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Prof. ELENILSON SANTOS
TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA
2
Agroecossistema
Conceito de agroecossistema
Alberto Feiden1
(parte II)
"( ... ) os homens têm que estar em condições de viver para
poderem 'fazer história'. Mas da vida fazem parte sobretudo comer e
beber, habitação, vestuário e ainda algumas outras coisas. O
primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios para a
satisfação dessas necessidades, a produção da própria vida material,
e a verdade é que este é um ato histórico, uma condição
fundamental de toda a História, que ainda hoje, como há milhares de
anos, tem que ser realizado dia a dia, hora a hora, para ao menos
manter os homens vivos (MARX; ENGELS, 1984).
A modificação de um ecossistema natural pelo homem, para produção de bens
necessários à sua sobrevivência, forma o agroecossistema. Com a interferência humana, os
mecanismos e controles naturais são substituídos por controles artificiais, cuja lógica é
condicionada pelo tipo de sociedade na qual se insere o agricultor. Existem diversas
definições de agroecossistemas. Entre elas, salientamos as seguintes:
Agroecossistemas - São sistemas ecológicos alterados, manejados de forma a
aumentar a produtividade de um grupo seleto de produtores e de consumidores. Plantas e
animais nativos são retirados e substituídos por poucas espécies (PIMENTEL, 1973;
PIMENTEL; PIMENTEL, 1996).
Agroecossistemas - São compostos pelas interações físicas e biológicas de seus
componentes. O ambiente vai determinar a presença de cada componente, no tempo e no
espaço. Esse arranjo de componentes será capaz de processar inputs (insumos) ambientais
e produzir outputs (produtos) (HART, 1978, 1980).
Para fins práticos, o agroecossistema pode ser considerado equivalente a sistema
de produção, sistema agrícola ou unidade de produção. Nesse caso, é o conjunto de
explorações e de atividades realizadas por um agricultor, com um sistema de gestão próprio.
Diferenças entre ecossistema e agroecossistema
A ação humana modifica o ecossistema natural, procurando direcionar a produção
primária do ecossistema para obtenção de produtos que atendam as necessidades básicas
e culturais das diferentes sociedades humanas. Estas possuem diferentes concepções de
vida, o que implica em diferentes padrões de consumo e, como conseqüência, criam
relações diversas com a natureza, e diferentes graus de pressão sobre os recursos naturais.
No entanto, independentemente do grau de artificialização aplicado ao ecossistema
natural, sua conversão em agroecossistema implica em diferenças em relação aos
ecossistemas naturais. Os agroecossistemas ocidentais "modernos" representam o maior
grau de artificialização em relação aos ecossistemas naturais e, com base nestes, Odum
(1984), citado por Hecht (2002), e Glissmann e Méndez (2001), apresentam as seguintes
diferenças em relação aos ecossistemas naturais:
1
FEIDEN, Alberto. Agroecologia: introdução e conceitos. In: Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável.
Brasília: Distrito Federal. Embrapa, Informação Tecnológica, 2005. p. 61-69.
3
Fluxo de energia mais aberto - Enquanto nos ecossistemas naturais a principal
fonte é a energia direta do sol, os agroecossistemas possuem fontes auxiliares de energia,
como a força humana, a tração animal e os combustíveis fósseis cuja energia é aplicada
diretamente ao agroecossistema ou indiretamente, por meio da produção de insumos
industriais. Além disso, as perdas de energia são maiores, tanto de energia potencial
biológica armazenada nos tecidos colhidos ou na matéria orgânica, como pelas perdas
diretas de calor, por meio da aceleração dos processos biológicos e na decomposição
acelerada das reservas de matéria orgânica.
Ciclagem de nutrientes mais aberta - Nos agroemssistemas, ocorre a entrada de
nutrientes pela adição de fertilizantes orgânicos ou industriais, e maiores saídas devido à
intensificação dos processos de perda (erosão, lixiviação, volatilização, fixação aos minerais
do solo) e pela exportação de nutrientes por meio dos produtos colhidos.
Menor diversidade - A grande diversidade encontrada nos ecossistemas é
suprimida, dando lugar a poucas espécies cultivadas, a poucas plantas consideradas"
invasoras", e aos organismos associados a essas espécies.
Pressão de seleção artificial - Os organismos remanescentes no agroecossistema
deixam de estar submetidos à seleção natural para serem submetidos a pressões artificiais
de seleção, tanto a seleção conscientemente dirigida sobre os organismos cultivados, como
pela pressão de seleção inconsciente aplicada sobre os organismos espontâneos dos
agroecossistemas, causada pelas práticas culturais e pela aplicação de produtos para
controle das populações indesejadas. Muitas vezes, essa pressão de seleção inconsciente
pode ser muito mais intensa que a aplicada aos organismos cultivados.
Diminuição dos níveis tróficos - Devido à redução da biodiversidade, ocorre uma
redução dos níveis tráficos, que em geral se reduzem aos produtores e seus consumidores
diretos (no caso de culturas vegetais) ou de produtores (que não necessariamente estão
dentro dos agroecossistemas), consumidores primários e seus predadores ou parasitas (no
caso de produção animal). Como em geral há abundância do organismo cultivado, isso
significa fartura de alimento para o nível tráfico seguinte, permitindo rápido aumento da
população dos organismos que participam desse nível tráfico.
Diminuição na capacidade de auto-regulação - Os mecanismos de auto-
regulação são substituídos por controles artificiais de população e deixam de ser levados em
conta, perdendo sua capacidade de resposta aos estímulos ambientais.
Tipos de agroecossistemas
Agroecossistemas modernos ou tecnificados
Os agroecossistemas modernos ou tecnificados caracterizam-se por um alto grau
de artificialização das condições ambientais, sendo altamente dependentes de insumos
produzidos industrialmente e adquiridos no mercado. Esses insumos são baseados em
recursos não renováveis e importados de outras regiões, implicando em gasto de energia
com transporte.
Há pouca preocupação com a conservação e a reciclagem de nutrientes dentro do
agroecossistema. Procuram adaptar as condições locais às necessidades das explorações,
4
por meio de práticas como correção da acidez do solo, fertilização, irrigação, drenagem, etc.
Assim, homogeneízam a diversidade de microambientes, aplicando um tratamento médio ao
conjunto de situações diversificadas. Por isso, impactam fortemente o ambiente dentro e
fora da propriedade. Além disso, reduzem a diversidade, e eliminam a continuidade espacial
e temporal. Reduzem a diversidade genética local, pela introdução de espécies e de
cultivares "melhoradas" e desestruturam os conhecimentos e a cultura local.
Geralmente, os rendimentos são proporcionais à aplicação de insumos e pouco
dependem do ecossistema original, sendo que o objetivo principal da produção é a obtenção
de lucro, e o tipo de produção é determinado pelas demandas do mercado global,
independentemente das necessidades das comunidades locais.
Problemas dos agroecossistemas modernos ou tecnificados
Em geral, os agroecossistemas ditos modernos ou tecnificados usam aração
intensiva como forma de preparo do solo, o que leva a problemas como degradação da
estrutura do solo, redução da matéria orgânica, compactação do solo, redução da infiltração
de água no solo, formação de impedimentos à penetração radicular, e em conseqüência,
menor capacidade de armazenamento de água no perfil do solo, maior suscetibilidade a
déficit hídrico, maior intensidade do escorrimento superficial e intensificação da erosão
hídrica e eólica.
Esses agroecossistemas são baseados em monocultivos que permitem ganhos de
escala de produção e maior eficiência na utilização dos equipamentos, mas isso resulta em
suscetibilidade a pragas e doenças, erosão genética e perda do conhecimento agrícola
tradicional, este muitas vezes fundamental para o entendimento das condições ambientais
locais.
Uso de fertilizantes sintéticos, provenientes de fontes não renováveis elevam os
custos de produção e ameaçam a continuidade do modelo em longo prazo. Além disso, se
perdem facilmente por lixiviação, volatilização e fixação permanente nas argilas do solo,
podendo contaminar os alimentos e os aqüíferos.
O uso da irrigação em larga escala promove um consumo excessivo de água, além
de provocar a salinização dos solos, a erosão hídrica e a contaminação dos aqüíferos.
A utilização do controle químico para o combate a pragas, doenças e plantas
espontâneas promove a resistência destes aos produtos aplicados, por meio da pressão de
seleção exercida por esses produtos; a eliminação de inimigos naturais; a contaminação dos
alimentos e do ambiente. Além disso, para sua produção, são utilizadas fontes não
renováveis de energia, colocando em xeque a possibilidade de sua utilização em longo
prazo.
Agroecossistemas tradicionais
Em diversas regiões do mundo, principalmente na América Latina, na África e na
Ásia, ainda subsiste grande número de sistemas de cultivo tradicionais, que representam um
ponto intermediário entre os ecossistemas naturais e a agricultura convencional. Esses
agroecossistemas têm vantagens e desvantagens como sistemas de produção na
atualidade. Devido às desvantagens, muitos estão em franco estado de degradação. Mesmo
assim, vale a pena conhecer suas características, que poderão ser muito úteis no desenho e
no manejo de agroecossistemas sustentáveis.
Geralmente, os agroecossistemas tradicionais não dependem de insumos
comerciais. Usam recursos renováveis e disponíveis no local e dão grande importância à
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reciclagem de nutrientes. Mantêm um alto grau de diversidade e sua continuidade espacial e
temporal. Como estão adaptados às condições locais, conseguem aproveitar, ao máximo,
os microambientes e beneficiam o ambiente dentro e fora da propriedade, ao invés de
impactá-Io.
Os rendimentos são proporcionais à capacidade produtiva do ecossistema original,
pois este não sofre alterações drásticas. Priorizam a produção para satisfazer as
necessidades locais. Dependem da diversidade genética, dos conhecimentos e da cultura
local e por isso a preservam.
Problemas dos agroecossistemas tradicionais
O fato de muitos dos sistemas tradicionais estarem em processo de degradação
evidencia que, apesar de suas vantagens ecológicas, esses agroecossistemas apresentam
uma série de problemas, como não responder a muitas das realidades socioeconômicas
atuais. A escassez da força de trabalho é um dos problemas sérios para esses sistemas,
que são altamente demandadores de força de trabalho. Esse problema é derivado das
migrações de populações pobres, que não conseguem sobreviver à escassez de terras,
conseqüência da concentração fundiária. Assim, esses agricultores não conseguem
competir com os agricultores capitalizados, que utilizam tecnologias da Revolução Verde.
A escassez de terras e o aumento da população pobre causam uma pressão muito
forte sobre os recursos naturais, ultrapassando os limites de sustentabilidade, reduzindo a
produtividade e levando as populações à extrema pobreza.
Como construir um novo sistema
Ao construir um novo sistema de produção, devemos nos basear num princípio
geral: quanto mais um agroecossistema se parecer com o ecossistema da região
biogeográfica em que se encontra, em relação à sua estrutura e função, maior será a
probabilidade desse agroecossistema ser sustentável.
Por isso, devemos construir sistemas de produção que se aproximem ao máximo
dos ecossistemas naturais. Isso não é fácil e exige um alto grau de conhecimento ecológico,
agronômico e socioeconômico, ainda não disponível. Como ciência em construção, a
agroecologia visa atender a essas demandas de conhecimento.
A construção de modelo de agricultura que respeite os princípios ecológicos não é
uma volta ao passado, como afirmam seus detratores. Embora a agroecologia estude e
valorize os agroecossistemas tradicionais, ela o faz de um ponto de vista crítico, para
conhecer a lógica e as interações que os mantêm. A partir daí, aplica-se essa lógica para se
desenhar novos sistemas que otimizem os processos e as interações ecológicas, com a
finalidade de melhorar a produção de bens úteis à sociedade.
Ao incorporar as questões sociais e respeitar a cultura e o conhecimento local,
busca preservar a identidade, os costumes e as tradições de cada povo, propiciando a
conquista de direitos sociais e a melhoria da qualidade de vida dessas populações, ao invés
de enfocar apenas a produção pela produção, esquecendo as aspirações dos homens
responsáveis por esta.
