1) O documento discute a atuação de profissionais no CREAS, com foco no atendimento especializado a pessoas em situação de violência.
2) Inclui informações sobre o Plano de Acompanhamento Familiar, fluxo interno do CREAS e atuação do profissional individualmente e em grupos, com objetivo de instrumentalizar a equipe.
3) A atuação do profissional no CREAS envolve escuta ativa, fortalecimento da autoestima e empoderamento dos direitos dos usuários por meio de atendimento psicossocial individual e em grupo
1. INTERVENÇÃO PROFISSIONALNO CREAS
OBJETIVO: INSTRUMENTALIZAR OS PROFISSIONAIS QUE ATUAM NO CREAS NO QUE CONCERNE AO
ATENDIMENTO ESPECIALIZADO À PESSOAS EM SITUAÇÃODE VIOLÊNCIA.
SUMÁRIO:
1)Introdução;
2)Plano de Acompanhamento Familiar;
3)FluxoInterno CREAS;
4)A atuação do profissional no CREAS;
6)Atuação do profissional emgrupos;
2. Introdução
Inicialmente, antes de se introduzir a temática de atuação dos profissionais junto à famílias e a indivíduos
atendidos e acompanhados pelo CREAS,faz-se necessário apresentar a proposta do Plano de Acompanhamento
Familiarque seráo norteadorde todasas ações realizadaspelos profissionais do serviço em questão, assim como
apresentar também o fluxo interno do CREAS, segundo o Manual de Preenchimento do Censo CREAS(2008).
Plano de Acompanhamento Familiar
O Planode AcompanhamentoFamiliar é umaestratégiapactuadaentre a equipe e os membros da família que
estãotendoseusdireitosviolados.NoPlano,aequipe e família definem suas responsabilidades e compromissos,
assimcomo osrecursosa seremmobilizados para atender às demandas observadas e favorecer a potencialização
das capacidades.Oreferidoplano contémosobjetivose metasaseremalcançadosdurante oacompanhamentodo
CREAS e as perspectivasde vidafutura,dentre outrosaspectosaseremacrescidos,de acordocom as necessidades
do USUÁRIO.
O objetivo do plano é realizar acompanhamento familiar pautado nas orientações da Política Nacional
de Assistência Social( PNAS), tendo a família como foco da atenção; tem como finalidade principal o
envolvimento do indivíduo e de sua família no processo de superação das violações sofridas.
Esgotadas todas possibilidades de intervenção, sem mudança dos padrões violentadores, a autoridade
competente (sem prejuízo da notificação ao Ministério Público) deverá ser informada por meio de relatório
circunstanciado, para que sejam tomadas as medidas pertinentes.
3. Etapas:
1.Juntocom o usuárioverificarasdemandasdoÂmbitodoCREAS;
2. Estabeleceraduraçãodo acompanhamento ( objetivos, periodicidade , duração (06
meses) );
3. Termo de compromisso;
4. Acompanhamentopsicossocial ;
5. .Avaliaçãotrimestrallevandoemconsideraçãoasmetastraçadas pelousuáriode superação
da situaçãode violência;
6. Desligamentodafamília;
O atendimento psicológico deve compor o Plano de Acompanhamento Familiar na modalidade de atenção
psicossocial,que é operacionalizadaporumconjuntode procedimentostécnicosespecializados,como objetivo de
estruturaraçõesde atendimentoe de proteçãoa pessoas que sofreram algum tipo de violência, proporcionando-
lhes condições para o fortalecimento da autoestima, o restabelecimento de seu direito à convivência familiar e
comunitáriaemcondiçõesdignasde vidae possibilitandoasuperaçãoda situação de violação de direitos, além da
reparação da violência sofrida.
Fluxo interno CREAS
O fluxo consiste nos procedimentos internos realizados pela equipe nos casos de violência atendidos e
acompanhados:
1) Entrevistas de acolhida para avaliação inicial dos casos: Consiste no atendimento inicial e
escuta qualificada das necessidades e demandas trazidas pelo indivíduo ou família, realizada
por profissional de nível superior (Assistente Social, psicólogo, Advogado). Tem como objetivo
compreender os motivos do encaminhamento para o CREAS, avaliar sua pertinência, conhecer
as expectativas de indivíduos e famílias e iniciar a construção de um vínculo para o
desenvolvimento do trabalho. Os Objetivos principais são: i. Proporcionar acolhida inicial do
indivíduo ou família; ii. Clarificar se, de fato, existe demanda para atendimento no CREAS; iii.
