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Limites
Considere a função f : R  {−1} → R dada por
f (x) =
x
x + 1
Apliquemos f a pontos próximos de −1.
x f (x) x f (x)
−3 1, 5 0 0
−2 2 −0, 5 −1
−1, 5 3 −0, 8 −4
−1, 1 11 −0, 9 −9
−1, 01 101 −0, 99 −99
−1, 001 1001 −0, 999 −999
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Sabemos que não existe f (−1). Na verdade, o número −1 nem faz parte
do domı́nio de f . Mas o que acontece quando a variável x se aproxima de
−1?
Observe o gráfico da função
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
x
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
y
0
Figura : Gráfico da Função f (x) =
x
x + 1
Seja I um intervalo aberto em R, a ∈ I e f uma função real definida em
todo ponto de I, exceto possivelmente em a (note que o domı́nio de f
neste caso é I ou I {a}). Dizemos que o limite de f (x) quando a variável
x tende a a será o número L se a seguinte condição for verdadeira:
Condição: (ε, δ)
Dado ε > 0 qualquer, existe um δ > 0, tal que se 0 < |x − a| < δ
então |f (x) − L| < ε.
Aqui, as letras gregas ε e δ representam respectivamente as distâncias
entre f (x) e L e entre x e a.
x
y
L
L − ε
L + ε
a
a − δ a + δ
O seguinte resultado é fundamental para a teoria de limites. Ele estabelece
que uma função não pode tender a dois limites diferentes ao mesmo tempo.
Teorema (Unicidade do Limite)
Seja I um intervalo aberto em R, a ∈ I e f uma função real definida em
I ou em I  {a}. Se
lim
x→a
f (x) = L1 e lim
x→a
f (x) = L2
então L1 = L2.
Aplicar diretamente a definição de limite, para obter informações sobre o
comportamento de uma função, na vizinhança de algum ponto a, pode ser
uma tarefa árdua e até impraticável.. Vamos ver agora alguns resultados
operacionais que facilitarão muito o cálculo de limites.
Teorema
(a) lim
x→a
c = c, onde c é uma constante;
(b) lim
x→a
x = a;
(c) lim
x→a
kx = ka, onde k é uma constante;
(d) Se lim
x→a
f (x) = L e lim
x→a
g(x) = M, então
lim
x→a
[f (x) ± g(x)] = L ± M;
Exemplo
Seja f (x) = 2x + 3 e a = 5. Pelo Teorema acima, temos
lim
x→5
f (x) = lim
x→5
(2x + 3)
= lim
x→5
2x + lim
x→5
3
= 2.5 + 3 = 13.
Teorema
Suponha que lim
x→a
f (x) = L e que lim
x→a
g(x) = M. Então
(a) lim
x→a
[f (x).g(x)] = L.M;
(b) lim
x→a
[f (x)]n
= Ln
, onde n é um número inteiro positivo;
(c) lim
x→a
f (x)
g(x) = L
M , se M �= 0;
(d) lim
x→a
n
�
f (x) = n
√
L, onde L ≥ 0, caso n seja um número inteiro
positivo par, ou L é um número qualquer caso n seja um número
inteiro positivo ı́mpar.
Exemplo
Calcule o seguinte limite
lim
x→−2
(5x + 17)3
Solução: Pelo Teorema acima,
lim
x→−2
(5x + 17)3
= [ lim
x→−2
(5x + 17)]3
= [5(−2) + 17]3
= 73
= 343.
Exemplo
Seja f uma função dada por
f (x) =







x2
− 1
x − 1
, se x �= 1
1, se x = 1
Encontre o lim
x→1
f (x).
−3 −2 −1 1 2 3
x
−1
1
2
3
4
y
0
Exemplo
Calcular os limites
(a) lim
x→3
x − 3
√
x −
√
3
(b) lim
x→−2
x2
+ 5x + 6
2x2 − 8
Quando calculamos o limite de uma função em um ponto a, estamos
avaliando os valores que esta função assume quando a variável se aproxima
de a. Como estamos trabalhando com funções definidas em subconjuntos
de R, a variável pode se aproximar do ponto a somente pela direita, ou
apenas pela esquerda ou ambos os lados.
Seja f uma função real cujo domı́nio contém o intervalo (a, c). O limite
de f (x) quando x tende a a pela direita é L se,
para todo ε > 0, existir um δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ então
|f (x) − L| < ε.
Escrevemos neste caso
lim
x→a+
f (x) = L.
Analogamente, se o domı́nio de f contém o intervalo (b, a), definimos o
limite lateral à esquerda de f (x), quando x tende a a pela esquerda, como
sendo o número L se,
para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que se 0 < a − x < δ então
|f (x) − L| < ε.