Passos para a construção de sistemas de produção agroecológicos
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Não há receitas prontas, nem é possível desenvolver pacotes tecnológicos
agroecológicos, para desenvolver o sistema. No seu princípio de imitar o ecossistema
original, será a busca de uma agricultura movida, basicamente, pelo sol, que passará a ser a
principal fonte de energia. Também se deve trabalhar pelo fechamento dos ciclos de
nutrientes e pela reativação dos mecanismos de autocontrole das populações. Dentro
desses princípios, os passos possíveis e não exclusivos para a construção do novo sistema
de produção agroecológico poderiam ser:
Reduzir a dependência de insumos comerciais - Substituir o uso de insumos por
práticas que permitam melhorar a qualidade do solo com o uso da fixação biológica de
nitrogênio, e de espécies que estimulem microrganismos, tais como micorrizas,
solubilizadores de fosfatos e promotores de crescimento.
Utilizar recursos renováveis e disponíveis no local - Aproveitar, ao máximo, os
recursos locais, que freqüentemente são perdidos e se tornam poluentes, como restos
culturais, estercos, cinzas, resíduos caseiros e agroindustriais "limpos".
Enfatizar a reciclagem de nutrientes - Evitar, ao máximo, as perdas de nutrientes,
com práticas eficientes de controle da erosão, e a utilização de espécies de plantas capazes
de recuperar os nutrientes lavados para as camadas mais profundas do perfil do solo.
Introduzir espécies que criem diversidade funcional no sistema – Cada
espécie introduzida no sistema atrai diversas outras à qual está associada. No entanto, não
nos interessa qualquer tipo de diversidade, mas uma diversidade que proporcione uma série
de serviços ecológicos, capazes de dispensar o uso de insumos. Essa diversidade deve
incluir espécies fixadoras de nitrogênio, recicladoras de nutrientes, estimuladoras de
predadores e parasitas de pragas, de polinizadores, estimuladoras de micorrizas,
sideróforos, solubilizadores de fosfato, etc.
Desenhar sistemas que sejam adaptados às condições locais e aproveitem,
ao máximo, os microambientes - Devemos adaptar nossas explorações aos diversos
microambientes da unidade de produção, o contrário dos sistemas convencionais, que
buscam homogeneizar os ambientes.
Manter a diversidade, a continuidade espacial e temporal da produção - Em
condições tropicais, os solos devem permanecer cobertos por todo o ano, para evitar erosão
e lixiviação e, conseqüentemente, a perda de parte do próprio solo e de nutrientes. Assim,
nos sistemas agroecológicos, o uso do solo acaba sendo mais intenso que nos sistemas
convencionais. Nos períodos em que não é possível cultivar espécies de utilidade
econômica direta, são cultivadas espécies melhoradoras do solo ou do ambiente.
Otimizar e elevar os rendimentos, sem ultrapassar a capacidade produtiva do
ecossistema original-: O objetivo não é atingir produtividade máxima de uma única cultura,
mas conseguir produtividade ótima do sistema como um todo, garantindo a sustentabilidade
dessa produtividade ao longo do tempo.
Resgatar e conservar a diversidade genética local - As espécies e cultivares
desenvolvidas em cada local estão adaptadas às condições ambientais locais. Na maioria
das vezes, as cultivares locais, quando colocadas em competição com cultivares
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melhoradas, em centros de pesquisa, apresentam produtividades inferiores às melhoradas,
mas essa situação pode se inverter, quando colocadas em competição no meio real dos
agricultores. De qualquer modo, mesmo as cultivares de baixo desempenho devem ser
preservadas, pois podem possuir características de extrema importância, que podem ser
úteis futuramente.
Resgatar e conservar os conhecimentos e a cultura locais - No seu contato dia
a dia, com o ambiente, os agricultores realizam observações de muitos fenômenos que
ocorrem em seus sistemas de produção, e apesar de não as descreverem em termos
científicos, possuem uma gama de informações codificadas que somente eles têm acesso.
Assim, a sua participação é fundamental no desenvolvimento de um novo modelo de
agricultura, pois enquanto os técnicos possuem uma visão extremamente analítica, com
poucas informações extremamente detalhadas, os agricultores possuem uma visão mais
global e integrada do conjunto de fenômenos, e de suas conseqüências, mesmo que não
tenham um conhecimento detalhado de cada fenômeno em si. Assim, o conhecimento do
agricultor pode fornecer, rapidamente, uma série de informações que técnicos e
pesquisadores gastariam anos de pesquisa para obter. Nem por isso deve-se cair no erro de
superestimar o conhecimento local, pois este também tem seus limites.
Perspectivas futuras
Como ciência em construção, com características transdisciplinares, a agroecologia
necessita da participação efetiva de diversas ciências e disciplinas, como a Agronomia, a
Biologia, a Economia, a Sociologia, a Antropologia, a Ciência do Solo, entre outras. Além
disso, incorpora e reelabora o conhecimento tradicional das populações. Ciência
integradora, a ecologia fornece a base metodológica para a integração desses
conhecimentos.
Apesar dos evidentes problemas causados pela agricultura tradicional, esta ainda é
dominante, devido a sua facilidade e respostas imediatas, além do intenso bombardeio
ideológico que sofrem os agricultores por parte dos agentes de mercado, que lucram com
esse modelo de agricultura.
Paulatinamente, a agroecologia vai ganhando respeitabilidade, tendo passado de
elemento da contracultura, na década de 1970, a disciplina acadêmica. Os inegáveis
resultados obtidos pelas diferentes linhas de pesquisa da área dão suporte a esse ganho de
respeitabilidade.
Inúmeras lacunas ainda estão em aberto e exigem um extraordinário esforço de
pesquisa, experimentação, teste em meio real para expandir o conhecimento na área e a
adoção de tecnologias agroecológicas por parte dos agricultores.
HISTÓRIA DA AGRICULTURA
No início das civilizações, os homens viviam em bandos, nômades de acordo com a
disponibilidade de alimentos que a natureza espontaneamente lhes oferecia. Dependiam da
coleta de alimentos silvestres, da caça e da pesca. Não havia cultivos, criações domésticas,
armazenagem e tampouco trocas de mercadorias entre bandos. Assim, passavam por
períodos de fartura ou de carestia. Em cada local em que um bando se instalava a coleta, a
caça e a pesca, fáceis no início, ficavam cada vez mais difíceis e distantes, até um momento
em que as dificuldades para a obtenção de alimentos se tornavam tão grandes que os
obrigavam a mudar sempre de lugar, sem fixação de longo prazo.
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Com o passar dos tempos, descobriram que as sementes das plantas, devidamente
lançadas ao solo, podiam germinar, crescer e frutificar e que animais podiam ser
domesticados e criados em cativeiro. O surgimento da agropecuária teve um impacto
evidente, pois pela primeira vez, era possível influir na disponibilidade dos alimentos. Com o
passar do tempo, o homem foi se tornando cada vez menos nômade e mais e mais
dependente da terra em que vivia, desenvolvendo a habilidade de produzir. Assim, o homem
fixou-se ao solo e apropriou-se da terra. Durante milhares de anos, as atividades
agropecuárias sobreviveram de forma muito extrativa, retirando o que a natureza
espontaneamente lhes oferecia. Os avanços tecnológicos eram muito lentos, até mesmo de
técnicas muito simples, como as adubações com materiais orgânicos (esterco e outros
compostos) e o preparo de solos.
Com a fixação do homem a terra, formando comunidades, surge organizações as mais
diferenciadas no que se refere ao modo de produção, tendendo à formação de propriedades
diversificadas quanto à agricultura e à pecuária. Os trabalhadores eram versáteis,
aprendendo empiricamente e executando múltiplas tarefas, de acordo com a época e a
necessidade.
Logo, desde o século XIX, quando se estabeleceram hipóteses de como teria sido o
desenvolvimento do homem, foram estabelecidas quatro fases:
- Primeira fase – o homem foi selvagem;
- Segunda fase – o homem foi nômade (sem habitação fixa) e domesticador;
- Terceira fase – o homem se tornou agricultor;
- Quarta fase – o homem se civilizou.
A atividade agrícola foi predominante para as economias por milhares de anos antes da
revolução industrial. Sua importância não diminuiu nem mesmo com o surgimento de
fábricas nem com a proclamada chegada de uma era digital, pois trata-se da produção de
alimentos e, sem alimentos, a vida não é possível.
HISTÓRICO
O crescimento populacional e a queda da fertilidade dos solos utilizados após anos de
sucessivos plantios causaram, entre outros problemas, a escassez de alimentos. Contudo,
alguns autores relatam que na antiguidade, a fome existia em virtude da escassez de
alimentos e da falta de estrutura no armazenamento, transporte e distribuição. O sistema de
produção até meados do século XVIII compreendia a produção de alimentos associados
com o cultivo de árvores e arbustos nativos, na forma agroflorestal. Era realizado o manejo
do solo, com rotação de cultivos, a biodiversidade de cultivos e a aplicação massiva de
matéria orgânica. Na escolha das espécies e variedades, predominava a utilização de
plantas adaptadas às condições locais, baseados na rusticidade e resistência às pragas,
doenças e aos fatores climáticos adversos.
O fim do século XVIII foi o período que iniciou a busca pela alta produtividade, objetivando
uma maior produção de alimentos a nível local e nacional. Os técnicos e especialistas
desenvolveram novas tecnologias de produção agrícola, que promoveram a Primeira
Revolução Agrícola. Nesse período intensifica-se a adoção de sistemas de rotação de
culturas com plantas forrageiras (capim e leguminosas) e as atividades de pecuária e
agricultura se integram, trazendo um grande aumento da produção de alimentos com o uso
dos excrementos dos animais para a adubação das lavouras. A Primeira Revolução Agrícola
teve como características principais:
- baixa necessidade de capital;
- alta demanda de mão de obra;
- atendimento ao mercado local;
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- autoconsumo;
- utilização de técnicas adequadas para o manejo da matéria orgânica;
- crescimento de produções extensivas de alimentos, como o café, a cana de açúcar e o
citros, para atendimento do mercado regional, nacional e internacional;
- controle de pragas e doenças através de extratos de plantas e emulsões de querosene,
tendo iniciado o emprego da Calda Bordalesa e outros.
observações:
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O século XIX foi de grandes descobertas para a agricultura mundial. Theodore de Saussure
demonstrou o princípio da respiração das plantas. Ocorreu também, por parte de diversos
pesquisadores, um grande progresso na compreensão da nutrição de plantas e da
adubação das culturas. Justus von Liebig estabeleceu, em 1862, a Lei do Mínimo, que
possui importância universal no manejo da fertilidade do solo ainda hoje. Neste século teve
início o desenvolvimento da maquinaria agrícola, fertilizantes e pesticidas para o emprego
na agricultura, o emprego agrícola do DDT, um inseticida clorado. Surgiram as grandes
extensões de cultivos, principalmente monoculturas, com elevada necessidade de irrigação.
Começou neste período haver a preocupação em aplicar produtos de controle de pragas e
doenças que fossem inócuos ao homem. No entanto, não havia preocupações quanto ao
meio ambiente e seus efeitos acumulativos no homem e na natureza.
A partir da segunda metade do século XX, os países desenvolvidos criaram uma estratégia
de elevação da produção agrícola mundial visando combater a fome e a miséria dos países
mais pobres. Para isso introduziram técnicas mais apropriadas de cultivo, mecanização, uso
de fertilizantes, defensivos agrícolas e a utilização de sementes de alto rendimento em
substituição às sementes tradicionais, menos resistentes aos defensivos agrícolas. Logo, as
principais características da tecnologia da Revolução Verde são:
- abandono da rotação de cultivos, controle biológico, cultivares resistentes;
- emprego do solo apenas como suporte das plantas, sem a preocupação da preservação
do ambiente, flora e fauna;
- produção agrícola altamente exigente em capital, maquinaria e tecnologia;
- utilização de “defensivos modernos” no controle de pragas e doenças.
Como conseqüências, a Revolução Verde trouxe um aumento expressivo na produção
agrícola, mas aos poucos também trouxe problemas: compactação dos solos, erosão, perda
da fertilidade dos solos, perda da biodiversidade, contaminação dos alimentos e dos seus
consumidores, intoxicações crônicas e agudas dos trabalhadores rurais, contaminação dos
solos e das águas por nitratos e agrotóxicos, aparecimento de pragas resistentes aos
agrotóxicos, aparecimento de novas pragas, entre outros. A Revolução Verde também
aumentou a dependência em relação aos países mais ricos que detinham a tecnologia
indispensável ao cultivo das novas sementes e forneciam insumos necessários para
viabilizar a produção.
