1) O documento apresenta informações sobre países, culturas e povos da África, mencionando seus nomes em português e origem linguística.
2) É destacada a importância histórica da África para a formação cultural do Brasil, dada a longevidade da escravidão e o grande número de africanos trazidos.
3) Diferentes civilizações africanas são descritas, incluindo seus impérios, atividades econômicas e organização social.
2. África
Palavra Cantada
Quem não sabe onde é o Sudão
saberá
A Nigéria o Gabão
Ruanda
Quem não sabe onde fica o Senegal,
A Tanzânia e a Namíbia,
Guiné Bissau?
Todo o povo do Japão
Saberá
De onde veio o
Leão de Judá
Alemanha e Canadá
Saberão
Toda a gente da Bahia
sabe já
De onde vem a melodia
Do ijexá
o sol nasce todo dia
Vem de lá
Entre o Oriente e ocidente
Onde fica?
Qual a origem de gente?
Onde fica?
África fica no meio do mapa do mundo do
atlas da vida
Áfricas ficam na África que fica lá e aqui
África ficará
Basta atravessar o mar
pra chegar
Onde cresce o Baobá
pra saber
Da floresta de Oxalá
E malê
Do deserto de alah
Do ilê
Banto mulçumananagô
Yorubá
3. Roteiro de Leitura
Localize no mapa os países citados na música: Sudão, Nigéria,
Gabão, Ruanda, Senegal, Tanzânia, Namíbia, Guiné Bissau.
Que palavras presentes na música têm origem africana?
Que países africanos têm o Português como idioma oficial? Vamos
explorar o mapa político da África.
4. Países africanos que falam a língua portuguesa:
Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e
Príncipe, Cabo Verde e Guiné Equatorial
5. Vocabulário
Ijexá é uma nação africana formada
pelos escravos vindos de Ilesa, na
Nigéria..
Oxalá- Orixá associado à criação do
mundo da espécie humana.
Malê - professor, senhor. Termo
usado no Brasil para designar os
negros muçulmanos que sabiam ler e
escrever em língua árabe.
Ilê- casa, espaço onde ocorrem os
ritos sagrados.
Iorubá- idioma da família linguística
niger-congolesa falado na região
subsaariana.
Baobá
Embondeiros, imbondeiros ou calabac
eiras (Adansonia), gênero de
árvore com oito espécies, seis nativas
da ilha de Madagascar.
7. A longevidade, amplitude e abrangência da presença negra no Brasil
estabelecem um enorme diferencial em relação a todas as outras
nações criadas nas Américas a partir da Diáspora Africana, isso
porque:
o Brasil recebeu o maior contingente de seres humanos vindos no
tráfico atlântico- quase metade entre 40% e 50%.
aqui começou a escravidão de mão de obra africana no “novo
mundo” (início do século XVI) e foi o último lugar em que terminou
oficialmente (1888).
8. existe uma história que remonta mais de 350 anos de fluxo de
pessoas oriundas do continente africano para o Brasil.
as mídias nacional e internacional mostram excessivamente, como
os africanos morrem, mas precisamos saber, também, como eles
vivem.
é necessário combater visões simplistas e reducionistas sobre o
continente africano.
9. a Ciência já constatou que a origem da humanidade ocorreu na
África, além do continente abrigar a maior diversidade genética do
planeta, proporcional à antiguidade de seus povos.
é importante salientar a afirmação da história e da humanidade
africana que não deve ser vista mais como objeto, mas como
sujeito ativo das lutas contra o colonialismo e nos processos de
descolonização.
10. Como imaginamos a África?
• A construção de estereótipos, na maioria
das vezes negativos, criam empecilhos
para que a população brasileira,
majoritariamente descendente de africanos,
reconheça uma de suas matrizes
formadoras.
• Visão estereotipada: três "Ts" (tribo,
tambor e Tarzan), que corresponde ao
imaginário criado a um continente
supostamente exótico, primitivo, miserável,
ignorante e violento. (PEREIRA, José Maria
Nunes)
11. A África antes da diáspora atlântica
Você tem ideia de sua origem? Vamos explorar o mapa da
diáspora africana.
