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Tipologia Textual                                                           Professor Vinícius Carvalho

CESPE – 2011 – SESA/ES
No Brasil, a coleta de materiais recicláveis, tais como latinhas, garrafas pet, papelão, papel, isopor, nem sempre é vista com o
respeito devido. Claro que existem exceções, mas muita gente reclama das carroças que atrapalham o trânsito, e, mesmo quando
param para descansar ou recolher material, os catadores são vistos com desconfiança ou desdém. O mais complicado é fazer
determinadas pessoas enxergarem nessa atividade um trabalho árduo e extremamente útil. São homens e mulheres anônimos que
contribuem para o milagre da transformação do lixo, que entope bueiros, suja as ruas e vai parar nos rios, em matéria útil que volta
para a cadeia produtiva em forma de insumo para novos produtos.
Mesmo com a atividade desses trabalhadores, que travam uma luta diária pela sobrevivência, repousa, no fundo de muitos rios
brasileiros, a exemplo dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo, uma colossal quantidade de lixo composta de todo o tipo de
materiais, inclusive sofás e geladeiras, e sujeiras de toda a espécie despejados pelas pessoas. Os especialistas consideram que uma
das principais razões da ocorrência de enchentes é exatamente a ausência de vazão dos nossos principais rios, em cujos leitos há
enorme quantidade de sedimentos.
Reinaldo Canto. Fim de ponto de coleta é retrocesso injustificável. Internet: <www.cartacapital.com.br> (com adaptações).

    1.   Esse texto caracteriza-se como predominantemente dissertativo-argumentativo.

CESPE – 2011 – POLÍCIA CIVIL
A cena é muito comum: cidade afora, pessoas abusam do uso da água, lavando calçadas, passeios e carros. Mesmo que o Brasil
seja o grande reservatório de água doce do mundo (11,6% do total disponível, com cada brasileiro, em tese, dispondo de 34
milhões de litros por ano, embora possa levar vida confortável com 2 milhões de litros anuais), tem na distribuição o seu maior
gargalo: 80% concentram-se na Amazônia, onde vivem apenas 5% da população do país, com os 20% restantes abastecendo 95%
dos brasileiros. Várias cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais convivem com oferta
anual inferior a 2 milhões de litros por habitante, para uso direto e indireto.
O consumo per capita dobrou em 20 anos, enquanto a disponibilidade de água ficou três vezes menor. Para piorar esse quadro, há
muito desperdício: cerca de 30% da água tratada é perdida em vazamentos nas ruas do país — só na Grande São Paulo o
desperdício chega a 10 metros cúbicos de água por segundo, o que daria para abastecer cerca de 3 milhões de pessoas diariamente.
Sem falar nos hábitos culturais inadequados, como deixar a torneira da pia aberta, tomar banhos intermináveis ou usar a água
como vassoura.
Estado de Minas, 23/11/ 2010 (com adaptações).

    2.   O texto em questão é essencialmente dissertativo e denuncia problemas no consumo doméstico de água.

CESPE - SEDUC/AM – 2011
Uma aula é como comida. O professor é o cozinheiro. O aluno é quem vai comer. Se a criança se recusa a comer, pode haver duas
explicações. Primeira: a criança está doente. A doença lhe tira a fome. Quando se obriga a criança a comer quando ela está sem
fome, há sempre o perigo de que ela vomite o que comeu e acabe por odiar o ato de comer. É assim que muitas crianças acabam
por odiar as escolas. O vômito está para o ato de comer como o esquecimento está para o ato de aprender. Esquecimento é uma
recusa inteligente da inteligência. Segunda: a comida não é a comida que a criança deseja comer: nabo ralado, jiló cozido, salada
de espinafre... O corpo é um sábio: não come tudo o que jogam para ele, mas opera com um delicado senso de discriminação.
Algumas coisas ele deseja. Prova. Se são gostosas, ele come com prazer e quer repetir. Outras não lhe agradam, e ele recusa. Aí eu
pergunto: ―O que se deve fazer para que as crianças tenham vontade de tomar sorvete?‖. Pergunta boba. Nunca vi criança que não
estivesse com vontade de tomar sorvete. Mas eu não conheço nenhuma mágica que seja capaz de fazer que uma criança seja
motivada a comer salada de jiló com nabo. Nabo e jiló não provocam sua fome.
(...)
As crianças têm, naturalmente, um interesse enorme pelo mundo. Os olhinhos delas ficam deslumbrados com tudo o que veem.
Devoram tudo. Lembro-me da minha neta de um ano, agachada no gramado encharcado, encantada com uma minhoca que se
mexia. Que coisa fascinante é uma minhoca aos olhos de uma criança que a vê pela primeira vez! Tudo é motivo de espanto.
Nunca esteve no mundo. Tudo é novidade, surpresa, provocação à curiosidade. Quando visitei uma reserva florestal no Espírito
Santo, a bióloga encarregada de educação ambiental me contou que era um prazer trabalhar com as crianças. Não era necessário
nenhum artifício de motivação. As crianças queriam comer tudo o que viam. Tudo provocava a fome dos seus olhos: insetos,
pássaros, ninhos, cogumelos, cascas de árvores, folhas, bichos, pedras. (...) Os olhos das crianças têm fome de coisas que estão
perto. (...) São brinquedos para elas. Estão naturalmente motivadas por eles. Querem comê-los. Querem conhecê-los.
Rubem Alves. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002, p. 82-4 (com adaptações).

    3.   O texto é predominantemente argumentativo; nele, o autor expõe suas ideias de forma a convencer o leitor e usa, para
         esse fim, imagens do mundo real e exemplos tirados de sua própria experiência.

CESPE – CORREIOS – 2011
O Pe. Antônio Vieira foi submetido a residência forçada, em Coimbra, de fevereiro de 1663 até setembro de 1665 e, finalmente,
preso pela Inquisição no dia 1.º de outubro. Publicou-se uma importante série de cartas escritas por ele nesse período, que se
escalonaram com bastante regularidade de 17 de dezembro de 1663 a 28 de setembro de 1665.
Em cerca de trinta cartas que foram conservadas, encontram-se alusões mais ou menos desenvolvidas ao ―tempo que faz‖. Para
apreciar o valor e o significado dessas indicações, é preciso entender as principais razões que levavam o padre a interessar-se pelo
tempo. A principal era, sem dúvida, as repercussões que certos tipos de tempo tinham sobre a regularidade do funcionamento das
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comunicações, em especial a circulação das cartas e notícias. Sujeitado a residência forçada, Antônio Vieira ansiava pela chegada
do correio, sobretudo o que provinha de Lisboa e da Corte, mas também dos outros lugares onde tinha amigos. Em certos períodos
do ano, inquietava-se também pelas condições de navegação do Atlântico, perigosas para as frotas do Brasil e da Índia. Outra
razão do seu interesse eram as repercussões do tempo sobre a própria saúde e a dos amigos, e sobre os rebates da peste. Enfim,
não podia esquecer as campanhas militares que, a partir da primavera, decorriam então no Alentejo.
Convém não esquecer que as anotações climáticas nas cartas de Antônio Vieira podiam ter, às vezes, valor puramente metafórico.
No ambiente de acesas intrigas palacianas que o Padre acompanhava a distância, ele deixa mais de uma vez transparecer o receio
de que as cartas dele e dos seus correspondentes fossem abertas e lidas. Por isso, expressa-se muitas vezes por alusões e
metáforas. Por exemplo, a 20 de julho, escrevia a D. Teodósio: ―Em tempo de tanta tempestade, não é seguro navegar sem
roteiro.‖ Tratava-se apenas, na realidade, de combinar o percurso para um encontro clandestino estival nas margens do Mondego.
O contexto permite, quase sempre, desfazer as dúvidas.
Suzanne Daveau. Os tipos de tempo em Coimbra (dez. 1663 – set. 1665), nas cartas de Padre Antônio Vieira. In: Revista
Finisterra, v. 32, n.º 64, Lisboa, 1997, p. 109-15. Internet: <www.ceg.ul.pt> (com adaptações).

    4. Nesse texto, essencialmente informativo, o assunto está centrado nas menções feitas ao clima pelo Padre Antônio
Vieira em cartas escritas no exílio.

CESPE – CORREIOS – 2011
Os garotos da Rua Noel Rosa
onde um talo de samba viça no calçamento,
viram o pombo-correio cansado
confuso
aproximar-se em voo baixo.

Tão baixo voava: mais raso
que os sonhos municipais de cada um.
Seria o Exército em manobras
ou simplesmente
trazia recados de ai! amor
à namorada do tenente em Aldeia Campista?

E voando e baixando entrançou-se
entre folhas e galhos de fícus:
era um papagaio de papel,
estrelinha presa, suspiro
metade ainda no peito, outra metade
no ar.

Antes que o ferissem,
pois o carinho dos pequenos ainda é mais desastrado
que o dos homens
e o dos homens costuma ser mortal
uma senhora o salva
tomando-o no berço das mãos
e brandamente alisa-lhe
a medrosa plumagem azulcinza
cinza de fundos neutros de Mondrian
azul de abril pensando maio.

