O Convento Corpus Christi em Gaia, fundado em 1345, sofreu danos devido às cheias do rio Douro, levando à construção de uma nova igreja no século XVII com planta octogonal inspirada no Mosteiro de Belém. O interior destaca-se pelo cadeiral talhado do coro e pinturas com temas dominicanos como o Santo Rosário.
3. • Situado na margem
esquerda do rio Douro,
junto ao Cais de Vila
Nova de Gaia, no Largo
de Aljubarrota, as suas
origens remontam a
1345.
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4. • Local singular que se
caracteriza pela
paisagem natural e pelo
casario que o circunda.
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5. • O Espaço Corpus Christi
é constituído pelo coro
alto, coro baixo, ante -
coro e capela do séc.
XVII.
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6. • Exemplo ímpar da
Arquitectura e da Arte,
a capela conventual é
invulgar, pela planta
octogonal de inspiração
italianizante, coberta
por uma cúpula de
pedra, cuja traça é de
autoria de Pantaleão
Vieira.
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7. • No passado lugar de
culto, hoje lugar de
cultura. Exposições,
concertos, espectáculos
de expressão corporal,
seminários e congressos
fazem parte da sua
programação.
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8. • O Mosteiro de São
Domingos das Donas de
Vila Nova de Gaia,
também referido como
Convento de Corpus
Christi e Instituto do Bom
Pastor, localiza-se junto
ao Cais de Gaia, na
freguesia de Santa
Marinha, em Vila Nova de
Gaia, no distrito do Porto,
em Portugal.
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9. • O mosteiro foi fundado em
1345 por D. Maria Mendes
Petite, uma fidalga de Gaia,
filha de Soeiro Mendes
Petite, viúva do trovador
dionisino Estevão Coelho, e
mãe de Pero Coelho, um
dos responsáveis pelo
assassínio de D. Inês de
Castro. A família estava
ligada à fundação do
poderoso Mosteiro de Grijó.
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10. • A fundadora dedicou o
mosteiro ao Augusto
Sacramento da Eucaristia,
dotou-o de avultados bens e
entregou-o à Ordem de São
Domingos, filiando-se no
Mosteiro de São Domingos das
Donas de Santarém. Um
conflito jurídico com o Bispo
do Porto, que à época se opôs
à sua fundação, provocou
atraso significativo na abertura
do mosteiro, o que veio a
acontecer apenas em 1354.
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11. • A primitiva igreja do convento sofreu
uma degradação gradual devido às
cheias do rio Douro (junto ao qual se
localizava), o que levou à edificação de
um novo templo, cujas obras tiveram
início na segunda metade do século
XVII com traça do padre Pantaleão da
Rocha de Magalhães - responsável por
várias obras no Porto e arredores -,
seguindo o modelo do templo lisboeta
do Mosteiro do Bom Sucesso de Santa
Maria de Belém, pertencente à mesma
ordem, e ajustado, nos coros, ao local e
às necessidades da congregação, por
Gregório Fernandes.
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12. • Já no século XVIII foi
construída a fachada
em estilo barroco que
antecede o portal da
igreja, e onde é patente
a influência de Nicolau
Nasoni.
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13. • As funções conventuais
extinguiram-se em 1894
com a morte da última
freira, Marcelina
Cândida Viana.
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14. • Em 1930, o edifício foi
entregue às irmãs do
Instituto do Bom Pastor
que criaram um Instituto
Feminino de Educação e
Regeneração. O aumento
das internadas levou à
construção, em 1940, da
ala poente do convento,
de arquitetura
tipicamente Estado Novo.
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15. • No início da década de
1990, tendo-se retirado
as Religiosas, foi o
conjunto entregue à
Ordem Soberana e Militar
de Malta, que através da
Fundação Frei Manuel
Pinto da Fonseca,
continuou a afirmar o
antigo convento como
centro de apostolado.
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16. • Revertendo para a
Câmara Municipal de Vila
Nova de Gaia em 2003, o
convento sofreu recentes
obras de remodelação,
albergando agora um
espaço cultural - o Espaço
Corpus Christi - e ainda
um pólo de mestrado da
Faculdade de Belas-Artes
da Universidade do Porto.
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17. • Características
A igreja, de concepção
centralizada, organiza-
se ao longo de um eixo,
com nave de planta
octogonal abobadada,
capela-mor a nascente
e coros a poente,
rematada por uma
cúpula.
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18. • Em termos artísticos,
destacam-se os quatro
altares laterais (com
imagens de rara beleza], o
Coro-Alto (espaço da
primeira fase do barroco,
constituído por um cadeiral
distribuído em dois níveis,
com formato de "U" e talha
dourada), o teto formado
por 49 caixotões decorados
com pinturas a óleo sobre
madeira.