12. Os Sudaneses
Dividiam-se em três subgrupos: iorubas, gegês efanti-ashantis. Esse grupo tinha origem do que hoje é representado
pela Nigéria, Daomei e Costa do Ouro e seu destino geralmente era a Bahia. Desembarcaram principalmente em
Salvador, sendo que posteriormente muitos foram levados para trabalhar na extração do ouro em Minas Gerais. Os
sudaneses são divididos em dois grupos: - Haúças, mandingas e fulas (islamizados); - Iorubas, nagôs, jejes e fanti-
achantis (não islamizados). (ANJOS, 2011)
13. Sudão Ocidental
• Formado por diversos reinos: Gana,
Mali, Tombuctu e Songai. Esses
reinos e outros menores da região
eram baseados na agricultura, mas
encontravam no comércio de longa
distância um fator de ampliação de
suas riquezas, prestígio de seus
governantes e engrandecimento de
suas artes e cultura. Sua decadência
final ocorreu em função da
emergência do comércio atlântico, que
aos poucos, foi sendo hegemonizado
pelos europeus.
14. Império de Gana
• O Império de Gana, que tinha
no ouro seu principal produto,
teve seu exército estimado por
um escritor muçulmano, no
seu auge - século X - em
cerca de 200.000 homens.
Este número, mesmo que
superavaliado, dá uma ideia
da riqueza e poder daquele
Império. Quando entrou em
decadência, no século XI, foi
derrotado pelo Império
Almorávida.
15. Império de Mali
• O Império do Mali, foi fundado
no século XIII por Sundiata,
um nome que até os dias de
hoje, evoca a mais profunda
reverência do povo Mandinga
e de todos os povos da região.
A epopeia de Sundiata está
gravada na memória oral com
tal riqueza de detalhes que
demonstram a grandeza do
personagem e do Império que
criou. A importância comercial
do Mali fez o esplendor de
Tombuctu, um dos principais
centros comerciais do Sudão.
16. Tombuctu
• Tombuctu tornou-se um
verdadeiro centro cultural com
muitos letrados, médicos, juízes.
"O comércio livreiro é aí mais
lucrativo que qualquer outro
negócio" (Davidson, 1977). No
reinado de Mansa Mussa, este
imperador do Mali convertido ao
Islã, fez uma peregrinação a Meca
- 1307 a 1332. Foi tamanha a
riqueza que levou consigo, que
causou inflação durante anos nas
regiões por onde passou,
deixando marcas na imaginação
dos povos muçulmanos.
17. Império Songai
• O Império de Songai (Gao),
fundado na segunda metade do
século XV, marca a história não
apenas como sucessor de Gana e
Mali, mas pela qualidade de seu
aparato administrativo. "O Estado
Gao possui, pela primeira vez no
Sudão ocidental, um exército
profissional e uma arrecadação
sistemática de impostos".
(Maestri, 1988:36) Entrou em
decadência em fins do século XVI
e foi derrotado pelos marroquinos.
18. Sudão Central
Hauçás
• As cidades-Estados Hauçás, cujo
primeiro núcleo civilizatório teria
surgido no século XI, eram sociedades
"profundamente urbanizada[s] e a vida
econômica se estruturava em torno
das cidades, em geral, fortificadas"
(Maestri, 1988: 45). Foram palco de
uma revolução islâmica de profundo
conteúdo social - a revolução de
Osman Dan Fódio. Produziam um
refinado artesanato em ferro, ouro,
madeira e couro. O comércio que
mantinham com as regiões sudanesas
e com o norte da África só terminou no
final do século XIX, com a ocupação
dos exércitos coloniais.
20. Reino de Oió
• O Reino de Oió, fundado no
século XIII, era a capital política
dos povos iorubás. Estes, nunca
chegaram a constituir grandes
impérios, mas, desde o século X
vinham desenvolvendo uma
civilização que influenciou toda
aquela região.
21. Reino de Abomei
• O Reino de Abomei, criado no
século XVII em função do
comércio negreiro era um
Estado militarizado e com uma
curiosidade: um destacamento
de amazonas famoso por sua
combatividade.
22. Reino de Benin
• O Reino de Benin, surgido no século
XII, foi o único reino de maior
expressão localizado em regiões
florestais. Era fortemente influenciado
pelos iorubás, principalmente quanto
ao desenvolvimento da magnífica
produção artística. Máscaras de
bronze do Benin estão, até hoje, em
exposição nos mais importantes
museus da Europa. Alcançou seu
apogeu empresariando o comércio de
escravos e acabou "devorado" por ele,
ao final do século XVII.