A elevação da produtividade diminuiu o preço de diversos produtos para o consumidor, mas
o custo dos insumos aumentou numa escala muito maior, inviabilizando a produção em
pequena escala. Dessa forma, vários pequenos proprietários ligados à agricultura comercial
ficaram incapacitados de incorporar essas novas tecnologias, abandonaram suas atividades
e venderam as suas propriedades, com impacto desastroso na estrutura fundiária de
diversos países, entre eles o Brasil.
A partir de 1953, com a descoberta da estrutura das moléculas do DNA, a biotecnologia
provocou uma nova revolução na agricultura. Com isso o homem viu a possibilidade de
manipular, trocar de lugar as letras do código genético e já na década de 1970, descobriu-se
como unir fragmentos de diferentes espécies. Assim, através de técnicas utilizadas para
alteração de genes em diferentes organismos, com a fusão de genes de espécies diferentes
que jamais se cruzariam na natureza, foram criadas diversas variedades transgênicas ou
OGMs (Organismos Geneticamente Modificados). Portanto, os transgênicos são espécies
cuja
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constituição genética foi alterada artificialmente e convertida a uma forma que não existe na
natureza. É um ser vivo que recebeu um gene de outra espécie animal ou vegetal.
Pouco mais de dez anos depois, as primeiras plantas transgênicas passaram a ser
produzidas comercialmente e com isso a biotecnologia ganhou cada vez mais destaque no
cenário científico e tecnológico, com a promessa de uma agricultura mais produtiva e menos
dependente do uso de agrotóxicos. E com essa promessa vieram também as dúvidas sobre
os efeitos secundários dos transgênicos e as conseqüências que podem provocar na saúde
e no ambiente. As principais variedades transgênicas da grande agricultura como soja,
milho, algodão, canela, mandioca, tabaco, arroz, tomate e trigo são controladas atualmente
por poucas empresas multinacionais. Teme-se que tais empresas assumam o controle da
produção das sementes transgênicas e isso resulte no controle do mercado mundial de
alimentos, apesar da vasta produção de produtos orgânicos.
FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS
Alguns fatores socioeconômicos históricos condicionaram por muito tempo as propriedades
rurais, ou mesmo pequenas comunidades, a sobreviver praticamente isoladas ou ser auto-
suficientes.
Esses fatores foram basicamente:
-a distribuição espacial da população- a população era predominantemente rurícola, com
mais de 80% do total de habitantes vivendo no meio rural;
-a carência de infra-estrutura- as estradas, quando existiam, eram muito precárias;
-a pouca evolução da tecnologia de conservação de produtos- os meios de transporte eram
muito escassos e os armazéns insuficientes. Os produtos obtidos tinham sua perecibilidade
acelerada por insuficiência de técnicas de conservação;
-as dificuldades de comunicação- os meios de comunicação eram muito lentos.
As propriedades rurais eram muito diversificadas, com várias culturas e criações diferentes,
necessárias à sobrevivência de todos que ali viviam. Eram comuns as propriedades que
integravam suas atividades primárias com atividades industriais (agroindustriais). No Brasil,
por exemplo, no Estado de Minas Gerais, cada propriedade rural podia produzir ao mesmo
tempo: arroz, feijão, milho, algodão, café, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, frutas, hortaliças
e outras, além de criações de bovinos e ovinos, suínos, aves e eqüinos. E mais, nessas
propriedades o algodão era tecido e transformado em confecções; o leite era beneficiado e
transformado em queijos, requeijões e manteiga; da cana-de -açúcar faziam a rapadura, o
melado, o açúcar mascavo e a cachaça; da mandioca fabricavam a farinha, o polvilho e
biscoitos diversos; o milho era usado diretamente como ração e/ou destinado ao moinho
para transformação em fubá, que era usado para fabricação de produtos diversos; e assim
por diante.
Na região sul do país, o modelo de colônias transformava cada uma delas em um complexo
de atividades de produção e de consumo, com pouca geração de excedentes e pouca
entrada de outros produtos. Assim extraíam a madeira, tinham suas próprias serrarias e
marcenarias, produziam os produtos de subsistência alimentar (arroz, trigo, milho, feijão e
outros), inclusive algumas transformações, e compravam poucos produtos. Nas fazendas de
produção de açúcar, durante o período da escravatura, o sustento dos trabalhadores era
obtido em pequenas áreas, concedido aos escravos para produção de alimentos. Esses
acontecimentos não se referem a passados muito longínquos. Esse modelo geralmente
continha uma atividade comercial (como fumo, trigo, açúcar ou outras), em escalas de
produção diferenciadas, com objetivo de gerar receita para compra de alguns bens não
produzidos no local, como sal, querosene para iluminação e outros produtos e, para gerar
riquezas para poucos.
As propriedades praticamente produziam e industrializavam tudo de que necessitavam.
Assim, eram quase auto-suficientes. Por isso, qualquer referência à “agricultura”
relacionava-se a todo o conjunto de atividades desenvolvidas no meio rural, das mais
simples às mais complexas, quase todas dentro das próprias fazendas.
A evolução sócio-econômica, sobretudo com os avanços tecnológicos, mudou totalmente a
fisionomia das propriedades rurais. A população começou a sair do meio rural e dirigir-se
para as cidades, passando, nesse período, de 20% para 70% a taxa de pessoas residentes
no meio urbano (caso do Brasil). O avanço tecnológico foi intenso, provocando saltos nos
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índices de produtividade agropecuária (Revolução Verde). Com isso, menor número de
pessoas cada dia é obrigado a sustentar mais gente.
Assim, as propriedades rurais cada dia mais:
-perdem sua auto-suficiência;
-passam a depender sempre mais de insumos e serviços que não são seus;
-especializam-se somente em determinadas atividades;
-geram excedentes de consumo e abastecem mercados, às vezes, muito distantes;
-recebem informações externas;
-necessitam de estradas, armazéns, portos, aeroportos, softwares, bolsas de mercadorias,
pesquisas, fertilizantes, novas técnicas, tudo de fora da propriedade rural;
-conquistam mercado;
-enfrentam a globalização e a internacionalização da economia.
Então, a “agricultura” de antes passa a depender de muitos serviços, máquinas e insumos
que vêm de fora. Depende também do que ocorre depois da produção, como armazéns,
infra-estruturas diversas (portos, estradas, e outras), agroindústrias, mercados atacadistas e
varejistas, exportação. Cada um desses segmentos assume funções próprias, cada dia mais
especializadas, mas compondo um elo importante em todo o processo produtivo e comercial
de cada produto agropecuário. Por isso, surgiu a necessidade de uma concepção diferente
de “agricultura”. Já não se trata de propriedades auto-suficientes, mas de todo um complexo
de bens, serviços e infra-estrutura que envolvem agentes diversos e interdependentes.
DEFINIÇÕES IMPORTANTE:
* Agricultura - Arte de cultivar os campos, com vistas à produção de vegetais úteis ao
homem. Atividade desenvolvida pelo homem que o relaciona com a terra de uma forma
metódica e sistemática, tendo como objetivo a produção de alimentos.
* Agricultura extensiva - É caracterizada geralmente pelo uso de técnicas rudimentares
(simples) ou tradicionais na produção. Esse tipo de agricultura pode ser encontrado tanto
nas pequenas quanto nas grandes propriedades com o predomínio da mão-de-obra humana
e baixa mecanização. A falta de capital é um marco neste tipo de agricultura.
* Agricultura intensiva - É um sistema de produção agrícola que faz uso intensivo dos meios
de produção e na qual produzem grandes quantidades de um único tipo de produto. Requer
grande uso de combustível e insumos, e pode acarretar alto impacto ambiental, pois não é
utilizada a rotação de terra. Grande produtividade e utilização de maquinário.
* Agricultura de subsistência - É um sistema de produção agrícola que visa a sobrevivência
do agricultor e de sua família. É caracterizada pela utilização de recursos técnicos pouco
desenvolvidos. Os instrumentos agrícolas mais usados são: enxada, foice e arado (tração
animal). Raramente são utilizados tratores ou outro tipo de máquina. A produção é baixa em
comparação às grandes propriedades rurais mecanizadas.
* Monocultura - É a produção ou cultura de apenas uma especialidade agrícola.
* Policultura - Cultivo de vários produtos agrícolas ao mesmo tempo.
observações:
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PRINCIPIOS ECOLOGICOS NA AGRICULTURA
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BIODIVERSIDADE
"Bio" significa "vida" e diversidade significa "variedade". Então, biodiversidade ou
diversidade biológica compreende a totalidade de variedade de formas de vida que
podemos encontrar na Terra (plantas, aves, mamíferos, insetos, microorganismos...).
A biodiversidade possui três grandes níveis:
1) Diversidade genética - os indivíduos de uma mesma espécie não são geneticamente
idênticos entre si. Cada indivíduo possui uma combinação única de genes que fazem com
que alguns sejam mais altos e outros mais baixos, alguns possuam os olhos azuis enquanto
outros os tenham castanhos, tenham o nariz chato ou pontiagudo. As diferenças genéticas
fazem com que a Terra possua uma grande variedade de vida.
2) Diversidade orgânica - os cientistas agrupam os indivíduos que possuem uma história
evolutiva comum em espécies. Possuir a mesma história evolutiva faz com que cada
espécie possua características únicas que não são compartilhadas com outros seres vivos.
Os cientistas já identificaram cerca de 1,75 milhões de espécies. Contudo, eles estão
somente no começo. Algumas estimativas apontam que podem existir entre 10 a 30 milhões
de espécies na Terra.
3) Diversidade ecológica - As populações da mesma espécie e de espécies diferentes
interagem entre si formando comunidades; essas comunidades interagem com o ambiente
formando ecossistemas, que interagem entre si formando paisagens, que formam os
biomas. Desertos, florestas, oceanos, são tipos de biomas. Cada um deles possui vários
tipos de ecossistemas, os quais possuem espécies únicas. Quando um ecossistema é
ameaçado todas as suas espécies também são ameaçadas.
Por que a biodiversidade é importante?
Qual é o valor de um metro cúbico de água liberado pela Floresta Amazônica, por
evaporação, que retorna em forma de chuva, mantendo o clima úmido da região? Qual é o
24
valor dos nutrientes acumulados nos troncos e nas cascas de árvores centenárias? Quais
seriam os prejuízos provocados pelos incêndios na Amazônia se estes não se apagassem
nas margens das florestas? Quanto vale um quilo de carbono que deixa de ser liberado para
a atmosfera por estar estocado em suas florestas? Estas perguntas estão relacionadas ao
valor do que pode ser chamado "serviço ecológico" fornecido pela floresta Amazônica. A
importância desses serviços fica clara quando se projeta um cenário de "Amazônia
desmatada". Se a maior parte da vasta extensão de floresta existente hoje fosse removida,
além do desaparecimento de número enorme de espécies, a atmosfera da Terra passaria a
ter muito mais gás carbônico, agravando o efeito estufa e o conseqüente aquecimento
global. Portanto, a biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza por ser
responsável pelo equilíbrio e pela estabilidade dos ecossistemas. Além disso, a
biodiversidade é fonte de imenso potencial econômico por ser a base das atividades
agrícolas, pecuárias, pesqueiras, florestais e também a base da indústria da biotecnologia,
ou seja, da fabricação de remédios, cosméticos, enzimas industriais, hormônios, sementes
agrícolas. Portanto, a biodiversidade possui, além do seu valor intrínseco, valor ecológico,
genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo... Com tamanha
importância, é preciso conhecer e evitar a perda da biodiversidade!
Fatores que ameaçam a conservação da biodiversidade
A perda da biodiversidade envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos. A
situação é particularmente grave na região tropical. Populações humanas crescentes e
pressões econômicas estão levando a uma ampla conversão das florestas tropicais em um
mosaico de hábitats alterados por ação humana. Como resultado da pressão de ocupação
humana, a Mata Atlântica ficou reduzida a menos de 10% da vegetação original. Os
principais processos responsáveis pela perda da biodiversidade são:
Perda e fragmentação dos hábitats;
Introdução de espécies e doenças exóticas;
Exploração excessiva de espécies de plantas e de animais;
Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento;
Contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes;
Mudanças climáticas.