3235-58-Brasil
dizia o anel na perninha direita.
Mensagem não havia nenhuma
ou a perdera o mensageiro
como se perdem os maiores segredos de Estado
que graças a isto se tornam invioláveis,
ou o grito de paixão abafado
pela buzina dos ônibus.
Como o correio (às vezes) esquece cartas
teria o pombo esquecido
a razão de seu voo?

Ou sua razão seria apenas voar
baixinho sem mensagem como a gente
vai todos os dias à cidade
Tipologia Textual                                                           Professor Vinícius Carvalho

e somente algum minuto em cada vida
se sente repleto de eternidade, ansioso
por transmitir a outros sua fortuna?

Era um pombo assustado
perdido
e há perguntas na Rua Noel Rosa
e em toda parte sem resposta.

Pelo quê a senhora o confiou
ao senhor Manuel Duarte, que passava
para ser devolvido com urgência
ao destino dos pombos militares
que não é um destino.

Carlos Drummond de Andrade. Pombo-correio. In: Carlos Drummond de Andrade: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
2002, p. 483. Internet: <www.releituras.com>.

    5.   O texto pode ser considerado, simultaneamente, poético e narrativo.

CESPE – PREVIC - 2011
Os países que se mostram como vozes dissonantes na orquestra das nações ajustadas aos acordes da Declaração Universal dos
Direitos Humanos e da atual noção de democracia passaram a ocupar insistentemente as manchetes dos jornais de todo o planeta
na última década. Observamos multiplicarem-se, por parte daqueles países, desafios aos atuais mandatários da economia
globalizada, ameaças contra Estados vizinhos, investimentos em arsenais de alcance desconhecido e escândalos de abusos de força
contra opositores internos. Trata-se de uma desafinação sem trégua em relação ao concerto mundial, sem que se possa imaginar, a
esta altura, em que diapasão — estrondoso ou pianíssimo — terminará tal partitura.
O que tem alimentado o noticiário dos países desenvolvidos ou em vias de sê-lo não é somente a queda de braço que situa, de um
lado, os países-maestros e seus conselhos transnacionais, e de outro as nações ―não alinhadas‖. Além dos confrontos situados nas
altas esferas, com o advento da rede mundial de informação, a imprensa passou a repercutir com igual destaque figuras individuais
no interior dos regimes ―de exceção‖, muitas vezes rapidamente alçadas à categoria de ícones.
Álvaro Machado. De olhos atentos na margem oposta. In: Revista da Cultura, jul./2010, p. 33 (com adaptações).

    6. No texto, cujas características permitem classificá-lo como dissertativo-expositivo, o vocabulário do mundo da música é
associado ao cenário das relações internacionais.

FCC – TER/RN – 2011
Rio Grande do Norte: a esquina do continente
Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação
portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco
favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para
abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95%
de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo
no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual.
O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz
parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o
mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas;
abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante.
Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas.
Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos
importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a
imaginação do homem.
O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem
os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios
que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local
vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes
atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi.
(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo).

7. O texto se estrutura notadamente
(A) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases
econômicas, desde a época da colonização.
(B) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do
Estado.
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(C) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas
se apresenta como a mais bela.
(D) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado
oferece.
(E) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-lhes uma
ordem preferencial de visitação.


FGV – Administrador - 2002
O exercício da crônica
Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado
meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino.
Senta-se ele diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer,
de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue
novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, lhe surja de repente
a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância,
recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
Alguns fazem-no de maneira simples e direta, sem caprichar demais no estilo, mas enfeitando-o aqui e ali desses pequenos
achados que são a sua marca registrada e constituem um tópico infalível nas conversas do alheio naquela noite. Outros, de modo
lento e elaborado, que o leitor deixa para mais tarde como num convite ao sono: a estes se lê como quem mastiga com prazer
grandes bolas de chicletes. Outros ainda, e constituem a maioria, ―tacam peito‖ na máquina e cumprem o dever cotidiano da
crônica com uma espécie de desespero, numa atitude ou-vai-ou-racha. Há os eufóricos, cuja prosa procura sempre infundir vida e
alegria em seus leitores e há os tristes, que escrevem com o fito exclusivo de desanimar o gentio não só quanto à vida, como
quanto à condição humana e às razões de viver. Há também os modestos, que ocultam cuidadosamente a própria personalidade
atrás do que dizem e, em contrapartida, os vaidosos, que castigam no pronome na primeira pessoa e colocam-se geralmente como
a personagem principal de todas as situações. Como se diz que é preciso um pouco de tudo para fazer um mundo, todos estes
―marginais da imprensa‖, por assim dizer, têm o seu papel a cumprir. Uns afagam vaidades, outros as espicaçam; este é lido por
puro deleite, aquele por puro vício. Mas uma coisa é certa: o público não dispensa a crônica, e o cronista afirma-se cada vez mais
como o cafezinho quente seguido de um bom cigarro, que tanto prazer dão depois que se come.
Coloque-se porém o leitor, o ingrato leitor, no papel do cronista. Dias há em que, positivamente, a crônica ―não baixa‖. O cronista
levanta-se, senta-se, lava as mãos, levanta-se de novo, chega à janela, dá uma telefonada a um amigo, põe um disco na vitrola, relê
crônicas passadas em busca de inspiração - e nada. Ele sabe que o tempo está correndo, que a sua página tem uma hora certa para
fechar, que os linotipistas o estão esperando com impaciência, que o diretor do jornal está provavelmente coçando a cabeça e
dizendo a seus auxiliares: - ―É... Não há nada a fazer com Fulano...‖ Aí então é que, se ele é cronista mesmo, ele se pega pela gola
e diz: - ―Vamos, escreve, ó mascarado! Escreve uma crônica sobre esta cadeira que está aí em tua frente! E que ela seja bem feita
e divirta os leitores!‖ E o negócio sai de qualquer maneira.
O ideal para um cronista é ter sempre uma ou duas crônicas adiantadas. Mas eu conheço muito poucos que o façam. Alguns
tentam, quando começam, no afã de dar uma boa impressão ao diretor e ao secretário do jornal. Mas se ele é um verdadeiro
cronista, um cronista que se preza, ao fim de duas semanas estará gastando a metade do seu ordenado em mandar sua crônica de
táxi - e a verdade é que, em sua inocente maldade, tem um certo prazer em imaginar o suspiro de alívio e a correria que ela causa
quando, tal uma filha desaparecida, chega de volta à casa paterna.
(Vinícius de Moraes. Para viver um grande amor. 1962.)

8. Assinale a alternativa que NÃO é explicitada pelo texto de Vinícius de Moraes.
(A) O cronista aborda o fazer literário.
(B) O enfoque jornalístico da crônica está presente.
(C) O cronista deve procurar seduzir o leitor para o seu texto.
(D) O cronista apregoa a mediocrização textual de certas crônicas.
(E) O cronista focaliza a diversidade textual do gênero crônica.

9. A crônica de Vinícius de Moraes NÃO manifesta:
(A) o compromisso do cronista com o seu ofício.
(B) a angústia do cronista em relação à sua produção textual.
(C) a aceitação crescente da crônica por parte do público leitor de jornais.
(D) o apontar aspectos limitativos exteriores que perturbam a atividade do cronista.
(E) o escrever sobre a fugacidade do cotidiano para salvar do esquecimento o fato efêmero.

