão da dinâmica
lúdica, mas não como o único, tendo em vista que a escola como entidade de
caráter formador e transmissor de um conhecimento sistematizado, pode funcionar
como mecanismo fundamental de problematização desse conteúdo veiculado pelos
meios de comunicação de massa junto às crianças.
26



2.3.1 Escola e cultura


Durante muito tempo a relação entre escola e cultura deu-se a partir da apropriação
de fragmentos culturais dentro do cotidiano, observando-se uma constante de
apresentações teatrais, danças, sempre ocasionada em datas comemorativas como
São João, Carnaval, Folclore, etc. Estas apresentações aconteciam sem que as
crianças, na maioria das vezes, compreendessem a real importância do referido
evento. Embora ainda se perceba essa situação em muitas escolas, essa
compreensão sobre a cultura e sua apropriação via escola começa a modificar-se
em consequência também do referencial curricular nacional para o ensino
fundamental que aponta a importância do trabalho com artes e a valorização da
cultura, contribuindo assim, para o resgate de elementos culturais do passado, mas
também com um olhar no futuro que se modifica a todo instante. Segundo Gimeno
Sacristán (2001):


                    A educação contribuiu consideravelmente para fundamentar e para
                    manter a ideia de progresso como processo de marcha ascendente
                    na História; assim, ajudou a sustentar a esperança em alguns
                    indivíduos, em uma sociedade, em um mundo e em um porvir
                    melhores. A fé na educação nutre-se da crença de que esta possa
                    melhorar a qualidade de vida, a racionalidade, o desenvolvimento da
                    sensibilidade, a compreensão entre os seres humanos, o decréscimo
                    da agressividade, o desenvolvimento econômico, ou o domínio da
                    fatalidade e da natureza hostil pelo progresso das ciências e da
                    tecnologia propagadas e incrementadas pela educação (p.21).


Neste sentido, a escola é de fundamental importância, pois através dela os
indivíduos podem apropriar-se da cultura universal na perspectiva da diversidade e
desenvolver uma reflexão crítica sobre o mundo e a cultura, percebendo-se também
como produtores de cultura. Sendo assim a escola não é simplesmente reprodutora
de conhecimento ela deve ser entendida e compreendida como instrumento de
formação social e socialização da cultura. Pérez Gómez (2001), afirma que a:


                    [...] Cultura como o conjunto de significados, expectativas e
                    comportamentos compartilhados por um determinado grupo social, o
                    qual facilita e ordena, limita e potenciam os intercâmbios sociais, as
                    produções simbólicas e materiais e as realizações individuais e
                    coletivas dentro de um marco espacial e temporal determinado. A
                    cultura, portanto, é o resultado da construção social, contingente às
27



                      condições materiais, sociais e espirituais que dominam um espaço e
                      um tempo (p.17).


Em relação a essa temática, a educação escolar ao contrário do que observamos
atualmente, não pode se limitar a transmitir os conhecimentos disponíveis da
ideologia dominante em detrimento das classes populares e grupos marginalizados.
Por isso, a necessidade da educação transformar-se e se efetivar numa perspectiva
multicultural.


Educação e cultura são questões a serem discutidas e resignificadas no espaço
escolar, levando em conta que, com a incorporação de um currículo monocultural,
transmitindo/impondo valores de uma cultura hegemônica, os alunos estão perdendo
sua criatividade e criticidade, além de sua identidade cultural.


Diante disso, faz-se necessário um planejamento e uma reestruturação das formas
de agir da educação escolar, onde os conteúdos estejam adequados a realidade
vivida pelos alunos e os objetivos de formação estejam conectados com a
disponibilidade de formar sujeitos capazes de entender e viver num mundo marcado
pela diversidade.


A perpetuação e reprodução da cultura são efetivadas através da relação dos
membros em contato com o grupo. E é na escola onde essa relação se torna
constante se tornando um espaço culturalmente diversificado. Nesse espaço cada
um participa com sua especificidade, podendo assim, o professor desenvolver uma
prática pedagógica onde todos possam participar de maneira que se conheça e
respeite a cultura de cada um.
28



                                   CAPÍTULOIII


TRILHA METODOLÓGICA: APONTANDO O CAMINHO


Entendemos que a pesquisa implica em uma série de etapas a serem adotadas em
busca de subsídios e respostas a um determinado contexto e é na metodologia que
são indicados os elementos de se coletar os dados relevantes para pesquisa. Desta
forma, entende-se por metodologia o processo pelo qual se alcança um determinado
fim. A metodologia significa etimologicamente o estudo dos caminhos, dos
instrumentos usados para se fazer pesquisa científica, os quais respondem como
fazê-la de forma eficiente. Segundo Houaiss (2004,p.494), “a metodologia é um
conjunto de métodos, princípios e regras empregados por uma atividade ou
disciplina”. Entendemos que um estudo acerca de um determinado tema, se faz
necessário definir a metodologia, o caminho, que conduzirá a investigação para o
conhecimento e o aprofundamento de uma determinada realidade.


A escolha de qual metodologia utilizar é sempre uma dúvida que surge no
pesquisador no momento em que ele participa de um projeto de pesquisa,
monografia ou qualquer outro trabalho que envolva a utilização dos critérios e
instrumentos científicos. Neste capítulo, apresentamos os recursos metodológicos
adotados para a realização desse estudo, além da descrição dos caminhos
percorridos no decorrer do processo investigativo, ou seja, os pressupostos
metodológicos que orientaram este trabalho. Em primeiro lugar apresentamos as
fontes, os autores do estudo. Em seguida os motivos da opção por uma pesquisa
qualitativa, por fim explicamos a metodologia de coleta e análise de dados.


3.1 Pesquisa qualitativa


Em se tratando da pesquisa em educação, acredita-se que a metodologia mais
adequada é a abordagem qualitativa. A esse respeito, Macedo (2004) afirma “que
para o olhar qualitativo é necessário conviver com o desejo, a curiosidade e
criatividade humana; com as utopias e esperanças; com a desordem e o conflito;
com a precariedade e a pretensão; com as incertezas e o imprevisto” (p.69).
29



A pesquisa qualitativa consente ao pesquisador examinar atentamente os indivíduos
envolvidos no processo educacional. Além do mais, este método é muito usado nas
pesquisas educacionais nas últimas décadas, tendo como uma das características
investigar os significados que os envolvidos dão ao assunto pesquisado.


Segundo Ludke& André (1986), ”a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e
prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo
investigada, via de regra, através do trabalho intensivo de campo” (p.11). Isso
significa que o pesquisador deverá vivenciar o cotidiano dos sujeitos pesquisados
para que possa visualizar em quais condições ele se manifesta.


A escolha pela pesquisa qualitativa se deu levando em consideração a questão em
estudo que busca compreender como a cultura de massa tem interferido e
modificado a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na
escola, tendo como locus a Escola Municipal Floriano Peixoto. Para Rúdio (1999) a
pesquisa tenta determinar pontos de vista, opiniões e preferências que pessoas ou
determinados grupos possuem em relação aos assuntos propostos, com o objetivo
de tomada de decisões. Desse modo, sabemos o quanto à pesquisa qualitativa se
torna importante diante das situações que aparecem na pesquisa, explicando assim,
a preferência dos pesquisadores pela pesquisa qualitativa, pois esta engloba todo
contexto social e humano que existe no objeto em estudo.


Andrade (2002) define de forma interessante e destaca que “a pesquisa descritiva
preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e
interpretá-los”, sem que o pesquisador interfira neles. A importância desse conceito
para essa pesquisa demonstra que os fenômenos do mundo físico e humano são
estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador. Percebe-se a relevância
dada à escolha por essa abordagem na perspectiva de melhor compreender como a
cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as
formas de brincar das crianças na escola em especial na Escola Floriano Peixoto,
possibilitando desta forma colher as informações necessárias, indispensáveis para
obtenção dos resultados da pesquisa.
30



3.2 O ambiente de realização da pesquisa


A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Floriano Peixoto, instituição municipal,
que se encontra na sede do município de Jaguarari-Ba. A opção por essa
determinada instituição se deu pelo fato da mesma receber crianças da sede e da
zona rural, formando um complexo multicultural, pois cada povoado, comunidade,
distrito acaba assumindo costumes, crenças e ideias divergentes. Em sua maioria
essas crianças estão em processo de formação de sua identidade, e pelos conflitos
que são estabelecidos pelo choque cultural do mundo em que vivem com o mundo
globalizado atual.


A Escola Municipal Floriano Peixoto, fica localizada na Praça Alfredo Viana, nº 142,
na cidade de Jaguarari – Bahia. É uma escola de médio porte, atendendo uma
clientela de 474 alunos do Ensino Fundamental I, sendo distribuídos nos turnos
matutino, vespertino e noturno. No turno noturno o público atendido é da Educação
de Jovens e Adultos (EJA).


Quanto a sua estrutura física, a escola é composta de 06 salas de aula e 06
funcionam na extensão, 01 sala para os professores junto à secretária, 03 banheiros
(feminino e masculino), diretoria, cantina, sala de leitura, almoxarifado, etc. Seu
corpo docente é formado por 23 professores em sua grande maioria com nível
superior.   Em relação aos equipamentos nessa instituição há 03 TVs, 04 sons de
cd, 02 computadores, 12 ventiladores, 01 impressora matricial, 03 aparelhos de
DVD, 08 filtros, 02 mimeógrafos, 10 armários, 07 quadros de pincel e data show.


Sabemos da importância de conhecer o lócus da pesquisa e também os sujeitos,
pois através dos mesmos é que alcançaremos os objetivos propostos na pesquisa.
Desta forma, foram adotadas maneiras críticas diante do caso em análise.


3.3Sujeitos da pesquisa


Os sujeitos da pesquisa foram 20 estudantes do 3° ao 5º ano, do Ensino
Fundamental de nove anos. Sendo que estes são 10 do sexo feminino e 10 do sexo
31



masculino. Na escolha pelos sujeitos buscou-se compreender como a cultura de
massa tem interferido e modificado a relação da criança com as brincadeiras infantis
e as formas de brincar das crianças na escola. Dessa maneira, fizeram parte da
pesquisa alunos do turno matutino da referida escola. A escolha pelos sujeitos nessa
faixa etária se deu, porque percebermos que nessa idade há uma maior influência
da cultura de massa no conteúdo das brincadeiras, e, diante do atual contexto
globalizado, percebe-se que os mesmos estão mais vulneráveis à influencia da
mídia.


Os sujeitos da pesquisa forneceram as informações necessárias para que
pudéssemos realizar esta pesquisa, possibilitando-nos na obtenção dos dados.
Segundo Bogdan &Biklen (1992, apud,LUDKE 1986, p.13):


                     A pesquisa qualitativa ou naturalista envolve a obtenção dos dados
                     descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação
                     estudada, enfatiza mais o processo que o produto e se preocupa em
                     retratar a perspectiva dos participantes.


3.4 Instrumentos de coleta de dados


Para melhor atender o objetivo deste estudo, foram utilizados instrumentos
diversificados como a observação sistemática e a entrevista semi-estruturada no
intuito de compreender a influência dos meios de comunicação de massa no brincar
das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto, concluindo o desenvolvimento da
pesquisa.


A observação e as visitas permitiram maior contato com os sujeitos, em uma
experiência direta de envolvimento entre pesquisador e pesquisado. A entrevista por
sua vez, possibilitou alcançar respostas que permitiram avançar e conquistar o
objetivo, desta pesquisa.
32



3.4.1 A observação sistemática


O trabalho de observação é de suma importância para o pesquisador, tendo em
vista que através dela o pesquisador tende a conhecer os diversos setores do locus
pesquisado.   A   observação    possibilitou   perceber   também    as   mutações    e
transformações causadas pela influência da cultura de massa, colaborando para a
mudança de hábitos, costumes e brincadeiras que antes faziam parte do cotidiano
infantil de diversas crianças e hoje ficaram esquecidos no vasto acervo de
informações que a mídia televisiva implanta.


A observação pode tornar-se um instrumento importante de coleta de dados, pois
permite ao pesquisador maior contato com os sujeitos pesquisados, proporcionando
uma experiência direta de envolvimento entre pesquisador e pesquisado. Neste
sentido, Marconi &Lakatos (1996), afirmam que:


                     A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a
                     respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm
                     consciência, mas que orientam seu comportamento. Desempenha
                     papel importante nos processos observacionais, no contexto da
                     descoberta, e obriga o investigador a um contato mais direto com a
                     realidade. É o ponto de partida da investigação social (p.79).


O olhar feito através de uma observação simples pode ser falha por não dar uma
certeza ao observador. Daí a necessidade de uma observação sistemática a fim de
identificar todas as particularidades do campo pesquisado. Foi pensando nesse
aspecto que optamos pela escolha dessa metodologia, entendendo a sua
importância para o desenvolvimento da pesquisa e, consequentemente, a coleta de
dados.


O período de observação ocorreu nos meses de abril a maio de 2011, com total
apoio de todos que fazem parte de forma direta ou indiretamente da Unidade
Escolar, período este fundamental para o investigador poder aprofundar e tentar
solucionar e responder o problema que norteou a pesquisa.
33



Nos primeiros contatos na escola foi feita uma breve conversa com a diretora da
Unidade escolar a fim de estabelecer uma relação de confiança e colaboração, em
seguida iniciou-se a tarefa de observação das brincadeiras infantis no horário da
recreação, buscando desta forma, compreender como a cultura de massa tem
interferido e modificada a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das
crianças na escola.


Foram feitas diversas anotações acerca das observações realizadas, sendo
utilizados tanto cadernos de anotações diárias, quanto a utilização de um rádio
gravador, tendo em vista que o investigador para não correr o risco de esquecer ou
perder as informações precisas deve a todo instante usar o maior número de
instrumentos de coleta dos dados e informações.


Daí a necessidade de uma observação sistemática. Sobre isso Marconi e Lakatos
(1996), definem que “na observação sistemática o observador tem uma
característica, sabe o que procura e o carece de importância em determinada
situação”, além disso, possibilita um entendimento, sobre o assunto pesquisado,
considerando o que se vê e ouve, contribuindo para uma análise mais completa no
estudo.


3.4.2 Entrevista semi-estruturada


A importância da entrevista semi-estruturada diante de nosso estudo consistiu em
podermos alcançar dados não possíveis por outros instrumentos de coleta de dados.
É por meio da entrevista que o pesquisador percebe com mais exatidão a fala e o
comportamento do pesquisado diante do assunto investigado.Foram feitas
entrevistas em dois momentos. Foram entrevistadas 20 crianças sendo 10 do sexo
masculino e 10 do sexo feminino com a faixa etaria dos 07 aos 12 anos de idade. As
entrevistas tiveram o auxílio de um rádio gravador e depois foram transcritas para
que pudéssemos trabalhar com a textualização das mesmas.
34



Segundo Haguette (1992), a entrevista “pode ser definida como um processo de
interação social entre as duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por
objetivo a obtenção de informação por parte do outro, o entrevistado” (p.86).


A entrevista semi-estruturada é um dos meios utilizado pelo pesquisador para se
obter dados e assim se fazer uma pesquisa qualitativa. A entrevista não se torna
uma conversa neutra, pois a mesma tem como objetivo coletar dados, onde são
relatados pelos sujeitos, focalizando a realidade que está sendo pesquisada.
Triviños (1987), define entrevista semi-estruturada como sendo:


                     [...] em geral aquelas que partem de certos questionamentos básicos,
                     apoiados em teorias e hipóteses, que interessa a pesquisa, e que,
                     em seguida, oferece amplo campo de interrogativas, frutos de novas
                     hipóteses, que vão surgindo à medida que se recebem as respostas
                     do informante, seguindo espontaneamente a linha do seu
                     pensamento e de suas experiências dentro do foco principal
                     colocado pelo investigador começa a participar na elaboração do
                     conteúdo da pesquisa(p.146).