23. Reino Axante
• O Reino de Axante foi também
de extrema importância no que
se refere à comercialização de
produtos tais como o ouro e a
noz-de-cola. Criado por volta
de 1630, seu poderio também
se baseava no tráfico de
escravos pelo porto de Acra.
24. Bantos
Bantos dividiam-se em dois subgrupos:angola-congoleses e moçambiques. A origem
desse grupo estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e Moçambique
(correspondestes ao centro-sul do continente africano) e tinha como destino Maranhão,
Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. (ANJOS, 2011)
26. O Reino do Congo
• O Reino do Congo, antes da chegada
dos portugueses possuía uma sólida
economia baseada na agricultura com
técnicas complexas, principalmente
dos cereais. Depois do século XVI sua
história se confunde com a história do
tráfico, intercalando períodos de
relações amistosas e de agudos
conflitos com os portugueses, até que
foi derrotado
27. Reino do Dongo
• Foi o reino onde despontou Njinga
Mbandi, mulher extraordinária, a
começar por ter se tornado chefe de
um importante Estado e a principal
liderança de uma coligação de vários
povos do interior da região onde
atualmente é Angola. Até hoje, há
manifestações culturais no Brasil -
como os maracatus - em que ela é
personagem fundamental.
• Eram do Dongo a maioria dos negros
que tendo chegado ao Recife como
escravos, no início do século XVII, se
rebelaram e consolidaram a Ngola
Janga (Angola pequena), mais
conhecida como Quilombo dos
Palmares.
28. África Centro-Oriental
• Essa região se caracteriza pela existência de uma vasta
civilização do tronco linguístico banto, desde os
primeiros anos da era cristã. Seus povos estão
subdivididos em diversos grupos étnicos, que possuem
em comum, além da base linguística, o domínio de
técnicas agrícolas, da metalurgia do ferro e a prática do
pastoreio de gado ovino e bovino. Apenas uma etnia
banto, nesta região constituirá um Estado de grande
porte e com características absolutamente originais: O
Império dos Monomotapas, ou Muene-Mutapas.
29. • É característico desse império os
zimbábues (que deram o nome atual ao
país onde se localizam), que quer dizer
Casa Real. São fortificações construídas
com blocos de pedra, com técnicas
originais.A história dos povos construtores
dos zimbabues pode ser dividida em duas
fases: de 1075 a 1440, e deste ano, quando
nasceu o Império Rozui (possivelmente um
clã da etnia shona), até 1830, quando teve
fim a civilização shona, invadida pelo povo
Ngoni. Os shona - e o Império dos
Monomotapas, que quer dizer senhor das
terras arrasadas - participaram do intenso
movimento comercial hegemonizado pelos
árabes, mas com ampla participação,
também, de povos de outras regiões
banhadas pelo oceano Índico
30. A vida econômica
A- A terra era um bem coletivo.
b - Em geral era uma agricultura rudimentar. Pouco trabalho, pequena
produção quase sem excedentes, não conheciam o arado. A
preparação do terreno era feita pelos homens, a semeadura e a
colheita pelas mulheres. Eram os homens, também, que pescavam e
caçavam.
c - Na África antiga havia ainda muita terra desocupada pelo homem.
Daí, que a instituição da escravidão determinou, em muitos casos, a
geração de excedentes e a sua apropriação por algumas linhagens.
Os escravos eram adquiridos em guerras, punições a membros da
comunidade, resgate de dívidas e até trocas comerciais.
31. • No continente africano houve tanto a escravidão doméstica ou de
linhagens - com regras próprias, variando de uma para outra
sociedade, mas muito diferente do sistema escravista do novo
mundo - como a produção de escravos e sua utilização como
mercadoria, atendendo a demandas do comércio de longa
distância, geralmente para os povos mediterrâneos, ou em
atividade produtiva (agrícola, mineral, artesanal) geradora de sobre
trabalho.
32. Organização Social
Há uma hierarquia respeitada por todos porque
expressa a força da tradição - os ancestrais no
topo, o patriarca (o mais velho), os anciãos, e
por último os mais novos.
Os ancestrais interagem com a força vital, por
isso possuem poder normativo sobre os vivos;
eles são também os guardiões das leis e dos
costumes e conselheiros em quase todas as
decisões da comunidade.