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19. • A pintura e a imaginária que
decoram a igreja (teto do
coro alto, espaldar do
cadeiral e retábulos)
apresentam uma
iconografia que se enquadra
nas temáticas da Ordem,
representando Santos,
Doutores da Igreja, figuras
Dominicanas e outras, com
destaque para três
devoções principais: o Santo
Rosário, o nome de Jesus e
a Eucaristia.
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20. • Cadeiral, da primeira
metade do século XVII, para
as horas do ofício e para as
reuniões conventuais,
apresenta a particularidade
de, em cada assento, existir
uma carranca diferente,
representando negros ou
exóticos, e espécies animais
e vegetais e, cada voluta ser
uma máscara esculpida,
cada uma diferente das
demais, sugerindo
influências do Império
Ultramarino.
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21. • Encontram-se aqui
sepultadas D. Leonor de
Alvim, esposa do
Condestável D. Nuno
Álvares Pereira, e sua avó,
D. Maria Mendes Aboim,
falecida em 1355 e
fundadora do convento;
também se encontra aqui a
arca tumular de Álvaro Anes
de Cernache, primeiro
senhor de Gaia, que foi
alferes da bandeira da Ala
dos Namorados na batalha
de Aljubarrota (1385).
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22. • Construída no século XIV
(1345), a igreja do convento
de Corpus Christi de Gaia,
de religiosas dominicanas,
conheceu uma degradação
gradual provocada pelas
constantes cheias do rio
Douro, o que originou a
edificação de um novo
templo, desenhado pelo
Padre Pantaleão da Rocha
de Magalhães, na segunda
metade do século XVII
(RODRIGUES, 1998).
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23. • Este arquitecto foi
responsável por várias
obras no Porto e
arredores, a primeira
das quais o Corpus
Christi.
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24. • A nova igreja das
dominicanas de Gaia, de
planta centralizada
octogonal (com capela-
mor rectangular e
profunda, e dois coros
sobrepostos, do lado
oposto), repete o modelo
do templo lisboeta do
convento do Bom Sucesso
de Belém, concluído em
1670 e pertencente à
mesma ordem.
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25. • Esta opção planimétrica
integra Corpus Christi no
conjunto de igrejas de
planta centralizada que
tomaram um modelo
"quase" abandonado desde
a primeira metade do
século XV e que conheceu
grande fortuna a partir de
1640, principalmente nas
obras directamente
relacionadas com o círculo
da Rainha D. Luísa de
Gusmão.
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26. • Por outro lado, denuncia a
concepção centralizada,
subjacente à edificação das
igrejas das religiosas
dominicanas entre o início
do século XVI e o final do
século XVII, ou ainda com a
tipologia dos sacrários, a
partir do Concílio de Trento
colocados,
preferencialmente, em lugar
de destaque no altar-mor.
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27. • À luz do exposto, a
invocação do convento
de Gaia "impunha" uma
planimetria
centralizada, plena de
simbolismo e eficácia
litúrgica.
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28. • O templo resultante do
traço de Pantaleão da Rocha
de Magalhães, cujas obras
tiveram início em 1675 e se
prolongaram até ao final do
século, tem sido
considerado uma
interpretação menor do
modelo lisboeta, uma vez
que muitas das soluções
revelaram alguns
problemas, principalmente
ao nível da ligação dos
coros, de planta rectangular,
a uma igreja poligonal.
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29. • Esta questão acabaria
por ser resolvida entre
1677 e 1680, mas pelo
pedreiro Gregório
Fernandes, responsável
pelo alargamento das
paredes do coro, que
em planta sugerem uma
tenaz a segurar o
polígono da igreja
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30. • Num dos braços dessa
tenaz encontra-se uma
construção de três
arcos, que veio
solucionar o problema
da regularização do
pátio, e "esconder" a
escadaria de acesso à
divisão que liga a igreja
aos coros.
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31. • No interior, destaque para o
cadeiral do coro em talha,
que remonta à segunda
metade de Seiscentos, onde
sobressai a expressividade
de determinadas máscaras
e animais. A pintura e a
imaginária que decoram a
igreja (tecto do coro alto,
espaldar do cadeiral e
retábulos), apresentam uma
iconografia que se enquadra
nas temáticas da Ordem.
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32. • Representam santos
dominicanos
acompanhados de outros
que não pertencem à
Ordem, mas que se
enquadram na
espiritualidade da época,
destacando-se três
devoções principais - o
Santo Rosário, o nome de
Jesus e a Eucaristia
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