FGV – Potigás - 2006
O sim e o não
Sim, a política externa brasileira sempre foi pacífica, a favor da solução negociada e, por isso, há cem anos o Brasil não tem uma
guerra com qualquer dos dez países com os quais compartilha 16.886km de fronteira. Não, isso não significa abrir mão da
firmeza, da defesa dos interesses nacionais, do tom mais duro quando necessário. O governo Lula, com sua diplomacia bicéfala,
não entende a diferença do sim e do não.
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Sim, a Bolívia é um país pobre, foi espoliada no passado, tem uma maioria indígena que precisa de mais poder e mais riqueza em
suas mãos. Não, isso não significa que possa tomar qualquer atitude confiando que sua pobreza e seu sofrimento passado a
abonam previamente por qualquer erro que cometa.
Sim, a Bolívia tem direito a toda a sua riqueza e seu patrimônio; seu solo e subsolo são sua soberania. Ela pode – qualquer país
pode – mudar suas leis e rever contratos. Não, essas mudanças não podem ser feitas pela força, com o uso de tropas, com ações
unilaterais para revogar tudo o que foi livremente negociado. Por isso existe o direito internacional. A civilização construiu, para a
convivência entre os países, para arbitrar os interesses divergentes, as leis internacionais que limitam os estados nacionais.
Sim, a Bolívia pode querer alterar o preço do gás que vende ao Brasil ou a qualquer país. Se ela se sente lesada comercialmente,
pode e deve propor uma negociação para rever isso. Não, nem de longe a maneira como a Bolívia fez é a forma correta de propor
uma revisão de preços; não se agride um parceiro com o qual se quer chegar a uma solução negociada; não há espaço para uma
negociação quando a opção é aceitar os termos ou abandonar o país.
Sim, seria absurdo o Brasil mandar tropas para a fronteira, ameaçar guerra como sempre fazem os Estados Unidos quando são
contrariados. Não, os críticos não propuseram vociferar beligerâncias. Entre tropas na fronteira e aceitação do desaforo, há um
enorme gradiente de tons para a reação diplomática. A diplomacia é exatamente isto: a arte de usar sinais e palavras para
manifestar agrados e desagrados, defender interesses e estabelecer limites, construir respeito recíproco e negociar parcerias. Não, a
opção não é a frouxidão ou a guerra. O que o Brasil deveria ter feito era dizer que não gostou do que houve, diplomática e
civilizadamente. Em nenhum momento fez isso; nem na nota de terça-feira, nem na nota conjunta, nem na entrevista do presidente
Lula em Puerto Iguazú. Os assessores do presidente dizem que ele teria dito na reunião isso ou aquilo. Mas há uma mensagem de
respeito ao Brasil que deveria ter sido passada por gestos e palavras públicas. Na diplomacia, existe o momento de calar e o de
falar. Nesta semana, era a hora de falar publicamente sobre o sentimento brasileiro. Não apenas por orgulho nacional. Também
por cálculo. As empresas brasileiras têm negócios e investimentos em vários países da região e o precedente criado é perigoso.
Estão todos os países informados que o Brasil aceita qualquer desaforo e que, além de não responder, promete ajuda ao país que o
ofende.
Sim, quando há divergências, os países que mantêm boas relações devem se encontrar para negociar; se o diálogo está difícil,
podem chamar quem facilite o encontro de uma solução comum. O Brasil foi o pivô de várias soluções negociadas para perigosas
divergências entre os países da região. Não, a reunião de Puerto Iguazú não deveria ter sido feita assim. Da parte do Brasil, a
disposição para o diálogo continuava, não eram necessários terceiros presentes na conversa. Se fosse preciso, não poderia ser
Hugo Chávez por um motivo simples: ele tem um lado, já o escolheu e o explicitou. O negociador só pode ser neutro. Chávez é
mais do que apoiador de Evo Morales. Ele o inspira.
Sim, o Brasil tem um sonho de construir uma unidade entre os países da América do Sul, vários governos trabalharam nessa
direção, cada acordo hoje em vigor não é mérito – nem culpa – de um governo só. É o Brasil que tem persistido em iniciativas
para aumentar o comércio e a cooperação com os países vizinhos, encurtando a distância que nasceu do fato de termos histórias e
línguas diferentes.
Não, isso não pode ser feito renunciando ao respeito, calando diante de uma humilhação pública, aceitando interesses feridos. A
confiança foi abalada e não por nós. Para reconstruí-la, será preciso que a Bolívia faça um gesto de amizade, e houve o oposto: ela
foi fortalecida pela tibieza brasileira e pelo oportunismo venezuelano.
Sim, a América do Sul é auto-suficiente em energia e esta é a melhor chance da região de construir parcerias boas para países
fornecedores e consumidores. Não, o Brasil não pode aumentar as compras e investimentos se não for restabelecida a confiança
em que o que for negociado será respeitado nas relações regionais.
Sim, a política externa deve ser conduzida por quem foi eleito para governar o país, exercendo o poder que lhe foi delegado. Não,
a política externa não pode se guiar por convicções e preferências partidárias. Os partidos são passageiros, o poder é efêmero, a
ideologia muda.
Permanente é o país e suas escolhas. Um bom estadista constrói a política da sua gestão, mas ouve as lições da história do país e
entende as escolhas permanentes da nação.
(Miriam Leitão. O Globo, 06/05/2006)
10. O texto I pode ser classificado como:
(A) descritivo.
(B) narrativo.
(C) dissertativo argumentativo.
(D) dissertativo expositivo.
(E) epistolar.

FGV – MINC – AGENTE ADMINISTRATIVO - 2006
Foto dos Sonhos
O engenheiro colombiano Joaquín Sarmiento trabalhava em Nova York e se sentia, muitas vezes, solitário. Era mais um daqueles
imigrantes nostálgicos. Para ocupar as horas vagas, decidiu aprender fotografia. Estava, nesse momento, descobrindo um novo
ângulo para a sua vida, sem volta. A vontade de se aventurar pela América Latina tirando fotos fez com que ele deixasse para
sempre a paisagem nova-iorquina, aposentasse sua carreira de engenheiro e transformasse Paraisópolis, uma das maiores favelas
paulistanas, em seu cenário cotidiano. "Estou ficando sem dinheiro, mas é uma bela aventura."
Depois de três anos nos Estados Unidos, voltou para Bogotá, planejando trabalhar em obras de infra-estrutura. Mudou de idéia.
Com 26 anos, percebeu que o hobby que tinha adquirido em Nova York se convertera em paixão. No final de 2004, veio com sua
família para duas semanas de férias em São Paulo. "Como sempre tive muito interesse em estudar a América Latina, fui ficando."
Soube então de uma experiência desenvolvida pelo colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis.
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Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos.
Desse encontro nasceu, por exemplo, a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba. "Resolvi registrar esse
convívio e, aos poucos, ia me embrenhando na favela para conhecer seus personagens."
O que era, inicialmente, para ser um cenário fotográfico virou uma espécie de laboratório pessoal. Joaquín sentiu-se estimulado a
dar oficinas de fotografia a jovens e crianças de Paraisópolis. "Descobri mais um ângulo das fotos: o ângulo de ensinar a olhar."
Lentamente, naquele espaço, temido por muitos, Joaquín ia se sentindo em casa. "Há um jeito muito similar de acolhimento dos
latino-americanos, apesar de toda a violência."
Sem saber ainda direito como vai sobreviver – "as reservas que acumulei em Nova York estão indo embora" –, ele planeja as
próximas paradas pela América do Sul. Mas, antes de se despedir, pretende fazer uma exposição sobre o seu olhar pelo Brasil. Até
lá, está aproveitando a internet (www.joaquinsarmiento.com) para mostrar algumas das imagens fotográficas que documentam
seus trajetos.
(Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 12/04/2006)

11. O texto I é do tipo:
(A) descritivo.
(B) dissertativo.
(C) epistolar.
(D) narrativo.
(E) oratório

CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios - Letras
Com o extraordinário desenvolvimento científico e tecnológico experimentado na segunda metade do século XX, estabeleceram-
se as condições e o cenário para a convergência entre a informática, a eletrônica e a comunicação. Esse fato leva o computador a
centralizar funções que antes eram apresentadas por diversos meios de comunicação.
As tecnologias digitais, segundo Pierre Lévy, ―surgiram com a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de
sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado da informação e do conhecimento‖.
O ciberespaço abre caminhos para a cibercultura, pela qual a produção e a disseminação de informações são pautadas pelo
dispositivo de comunicação todos-todos. Assim, não há apenas um emissor, mas milhares. De acordo com Lévy, a sociedade
passou por três etapas: as sociedades fechadas, voltadas à cultura oral; as sociedades civilizadas, imperialistas, com uso da escrita;
e, por último, a cibercultura, relativa à globalização das sociedades. A cibercultura ―corresponde ao momento em que nossa
espécie, pela globalização econômica, pelo adensamento das redes de comunicação e de transporte, tende a formar uma única
comunidade mundial, ainda que essa comunidade seja e quanto! desigual e conflitante‖, diz Lévy.
Jorge K. Ijuim e Taís M. Tellaroli. Comunicação no mundo globalizado: tendências no século XXI. In: Revista Ciberlegenda.
UFF, ano 10, n.º 20, jun./2008. Internet: <www.uff.br> (com adaptações).

12. No trecho ―O ciberespaço (...) milhares‖, caracteristicamente descritivo, é apresentada uma das características mais marcantes
da sociedade ocidental no final do século XX.

CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios - Letras
As revoluções industriais do século XIX deram corpo à ideia de ―progresso infinito‖. A fé no progresso linear e contínuo rimou
com a fé indefectível na ciência e na tecnologia. O século XX, por sua vez, concluiu-se em prantos sem precedentes tanto por uma
como pela outra. As técnicas engendradas pelo aumento dos conhecimentos criam, com efeito, não apenas novas potencialidades,
como também riscos novos para a humanidade. Os desafios suscitados pelas tecnologias da informação e da comunicação não são
pequenos. Durante as duas últimas décadas do século XX, essas tecnologias foram realmente alçadas à posição de instrumento de
reordenação do mundo. Elas encarnam a promessa de saída de uma crise estrutural, econômica e política, diagnosticada como ―de
civilização‖. O universo de redes tornou-se o emblema de uma nova sociedade cosmopolita e de uma economia chamada de
conhecimento. A nova sociedade de redes favorecerá o advento de um mundo menos marcado pelos desequilíbrios sociais ou
reforçará as desigualdades planetárias, criando excluídos da modernidade digital? É fundamental instituir políticas públicas que
permitam ao cidadão construir e reconstruir, em torno desses novos instrumentos de comunicação, em combinação com os
antigos, estoques de conhecimento que correspondam a suas necessidades e estejam em harmonia com suas culturas.
A apropriação de novas técnicas informativas pressupõe absolutamente um diálogo entre as culturas.
A. Mattelart. Diversidade cultural e mundialização. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2005, p. 9-10 (com
adaptações).