Sobre esse aspecto Trivinos (1987), afirma que por possibilitar um amplo leque de
percepções e representações os resultados que se obtem através da entrevista
semiestruturada são melhores, pois trabalhamos com diferentes grupos de pessoas.
35



                                   CAPÍTULO IV


DE QUÊ E COMO BRINCAM AS CRIANÇAS: O QUE NOS REVELAM OS DADOS



O estudo realizado permitiu-nos uma reflexão a cerca das compreensões de como a
cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as
formas de brincar das crianças na escola.      Neste capitulo, portanto, faremos a
análise dos dados a partir dos instrumentos que utilizamos para tal fim: a
observação sistemática e a entrevista semiestruturada que permitiram alcançarmos
o objetivo da pesquisa de forma satisfatória. Faremos a seguir a análise dos pontos
relevantes na nossa pesquisa.


4.1 Perfil dos entrevistados


Levando em consideração o instrumento de coleta de dados escolhido, na
observação e na entrevista semiestruturada, buscou-se conhecer o perfil dos
estudantes, pensando nos aspectos de gênero e a relação com as formas de brincar
de meninos e meninas e como a mesma se entrelaça com a influência que a cultura
de massa exerce para definir suas formas de brincar.


Foram escolhidos 20 estudantes do ensino fundamental de nove anos, do 3º ao 5°
ano, na faixa etária de 07 aos 12 anos de idade. A escolha por estes sujeitos se deu
ao percebermos que nessa idade eles sofrem uma influência maior da cultura de
massa podendo incidir no conteúdo das brincadeiras, pois os mesmos estão mais
vulneráveis a influência da mídia, principalmente a televisiva. Dos 20 estudantes
entrevistados, 10 foram do sexo masculino, correspondendo a 50% e 10 do sexo
feminino correspondendo aos outros 50%.


4.1.1 Observação sistemática


Diante do objetivo apontado neste trabalho monográfico que foi compreender como
a cultura de massa tem interferido e modificado as relações da criança com o lúdico
36



e as formas de brincar das crianças na escola, buscamos primeiramente, observar
as crianças a fim de melhor entender de quê e como elas brincam.


As pesquisas sobre jogos e brincadeiras infantis apontaram alguns destes que eram
mais comuns entre as crianças tais como: Cabra-cega, esconde-esconde, jogos de
cartas e de salão, dados, cara ou coroa, mímica, bola, peão, arco, cavalo-de-pau
entre outras. Os meninos e meninas na maioria das vezes confeccionavam seus
brinquedos e por muitas vezes inventamos brinquedos a partir do material que
tinham em mãos.


No entanto, nota-se que na atualidade e principalmente com o processo de
industrialização, estes brinquedos e as brincadeiras que antes eram praticadas com
tanta alegria e entusiasmo tem perdido o sentido chegando a ficar no esquecimento,
visto que a mídia tem influenciado as crianças a consumir um mundo de fantasias e
de sonhos transformados em produtos que precisam ser comprados e consumidos.
Para Caldas (1986), a cultura de massa consiste em “um número muito grande de
eventos e produtos que influenciam e caracterizam o atual estilo de vida do homem
contemporâneo no meio urbano-industrial”(p.16).


Durante as observações que ocorreram nos meses de abril a maio de 2011, pôde-se
notar em todos os momentos das brincadeiras infantis que as crianças se
interessavam mais pelos brinquedos eletrônicos como, por exemplo, o celular, seja
para atender uma ligação, para jogar, para ouvir música, assistir algum programa de
TV do interesse deles e até mesmo para acessar a internet, do que outros tipos de
brincadeiras.


Em uma atividade de recreação realizada fora do ambiente escolar, na quadra no
centro da cidade, observada uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental, durante
cerca de 60 minutos. O professor conduziu a turma para a quadra poliesportiva,
dividiu o grupo por sexo e ordenou que meninas pegassem o bambolê e fossem
brincar no espaço fora da quadra e os meninos brincassem dentro da quadra, de
futsal. Demonstrando dessa maneira que o professor tem uma concepção de gênero
que determina o tipo de brincadeira que meninos e meninas devem brincar, e isso
37



acaba reforçando uma separação de gênero, quando o mesmo entrega uma bola de
futebol para os garotos e o bambolê para as meninas.


A partir do momento em que o educando é levado a brincar de futebol no caso dos
meninos e de bambolê as meninas, um problema pode ocorrer, pois nem todos
gostam apenas de praticar a atividade recreativa imposta pelo educador. Nesse
sentido, é importante mencionar que essas atividades têm que despertar prazer no
educando para que este venha se interessar e interagir pelas atividades do seu dia-
a-dia, seja na escola ou no espaço extraclasse.


Durante a observação no recreio, percebemos, que a maioria dos estudantes da 4ª
serie corriam de um lado para outro, não se preocupando com as regras ou
exigências rotineiras, apenas se divertiam. Outras 05 crianças brincavam de pega-
pega, onde um corre e a outra tenta pegar. Esta brincadeira tem relação com a
infância dos seus pais.Meninos e meninas participavam desta brincadeira, mas o
que se observou é que raramente isso acontecia, pois em quase todos os momentos
estavam grupinhos de meninas e grupos de meninos brincando separados, sempre
com sujeitos do mesmo sexo. Ao observar a sala, havia um grupo de 04 meninas
dessa mesma classe, ouvindo músicas no celular.


Podemos perceber que na maioria das vezes, para determinados educandos,
tornou-se mais interessante usar um instrumento tecnológico nos momentos de
intervalo das aulas do que participar de atividades em grupos,onde havia a
necessidade de interação e participação. Isto mostra o forte apelo da tecnologia e da
propaganda, influenciando e formando novos comportamentos nas crianças e
adolescentes.


No segundo dia de observação a uma turma de meninos da 3ª serie do ensino
fundamental, viu-se o instante em que os estudantes numa faixa etária de 7 a 8 anos
estavam jogando uma partida de “gude”, jogavam meninos contra meninos. Este
jogo desperta o interesse dos garotos de ganhar do outro. O mesmo consiste em
vários buracos feitos na terra ou na areia, onde os jogadores devem, com um
impulso do polegar, jogar a bolinha chamada de “gude”. Os jogadores devem fazer
38



com que a “gude” entre no buraco, conseguindo assim retirar a do adversário de
dentro fazendo com que, elas se tornem suas. Vence aquele que ficar com as
bolinhas de “gudes” de seus companheiros.


Começado o jogo, num certo momento o celular de um dos participantes tocou e o
jogo parou.Todos ficaram dispersos, tendo em vista que o menino atendeu e em
seguida colocou uma música para tocar, tirando a atenção dos demais. Os meninos
deixaram de brincar com as bolinhas de gude para ouvir a música ao celular, o que
mostra a influência, hoje, dos objetos eletrônicos do mundo moderno, na vida dessa
geração que é fruto da contemporaneidade e que, portanto, vão produzindo
interferências nas suas formas de brincar.


É interessante mencionar que as brincadeiras são muito importantes para o
desenvolvimento do ser humano. Alves (1984), afirma que:“O lúdico proporciona
alegria nos espaços em que se faz presente, ao mesmo tempo em que possibilita a
esperança de liberdade para o mundo todo, sugerindo que há outras possibilidades
para a vida humana” (p. 104).


Ao realizarmos a observação de algumas meninas do5° ano do ensino fundamental,
que estão inseridas numa faixa de idade entre 08 aos 12 anos, percebemos o
interesse que foi momentâneo de brincarem com algumas bonecas, entre elas a
Barbie. Pois tudo estava tranquilo, até o momento em que duas colegas das
meninas apareceram com um MP3, que tocava uma música que está no auge, ela é
tocada em rádios, novelas da atualidade, e seu cantor e compositor é recordista de
shows e público, principalmente na faixa etária pesquisada. A partir daí todas
deixaram de forma repentina as bonecas e começaram a prestar atenção na música
e cantar ao mesmo tempo com as colegas:"Eu to apaixonado,eu tô contando tudo e
não tô nem ligando pro que vão dizer. Amar não é pecado e se eu tiver errado que
se dane o mundo eu só quero você".Luan Santana1




1
 Música do Cantor Luan Santana: Amar não é pecado, composição de Fred / Gustavo / Marco Aurélio / Márcia
Araújo.
39



Ao serem questionadas sobre a música todas disseram que gostam muito por
que não perdem a novela "Morde e Assopra" (da rede globo de televisão) e torcem
para que o casal Abner e Júlia fique junto. "Essa é a música que toca toda vez que
um pensa no outro ou que eles se beijam" relata uma aluna. Outra aluna diz "O Luan
Santana é lindo e eu sei cantar todas as músicas dele". De repente todas começam
a cantar: "Te dei o sol, te dei o mar pra ganhar teu coração você é raio de saudade
meteoro da paixão, explosão de sentimento que eu não pude acreditar Ah! Ah! como
é bom poder te amar".


Percebemos em nossas observações na Escola Municipal Floriano Peixoto, o
quanto a mídia tem influenciado o comportamento das crianças e modificado o
conteúdo de suas brincadeiras e interesses, o que nos faz ver mais claramente que
“o acesso das crianças a informações sobre o mundo adulto, transformou
drasticamente a infância” (KINCHELOE, 2001, p.13). Portanto, a música cantada
pelas crianças é resultado de uma massificação da indústria fonográfica e televisiva,
que não tem compromisso com a educação e o desenvolvimento das crianças, visto
que os interesses dos meios de comunicação de massa é vender um produto e criar
tendências e novos consumidores para alimentar o mercado. Desta forma o
conteúdo televisivo reproduzido pelas crianças representa os valores e interesses
que devem atender aos interesses consumistas.


Segundo (Eco, 2004, p. 330) “A televisão associando cores e sons, é um
instrumento capaz de ensinar gostos e tendências”. Assim, por meio da
massificação da propaganda, a criança passa a cultuar novos jogos e brincadeiras
que surgem fazendo com que elas sejam meras consumidoras e reprodutoras de
valores, contribuindo assim para a eliminação de elementos que fazem parte da
cultura do aluno, fazendo com que crianças e adolescentes passem a agregar novos
hábitos tornando-os consumidoras muitas vezes excessivas chegando a impor aos
pais os produtos que fazem parte de uma cultura que, apesar de se expandir
rapidamente, é extremamente momentânea.


Pelo que foi observado nas brincadeiras das crianças e adolescentes da Escola
Municipal Floriano Peixoto,podemos dizer que a maioria dos brinquedos, jogos,
40



brincadeiras e demais atividades recreativas, atualmente foram sucumbidas pela
gama de avanços tecnológicos produzidos pela mídia. Sendo que este elemento
busca formas individuais que priorizam o ter em oposição ao ser. Segundo
Marcellino, (1996):


                      Uma série de fatores que contribuíram para o desaparecimento
                      gradativo de jogos e brinquedos tradicionais, em todo o Brasil, e
                      principalmente nos centros urbanos. Entre eles podemos destacar: o
                      crescimento das cidades brasileiras, que acarretam uma redução de
                      áreas livres para o lazer; a influência crescente dos meios de
                      comunicação de massas, em especial sobre as crianças,
                      transformando-as em espectadoras e isolando-as entre si; o grande
                      número de brinquedos industrializados, sofisticados e atraentes; as
                      mensagens veiculadas pela indústria cultural, retratando realidades
                      muito diferentes da nossa; os avanços da informática e a
                      popularização desse setor, notadamente no campo dos jogos, além
                      da cobertura de um grande número de possibilidades e etc.(p. 41).


Diante do exposto, nota-se que as crianças procuram espaços e formas de se
expressarem e descobrirem o mundo a sua volta e o brincar é a expressão mais viva
das crianças na sua relação com o mundo. Nessa relação de descoberta, elas
constroem significados e se transformam através do ato de brincar.


No entanto, na sociedade em que vivemos, onde as informações são processadas
rapidamente exigindo acima de tudo um novo perfil de indivíduos que devem estar
sempre acompanhando as mudanças que ocorrem de maneira quase simultânea.Os
professores devem estar sempre em busca do novo, se qualificando e levando
sempre em consideração os interesses dos alunos, para que os mesmos possam
estar interessados pelos os objetivos da escola e obter resultados satisfatórios.


4.2 O que nos contam as crianças sobre o brincar: Os resultados da entrevista


Optamos por aplicar a entrevista semiestruturada aos educandos da referida escola
em dois momentos distintos. No primeiro momento os meninos foram entrevistados
e no segundo momento as meninas, a fim de identificar os resultados de ambos os
gêneros de forma que um não influenciasse na resposta do outro.
41



Esse instrumento de coleta de dados é pertinente, pois é diante de uma entrevista
semi-estruturada que o entrevistador pode interferir e até mesmo mudar a pergunta
elaborada antecipadamente de acordo com as respostas que foram sendo dadas.
Para Lakatos (1991, p.197), “o entrevistador seguindo um roteiro de tópicos relativos
ao problema, tem a liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda razões e
motivos, dar esclarecimentos, não obedece a rigor, a forma formal”.


Portanto, nosso estudo voltou-se para a busca de elementos possíveis para o
alcance do objetivo proposto neste trabalho monográfico, sendo que as falas nas
entrevistas foram fundamentais para que os resultados apresentados pudessem ser
confrontados com os da observação, assim a entrevista e os questionamentos foram
feitos diretamente com os sujeitos da pesquisa.


Apresentamos a seguir, através das categorias surgidas na entrevistas, os
resultados dos dados coletados com os alunos que serão identificados com nomes
fictícios.


4.2.1 Os professores dinamizam as aulas através de atividade lúdicas? O que
os alunos dizem a respeito disso


Nesta categoria, trazemos os resultados indicativos à questão das dinâmicas em
sala de aula trazidas pelos professores. Diante da questão em análise foi possível
chegar ao seguinte resultado.



                                  Respostas dos Alunos
                                     7%


                           24%                               Sempre
                                                             Ás vezes
                                                             Nunca
                                               69%




 Gráfico correspondente as atividades lúdicas propostas pelos professores em sala de aula,
                           segundo as perspectivas dos alunos.
42



Nas respostas dos alunos, podemos perceber que a grande maioria afirma que os
professores costumam trazer dinâmicas, jogos e brincadeiras para a sala de aula,
contudo, as práticas lúdicas só acontecem em sala de aula, quando estão
relacionadas com o conteúdo apresentado aos alunos, tendo em vista que no recreio
não há um acompanhamento das atividades realizadas pelos alunos. Os brinquedos
mais utilizados na sala de aula são boliche, telefone sem fio, escravo de Jó, dominó,
relaxamento, entre outros.


Vale salientar que no horário do recreio, como não há acompanhamento as crianças
acabam brincando sozinhas, sem uma preocupação com regras e normas. Diante o
exposto,acaba surgindo vários problemas de violência,exigindo assim por parte dos
professores, coordenação e direção uma atenção e cuidado.


Segundo os docentes a elaboração de um projeto que tenha por finalidade mudar a
realidade do momento seria de extrema importância, ao mesmo tempo eles têm
dificuldades para adaptar os conteúdos ao jogo. Sobre isso Campos (1993, p.28)
afirma que: “A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora de aprendizagem se o
professor pudesse pensar e questionar-se sobre uma forma de ensinar,
relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula”.


A partir desse incentivo os educandos poderão se interessar mais, tanto pelas aulas,
como no intervalo continuarem a participar de atividades que tragam algum
aprendizado, e não ficarem bitolados aos aparelhos eletrônicos como fazem
habitualmente. As brincadeiras e o aprendizado devem trazer noções e normas
importantes para a formação de um cidadão capaz de atuar como agente de
transformação de realidades, a começar da sua própria realidade.Tentando assim,
desenvolver competências a fim de transformar e ir de encontro com aquilo que
afirma Moysés (1997), o aluno não consegue perceber a relação existente entre o
que se aprende na escola e o conhecimento encontrado fora dela. E que os saberes
produzidos no convívio social são muito pouco aproveitados para subsidiar a
contextualização da aprendizagem escolar.
43



É importante mencionar que nos discursos, a maioria dos educandos afirmaram que
as atividades lúdicas, ou seja, as dinâmicas realizadas com a participação dos
educadores só acontecem em sala de aula, o que seria interessante que fosse
também ao ambiente da recreação. Vejamos algumas respostas referentes a esta
categoria.