Escrevemos neste caso
lim
x→a−
f (x) = L.
Exemplo
Se f (x) =
√
x − 1, da definição acima segue que
lim
x→1+
f (x) = lim
x→1+
√
x − 1 =
√
1 − 1 = 0.
Note que não faz sentido tentar calcular lim
x→1−
√
x − 1, pois quando x
tende a 1 pela esquerda temos que x − 1 < 0, e a raiz quadrada não está
definida para números negativos.
Note que o intervalo (b, 1) não pertence ao domı́nio de f seja qual for o
valor de b.
Teorema
O lim
x→a
f (x) existe e será igual a L se, e somente se, existem os limites
laterais lim
x→a+
f (x) e lim
x→a−
f (x) e além disso,
lim
x→a+
f (x) = lim
x→a−
f (x) = L.
Observação
As operações com limites permanecem válidas para limites laterais,
observando-se as restrições devidas.
Exemplo
A função sinal é definida sobre o conjunto dos números reais da seguinte
forma
sgn(x) =



1, se x > 0
0, se x = 0
−1, se x < 0
.
Faça um esboço do gráfico desta função e calcule, caso existam, os
limites lim
x→0−
sgn(x) e lim
x→0+
sgn(x).
Solução: Note que
lim
x→0−
sgn(x) = lim
x→0−
(−1) = −1
lim
x→0+
sgn(x) = lim
x→0−
(1) = 1.
Observe que existem os limites laterais, porém são diferentes. Neste caso,
não existe lim
x→0
sgn(x). Segue abaixo o esboço do gráfico.
−3 −2 −1 1 2 3
x
1
y
0
−1
Figura : Gráfico da função sgn
Exemplo
Considere a seguinte função
f (x) =











3x − 2, se x > 2
0, se x = 2
x2
−4
x−2 , se x < 2
.
Faça um esboço do gráfico desta função e calcule, caso existam, os
limites lim
x→2−
f (x) e lim
x→2+
f (x).
Solução: Note que
lim
x→2+
f (x) = lim
x→2+
(3x − 2) = 2.
Por outro lado,
lim
x→2−
f (x) = lim
x→2−
x2
− 4
x − 2
= lim
x→2−
(x − 2)(x + 2)
x − 2
= lim
x→2−
(x + 2) = 4.
Neste caso, como os limites laterais existem e são iguais, temos que
lim
x→2
f (x) = 4.
−1 1 2 3 4 5
x
−1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
y
0
Considere a função
f (x) =
1
x2
Observe que x = 0 não pertence ao domı́nio desta função. Qual é o
comportamento de f quando x se aproxima de zero?
Abaixo são mostrados alguns valores de f para vários pontos do seu
domı́nio.
x
1
x2
1 1
0.5 4
0.2 25
0.1 100
0.01 10000
0.001 1000000
−1 1
−0.5 4
−0.1 100
−0.01 10000
−0.001 1000000
−2 −1 1 2
x
−20
20
40
60
80
y
0
Figura : Gráfico da função f . Observe que f (x) assume valores cada vez
maiores quando x se aproxima de 0.
Seja I um intervalo em R contendo um ponto a e f uma função real,
definida em todo ponto de I, exceto possivelmente em a. Quando x tende
a a, dizemos que f (x) cresce indefinidamente se, para qualquer número
N > 0 dado, existir um δ > 0 tal que
se 0 < |x − a| < δ então f (x) > N
neste caso escrevemos que
lim
x→a
f (x) = +∞.
Observação
A definição acima não diz que existe o limite de f quando x tende a a,
diz somente que f (x) cresce indefinidamente. Na verdade tal limite não
existe.
Nas condições acima, quando x tende a a, dizemos que f (x) decresce
indefinidamente se, para qualquer número N < 0 dado, existir um δ > 0
tal que
se 0 < |x − a| < δ então f (x) < N
neste caso escrevemos que
lim
x→a
f (x) = −∞
Definições análogas são feitas para os limites laterais.
