1. DE LHO NA IMAGEM
Tema:
Meio ambiente
(Blachon album. [s.l.]: Denoël, 1980.)
Observe esta imagem, do cartunista francês Blachon:
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2. 1. O cartum retrata uma cena, que envolve um grande número de pessoas.
a) Essa cena ocorre em um espaço rural ou em um espaço urbano? Ocorre em um espaço urbano.
b) Como é o espaço retratado? Caracterize-o.
2. Observe a fila de pessoas que aparece no cartum. Levante hipóteses:
a) Por que as pessoas estão na fila?
b) O que o policial está fazendo?
c) Como são as pessoas que estão na fila: crianças, jovens, adultos ou idosos?
d) Por que você acha que tantas pessoas querem cheirar a flor?
3. Compare as pessoas que estão na fila com as que já cheiraram a flor.
a) Como as pessoas parecem se sentir antes de cheirar a flor? E depois de cheirá-la? Justifique
sua resposta com elementos do cartum.
b) Logo, para o cartunista, que papel tem a natureza no mundo em que vivemos?
4. No espaço do cartum, somente a flor parece resistir à devastação da natureza. Observe as cores
predominantes no cartum.
a) O que a cor acinzentada sugere? Sugere algo frio, sem vida, poluído.
b) O que a cor vermelha normalmente representa para nós? Representa vida, sangue.
c) Logo, o que a flor vermelha representa nesse cenário?
5. Os cartuns geralmente apresentam situações da vida cotidiana com humor e crítica.
a) Na sua opinião, a situação retratada pelo cartum é humorística? Por quê?
b) O que é criticado nesse cartum? A destruição sistemática da natureza que o ser humano vem fazendo.
6. Em sua cidade, há sinais de destruição da natureza? Se sim, comente com os colegas. Respostas
pessoais. Respostas pessoais.
É um espaço que tem prédios ao fundo e está completamente desprovido de vida natural (árvo-
res, plantas e pássaros), com exceção da flor. Professor: Sugerimos trocar ideias com os alunos
a respeito do tipo de piso que se vê, que pode ser de asfalto ou de terra batida, sem nenhum
tipo de vida.
Porque esperam sua vez de cheirar a flor.
Está controlando o tempo que cada pessoa tem para
cheirar a flor e mantendo a ordem na fila. Há pessoas de todas as faixas
etárias, isto é, crianças, jovens,
adultos e idosos.
Porque, numa cidade sem vestígios de natureza, uma flor se torna algo raro e especial, que atrai a atenção de todos.
Antes, as pessoas parecem estar ansiosas ou um pouco cansadas de esperar; depois, a expressão do olhar, o sorriso e os tracinhos em torno das personagens sugerem que elas ficaram
mais sensíveis ou humanizadas, como se passassem a ver e a sentir o mundo de modo diferente.
Professor: Chame a atenção dos alunos para o fato de que até em torno do cão e do carrinho de
bebê há tracinhos.
O papel de tornar o ser humano mais sensível, capaz de perceber o mundo de forma diferente.
A esperança de que a natureza ainda possa resistir, apesar de tanta destrui-
ção. Professor: Chame a atenção dos alunos para as rachaduras do solo,
como se a flor tivesse de se esforçar para rompê-lo.
a) Resposta pessoal. Professor: Estimule os alunos a perceber que o humor existente no cartum causa riso pelo absurdo da situação, que, entretanto, pode tornar-se realidade; trata-se,
portanto, de um humor crítico em relação à vida social.
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3. Tema:
Meio ambiente
ESTUDO DO TEXTO
Da utilidade dos animais
Terceiro dia de aula. A professora é um amor. Na sala, estampas coloridas mostram animais de
todos os feitios. É preciso querer bem a eles, diz a professora, com um sorriso que envolve toda a
fauna, protegendo-a. Eles têm direito à vida, como nós, e além disso são muito úteis. Quem não sabe
que o cachorro é o maior amigo da gente? Cachorro faz muita falta. Mas não é só ele não. A galinha,
o peixe, a vaca... Todos ajudam.
— Aquele cabeludo ali, professora, também ajuda?