                     -Sim, nas aulas sim, mas no recreio não. No recreio é só conversa
                     mesmo, as brincadeiras são as que gostamos e as que escolhemos
                     os professores nos deixam livres. (Ana)


                     -Sim, mas na hora do recreio a gente quem inventa a dinâmica. As
                     dinâmicas que elas fazem nas aulas são: relaxamento, seleção de
                     animais, às vezes elas fazem de acordo com a aula. E na hora do
                     recreio a gente às vezes faz brincadeiras, mais outras vezes a gente
                     fica conversando sobre vários babados e até mesmo da prova que a
                     gente fez antes do recreio. (Carina)


                     -Nas aulas meus professores trazem dominó, cartas, xadrez. No
                     recreio nós brincamos de correr, esconde-esconde, e vampiro.
                     (Antônio)


                     -Os professores trazem dama, xadrez, dado de montar. No recreio
                     nós brincarmos de policia e ladrão, gude e no joguinho no celular,
                     estas são as brincadeiras que mais gosto e também brinco em casa,
                     não só aqui na escola, dessas brincadeiras. (Kauâ)


Nos discursos, percebemos as semelhanças em suas falas quando abordam que as
dinâmicas e brincadeiras por parte dos professores só acontecem em sala de aula, e
muitas vezes não tendo relação com os conteúdos dados. No recreio escolar eles
que inventam, pois ficam livres, e é nesse momento que são motivados pelos
instrumentos eletrônicos que estão presentes no seu dia a dia.


4.2.2 Brincar de quê? O que eles mais gostam?


Em relação às brincadeiras favoritas, 70% dos educandos afirmaram brincar de
jogos e realizar demais atividades pela internet, 20% afirmaram brincar de cartas, de
bonecas e 10% afirmaram não ter brincadeiras favoritas. Com base nessas
respostas, percebemos que a Internet, tem representado um importante elemento
usado pelas crianças o que significa, às vezes isolá-las em casa, no contato apenas
44



virtual com outros jogadores, fazendo com que os brinquedos e brincadeiras antes
utilizadas sejam deixados de lado. Alguns alunos que não tem computador em casa
revelaram que chegam a ficar horas em uma “Lan House” brincando e apostando
com os outros amigos. Foi percebido também, que dos 10% dos educandos que
afirmaram não terem brincadeiras favoritas muitas vezes aproveitam o horário do
recreio para estudar.


Maluf (2003), diz que é através do jogo que a criança aprende de forma natural e
agradável. O brincar desperta o interesse e eleva a auto-estima. Acrescenta ainda,
que o lúdico é um excelente motivador, pois prepara o indivíduo para aprender
novos conceitos e ajuda a construir novos conhecimentos. Além disso, a ludicidade
possibilita situações, na qual, a criança possa experimentar experiências que
contribuem para o seu amadurecimento cognitivo.


No que se referem às brincadeiras que os estudantes mais gostam de brincar na
hora do recreio, 10% gostam de brincar de futebol, 30% gostam de falar sobre
“REBELDES” dizendo que é a novela preferida delas e 60% brincam de pega-pega e
esconde-esconde. Dessa maneira, pode-se interpretar que algumas brincadeiras,
apesar da modernidade e dos avanços tecnológicos, tem ainda um papel importante
na vivência dos educandos, principalmente no horário do recreio. Eis algumas falas:


                        - No recreio não brinco nós ficamos conversando sobre a novela
                        “rebelde” e em casa gosto muito de brincar com meus primos de
                        “pisa pé” e também nos jogos na internet nos divertimos muito com a
                        brincadeira “pisa pé”. (Clara, 10 anos)


                        - As minhas brincadeiras favoritas são: jogos na internet, escolinha,
                        brincar de manicure, assistir novelas, jogar uno, jogar dominó, na
                        escola são: conversar, e às vezes brincar de escravos de jó. E com
                        meus amigos é as mesmas brincadeiras que eu brinco na escola, e
                        mais jogar os joguinhos da internet. (Bruna, 8 anos)


                        - Eu não tenho nenhuma brincadeira preferida. Na hora do recreio eu
                        e minhas amigas ficamos conversando sobre varias novelas. Em
                        minha casa eu gosto de jogar na net, de conversar no Orkut, de
                        assistir novelas e brincar com o meu primo e com a minha irmã.
                        (Tatiana, 11 anos)
45



                     - Brinco de pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, estas
                     brincadeiras também brinco em casa com meus amigos. (Laura, 7
                     anos)


                     Eu brinco de jogos de correr, esconde-esconde...e outros que meus
                     colegas gostam de brincar... eu me divirto muito. (Breno, 10 anos)


No percentual dos depoimentos acima mencionado percebemos que a maioria das
crianças gosta de brincadeiras tradicionais, no entanto foi observado no recreio que
mesmo que elas estejam brincando quando outra criança se aproxima com um MP3
ouvindo músicas ou assistindo jogos no celular ou com um mini game, elas
automaticamente deixam as brincadeiras e se rendem aos aparelhos eletrônicos
modernos.


Quando questionadas em relação às brincadeiras mais utilizadas em casa, ou com
os amigos na rua,enfim, brincadeiras fora do contexto escolar, pode se compreender
que 80% preferem usar o computador para assistir filmes, acessar sites de
relacionamentos como MSN, Orkut, face book para jogar,além de utilizarem também
vídeo game.Apenas os demais 20% declararam usar brinquedos e brincadeiras
comuns, como esconde-esconde, pega gelinho,pega-pega entre outros.


Percebe-se assim que os educandos afirmam usar a internet como principal
elemento de entretenimento. Muitos deles afirmaram que muitas vezes utilizam esse
meio de comunicação na rua, “Lan Houses”e/ou na casa de algum amigo, sendo
assim fruto de uma sociedade marcada pela influência da tecnologia.


4.2.3 Brinquedos construídos ou comprados. O que é mais interessante?


No que diz respeito à opinião dos alunos acerca desta questão, a maioria afirma que
comprar é bem mais fácil e que os brinquedos são mais bonitos, eles revelaram que
quando um amigo compra ou ganha algum brinquedo o outro automaticamente já
quer possuir também um parecido, igual ou até mesmo melhor. Notamos a partir da
análise das respostas, que os meios de comunicação exercem grande influência
sobre as crianças, pois fazem com que as mesmas acreditem que os brinquedos
mostrados, principalmente pela mídia televisiva, sejam considerados os mais
46



bonitos, atraentes e que eles devem obter a qualquer custo aquele produto. A
propaganda, especialmente no que se refere aos produtos para crianças e
adolescentes são muito envolventes, pois ao assistir elas fazem de tudo para que os
pais comprem aqueles produtos que para elas são os melhores e que elas devem
possuir.


Vale salientar que todos afirmaram ter brinquedos, contudo,quando se partiu para a
questão se eles preferem construir ou comprar determinado jogo ou brinquedo, 90%
dos educandos deixam claro o gosto por produtos industrializados, sendo que
apenas 10% responderam gostar de brinquedos e jogos produzidos e criados por
eles ou pelos pais. Isso nos leva a entender que as crianças utilizam mais
brinquedos industrializados, e apenas uma minoria utilizam produtos produzidos por
eles mesmos. No entanto, devemos nos atentar que a tecnologia em si não é uma
coisa ruim, mas a forma como ela é usada e que esse comportamento é um reflexo
da realidade dos tempos contemporâneos, de uma geração que nasceu convivendo
com a tecnologia e com os produtos industrializados, e que se forem também
explorados podem possibilitar a criatividade e a imaginação.


Dessa forma tanto os pais como os professores têm papel importante no que se
refere a instigar os alunos a fazerem bom uso de tudo o que dispõem tanto dos
elementos tecnológicos e industrializados, quanto de elementos presentes no seu
cotidiano como, por exemplo, um professor de artes pode na sua aula confeccionar
brinquedos, flores e aparelhos musicais a partir de sucata. Fazendo com que os
alunos, além de reciclagem passem a se interessar pelo que produzem. É nessa
perspectiva que Freire (1987), afirma que:


                     O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas,
                     invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão
                     sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a
                     educação e o conhecimento como processo de busca (p. 58).


Essa afirmação nos fez entender que o ensino de qualquer disciplina com
brincadeiras e com jogos, além de fazer diferente, o jogo em sala de aula, estimula e
desenvolve o aspecto cognitivo da criança, jovem e adulto. “Educar ludicamente tem
47



um significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida”
(ALMEIDA, 2000, p. 14).


Portanto, em resposta a essa temática, um dos argumentos mais utilizados, pela
maioria, que corresponde a 90%, dando preferência por brinquedos ou jogos
industrializados, afirmam que estes são mais práticos e possibilitam maior agilidade
na hora de utilizá-los,não exigindo deles tempo. Parece-nos que desde cedo as
crianças vão sendo enquadradas nos padrões da sociedade capitalista, onde as
relações sociais estão pautadas quase sempre na agilidade e objetividade das
ações, tornando o homem fruto e refém da máquina, além da ideia de posse do
objeto que todos têm. Nesse sentido a fala da aluna Carina parece ratificar essa
ideia: “Sim, bonecas, ursos, mas eles são todos comprados, porque é mais fácil,
apesar de que gasta dinheiro, mas... é mais prático, sem falar que minhas amigas
tem bonecas bonitas não posso brincar com uma feia tenho que ter uma igual ou
mais bonita do que as delas”.


Diante da fala de Carina, percebemos o quanto os produtos industrializados estão
presentes no cotidiano das crianças e adolescentes e que eles querem sempre mais
e melhores que os outros, demonstrando superioridade em relação à aquisição de
produtos e na influencia dos meios de comunicação principalmente a mídia televisiva
que tem programas e propagandas direcionadas para esse público.


Portanto, hoje, um grande desafio dos educadores tem sido encontrar uma proposta
pedagógica eficaz, capaz de envolver os estudantes e que possibilite um processo
de ensino e aprendizagem, promovendo assim uma aquisição de conhecimento sem
“estresse” e sofrimento para todos os envolvidos. Neste sentido, os dados
apresentados mostram que a ludicidade tem um campo imensamente promissor,
considerando que esta faz parte da vida e das necessidades do ser humano. Faz-se
necessário, todavia, que as escolas e os educadores se dêem conta que as crianças
e adolescentes de hoje são frutos do avanço tecnológico e sofrem a influência dos
meios de comunicação de massa, por isso é preciso pensar as intervenções
pedagógicas levando em consideração a realidade, o tempo presente. Planejar
buscando dinamizar as atividades propostas em sala de aula, desde o aspecto da
48



confecção de materiais até a mudança de alguns processos metodológicos pode ser
um caminho para que esse aluno possa interessar-se de maneira positiva e
aprender utilizando todos os recursos disponíveis. Além disso, o/a professor/apode
proporcionar outras experiências com o lúdico que possam levar essas crianças a
refletirem sobre essa influência da cultura de massa nas brincadeiras infantis, além
de proporcionar ao educando uma orientação acerca da importância de se preservar
brincadeiras que fizeram parte do acervo cultural daquela comunidade.


Estas informações são reforçadas por Almeida (2000), quando diz que o lúdico pode
contribuir decisivamente para a melhoria da qualidade de ensino, possibilitando ao
educando uma formação crítica e rica, além de ajudar a diminuir os índices de
repetência e evasão. Salienta ainda, que toda criança sonha encontrar na escola um
ambiente de alegria e prazer, onde possa viver a melhor fase de sua vida, contudo,
muitos acabam tendo seus sonhos transformados em pesadelos. Almeida (2000)
afirma que “é preciso sem dúvida, reencontrar caminhos novos para a prática
pedagógica escolar, uma espécie de libertação, de desafio, uma luz na escuridão
(...) e educação lúdica pode ser uma boa alternativa” (p. 62).


Nesta direção, faz-se necessário a existência de um professor que tenha e busque o
conhecimento que promove a compreensão do real valor dos jogos, brincadeiras e
dinâmicas e assim possa traçar as diretrizes condutoras do aprendiz á fonte do
saber e com o toque delicado que só a ludicidade possui, convencê-lo a
experimentar um mergulho no profundo mundo da aprendizagem.


4.2.4 Brincadeiras infantis: do que mais gosto de brincar?


Para Teixeira (1995, p.23) “O ser que brinca e joga é também o ser que age, sente,
pensa, aprende e se desenvolve”. Desta forma, através das brincadeiras, a criança
se envolve na atividade e sente a vontade de partilhar com o outro. Esta relação
divulga as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e coloca em cheque
as aptidões, testando limites e propondo desafios.
49



Notamos através da entrevista que 50% relataram brincar com os amigos e irmãos,
de videogame e jogos pela Internet, 30% afirmaram brincar de amarelinha e boneca
e 20% afirmaram brincar de pega-pega, amarelinha, xadrez e de bola. Podemos
observar na fala de Jeferson o quanto o computador é muito importante para a sua
vida: “As brincadeiras que mais gosto de brincar são os jogos do computador,
sempre que posso estou lá acessando e me divertindo muito e até mesmo com
meus colegas”.


Vale salientar que pais e professores, de certa forma tem contribuído nesse
interesse repentino e avassalador do educando pelos elementos da cultura de
massa, tais como os brinquedos eletrônicos e objetos da informática, e nesse
sentido o computador, quando a escola determina que a pesquisa deva ser feita pela
internet. Às vezes, os pais numa tentativa de suprir a sua ausência na vida dos filhos
ou com objetivo de que as crianças não fiquem nas ruas, acabam comprando um
computador e colocam no quarto, podendo isso representar um risco, pois nem
sempre os pais têm o tempo esperado para acompanhar os filhos no uso desse
veículo de informação.


Portanto, tanto no ambiente familiar quanto na escola é preciso uma orientação que
tenha como finalidade formar educandos preparados e conscientes dentro da
sociedade, e que transmita para esses alunos conceitos a fim de desenvolver
estratégias para dinamizar o processo de ensino e aprendizagem. Segundo
Schwaetz (1985):


                     O papel do professor deveria incluir e ensinar as crianças como
                     estruturar e classificar informações que elas já possuem e estão
                     constantemente recebendo. Muitos poucos professores adotam essa
                     abordagem e as crianças pagam o preço dessa falha dos mestres
                     desinteressados pela escola (p.30)


Dessa maneira, os alunos se tornam apenas meros reprodutores de conceitos e
ideias prontas, não sendo formados para questionar ou enfrentar as dificuldades,
que surgem diariamente, pois a tarefa principal da escola é formar cidadãos para
atuar como agentes de transformação de realidades, a começar da sua.
50



4.2.5 Televisão: O que e quando assistir?


No que tange esta questão, 70% relataram assistir novelas e minisséries, a exemplo
de “Morde e Assopra”, “Rebelde”, “malhação e demais novelas”. Já 20% relataram
assistir desenhos e 10% assistem a jogos de futebol. Com isso, percebeu-se que o
gosto das crianças tem mudado de forma considerável,sendo que as novelas e
demais programas impróprios para a idade deles,ganharam a preferência desse
público,denotando também a falta de controle dos pais nos horários e programas
que estas crianças estão assistindo e na quantidade de tempo que elas estão
expostas à televisão, podendo este fato ser marcado pela influência massiva da
mídia televisiva. Observou-se assim que os desenhos, apesar de ter um lugar na
agenda dos meninos, vêm cada vez mais perdendo espaço. Nota-se isso em
algumas falas, principalmente entre as meninas:


                     - Adoro assistir as novelas. De tarde e a noite e ainda meus
                     programas favoritos são rebeldes, se ele dança eu danço tudo a ver,
                     morde e assopra e outros. (Ana)


                     - Sim, novelas, 05h00min, 07h00min horas. Rebelde malhação,
                     cordel encantado e morde assopra, Lara com z, zorra total. Grande
                     família e insensato coração. Assisto tudo isso e se pudesse assistia
                     mais. (Kaline)


                     - Assisto rebeldes, insensato coração, cordel encantado, malhação,
                     morde e assopra, filmes na seção da tarde... gosto demais. (Maria)


                     - Eu assisto futebol, desenho da globo, novelas mas a preferida é a
                     “rebeldes” (Luiz).