Quando x tende a esquerda de a, dizemos que f (x) cresce indefinidamente
se, para qualquer número N > 0 dado, existir um δ > 0 tal que
se 0 < a − x < δ então f (x) > N e neste caso escrevemos
lim
x→a−
f (x) = +∞
Quando x tende a direita de a, dizemos que f (x) cresce indefinidamente
se, para qualquer número N > 0 dado, existir um δ > 0 tal que
se 0 < x − a < δ então f (x) > N e neste caso escrevemos
lim
x→a+
f (x) = +∞
Quando x tende a esquerda de a, dizemos que f (x) decresce
indefinidamente se, para qualquer número N < 0 dado, existir um δ > 0
tal que se 0 < a − x < δ então f (x) < N e neste caso escrevemos
lim
x→a−
f (x) = −∞
Quando x tende a direita de a, dizemos que f (x) decresce indefinidamente
se, para qualquer número N < 0 dado, existir um δ > 0 tal que
se 0 < x − a < δ então f (x) < N e neste caso escrevemos
lim
x→a+
f (x) = −∞
Teorema
Se r for um inteiro positivo qualquer, então
(i) lim
x→0+
1
xr
= +∞
(ii) lim
x→0−
1
xr
=
�
−∞, se r for ı́mpar
+∞, se r for par
Exemplo
Seja f (x) =
x + 1
x3
. Observe abaixo o gráfico de f .
−1 1
x
−80
−60
−40
−20
20
40
60
80
y
0
Figura : Gráfico da função f .
Note que
lim
x→0+
f (x) = +∞
De fato, temos
lim
x→0+
f (x) = lim
x→0+
x + 1
x3
= lim
x→0+
�
1
x2
+
1
x3
�
= ∞ + ∞ = ∞.
Como veremos no próximo teorema, temos
lim
x→0−
f (x) = −∞.
Teorema
Seja a ∈ R e suponha que lim
x→a
f (x) = 0 e lim
x→a
g(x) = c, onde c �= 0.
Então
(i) Se c > 0 e existe δ > 0 tal que f (x) > 0 quando
x ∈ (a − δ, a + δ)  {a}, então
lim
x→a
g(x)
f (x)
= +∞.
(ii) Se c > 0 e existe δ > 0 tal que f (x) < 0 quando
x ∈ (a − δ, a + δ)  {a}, então
lim
x→a
g(x)
f (x)
= −∞.
(iii) Se c < 0 e existe δ > 0 tal que f (x) > 0 quando
x ∈ (a − δ, a + δ)  {a}, então
lim
x→a
g(x)
f (x)
= −∞.
(iv) Se c < 0 e existe δ > 0 tal que f (x) < 0 quando
x ∈ (a − δ, a + δ)  {a}, então
lim
x→a
g(x)
f (x)
= +∞.
Observação
O mesmo resultado vale para limites laterais infinitos.
Exemplo
Calcule lim
x→3+
√
x2 − 9
2x − 6
.
Note que
√
x2 − 9
2x − 6
=
�
(x + 3)(x − 3)
2
�
(x − 3)2
=
�
(x + 3)(x − 3)
2
�
(x − 3)(x − 3)
=
�
(x + 3)
2
�
(x − 3)
Note que a terceira igualdade é válida pois x > 3.
Agora
lim
x→3+
√
x2 − 9
2x − 6
= lim
x→3+
�
(x + 3)
2
�
(x − 3)
Como lim
x→3+
2
�
(x − 3) = 0 e 2
�
(x − 3) > 0, temos
lim
x→3+
√
x2 − 9
2x − 6
= ∞.
Abaixo mostramos o gráfico da função f .
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
x
−1
1
2
3
4
y
0
Figura : Gráfico da função f
Teorema
(i) Se lim
x→a
f (x) = +∞ e lim
x→a
g(x) = c, onde c ∈ R, então
lim
x→a
[f (x) + g(x)] = +∞.
(ii) Se lim
x→a
f (x) = −∞ e lim
x→a
g(x) = c, onde c ∈ R, então
lim
x→a
[f (x) + g(x)] = −∞.
(iii) Se lim
x→a
f (x) = +∞ e lim
x→a
g(x) = c, onde c > 0, então
lim
x→a
[f (x).g(x)] = +∞.
(iv) Se lim
x→a
f (x) = +∞ e lim
x→a
g(x) = c, onde c < 0, então
lim
x→a
[f (x).g(x)] = −∞.
(v) Se lim
x→a
f (x) = −∞ e lim
x→a
g(x) = c, onde c > 0, então
lim
x→a
[f (x).g(x)] = −∞.
(vi) Se lim
x→a
f (x) = −∞ e lim
x→a
g(x) = c, onde c < 0, então
lim
x→a
[f (x).g(x)] = +∞.
Observação
O mesmo resultado vale para limites laterais infinitos.
Exemplo
Calcule
lim
x→2
x
(x − 2)2
.
Note que
x
(x − 2)2
= x.
1
(x − 2)2
,
onde
lim
x→2
x = 2 e lim
x→2
1
x2 − 2
= +∞.
Assim,
lim
x→2
x
(x − 2)2
= +∞.
Abaixo mostramos o gráfico da função f .
−3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7
x
−1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
y
0
Figura : Gráfico da função f .
Em muitas situações, precisamos analisar o comportamneto de uma função,
quando a variável assume valores cada vez maiores (positivos ou negativos),
ou seja quando x → ∞ ou quando x → −∞.