Os mais velhos é que, de fato, dirigem a
comunidade, tanto no aspecto religioso, como
no econômico. São os responsáveis pelo culto
dos ancestrais e pela distribuição dos produtos,
pela posse dos bens de prestígio e pelo controle
da mulher - elemento fundamental na produção.
33. A família tem uma conotação extensa e abrange
os parentes mais próximos e os mais distantes.
O tipo de relação e de hierarquia familiares não
é uniforme em toda África, mas por via-de-regra,
a comunidade, a "grande família" é constituída
por um conjunto de famílias monogâmicas ou
polígamas, relacionadas mais ou menos
fortemente entre si". (Souza, 1965:42)
Vê-se então que a tradição tem um peso
decisivo na existência das comunidades. Há
uma interação permanente entre o mundo dos
vivos e dos mortos. A comunidade é composta
pelos vivos e os mortos. A vida política, a vida
econômica e a vida social formam um mesmo
contexto. A sociedade é um todo integrado
34. • Os povos africanos a que se refere não
conheceram uma escrita própria (ou foram
perdidas formas antigas de registro escrito),
e desenvolveram uma tradição oral. Daí que
as palavras, as imagens descritas e o
gestual jamais podem ser menosprezados
em sua importância e seriedade. Chegam
mesmo a serem encarados como sagrados.
• Os povos africanos a que se refere não
conheceram uma escrita própria (ou foram
perdidas formas antigas de registro escrito),
e desenvolveram uma tradição oral. Daí que
as palavras, as imagens descritas e o
gestual jamais podem ser menosprezados
em sua importância e seriedade. Chegam
mesmo a serem encarados como sagrados.
36. DE ONDE? PARA ONDE?
Angola, Repúblicas congolesas
(democrática e popular), do início
ao fim do tráfico para todos os
grandes portos brasileiros.
Recife, Salvador, São Luíz e Rio
de Janeiro.
Golfo da Guiné (Costa da Mina-
onde hoje estão: Gana, Togo,
Benin e Nigéria) -experiência com
mineração.
Minas Gerais, Maranhão e Bahia.
Costa oriental (negros
moçambiques)- após pressão
inglesa contra o tráfico.
Diversas regiões.
37. • Estudos recentes estimam que cerca de
40% de todos os africanos foram trazidos
para o novo mundo, e destes, para o
Brasil foram quase a metade - entre 4 e 5
milhões. (FLORENTINO, 1995)
38. O tráfico atlântico
Angola, Congo, Benguela,
Monjolo,Cabinda, Mina,
Quiloa, Rebolo
Aqui onde estão os homens
Há um grande leilão
Dizem que nele há uma princesa à venda
Que veio junto com seus súditos
Acorrentados num carro de boi
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Angola, Congo, Benguela,
Monjolo,Cabinda, Mina,
Quiloa, Rebolo
Aqui onde estão os homens
De um lado cana-de-açúcar
De outro lado, o cafezal
Ao centro, os senhores sentados
Vendo a colheita do algodão branco
Sendo colhido por mãos negras
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Quando Zumbi chegar
O que vai acontecer
Zumbi é o senhor das guerras
Senhor das demandas
Quando Zumbi chega
É Zumbi é quem manda
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Angola
Congo
Benguela
Monjolo
Cabinda
Mona
Quiloa
Rebolo
(Zumbi- Jorge Benjor)
39. Roteiro de Leitura
As palavras: angola, congo, benguela, monjolo, cabinda, mina,
quiloa, relolo, citadas na música, se referem a quê?
Por que uma princesa está sendo vendida?
Quem foi Zumbi?
O que vai acontecer quando Zumbi chegar?
40. Montagem de retratos de escravos de várias origens geográficas, pintados por Johann Moritz Rugendas no Rio de
Janeiro, durante a década de 1820. Cada escravo(a) é identificado(a) por sua etnia, como se segue: (1) Angola,
(2) Congo, (3) Bengüela, (4) Monjolo, (5) Cabinda, (6) Quiloa, (7) Rebolo, (8) e (9) Moçambique, (10) Mina.
As etnias de 1-5 e 7 são da África central, 8-9 são do sudeste africano e 10 é da África ocidental. A presença de um
escravo Quiloa é peculiar, pois essa é uma etnia da África Oriental, região da qual vieram muito poucos escravos
para o Brasil. Todos, com exceção da escrava da Mina, falavam dialetos da família Bantu.
Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/descobrindo-a-africa-no-brasil
41. O tráfico de escravos para o
Brasil do século XVI ao XIX
ANJOS, 2011
42. Século XVI
Regiões caracterizadas como Alta e
Baixa Guiné. Escravos foram trazidos
principalmente para as regiões
açucareiras de Pernambuco e Bahia,
mas também, foram levados para o
Maranhão e para o Grão-Pará.
Os territórios africanos atingidos pelo
tráfico nesse período atualmente
correspondem aos países: Serra Leoa,
Senegal, Guiné, Guiné-Bissau,
Nigéria, Benin, Burquina Faso, Gana,
Costa do Marfin, Libéria, Mali e
Gâmbia
os grupos étnicos predominantes vão
ser os Bantus, da Costa de Angola, e
os Jeje-Mina, da Costa da Guiné,
também conhecida como Costa do
Ouro, Costa do Marfim e a Costa dos
Escravos.
43. Século XVII
O tráfico vai ser dinamizado na Costa de
Angola, transportando povos africanos para
a Bahia, Pernambuco, Alagoas, Rio de
Janeiro, São Paulo e regiões do centro-sul
do Brasil, e na Costa da Mina, com fluxos
para as províncias do Grão-Pará, Maranhão
e o território atual do Rio Grande do Norte.
A antiga Costa da Mina compreende
atualmente os territórios dos seguintes
países: Costa do Marfin, Libéria, Burquina
Fase, Mali, Niger, Congo, Gana, Togo,
Benin, Nigéria e Camarões.
A conhecida Costa de Angola corresponde
atualmente aos seguintes países: Angola,
Gabão, República Democrática do Congo e
Guiné Equatorial.
A Costa de Angola, no século XVII, vai se
caracterizar pela intensidade do tráfico, fato
que vai incrementar a entrada de grande
contingente de povos Bantus na região
açucareira do Brasil, expandindo-se para o
sudeste (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais) e Goiaz, no centro da “Colônia”. O
tráfico se transferiu temporariamente para o
Golfo da Guiné (Costa da Mina) e povos
Jeje-Mina vão ser transportados para
territórios já conhecidos como o Maranhão
e o Grão-Pará, assim como, uma expansão
no nordeste na direção do atual Estado do
Rio Grande do Norte;
44. Século XVIII
Estão os registros das maiores quantidades de seres
humanos do continente africano na condição de
escravizados e transportados para o Brasil. Distintos
grupo de líguas Bantus, como os Congos, Cabindas e
Angolas, principalmente, vão se expandir pelo território
brasileiro em formação, com registros em quase todos
os portos da costa brasileira. Da Costa da Guiné foram
trazidos para a Bahia os Nagôs-Iorubás e os Hauçás
(populações sudaneses islamizados ou não).
45. Século XIX
Tem a referência de ser o da abolição do tráfico
negreiro, entretanto, o Brasil vai continuar de forma
clandestina a dinâmica demográfica de transposição de
populações oriundas da Áfricas. Grupos Bantus da
Costa de Angola vão ser transportados para portos no
Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e
Bahia e da Contra Costa da África, da região de
Moçambique (os Macuas e Anjicos, principalmente), o
direcionamento é para o centro do Brasil (Goiaz e Minas
Gerais) São Paulo e Rio Grande do Sul. Da Baía do
Benin, no Golfo da Guiné, serão retirados as últimas
levas de seres humanos Jeje-Mina;
46. A escravidão na África
• A escravidão e o comércio de escravos
eram práticas comuns na sociedade
africana, os europeus entraram num
comércio já existente.
• A escravidão desenvolvida na África teve
seu crescimento independente do comércio
atlântico.
• Não se deve aceitar a teoria de que eles
foram compelidos a participar sobre
coerção ou a tomar decisões irracionais.
• O comércio de escravos não dever ser visto
como “impacto” externo, desenvolveu-se e
foi organizado de forma racional pelas
sociedades africanas que dele participaram.
THORNTON: 122-152
47. • Os africanos eram comerciantes
experientes, de modo algum dominados
pelos mercadores europeus.
• Os escravos eram obtidos de várias
maneiras: através do aprisionamento de
"estrangeiros", em guerras, seqüestros ou
compra, tanto de indivíduos expulsos de
suas comunidades - acusados de praticar
feitiçaria, por exemplo - quanto de membros
de comunidades cuja sobrevivência estava
ameaçada pela fome; ou através de
sanções aplicadas a membros da própria
comunidade de origem por crimes
cometidos, como adultério e assassinato, e
pelo não pagamento de dívidas.