O que é Agricultura Orgânica?
Agricultura Orgânica é um processo produtivo comprometido com a organicidade e sanidade
da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres humanos, razão pela qual
usa e desenvolve tecnologias apropriadas à realidade local de solo, topografia, clima, água,
radiações e biodiversidade própria de cada contexto, mantendo a harmonia de todos esses
elementos entre si e com os seres humanos.
Esse modo de produção assegura o fornecimento de alimentos orgânicos saudáveis, mais
saborosos e de maior durabilidade; não utilizando agrotóxicos preserva a qualidade da água
usada na irrigação e não polui o solo nem o lençol freático com substâncias químicas
tóxicas; por utilizar sistema de manejo mínimo do solo assegura a estrutura e fertilidade dos
solos evitando erosões e degradação, contribuindo para promover e restaurar a rica
biodiversidade local; por esse conjunto de fatores a agricultura orgânica viabiliza a
sustentabilidade da agricultura familiar e amplia a capacidade dos ecossistemas locais em
25
prestar serviços ambientais a toda a comunidade do entorno, contribuindo para reduzir o
aquecimento global.
As práticas da agricultura orgânica, assim como as demais sob a denominação de biológica,
ecológica, biodinâmica, agroecológica e natural, comprometidas com a sustentabilidade
local da espécie humana na terra, implicam em:
1. Uso da adubação verde com uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico;
2. Adubação orgânica com uso de compostagem da matéria orgânica, que pela
fermentação elimina microorganismos como fungos e bactérias, eventualmente
existentes em estercos de origem animal, desde que provenientes da própria região;
3. Minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertilidade; manejo mínimo e
adequado do solo com plantio direto, curvas de níveis e outras para assegurar sua
estrutura, fertilidade e porosidade;
4. Manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de culturas e cultivos
protegidos para controle da luminosidade, temperatura, umidade, pluviosidade e
intempéries;
5. uso racional da água de irrigação seja por gotejamento ou demais técnicas econômicas
de água contextualizadas na realidade local de topografia, clima, variação climática e
hábitos culturais de sua população.
AGRICULTURA BIODINÂMICA GANHA FORÇA
A biodinâmica, começa a granhar espaço no Brasil, graças ao plantio livre de agrotóxicos e
ao fato de ser feita em ambientes naturais equilibrados, que integram homem, animais e
plantas, promete entregar produtos mais saborosos e resistentes ao consumidor. Melhores
até do que os orgânicos. Em algumas culturas essa técnica é mais difundida do que em
outras, quem produz por meio da agricultura biodinâmica afirma que ela é mais rentável. O
grande mercado consumidor, ainda fica fora do país.
A agricultura biodinâmica criada pelo filósofo e educador suíço Rudolf Steiner em
1924, determina que a fazenda que produz alimentos biodinâmicos deve respeitar o ciclo da
lua, dos planetas e até dos astros para que as plantas sejam energizadas. Desde 1998 a
empresa Fazenda Tamanduá planta, comercializa no Brasil e exporta para Holanda e
Espanha manga, melão, goiaba e arroz vermelho produzidos no sertão da Paraíba, a 300
quilômetros de João Pessoa.
O técnico agrícola e gerente da fazenda, Manoel Zacarias Lima Neto, afirma que o que se
colhe na fazenda é resultado de um equilíbrio ecológico entre homem, plantas e animais.
“Com o esterco do gado fazemos a compostagem para a plantação de manga. A manga que
não é boa para o consumidor é utilizada para alimentar o gado. Em outra área, as abelhas
polinizam a flor do melão. Em troca, produzimos mel”, exemplifica.
A Fazenda Tamanduá, ocupa uma área de aproximadamente três mil hectares, e não usa
agrotóxicos. A urina do gado serve como repelente. O soro do leite é utilizado para prevenir
as pragas. “Usamos muito os bacilos, que são organismos vivos, fungos que matam alguns
tipos de lagarta. São inseticidas naturais”, diz Manoel.
26
Um dos diferenciais da biodinâmica em comparação com as outras técnicas de agricultura é
o uso de preparados, compostos naturais para dar vida à terra. Há sete tipos de preparados.
Num deles, o preparado 500, esterco é colocado dentro de um chifre de vaca e enterrado
por seis meses. Depois, o chifre é desenterrado e um grama deste esterco é misturado em
200 litros de água durante uma hora. Depois, é espalhado por um hectare de plantação.
Cada um dos sete tipos de preparados tem uma característica. O 500, por exemplo, leva
vida ao solo. O 501, feito com pó de sílica, ajuda a tornar os frutos mais resistentes. Os
outros utilizam camomila, mil folhas, urtiga, casca de carvalho e dente de leão.
Além dos preparados, o cultivo de plantas biodinâmicas segue datas estabelecidas por
calendários criados pela alemã Maria Thun. Segundo o professor da Faculdade de Ciências
Agrárias (FCA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e diretor do Instituto Biodinâmico
e da Comissão da Produção Orgânica de São Paulo (Ceporg-SP), Francisco Luiz Araújo
Câmara, esses calendários mostram qual é o dia ideal para trabalhar com cada cultura. O
calendário é baseado no alinhamento dos astros com os planetas e o sol.
Os calendários utilizados no hemisfério sul são adaptados, pois Maria Thun desenvolveu
esta agenda de acordo com as condições do hemisfério norte. Segundo Câmara, o uso dos
preparados, dos calendários e o estabelecimento do equilíbrio na plantação resultam, em
teoria, em produtos mais saborosos e resistentes.
Café e vinho biodinâmico, por exemplo, fazem sucesso entre seus apreciadores. “Os
biodinâmicos podem apresentar mais qualidades de aroma e de sabor, que são valorizadas
pelos consumidores do vinho e do café. São aspectos sutis”, afirma Câmara. Assim como a
agricultura orgânica, ele explica que a biodinâmica não utiliza agrotóxicos e que ambas
usam solo coberto [que recebe menos sol]. A orgânica, no entanto, não utiliza os preparados
nem segue o calendário da biodinâmica.
Coordenador geral da
Associação Biodinâmica,
Pedro Jovchelevich diz
que uma das
características da
agricultura biodinâmica é
valorizar as
características
organolépticas do
produto, ou seja, que
podem ser identificadas
pelos sentidos humanos.
“O vinho biodinâmico é
famoso no exterior. Mas já
há um produtor de vinho
biodinâmico em Santa
Catarina. O café
biodinâmico também tem
crescido no mercado
nacional”, diz.
Produtor de vinhos na
França, Nicolas Joly é
adepto da técnica
biodinâmica e comanda a
associação Renaissance des Appelattion, que reúne mais de 170 produtores de 15 países.
A maioria produz vinhos, mas os dois brasileiros do grupo produzem chocolate e café.
Henrique Sloper é o dono da Fazenda Camorcim, que produz café biodinâmico no Espírito
Santo. “Há cinco anos, a associação do Nicolas Joly tinha 70 pessoas. Hoje são 170. A
biodinâmica ainda representa pouco no total de produtos agrícolas, cerca de 1%. Porém,
cresce de 20% a 30% por ano”, diz.
A fazenda de Sloper tem 300 hectares, 50 deles com seis variações de pés de arábica
biodinâmico que rendem mil sacas por ano. Sloper exporta a produção do fruto para Nova
27
Zelândia, Finlândia e França, entre outros. “Eu reajo à demanda que existe, mas quero
ampliar [os clientes], claro”. Ele vende outras quatro mil sacas em associação com outros
produtores de café biodinâmico. Uma saca de 60 quilos de café produzido na fazenda de
Sloper varia entre US$ 800 e US$ 1.500. Uma saca de café arábica “normal” custa, em
média, R$ 550.
O motivo que o faz apostar nesta técnica não é apenas comercial. Está, também,
relacionado à qualidade de vida. “Este conceito está presente no primeiro mundo, na Europa
especialmente. Compreende uma mudança de estilo de vida. Não é apenas comercial. As
pessoas só vão abandonar isso se não tiverem mais dinheiro. Biodinamismo é respeitar as
energias. São frutas de melhor qualidade, mais resistentes. Se você abrir uma maçã normal,
ela irá oxidar em 10 minutos. Se for uma maçã proveniente de agricultura biodinâmica, ela
vai demorar uma hora e meia para oxidar”, diz.
Segundo Jovchelevich, o Brasil tem cerca de 200 produtores adeptos da técnica
biodinâmica. A maioria é de pequenos agricultores. No entanto, a tendência é que esse
método ganhe mais adeptos no País nos próximos anos. “A agricultura biodinâmica é mais
exigente, valoriza os ritmos da natureza, é como uma alquimia no campo. O mercado
interno é semelhante ao mercado de orgânicos. Lá fora esse tipo de produto é mais
valorizado do que aqui, especialmente na Alemanha, Suíça e Austrália. Mas temos um
crescimento contínuo [nas vendas], pois os produtos biodinâmicos têm relação direta com a
qualidade de vida”, diz.
PERMACULTURA
A permacultura é um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala
humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades)ambientalmente sustentáveis, socialmente
justos e financeiramente viáveis.
A permacultura foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren na
década de 70, se baseando no modo de vida integrado à natureza das
comunidades aborígenes tradicionais da Austrália. O termo, cunhado na Austrália, veio
de permanent agriculture (agricultura permanente), e mais tarde se estendeu para
significar permanent culture (cultura permanente). A sustentabilidade ecológica, ideia inicial,
estendeu-se à sustentabilidade dos assentamentos humanos locais.
A permacultura é uma filosofia de trabalhar com, e não contra a natureza; de observação
prolongada e pensativa em vez de trabalho prolongado e impensado, e de olhar para
plantas e animais em todas as suas funções, em vez de tratar qualquer área como um
sistema único produto.
Os princípios da Permacultura vem da posição de Mollison de que
(...)a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a
responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos.
A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da natureza, integrando
plantas, animais, construções e pessoas em um ambiente produtivo e com estética
e harmonia.
A permacultura, além de ser um método para planejar sistemas de escala humana,
proporciona uma forma sistêmica de se visualizar o mundo e as correlações entre
todos os seus componentes. Serve, portanto, como meta-modelo para a prática da
visão sistêmica, podendo ser aplicada em todas as situações necessárias, desde
como estruturar o habitat humano até como resolver questões complexas do
mundo empresarial.
Permacultura é a utilização de uma forma sistêmica de pensar e conceber
princípios ecológicos que podem ser usados para projetar, criar, gerir e melhorar
28
todos os esforços realizados por indivíduos, famílias e comunidades no sentido de
um futuro sustentável.
A Permacultura origina-se de uma cultura permanente do ambiente. Estabelecer
em nossa rotina diária, hábitos e costumes de vida simples e ecológicos - um estilo
de cultura e de vida em integração direta e equilibrada com o meio ambiente,
envolvendo-se cotidianamente em atividades de auto-produção dos aspectos
básicos de nossas vidas referentes a abrigo, alimento,transporte, saúde, bem-
estar, educação e energia renovável.
Permacultura tem na sua relação com a atividade agrícola uma síntese das
práticas tradicionais com ideias inovadoras, unindo o conhecimento secular às
descobertas da ciência moderna, proporcionando o desenvolvimento integrado
da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor familiar. E, neste
ponto, encontra paralelos com a Agricultura Natural que, sendo difundida
intencionalmente pelas pesquisas do japonês Masanobu Fukuoka por todo o
mundo, chegaram as mãos dos fundadores da permacultura e foram por eles
desenvolvidas.
Os três pilares da Permacultura ==
Pode-se dizer que os três pilares da Permacultura na sua versão contemporânea
são:
* '''Cuidado com a Terra''': Provisão para que todos os sistemas de vida para
continuem e se multipliquem. Este é o primeiro princípio, porque sem uma terra
saudável, os seres humanos não podem exercer suas qualidades.
* '''Cuidado com as Pessoas''': Provisão para que as pessoas acessem os recursos
necessários para sua existência.