13. A tese defendida no texto apoia-se em argumentos fundamentados no papel que a ciência e a tecnologia têm desempenhado
desde o ―século XIX‖.

14. Na constituição da informatividade do texto, está a ideia de que a tecnologia perpassa o século XX, destacando-se, nas suas
―duas últimas décadas‖, como uma forma de solucionar o que se chama de crise ‗de civilização‘.

CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios - Letras
―Você não acha que, daqui um tempo, todo mundo vai depender de tecnologias digitais para gerenciar a vida?‖ É claro que sim.
Quem disser que não estará reproduzindo o discurso daquelas pessoas que eram contrárias às linhas férreas, por exemplo. Elas
diziam que aquilo não era seguro, que era mais fácil lidar com carroças e cavalos. Isso não existe! Nós vivemos na era da
Tipologia Textual                                                           Professor Vinícius Carvalho

informação e as nações que quiserem realmente estar nesse tempo devem colocar cada vez mais informações na rede. Não
acredito que seja possível nos desligarmos dessa dependência tecnológica, ainda mais se nós realmente quisermos nos manter
competitivos. O que nós precisamos fazer é nos preparar para essa onda tecnológica.
Robert Lentz. Entrevista ao Correio Braziliense, 25/3/2011 (com adaptações).

15. O trecho ―Quem disser (...) cavalos‖ apresenta, em forma narrativa, um episódio histórico que, comparado com o que ocorre
atualmente, serve como argumento em favor da ideia de que será impossível ―nos desligarmos dessa dependência tecnológica‖.

16. Com o emprego da primeira pessoa do plural, o entrevistado estabelece a distinção argumentativa entre as pessoas da era da
informação e da tecnologia — nós — e as pessoas contrárias às linhas férreas — ―Elas‖.

FCC - 2006 - SEFAZ-PB - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais
Os números do relatório da CPI dedicada originalmente aos Correios são expressivos, dos milhares de páginas de texto e
documentos aos mais de cem acusados. É o tempo do espanto. Um oceano nos separa, contudo, do resultado concreto, o das
absolvições e o das punições. Os dois momentos do mar imenso entre relatório e resultado estão no julgamento final, cuja
tendência é pessimista, a contar de exemplos recentes. Não deveria ser.
Não deveria ser pela natureza mesma das comissões parlamentares de inquérito, cujo nome é raramente objeto de meditação até
pelos operários do direito. "Comissão", além do significado mercantil (depreciativo, no caso do Parlamento), do dinheiro pago em
remuneração de serviço, é também o do grupamento encarregado de realizar tarefa de interesse comum.
Interesse comum? Não. De interesses conflituosos pela própria natureza política de seu trabalho, pois o vocábulo "parlamentares"
as afirma integradas por componentes de uma das casas do Congresso ou mistas, funcionando segundo seus regimentos internos.
(...)
"As comissões são úteis ou necessárias?", perguntará o leitor. Sem a menor dúvida e vigorosamente, respondo sim. Há abusos.
São lamentáveis, mas inerentes à vida parlamentar, no Brasil e em qualquer país onde haja comissões parlamentares. Se os
legisladores devem ser a expressão média de seu povo, fica manifesto que os parlamentos sejam compostos por homens e
mulheres de bem, dedicados e honestos, mas também por pilantras, patifes, cachaceiros, delinqüentes e assim por diante. (...) Seria
ideal que o povo escolhesse melhor seus representantes, dizem as elites, mas sem razão. O povo vota sob influência do poder
econômico, após seleção dos favoritos de chefes partidários, para exclusão dos que assumam linha independente da adotada pelas
lideranças e assim por diante.
Voltando à CPI dos Correios, cabe esclarecer por que há um oceano entre o relatório e o resultado. "Inquérito" é trabalho de
apuração. Se bem feito, propicia bom material aos julgadores. Se malfeito, facilita a "pizza", essa maravilhosa invenção atribuída
aos italianos em geral, mas que vem do sul da Itália. "Pizza" transformada em cambalacho e tapeação? Não necessariamente.
Muitas vezes o defeito da distância entre a apuração e o julgamento está naquela, e não neste, principalmente se for judicial. O
mal do julgamento político está em que não considera seu efeito paralelo do desprestígio para o Parlamento como um todo. No
caso atual, porém, não se pode negar que já houve resultados apreciáveis. Para o relatório lido nesta semana cabe esperar pela
travessia do oceano e torcer para que chegue a bom porto.
(W. Ceneviva. Folha de S. Paulo. 01/04/2006, C2)
17. Leia as frases abaixo:
I. O leitor perguntaria se as comissões são úteis e necessárias.
II. Com essa CPI, acabaria tudo em pizza, novamente?
III. Os abusos, embora lamentáveis, são freqüentes na vida pública, asseverou o colunista.
Elas se encontram, respectivamente, em discurso.
a. direto, indireto livre, indireto
b. indireto livre, direto, indireto
c. indireto, indireto livre, direto
d. indireto, direto, indireto livre
e. direto, direto, indireto livre


FGV - 2010 - CODESP-SP - Advogado - Tipo 1
Tipologia Textual                                                            Professor Vinícius Carvalho




18. Em relação à passagem da fala do primeiro quadrinho do discurso direto para o indireto, assinale a alternativa correta.
a) Ela disse ao coração dele que ele não liga mais para ela.
b) Ela lhe disse que ele não liga mais para ela.
c) Ela disse-lhe que ele, coração, não liga mais para ela.
d) Ela disse-lhe que ele, coração, não ligaria mais para ela.
e) Ela lhe disse que ele não ligava mais para ela.

CESPE – 2009 - Diplomata
Impostos inconstitucionais...
Ontem, ao voltar uma esquina, dei com os impostos inconstitucionais de Pernambuco. Conheceram-me logo, eu é que, ou por falta
de vista, ou porque realmente eles estejam mais gordos, não os conheci imediatamente. Conheci-os pela voz, Vox clamantis in
deserto. Disseram-me que tinham chegado no último paquete. O mais velho acrescentou até que agora hão de repetir com
regularidade estas viagens à corte.
— A gente, por mais inconstitucional que seja, concluiu ele, não há de morrer de aborrecimento na cela das probabilidades. Uma
chegadinha à corte, de quando em quando, não faz mal a ninguém, exceto...
— Exceto...?
— Isso agora é querer perscrutar os nossos pensamentos íntimos. Exceto o diabo que o carregue, está satisfeito? Não há coisa
nenhuma que não possa fazer mal a alguém, seja quem for. Falei de um modo geral e abstrato. (...)
— São todos inconstitucionais?
— Todos.
— Vamos aqui para calçada. E agora, que tencionam fazer?
— Agora temos de ir ao imperador, mas confesso, meu amigo, receamos perder tempo. Você conhece a velha máxima que diz que
a história não se repete?
— Creio que sim.
— Ora bem, é o nosso caso. Receamos que o imperador, ao dar conosco, fique aborrecido de ver as mesmas caras e, por outro
lado, como a história não se repete... Você, se fosse imperador, que é que faria?
— Eu, se fosse imperador? Isso agora é mais complicado. Eu, se fosse imperador, a primeira coisa que faria era ser o primeiro
cético do meu tempo. Quanto ao caso de que se trata, faria uma coisa singular, mas útil: suprimiria os adjetivos.
— Os adjetivos?
— Vocês não calculam como os adjetivos corrompem tudo, ou quase tudo; e, quando não corrompem, aborrecem a gente, pela
repetição que fazemos da mais ínfima galanteria. Adjetivo que nos agrada está na boca do mundo.
— Mas que temos nós outros com isso?
— Tudo; vocês como simples impostos são excelentes, gorduchos e corados, cheios de vida. O que os corrompe e faz definhar é o
epíteto de inconstitucionais. Eu, abolindo por um decreto todos os adjetivos de Estado, resolvia de golpe esta velha questão, e
cumpria esta máxima que é tudo o que tenho colhido da história e da política, que aí dou por dois vinténs a todos os que governam
o mundo: os adjetivos passam, e os substantivos ficam.
Machado de Assis. In: Gazeta de notícias (1881–1900). Balas de Estalo. Rio de Janeiro, 16/5/1885.
Com base no texto acima, julgue o item a seguir:

19. O autor valeu-se do discurso indireto livre, que consiste em dar voz e atribuir características e sentimentos humanos a seres
inanimados.