Se f (x) = x, então claramente sabemos o comportamento de f (x), quando
x assume valores muito grandes. Veja figura abaixo:
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
x
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
y
0
Figura : Função Identidade
Em outros casos a situação não é tão simples. Considere a função real
definida por
f (x) =
3x2
x2 + 1
.
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
x
1
2
3
y
0
Figura : Gráfico da função f
O que podemos dizer sobre o comportamento de f quando x → ∞ ou
quando x → −∞?
Será que f (x) cresce indefinidamente? Ou o comportamento de f seria
imprevisı́vel?
Seja f uma função real definida no intervalo (a, ∞), onde a pode ser um
número real ou a = −∞. Dizemos que o limite de f (x) quando x cresce
indefinidamente é L se, para todo ε > 0 existir um número N > 0 tal que
se x > N então |f (x) − L| < ε
neste caso escrevemos
lim
x→∞
f (x) = L
Observação
Pode ser que L = ∞ ou que L = −∞, ou seja, podemos ter
lim
x→∞
f (x) = ∞ ou lim
x→∞
f (x) = −∞
Em ambos os casos não existe o limite.
Analogamente, se f é uma função real definida no intervalo (−∞, a),
onde a pode ser um número real ou a = ∞, dizemos que o limite de f (x)
quando x decresce indefinidamente é L se, para todo ε > 0 existir um
número N < 0 tal que
se x < N então |f (x) − L| < ε
neste caso escrevemos
lim
x→−∞
f (x) = L
Observação
Analogamente, pode ser que L = ∞ ou que L = −∞, ou seja, podemos
ter
lim
x→∞
f (x) = ∞ ou lim
x→∞
f (x) = −∞
Novamente, em ambos os casos não existe o limite.
Voltamos a função f (x) =
3x2
x2 + 1
.
x 3 ·
x2
x2 + 1
−1 1.5
−2 2.4
−3 2.7
−5 2.8846153846
−10 2.9702970297
−100 2.99970003
−1000 2.999997
x 3 ·
x2
x2 + 1
1 1.5
2 2.4
3 2.7
5 2.8846153846
10 2.9702970297
100 2.99970003
1000 2.999997
Nas tabelas acima são apresentados alguns valores de f . Parece que f (x)
tende a 3 quando x tende a ∞ e também quando x tende a −∞. Veremos
adiante como comprovar tais suspeitas.
Teorema
Se r for um inteiro positivo qualquer, então
(i) lim
x→∞
1
xr
= 0.
(ii) lim
x→−∞
1
xr
= 0.
Exemplo (Revisitado)
Agora podemos voltar ao exemplo anterior e provar que
lim
x→∞
3x2
x2 + 1
= 3.
Note que
3x2
x2 + 1
=
3
1 +
1
x2
Temos
lim
x→∞
1
x2
= 0.
Assim,
lim
x→∞
3x2
x2 + 1
= lim
x→∞
3
1 +
1
x2
=
limx→∞ 3
limx→∞ 1 + limx→∞
1
x2
=
3
1 + 0
= 3
Exemplo
Calcule o seguinte limite no infinito
lim
x→∞
x − 5
95x + 17
Note que
x − 5
95x + 17
=
1 −
5
x
95 +
17
x
.
Logo,
lim
x→∞
x − 5
95x + 17
= lim
x→∞
1 −
5
x
95 +
17
x
=
lim lim
x→∞
1 − 5 lim
x→∞
1
x
lim
x→∞
95 + 17 lim
x→∞
1
x
=
1 − 5.0
95 + 17.0
=
1
95
.
Exemplo
Calcule o seguinte limite
lim
x→−∞
x + 2
√
x2 − 3
.
Observe que
x + 2
√
x2 − 3
=
x
�
1 +
2
x
�
�
x2
�
1 −
3
x2
� =
x
�
1 +
2
x
�
|x|
�
1 −
3
x2
Como x → −∞ podemos assumir que x < 0,
Assim
x + 2
√
x2 − 3
=
x
�
1 +
2
x
�
−x
�
1 −
3
x2
=
1 +
2
x
−
�
1 −
3
x2
.
Portanto
lim
x→−∞
x + 2
√
x2 − 3
= lim
x→−∞
1 +
2
x
−
�
1 −
3
x2
=
1 + 0
−
√
1 − 0
= −1.
Exemplo
Calcule o limite
lim
x→∞
2x3
x2 + 1
.
Observe que
2x3
x2 + 1
=
2
1
x
+
1
x3
.
Assim,
lim
x→∞
2x3
x2 + 1
= lim
x→∞
2
1
x
+
1
x3
Note que
lim
x→∞
�
1
x
�
+ lim
x→∞
�
1
x3
�
= 0 + 0 = 0.