Sensibilizar o indivíduo ou a família para o início do trabalho no CREAS, de modo a favorecer
sua adesão ao atendimento; iv. Identificar, junto com o indivíduo ou a família, a necessidade
de encaminhamento para outros serviços; v. Informar e orientar o indivíduo ou a família sobre
procedimentos posteriores; e vi. Proceder aos encaminhamentos necessários.
4. 2)Encaminhamentos Qualificados, operando a referência e contra- referência: Com o objetivo
de proporcionar aos indivíduos e suas famílias o acesso aos serviços, projetos e benefícios da
Rede SUAS e demais políticas públicas, de forma integral.
3)O atendimento psicossocial individual: consiste em metodologia de acompanhamento
psicossocial que pode ser utilizada tanto como recurso para o atendimento continuado –
quanto para atendimentos eventuais como, por exemplo, para reunir maiores informações
sobre o histórico da família ou da situação vivida, avaliar as condições emocionais individuais
de determinado indivíduo, oferecer informações ou orientações, realizar encaminhamentos
etc. Apesar de ser utilizado como espaço de escuta, expressão e reflexão, de modo distinto de
uma psicoterapia, o acompanhamento psicossocial individual deve incluir uma postura mais
ativa do profissional, que, dentre outras ações: i. Realiza encaminhamentos, ii. Informa e
orienta; iii. Faz acordos com o indivíduo e acompanha os compromissos firmados; iv.
Acompanha atividades realizadas pelo indivíduo; v. Intervém em outros contextos de
interação do indivíduo (escola, CRAS, serviço de acolhimento ou outros); e vi. Mantém
articulação com outros profissionais da rede (Justiça, Saúde Mental, Conselho Tutelar etc.).
Embora seja uma intervenção realizada individualmente, o atendimento psicossocial
individual deve ter sempre a família como foco das atenções e reflexões.
4) O atendimento psicossocial familiar: O atendimento psicossocial familiar inclui um
planejamento prévio por parte do profissional e pactuação com a família acerca do processo
de acompanhamento (sua periodicidade, duração e objetivos). Plano de acompanhamento
Familiar.
5)Atendimento psicossocial em grupo: Consiste em encontros grupais organizados a partir de um
planejamento profissional inicial que inclua seus objetivos, metodologia a ser empregada,
periodicidade, duração, enquadre (grupo aberto ou fechado) e definição dos participantes, dentre
outros aspectos. Os grupos podem ser organizados por temáticas, demandas e faixa etária dos
participantes, podendo até mesmo destinar-se ao atendimento conjunto de diferentes grupos
familiares (grupos multifamiliares). Diferentemente da entrevista inicial, caracteriza-se como
metodologia de trabalho para o acompanhamento psicossocial das famílias, pressupondo certa
periodicidade. Dentre outros, o atendimento psicossocial em grupo tem o objetivo de propiciar
5. um espaço de escuta, troca e reflexão que propicie mudanças favorecedoras dos relacionamentos
interpessoais, inserção social e protagonismo.
6) Orientação e Acompanhamento Jurídico para defesa e responsabilização: Compreende
orientações a famílias e indivíduos acerca de seus direitos, assim como dos mecanismos para
defesa dos mesmos e para a responsabilização daqueles que possam tê-los violado ou estar
infringindo-os. Inclui também o acompanhamento, junto à Justiça, em relação ao andamento
de processos para a responsabilização dos agressores. Este momento pode se dá também no
acolhimento inicial.
6) Visitas Domiciliares: As visitas domiciliares são utilizadas para conhecer a realidade
vivenciada pela família e pela comunidade, construir vínculos de confiança para o
acompanhamento no CREAS. È utilizada também como parte do processo de
acompanhamento psicossocial no intuito de conhecer e compreender mudanças ocorridas na
família, fornecer apoio em situações específicas etc.
7) Acompanhamento às Famílias ou aos indivíduos encaminhados para a rede: Consiste no
acompanhamento dos encaminhamentos realizados pelo CREAS de forma a efetivar seu papel
de referência e contra-referência. Pressupõe contatos com os atores da rede para
acompanhar os encaminhamentos realizados, tendo em vista a realização de um trabalho
efetivo com indivíduos e famílias, a partir das demandas identificadas.