FCC - 2010 - AL-SP - Agente Técnico Legislativo Especializado
20. O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava (...): "Restaure-se a moralidade, ou então nos locupletemos todos!".
Transpondo-se adequadamente o trecho acima para o discurso indireto, ele ficará: O velho e divertido Barão de Itararé já
reivindicava que
a) ou bem se restaurasse a moralidade, senão nos locupletaríamos todos.
b) fosse restaurada a moralidade, ou então que nos locupletássemos todos.
Tipologia Textual                                                        Professor Vinícius Carvalho

c) seja restaurada a moralidade, ou todos nos locupletávamos.
d) seria restaurada a moralidade, caso contrário nos locupletássemos.
e) a moralidade seja restaurada, quando não venhamos a nos locupletar.

Gabarito
1.Certo
2.Certo
3.Certo
4.Certo
5.Certo
6.Certo
7.D
8.D
9.E
10.B
11.D
12.Errado
13.Certo
14.Certo
15.Certo
16.Certo
17.C
18.E
19.E
20.B

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Fixacao 01 tipologia_textual_interpretacao

  • 1. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho CESPE – 2011 – SESA/ES No Brasil, a coleta de materiais recicláveis, tais como latinhas, garrafas pet, papelão, papel, isopor, nem sempre é vista com o respeito devido. Claro que existem exceções, mas muita gente reclama das carroças que atrapalham o trânsito, e, mesmo quando param para descansar ou recolher material, os catadores são vistos com desconfiança ou desdém. O mais complicado é fazer determinadas pessoas enxergarem nessa atividade um trabalho árduo e extremamente útil. São homens e mulheres anônimos que contribuem para o milagre da transformação do lixo, que entope bueiros, suja as ruas e vai parar nos rios, em matéria útil que volta para a cadeia produtiva em forma de insumo para novos produtos. Mesmo com a atividade desses trabalhadores, que travam uma luta diária pela sobrevivência, repousa, no fundo de muitos rios brasileiros, a exemplo dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo, uma colossal quantidade de lixo composta de todo o tipo de materiais, inclusive sofás e geladeiras, e sujeiras de toda a espécie despejados pelas pessoas. Os especialistas consideram que uma das principais razões da ocorrência de enchentes é exatamente a ausência de vazão dos nossos principais rios, em cujos leitos há enorme quantidade de sedimentos. Reinaldo Canto. Fim de ponto de coleta é retrocesso injustificável. Internet: <www.cartacapital.com.br> (com adaptações). 1. Esse texto caracteriza-se como predominantemente dissertativo-argumentativo. CESPE – 2011 – POLÍCIA CIVIL A cena é muito comum: cidade afora, pessoas abusam do uso da água, lavando calçadas, passeios e carros. Mesmo que o Brasil seja o grande reservatório de água doce do mundo (11,6% do total disponível, com cada brasileiro, em tese, dispondo de 34 milhões de litros por ano, embora possa levar vida confortável com 2 milhões de litros anuais), tem na distribuição o seu maior gargalo: 80% concentram-se na Amazônia, onde vivem apenas 5% da população do país, com os 20% restantes abastecendo 95% dos brasileiros. Várias cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais convivem com oferta anual inferior a 2 milhões de litros por habitante, para uso direto e indireto. O consumo per capita dobrou em 20 anos, enquanto a disponibilidade de água ficou três vezes menor. Para piorar esse quadro, há muito desperdício: cerca de 30% da água tratada é perdida em vazamentos nas ruas do país — só na Grande São Paulo o desperdício chega a 10 metros cúbicos de água por segundo, o que daria para abastecer cerca de 3 milhões de pessoas diariamente. Sem falar nos hábitos culturais inadequados, como deixar a torneira da pia aberta, tomar banhos intermináveis ou usar a água como vassoura. Estado de Minas, 23/11/ 2010 (com adaptações). 2. O texto em questão é essencialmente dissertativo e denuncia problemas no consumo doméstico de água. CESPE - SEDUC/AM – 2011 Uma aula é como comida. O professor é o cozinheiro. O aluno é quem vai comer. Se a criança se recusa a comer, pode haver duas explicações. Primeira: a criança está doente. A doença lhe tira a fome. Quando se obriga a criança a comer quando ela está sem fome, há sempre o perigo de que ela vomite o que comeu e acabe por odiar o ato de comer. É assim que muitas crianças acabam por odiar as escolas. O vômito está para o ato de comer como o esquecimento está para o ato de aprender. Esquecimento é uma recusa inteligente da inteligência. Segunda: a comida não é a comida que a criança deseja comer: nabo ralado, jiló cozido, salada de espinafre... O corpo é um sábio: não come tudo o que jogam para ele, mas opera com um delicado senso de discriminação. Algumas coisas ele deseja. Prova. Se são gostosas, ele come com prazer e quer repetir. Outras não lhe agradam, e ele recusa. Aí eu pergunto: ―O que se deve fazer para que as crianças tenham vontade de tomar sorvete?‖. Pergunta boba. Nunca vi criança que não estivesse com vontade de tomar sorvete. Mas eu não conheço nenhuma mágica que seja capaz de fazer que uma criança seja motivada a comer salada de jiló com nabo. Nabo e jiló não provocam sua fome. (...) As crianças têm, naturalmente, um interesse enorme pelo mundo. Os olhinhos delas ficam deslumbrados com tudo o que veem. Devoram tudo. Lembro-me da minha neta de um ano, agachada no gramado encharcado, encantada com uma minhoca que se mexia. Que coisa fascinante é uma minhoca aos olhos de uma criança que a vê pela primeira vez! Tudo é motivo de espanto. Nunca esteve no mundo. Tudo é novidade, surpresa, provocação à curiosidade. Quando visitei uma reserva florestal no Espírito Santo, a bióloga encarregada de educação ambiental me contou que era um prazer trabalhar com as crianças. Não era necessário nenhum artifício de motivação. As crianças queriam comer tudo o que viam. Tudo provocava a fome dos seus olhos: insetos, pássaros, ninhos, cogumelos, cascas de árvores, folhas, bichos, pedras. (...) Os olhos das crianças têm fome de coisas que estão perto. (...) São brinquedos para elas. Estão naturalmente motivadas por eles. Querem comê-los. Querem conhecê-los. Rubem Alves. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002, p. 82-4 (com adaptações). 3. O texto é predominantemente argumentativo; nele, o autor expõe suas ideias de forma a convencer o leitor e usa, para esse fim, imagens do mundo real e exemplos tirados de sua própria experiência. CESPE – CORREIOS – 2011 O Pe. Antônio Vieira foi submetido a residência forçada, em Coimbra, de fevereiro de 1663 até setembro de 1665 e, finalmente, preso pela Inquisição no dia 1.º de outubro. Publicou-se uma importante série de cartas escritas por ele nesse período, que se escalonaram com bastante regularidade de 17 de dezembro de 1663 a 28 de setembro de 1665. Em cerca de trinta cartas que foram conservadas, encontram-se alusões mais ou menos desenvolvidas ao ―tempo que faz‖. Para apreciar o valor e o significado dessas indicações, é preciso entender as principais razões que levavam o padre a interessar-se pelo tempo. A principal era, sem dúvida, as repercussões que certos tipos de tempo tinham sobre a regularidade do funcionamento das
  • 2. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho comunicações, em especial a circulação das cartas e notícias. Sujeitado a residência forçada, Antônio Vieira ansiava pela chegada do correio, sobretudo o que provinha de Lisboa e da Corte, mas também dos outros lugares onde tinha amigos. Em certos períodos do ano, inquietava-se também pelas condições de navegação do Atlântico, perigosas para as frotas do Brasil e da Índia. Outra razão do seu interesse eram as repercussões do tempo sobre a própria saúde e a dos amigos, e sobre os rebates da peste. Enfim, não podia esquecer as campanhas militares que, a partir da primavera, decorriam então no Alentejo. Convém não esquecer que as anotações climáticas nas cartas de Antônio Vieira podiam ter, às vezes, valor puramente metafórico. No ambiente de acesas intrigas palacianas que o Padre acompanhava a distância, ele deixa mais de uma vez transparecer o receio de que as cartas dele e dos seus correspondentes fossem abertas e lidas. Por isso, expressa-se muitas vezes por alusões e metáforas. Por exemplo, a 20 de julho, escrevia a D. Teodósio: ―Em tempo de tanta tempestade, não é seguro navegar sem roteiro.‖ Tratava-se apenas, na realidade, de combinar o percurso para um encontro clandestino estival nas margens do Mondego. O contexto permite, quase sempre, desfazer as dúvidas. Suzanne Daveau. Os tipos de tempo em Coimbra (dez. 1663 – set. 1665), nas cartas de Padre Antônio Vieira. In: Revista Finisterra, v. 32, n.º 64, Lisboa, 1997, p. 109-15. Internet: <www.ceg.ul.pt> (com adaptações). 4. Nesse texto, essencialmente informativo, o assunto está centrado nas menções feitas ao clima pelo Padre Antônio Vieira em cartas escritas no exílio. CESPE – CORREIOS – 2011 Os garotos da Rua Noel Rosa onde um talo de samba viça no calçamento, viram o pombo-correio cansado confuso aproximar-se em voo baixo. Tão baixo voava: mais raso que os sonhos municipais de cada um. Seria o Exército em manobras ou simplesmente trazia recados de ai! amor à namorada do tenente em Aldeia Campista? E voando e baixando entrançou-se entre folhas e galhos de fícus: era um papagaio de papel, estrelinha presa, suspiro metade ainda no peito, outra metade no ar. Antes que o ferissem, pois o carinho dos pequenos ainda é mais desastrado que o dos homens e o dos homens costuma ser mortal uma senhora o salva tomando-o no berço das mãos e brandamente alisa-lhe a medrosa plumagem azulcinza cinza de fundos neutros de Mondrian azul de abril pensando maio. 3235-58-Brasil dizia o anel na perninha direita. Mensagem não havia nenhuma ou a perdera o mensageiro como se perdem os maiores segredos de Estado que graças a isto se tornam invioláveis, ou o grito de paixão abafado pela buzina dos ônibus. Como o correio (às vezes) esquece cartas teria o pombo esquecido a razão de seu voo? Ou sua razão seria apenas voar baixinho sem mensagem como a gente vai todos os dias à cidade