* '''Repartir os excedentes''': Ecossistemas saudáveis utilizam a saída de cada
elemento para nutrir os outros. Nós, os seres humanos podemos fazer o mesmo.
Os príncipios da Permacultura ==
Os princípios da permacultura são:
# Observe e interaja.
# Capte e armazene energia.
# Obtenha rendimento
# Pratique auto-regulação e aceite retorno.
# Use e valorize os serviços e recursos renovaveis.
# Não produza desperdícios.
# Design partindo de padrões para chegar a detalhes.
# Integrar em vez de segregar.
# Use soluções pequenas e lentas.
# Use e valorize a diversidade.
# Use as bordas e valorize os elementos marginais.
# Use criativamente e responda às mudanças.

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  • 2. 2 Agroecossistema Conceito de agroecossistema Alberto Feiden1 (parte II) "( ... ) os homens têm que estar em condições de viver para poderem 'fazer história'. Mas da vida fazem parte sobretudo comer e beber, habitação, vestuário e ainda algumas outras coisas. O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios para a satisfação dessas necessidades, a produção da própria vida material, e a verdade é que este é um ato histórico, uma condição fundamental de toda a História, que ainda hoje, como há milhares de anos, tem que ser realizado dia a dia, hora a hora, para ao menos manter os homens vivos (MARX; ENGELS, 1984). A modificação de um ecossistema natural pelo homem, para produção de bens necessários à sua sobrevivência, forma o agroecossistema. Com a interferência humana, os mecanismos e controles naturais são substituídos por controles artificiais, cuja lógica é condicionada pelo tipo de sociedade na qual se insere o agricultor. Existem diversas definições de agroecossistemas. Entre elas, salientamos as seguintes: Agroecossistemas - São sistemas ecológicos alterados, manejados de forma a aumentar a produtividade de um grupo seleto de produtores e de consumidores. Plantas e animais nativos são retirados e substituídos por poucas espécies (PIMENTEL, 1973; PIMENTEL; PIMENTEL, 1996). Agroecossistemas - São compostos pelas interações físicas e biológicas de seus componentes. O ambiente vai determinar a presença de cada componente, no tempo e no espaço. Esse arranjo de componentes será capaz de processar inputs (insumos) ambientais e produzir outputs (produtos) (HART, 1978, 1980). Para fins práticos, o agroecossistema pode ser considerado equivalente a sistema de produção, sistema agrícola ou unidade de produção. Nesse caso, é o conjunto de explorações e de atividades realizadas por um agricultor, com um sistema de gestão próprio. Diferenças entre ecossistema e agroecossistema A ação humana modifica o ecossistema natural, procurando direcionar a produção primária do ecossistema para obtenção de produtos que atendam as necessidades básicas e culturais das diferentes sociedades humanas. Estas possuem diferentes concepções de vida, o que implica em diferentes padrões de consumo e, como conseqüência, criam relações diversas com a natureza, e diferentes graus de pressão sobre os recursos naturais. No entanto, independentemente do grau de artificialização aplicado ao ecossistema natural, sua conversão em agroecossistema implica em diferenças em relação aos ecossistemas naturais. Os agroecossistemas ocidentais "modernos" representam o maior grau de artificialização em relação aos ecossistemas naturais e, com base nestes, Odum (1984), citado por Hecht (2002), e Glissmann e Méndez (2001), apresentam as seguintes diferenças em relação aos ecossistemas naturais: 1 FEIDEN, Alberto. Agroecologia: introdução e conceitos. In: Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável. Brasília: Distrito Federal. Embrapa, Informação Tecnológica, 2005. p. 61-69.
  • 3. 3 Fluxo de energia mais aberto - Enquanto nos ecossistemas naturais a principal fonte é a energia direta do sol, os agroecossistemas possuem fontes auxiliares de energia, como a força humana, a tração animal e os combustíveis fósseis cuja energia é aplicada diretamente ao agroecossistema ou indiretamente, por meio da produção de insumos industriais. Além disso, as perdas de energia são maiores, tanto de energia potencial biológica armazenada nos tecidos colhidos ou na matéria orgânica, como pelas perdas diretas de calor, por meio da aceleração dos processos biológicos e na decomposição acelerada das reservas de matéria orgânica. Ciclagem de nutrientes mais aberta - Nos agroemssistemas, ocorre a entrada de nutrientes pela adição de fertilizantes orgânicos ou industriais, e maiores saídas devido à intensificação dos processos de perda (erosão, lixiviação, volatilização, fixação aos minerais do solo) e pela exportação de nutrientes por meio dos produtos colhidos. Menor diversidade - A grande diversidade encontrada nos ecossistemas é suprimida, dando lugar a poucas espécies cultivadas, a poucas plantas consideradas" invasoras", e aos organismos associados a essas espécies. Pressão de seleção artificial - Os organismos remanescentes no agroecossistema deixam de estar submetidos à seleção natural para serem submetidos a pressões artificiais de seleção, tanto a seleção conscientemente dirigida sobre os organismos cultivados, como pela pressão de seleção inconsciente aplicada sobre os organismos espontâneos dos agroecossistemas, causada pelas práticas culturais e pela aplicação de produtos para controle das populações indesejadas. Muitas vezes, essa pressão de seleção inconsciente pode ser muito mais intensa que a aplicada aos organismos cultivados. Diminuição dos níveis tróficos - Devido à redução da biodiversidade, ocorre uma redução dos níveis tráficos, que em geral se reduzem aos produtores e seus consumidores diretos (no caso de culturas vegetais) ou de produtores (que não necessariamente estão dentro dos agroecossistemas), consumidores primários e seus predadores ou parasitas (no caso de produção animal). Como em geral há abundância do organismo cultivado, isso significa fartura de alimento para o nível tráfico seguinte, permitindo rápido aumento da população dos organismos que participam desse nível tráfico. Diminuição na capacidade de auto-regulação - Os mecanismos de auto- regulação são substituídos por controles artificiais de população e deixam de ser levados em conta, perdendo sua capacidade de resposta aos estímulos ambientais. Tipos de agroecossistemas Agroecossistemas modernos ou tecnificados Os agroecossistemas modernos ou tecnificados caracterizam-se por um alto grau de artificialização das condições ambientais, sendo altamente dependentes de insumos produzidos industrialmente e adquiridos no mercado. Esses insumos são baseados em recursos não renováveis e importados de outras regiões, implicando em gasto de energia com transporte. Há pouca preocupação com a conservação e a reciclagem de nutrientes dentro do agroecossistema. Procuram adaptar as condições locais às necessidades das explorações,
  • 4. 4 por meio de práticas como correção da acidez do solo, fertilização, irrigação, drenagem, etc. Assim, homogeneízam a diversidade de microambientes, aplicando um tratamento médio ao conjunto de situações diversificadas. Por isso, impactam fortemente o ambiente dentro e fora da propriedade. Além disso, reduzem a diversidade, e eliminam a continuidade espacial e temporal. Reduzem a diversidade genética local, pela introdução de espécies e de cultivares "melhoradas" e desestruturam os conhecimentos e a cultura local. Geralmente, os rendimentos são proporcionais à aplicação de insumos e pouco dependem do ecossistema original, sendo que o objetivo principal da produção é a obtenção de lucro, e o tipo de produção é determinado pelas demandas do mercado global, independentemente das necessidades das comunidades locais. Problemas dos agroecossistemas modernos ou tecnificados Em geral, os agroecossistemas ditos modernos ou tecnificados usam aração intensiva como forma de preparo do solo, o que leva a problemas como degradação da estrutura do solo, redução da matéria orgânica, compactação do solo, redução da infiltração de água no solo, formação de impedimentos à penetração radicular, e em conseqüência, menor capacidade de armazenamento de água no perfil do solo, maior suscetibilidade a déficit hídrico, maior intensidade do escorrimento superficial e intensificação da erosão hídrica e eólica. Esses agroecossistemas são baseados em monocultivos que permitem ganhos de escala de produção e maior eficiência na utilização dos equipamentos, mas isso resulta em suscetibilidade a pragas e doenças, erosão genética e perda do conhecimento agrícola tradicional, este muitas vezes fundamental para o entendimento das condições ambientais locais. Uso de fertilizantes sintéticos, provenientes de fontes não renováveis elevam os custos de produção e ameaçam a continuidade do modelo em longo prazo. Além disso, se perdem facilmente por lixiviação, volatilização e fixação permanente nas argilas do solo, podendo contaminar os alimentos e os aqüíferos. O uso da irrigação em larga escala promove um consumo excessivo de água, além de provocar a salinização dos solos, a erosão hídrica e a contaminação dos aqüíferos. A utilização do controle químico para o combate a pragas, doenças e plantas espontâneas promove a resistência destes aos produtos aplicados, por meio da pressão de seleção exercida por esses produtos; a eliminação de inimigos naturais; a contaminação dos alimentos e do ambiente. Além disso, para sua produção, são utilizadas fontes não renováveis de energia, colocando em xeque a possibilidade de sua utilização em longo prazo. Agroecossistemas tradicionais Em diversas regiões do mundo, principalmente na América Latina, na África e na Ásia, ainda subsiste grande número de sistemas de cultivo tradicionais, que representam um ponto intermediário entre os ecossistemas naturais e a agricultura convencional. Esses agroecossistemas têm vantagens e desvantagens como sistemas de produção na atualidade. Devido às desvantagens, muitos estão em franco estado de degradação. Mesmo assim, vale a pena conhecer suas características, que poderão ser muito úteis no desenho e no manejo de agroecossistemas sustentáveis. Geralmente, os agroecossistemas tradicionais não dependem de insumos comerciais. Usam recursos renováveis e disponíveis no local e dão grande importância à
  • 5. 5 reciclagem de nutrientes. Mantêm um alto grau de diversidade e sua continuidade espacial e temporal. Como estão adaptados às condições locais, conseguem aproveitar, ao máximo, os microambientes e beneficiam o ambiente dentro e fora da propriedade, ao invés de impactá-Io. Os rendimentos são proporcionais à capacidade produtiva do ecossistema original, pois este não sofre alterações drásticas. Priorizam a produção para satisfazer as necessidades locais. Dependem da diversidade genética, dos conhecimentos e da cultura local e por isso a preservam. Problemas dos agroecossistemas tradicionais O fato de muitos dos sistemas tradicionais estarem em processo de degradação evidencia que, apesar de suas vantagens ecológicas, esses agroecossistemas apresentam uma série de problemas, como não responder a muitas das realidades socioeconômicas atuais. A escassez da força de trabalho é um dos problemas sérios para esses sistemas, que são altamente demandadores de força de trabalho. Esse problema é derivado das migrações de populações pobres, que não conseguem sobreviver à escassez de terras, conseqüência da concentração fundiária. Assim, esses agricultores não conseguem competir com os agricultores capitalizados, que utilizam tecnologias da Revolução Verde. A escassez de terras e o aumento da população pobre causam uma pressão muito forte sobre os recursos naturais, ultrapassando os limites de sustentabilidade, reduzindo a produtividade e levando as populações à extrema pobreza. Como construir um novo sistema Ao construir um novo sistema de produção, devemos nos basear num princípio geral: quanto mais um agroecossistema se parecer com o ecossistema da região biogeográfica em que se encontra, em relação à sua estrutura e função, maior será a probabilidade desse agroecossistema ser sustentável. Por isso, devemos construir sistemas de produção que se aproximem ao máximo dos ecossistemas naturais. Isso não é fácil e exige um alto grau de conhecimento ecológico, agronômico e socioeconômico, ainda não disponível. Como ciência em construção, a agroecologia visa atender a essas demandas de conhecimento. A construção de modelo de agricultura que respeite os princípios ecológicos não é uma volta ao passado, como afirmam seus detratores. Embora a agroecologia estude e valorize os agroecossistemas tradicionais, ela o faz de um ponto de vista crítico, para conhecer a lógica e as interações que os mantêm. A partir daí, aplica-se essa lógica para se desenhar novos sistemas que otimizem os processos e as interações ecológicas, com a finalidade de melhorar a produção de bens úteis à sociedade. Ao incorporar as questões sociais e respeitar a cultura e o conhecimento local, busca preservar a identidade, os costumes e as tradições de cada povo, propiciando a conquista de direitos sociais e a melhoria da qualidade de vida dessas populações, ao invés de enfocar apenas a produção pela produção, esquecendo as aspirações dos homens responsáveis por esta. Passos para a construção de sistemas de produção agroecológicos