Dizer que a apropriação das mensagens da mídia se tornou um meio de auto
formação no mundo moderno não é dizer que ele é o único meio: Claramente não é.
Há muitas outras formas de interação social, como as existentes entre pais e filhos,
entre professores e alunos, entre pares, que continuarão a desempenhar um papel
fundamental na formação pessoal e social. Os primeiros processos de socialização
na família e na escola são de muitas maneiras, decisivos para o subsequente
desenvolvimento do individuo e de sua autoconsciência. Mas não devemos perder
de vista o fato de que, num mundo cada vez mais bombardeado por produtos da
51



indústria cultural e da grande mídia, uma nova e maior arena foi criada para o
processo de auto formação, essa “É uma arena livre das limitações espaços
temporais da interação face a face e; dado o alcance da televisão em sua expansão
global, se torna cada vez mais acessível aos indivíduos em todo o mundo”.
(THOMPSON, 1998, p.46)
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  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM SILVANA DOS SANTOS COSTA CULTURA DE MASSA E LUDICIDADE: A influência dos meios de comunicação de massa no brincar das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto SENHOR DO BONFIM – BA 2011
  • 2. 2 SILVANA DOS SANTOS COSTA CULTURA DE MASSA E LUDICIDADE: A influência dos meios de comunicação de massa no brincar das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos, pelo Departamento de Educação – Campus VII da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Orientadora: Profª. Rita de Cássia Oliveira Carneiro SENHOR DO BONFIM – BA 2011
  • 3. 3 SILVANA DOS SANTOS COSTA CULTURA DE MASSA E LUDICIDADE: A influência dos meios de comunicação de massa no brincar das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto Aprovada em ______de ______________ 2011. _________________________________________________ Profª.Rita de Cássia Oliveira Carneiro _________________________________________________ Avaliador(a) _________________________________________________ Avaliador(a)
  • 4. 4 Dedico este trabalho aos meus filhos Lucas e Isabelly Vitória e meu esposo Loilton, pela força e inspiração, em todos os momentos difíceis, me impulsionando a buscar vida nova a cada dia, meus eternos agradecimentos. A Deus, pai todo poderoso, que incomparável na sua infinita bondade compreendeu os meus anseios transmitindo o dom da sabedoria e a necessária coragem para atingir o objetivo em todos os momentos da minha vida, te agradeço infinitamente por mais essa conquista.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS À Universidade do Estado da Bahia – Campus VII, representada pelos professores direção e funcionários, pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo do curso. À professora Rita Carneiro pelo incentivo, simpatia e presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento desta monografia. Aos professores em especial, que souberam além de transmitir seus conhecimentos, transmitiu-nos suas expectativas e ajudaram a tornar visíveis as nossas dificuldades. Aos colegas da turma 2007.1, pelo incentivo e pelo apoio constante na troca de informações e materiais demonstrando amizade e solidariedade. A toda a minha família e amigos, que com muito amor e compreensão contribuíram dando coragem e perseverança. E a todos que direta e indiretamente contribuíram para a conclusão deste curso
  • 6. 6 “Nada lhe posso dar que não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível seu próprio mundo, e isso é tudo”. Herman Hesse
  • 7. 7 RESUMO O presente trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Pedagogia Gestão e Docência em Espaços Educativos têm como objetivo, compreender como a cultura de massa tem interferido a relação da criança com o lúdico e modificado as formas de brincar das crianças, sob a influência dos meios de comunicação de massa elemento tão presente na sociedade contemporânea. A pesquisa teve como lócus a Escola Municipal Floriano Peixoto, no município de Jaguarari. Os sujeitos escolhidos foram 20 estudantes do 3° ao 5º ano, do Ensino Fundamental, sendo que destes 10 são do sexo feminino e 10 do sexo masculino. A escolha da faixa etária se deu ao percebermos que nessa idade eles sofrem uma influência maior da cultura de massa, o que pode incidir no conteúdo das brincadeiras, pois os mesmos estão mais vulneráveis a influência da mídia principalmente a televisiva. Para coletarmos os dados necessários utilizamos a observação sistemática e a entrevista semiestruturada. A pesquisa realizada foi de cunho qualitativo, onde procurou-se analisar as formas de brincar das crianças e o que elas pensam sobre os meios de comunicação de massa e de que forma estes influenciam em sua relação com o lúdico, chegando a conclusão diante do objetivo da nossa pesquisa. Para a realização da pesquisa utilizou-se como base teórica a leitura e abordagens dos seguintes autores: Giroux (2001), Santos ( 2001,), Kishimoto (2001),Negrine (1994,), Baccega (2000), Levin (2001), Borba (2005), Viana (2002), Postman (1999), entre outros que serviram de base para a escrita e discussão do presente trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade - Cultura de Massa - Brincadeiras Infantis - Escola
  • 8. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 CAPÍTULO I: PROBLEMÁTICA: A SOCIEDADE NO ATUAL CONTEXTO GLOBALIZADO ....................................................................................................... 12 CAPÍTULO II: QUADRO TÉORICO: EXPLORANDO CONCEITOS CHAVE .......... 19 2.1 O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE .................................................. 19 2.2 O PROFESSOR,A CULTURA DE MASSA E A LUDICIDADE ............................................. 22 2.3 AS INFLUÊNCIAS DA CULTURA DE MASSA NAS BRINCADEIRAS INFANTIS ........................ 24 2.3.1 ESCOLA E CULTURA ....................................................................................... 26 CAPÍTULO III: TRILHA METODOLÓGICA: APONTANDO O CAMINHO ............... 28 3.1 PESQUISA QUALITATIVA......................................................................................... 28 3.2 O AMBIENTE DA REALIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 30 3.3 SUJEITOS PESQUISADOS ....................................................................................... 30 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................................... 31 3.4.1 A OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ......................................................................... 32 3.4.2 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ..................................................................... 33 CAPÍTULO IV: DE QUÊ E COMO BRINCAM AS CRIANÇAS: O QUE NOS REVELAM OS DADOS ............................................................................................ 35 4.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ................................................................................ 35 4.1.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ............................................................................ 35 4.2. O QUE NOS CONTAM AS CRIANÇAS SOBRE O BRINCAR: OS RESULTADOS DA ENTREVISTA40 4.2.1 OS PROFESSORES DINAMIZAM AS AULAS ATRAVÉS DE ATIVIDADE LÚDICAS? O QUE OS ALUNOS DIZEM A RESPEITO DISSO........................................................................ 41 4. 2. 2BRINCAR DE QUE? O QUE ELES MAIS GOSTAM? ................................................ 43 4.2.3. BRINQUEDOS CONSTRUÍDOS OU COMPRADOS. O QUE É MAIS INTERESSANTE? ..... 45 4.2.4 BRINCADEIRAS INFANTIS: DO QUE MAIS GOSTO DE BRINCAR?.............................. 48 4.2.5 TELEVISÃO: O QUE E QUANDO ASSISTIR? .......................................................... 50
  • 9. 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 52 REFERÊNCIAS..........................................................................................................55 ANEXOS
  • 10. 10 INTRODUÇÃO O presente trabalho monográfico, requisito necessário para a conclusão do Curso de Pedagogia, tem por finalidade consolidar o aprofundamento teórico em torno do tema cultura de massa e ludicidade, resultante dos estudos realizados ao longo do curso e que suscitou o objeto desta pesquisa. O nosso objeto de estudo surgiu da inquietação e do anseio de aprofundar os conhecimentos sobre a temática pesquisada, buscando compreender a influência que a sociedade de consumo exerce na relação dos sujeitos como lúdico e, em especial, das crianças. Desta forma nasceu o desejo de compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e suas formas de brincar. Partindo da nossa experiência anterior com o estágio definimos como lócus da pesquisa uma escola para, naquele lugar observarmos o brincar das crianças e as interações que elas estabeleciam com as brincadeiras infantis. Além disso, seria mais fácil entrevistá-las saber do que brincavam e das brincadeiras e brinquedos que gostavam. Portanto, procuramos direcionar teoria e prática com o objetivo de melhor compreender a finalidade proposta da pesquisa através dos métodos utilizados para coletar dados. O referido trabalho é composto de quatro capítulos, a saber: Capítulo 1: Problematização. Nesse capítulo trouxemos um breve histórico sobre o processo de globalização no mundo contemporâneo sob a ordem do capitalismo, problematizando a temática pesquisada e apresentando nossa questão e o objetivo de nossa pesquisa. Capítulo 2: Fundamentação. Nesse capitulo, foi apresentada a fundamentação teórica com base em alguns autores que subsidiaram essa pesquisa de uma maneira contextualizada; e ainda apresentamos alguns subtítulos a fim de melhor fundamentar o trabalho, a exemplo de: A importância da educação na
  • 11. 11 contemporaneidade, a influência da cultura de massa nas brincadeiras infantis, ludicidade e cultura de massa e o professor, a cultura e a ludicidade. No terceiro capítulo, apresentamos a metodologia empregada, assim como os instrumentos de coleta de dados utilizados dando sustentação ao enfoque qualitativo adotado no presente estudo. No quarto capítulo, foi apresentado a análise e interpretação dos resultados da pesquisa, obtidos através dos instrumentos de coleta de dados, em que procuramos responder ao nosso questionamento e atender aos objetivos desta pesquisa. Finalizamos, apresentando as considerações finais, onde expomos os resultados alcançados através da presente pesquisa resultantes da análise e interpretação dos dados.
  • 12. 12 CAPITULO I PROBLEMÁTICA: A SOCIEDADE NO ATUAL CONTEXTO GLOBALIZADO A sociedade contemporânea é marcada pelo processo de globalização ou de unificação do mundo sob a ordem do capitalismo e tem como um dos seus pressupostos a incorporação dos vários segmentos da população à lógica do consumo. Estas mudanças impactam na organização da vida em sociedade, das famílias e das relações comunitárias. A sociedade de consumo tem como objetivo primordial tornar a todos consumidores, e para isso se faz necessário produzir objetos, criar necessidades e desejos de possuir esses produtos. E neste contexto, os meios de comunicação têm um papel importante na produção da necessidade de consumo e na construção dessa necessidade, numa velocidade vertiginosa, buscando massificar o acesso a determinados bens. Esse fenômeno fez surgir uma grande quantidade de consumidores formados e padronizados pela propaganda. Desta forma, não se usa mais determinado produto ou coisa pelo fato de gostar, ou pela necessidade real que se tem, mas pelo marketing na qualidade da marca e por outros aspectos, muitas vezes irrelevantes, com o intuito de vender o produto. Na contemporaneidade não se vende apenas bens de consumo, mas também cultura, que se tornou um produto, tal qual um sapato ou comida, nas prateleiras do mercado. Nesse sentido, as crianças constituem hoje uma importante fatia do mercado, o que tem provocado um incremento da produção cultural voltada para a infância, sobretudo daquela da ordem da cultura de massa. A mídia, principalmente a televisiva, tem exercido forte poder sobre a formação cultural da infância, quando se associa com as tendências da TV, para fragmentar e descontextualizar a realidade. “Nesse sentido é preciso ficar atento, pois, a “mídia” é capaz de influenciar das formas mais diversificadas, a vida cotidiana e a atuação
  • 13. 13 política dos indivíduos a maneira como agem, sentem, desejam, lembram, convivem e resistem” (IRACI SANEMATSI, 2007, p.120). Como um dos veículos mais importantes do mundo capitalista, a televisão tem como fio condutor a ideia de que os interesses comerciais ditam a cultura infantil, está pautada em transformar os pequenos em consumidores, pois à mídia o que importa é o lucro, não interessando o bem estar das crianças. Não há dúvida de que a infância e a cultura infantil estão mudando, muitas vezes como resultado de seu contato com outras manifestações mais adultas da cultura de massa e da cultura que é produzida para a infância. E é no interior dos lares que ela está inserida, como observa Baccega (2000) visto que: (...) a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a escola e a família o processo educacional, tendo se tornado um importante agente de formação. Ela até mesmo leva vantagem em relação aos demais agentes: sua linguagem é mais ágil e está muito mais integrada ao cotidiano: o tempo de exposição das pessoas à televisão costuma ser maior do que o destinado à escola ou à convivência com os pais (p. 95). Os valores familiares, que sempre se pautaram no respeito e no bom relacionamento entre pais e filhos, observamos que na atualidade essa estrutura está em desequilíbrio, e os que mais sofrem com isso são as crianças. Com o esfacelamento da estrutura familiar, resultante do divórcio e de lares onde os pais trabalham fora e ficam pouco tempo com os filhos, vive-se, hoje, a era das gerações de “esquecidos em casa”, e na sua maioria entregues à babá eletrônica: a televisão. Crianças que, em grande parte, têm sido obrigadas a se desenvolverem por si mesmas.Levin (2001), ao discorrer sobre a criança diante da informática científica- tecnológica, enfatiza a sua posição alienante diante da imagem: O fascínio da imagem coloca a criança em posição geral passiva e basicamente alienante; entregue à televisão, ao computador ou aos jogos eletrônicos, o pequenino chega a tornar-se anônimo perante o imaginário tecnológico que o cativa a todo momento, num imobilismo obscenamente indiferente. (...) A criança fica “privatizada” pelo imaginário atual como objeto de mercado, de consumo sem artifício, sem criação, sem invenção; e nessa situação de objeto de consumo ela cumpre a sua função de consumir banalmente essas mesmas imagens que a aprisionam, privando-a de seu corpo, banalizando seu desenvolvimento (p.49).
  • 14. 14 A criança, portanto, desde pequena entra nesse mundo de fantasia e quando não acompanhada e orientada se torna alvo fácil de manipulação. A ausência e a falta de acompanhamento dos pais nessa fase fazem com que a televisão acabe cumprindo o papel de agente modelador dessas crianças que podem se tornar jovens e adultos alienados. Segundo Prestes (2005),é justamente as mudanças ocorridas na família que permite a liberdade dos filhos e “a participação dos pais na escola influencia para uma melhor aprendizagem, apoio e educação” (p.35). Para Borba (2005), a cultura de massa, principalmente a televisiva, faz com que a criança ignore as desigualdades que marcam a sociedade, e quando representadas na televisão quase sempre estão descontextualizadas e deslocadas da realidade da criança. Um exemplo disso são os papéis destinados aos negros ou pardos na televisão. Percebe-se, nitidamente que os papéis que os brancos fazem são de heróis, de ricos, de uma classe superior ao papel que é destinado ao negro. Essa divisão é vista e não passa despercebida nem pelos pequenos, e mesmo às vezes disfarçada, esses papéis refletem na vida cotidiana das pessoas, principalmente se não há uma mediação do adulto para fazer as crianças pensarem sobre estas questões. Ao fazer uma análise dos filmes e brinquedos destinados às crianças Giroux (2001, apud, BORBA, 2005, p. 5), aponta que até existe “os heróis não-americanos –como Aladim cujos traços, entretanto, não retratam o árabe, e sim o americano branco – ou bonecas como a Barbie Jamaicana e de outras etnias”, mas estas têm como modelo a “Barbie americana e loura, apenas vestindo trajes típicos”. Desta forma, a indústria encontra novas maneiras de produzir em grande escala o mesmo produto, mudando apenas alguns elementos para atrair o interesse do consumidor. Nesse sentido Viana (2002), afirma que: Todo esse processo reproduz interesses da classe dominante. A indústria cultural produz uma padronização e manipulação da cultura reproduzindo a dinâmica de qualquer outra indústria capitalista, a busca do lucro, mas também reproduzindo as ideias que servem para sua própria perpetuação e legitimação e, por extensão, a sociedade capitalista como um todo (p.13).