Temos que o limite do numerador é 2 e e o limite do denominador tende
a zero por valores positivos. Assim,
lim
x→∞
2x3
x2 + 1
= ∞.

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Introdução à limites - Teoremas e exercícios

  • 1. Limites Considere a função f : R {−1} → R dada por f (x) = x x + 1 Apliquemos f a pontos próximos de −1. x f (x) x f (x) −3 1, 5 0 0 −2 2 −0, 5 −1 −1, 5 3 −0, 8 −4 −1, 1 11 −0, 9 −9 −1, 01 101 −0, 99 −99 −1, 001 1001 −0, 999 −999 . . . . . . . . . . . .
  • 2. Sabemos que não existe f (−1). Na verdade, o número −1 nem faz parte do domı́nio de f . Mas o que acontece quando a variável x se aproxima de −1? Observe o gráfico da função −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 x −3 −2 −1 1 2 3 4 5 y 0 Figura : Gráfico da Função f (x) = x x + 1
  • 3. Seja I um intervalo aberto em R, a ∈ I e f uma função real definida em todo ponto de I, exceto possivelmente em a (note que o domı́nio de f neste caso é I ou I {a}). Dizemos que o limite de f (x) quando a variável x tende a a será o número L se a seguinte condição for verdadeira: Condição: (ε, δ) Dado ε > 0 qualquer, existe um δ > 0, tal que se 0 < |x − a| < δ então |f (x) − L| < ε. Aqui, as letras gregas ε e δ representam respectivamente as distâncias entre f (x) e L e entre x e a.
  • 4. x y L L − ε L + ε a a − δ a + δ
  • 5. O seguinte resultado é fundamental para a teoria de limites. Ele estabelece que uma função não pode tender a dois limites diferentes ao mesmo tempo. Teorema (Unicidade do Limite) Seja I um intervalo aberto em R, a ∈ I e f uma função real definida em I ou em I {a}. Se lim x→a f (x) = L1 e lim x→a f (x) = L2 então L1 = L2.
  • 6. Aplicar diretamente a definição de limite, para obter informações sobre o comportamento de uma função, na vizinhança de algum ponto a, pode ser uma tarefa árdua e até impraticável.. Vamos ver agora alguns resultados operacionais que facilitarão muito o cálculo de limites. Teorema (a) lim x→a c = c, onde c é uma constante; (b) lim x→a x = a; (c) lim x→a kx = ka, onde k é uma constante; (d) Se lim x→a f (x) = L e lim x→a g(x) = M, então lim x→a [f (x) ± g(x)] = L ± M;
  • 7. Exemplo Seja f (x) = 2x + 3 e a = 5. Pelo Teorema acima, temos lim x→5 f (x) = lim x→5 (2x + 3) = lim x→5 2x + lim x→5 3 = 2.5 + 3 = 13.
  • 8. Teorema Suponha que lim x→a f (x) = L e que lim x→a g(x) = M. Então (a) lim x→a [f (x).g(x)] = L.M; (b) lim x→a [f (x)]n = Ln , onde n é um número inteiro positivo; (c) lim x→a f (x) g(x) = L M , se M �= 0; (d) lim x→a n � f (x) = n √ L, onde L ≥ 0, caso n seja um número inteiro positivo par, ou L é um número qualquer caso n seja um número inteiro positivo ı́mpar.
  • 9. Exemplo Calcule o seguinte limite lim x→−2 (5x + 17)3 Solução: Pelo Teorema acima, lim x→−2 (5x + 17)3 = [ lim x→−2 (5x + 17)]3 = [5(−2) + 17]3 = 73 = 343.
  • 10. Exemplo Seja f uma função dada por f (x) =        x2 − 1 x − 1 , se x �= 1 1, se x = 1 Encontre o lim x→1 f (x).
  • 11. −3 −2 −1 1 2 3 x −1 1 2 3 4 y 0
  • 12. Exemplo Calcular os limites (a) lim x→3 x − 3 √ x − √ 3 (b) lim x→−2 x2 + 5x + 6 2x2 − 8
  • 13. Quando calculamos o limite de uma função em um ponto a, estamos avaliando os valores que esta função assume quando a variável se aproxima de a. Como estamos trabalhando com funções definidas em subconjuntos de R, a variável pode se aproximar do ponto a somente pela direita, ou apenas pela esquerda ou ambos os lados.
  • 14.
  • 15.