8) Reuniões com grupos de famílias ou de indivíduos : Diferentemente do atendimento
psicossocial em grupo - que pressupõe certa regularidade e seguimento - as reuniões com grupos de
famílias ou indivíduos correspondem a encontros esporádicos, com fim em si mesmo. Podem ser
utilizadas com o objetivo de socializar informações, realizar encaminhamentos, fornecer orientações
ou até mesmo para realizar intervenções breves que requeiram apenas um encontro.
A atuação do profissional no CREAS
6. O profissional que atua no Centro de Referência Especializado da Assistência Social precisa se
instrumentalizarnoquesitode atendimento psicossocial pois esta modalidade de atendimento envolverá toda a
questãode contribuir para que os sujeitos que estão em situação de violência supere esse fenômeno através da
empoderaçãode direitos,fortalecimentodafamíliae aumentodaauto-estima- e paratal é necessário um trabalho
interdisciplinar entre os profissionais que compõe o serviço CREAS tais como assistente social, assessoria
jurídica,psicólogo(a) e educadores sociais.
O técnicodo CREAS entrará com seutrabalhoatravésdosatendimentospsicossociais e dafacilitação
de grupos. Esses grupos são planejados a partir da demanda do serviço, pois apesar da política que norteia
nacionalmenteaatuação do CREAS,oreferidoserviçoé implantadoconforme aatenderas especificidades de cada
local.
O acompanhamentodoprofissional emrelaçãoaousuário envolve encontros sistemáticos de apoio e
orientação referentes a demandas que podem ser trabalhadas no âmbito do CREAS. Essa atividade
psicossocial deve serumapráticacomprometidacoma singularidade do sujeito, que necessita de um espaço
em que seja ouvido e tratado como tal. O profissional deve propiciar uma escuta atenta ,oportunizando a
emergênciade significados. Diversosautorestratamdaprática da violência,de sua revelação e da entrada de
atores institucionais na dinâmica familiar, fatores que podem repercutir nas relações afetivas. É importante
que a equipe estejaatentasobre ademandade psicoterapiaque pode surgir em alguns casos. Esse trabalho é
atribuiçãoda políticapúblicade saúde,umavezque osagravos provocadospelosmaisvariadostiposviolência
devem ser atendidos também no campo da saúde mental; devem, portanto, ser encaminhados para as
unidades de saúde especializadas ou para outros serviços disponíveis no município. O atendimento
psicossocial deve ser realizado prioritariamente em grupo, sendo o atendimento individual considerado
apenas em casos excepcionais.
O atendimento psicossocial é um instrumento fundamental para a garantia de direitos dos sujeitos
que tiveramseusdireitosviolados;e configuracomoconjuntode atividadese açõespsicossocioeducativas, de
apoioe especializadas,desenvolvidasindividualmente e em pequenos grupos (prioritariamente), de caráter
disciplinar e interdisciplinar, de cunho terapêutico – não confundir com psicoterapêutico –, com níveis de
verticalizaçãoe planejamento(início,meioe fim), de acordo com o plano de atendimento desenvolvido pela
equipe. Esse atendimento deve ser operacionalizado, prioritariamente, pelos grupos de apoio individuais e
pelo grupo de apoio às famílias e de oficinas socioeducativas. Sugere-se que o atendimento individual seja
utilizadoapenasnasentrevistasiniciais,comoformade avaliaçãopreliminar e preparação do indivíduo para a
entrada nos grupos, ou quando, a partir dessa avaliação, ficar constatado que o trabalho em grupo não é
indicado.
7. O compromisso fundamental do profissional é a interrupção do ciclo da violência. Para isso, serão
necessárias medidas jurídicas de responsabilização do autor da agressão, medidas sociais de proteção ,
medidas médicas de tratamento das conseqüências e medidas psicossociais.
No contato inicial com o sujeito que se encontra em situação de violência, cuidados importantes
devemsertomados.Ao receberoindivíduo,oprofissional deve apresentar-se,perceberse ele sabe algosobre
o Serviçode ProteçãoEspecial;casoaindanão saiba,conversarsobre o que é,o que faz, quem trabalha nele e
como trabalha.Deve informarque outraspessoastambémfrequentamesseespaçoe deixaroentrevistado(a)
à vontade para perguntare se apresentar.Esse contatoinicial temoobjetivoprincipal de estabelecerovínculo
necessário.