  • 15. 15 Vale ressaltar, que nos últimos anos tem-se assistido a uma progressão assustadora da indústria cultural destinada às crianças permitindo o que para alguns autores significa “a existência de uma pedagogia cultural baseada na TV, no cinema, nas revistas, nos jornais, nos brinquedos, nas propagandas, nos videogames, nos livros, nos esportes, etc.” (STEINBERG &KINCHELOE, 2001, CASTRO, 1998, apud, BORBA, 2005). É evidente que nos dias atuais a centralização do poder está cada vez mais nas mãos de poucos, tendo assim total liberdade para produzir qualquer tipo de cultura infantil lucrativa já que cada vez mais, formam-se maiores corporações que funcionam como grupos dominantes. Neste sentido, percebe-se o interesse de grandes corporações (seguradoras, bancos, o comércio em geral), em apresentar-se nas propagandas como os melhores interesses da família, e para isso usam frequentemente a criança como foco de suas campanhas de mídia, com o significado de promessa de segurança e felicidade. Segundo Postman (1999), a televisão na nossa sociedade não faz distinção entre crianças e adultos, denotando que: [...] aproximadamente 3 milhões de crianças (com idades de dois a onze anos) assistem à televisão todas as noites do ano entre 11 e 11:30; 2 milhões e 100 mil assistem à TV entre 11:30 e meia-noite; 1 milhão e 100 mil entre meia-noite e meia e uma da manhã; e quase 750 mil entre 1:00 e 1:30 da manhã. Isso acontece não só porque a forma simbólica da televisão não propõe mistérios cognitivos, mas também porque um aparelho de televisão não pode ser escondido numa gaveta ou colocado numa prateleira alta, longe do alcance das crianças (p.94). A criança tem sido vista pela indústria como mais um consumidor em potencial e para isso tem investido na divulgação de seus produtos através da grande mídia com o objetivo de ressaltar a importância de a criança possuir um determinado brinquedo ou jogo, não ocorrendo uma preocupação com valores, riscos e demais problemas que o mesmo venha causar em um futuro próximo, cabendo a pais e professores atentarem-se para a necessidade de orientaras crianças sobre como agir diante das investidas da propaganda televisiva.
  • 16. 16 Tornou-se comum, na maioria das famílias contemporâneas, trocarem o tempo de conversa entre pais e filhos pela convivência silenciosa em torno de uma tela de TV, este “fenômeno típico dos tempos modernos”, atinge, principalmente, crianças e jovens, em todas as classes sociais, quer dentro da própria família, quer nas ruas (JOBIM & SOUZA, 1998, apud, BORBA, 2005). Ressalta-se ainda, que a mídia televisiva tem enorme papel na relação entre infância e cultura, não apenas por ser o veículo de circulação de modelos, mas por ser um centro elaborador de mensagens que modelam os comportamentos humanos, constituindo suas principais redes de referências, e tendo as crianças como foco, pois elas são vista como consumidoras atuais e futuras. Para Feilitzen (2002): [...] há uma exceção, em que as crianças são representadas com maior frequência no contexto da mídia – nos comerciais. O fato de as crianças serem mais comuns nos comerciais do que no contexto da mídia em geral é um sinal de seu alto valor de consumo econômico na sociedade – como consumidores atuais e futuros e como conceitos de venda e estratégias de propaganda para produtos, valores e estilos de vida (p.23). Nessa sociedade da informação e do consumo, as Instituições de Educação têm um imenso desafio de tentar, na contramão da cultura de massa, educar as crianças pequenas para um mundo mais solidário, levando em conta as crianças como produtoras de cultura. Nesta perspectiva a escola deve ser entendida como um espaço de produção de cultura e os sujeitos desse processo devem cotidianamente vivenciar um ensino que respeite a diversidade cultural e ao mesmo tempo trabalhando para que a sala de aula seja um espaço de vivência dessa diversidade. Para Durkheim (1973), “a educação não é um elemento para mudança social, e sim pelo contrário, é um elemento fundamental para a conservação e funcionamento do sistema social” (p.52). Portanto, a escola deve relacionar os saberes do passado e do presente, e principalmente articular o conhecimento que é adquirido dentro e fora deste espaço educacional. É indispensável que a escola reconheça o papel de cada sujeito inserido em seu contexto, priorizando o seu desenvolvimento, o seu conhecimento e indispensavelmente a sua cultura.
  • 17. 17 Desde a Educação Infantil, esse ensino deve estar presente, pois a criança nesse processo vai tendo a oportunidade de experimentar, inferir, levantar hipóteses, produções, conquistas, fazendo com que se concretize a vivência da diversidade no dia a dia da criança. Para tanto, pensar sobre a Educação e sobre o currículo desse ensino é um desafio que vem percorrendo caminhos muitas vezes paradoxais ao longo de sua história, cabendo assim ao profissional da educação criar, na sala de aula, espaço de troca de saberes, onde os educandos possam, nessa etapa educativa, viver a experiência de um ensino rico em afetividade e descobertas, oportunizando-os a adquirir novas aprendizagens, que não deve ser resumida a repetição e/ou transferência dos conteúdos. Neste contexto, tanto a Instituição de Educação Infantil quanto as escolas do Ensino Fundamental e os professores não podem esquecer que a mudança na realidade econômica, associada ao acesso das crianças às informações sobre o mundo adulto, transformou drasticamente a infância. Desta forma, a Instituição e seus profissionais têm um grande desafio na educação das crianças, pois a tendência destas, em copiar modismos implantados e divulgados pela cultura de massa, faz surgir uma preocupação entre toda sociedade, a de que as antigas brincadeiras, jogos e outras atividades fiquem esquecidos na oralidade dos pais. Entretanto, este é um desafio que as Instituições de Educação e os professores precisam enfrentar tentar entender como as crianças brincam, hoje, como estão elaborando a cultura e ao mesmo tempo disponibilizar às crianças o acesso aos bens culturais, historicamente produzidos, e o acervo de jogos e brincadeiras tradicionais para ampliar o desenvolvimento e a compreensão da sua história enquanto ser humano. Diante da problemática apontada a nossa questão de pesquisa, no presente estudo, é compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na escola. Acreditamos que o nosso estudo possa servir como reflexão sobre a temática, suscitando um
  • 18. 18 olhar mais acurado sobre a influência da cultura de massa nas formas de brincar das crianças, além de aprofundar os conhecimentos sobre a temática pesquisada, e as possibilidades de intervenção pedagógica.
  • 19. 19 CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: EXPLORANDO CONCEITOS CHAVE De acordo com a problemática apontada no capítulo anterior e com os objetivos propostos para esta pesquisa que é compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na escola, percebemos a necessidade de explicitar de forma mais aprofundada a discussão teórica dos conceitos norteadores da pesquisa que orientam a leitura e interpretação dos dados, dando sustentação à análise que realizamos. Desta forma, situamos o papel da educação na contemporaneidade, as influências da cultura de massa nas brincadeiras infantis, O professor, a cultura de massa e a ludicidade. 2.1O papel da educação na contemporaneidade Atualmente as informações chegam ao público com certa facilidade, pelos mais diferentes meios. Tais informações transmitidas pela mídia têm como objetivo influenciar a formação da opinião do telespectador, mas também vender diversos produtos. Embora os meios de comunicação não tenham nenhuma preocupação educativa, eles estão presentes no cotidiano dos alunos e influenciam na educação e na construção de costumes e valores. Desse modo os meios de comunicação, como a televisão, a internet, o rádio, o jornal, têm a capacidade de incentivar e mudar os padrões culturais de uma determinada sociedade. Para Gonçalves (1990), o rádio, os jornais e em especial a televisão são unanimemente reconhecidos, como fatores de influência determinante no campo social. A televisão em especial, combina palavras, imagens e música que interferem na própria linguagem usada por crianças e jovens que adotam o uso de gestos corporais, onomatopéias, gírias, palavras e expressões que ela veicula. Na contemporaneidade estes meios de comunicação de massa têm ganhado um lugar de destaque nas famílias brasileiras, sendo que a prática de assistir TV, e o
  • 20. 20 uso rotineiro de alguns instrumentos das novas tecnologias já se configuram, para muitos, como um vício. As crianças já não utilizam as férias escolares para correr, pular, usar a imaginação, etc., e nos finais de semana não participam, por exemplo, de atividades lúdicas que fizeram parte da infância de seus pais. Um grande número de crianças tem passado muito tempo em frente à televisão e, muitas vezes, as brincadeiras e atividades são reproduções da influência que a cultura de massa exerce sobre elas. A sociedade contemporânea tem modificado constantemente a concepção de criança e de infância em função dos interesses comerciais. Assim, ao refletir sobre o papel da criança na sociedade moderna, Levin (2001),afirma que O reinado da criança-filho como objeto de consumo e consumidor cresce e se acelera. O tempo da criança fica cada vez mais cheio de atividades, instruções e propostas. O império do consumo e da imagem faz suas vítimas e seus vitimários consumindo esse irrecuperável período da infância (p.45). No entanto, é preciso refletir, no mundo contemporâneo, sobre o papel da educação na vida das crianças e adolescentes visto que a escola parece um pouco distante da rapidez com que a mídia trata as informações. Há algumas décadas o professor tinha, no espaço da sala de aula, a autoridade e domínio sobre o conteúdo, sendo o aluno apenas um reprodutor destes conteúdos. Hoje esses alunos têm acesso a todo tipo de informações que provocam uma transformação no modo de pensar e agir, tanto dos educandos, que antes não questionavam nada, quanto nos educadores que pensavam serem os donos da verdade. Desta forma, não dá para a escola ignorar o poder que a televisão e outros meios eletrônicos exercem sobre as crianças, é preciso levar em consideração e utilizar essa influência em favor da educação das crianças e por isto é indispensável que o fazer pedagógico considere tudo aquilo que a criança traz consigo, suas experiências e vivências cotidianas. É evidente que sendo a escola espaço de construção de uma das dimensões do ser humano, ela deve ser agente determinante, crítico, capaz de oferecer instruções aos educandos, cabendo a esta instituição educacional formar seres humanos questionadores capazes de não serem manipulados no atual contexto globalizado.
  • 21. 21 Assim, a educação na contemporaneidade deve ser vista como elemento fundamental no desenvolvimento do individuo, tanto na sua personalidade social, ética e moral quanto na sua capacidade física, psicológica, e cognitiva. Vale ressaltar que o docente ao ensinar, deve levar o aluno para o novo para a descoberta, buscando no aluno um ser questionador, levando-o construir a autonomia. O professor, os pais, a comunidade, a sociedade civil, entidades civis e governamentais precisam considerar o que realmente importa para o aluno, o conteúdo é importante desde que este não seja trabalhado numa perspectiva da educação bancária, onde o aluno é visto de maneira passiva. Assim, a escola não pode ser vista como um local de treinamento, onde o professor fala e o aluno repete. Ela precisa ser um espaço de construção do conhecimento, onde o aluno tenha oportunidade de tomar iniciativa diante das situações, proporcionando ao mesmo o desenvolvimento de sua autonomia, base de alicerce para o exercício da cidadania e da construção de um ser crítico. Considerando o modo que se busca aproximar o saber cultural do aluno para estimular o aprendizado e conseguir resultados promissores, é desejável que se gere no educando a autoconfiança, buscando motivá-lo internamente para a aprendizagem.Embora o que se observa em muitas unidades escolares é ainda uma visão limitada sobre quais conteúdos devem ser trabalhados ao longo do ano letivo, esquecendo que o aluno tem que ser motivado para a aprendizagem, através de atividades motivadoras e atraentes que desperte na curiosidade do mesmo. Sendo assim, uma das maneiras de chegar-se a esta determinada motivação em sala de aula encontra-se na iniciativa lúdica. Pensando neste aspecto, o educador tem importante papel na mediação pedagógica, por isso se faz necessário que ele, saiba escolher os jogos e brincadeiras, de acordo com a faixa etária das crianças e com os objetivos a serem alcançados. Sobre essa temática Negrine (1994, p. 13) pontua que “O professor deve estar preparado não apenas para atuar como animador, mas também como observador e investigador das relações e acontecimentos que ocorrem na escola”.
  • 22. 22 2.2 O Professor, a cultura de massa e a ludicidade Dentro da relação cultura e ludicidade faz-se necessário observar que desde muito cedo a criança sofre grande influência da cultura de massa, no que se refere à transmissão de valores e ideias formuladas pelo complexo capitalista que, no processo de globalização, se utiliza dos meios de comunicação de massa para divulgar a ideia de uma nova dinâmica lúdica. Assim, por meio da massificação da propaganda, a criança passa a cultuar novos jogos e brinquedos que apenas vêem a criança como mera consumidora e reprodutora de valores, e desta forma contribui para a eliminação de elementos que fazem parte da cultura em que o aluno está inserido. Vale salientar que em qualquer prática lúdica a criança desenvolve um determinado conhecimento, contudo, a partir do momento em que ela entra no ambiente escolar o lúdico pode assumir uma função pedagógica, e o jogo, a brincadeira passam a ser usados como conteúdo a ser estudado. Segundo Kishimoto (2001), há uma diferença do brinquedo para o material pedagógico, que se baseia na natureza dos objetivos da ação educativa, apresentando seu interesse sobre o jogo pedagógico, quando afirma: Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, à função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo (p.83). Assim, é importante ressaltar que não se pode brincar simplesmente para passar o tempo da aula, é preciso fazer essa relação do brincar e do aprender, despertando no estudante o desejo de entender e interpretar aquilo que está sendo ensinado. Para Teixeira (1995, p. 23), “O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve”. Desta forma, por meio da brincadeira, a criança se envolve na atividade e sente a vontade de partilhar com o outro. Esta
  • 23. 23 relação divulga as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e coloca em cheque as aptidões, testando limites e propondo desafios. A atividade lúdica tem como papel fornecer à criança um espaço agradável, motivador, planejado e enriquecido que leva a aprendizagem de várias habilidades, além de trabalhar estas aptidões na criança, tende ajudar no desenvolvimento da criatividade, coordenação motora, dentre outras. Vale salientar que, não só o espaço deve ser planejado, todos que estão inseridos na prática lúdica têm papel de relevância, podendo elaborar um planejamento acerca do que necessitará para fazer um trabalho diferenciado, apresentando diversas formas de como se trabalhar com o lúdico numa perspectiva que vai além da brincadeira. Portanto, a ludicidade deve ser entendida como entidade que conduz a criança, estando ela inserida no ambiente escolar ou em espaços informais de educação, um veículo vivo que contribui para a formação do ser humano. Como podem ser observadas atualmente, várias empresas contratam educadores para desenvolver atividades lúdicas, sendo essas usadas para evitar o estresse dos profissionais, e de certa forma essa dinâmica vem a todo o momento conduzindo essas empresas a uma melhoria no desenvolvimento do trabalho, sendo concretizado por um aumento da produção. Almeida (1990) diz que: A educação lúdica além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se mais alto espírito de uma prática democrática, enquanto investe em uma produção séria de conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, critica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação com o meio (p.57). A partir dessa atividade a escola como ambiente, onde a criança fica a maior parte de sua infância e onde vários profissionais estão ali capacitados para atender as reais necessidades dos estudantes, deve ter uma preocupação com o planejamento das atividades lúdicas, levando também em conta a cultura dos educandos. É importante ressaltar também, que os professores devem mostrar-se atentos à