  • 6. 6 Não há receitas prontas, nem é possível desenvolver pacotes tecnológicos agroecológicos, para desenvolver o sistema. No seu princípio de imitar o ecossistema original, será a busca de uma agricultura movida, basicamente, pelo sol, que passará a ser a principal fonte de energia. Também se deve trabalhar pelo fechamento dos ciclos de nutrientes e pela reativação dos mecanismos de autocontrole das populações. Dentro desses princípios, os passos possíveis e não exclusivos para a construção do novo sistema de produção agroecológico poderiam ser: Reduzir a dependência de insumos comerciais - Substituir o uso de insumos por práticas que permitam melhorar a qualidade do solo com o uso da fixação biológica de nitrogênio, e de espécies que estimulem microrganismos, tais como micorrizas, solubilizadores de fosfatos e promotores de crescimento. Utilizar recursos renováveis e disponíveis no local - Aproveitar, ao máximo, os recursos locais, que freqüentemente são perdidos e se tornam poluentes, como restos culturais, estercos, cinzas, resíduos caseiros e agroindustriais "limpos". Enfatizar a reciclagem de nutrientes - Evitar, ao máximo, as perdas de nutrientes, com práticas eficientes de controle da erosão, e a utilização de espécies de plantas capazes de recuperar os nutrientes lavados para as camadas mais profundas do perfil do solo. Introduzir espécies que criem diversidade funcional no sistema – Cada espécie introduzida no sistema atrai diversas outras à qual está associada. No entanto, não nos interessa qualquer tipo de diversidade, mas uma diversidade que proporcione uma série de serviços ecológicos, capazes de dispensar o uso de insumos. Essa diversidade deve incluir espécies fixadoras de nitrogênio, recicladoras de nutrientes, estimuladoras de predadores e parasitas de pragas, de polinizadores, estimuladoras de micorrizas, sideróforos, solubilizadores de fosfato, etc. Desenhar sistemas que sejam adaptados às condições locais e aproveitem, ao máximo, os microambientes - Devemos adaptar nossas explorações aos diversos microambientes da unidade de produção, o contrário dos sistemas convencionais, que buscam homogeneizar os ambientes. Manter a diversidade, a continuidade espacial e temporal da produção - Em condições tropicais, os solos devem permanecer cobertos por todo o ano, para evitar erosão e lixiviação e, conseqüentemente, a perda de parte do próprio solo e de nutrientes. Assim, nos sistemas agroecológicos, o uso do solo acaba sendo mais intenso que nos sistemas convencionais. Nos períodos em que não é possível cultivar espécies de utilidade econômica direta, são cultivadas espécies melhoradoras do solo ou do ambiente. Otimizar e elevar os rendimentos, sem ultrapassar a capacidade produtiva do ecossistema original-: O objetivo não é atingir produtividade máxima de uma única cultura, mas conseguir produtividade ótima do sistema como um todo, garantindo a sustentabilidade dessa produtividade ao longo do tempo. Resgatar e conservar a diversidade genética local - As espécies e cultivares desenvolvidas em cada local estão adaptadas às condições ambientais locais. Na maioria das vezes, as cultivares locais, quando colocadas em competição com cultivares
  • 7. 7 melhoradas, em centros de pesquisa, apresentam produtividades inferiores às melhoradas, mas essa situação pode se inverter, quando colocadas em competição no meio real dos agricultores. De qualquer modo, mesmo as cultivares de baixo desempenho devem ser preservadas, pois podem possuir características de extrema importância, que podem ser úteis futuramente. Resgatar e conservar os conhecimentos e a cultura locais - No seu contato dia a dia, com o ambiente, os agricultores realizam observações de muitos fenômenos que ocorrem em seus sistemas de produção, e apesar de não as descreverem em termos científicos, possuem uma gama de informações codificadas que somente eles têm acesso. Assim, a sua participação é fundamental no desenvolvimento de um novo modelo de agricultura, pois enquanto os técnicos possuem uma visão extremamente analítica, com poucas informações extremamente detalhadas, os agricultores possuem uma visão mais global e integrada do conjunto de fenômenos, e de suas conseqüências, mesmo que não tenham um conhecimento detalhado de cada fenômeno em si. Assim, o conhecimento do agricultor pode fornecer, rapidamente, uma série de informações que técnicos e pesquisadores gastariam anos de pesquisa para obter. Nem por isso deve-se cair no erro de superestimar o conhecimento local, pois este também tem seus limites. Perspectivas futuras Como ciência em construção, com características transdisciplinares, a agroecologia necessita da participação efetiva de diversas ciências e disciplinas, como a Agronomia, a Biologia, a Economia, a Sociologia, a Antropologia, a Ciência do Solo, entre outras. Além disso, incorpora e reelabora o conhecimento tradicional das populações. Ciência integradora, a ecologia fornece a base metodológica para a integração desses conhecimentos. Apesar dos evidentes problemas causados pela agricultura tradicional, esta ainda é dominante, devido a sua facilidade e respostas imediatas, além do intenso bombardeio ideológico que sofrem os agricultores por parte dos agentes de mercado, que lucram com esse modelo de agricultura. Paulatinamente, a agroecologia vai ganhando respeitabilidade, tendo passado de elemento da contracultura, na década de 1970, a disciplina acadêmica. Os inegáveis resultados obtidos pelas diferentes linhas de pesquisa da área dão suporte a esse ganho de respeitabilidade. Inúmeras lacunas ainda estão em aberto e exigem um extraordinário esforço de pesquisa, experimentação, teste em meio real para expandir o conhecimento na área e a adoção de tecnologias agroecológicas por parte dos agricultores. HISTÓRIA DA AGRICULTURA No início das civilizações, os homens viviam em bandos, nômades de acordo com a disponibilidade de alimentos que a natureza espontaneamente lhes oferecia. Dependiam da coleta de alimentos silvestres, da caça e da pesca. Não havia cultivos, criações domésticas, armazenagem e tampouco trocas de mercadorias entre bandos. Assim, passavam por períodos de fartura ou de carestia. Em cada local em que um bando se instalava a coleta, a caça e a pesca, fáceis no início, ficavam cada vez mais difíceis e distantes, até um momento em que as dificuldades para a obtenção de alimentos se tornavam tão grandes que os obrigavam a mudar sempre de lugar, sem fixação de longo prazo.
  • 8. 8 Com o passar dos tempos, descobriram que as sementes das plantas, devidamente lançadas ao solo, podiam germinar, crescer e frutificar e que animais podiam ser domesticados e criados em cativeiro. O surgimento da agropecuária teve um impacto evidente, pois pela primeira vez, era possível influir na disponibilidade dos alimentos. Com o passar do tempo, o homem foi se tornando cada vez menos nômade e mais e mais dependente da terra em que vivia, desenvolvendo a habilidade de produzir. Assim, o homem fixou-se ao solo e apropriou-se da terra. Durante milhares de anos, as atividades agropecuárias sobreviveram de forma muito extrativa, retirando o que a natureza espontaneamente lhes oferecia. Os avanços tecnológicos eram muito lentos, até mesmo de técnicas muito simples, como as adubações com materiais orgânicos (esterco e outros compostos) e o preparo de solos. Com a fixação do homem a terra, formando comunidades, surge organizações as mais diferenciadas no que se refere ao modo de produção, tendendo à formação de propriedades diversificadas quanto à agricultura e à pecuária. Os trabalhadores eram versáteis, aprendendo empiricamente e executando múltiplas tarefas, de acordo com a época e a necessidade. Logo, desde o século XIX, quando se estabeleceram hipóteses de como teria sido o desenvolvimento do homem, foram estabelecidas quatro fases: - Primeira fase – o homem foi selvagem; - Segunda fase – o homem foi nômade (sem habitação fixa) e domesticador; - Terceira fase – o homem se tornou agricultor; - Quarta fase – o homem se civilizou. A atividade agrícola foi predominante para as economias por milhares de anos antes da revolução industrial. Sua importância não diminuiu nem mesmo com o surgimento de fábricas nem com a proclamada chegada de uma era digital, pois trata-se da produção de alimentos e, sem alimentos, a vida não é possível. HISTÓRICO O crescimento populacional e a queda da fertilidade dos solos utilizados após anos de sucessivos plantios causaram, entre outros problemas, a escassez de alimentos. Contudo, alguns autores relatam que na antiguidade, a fome existia em virtude da escassez de alimentos e da falta de estrutura no armazenamento, transporte e distribuição. O sistema de produção até meados do século XVIII compreendia a produção de alimentos associados com o cultivo de árvores e arbustos nativos, na forma agroflorestal. Era realizado o manejo do solo, com rotação de cultivos, a biodiversidade de cultivos e a aplicação massiva de matéria orgânica. Na escolha das espécies e variedades, predominava a utilização de plantas adaptadas às condições locais, baseados na rusticidade e resistência às pragas, doenças e aos fatores climáticos adversos. O fim do século XVIII foi o período que iniciou a busca pela alta produtividade, objetivando uma maior produção de alimentos a nível local e nacional. Os técnicos e especialistas desenvolveram novas tecnologias de produção agrícola, que promoveram a Primeira Revolução Agrícola. Nesse período intensifica-se a adoção de sistemas de rotação de culturas com plantas forrageiras (capim e leguminosas) e as atividades de pecuária e agricultura se integram, trazendo um grande aumento da produção de alimentos com o uso dos excrementos dos animais para a adubação das lavouras. A Primeira Revolução Agrícola teve como características principais: - baixa necessidade de capital; - alta demanda de mão de obra; - atendimento ao mercado local;
  • 9. 9 - autoconsumo; - utilização de técnicas adequadas para o manejo da matéria orgânica; - crescimento de produções extensivas de alimentos, como o café, a cana de açúcar e o citros, para atendimento do mercado regional, nacional e internacional; - controle de pragas e doenças através de extratos de plantas e emulsões de querosene, tendo iniciado o emprego da Calda Bordalesa e outros. observações: - __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________
  • 10. 10 O século XIX foi de grandes descobertas para a agricultura mundial. Theodore de Saussure demonstrou o princípio da respiração das plantas. Ocorreu também, por parte de diversos pesquisadores, um grande progresso na compreensão da nutrição de plantas e da adubação das culturas. Justus von Liebig estabeleceu, em 1862, a Lei do Mínimo, que possui importância universal no manejo da fertilidade do solo ainda hoje. Neste século teve início o desenvolvimento da maquinaria agrícola, fertilizantes e pesticidas para o emprego na agricultura, o emprego agrícola do DDT, um inseticida clorado. Surgiram as grandes extensões de cultivos, principalmente monoculturas, com elevada necessidade de irrigação. Começou neste período haver a preocupação em aplicar produtos de controle de pragas e doenças que fossem inócuos ao homem. No entanto, não havia preocupações quanto ao meio ambiente e seus efeitos acumulativos no homem e na natureza. A partir da segunda metade do século XX, os países desenvolvidos criaram uma estratégia de elevação da produção agrícola mundial visando combater a fome e a miséria dos países mais pobres. Para isso introduziram técnicas mais apropriadas de cultivo, mecanização, uso de fertilizantes, defensivos agrícolas e a utilização de sementes de alto rendimento em substituição às sementes tradicionais, menos resistentes aos defensivos agrícolas. Logo, as principais características da tecnologia da Revolução Verde são: - abandono da rotação de cultivos, controle biológico, cultivares resistentes; - emprego do solo apenas como suporte das plantas, sem a preocupação da preservação do ambiente, flora e fauna; - produção agrícola altamente exigente em capital, maquinaria e tecnologia; - utilização de “defensivos modernos” no controle de pragas e doenças. Como conseqüências, a Revolução Verde trouxe um aumento expressivo na produção agrícola, mas aos poucos também trouxe problemas: compactação dos solos, erosão, perda da fertilidade dos solos, perda da biodiversidade, contaminação dos alimentos e dos seus consumidores, intoxicações crônicas e agudas dos trabalhadores rurais, contaminação dos solos e das águas por nitratos e agrotóxicos, aparecimento de pragas resistentes aos agrotóxicos, aparecimento de novas pragas, entre outros. A Revolução Verde também aumentou a dependência em relação aos países mais ricos que detinham a tecnologia indispensável ao cultivo das novas sementes e forneciam insumos necessários para viabilizar a produção. A elevação da produtividade diminuiu o preço de diversos produtos para o consumidor, mas o custo dos insumos aumentou numa escala muito maior, inviabilizando a produção em pequena escala. Dessa forma, vários pequenos proprietários ligados à agricultura comercial ficaram incapacitados de incorporar essas novas tecnologias, abandonaram suas atividades e venderam as suas propriedades, com impacto desastroso na estrutura fundiária de diversos países, entre eles o Brasil. A partir de 1953, com a descoberta da estrutura das moléculas do DNA, a biotecnologia provocou uma nova revolução na agricultura. Com isso o homem viu a possibilidade de manipular, trocar de lugar as letras do código genético e já na década de 1970, descobriu-se como unir fragmentos de diferentes espécies. Assim, através de técnicas utilizadas para alteração de genes em diferentes organismos, com a fusão de genes de espécies diferentes que jamais se cruzariam na natureza, foram criadas diversas variedades transgênicas ou OGMs (Organismos Geneticamente Modificados). Portanto, os transgênicos são espécies cuja