  • 3. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho e somente algum minuto em cada vida se sente repleto de eternidade, ansioso por transmitir a outros sua fortuna? Era um pombo assustado perdido e há perguntas na Rua Noel Rosa e em toda parte sem resposta. Pelo quê a senhora o confiou ao senhor Manuel Duarte, que passava para ser devolvido com urgência ao destino dos pombos militares que não é um destino. Carlos Drummond de Andrade. Pombo-correio. In: Carlos Drummond de Andrade: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 483. Internet: <www.releituras.com>. 5. O texto pode ser considerado, simultaneamente, poético e narrativo. CESPE – PREVIC - 2011 Os países que se mostram como vozes dissonantes na orquestra das nações ajustadas aos acordes da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da atual noção de democracia passaram a ocupar insistentemente as manchetes dos jornais de todo o planeta na última década. Observamos multiplicarem-se, por parte daqueles países, desafios aos atuais mandatários da economia globalizada, ameaças contra Estados vizinhos, investimentos em arsenais de alcance desconhecido e escândalos de abusos de força contra opositores internos. Trata-se de uma desafinação sem trégua em relação ao concerto mundial, sem que se possa imaginar, a esta altura, em que diapasão — estrondoso ou pianíssimo — terminará tal partitura. O que tem alimentado o noticiário dos países desenvolvidos ou em vias de sê-lo não é somente a queda de braço que situa, de um lado, os países-maestros e seus conselhos transnacionais, e de outro as nações ―não alinhadas‖. Além dos confrontos situados nas altas esferas, com o advento da rede mundial de informação, a imprensa passou a repercutir com igual destaque figuras individuais no interior dos regimes ―de exceção‖, muitas vezes rapidamente alçadas à categoria de ícones. Álvaro Machado. De olhos atentos na margem oposta. In: Revista da Cultura, jul./2010, p. 33 (com adaptações). 6. No texto, cujas características permitem classificá-lo como dissertativo-expositivo, o vocabulário do mundo da música é associado ao cenário das relações internacionais. FCC – TER/RN – 2011 Rio Grande do Norte: a esquina do continente Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual. O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas. Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi. (Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo). 7. O texto se estrutura notadamente (A) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização. (B) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do Estado.
  • 4. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho (C) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela. (D) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado oferece. (E) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-lhes uma ordem preferencial de visitação. FGV – Administrador - 2002 O exercício da crônica Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, lhe surja de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado. Alguns fazem-no de maneira simples e direta, sem caprichar demais no estilo, mas enfeitando-o aqui e ali desses pequenos achados que são a sua marca registrada e constituem um tópico infalível nas conversas do alheio naquela noite. Outros, de modo lento e elaborado, que o leitor deixa para mais tarde como num convite ao sono: a estes se lê como quem mastiga com prazer grandes bolas de chicletes. Outros ainda, e constituem a maioria, ―tacam peito‖ na máquina e cumprem o dever cotidiano da crônica com uma espécie de desespero, numa atitude ou-vai-ou-racha. Há os eufóricos, cuja prosa procura sempre infundir vida e alegria em seus leitores e há os tristes, que escrevem com o fito exclusivo de desanimar o gentio não só quanto à vida, como quanto à condição humana e às razões de viver. Há também os modestos, que ocultam cuidadosamente a própria personalidade atrás do que dizem e, em contrapartida, os vaidosos, que castigam no pronome na primeira pessoa e colocam-se geralmente como a personagem principal de todas as situações. Como se diz que é preciso um pouco de tudo para fazer um mundo, todos estes ―marginais da imprensa‖, por assim dizer, têm o seu papel a cumprir. Uns afagam vaidades, outros as espicaçam; este é lido por puro deleite, aquele por puro vício. Mas uma coisa é certa: o público não dispensa a crônica, e o cronista afirma-se cada vez mais como o cafezinho quente seguido de um bom cigarro, que tanto prazer dão depois que se come. Coloque-se porém o leitor, o ingrato leitor, no papel do cronista. Dias há em que, positivamente, a crônica ―não baixa‖. O cronista levanta-se, senta-se, lava as mãos, levanta-se de novo, chega à janela, dá uma telefonada a um amigo, põe um disco na vitrola, relê crônicas passadas em busca de inspiração - e nada. Ele sabe que o tempo está correndo, que a sua página tem uma hora certa para fechar, que os linotipistas o estão esperando com impaciência, que o diretor do jornal está provavelmente coçando a cabeça e dizendo a seus auxiliares: - ―É... Não há nada a fazer com Fulano...‖ Aí então é que, se ele é cronista mesmo, ele se pega pela gola e diz: - ―Vamos, escreve, ó mascarado! Escreve uma crônica sobre esta cadeira que está aí em tua frente! E que ela seja bem feita e divirta os leitores!‖ E o negócio sai de qualquer maneira. O ideal para um cronista é ter sempre uma ou duas crônicas adiantadas. Mas eu conheço muito poucos que o façam. Alguns tentam, quando começam, no afã de dar uma boa impressão ao diretor e ao secretário do jornal. Mas se ele é um verdadeiro cronista, um cronista que se preza, ao fim de duas semanas estará gastando a metade do seu ordenado em mandar sua crônica de táxi - e a verdade é que, em sua inocente maldade, tem um certo prazer em imaginar o suspiro de alívio e a correria que ela causa quando, tal uma filha desaparecida, chega de volta à casa paterna. (Vinícius de Moraes. Para viver um grande amor. 1962.) 8. Assinale a alternativa que NÃO é explicitada pelo texto de Vinícius de Moraes. (A) O cronista aborda o fazer literário. (B) O enfoque jornalístico da crônica está presente. (C) O cronista deve procurar seduzir o leitor para o seu texto. (D) O cronista apregoa a mediocrização textual de certas crônicas. (E) O cronista focaliza a diversidade textual do gênero crônica. 9. A crônica de Vinícius de Moraes NÃO manifesta: (A) o compromisso do cronista com o seu ofício. (B) a angústia do cronista em relação à sua produção textual. (C) a aceitação crescente da crônica por parte do público leitor de jornais. (D) o apontar aspectos limitativos exteriores que perturbam a atividade do cronista. (E) o escrever sobre a fugacidade do cotidiano para salvar do esquecimento o fato efêmero. FGV – Potigás - 2006 O sim e o não Sim, a política externa brasileira sempre foi pacífica, a favor da solução negociada e, por isso, há cem anos o Brasil não tem uma guerra com qualquer dos dez países com os quais compartilha 16.886km de fronteira. Não, isso não significa abrir mão da firmeza, da defesa dos interesses nacionais, do tom mais duro quando necessário. O governo Lula, com sua diplomacia bicéfala, não entende a diferença do sim e do não.