  • 24. 24 relação entre cultura de massa e ludicidade, buscando entender de que maneira essa relação influencia no comportamento das crianças e suas formas de brincar, não esquecendo a riqueza cultural da ludicidade vivenciada pela criança ao longo de sua existência, na sua relação com os brinquedos, com os jogos e brincadeiras, na convivência com as outras crianças e também com os adultos. 2.3 As influências da cultura de massa nas brincadeiras infantis Ao abordarmos a influência da cultura de massa na forma como as crianças brincam e se divertem, hoje, na sociedade contemporânea, não podemos nos esquecer do papel importante da televisão. Este meio de comunicação de massa tornou-se o porta-voz da cultura de massa e tem contribuído na definição dos padrões culturais criados pela indústria cultural. A TV funciona como componente importante no que se refere a influenciar tanto a criança na escolha de uma determinada brincadeira, como no próprio adulto quando deseja comprar determinado produto destinado às crianças, seja um brinquedo ou peças de vestuário. Nos dias atuais, observa-se uma tendência em cultuar aquilo que não é seu, pois em outros tempos quando se perguntava sobre o seu ídolo para uma criança ela logo respondia: meu pai e minha mãe. Hoje, os ídolos são construídos pelos meios de comunicação de massa, em especial a televisão, criando modelos e referências para as crianças que, em sua maioria, não são bons para elas. Diante disso, podemos dizer que a cultura de massa tem forte influência nas diferentes formas do lúdico, visto que muitas vezes a brincadeira é realizada de forma solitária, tendo como companhia a TV, o vídeo game ou o computador. Desta forma, os momentos de recreação, no espaço escolar e extra-escolar, sofrem com a manifestação orientada a todo o momento pela influência da mídia. Portanto, se faz necessário que os educadores utilizem, em alguns momentos, elementos que conduzam os estudantes a fazer reflexões sobre algumas formas de brincar, além de possibilitar o resgate de jogos e brincadeiras tradicionais resultantes da cultura popular, que fizeram parte da infância de muitas outras gerações.Para Gomes, (apud, AGUIAR, 2004, p.20): ”O termo atividade recreativa corresponde a toda ação,
  • 25. 25 motora ou não, que causa prazer, espontaneidade a ludicidade em quem a pratica”. Pode-se afirmar que a criança também aprende enquanto brinca e não é necessário fazer separação entre o brincar e o aprender. Enquanto ela brinca, o aprender não fica tão repetitivo, ao contrário, estimula a criatividade como também mostra as dificuldades dos educandos. É muito comum ouvirmos depoimentos errôneos referentes à ludicidade na prática pedagógica; “A aceitação da ludicidade, por parte dos professores, não garante uma postura lúdico-pedagógica na sua atuação” (SANTOS, 2001, p.14). É preciso fazer com que estudantes, professores, pais e toda a comunidade escolar e extra-escolar compreendam a importância dessas brincadeiras infantis para a formação social, intelectual e psicológica da criança. Segundo Vygotsky (1992): É na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário. A criança vivencia uma experiência no brinquedo como se fosse maior do que a realidade, o brinquedo fornece estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência da criança (p.117). O ambiente escolar também pode tornar-se um espaço lúdico para a criança desde que a instituição educativa promova atividades lúdicas, pois através das brincadeiras a criança aprende a se relacionar com outras crianças, discutem possíveis dúvidas, e com perspicácia assume um papel de investigador e profundo pesquisador do modo de viver em sociedade. O jogo educativo também pode constituir-se num poderoso recurso didático que potencializa as condições de aprendizagem das crianças se a escola e seus profissionais souberem utilizar. É necessário entender a cultura de massa como veículo de transmissão da dinâmica lúdica, mas não como o único, tendo em vista que a escola como entidade de caráter formador e transmissor de um conhecimento sistematizado, pode funcionar como mecanismo fundamental de problematização desse conteúdo veiculado pelos meios de comunicação de massa junto às crianças.
  • 26. 26 2.3.1 Escola e cultura Durante muito tempo a relação entre escola e cultura deu-se a partir da apropriação de fragmentos culturais dentro do cotidiano, observando-se uma constante de apresentações teatrais, danças, sempre ocasionada em datas comemorativas como São João, Carnaval, Folclore, etc. Estas apresentações aconteciam sem que as crianças, na maioria das vezes, compreendessem a real importância do referido evento. Embora ainda se perceba essa situação em muitas escolas, essa compreensão sobre a cultura e sua apropriação via escola começa a modificar-se em consequência também do referencial curricular nacional para o ensino fundamental que aponta a importância do trabalho com artes e a valorização da cultura, contribuindo assim, para o resgate de elementos culturais do passado, mas também com um olhar no futuro que se modifica a todo instante. Segundo Gimeno Sacristán (2001): A educação contribuiu consideravelmente para fundamentar e para manter a ideia de progresso como processo de marcha ascendente na História; assim, ajudou a sustentar a esperança em alguns indivíduos, em uma sociedade, em um mundo e em um porvir melhores. A fé na educação nutre-se da crença de que esta possa melhorar a qualidade de vida, a racionalidade, o desenvolvimento da sensibilidade, a compreensão entre os seres humanos, o decréscimo da agressividade, o desenvolvimento econômico, ou o domínio da fatalidade e da natureza hostil pelo progresso das ciências e da tecnologia propagadas e incrementadas pela educação (p.21). Neste sentido, a escola é de fundamental importância, pois através dela os indivíduos podem apropriar-se da cultura universal na perspectiva da diversidade e desenvolver uma reflexão crítica sobre o mundo e a cultura, percebendo-se também como produtores de cultura. Sendo assim a escola não é simplesmente reprodutora de conhecimento ela deve ser entendida e compreendida como instrumento de formação social e socialização da cultura. Pérez Gómez (2001), afirma que a: [...] Cultura como o conjunto de significados, expectativas e comportamentos compartilhados por um determinado grupo social, o qual facilita e ordena, limita e potenciam os intercâmbios sociais, as produções simbólicas e materiais e as realizações individuais e coletivas dentro de um marco espacial e temporal determinado. A cultura, portanto, é o resultado da construção social, contingente às
  • 27. 27 condições materiais, sociais e espirituais que dominam um espaço e um tempo (p.17). Em relação a essa temática, a educação escolar ao contrário do que observamos atualmente, não pode se limitar a transmitir os conhecimentos disponíveis da ideologia dominante em detrimento das classes populares e grupos marginalizados. Por isso, a necessidade da educação transformar-se e se efetivar numa perspectiva multicultural. Educação e cultura são questões a serem discutidas e resignificadas no espaço escolar, levando em conta que, com a incorporação de um currículo monocultural, transmitindo/impondo valores de uma cultura hegemônica, os alunos estão perdendo sua criatividade e criticidade, além de sua identidade cultural. Diante disso, faz-se necessário um planejamento e uma reestruturação das formas de agir da educação escolar, onde os conteúdos estejam adequados a realidade vivida pelos alunos e os objetivos de formação estejam conectados com a disponibilidade de formar sujeitos capazes de entender e viver num mundo marcado pela diversidade. A perpetuação e reprodução da cultura são efetivadas através da relação dos membros em contato com o grupo. E é na escola onde essa relação se torna constante se tornando um espaço culturalmente diversificado. Nesse espaço cada um participa com sua especificidade, podendo assim, o professor desenvolver uma prática pedagógica onde todos possam participar de maneira que se conheça e respeite a cultura de cada um.
  • 28. 28 CAPÍTULOIII TRILHA METODOLÓGICA: APONTANDO O CAMINHO Entendemos que a pesquisa implica em uma série de etapas a serem adotadas em busca de subsídios e respostas a um determinado contexto e é na metodologia que são indicados os elementos de se coletar os dados relevantes para pesquisa. Desta forma, entende-se por metodologia o processo pelo qual se alcança um determinado fim. A metodologia significa etimologicamente o estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer pesquisa científica, os quais respondem como fazê-la de forma eficiente. Segundo Houaiss (2004,p.494), “a metodologia é um conjunto de métodos, princípios e regras empregados por uma atividade ou disciplina”. Entendemos que um estudo acerca de um determinado tema, se faz necessário definir a metodologia, o caminho, que conduzirá a investigação para o conhecimento e o aprofundamento de uma determinada realidade. A escolha de qual metodologia utilizar é sempre uma dúvida que surge no pesquisador no momento em que ele participa de um projeto de pesquisa, monografia ou qualquer outro trabalho que envolva a utilização dos critérios e instrumentos científicos. Neste capítulo, apresentamos os recursos metodológicos adotados para a realização desse estudo, além da descrição dos caminhos percorridos no decorrer do processo investigativo, ou seja, os pressupostos metodológicos que orientaram este trabalho. Em primeiro lugar apresentamos as fontes, os autores do estudo. Em seguida os motivos da opção por uma pesquisa qualitativa, por fim explicamos a metodologia de coleta e análise de dados. 3.1 Pesquisa qualitativa Em se tratando da pesquisa em educação, acredita-se que a metodologia mais adequada é a abordagem qualitativa. A esse respeito, Macedo (2004) afirma “que para o olhar qualitativo é necessário conviver com o desejo, a curiosidade e criatividade humana; com as utopias e esperanças; com a desordem e o conflito; com a precariedade e a pretensão; com as incertezas e o imprevisto” (p.69).
  • 29. 29 A pesquisa qualitativa consente ao pesquisador examinar atentamente os indivíduos envolvidos no processo educacional. Além do mais, este método é muito usado nas pesquisas educacionais nas últimas décadas, tendo como uma das características investigar os significados que os envolvidos dão ao assunto pesquisado. Segundo Ludke& André (1986), ”a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra, através do trabalho intensivo de campo” (p.11). Isso significa que o pesquisador deverá vivenciar o cotidiano dos sujeitos pesquisados para que possa visualizar em quais condições ele se manifesta. A escolha pela pesquisa qualitativa se deu levando em consideração a questão em estudo que busca compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na escola, tendo como locus a Escola Municipal Floriano Peixoto. Para Rúdio (1999) a pesquisa tenta determinar pontos de vista, opiniões e preferências que pessoas ou determinados grupos possuem em relação aos assuntos propostos, com o objetivo de tomada de decisões. Desse modo, sabemos o quanto à pesquisa qualitativa se torna importante diante das situações que aparecem na pesquisa, explicando assim, a preferência dos pesquisadores pela pesquisa qualitativa, pois esta engloba todo contexto social e humano que existe no objeto em estudo. Andrade (2002) define de forma interessante e destaca que “a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los”, sem que o pesquisador interfira neles. A importância desse conceito para essa pesquisa demonstra que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador. Percebe-se a relevância dada à escolha por essa abordagem na perspectiva de melhor compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na escola em especial na Escola Floriano Peixoto, possibilitando desta forma colher as informações necessárias, indispensáveis para obtenção dos resultados da pesquisa.
  • 30. 30 3.2 O ambiente de realização da pesquisa A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Floriano Peixoto, instituição municipal, que se encontra na sede do município de Jaguarari-Ba. A opção por essa determinada instituição se deu pelo fato da mesma receber crianças da sede e da zona rural, formando um complexo multicultural, pois cada povoado, comunidade, distrito acaba assumindo costumes, crenças e ideias divergentes. Em sua maioria essas crianças estão em processo de formação de sua identidade, e pelos conflitos que são estabelecidos pelo choque cultural do mundo em que vivem com o mundo globalizado atual. A Escola Municipal Floriano Peixoto, fica localizada na Praça Alfredo Viana, nº 142, na cidade de Jaguarari – Bahia. É uma escola de médio porte, atendendo uma clientela de 474 alunos do Ensino Fundamental I, sendo distribuídos nos turnos matutino, vespertino e noturno. No turno noturno o público atendido é da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Quanto a sua estrutura física, a escola é composta de 06 salas de aula e 06 funcionam na extensão, 01 sala para os professores junto à secretária, 03 banheiros (feminino e masculino), diretoria, cantina, sala de leitura, almoxarifado, etc. Seu corpo docente é formado por 23 professores em sua grande maioria com nível superior. Em relação aos equipamentos nessa instituição há 03 TVs, 04 sons de cd, 02 computadores, 12 ventiladores, 01 impressora matricial, 03 aparelhos de DVD, 08 filtros, 02 mimeógrafos, 10 armários, 07 quadros de pincel e data show. Sabemos da importância de conhecer o lócus da pesquisa e também os sujeitos, pois através dos mesmos é que alcançaremos os objetivos propostos na pesquisa. Desta forma, foram adotadas maneiras críticas diante do caso em análise. 3.3Sujeitos da pesquisa Os sujeitos da pesquisa foram 20 estudantes do 3° ao 5º ano, do Ensino Fundamental de nove anos. Sendo que estes são 10 do sexo feminino e 10 do sexo
  • 31. 31 masculino. Na escolha pelos sujeitos buscou-se compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com as brincadeiras infantis e as formas de brincar das crianças na escola. Dessa maneira, fizeram parte da pesquisa alunos do turno matutino da referida escola. A escolha pelos sujeitos nessa faixa etária se deu, porque percebermos que nessa idade há uma maior influência da cultura de massa no conteúdo das brincadeiras, e, diante do atual contexto globalizado, percebe-se que os mesmos estão mais vulneráveis à influencia da mídia. Os sujeitos da pesquisa forneceram as informações necessárias para que pudéssemos realizar esta pesquisa, possibilitando-nos na obtenção dos dados. Segundo Bogdan &Biklen (1992, apud,LUDKE 1986, p.13): A pesquisa qualitativa ou naturalista envolve a obtenção dos dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. 3.4 Instrumentos de coleta de dados Para melhor atender o objetivo deste estudo, foram utilizados instrumentos diversificados como a observação sistemática e a entrevista semi-estruturada no intuito de compreender a influência dos meios de comunicação de massa no brincar das crianças da Escola Municipal Floriano Peixoto, concluindo o desenvolvimento da pesquisa. A observação e as visitas permitiram maior contato com os sujeitos, em uma experiência direta de envolvimento entre pesquisador e pesquisado. A entrevista por sua vez, possibilitou alcançar respostas que permitiram avançar e conquistar o objetivo, desta pesquisa.
  • 32. 32 3.4.1 A observação sistemática O trabalho de observação é de suma importância para o pesquisador, tendo em vista que através dela o pesquisador tende a conhecer os diversos setores do locus pesquisado. A observação possibilitou perceber também as mutações e transformações causadas pela influência da cultura de massa, colaborando para a mudança de hábitos, costumes e brincadeiras que antes faziam parte do cotidiano infantil de diversas crianças e hoje ficaram esquecidos no vasto acervo de informações que a mídia televisiva implanta. A observação pode tornar-se um instrumento importante de coleta de dados, pois permite ao pesquisador maior contato com os sujeitos pesquisados, proporcionando uma experiência direta de envolvimento entre pesquisador e pesquisado. Neste sentido, Marconi &Lakatos (1996), afirmam que: A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Desempenha papel importante nos processos observacionais, no contexto da descoberta, e obriga o investigador a um contato mais direto com a realidade. É o ponto de partida da investigação social (p.79). O olhar feito através de uma observação simples pode ser falha por não dar uma certeza ao observador. Daí a necessidade de uma observação sistemática a fim de identificar todas as particularidades do campo pesquisado. Foi pensando nesse aspecto que optamos pela escolha dessa metodologia, entendendo a sua importância para o desenvolvimento da pesquisa e, consequentemente, a coleta de dados. O período de observação ocorreu nos meses de abril a maio de 2011, com total apoio de todos que fazem parte de forma direta ou indiretamente da Unidade Escolar, período este fundamental para o investigador poder aprofundar e tentar solucionar e responder o problema que norteou a pesquisa.
  • 33. 33 Nos primeiros contatos na escola foi feita uma breve conversa com a diretora da Unidade escolar a fim de estabelecer uma relação de confiança e colaboração, em seguida iniciou-se a tarefa de observação das brincadeiras infantis no horário da recreação, buscando desta forma, compreender como a cultura de massa tem interferido e modificada a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na escola. Foram feitas diversas anotações acerca das observações realizadas, sendo utilizados tanto cadernos de anotações diárias, quanto a utilização de um rádio gravador, tendo em vista que o investigador para não correr o risco de esquecer ou perder as informações precisas deve a todo instante usar o maior número de instrumentos de coleta dos dados e informações. Daí a necessidade de uma observação sistemática. Sobre isso Marconi e Lakatos (1996), definem que “na observação sistemática o observador tem uma característica, sabe o que procura e o carece de importância em determinada situação”, além disso, possibilita um entendimento, sobre o assunto pesquisado, considerando o que se vê e ouve, contribuindo para uma análise mais completa no estudo. 3.4.2 Entrevista semi-estruturada A importância da entrevista semi-estruturada diante de nosso estudo consistiu em podermos alcançar dados não possíveis por outros instrumentos de coleta de dados. É por meio da entrevista que o pesquisador percebe com mais exatidão a fala e o comportamento do pesquisado diante do assunto investigado.Foram feitas entrevistas em dois momentos. Foram entrevistadas 20 crianças sendo 10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino com a faixa etaria dos 07 aos 12 anos de idade. As entrevistas tiveram o auxílio de um rádio gravador e depois foram transcritas para que pudéssemos trabalhar com a textualização das mesmas.