Atuação do profissional em grupos:
O trabalhoemgrupo configuraumadas técnicaspossíveis do atendimento psicossocial. A opção pelo
grupoestá sustentadapela afirmação de que este consiste em um espaço de conscientização e participação,
no qual o processo interpessoal (participação em atividades grupais – relação com outros componentes do
grupo) é transformadoemprocessointrapessoal (fortalecimento da autoestima, ressignificação de valores e
percepções pessoais). O trabalho em grupo constitui um dispositivo potente de produção de relações e
experiências,colocandoo sujeitocomoatorprincipal doseuprocessode desenvolvimento,em que vivencia e
exerce sua cidadania.
Além disso, o trabalho em grupo proporciona a troca e a busca por um objetivo comum, por meio do
compartilhamento de informações, sentimentos e conhecimentos entre os participantes, resultando na
construçãodo saber,que,no nossocaso específico,é asuperaçãoda situaçãode violência, a reinserção social
e a autonomia. No trabalho em grupo, a diversidade, o diferente, é visto como instrumento coletivo e de
crescimento individual.
Objetiva-se,comotrabalhoemgrupo,proporcionaro espaçode convivênciae ocompartilhamentode
experiênciascomvistasaampliaras possibilidadesde expressãodo sujeito no mundo. São também objetivos
do trabalho em grupo o resgate da corporeidade e a reconstrução de relações e vínculos afetivos com a
família, a comunidade e o grupo de pares. Como todas as modalidades de atendimento psicossocial, o
trabalho em grupo também deve considerar a história do sujeito, seus recursos pessoais, os aspectos
conflituosose subjetivosparadesenvolver,de formacoletiva,estratégiase projetosde vida.Nesseprocesso,o
sujeito torna-se capaz de identificar os fatores que o levaram a vivenciar situações de vulnerabilidade e
exploração, e, a partir da análise de suas condições atuais de vida e de outras realidades, avaliar os recursos
disponíveis e as oportunidades (educacionais, mercado de trabalho, etc.).
8. Dentre as atividades a ser desenvolvidas no âmbito do grupo, indicam-se as oficinas temáticas como
um dos recursos para trabalhar temas específicos, como direitos humanos, direitos sexuais e reprodutivos,
violação de direitos, relações familiares, vínculos afetivos, retorno ao lar e políticas públicas, entre outros.
Os grupos formados têm o intuito principal de trabalhar a superação dos mais variados tipos de
violência.Essesgrupospodemsercomfamiliares,visandoofortalecimentofamiliar;comacomunidade ,focandoa
convivência comunitária na prevenção e no combate à violência, com usuários, objetivando a superação das
violações e com agressores, visando a interrupção do ciclo de violência. Na formação desses grupos, deve ser
levado em conta os objetivos a serem alcançados, a duração dos encontros, se é um grupo aberto ou fechado,
número de participantes, heterogeneidade ou não desse grupo e a metodologia a ser utilizada.
É interessante após as entrevistas iniciais e estudo de caso, se formar um grupo de triagem com
usuários do serviço(familiares principalmente) com número limitado de encontros para assim explicar de forma
mais lúdica os objetivos do CREAS ,os tipos de violência existentes bem como os segmentos mais vulneráveis.
Nesses encontros se apresentaria também o sistema de garantia de direitos e se verificaria o perfil de cada
participante para assim o serviço planejar atividades futuras e grupos temáticos. Na realização desse grupo de
triagem, seja com familiares ou usuários( seria interessante dois grupos de triagem para cada público) , o CREAS
poderá ter subsídios para desenvolver suas ações pautadas na realidade dos usuários .
A condução dos grupos é realizada por um facilitador e um co-facilitador( se for possível). O
facilitador conduz o grupo e o co-facilitador dará apoio na estruturação do momento e observará as relações
estabelecidas no “setting” grupal. É importante frisar o cuidado que se deve ter na escolha das técnicas grupais
pois o grupo têm diversas fases e só com o tempo, o participante estará mais à vontade com os demais
participantes e com os facilitadores, isso claro, a depender de como o processo é conduzido.
A escolhadoespaçoda realizaçãodosgrupos é fundamental pois este deve ser acolhedor e possuir
uma estrutura física que possibilite o sigilo dos conteúdos expressos.
BIBLIOGRAFIA:
BRASIL, Ministériodo DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome. SecretariaNacional de Assistência
Social.Manual para Preenchimento:MonitoramentoSUAS,CensoCREAS2008 – MDS, 2008.