  • 11. 11 constituição genética foi alterada artificialmente e convertida a uma forma que não existe na natureza. É um ser vivo que recebeu um gene de outra espécie animal ou vegetal. Pouco mais de dez anos depois, as primeiras plantas transgênicas passaram a ser produzidas comercialmente e com isso a biotecnologia ganhou cada vez mais destaque no cenário científico e tecnológico, com a promessa de uma agricultura mais produtiva e menos dependente do uso de agrotóxicos. E com essa promessa vieram também as dúvidas sobre os efeitos secundários dos transgênicos e as conseqüências que podem provocar na saúde e no ambiente. As principais variedades transgênicas da grande agricultura como soja, milho, algodão, canela, mandioca, tabaco, arroz, tomate e trigo são controladas atualmente por poucas empresas multinacionais. Teme-se que tais empresas assumam o controle da produção das sementes transgênicas e isso resulte no controle do mercado mundial de alimentos, apesar da vasta produção de produtos orgânicos. FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS Alguns fatores socioeconômicos históricos condicionaram por muito tempo as propriedades rurais, ou mesmo pequenas comunidades, a sobreviver praticamente isoladas ou ser auto- suficientes. Esses fatores foram basicamente: -a distribuição espacial da população- a população era predominantemente rurícola, com mais de 80% do total de habitantes vivendo no meio rural; -a carência de infra-estrutura- as estradas, quando existiam, eram muito precárias; -a pouca evolução da tecnologia de conservação de produtos- os meios de transporte eram muito escassos e os armazéns insuficientes. Os produtos obtidos tinham sua perecibilidade acelerada por insuficiência de técnicas de conservação; -as dificuldades de comunicação- os meios de comunicação eram muito lentos. As propriedades rurais eram muito diversificadas, com várias culturas e criações diferentes, necessárias à sobrevivência de todos que ali viviam. Eram comuns as propriedades que integravam suas atividades primárias com atividades industriais (agroindustriais). No Brasil, por exemplo, no Estado de Minas Gerais, cada propriedade rural podia produzir ao mesmo tempo: arroz, feijão, milho, algodão, café, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, frutas, hortaliças e outras, além de criações de bovinos e ovinos, suínos, aves e eqüinos. E mais, nessas propriedades o algodão era tecido e transformado em confecções; o leite era beneficiado e transformado em queijos, requeijões e manteiga; da cana-de -açúcar faziam a rapadura, o melado, o açúcar mascavo e a cachaça; da mandioca fabricavam a farinha, o polvilho e biscoitos diversos; o milho era usado diretamente como ração e/ou destinado ao moinho para transformação em fubá, que era usado para fabricação de produtos diversos; e assim por diante. Na região sul do país, o modelo de colônias transformava cada uma delas em um complexo de atividades de produção e de consumo, com pouca geração de excedentes e pouca entrada de outros produtos. Assim extraíam a madeira, tinham suas próprias serrarias e marcenarias, produziam os produtos de subsistência alimentar (arroz, trigo, milho, feijão e outros), inclusive algumas transformações, e compravam poucos produtos. Nas fazendas de produção de açúcar, durante o período da escravatura, o sustento dos trabalhadores era obtido em pequenas áreas, concedido aos escravos para produção de alimentos. Esses acontecimentos não se referem a passados muito longínquos. Esse modelo geralmente continha uma atividade comercial (como fumo, trigo, açúcar ou outras), em escalas de produção diferenciadas, com objetivo de gerar receita para compra de alguns bens não produzidos no local, como sal, querosene para iluminação e outros produtos e, para gerar riquezas para poucos. As propriedades praticamente produziam e industrializavam tudo de que necessitavam. Assim, eram quase auto-suficientes. Por isso, qualquer referência à “agricultura” relacionava-se a todo o conjunto de atividades desenvolvidas no meio rural, das mais simples às mais complexas, quase todas dentro das próprias fazendas. A evolução sócio-econômica, sobretudo com os avanços tecnológicos, mudou totalmente a fisionomia das propriedades rurais. A população começou a sair do meio rural e dirigir-se para as cidades, passando, nesse período, de 20% para 70% a taxa de pessoas residentes no meio urbano (caso do Brasil). O avanço tecnológico foi intenso, provocando saltos nos
  • 12. 12 índices de produtividade agropecuária (Revolução Verde). Com isso, menor número de pessoas cada dia é obrigado a sustentar mais gente. Assim, as propriedades rurais cada dia mais: -perdem sua auto-suficiência; -passam a depender sempre mais de insumos e serviços que não são seus; -especializam-se somente em determinadas atividades; -geram excedentes de consumo e abastecem mercados, às vezes, muito distantes; -recebem informações externas; -necessitam de estradas, armazéns, portos, aeroportos, softwares, bolsas de mercadorias, pesquisas, fertilizantes, novas técnicas, tudo de fora da propriedade rural; -conquistam mercado; -enfrentam a globalização e a internacionalização da economia. Então, a “agricultura” de antes passa a depender de muitos serviços, máquinas e insumos que vêm de fora. Depende também do que ocorre depois da produção, como armazéns, infra-estruturas diversas (portos, estradas, e outras), agroindústrias, mercados atacadistas e varejistas, exportação. Cada um desses segmentos assume funções próprias, cada dia mais especializadas, mas compondo um elo importante em todo o processo produtivo e comercial de cada produto agropecuário. Por isso, surgiu a necessidade de uma concepção diferente de “agricultura”. Já não se trata de propriedades auto-suficientes, mas de todo um complexo de bens, serviços e infra-estrutura que envolvem agentes diversos e interdependentes. DEFINIÇÕES IMPORTANTE: * Agricultura - Arte de cultivar os campos, com vistas à produção de vegetais úteis ao homem. Atividade desenvolvida pelo homem que o relaciona com a terra de uma forma metódica e sistemática, tendo como objetivo a produção de alimentos. * Agricultura extensiva - É caracterizada geralmente pelo uso de técnicas rudimentares (simples) ou tradicionais na produção. Esse tipo de agricultura pode ser encontrado tanto nas pequenas quanto nas grandes propriedades com o predomínio da mão-de-obra humana e baixa mecanização. A falta de capital é um marco neste tipo de agricultura. * Agricultura intensiva - É um sistema de produção agrícola que faz uso intensivo dos meios de produção e na qual produzem grandes quantidades de um único tipo de produto. Requer grande uso de combustível e insumos, e pode acarretar alto impacto ambiental, pois não é utilizada a rotação de terra. Grande produtividade e utilização de maquinário. * Agricultura de subsistência - É um sistema de produção agrícola que visa a sobrevivência do agricultor e de sua família. É caracterizada pela utilização de recursos técnicos pouco desenvolvidos. Os instrumentos agrícolas mais usados são: enxada, foice e arado (tração animal). Raramente são utilizados tratores ou outro tipo de máquina. A produção é baixa em comparação às grandes propriedades rurais mecanizadas. * Monocultura - É a produção ou cultura de apenas uma especialidade agrícola. * Policultura - Cultivo de vários produtos agrícolas ao mesmo tempo. observações: - __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ PRINCIPIOS ECOLOGICOS NA AGRICULTURA
  • 13. 13
  • 14. 14
  • 15. 15
  • 16. 16
  • 17. 17
  • 18. 18
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  • 22. 22
  • 23. 23 BIODIVERSIDADE "Bio" significa "vida" e diversidade significa "variedade". Então, biodiversidade ou diversidade biológica compreende a totalidade de variedade de formas de vida que podemos encontrar na Terra (plantas, aves, mamíferos, insetos, microorganismos...). A biodiversidade possui três grandes níveis: 1) Diversidade genética - os indivíduos de uma mesma espécie não são geneticamente idênticos entre si. Cada indivíduo possui uma combinação única de genes que fazem com que alguns sejam mais altos e outros mais baixos, alguns possuam os olhos azuis enquanto outros os tenham castanhos, tenham o nariz chato ou pontiagudo. As diferenças genéticas fazem com que a Terra possua uma grande variedade de vida. 2) Diversidade orgânica - os cientistas agrupam os indivíduos que possuem uma história evolutiva comum em espécies. Possuir a mesma história evolutiva faz com que cada espécie possua características únicas que não são compartilhadas com outros seres vivos. Os cientistas já identificaram cerca de 1,75 milhões de espécies. Contudo, eles estão somente no começo. Algumas estimativas apontam que podem existir entre 10 a 30 milhões de espécies na Terra. 3) Diversidade ecológica - As populações da mesma espécie e de espécies diferentes interagem entre si formando comunidades; essas comunidades interagem com o ambiente formando ecossistemas, que interagem entre si formando paisagens, que formam os biomas. Desertos, florestas, oceanos, são tipos de biomas. Cada um deles possui vários tipos de ecossistemas, os quais possuem espécies únicas. Quando um ecossistema é ameaçado todas as suas espécies também são ameaçadas. Por que a biodiversidade é importante? Qual é o valor de um metro cúbico de água liberado pela Floresta Amazônica, por evaporação, que retorna em forma de chuva, mantendo o clima úmido da região? Qual é o
  • 24. 24 valor dos nutrientes acumulados nos troncos e nas cascas de árvores centenárias? Quais seriam os prejuízos provocados pelos incêndios na Amazônia se estes não se apagassem nas margens das florestas? Quanto vale um quilo de carbono que deixa de ser liberado para a atmosfera por estar estocado em suas florestas? Estas perguntas estão relacionadas ao valor do que pode ser chamado "serviço ecológico" fornecido pela floresta Amazônica. A importância desses serviços fica clara quando se projeta um cenário de "Amazônia desmatada". Se a maior parte da vasta extensão de floresta existente hoje fosse removida, além do desaparecimento de número enorme de espécies, a atmosfera da Terra passaria a ter muito mais gás carbônico, agravando o efeito estufa e o conseqüente aquecimento global. Portanto, a biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza por ser responsável pelo equilíbrio e pela estabilidade dos ecossistemas. Além disso, a biodiversidade é fonte de imenso potencial econômico por ser a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras, florestais e também a base da indústria da biotecnologia, ou seja, da fabricação de remédios, cosméticos, enzimas industriais, hormônios, sementes agrícolas. Portanto, a biodiversidade possui, além do seu valor intrínseco, valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo... Com tamanha importância, é preciso conhecer e evitar a perda da biodiversidade! Fatores que ameaçam a conservação da biodiversidade A perda da biodiversidade envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos. A situação é particularmente grave na região tropical. Populações humanas crescentes e pressões econômicas estão levando a uma ampla conversão das florestas tropicais em um mosaico de hábitats alterados por ação humana. Como resultado da pressão de ocupação humana, a Mata Atlântica ficou reduzida a menos de 10% da vegetação original. Os principais processos responsáveis pela perda da biodiversidade são: Perda e fragmentação dos hábitats; Introdução de espécies e doenças exóticas; Exploração excessiva de espécies de plantas e de animais; Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento; Contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes; Mudanças climáticas. O que é Agricultura Orgânica? Agricultura Orgânica é um processo produtivo comprometido com a organicidade e sanidade da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres humanos, razão pela qual usa e desenvolve tecnologias apropriadas à realidade local de solo, topografia, clima, água, radiações e biodiversidade própria de cada contexto, mantendo a harmonia de todos esses elementos entre si e com os seres humanos. Esse modo de produção assegura o fornecimento de alimentos orgânicos saudáveis, mais saborosos e de maior durabilidade; não utilizando agrotóxicos preserva a qualidade da água usada na irrigação e não polui o solo nem o lençol freático com substâncias químicas tóxicas; por utilizar sistema de manejo mínimo do solo assegura a estrutura e fertilidade dos solos evitando erosões e degradação, contribuindo para promover e restaurar a rica biodiversidade local; por esse conjunto de fatores a agricultura orgânica viabiliza a sustentabilidade da agricultura familiar e amplia a capacidade dos ecossistemas locais em