  • 5. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho Sim, a Bolívia é um país pobre, foi espoliada no passado, tem uma maioria indígena que precisa de mais poder e mais riqueza em suas mãos. Não, isso não significa que possa tomar qualquer atitude confiando que sua pobreza e seu sofrimento passado a abonam previamente por qualquer erro que cometa. Sim, a Bolívia tem direito a toda a sua riqueza e seu patrimônio; seu solo e subsolo são sua soberania. Ela pode – qualquer país pode – mudar suas leis e rever contratos. Não, essas mudanças não podem ser feitas pela força, com o uso de tropas, com ações unilaterais para revogar tudo o que foi livremente negociado. Por isso existe o direito internacional. A civilização construiu, para a convivência entre os países, para arbitrar os interesses divergentes, as leis internacionais que limitam os estados nacionais. Sim, a Bolívia pode querer alterar o preço do gás que vende ao Brasil ou a qualquer país. Se ela se sente lesada comercialmente, pode e deve propor uma negociação para rever isso. Não, nem de longe a maneira como a Bolívia fez é a forma correta de propor uma revisão de preços; não se agride um parceiro com o qual se quer chegar a uma solução negociada; não há espaço para uma negociação quando a opção é aceitar os termos ou abandonar o país. Sim, seria absurdo o Brasil mandar tropas para a fronteira, ameaçar guerra como sempre fazem os Estados Unidos quando são contrariados. Não, os críticos não propuseram vociferar beligerâncias. Entre tropas na fronteira e aceitação do desaforo, há um enorme gradiente de tons para a reação diplomática. A diplomacia é exatamente isto: a arte de usar sinais e palavras para manifestar agrados e desagrados, defender interesses e estabelecer limites, construir respeito recíproco e negociar parcerias. Não, a opção não é a frouxidão ou a guerra. O que o Brasil deveria ter feito era dizer que não gostou do que houve, diplomática e civilizadamente. Em nenhum momento fez isso; nem na nota de terça-feira, nem na nota conjunta, nem na entrevista do presidente Lula em Puerto Iguazú. Os assessores do presidente dizem que ele teria dito na reunião isso ou aquilo. Mas há uma mensagem de respeito ao Brasil que deveria ter sido passada por gestos e palavras públicas. Na diplomacia, existe o momento de calar e o de falar. Nesta semana, era a hora de falar publicamente sobre o sentimento brasileiro. Não apenas por orgulho nacional. Também por cálculo. As empresas brasileiras têm negócios e investimentos em vários países da região e o precedente criado é perigoso. Estão todos os países informados que o Brasil aceita qualquer desaforo e que, além de não responder, promete ajuda ao país que o ofende. Sim, quando há divergências, os países que mantêm boas relações devem se encontrar para negociar; se o diálogo está difícil, podem chamar quem facilite o encontro de uma solução comum. O Brasil foi o pivô de várias soluções negociadas para perigosas divergências entre os países da região. Não, a reunião de Puerto Iguazú não deveria ter sido feita assim. Da parte do Brasil, a disposição para o diálogo continuava, não eram necessários terceiros presentes na conversa. Se fosse preciso, não poderia ser Hugo Chávez por um motivo simples: ele tem um lado, já o escolheu e o explicitou. O negociador só pode ser neutro. Chávez é mais do que apoiador de Evo Morales. Ele o inspira. Sim, o Brasil tem um sonho de construir uma unidade entre os países da América do Sul, vários governos trabalharam nessa direção, cada acordo hoje em vigor não é mérito – nem culpa – de um governo só. É o Brasil que tem persistido em iniciativas para aumentar o comércio e a cooperação com os países vizinhos, encurtando a distância que nasceu do fato de termos histórias e línguas diferentes. Não, isso não pode ser feito renunciando ao respeito, calando diante de uma humilhação pública, aceitando interesses feridos. A confiança foi abalada e não por nós. Para reconstruí-la, será preciso que a Bolívia faça um gesto de amizade, e houve o oposto: ela foi fortalecida pela tibieza brasileira e pelo oportunismo venezuelano. Sim, a América do Sul é auto-suficiente em energia e esta é a melhor chance da região de construir parcerias boas para países fornecedores e consumidores. Não, o Brasil não pode aumentar as compras e investimentos se não for restabelecida a confiança em que o que for negociado será respeitado nas relações regionais. Sim, a política externa deve ser conduzida por quem foi eleito para governar o país, exercendo o poder que lhe foi delegado. Não, a política externa não pode se guiar por convicções e preferências partidárias. Os partidos são passageiros, o poder é efêmero, a ideologia muda. Permanente é o país e suas escolhas. Um bom estadista constrói a política da sua gestão, mas ouve as lições da história do país e entende as escolhas permanentes da nação. (Miriam Leitão. O Globo, 06/05/2006) 10. O texto I pode ser classificado como: (A) descritivo. (B) narrativo. (C) dissertativo argumentativo. (D) dissertativo expositivo. (E) epistolar. FGV – MINC – AGENTE ADMINISTRATIVO - 2006 Foto dos Sonhos O engenheiro colombiano Joaquín Sarmiento trabalhava em Nova York e se sentia, muitas vezes, solitário. Era mais um daqueles imigrantes nostálgicos. Para ocupar as horas vagas, decidiu aprender fotografia. Estava, nesse momento, descobrindo um novo ângulo para a sua vida, sem volta. A vontade de se aventurar pela América Latina tirando fotos fez com que ele deixasse para sempre a paisagem nova-iorquina, aposentasse sua carreira de engenheiro e transformasse Paraisópolis, uma das maiores favelas paulistanas, em seu cenário cotidiano. "Estou ficando sem dinheiro, mas é uma bela aventura." Depois de três anos nos Estados Unidos, voltou para Bogotá, planejando trabalhar em obras de infra-estrutura. Mudou de idéia. Com 26 anos, percebeu que o hobby que tinha adquirido em Nova York se convertera em paixão. No final de 2004, veio com sua família para duas semanas de férias em São Paulo. "Como sempre tive muito interesse em estudar a América Latina, fui ficando." Soube então de uma experiência desenvolvida pelo colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis.
  • 6. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba. "Resolvi registrar esse convívio e, aos poucos, ia me embrenhando na favela para conhecer seus personagens." O que era, inicialmente, para ser um cenário fotográfico virou uma espécie de laboratório pessoal. Joaquín sentiu-se estimulado a dar oficinas de fotografia a jovens e crianças de Paraisópolis. "Descobri mais um ângulo das fotos: o ângulo de ensinar a olhar." Lentamente, naquele espaço, temido por muitos, Joaquín ia se sentindo em casa. "Há um jeito muito similar de acolhimento dos latino-americanos, apesar de toda a violência." Sem saber ainda direito como vai sobreviver – "as reservas que acumulei em Nova York estão indo embora" –, ele planeja as próximas paradas pela América do Sul. Mas, antes de se despedir, pretende fazer uma exposição sobre o seu olhar pelo Brasil. Até lá, está aproveitando a internet (www.joaquinsarmiento.com) para mostrar algumas das imagens fotográficas que documentam seus trajetos. (Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 12/04/2006) 11. O texto I é do tipo: (A) descritivo. (B) dissertativo. (C) epistolar. (D) narrativo. (E) oratório CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios - Letras Com o extraordinário desenvolvimento científico e tecnológico experimentado na segunda metade do século XX, estabeleceram- se as condições e o cenário para a convergência entre a informática, a eletrônica e a comunicação. Esse fato leva o computador a centralizar funções que antes eram apresentadas por diversos meios de comunicação. As tecnologias digitais, segundo Pierre Lévy, ―surgiram com a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado da informação e do conhecimento‖. O ciberespaço abre caminhos para a cibercultura, pela qual a produção e a disseminação de informações são pautadas pelo dispositivo de comunicação todos-todos. Assim, não há apenas um emissor, mas milhares. De acordo com Lévy, a sociedade passou por três etapas: as sociedades fechadas, voltadas à cultura oral; as sociedades civilizadas, imperialistas, com uso da escrita; e, por último, a cibercultura, relativa à globalização das sociedades. A cibercultura ―corresponde ao momento em que nossa espécie, pela globalização econômica, pelo adensamento das redes de comunicação e de transporte, tende a formar uma única comunidade mundial, ainda que essa comunidade seja e quanto! desigual e conflitante‖, diz Lévy. Jorge K. Ijuim e Taís M. Tellaroli. Comunicação no mundo globalizado: tendências no século XXI. In: Revista Ciberlegenda. UFF, ano 10, n.º 20, jun./2008. Internet: <www.uff.br> (com adaptações). 12. No trecho ―O ciberespaço (...) milhares‖, caracteristicamente descritivo, é apresentada uma das características mais marcantes da sociedade ocidental no final do século XX. CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios - Letras As revoluções industriais do século XIX deram corpo à ideia de ―progresso infinito‖. A fé no progresso linear e contínuo rimou com a fé indefectível na ciência e na tecnologia. O século XX, por sua vez, concluiu-se em prantos sem precedentes tanto por uma como pela outra. As técnicas engendradas pelo aumento dos conhecimentos criam, com efeito, não apenas novas potencialidades, como também riscos novos para a humanidade. Os desafios suscitados pelas tecnologias da informação e da comunicação não são pequenos. Durante as duas últimas décadas do século XX, essas tecnologias foram realmente alçadas à posição de instrumento de reordenação do mundo. Elas encarnam a promessa de saída de uma crise estrutural, econômica e política, diagnosticada como ―de civilização‖. O universo de redes tornou-se o emblema de uma nova sociedade cosmopolita e de uma economia chamada de conhecimento. A nova sociedade de redes favorecerá o advento de um mundo menos marcado pelos desequilíbrios sociais ou reforçará as desigualdades planetárias, criando excluídos da modernidade digital? É fundamental instituir políticas públicas que permitam ao cidadão construir e reconstruir, em torno desses novos instrumentos de comunicação, em combinação com os antigos, estoques de conhecimento que correspondam a suas necessidades e estejam em harmonia com suas culturas. A apropriação de novas técnicas informativas pressupõe absolutamente um diálogo entre as culturas. A. Mattelart. Diversidade cultural e mundialização. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2005, p. 9-10 (com adaptações). 13. A tese defendida no texto apoia-se em argumentos fundamentados no papel que a ciência e a tecnologia têm desempenhado desde o ―século XIX‖. 14. Na constituição da informatividade do texto, está a ideia de que a tecnologia perpassa o século XX, destacando-se, nas suas ―duas últimas décadas‖, como uma forma de solucionar o que se chama de crise ‗de civilização‘. CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios - Letras ―Você não acha que, daqui um tempo, todo mundo vai depender de tecnologias digitais para gerenciar a vida?‖ É claro que sim. Quem disser que não estará reproduzindo o discurso daquelas pessoas que eram contrárias às linhas férreas, por exemplo. Elas diziam que aquilo não era seguro, que era mais fácil lidar com carroças e cavalos. Isso não existe! Nós vivemos na era da