  • 34. 34 Segundo Haguette (1992), a entrevista “pode ser definida como um processo de interação social entre as duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informação por parte do outro, o entrevistado” (p.86). A entrevista semi-estruturada é um dos meios utilizado pelo pesquisador para se obter dados e assim se fazer uma pesquisa qualitativa. A entrevista não se torna uma conversa neutra, pois a mesma tem como objetivo coletar dados, onde são relatados pelos sujeitos, focalizando a realidade que está sendo pesquisada. Triviños (1987), define entrevista semi-estruturada como sendo: [...] em geral aquelas que partem de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessa a pesquisa, e que, em seguida, oferece amplo campo de interrogativas, frutos de novas hipóteses, que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante, seguindo espontaneamente a linha do seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa(p.146). Sobre esse aspecto Trivinos (1987), afirma que por possibilitar um amplo leque de percepções e representações os resultados que se obtem através da entrevista semiestruturada são melhores, pois trabalhamos com diferentes grupos de pessoas.
  • 35. 35 CAPÍTULO IV DE QUÊ E COMO BRINCAM AS CRIANÇAS: O QUE NOS REVELAM OS DADOS O estudo realizado permitiu-nos uma reflexão a cerca das compreensões de como a cultura de massa tem interferido e modificado a relação da criança com o lúdico e as formas de brincar das crianças na escola. Neste capitulo, portanto, faremos a análise dos dados a partir dos instrumentos que utilizamos para tal fim: a observação sistemática e a entrevista semiestruturada que permitiram alcançarmos o objetivo da pesquisa de forma satisfatória. Faremos a seguir a análise dos pontos relevantes na nossa pesquisa. 4.1 Perfil dos entrevistados Levando em consideração o instrumento de coleta de dados escolhido, na observação e na entrevista semiestruturada, buscou-se conhecer o perfil dos estudantes, pensando nos aspectos de gênero e a relação com as formas de brincar de meninos e meninas e como a mesma se entrelaça com a influência que a cultura de massa exerce para definir suas formas de brincar. Foram escolhidos 20 estudantes do ensino fundamental de nove anos, do 3º ao 5° ano, na faixa etária de 07 aos 12 anos de idade. A escolha por estes sujeitos se deu ao percebermos que nessa idade eles sofrem uma influência maior da cultura de massa podendo incidir no conteúdo das brincadeiras, pois os mesmos estão mais vulneráveis a influência da mídia, principalmente a televisiva. Dos 20 estudantes entrevistados, 10 foram do sexo masculino, correspondendo a 50% e 10 do sexo feminino correspondendo aos outros 50%. 4.1.1 Observação sistemática Diante do objetivo apontado neste trabalho monográfico que foi compreender como a cultura de massa tem interferido e modificado as relações da criança com o lúdico
  • 36. 36 e as formas de brincar das crianças na escola, buscamos primeiramente, observar as crianças a fim de melhor entender de quê e como elas brincam. As pesquisas sobre jogos e brincadeiras infantis apontaram alguns destes que eram mais comuns entre as crianças tais como: Cabra-cega, esconde-esconde, jogos de cartas e de salão, dados, cara ou coroa, mímica, bola, peão, arco, cavalo-de-pau entre outras. Os meninos e meninas na maioria das vezes confeccionavam seus brinquedos e por muitas vezes inventamos brinquedos a partir do material que tinham em mãos. No entanto, nota-se que na atualidade e principalmente com o processo de industrialização, estes brinquedos e as brincadeiras que antes eram praticadas com tanta alegria e entusiasmo tem perdido o sentido chegando a ficar no esquecimento, visto que a mídia tem influenciado as crianças a consumir um mundo de fantasias e de sonhos transformados em produtos que precisam ser comprados e consumidos. Para Caldas (1986), a cultura de massa consiste em “um número muito grande de eventos e produtos que influenciam e caracterizam o atual estilo de vida do homem contemporâneo no meio urbano-industrial”(p.16). Durante as observações que ocorreram nos meses de abril a maio de 2011, pôde-se notar em todos os momentos das brincadeiras infantis que as crianças se interessavam mais pelos brinquedos eletrônicos como, por exemplo, o celular, seja para atender uma ligação, para jogar, para ouvir música, assistir algum programa de TV do interesse deles e até mesmo para acessar a internet, do que outros tipos de brincadeiras. Em uma atividade de recreação realizada fora do ambiente escolar, na quadra no centro da cidade, observada uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental, durante cerca de 60 minutos. O professor conduziu a turma para a quadra poliesportiva, dividiu o grupo por sexo e ordenou que meninas pegassem o bambolê e fossem brincar no espaço fora da quadra e os meninos brincassem dentro da quadra, de futsal. Demonstrando dessa maneira que o professor tem uma concepção de gênero que determina o tipo de brincadeira que meninos e meninas devem brincar, e isso
  • 37. 37 acaba reforçando uma separação de gênero, quando o mesmo entrega uma bola de futebol para os garotos e o bambolê para as meninas. A partir do momento em que o educando é levado a brincar de futebol no caso dos meninos e de bambolê as meninas, um problema pode ocorrer, pois nem todos gostam apenas de praticar a atividade recreativa imposta pelo educador. Nesse sentido, é importante mencionar que essas atividades têm que despertar prazer no educando para que este venha se interessar e interagir pelas atividades do seu dia- a-dia, seja na escola ou no espaço extraclasse. Durante a observação no recreio, percebemos, que a maioria dos estudantes da 4ª serie corriam de um lado para outro, não se preocupando com as regras ou exigências rotineiras, apenas se divertiam. Outras 05 crianças brincavam de pega- pega, onde um corre e a outra tenta pegar. Esta brincadeira tem relação com a infância dos seus pais.Meninos e meninas participavam desta brincadeira, mas o que se observou é que raramente isso acontecia, pois em quase todos os momentos estavam grupinhos de meninas e grupos de meninos brincando separados, sempre com sujeitos do mesmo sexo. Ao observar a sala, havia um grupo de 04 meninas dessa mesma classe, ouvindo músicas no celular. Podemos perceber que na maioria das vezes, para determinados educandos, tornou-se mais interessante usar um instrumento tecnológico nos momentos de intervalo das aulas do que participar de atividades em grupos,onde havia a necessidade de interação e participação. Isto mostra o forte apelo da tecnologia e da propaganda, influenciando e formando novos comportamentos nas crianças e adolescentes. No segundo dia de observação a uma turma de meninos da 3ª serie do ensino fundamental, viu-se o instante em que os estudantes numa faixa etária de 7 a 8 anos estavam jogando uma partida de “gude”, jogavam meninos contra meninos. Este jogo desperta o interesse dos garotos de ganhar do outro. O mesmo consiste em vários buracos feitos na terra ou na areia, onde os jogadores devem, com um impulso do polegar, jogar a bolinha chamada de “gude”. Os jogadores devem fazer
  • 38. 38 com que a “gude” entre no buraco, conseguindo assim retirar a do adversário de dentro fazendo com que, elas se tornem suas. Vence aquele que ficar com as bolinhas de “gudes” de seus companheiros. Começado o jogo, num certo momento o celular de um dos participantes tocou e o jogo parou.Todos ficaram dispersos, tendo em vista que o menino atendeu e em seguida colocou uma música para tocar, tirando a atenção dos demais. Os meninos deixaram de brincar com as bolinhas de gude para ouvir a música ao celular, o que mostra a influência, hoje, dos objetos eletrônicos do mundo moderno, na vida dessa geração que é fruto da contemporaneidade e que, portanto, vão produzindo interferências nas suas formas de brincar. É interessante mencionar que as brincadeiras são muito importantes para o desenvolvimento do ser humano. Alves (1984), afirma que:“O lúdico proporciona alegria nos espaços em que se faz presente, ao mesmo tempo em que possibilita a esperança de liberdade para o mundo todo, sugerindo que há outras possibilidades para a vida humana” (p. 104). Ao realizarmos a observação de algumas meninas do5° ano do ensino fundamental, que estão inseridas numa faixa de idade entre 08 aos 12 anos, percebemos o interesse que foi momentâneo de brincarem com algumas bonecas, entre elas a Barbie. Pois tudo estava tranquilo, até o momento em que duas colegas das meninas apareceram com um MP3, que tocava uma música que está no auge, ela é tocada em rádios, novelas da atualidade, e seu cantor e compositor é recordista de shows e público, principalmente na faixa etária pesquisada. A partir daí todas deixaram de forma repentina as bonecas e começaram a prestar atenção na música e cantar ao mesmo tempo com as colegas:"Eu to apaixonado,eu tô contando tudo e não tô nem ligando pro que vão dizer. Amar não é pecado e se eu tiver errado que se dane o mundo eu só quero você".Luan Santana1 1 Música do Cantor Luan Santana: Amar não é pecado, composição de Fred / Gustavo / Marco Aurélio / Márcia Araújo.
  • 39. 39 Ao serem questionadas sobre a música todas disseram que gostam muito por que não perdem a novela "Morde e Assopra" (da rede globo de televisão) e torcem para que o casal Abner e Júlia fique junto. "Essa é a música que toca toda vez que um pensa no outro ou que eles se beijam" relata uma aluna. Outra aluna diz "O Luan Santana é lindo e eu sei cantar todas as músicas dele". De repente todas começam a cantar: "Te dei o sol, te dei o mar pra ganhar teu coração você é raio de saudade meteoro da paixão, explosão de sentimento que eu não pude acreditar Ah! Ah! como é bom poder te amar". Percebemos em nossas observações na Escola Municipal Floriano Peixoto, o quanto a mídia tem influenciado o comportamento das crianças e modificado o conteúdo de suas brincadeiras e interesses, o que nos faz ver mais claramente que “o acesso das crianças a informações sobre o mundo adulto, transformou drasticamente a infância” (KINCHELOE, 2001, p.13). Portanto, a música cantada pelas crianças é resultado de uma massificação da indústria fonográfica e televisiva, que não tem compromisso com a educação e o desenvolvimento das crianças, visto que os interesses dos meios de comunicação de massa é vender um produto e criar tendências e novos consumidores para alimentar o mercado. Desta forma o conteúdo televisivo reproduzido pelas crianças representa os valores e interesses que devem atender aos interesses consumistas. Segundo (Eco, 2004, p. 330) “A televisão associando cores e sons, é um instrumento capaz de ensinar gostos e tendências”. Assim, por meio da massificação da propaganda, a criança passa a cultuar novos jogos e brincadeiras que surgem fazendo com que elas sejam meras consumidoras e reprodutoras de valores, contribuindo assim para a eliminação de elementos que fazem parte da cultura do aluno, fazendo com que crianças e adolescentes passem a agregar novos hábitos tornando-os consumidoras muitas vezes excessivas chegando a impor aos pais os produtos que fazem parte de uma cultura que, apesar de se expandir rapidamente, é extremamente momentânea. Pelo que foi observado nas brincadeiras das crianças e adolescentes da Escola Municipal Floriano Peixoto,podemos dizer que a maioria dos brinquedos, jogos,
  • 40. 40 brincadeiras e demais atividades recreativas, atualmente foram sucumbidas pela gama de avanços tecnológicos produzidos pela mídia. Sendo que este elemento busca formas individuais que priorizam o ter em oposição ao ser. Segundo Marcellino, (1996): Uma série de fatores que contribuíram para o desaparecimento gradativo de jogos e brinquedos tradicionais, em todo o Brasil, e principalmente nos centros urbanos. Entre eles podemos destacar: o crescimento das cidades brasileiras, que acarretam uma redução de áreas livres para o lazer; a influência crescente dos meios de comunicação de massas, em especial sobre as crianças, transformando-as em espectadoras e isolando-as entre si; o grande número de brinquedos industrializados, sofisticados e atraentes; as mensagens veiculadas pela indústria cultural, retratando realidades muito diferentes da nossa; os avanços da informática e a popularização desse setor, notadamente no campo dos jogos, além da cobertura de um grande número de possibilidades e etc.(p. 41). Diante do exposto, nota-se que as crianças procuram espaços e formas de se expressarem e descobrirem o mundo a sua volta e o brincar é a expressão mais viva das crianças na sua relação com o mundo. Nessa relação de descoberta, elas constroem significados e se transformam através do ato de brincar. No entanto, na sociedade em que vivemos, onde as informações são processadas rapidamente exigindo acima de tudo um novo perfil de indivíduos que devem estar sempre acompanhando as mudanças que ocorrem de maneira quase simultânea.Os professores devem estar sempre em busca do novo, se qualificando e levando sempre em consideração os interesses dos alunos, para que os mesmos possam estar interessados pelos os objetivos da escola e obter resultados satisfatórios. 4.2 O que nos contam as crianças sobre o brincar: Os resultados da entrevista Optamos por aplicar a entrevista semiestruturada aos educandos da referida escola em dois momentos distintos. No primeiro momento os meninos foram entrevistados e no segundo momento as meninas, a fim de identificar os resultados de ambos os gêneros de forma que um não influenciasse na resposta do outro.
  • 41. 41 Esse instrumento de coleta de dados é pertinente, pois é diante de uma entrevista semi-estruturada que o entrevistador pode interferir e até mesmo mudar a pergunta elaborada antecipadamente de acordo com as respostas que foram sendo dadas. Para Lakatos (1991, p.197), “o entrevistador seguindo um roteiro de tópicos relativos ao problema, tem a liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dar esclarecimentos, não obedece a rigor, a forma formal”. Portanto, nosso estudo voltou-se para a busca de elementos possíveis para o alcance do objetivo proposto neste trabalho monográfico, sendo que as falas nas entrevistas foram fundamentais para que os resultados apresentados pudessem ser confrontados com os da observação, assim a entrevista e os questionamentos foram feitos diretamente com os sujeitos da pesquisa. Apresentamos a seguir, através das categorias surgidas na entrevistas, os resultados dos dados coletados com os alunos que serão identificados com nomes fictícios. 4.2.1 Os professores dinamizam as aulas através de atividade lúdicas? O que os alunos dizem a respeito disso Nesta categoria, trazemos os resultados indicativos à questão das dinâmicas em sala de aula trazidas pelos professores. Diante da questão em análise foi possível chegar ao seguinte resultado. Respostas dos Alunos 7% 24% Sempre Ás vezes Nunca 69% Gráfico correspondente as atividades lúdicas propostas pelos professores em sala de aula, segundo as perspectivas dos alunos.
  • 42. 42 Nas respostas dos alunos, podemos perceber que a grande maioria afirma que os professores costumam trazer dinâmicas, jogos e brincadeiras para a sala de aula, contudo, as práticas lúdicas só acontecem em sala de aula, quando estão relacionadas com o conteúdo apresentado aos alunos, tendo em vista que no recreio não há um acompanhamento das atividades realizadas pelos alunos. Os brinquedos mais utilizados na sala de aula são boliche, telefone sem fio, escravo de Jó, dominó, relaxamento, entre outros. Vale salientar que no horário do recreio, como não há acompanhamento as crianças acabam brincando sozinhas, sem uma preocupação com regras e normas. Diante o exposto,acaba surgindo vários problemas de violência,exigindo assim por parte dos professores, coordenação e direção uma atenção e cuidado. Segundo os docentes a elaboração de um projeto que tenha por finalidade mudar a realidade do momento seria de extrema importância, ao mesmo tempo eles têm dificuldades para adaptar os conteúdos ao jogo. Sobre isso Campos (1993, p.28) afirma que: “A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora de aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre uma forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula”. A partir desse incentivo os educandos poderão se interessar mais, tanto pelas aulas, como no intervalo continuarem a participar de atividades que tragam algum aprendizado, e não ficarem bitolados aos aparelhos eletrônicos como fazem habitualmente. As brincadeiras e o aprendizado devem trazer noções e normas importantes para a formação de um cidadão capaz de atuar como agente de transformação de realidades, a começar da sua própria realidade.Tentando assim, desenvolver competências a fim de transformar e ir de encontro com aquilo que afirma Moysés (1997), o aluno não consegue perceber a relação existente entre o que se aprende na escola e o conhecimento encontrado fora dela. E que os saberes produzidos no convívio social são muito pouco aproveitados para subsidiar a contextualização da aprendizagem escolar.