48. • A principal característica da escravidão na
maioria das sociedades da África pré-
colonial, a escravidão doméstica ou de
linhagem: ela era fundamentada na relação
extremamente pessoal entre senhor e
escravo, da qual derivava toda a inserção
social deste último. O escravo era
basicamente um dependente do senhor;
podia servir como mercadoria, ser trocado
ou vendido, exercer funções produtivas -
trabalhar como agricultor, mineiro,
carregador, artesão -, mas, em essência,
era uma fonte de prestígio social e poder
político para seu senhor.
• Os escravos podiam tornar-se parte das
comunidades nas quais eram inseridos,
podendo participar da estrutura familiar e
exercer funções econômicas.
49. • Africanos não eram proprietários
de um fator de produção: terra,
eles possuíam outro: o trabalho-
propriedade ou controle do
trabalho desenvolvidos por meio
da linhagem.
• As esposas trabalhavam para os
maridos, a riqueza se media pelas
esposas, sendo assim, a
poligamia era uma prática
recorrente.
50. • Em 1483, o navegador português
Diogo Cão aportou na foz do rio
Zaire, reino do Congo.
• A escravidão passaria a ser, nas
Américas, um sistema no qual o
trabalho escravo ocupava o centro
da atividade produtiva.
• Na África, as disputas pelo
controle do novo mercado de
escravos acentuariam as
tendências à dispersão política e à
diferenciação social no continente.
•
51. • Até 1600, cerca de 409.000 escravos
sairiam das costas africanas em direção às
ilhas do Atlântico e às Américas do século
XV a meados do XVII, quem efetivamente
dominou o comércio com a costa ocidental
africana foram os portugueses que,
interessados em escravos e ouro,
começaram a estabelecer relações
diplomáticas políticas e comerciais.
• Os portugueses ampliaram o comércio para
o Benin, e para a região ao sul do Congo, o
Ndongo –seus habitantes conhecidos como
ngola.
52. O comércio muçulmano de escravos na África ocidental
• O comércio muçulmano foi responsável por
40% dos escravos exportados da África sul-
saariana entre 1500 e 1800. A maioria
desses escravos foi exportada através do
Saara, do Mar Vermelho e do Oceano
Índico, e apenas 10% deles se dirigiram
para o comércio atlântico. As guerras de
fragmentação política entre muçulmanos e
não-muçulmanos predominaram na África
sul-saariana muçulmana nos séculos XVII e
XVIII e responderam pela maior parte do
tráfico da Senegâmbia e da Alta Guiné no
século XVIII. pela maioria dos escravos
exportados dessas regiões no século XVIII.
53. Quilombos e Rebeldia Negra
Quilombo de Palmares-
surgiu no século XVI, na
Serra da Barriga, em
Alagoas.
55. Revolta dos malês
• Insurreição de escravos muçulmanos
que eclodiu na em Salvador em 1835.
• A aquisição em massa de escravos
pelos comerciantes baianos na costa
ocidental da África, capturados entre
soldados dos exércitos em luta na
região, muitos deles muçulmanos e
alfabetizados.
• Após a revolta, muitos africanos
libertos foram deportados da Bahia e
estabeleceram-se em Lagos, e
também no antigo reino do Daomé,
atual República do Benin, onde até
hoje são conhecidos como
"brasileiros“.
.
56. Revolta da Chibata
Ocorreu em 1910, na
Baía da Guanabara,
Rio de Janeiro, com
mais de dois mil
marujos exigindo a
extinção dos castigos
corporais.
57. Mestre sala dos Mares
João Bosco e Aldir Blanc
Há muito tempo nas águas
Da Guanabara
O dragão no mar reapareceu
Na figura de um bravo
Feiticeiro
A quem a história
Não esqueceu
Conhecido como
Navegante negro
Tinha a dignidade de um
Mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por
Batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam
Das costas
Dos santos entre cantos
E chibatas
Inundando o coração,
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro
Gritava então
Glória aos piratas, às
Mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça,
Às baleias
Glórias a todas as lutas
Inglórias
Que através da
Nossa história
Não esquecemos jamais
Salve, o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais.
58. Imprensa Negra
Surgiu em meados da década de 1920.