— Aquele? É o iaque, um boi da Ásia Central. Aquele serve de montaria e de burro de carga. Do
pelo se fazem perucas bacaninhas. E a carne, dizem que é gostosa.
— Mas se serve de montaria, como é que a gente vai comer ele?
— Bem, primeiro serve para uma coisa, depois para outra. Vamos adiante. Este é o texugo. Se
vocês quiserem pintar a parede do quarto, escolham pincel de texugo. Parece que é ótimo.
— Ele faz pincel, professora?
— Quem, o texugo? Não, só fornece o pelo. Para pincel de barba também, que o Arturzinho vai
usar quando crescer.
Arturzinho objetou que pretende usar barbeador elétrico. Além do mais, não gostaria de pelar
o texugo, uma vez que devemos gostar dele, mas a professora já explicava a utilidade do canguru:
— Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro do canguru dá pra gente. Não falando da carne.
Canguru é utilíssimo.
— Vivo, fessora?
— A vicunha, que vocês estão vendo aí, produz... produz é
maneira de dizer, ela fornece, ou por outra, com o pelo dela nós
preparamos ponchos, mantas, cobertores etc.
— Depois a gente come a vicunha, né, fessora?
— Daniel, não é preciso comer todos os animais. Basta retirar
a lã da vicunha, que torna a crescer...
— E a gente torna a cortar? Ela não tem sossego, tadinha.
— Vejam agora como a zebra é camarada. Trabalha no circo,
e seu couro listrado serve para forro de cadeira, de almofada e
para tapete. Também se aproveita a carne, sabem?
— A carne também é listrada? — pergunta que desencadeia
riso geral.
— Não riam da Betty, ela é uma garota que quer saber direi-
to as coisas. Querida, eu nunca vi carne de zebra no açougue,
mas posso garantir que não é listrada. Se fosse, não deixaria
de ser comestível por causa disto. Ah, o pinguim? Este vocês já
conhecem da praia do Leblon, onde costuma aparecer, trazido pela
correnteza. Pensam que só serve para brincar? Estão enganados. Vocês
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4. devem respeitar o bichinho. O excremento — não sabem o que é? O cocô do
pinguim é um adubo maravilhoso: guano, rico em nitrato. O óleo feito
da gordura do pinguim...
— A senhora disse que a gente deve respeitar.
— Claro. Mas o óleo é bom.
— Do javali, professora, duvido que a gente lucre alguma coisa.
— Pois lucra. O pelo dá escovas de ótima qualidade.
— E o castor?
— Pois quando voltar a moda do chapéu para homens, o cas-
tor vai prestar muito serviço. Aliás, já presta, com a pele usada
para agasalhos. É o que se pode chamar de um bom exemplo.
— Eu, hem?
— Dos chifres do rinoceronte, Belá, você pode encomen-
dar um vaso raro para o living de sua casa. Do couro da girafa,
Luís Gabriel pode tirar um escudo de verdade, deixando os
pelos da cauda para Teresa fazer um bracelete genial. A tartaruga
marinha, meu Deus, é de uma utilidade que vocês não calculam.
Comem-se os ovos e toma-se a sopa: uma de-lí-cia. O casco serve
para fabricar pentes, cigarreiras, tanta coisa... O biguá é engraçado.
— Engraçado como?
— Apanha peixe pra gente.
— Apanha e entrega, professora?
— Não é bem assim. Você bota um anel no pescoço dele, e o biguá pega o peixe mas não pode
engolir. Então você tira o peixe da goela do biguá.
— Bobo que ele é.
— Não. É útil. Ai de nós se não fossem os animais que nos
ajudam de todas as maneiras. Por isso que eu digo: devemos
amar os animais, e não maltratá-los de jeito nenhum. Entendeu,
Ricardo?
— Entendi. A gente deve amar, respeitar, pelar e comer os
animais, e aproveitar bem o pelo, o couro e os ossos.
(Carlos Drummond de Andrade. De notícias e não notícias faz-se a crônica.
6. ed. Rio de Janeiro: Record, 1993. p. 113-5.)
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. O texto retrata uma situação vivida numa sala de aula.
a) De que disciplina você imagina que seja essa aula? Por quê?
b) Em que cidade provavelmente ocorre essa aula? Que palavra do texto justifica sua
resposta?