  • 43. 43 É importante mencionar que nos discursos, a maioria dos educandos afirmaram que as atividades lúdicas, ou seja, as dinâmicas realizadas com a participação dos educadores só acontecem em sala de aula, o que seria interessante que fosse também ao ambiente da recreação. Vejamos algumas respostas referentes a esta categoria. -Sim, nas aulas sim, mas no recreio não. No recreio é só conversa mesmo, as brincadeiras são as que gostamos e as que escolhemos os professores nos deixam livres. (Ana) -Sim, mas na hora do recreio a gente quem inventa a dinâmica. As dinâmicas que elas fazem nas aulas são: relaxamento, seleção de animais, às vezes elas fazem de acordo com a aula. E na hora do recreio a gente às vezes faz brincadeiras, mais outras vezes a gente fica conversando sobre vários babados e até mesmo da prova que a gente fez antes do recreio. (Carina) -Nas aulas meus professores trazem dominó, cartas, xadrez. No recreio nós brincamos de correr, esconde-esconde, e vampiro. (Antônio) -Os professores trazem dama, xadrez, dado de montar. No recreio nós brincarmos de policia e ladrão, gude e no joguinho no celular, estas são as brincadeiras que mais gosto e também brinco em casa, não só aqui na escola, dessas brincadeiras. (Kauâ) Nos discursos, percebemos as semelhanças em suas falas quando abordam que as dinâmicas e brincadeiras por parte dos professores só acontecem em sala de aula, e muitas vezes não tendo relação com os conteúdos dados. No recreio escolar eles que inventam, pois ficam livres, e é nesse momento que são motivados pelos instrumentos eletrônicos que estão presentes no seu dia a dia. 4.2.2 Brincar de quê? O que eles mais gostam? Em relação às brincadeiras favoritas, 70% dos educandos afirmaram brincar de jogos e realizar demais atividades pela internet, 20% afirmaram brincar de cartas, de bonecas e 10% afirmaram não ter brincadeiras favoritas. Com base nessas respostas, percebemos que a Internet, tem representado um importante elemento usado pelas crianças o que significa, às vezes isolá-las em casa, no contato apenas
  • 44. 44 virtual com outros jogadores, fazendo com que os brinquedos e brincadeiras antes utilizadas sejam deixados de lado. Alguns alunos que não tem computador em casa revelaram que chegam a ficar horas em uma “Lan House” brincando e apostando com os outros amigos. Foi percebido também, que dos 10% dos educandos que afirmaram não terem brincadeiras favoritas muitas vezes aproveitam o horário do recreio para estudar. Maluf (2003), diz que é através do jogo que a criança aprende de forma natural e agradável. O brincar desperta o interesse e eleva a auto-estima. Acrescenta ainda, que o lúdico é um excelente motivador, pois prepara o indivíduo para aprender novos conceitos e ajuda a construir novos conhecimentos. Além disso, a ludicidade possibilita situações, na qual, a criança possa experimentar experiências que contribuem para o seu amadurecimento cognitivo. No que se referem às brincadeiras que os estudantes mais gostam de brincar na hora do recreio, 10% gostam de brincar de futebol, 30% gostam de falar sobre “REBELDES” dizendo que é a novela preferida delas e 60% brincam de pega-pega e esconde-esconde. Dessa maneira, pode-se interpretar que algumas brincadeiras, apesar da modernidade e dos avanços tecnológicos, tem ainda um papel importante na vivência dos educandos, principalmente no horário do recreio. Eis algumas falas: - No recreio não brinco nós ficamos conversando sobre a novela “rebelde” e em casa gosto muito de brincar com meus primos de “pisa pé” e também nos jogos na internet nos divertimos muito com a brincadeira “pisa pé”. (Clara, 10 anos) - As minhas brincadeiras favoritas são: jogos na internet, escolinha, brincar de manicure, assistir novelas, jogar uno, jogar dominó, na escola são: conversar, e às vezes brincar de escravos de jó. E com meus amigos é as mesmas brincadeiras que eu brinco na escola, e mais jogar os joguinhos da internet. (Bruna, 8 anos) - Eu não tenho nenhuma brincadeira preferida. Na hora do recreio eu e minhas amigas ficamos conversando sobre varias novelas. Em minha casa eu gosto de jogar na net, de conversar no Orkut, de assistir novelas e brincar com o meu primo e com a minha irmã. (Tatiana, 11 anos)
  • 45. 45 - Brinco de pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, estas brincadeiras também brinco em casa com meus amigos. (Laura, 7 anos) Eu brinco de jogos de correr, esconde-esconde...e outros que meus colegas gostam de brincar... eu me divirto muito. (Breno, 10 anos) No percentual dos depoimentos acima mencionado percebemos que a maioria das crianças gosta de brincadeiras tradicionais, no entanto foi observado no recreio que mesmo que elas estejam brincando quando outra criança se aproxima com um MP3 ouvindo músicas ou assistindo jogos no celular ou com um mini game, elas automaticamente deixam as brincadeiras e se rendem aos aparelhos eletrônicos modernos. Quando questionadas em relação às brincadeiras mais utilizadas em casa, ou com os amigos na rua,enfim, brincadeiras fora do contexto escolar, pode se compreender que 80% preferem usar o computador para assistir filmes, acessar sites de relacionamentos como MSN, Orkut, face book para jogar,além de utilizarem também vídeo game.Apenas os demais 20% declararam usar brinquedos e brincadeiras comuns, como esconde-esconde, pega gelinho,pega-pega entre outros. Percebe-se assim que os educandos afirmam usar a internet como principal elemento de entretenimento. Muitos deles afirmaram que muitas vezes utilizam esse meio de comunicação na rua, “Lan Houses”e/ou na casa de algum amigo, sendo assim fruto de uma sociedade marcada pela influência da tecnologia. 4.2.3 Brinquedos construídos ou comprados. O que é mais interessante? No que diz respeito à opinião dos alunos acerca desta questão, a maioria afirma que comprar é bem mais fácil e que os brinquedos são mais bonitos, eles revelaram que quando um amigo compra ou ganha algum brinquedo o outro automaticamente já quer possuir também um parecido, igual ou até mesmo melhor. Notamos a partir da análise das respostas, que os meios de comunicação exercem grande influência sobre as crianças, pois fazem com que as mesmas acreditem que os brinquedos mostrados, principalmente pela mídia televisiva, sejam considerados os mais
  • 46. 46 bonitos, atraentes e que eles devem obter a qualquer custo aquele produto. A propaganda, especialmente no que se refere aos produtos para crianças e adolescentes são muito envolventes, pois ao assistir elas fazem de tudo para que os pais comprem aqueles produtos que para elas são os melhores e que elas devem possuir. Vale salientar que todos afirmaram ter brinquedos, contudo,quando se partiu para a questão se eles preferem construir ou comprar determinado jogo ou brinquedo, 90% dos educandos deixam claro o gosto por produtos industrializados, sendo que apenas 10% responderam gostar de brinquedos e jogos produzidos e criados por eles ou pelos pais. Isso nos leva a entender que as crianças utilizam mais brinquedos industrializados, e apenas uma minoria utilizam produtos produzidos por eles mesmos. No entanto, devemos nos atentar que a tecnologia em si não é uma coisa ruim, mas a forma como ela é usada e que esse comportamento é um reflexo da realidade dos tempos contemporâneos, de uma geração que nasceu convivendo com a tecnologia e com os produtos industrializados, e que se forem também explorados podem possibilitar a criatividade e a imaginação. Dessa forma tanto os pais como os professores têm papel importante no que se refere a instigar os alunos a fazerem bom uso de tudo o que dispõem tanto dos elementos tecnológicos e industrializados, quanto de elementos presentes no seu cotidiano como, por exemplo, um professor de artes pode na sua aula confeccionar brinquedos, flores e aparelhos musicais a partir de sucata. Fazendo com que os alunos, além de reciclagem passem a se interessar pelo que produzem. É nessa perspectiva que Freire (1987), afirma que: O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca (p. 58). Essa afirmação nos fez entender que o ensino de qualquer disciplina com brincadeiras e com jogos, além de fazer diferente, o jogo em sala de aula, estimula e desenvolve o aspecto cognitivo da criança, jovem e adulto. “Educar ludicamente tem
  • 47. 47 um significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida” (ALMEIDA, 2000, p. 14). Portanto, em resposta a essa temática, um dos argumentos mais utilizados, pela maioria, que corresponde a 90%, dando preferência por brinquedos ou jogos industrializados, afirmam que estes são mais práticos e possibilitam maior agilidade na hora de utilizá-los,não exigindo deles tempo. Parece-nos que desde cedo as crianças vão sendo enquadradas nos padrões da sociedade capitalista, onde as relações sociais estão pautadas quase sempre na agilidade e objetividade das ações, tornando o homem fruto e refém da máquina, além da ideia de posse do objeto que todos têm. Nesse sentido a fala da aluna Carina parece ratificar essa ideia: “Sim, bonecas, ursos, mas eles são todos comprados, porque é mais fácil, apesar de que gasta dinheiro, mas... é mais prático, sem falar que minhas amigas tem bonecas bonitas não posso brincar com uma feia tenho que ter uma igual ou mais bonita do que as delas”. Diante da fala de Carina, percebemos o quanto os produtos industrializados estão presentes no cotidiano das crianças e adolescentes e que eles querem sempre mais e melhores que os outros, demonstrando superioridade em relação à aquisição de produtos e na influencia dos meios de comunicação principalmente a mídia televisiva que tem programas e propagandas direcionadas para esse público. Portanto, hoje, um grande desafio dos educadores tem sido encontrar uma proposta pedagógica eficaz, capaz de envolver os estudantes e que possibilite um processo de ensino e aprendizagem, promovendo assim uma aquisição de conhecimento sem “estresse” e sofrimento para todos os envolvidos. Neste sentido, os dados apresentados mostram que a ludicidade tem um campo imensamente promissor, considerando que esta faz parte da vida e das necessidades do ser humano. Faz-se necessário, todavia, que as escolas e os educadores se dêem conta que as crianças e adolescentes de hoje são frutos do avanço tecnológico e sofrem a influência dos meios de comunicação de massa, por isso é preciso pensar as intervenções pedagógicas levando em consideração a realidade, o tempo presente. Planejar buscando dinamizar as atividades propostas em sala de aula, desde o aspecto da
  • 48. 48 confecção de materiais até a mudança de alguns processos metodológicos pode ser um caminho para que esse aluno possa interessar-se de maneira positiva e aprender utilizando todos os recursos disponíveis. Além disso, o/a professor/apode proporcionar outras experiências com o lúdico que possam levar essas crianças a refletirem sobre essa influência da cultura de massa nas brincadeiras infantis, além de proporcionar ao educando uma orientação acerca da importância de se preservar brincadeiras que fizeram parte do acervo cultural daquela comunidade. Estas informações são reforçadas por Almeida (2000), quando diz que o lúdico pode contribuir decisivamente para a melhoria da qualidade de ensino, possibilitando ao educando uma formação crítica e rica, além de ajudar a diminuir os índices de repetência e evasão. Salienta ainda, que toda criança sonha encontrar na escola um ambiente de alegria e prazer, onde possa viver a melhor fase de sua vida, contudo, muitos acabam tendo seus sonhos transformados em pesadelos. Almeida (2000) afirma que “é preciso sem dúvida, reencontrar caminhos novos para a prática pedagógica escolar, uma espécie de libertação, de desafio, uma luz na escuridão (...) e educação lúdica pode ser uma boa alternativa” (p. 62). Nesta direção, faz-se necessário a existência de um professor que tenha e busque o conhecimento que promove a compreensão do real valor dos jogos, brincadeiras e dinâmicas e assim possa traçar as diretrizes condutoras do aprendiz á fonte do saber e com o toque delicado que só a ludicidade possui, convencê-lo a experimentar um mergulho no profundo mundo da aprendizagem. 4.2.4 Brincadeiras infantis: do que mais gosto de brincar? Para Teixeira (1995, p.23) “O ser que brinca e joga é também o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve”. Desta forma, através das brincadeiras, a criança se envolve na atividade e sente a vontade de partilhar com o outro. Esta relação divulga as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e coloca em cheque as aptidões, testando limites e propondo desafios.
  • 49. 49 Notamos através da entrevista que 50% relataram brincar com os amigos e irmãos, de videogame e jogos pela Internet, 30% afirmaram brincar de amarelinha e boneca e 20% afirmaram brincar de pega-pega, amarelinha, xadrez e de bola. Podemos observar na fala de Jeferson o quanto o computador é muito importante para a sua vida: “As brincadeiras que mais gosto de brincar são os jogos do computador, sempre que posso estou lá acessando e me divertindo muito e até mesmo com meus colegas”. Vale salientar que pais e professores, de certa forma tem contribuído nesse interesse repentino e avassalador do educando pelos elementos da cultura de massa, tais como os brinquedos eletrônicos e objetos da informática, e nesse sentido o computador, quando a escola determina que a pesquisa deva ser feita pela internet. Às vezes, os pais numa tentativa de suprir a sua ausência na vida dos filhos ou com objetivo de que as crianças não fiquem nas ruas, acabam comprando um computador e colocam no quarto, podendo isso representar um risco, pois nem sempre os pais têm o tempo esperado para acompanhar os filhos no uso desse veículo de informação. Portanto, tanto no ambiente familiar quanto na escola é preciso uma orientação que tenha como finalidade formar educandos preparados e conscientes dentro da sociedade, e que transmita para esses alunos conceitos a fim de desenvolver estratégias para dinamizar o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Schwaetz (1985): O papel do professor deveria incluir e ensinar as crianças como estruturar e classificar informações que elas já possuem e estão constantemente recebendo. Muitos poucos professores adotam essa abordagem e as crianças pagam o preço dessa falha dos mestres desinteressados pela escola (p.30) Dessa maneira, os alunos se tornam apenas meros reprodutores de conceitos e ideias prontas, não sendo formados para questionar ou enfrentar as dificuldades, que surgem diariamente, pois a tarefa principal da escola é formar cidadãos para atuar como agentes de transformação de realidades, a começar da sua.
  • 50. 50 4.2.5 Televisão: O que e quando assistir? No que tange esta questão, 70% relataram assistir novelas e minisséries, a exemplo de “Morde e Assopra”, “Rebelde”, “malhação e demais novelas”. Já 20% relataram assistir desenhos e 10% assistem a jogos de futebol. Com isso, percebeu-se que o gosto das crianças tem mudado de forma considerável,sendo que as novelas e demais programas impróprios para a idade deles,ganharam a preferência desse público,denotando também a falta de controle dos pais nos horários e programas que estas crianças estão assistindo e na quantidade de tempo que elas estão expostas à televisão, podendo este fato ser marcado pela influência massiva da mídia televisiva. Observou-se assim que os desenhos, apesar de ter um lugar na agenda dos meninos, vêm cada vez mais perdendo espaço. Nota-se isso em algumas falas, principalmente entre as meninas: - Adoro assistir as novelas. De tarde e a noite e ainda meus programas favoritos são rebeldes, se ele dança eu danço tudo a ver, morde e assopra e outros. (Ana) - Sim, novelas, 05h00min, 07h00min horas. Rebelde malhação, cordel encantado e morde assopra, Lara com z, zorra total. Grande família e insensato coração. Assisto tudo isso e se pudesse assistia mais. (Kaline) - Assisto rebeldes, insensato coração, cordel encantado, malhação, morde e assopra, filmes na seção da tarde... gosto demais. (Maria) - Eu assisto futebol, desenho da globo, novelas mas a preferida é a “rebeldes” (Luiz). Dizer que a apropriação das mensagens da mídia se tornou um meio de auto formação no mundo moderno não é dizer que ele é o único meio: Claramente não é. Há muitas outras formas de interação social, como as existentes entre pais e filhos, entre professores e alunos, entre pares, que continuarão a desempenhar um papel fundamental na formação pessoal e social. Os primeiros processos de socialização na família e na escola são de muitas maneiras, decisivos para o subsequente desenvolvimento do individuo e de sua autoconsciência. Mas não devemos perder de vista o fato de que, num mundo cada vez mais bombardeado por produtos da
  • 51. 51 indústria cultural e da grande mídia, uma nova e maior arena foi criada para o processo de auto formação, essa “É uma arena livre das limitações espaços temporais da interação face a face e; dado o alcance da televisão em sua expansão global, se torna cada vez mais acessível aos indivíduos em todo o mundo”. (THOMPSON, 1998, p.46)