  • 16. Seja f uma função real cujo domı́nio contém o intervalo (a, c). O limite de f (x) quando x tende a a pela direita é L se, para todo ε > 0, existir um δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ então |f (x) − L| < ε. Escrevemos neste caso lim x→a+ f (x) = L. Analogamente, se o domı́nio de f contém o intervalo (b, a), definimos o limite lateral à esquerda de f (x), quando x tende a a pela esquerda, como sendo o número L se, para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que se 0 < a − x < δ então |f (x) − L| < ε. Escrevemos neste caso lim x→a− f (x) = L.
  • 17. Exemplo Se f (x) = √ x − 1, da definição acima segue que lim x→1+ f (x) = lim x→1+ √ x − 1 = √ 1 − 1 = 0. Note que não faz sentido tentar calcular lim x→1− √ x − 1, pois quando x tende a 1 pela esquerda temos que x − 1 < 0, e a raiz quadrada não está definida para números negativos. Note que o intervalo (b, 1) não pertence ao domı́nio de f seja qual for o valor de b.
  • 18. Teorema O lim x→a f (x) existe e será igual a L se, e somente se, existem os limites laterais lim x→a+ f (x) e lim x→a− f (x) e além disso, lim x→a+ f (x) = lim x→a− f (x) = L. Observação As operações com limites permanecem válidas para limites laterais, observando-se as restrições devidas.
  • 19. Exemplo A função sinal é definida sobre o conjunto dos números reais da seguinte forma sgn(x) =    1, se x > 0 0, se x = 0 −1, se x < 0 . Faça um esboço do gráfico desta função e calcule, caso existam, os limites lim x→0− sgn(x) e lim x→0+ sgn(x). Solução: Note que lim x→0− sgn(x) = lim x→0− (−1) = −1 lim x→0+ sgn(x) = lim x→0− (1) = 1.
  • 20. Observe que existem os limites laterais, porém são diferentes. Neste caso, não existe lim x→0 sgn(x). Segue abaixo o esboço do gráfico. −3 −2 −1 1 2 3 x 1 y 0 −1 Figura : Gráfico da função sgn
  • 21. Exemplo Considere a seguinte função f (x) =            3x − 2, se x > 2 0, se x = 2 x2 −4 x−2 , se x < 2 . Faça um esboço do gráfico desta função e calcule, caso existam, os limites lim x→2− f (x) e lim x→2+ f (x).
  • 22. Solução: Note que lim x→2+ f (x) = lim x→2+ (3x − 2) = 2. Por outro lado, lim x→2− f (x) = lim x→2− x2 − 4 x − 2 = lim x→2− (x − 2)(x + 2) x − 2 = lim x→2− (x + 2) = 4. Neste caso, como os limites laterais existem e são iguais, temos que lim x→2 f (x) = 4.
  • 23. −1 1 2 3 4 5 x −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 y 0
  • 24. Considere a função f (x) = 1 x2 Observe que x = 0 não pertence ao domı́nio desta função. Qual é o comportamento de f quando x se aproxima de zero?
  • 25. Abaixo são mostrados alguns valores de f para vários pontos do seu domı́nio. x 1 x2 1 1 0.5 4 0.2 25 0.1 100 0.01 10000 0.001 1000000 −1 1 −0.5 4 −0.1 100 −0.01 10000 −0.001 1000000
  • 26. −2 −1 1 2 x −20 20 40 60 80 y 0 Figura : Gráfico da função f . Observe que f (x) assume valores cada vez maiores quando x se aproxima de 0.
  • 27. Seja I um intervalo em R contendo um ponto a e f uma função real, definida em todo ponto de I, exceto possivelmente em a. Quando x tende a a, dizemos que f (x) cresce indefinidamente se, para qualquer número N > 0 dado, existir um δ > 0 tal que se 0 < |x − a| < δ então f (x) > N neste caso escrevemos que lim x→a f (x) = +∞.
  • 28. Observação A definição acima não diz que existe o limite de f quando x tende a a, diz somente que f (x) cresce indefinidamente. Na verdade tal limite não existe. Nas condições acima, quando x tende a a, dizemos que f (x) decresce indefinidamente se, para qualquer número N < 0 dado, existir um δ > 0 tal que se 0 < |x − a| < δ então f (x) < N neste caso escrevemos que lim x→a f (x) = −∞
  • 29. Definições análogas são feitas para os limites laterais. Quando x tende a esquerda de a, dizemos que f (x) cresce indefinidamente se, para qualquer número N > 0 dado, existir um δ > 0 tal que se 0 < a − x < δ então f (x) > N e neste caso escrevemos lim x→a− f (x) = +∞ Quando x tende a direita de a, dizemos que f (x) cresce indefinidamente se, para qualquer número N > 0 dado, existir um δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ então f (x) > N e neste caso escrevemos lim x→a+ f (x) = +∞
  • 30. Quando x tende a esquerda de a, dizemos que f (x) decresce indefinidamente se, para qualquer número N < 0 dado, existir um δ > 0 tal que se 0 < a − x < δ então f (x) < N e neste caso escrevemos lim x→a− f (x) = −∞ Quando x tende a direita de a, dizemos que f (x) decresce indefinidamente se, para qualquer número N < 0 dado, existir um δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ então f (x) < N e neste caso escrevemos lim x→a+ f (x) = −∞
  • 31. Teorema Se r for um inteiro positivo qualquer, então (i) lim x→0+ 1 xr = +∞ (ii) lim x→0− 1 xr = � −∞, se r for ı́mpar +∞, se r for par
  • 32. Exemplo Seja f (x) = x + 1 x3 . Observe abaixo o gráfico de f . −1 1 x −80 −60 −40 −20 20 40 60 80 y 0 Figura : Gráfico da função f .