  • 25. 25 prestar serviços ambientais a toda a comunidade do entorno, contribuindo para reduzir o aquecimento global. As práticas da agricultura orgânica, assim como as demais sob a denominação de biológica, ecológica, biodinâmica, agroecológica e natural, comprometidas com a sustentabilidade local da espécie humana na terra, implicam em: 1. Uso da adubação verde com uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico; 2. Adubação orgânica com uso de compostagem da matéria orgânica, que pela fermentação elimina microorganismos como fungos e bactérias, eventualmente existentes em estercos de origem animal, desde que provenientes da própria região; 3. Minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertilidade; manejo mínimo e adequado do solo com plantio direto, curvas de níveis e outras para assegurar sua estrutura, fertilidade e porosidade; 4. Manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de culturas e cultivos protegidos para controle da luminosidade, temperatura, umidade, pluviosidade e intempéries; 5. uso racional da água de irrigação seja por gotejamento ou demais técnicas econômicas de água contextualizadas na realidade local de topografia, clima, variação climática e hábitos culturais de sua população. AGRICULTURA BIODINÂMICA GANHA FORÇA A biodinâmica, começa a granhar espaço no Brasil, graças ao plantio livre de agrotóxicos e ao fato de ser feita em ambientes naturais equilibrados, que integram homem, animais e plantas, promete entregar produtos mais saborosos e resistentes ao consumidor. Melhores até do que os orgânicos. Em algumas culturas essa técnica é mais difundida do que em outras, quem produz por meio da agricultura biodinâmica afirma que ela é mais rentável. O grande mercado consumidor, ainda fica fora do país. A agricultura biodinâmica criada pelo filósofo e educador suíço Rudolf Steiner em 1924, determina que a fazenda que produz alimentos biodinâmicos deve respeitar o ciclo da lua, dos planetas e até dos astros para que as plantas sejam energizadas. Desde 1998 a empresa Fazenda Tamanduá planta, comercializa no Brasil e exporta para Holanda e Espanha manga, melão, goiaba e arroz vermelho produzidos no sertão da Paraíba, a 300 quilômetros de João Pessoa. O técnico agrícola e gerente da fazenda, Manoel Zacarias Lima Neto, afirma que o que se colhe na fazenda é resultado de um equilíbrio ecológico entre homem, plantas e animais. “Com o esterco do gado fazemos a compostagem para a plantação de manga. A manga que não é boa para o consumidor é utilizada para alimentar o gado. Em outra área, as abelhas polinizam a flor do melão. Em troca, produzimos mel”, exemplifica. A Fazenda Tamanduá, ocupa uma área de aproximadamente três mil hectares, e não usa agrotóxicos. A urina do gado serve como repelente. O soro do leite é utilizado para prevenir as pragas. “Usamos muito os bacilos, que são organismos vivos, fungos que matam alguns tipos de lagarta. São inseticidas naturais”, diz Manoel.
  • 26. 26 Um dos diferenciais da biodinâmica em comparação com as outras técnicas de agricultura é o uso de preparados, compostos naturais para dar vida à terra. Há sete tipos de preparados. Num deles, o preparado 500, esterco é colocado dentro de um chifre de vaca e enterrado por seis meses. Depois, o chifre é desenterrado e um grama deste esterco é misturado em 200 litros de água durante uma hora. Depois, é espalhado por um hectare de plantação. Cada um dos sete tipos de preparados tem uma característica. O 500, por exemplo, leva vida ao solo. O 501, feito com pó de sílica, ajuda a tornar os frutos mais resistentes. Os outros utilizam camomila, mil folhas, urtiga, casca de carvalho e dente de leão. Além dos preparados, o cultivo de plantas biodinâmicas segue datas estabelecidas por calendários criados pela alemã Maria Thun. Segundo o professor da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e diretor do Instituto Biodinâmico e da Comissão da Produção Orgânica de São Paulo (Ceporg-SP), Francisco Luiz Araújo Câmara, esses calendários mostram qual é o dia ideal para trabalhar com cada cultura. O calendário é baseado no alinhamento dos astros com os planetas e o sol. Os calendários utilizados no hemisfério sul são adaptados, pois Maria Thun desenvolveu esta agenda de acordo com as condições do hemisfério norte. Segundo Câmara, o uso dos preparados, dos calendários e o estabelecimento do equilíbrio na plantação resultam, em teoria, em produtos mais saborosos e resistentes. Café e vinho biodinâmico, por exemplo, fazem sucesso entre seus apreciadores. “Os biodinâmicos podem apresentar mais qualidades de aroma e de sabor, que são valorizadas pelos consumidores do vinho e do café. São aspectos sutis”, afirma Câmara. Assim como a agricultura orgânica, ele explica que a biodinâmica não utiliza agrotóxicos e que ambas usam solo coberto [que recebe menos sol]. A orgânica, no entanto, não utiliza os preparados nem segue o calendário da biodinâmica. Coordenador geral da Associação Biodinâmica, Pedro Jovchelevich diz que uma das características da agricultura biodinâmica é valorizar as características organolépticas do produto, ou seja, que podem ser identificadas pelos sentidos humanos. “O vinho biodinâmico é famoso no exterior. Mas já há um produtor de vinho biodinâmico em Santa Catarina. O café biodinâmico também tem crescido no mercado nacional”, diz. Produtor de vinhos na França, Nicolas Joly é adepto da técnica biodinâmica e comanda a associação Renaissance des Appelattion, que reúne mais de 170 produtores de 15 países. A maioria produz vinhos, mas os dois brasileiros do grupo produzem chocolate e café. Henrique Sloper é o dono da Fazenda Camorcim, que produz café biodinâmico no Espírito Santo. “Há cinco anos, a associação do Nicolas Joly tinha 70 pessoas. Hoje são 170. A biodinâmica ainda representa pouco no total de produtos agrícolas, cerca de 1%. Porém, cresce de 20% a 30% por ano”, diz. A fazenda de Sloper tem 300 hectares, 50 deles com seis variações de pés de arábica biodinâmico que rendem mil sacas por ano. Sloper exporta a produção do fruto para Nova
  • 27. 27 Zelândia, Finlândia e França, entre outros. “Eu reajo à demanda que existe, mas quero ampliar [os clientes], claro”. Ele vende outras quatro mil sacas em associação com outros produtores de café biodinâmico. Uma saca de 60 quilos de café produzido na fazenda de Sloper varia entre US$ 800 e US$ 1.500. Uma saca de café arábica “normal” custa, em média, R$ 550. O motivo que o faz apostar nesta técnica não é apenas comercial. Está, também, relacionado à qualidade de vida. “Este conceito está presente no primeiro mundo, na Europa especialmente. Compreende uma mudança de estilo de vida. Não é apenas comercial. As pessoas só vão abandonar isso se não tiverem mais dinheiro. Biodinamismo é respeitar as energias. São frutas de melhor qualidade, mais resistentes. Se você abrir uma maçã normal, ela irá oxidar em 10 minutos. Se for uma maçã proveniente de agricultura biodinâmica, ela vai demorar uma hora e meia para oxidar”, diz. Segundo Jovchelevich, o Brasil tem cerca de 200 produtores adeptos da técnica biodinâmica. A maioria é de pequenos agricultores. No entanto, a tendência é que esse método ganhe mais adeptos no País nos próximos anos. “A agricultura biodinâmica é mais exigente, valoriza os ritmos da natureza, é como uma alquimia no campo. O mercado interno é semelhante ao mercado de orgânicos. Lá fora esse tipo de produto é mais valorizado do que aqui, especialmente na Alemanha, Suíça e Austrália. Mas temos um crescimento contínuo [nas vendas], pois os produtos biodinâmicos têm relação direta com a qualidade de vida”, diz. PERMACULTURA A permacultura é um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades)ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis. A permacultura foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren na década de 70, se baseando no modo de vida integrado à natureza das comunidades aborígenes tradicionais da Austrália. O termo, cunhado na Austrália, veio de permanent agriculture (agricultura permanente), e mais tarde se estendeu para significar permanent culture (cultura permanente). A sustentabilidade ecológica, ideia inicial, estendeu-se à sustentabilidade dos assentamentos humanos locais. A permacultura é uma filosofia de trabalhar com, e não contra a natureza; de observação prolongada e pensativa em vez de trabalho prolongado e impensado, e de olhar para plantas e animais em todas as suas funções, em vez de tratar qualquer área como um sistema único produto. Os princípios da Permacultura vem da posição de Mollison de que (...)a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos. A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da natureza, integrando plantas, animais, construções e pessoas em um ambiente produtivo e com estética e harmonia. A permacultura, além de ser um método para planejar sistemas de escala humana, proporciona uma forma sistêmica de se visualizar o mundo e as correlações entre todos os seus componentes. Serve, portanto, como meta-modelo para a prática da visão sistêmica, podendo ser aplicada em todas as situações necessárias, desde como estruturar o habitat humano até como resolver questões complexas do mundo empresarial. Permacultura é a utilização de uma forma sistêmica de pensar e conceber princípios ecológicos que podem ser usados para projetar, criar, gerir e melhorar
  • 28. 28 todos os esforços realizados por indivíduos, famílias e comunidades no sentido de um futuro sustentável. A Permacultura origina-se de uma cultura permanente do ambiente. Estabelecer em nossa rotina diária, hábitos e costumes de vida simples e ecológicos - um estilo de cultura e de vida em integração direta e equilibrada com o meio ambiente, envolvendo-se cotidianamente em atividades de auto-produção dos aspectos básicos de nossas vidas referentes a abrigo, alimento,transporte, saúde, bem- estar, educação e energia renovável. Permacultura tem na sua relação com a atividade agrícola uma síntese das práticas tradicionais com ideias inovadoras, unindo o conhecimento secular às descobertas da ciência moderna, proporcionando o desenvolvimento integrado da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor familiar. E, neste ponto, encontra paralelos com a Agricultura Natural que, sendo difundida intencionalmente pelas pesquisas do japonês Masanobu Fukuoka por todo o mundo, chegaram as mãos dos fundadores da permacultura e foram por eles desenvolvidas. Os três pilares da Permacultura == Pode-se dizer que os três pilares da Permacultura na sua versão contemporânea são: * '''Cuidado com a Terra''': Provisão para que todos os sistemas de vida para continuem e se multipliquem. Este é o primeiro princípio, porque sem uma terra saudável, os seres humanos não podem exercer suas qualidades. * '''Cuidado com as Pessoas''': Provisão para que as pessoas acessem os recursos necessários para sua existência. * '''Repartir os excedentes''': Ecossistemas saudáveis utilizam a saída de cada elemento para nutrir os outros. Nós, os seres humanos podemos fazer o mesmo. Os príncipios da Permacultura == Os princípios da permacultura são: # Observe e interaja. # Capte e armazene energia. # Obtenha rendimento # Pratique auto-regulação e aceite retorno. # Use e valorize os serviços e recursos renovaveis. # Não produza desperdícios. # Design partindo de padrões para chegar a detalhes. # Integrar em vez de segregar. # Use soluções pequenas e lentas. # Use e valorize a diversidade. # Use as bordas e valorize os elementos marginais. # Use criativamente e responda às mudanças.