  • 7. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho informação e as nações que quiserem realmente estar nesse tempo devem colocar cada vez mais informações na rede. Não acredito que seja possível nos desligarmos dessa dependência tecnológica, ainda mais se nós realmente quisermos nos manter competitivos. O que nós precisamos fazer é nos preparar para essa onda tecnológica. Robert Lentz. Entrevista ao Correio Braziliense, 25/3/2011 (com adaptações). 15. O trecho ―Quem disser (...) cavalos‖ apresenta, em forma narrativa, um episódio histórico que, comparado com o que ocorre atualmente, serve como argumento em favor da ideia de que será impossível ―nos desligarmos dessa dependência tecnológica‖. 16. Com o emprego da primeira pessoa do plural, o entrevistado estabelece a distinção argumentativa entre as pessoas da era da informação e da tecnologia — nós — e as pessoas contrárias às linhas férreas — ―Elas‖. FCC - 2006 - SEFAZ-PB - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais Os números do relatório da CPI dedicada originalmente aos Correios são expressivos, dos milhares de páginas de texto e documentos aos mais de cem acusados. É o tempo do espanto. Um oceano nos separa, contudo, do resultado concreto, o das absolvições e o das punições. Os dois momentos do mar imenso entre relatório e resultado estão no julgamento final, cuja tendência é pessimista, a contar de exemplos recentes. Não deveria ser. Não deveria ser pela natureza mesma das comissões parlamentares de inquérito, cujo nome é raramente objeto de meditação até pelos operários do direito. "Comissão", além do significado mercantil (depreciativo, no caso do Parlamento), do dinheiro pago em remuneração de serviço, é também o do grupamento encarregado de realizar tarefa de interesse comum. Interesse comum? Não. De interesses conflituosos pela própria natureza política de seu trabalho, pois o vocábulo "parlamentares" as afirma integradas por componentes de uma das casas do Congresso ou mistas, funcionando segundo seus regimentos internos. (...) "As comissões são úteis ou necessárias?", perguntará o leitor. Sem a menor dúvida e vigorosamente, respondo sim. Há abusos. São lamentáveis, mas inerentes à vida parlamentar, no Brasil e em qualquer país onde haja comissões parlamentares. Se os legisladores devem ser a expressão média de seu povo, fica manifesto que os parlamentos sejam compostos por homens e mulheres de bem, dedicados e honestos, mas também por pilantras, patifes, cachaceiros, delinqüentes e assim por diante. (...) Seria ideal que o povo escolhesse melhor seus representantes, dizem as elites, mas sem razão. O povo vota sob influência do poder econômico, após seleção dos favoritos de chefes partidários, para exclusão dos que assumam linha independente da adotada pelas lideranças e assim por diante. Voltando à CPI dos Correios, cabe esclarecer por que há um oceano entre o relatório e o resultado. "Inquérito" é trabalho de apuração. Se bem feito, propicia bom material aos julgadores. Se malfeito, facilita a "pizza", essa maravilhosa invenção atribuída aos italianos em geral, mas que vem do sul da Itália. "Pizza" transformada em cambalacho e tapeação? Não necessariamente. Muitas vezes o defeito da distância entre a apuração e o julgamento está naquela, e não neste, principalmente se for judicial. O mal do julgamento político está em que não considera seu efeito paralelo do desprestígio para o Parlamento como um todo. No caso atual, porém, não se pode negar que já houve resultados apreciáveis. Para o relatório lido nesta semana cabe esperar pela travessia do oceano e torcer para que chegue a bom porto. (W. Ceneviva. Folha de S. Paulo. 01/04/2006, C2) 17. Leia as frases abaixo: I. O leitor perguntaria se as comissões são úteis e necessárias. II. Com essa CPI, acabaria tudo em pizza, novamente? III. Os abusos, embora lamentáveis, são freqüentes na vida pública, asseverou o colunista. Elas se encontram, respectivamente, em discurso. a. direto, indireto livre, indireto b. indireto livre, direto, indireto c. indireto, indireto livre, direto d. indireto, direto, indireto livre e. direto, direto, indireto livre FGV - 2010 - CODESP-SP - Advogado - Tipo 1
  • 8. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho 18. Em relação à passagem da fala do primeiro quadrinho do discurso direto para o indireto, assinale a alternativa correta. a) Ela disse ao coração dele que ele não liga mais para ela. b) Ela lhe disse que ele não liga mais para ela. c) Ela disse-lhe que ele, coração, não liga mais para ela. d) Ela disse-lhe que ele, coração, não ligaria mais para ela. e) Ela lhe disse que ele não ligava mais para ela. CESPE – 2009 - Diplomata Impostos inconstitucionais... Ontem, ao voltar uma esquina, dei com os impostos inconstitucionais de Pernambuco. Conheceram-me logo, eu é que, ou por falta de vista, ou porque realmente eles estejam mais gordos, não os conheci imediatamente. Conheci-os pela voz, Vox clamantis in deserto. Disseram-me que tinham chegado no último paquete. O mais velho acrescentou até que agora hão de repetir com regularidade estas viagens à corte. — A gente, por mais inconstitucional que seja, concluiu ele, não há de morrer de aborrecimento na cela das probabilidades. Uma chegadinha à corte, de quando em quando, não faz mal a ninguém, exceto... — Exceto...? — Isso agora é querer perscrutar os nossos pensamentos íntimos. Exceto o diabo que o carregue, está satisfeito? Não há coisa nenhuma que não possa fazer mal a alguém, seja quem for. Falei de um modo geral e abstrato. (...) — São todos inconstitucionais? — Todos. — Vamos aqui para calçada. E agora, que tencionam fazer? — Agora temos de ir ao imperador, mas confesso, meu amigo, receamos perder tempo. Você conhece a velha máxima que diz que a história não se repete? — Creio que sim. — Ora bem, é o nosso caso. Receamos que o imperador, ao dar conosco, fique aborrecido de ver as mesmas caras e, por outro lado, como a história não se repete... Você, se fosse imperador, que é que faria? — Eu, se fosse imperador? Isso agora é mais complicado. Eu, se fosse imperador, a primeira coisa que faria era ser o primeiro cético do meu tempo. Quanto ao caso de que se trata, faria uma coisa singular, mas útil: suprimiria os adjetivos. — Os adjetivos? — Vocês não calculam como os adjetivos corrompem tudo, ou quase tudo; e, quando não corrompem, aborrecem a gente, pela repetição que fazemos da mais ínfima galanteria. Adjetivo que nos agrada está na boca do mundo. — Mas que temos nós outros com isso? — Tudo; vocês como simples impostos são excelentes, gorduchos e corados, cheios de vida. O que os corrompe e faz definhar é o epíteto de inconstitucionais. Eu, abolindo por um decreto todos os adjetivos de Estado, resolvia de golpe esta velha questão, e cumpria esta máxima que é tudo o que tenho colhido da história e da política, que aí dou por dois vinténs a todos os que governam o mundo: os adjetivos passam, e os substantivos ficam. Machado de Assis. In: Gazeta de notícias (1881–1900). Balas de Estalo. Rio de Janeiro, 16/5/1885. Com base no texto acima, julgue o item a seguir: 19. O autor valeu-se do discurso indireto livre, que consiste em dar voz e atribuir características e sentimentos humanos a seres inanimados. FCC - 2010 - AL-SP - Agente Técnico Legislativo Especializado 20. O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava (...): "Restaure-se a moralidade, ou então nos locupletemos todos!". Transpondo-se adequadamente o trecho acima para o discurso indireto, ele ficará: O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava que a) ou bem se restaurasse a moralidade, senão nos locupletaríamos todos. b) fosse restaurada a moralidade, ou então que nos locupletássemos todos.
  • 9. Tipologia Textual Professor Vinícius Carvalho c) seja restaurada a moralidade, ou todos nos locupletávamos. d) seria restaurada a moralidade, caso contrário nos locupletássemos. e) a moralidade seja restaurada, quando não venhamos a nos locupletar. Gabarito 1.Certo 2.Certo 3.Certo 4.Certo 5.Certo 6.Certo 7.D 8.D 9.E 10.B 11.D 12.Errado 13.Certo 14.Certo 15.Certo 16.Certo 17.C 18.E 19.E 20.B