  • 33. Note que lim x→0+ f (x) = +∞ De fato, temos lim x→0+ f (x) = lim x→0+ x + 1 x3 = lim x→0+ � 1 x2 + 1 x3 � = ∞ + ∞ = ∞. Como veremos no próximo teorema, temos lim x→0− f (x) = −∞.
  • 34. Teorema Seja a ∈ R e suponha que lim x→a f (x) = 0 e lim x→a g(x) = c, onde c �= 0. Então (i) Se c > 0 e existe δ > 0 tal que f (x) > 0 quando x ∈ (a − δ, a + δ) {a}, então lim x→a g(x) f (x) = +∞. (ii) Se c > 0 e existe δ > 0 tal que f (x) < 0 quando x ∈ (a − δ, a + δ) {a}, então lim x→a g(x) f (x) = −∞.
  • 35. (iii) Se c < 0 e existe δ > 0 tal que f (x) > 0 quando x ∈ (a − δ, a + δ) {a}, então lim x→a g(x) f (x) = −∞. (iv) Se c < 0 e existe δ > 0 tal que f (x) < 0 quando x ∈ (a − δ, a + δ) {a}, então lim x→a g(x) f (x) = +∞. Observação O mesmo resultado vale para limites laterais infinitos.
  • 36. Exemplo Calcule lim x→3+ √ x2 − 9 2x − 6 . Note que √ x2 − 9 2x − 6 = � (x + 3)(x − 3) 2 � (x − 3)2 = � (x + 3)(x − 3) 2 � (x − 3)(x − 3) = � (x + 3) 2 � (x − 3) Note que a terceira igualdade é válida pois x > 3.
  • 37. Agora lim x→3+ √ x2 − 9 2x − 6 = lim x→3+ � (x + 3) 2 � (x − 3) Como lim x→3+ 2 � (x − 3) = 0 e 2 � (x − 3) > 0, temos lim x→3+ √ x2 − 9 2x − 6 = ∞.
  • 38. Abaixo mostramos o gráfico da função f . −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 x −1 1 2 3 4 y 0 Figura : Gráfico da função f
  • 39. Teorema (i) Se lim x→a f (x) = +∞ e lim x→a g(x) = c, onde c ∈ R, então lim x→a [f (x) + g(x)] = +∞. (ii) Se lim x→a f (x) = −∞ e lim x→a g(x) = c, onde c ∈ R, então lim x→a [f (x) + g(x)] = −∞. (iii) Se lim x→a f (x) = +∞ e lim x→a g(x) = c, onde c > 0, então lim x→a [f (x).g(x)] = +∞.
  • 40. (iv) Se lim x→a f (x) = +∞ e lim x→a g(x) = c, onde c < 0, então lim x→a [f (x).g(x)] = −∞. (v) Se lim x→a f (x) = −∞ e lim x→a g(x) = c, onde c > 0, então lim x→a [f (x).g(x)] = −∞. (vi) Se lim x→a f (x) = −∞ e lim x→a g(x) = c, onde c < 0, então lim x→a [f (x).g(x)] = +∞. Observação O mesmo resultado vale para limites laterais infinitos.
  • 41. Exemplo Calcule lim x→2 x (x − 2)2 . Note que x (x − 2)2 = x. 1 (x − 2)2 , onde lim x→2 x = 2 e lim x→2 1 x2 − 2 = +∞. Assim, lim x→2 x (x − 2)2 = +∞.
  • 42. Abaixo mostramos o gráfico da função f . −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 x −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 y 0 Figura : Gráfico da função f .