Seu principal objetivo era superar e
desmistificar a ideia de que a
população negra sempre foi
analfabeta e desorganizada. O
conhecimento da história da Imprensa
Negra é essencial, pois ela foi a
ferramenta com a qual os negros
colocaram em destaque suas ideias
por meio da publicação de jornais, tais
como: O Xauter (1916-1916), o
Bandeirante (1918-1919), o Menelik
(1915-1916), o Alfinete (1918-1921), o
Tamoio (1923-1923) e outros.
(Orientações pedagógicas, SEDF, 2012, p.13)
59. Frente Negra Brasileira
• A Frente Negra Brasileira, FNB, é o marco do desenvolvimento do movimento negro
em São Paulo, e em todo o país. Foi fundada em 1931, num momento de intensa
ebulição social e política. A revolução de 30 havia insuflado de vez a chama da
participação política no já agitadíssimo meio negro, que sofrera a ação devastadora
da crise de 1929. (Orientações pedagógicas, SEDF, 2012, p.13)
60. Teatro Experimental Negro (TEN). Tinha
como proposta inicial a formação de
um grupo de atores negros. Foi
responsável pela publicação do jornal
Quilombo, pela inauguração de um
centro de pesquisa e de promoção de
conferências, congressos e concurso
de beleza.
(Orientações pedagógicas, SEDF, 2012, p.13)
62. Filme
Gênero: Documentário
Duração: 54 min
País: Brasil
Ano: 1998
Ficha Técnica
Direção: Renato Barbieri
Pesquisa: Victor Leonardi
Projeto e roteiro: Renato Barbieri e Victor
Leonardi
Patrocínio: Ministério da cultura; GDF-SCE; Pólo
de Cinema e Vídeo do DF; Fundação Cultural do
Distrito federal.
SINOPSE
O documentário faz uma viagem no espaço e no tempo
em busca das origens africanas da cultura
brasileira, partindo das mais antigas tradições
religiosas afro-brasileiras: o Candomblé, da Bahia,
e o Tambor de Minas, do Maranhão. Na Rota dos
Orixás transporta o espectador para a terra de
origem dos orixás e voduns, o Benin, onde estão
as raízes da cultura jeje-nagô.
.
63. Mais Filmes...
Amistad, Steven Spielberg, EUA,1897.
As filhas do Vento, Joel Zito Araújo, Brasil, 2004.
Ganga Zumba, Cacá Diegues. Brasil,1964.
Hotel Ruanda. George Terry, EUA, 2004.
O Jardineiro Fiel, Fernando Meireles, EUA, 2005
Quanto vale ou é por quilo, Sérgio Bianchi, Brasil, 1984
Quilombo. Cacá Diegues, Brasil, 1984.
Uma onda no ar. Helvécio Ratton, Brasil, 2002.
Vista a minha pele. Joel Zito, 2003.
64. Referências Bibliográficas
ANJOS, Rafael Sanzio dos. Cartografia da diáspora África –Brasil. Revista da ANPEGE, v. 7, n. 1,
número especial, p. 261-274, out. 2011.
COSTA e SILVA, Alberto (2002). A manilha e o libambo: a África e a escravidão de 1500 a 1700. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira.
_________________(2012) A enxada e a lança: a África antes do portugueses. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.
FLORENTINO, Manolo Garcia (1995). Em costas negras: uma história do tráfico atlântico de
escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX).Rio de Janeiro: Arquivo Nacional.
KI-ZERBO, Joseph (1982). História Geral da África. Ática/UNESCO. São Paulo.
LOVEJOY, Paul (2002). A escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira.
65. MELLO E SOUZA, Marina (2002). Reis negros no Brasil escravista. Belo Horizonte: UFMG.
MOURA, Clóvis (1986). Os Quilombos e a Rebelião Negra. 5a edição. Brasiliense. São Paulo.
PANTOJA, Selma. Nzinga Mbandi. Mulher, Guerra e Escravidão. Brasília: Thesaurus.
REIS, João José dos (2003). Rebelião Escrava no Brasil: a História do Levante dos Malês em 1835.
São Paulo: Companhia das Letras.
________________(1987) Notas sobre a escravidão na África pré-colonial. In Estudos Afro-
Asiáticos. N° 14. Rio de Janeiro.
THORNTON, John (2004). África e os Africanos na formação do mundo atlântico. Rio de Janeiro:
Campus.