  • 43. Em muitas situações, precisamos analisar o comportamneto de uma função, quando a variável assume valores cada vez maiores (positivos ou negativos), ou seja quando x → ∞ ou quando x → −∞. Se f (x) = x, então claramente sabemos o comportamento de f (x), quando x assume valores muito grandes. Veja figura abaixo:
  • 44. −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 x −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 y 0 Figura : Função Identidade
  • 45. Em outros casos a situação não é tão simples. Considere a função real definida por f (x) = 3x2 x2 + 1 . −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 x 1 2 3 y 0 Figura : Gráfico da função f
  • 46. O que podemos dizer sobre o comportamento de f quando x → ∞ ou quando x → −∞? Será que f (x) cresce indefinidamente? Ou o comportamento de f seria imprevisı́vel?
  • 47. Seja f uma função real definida no intervalo (a, ∞), onde a pode ser um número real ou a = −∞. Dizemos que o limite de f (x) quando x cresce indefinidamente é L se, para todo ε > 0 existir um número N > 0 tal que se x > N então |f (x) − L| < ε neste caso escrevemos lim x→∞ f (x) = L Observação Pode ser que L = ∞ ou que L = −∞, ou seja, podemos ter lim x→∞ f (x) = ∞ ou lim x→∞ f (x) = −∞ Em ambos os casos não existe o limite.
  • 48. Analogamente, se f é uma função real definida no intervalo (−∞, a), onde a pode ser um número real ou a = ∞, dizemos que o limite de f (x) quando x decresce indefinidamente é L se, para todo ε > 0 existir um número N < 0 tal que se x < N então |f (x) − L| < ε neste caso escrevemos lim x→−∞ f (x) = L Observação Analogamente, pode ser que L = ∞ ou que L = −∞, ou seja, podemos ter lim x→∞ f (x) = ∞ ou lim x→∞ f (x) = −∞ Novamente, em ambos os casos não existe o limite.
  • 49. Voltamos a função f (x) = 3x2 x2 + 1 . x 3 · x2 x2 + 1 −1 1.5 −2 2.4 −3 2.7 −5 2.8846153846 −10 2.9702970297 −100 2.99970003 −1000 2.999997 x 3 · x2 x2 + 1 1 1.5 2 2.4 3 2.7 5 2.8846153846 10 2.9702970297 100 2.99970003 1000 2.999997 Nas tabelas acima são apresentados alguns valores de f . Parece que f (x) tende a 3 quando x tende a ∞ e também quando x tende a −∞. Veremos adiante como comprovar tais suspeitas.
  • 50. Teorema Se r for um inteiro positivo qualquer, então (i) lim x→∞ 1 xr = 0. (ii) lim x→−∞ 1 xr = 0.
  • 51. Exemplo (Revisitado) Agora podemos voltar ao exemplo anterior e provar que lim x→∞ 3x2 x2 + 1 = 3. Note que 3x2 x2 + 1 = 3 1 + 1 x2 Temos lim x→∞ 1 x2 = 0. Assim, lim x→∞ 3x2 x2 + 1 = lim x→∞ 3 1 + 1 x2 = limx→∞ 3 limx→∞ 1 + limx→∞ 1 x2 = 3 1 + 0 = 3
  • 52. Exemplo Calcule o seguinte limite no infinito lim x→∞ x − 5 95x + 17 Note que x − 5 95x + 17 = 1 − 5 x 95 + 17 x .
  • 53. Logo, lim x→∞ x − 5 95x + 17 = lim x→∞ 1 − 5 x 95 + 17 x = lim lim x→∞ 1 − 5 lim x→∞ 1 x lim x→∞ 95 + 17 lim x→∞ 1 x = 1 − 5.0 95 + 17.0 = 1 95 .
  • 54. Exemplo Calcule o seguinte limite lim x→−∞ x + 2 √ x2 − 3 . Observe que x + 2 √ x2 − 3 = x � 1 + 2 x � � x2 � 1 − 3 x2 � = x � 1 + 2 x � |x| � 1 − 3 x2 Como x → −∞ podemos assumir que x < 0,
  • 55. Assim x + 2 √ x2 − 3 = x � 1 + 2 x � −x � 1 − 3 x2 = 1 + 2 x − � 1 − 3 x2 . Portanto lim x→−∞ x + 2 √ x2 − 3 = lim x→−∞ 1 + 2 x − � 1 − 3 x2 = 1 + 0 − √ 1 − 0 = −1.
  • 56. Exemplo Calcule o limite lim x→∞ 2x3 x2 + 1 . Observe que 2x3 x2 + 1 = 2 1 x + 1 x3 .
  • 57. Assim, lim x→∞ 2x3 x2 + 1 = lim x→∞ 2 1 x + 1 x3 Note que lim x→∞ � 1 x � + lim x→∞ � 1 x3 � = 0 + 0 = 0. Temos que o limite do numerador é 2 e e o limite do denominador tende a zero por valores positivos. Assim, lim x→∞ 2x3 x2 + 1 = ∞.