2. No início do texto, a professora afirma aos alunos que é preciso querer bem aos animais. Para
justificar sua afirmação, ela apresenta dois motivos.
a) Quais são eles? O direito dos animais à vida (“Eles têm direito à vida”) e a utilidade deles (“são muito úteis”).
b) Considerando-se as explicações da professora, qual desses motivos parece ser mais importante
para ela? Justifique sua resposta.
É a utilidade dos animais, pois ela usa a maior parte do tempo para explicar a utilidade do canguru, da tartaruga
marinha, entre outros animais.
feitio: tipo, espécie.
living: (do inglês) sala de estar
ou sala de visitas.
objetar: apresentar uma ideia
contrária.
pelar: tirar o pelo de um animal.
Provavelmente de Ciências, pois é a disciplina que normal-
mente aborda situações que dizem respeito ao meio ambiente.
No Rio de Janeiro, pois é mencionada a praia do Leblon. Professor: Se quiser, poderá lembrar aos alunos que o autor, Carlos Drummond de Andrade, apesar de ser mineiro, viveu a
maior parte de sua vida no Rio de Janeiro.
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5. 3. Aos poucos, os alunos percebem que a fala da professora é contraditória. Arturzinho, por exem-
plo, diz que não pretendia usar pincel de texugo, pois não queria pelar o bicho; além disso,
lembra que devíamos gostar do animal, e não matá-lo. Identifique no texto outras situações que
revelam que os alunos percebem a contradição existente na fala da professora.
4. A professora considera o biguá “engraçado”, por causa do modo como é utilizado pelos homens
para apanhar peixe. Você considera engraçado o que se faz com o biguá? Como você caracteriza
o comportamento do ser humano em relação a esse animal?
5. Os dois últimos parágrafos sintetizam as ideias do texto.
a) Qual é a opinião da professora a respeito dos animais?
b) O que mostra o comentário de Ricardo?
A LINGUAGEM DO TEXTO
1. As palavras fessora, tadinha, né e Betty são formas reduzidas de outras palavras.
a) A que palavras essas formas correspondem?
b) O uso dessas formas reduzidas demonstra que a linguagem utilizada na aula era formal
ou informal? Informal.
2. A professora afirma que o castor poderá prestar muito serviço quando voltar a moda do chapéu.
Um dos alunos diz: “— Eu, hem?”. Qual o sentido dessa expressão no contexto?
3. Ao comentar a utilidade da tartaruga
marinha, a professora comenta que a sopa
de tartaruga é uma delícia. Observe que,
no texto, a palavra delícia aparece dividi-
da em sílabas.
a) Por que você acha que essa palavra foi
grafada desse modo?
b) Na situação, a professora dá a entender
que já tinha provado esse tipo de sopa,
ou não?
4. Observe o emprego das reticências nestes
trechos:
• “Cachorro faz muita falta. Mas não é só
ele não. A galinha, o peixe, a vaca...”
• “O casco [da tartaruga] serve para fabri-
car pentes, cigarreiras, tanta coisa...”
Por que o autor empregou esse sinal de
pontuação nas duas situações?
Entre outras possibilidades: “— E a gente torna a cortar? Ela não tem sossego, tadinha”; “— A senhora disse que a gente deve respeitar”.
Espera-se que o aluno perceba que a palavra engraçado é inadequada para retratar o que se faz com o biguá, já que os seres humanos agem de modo cruel com esse animal.
Ela expressa a opinião de que “devemos amar os animais, e não maltratá-
los de jeito nenhum”.
Mostra que ele percebeu as contradições existentes na fala da professora, pois, se as pessoas devem
amar e respeitar os animais, por que então pelam, comem e aproveitam o pelo, o couro e os ossos?
Tamar: um projeto pela
vida marinha
As tartarugas marinhas estavam na lista dos ani-
mais em extinção. Para mudar essa situação, foi criado
o Projeto Tamar, no início da década de 1980, que
deu início a um trabalho de preservação das fêmeas e
dos filhotes e de conscientização dos pescadores bra-
sileiros, muitos dos quais estão hoje empregados no
projeto. Atualmente, o Tamar encaminha para viver no
mar cerca de 300 mil filhotes de tartarugas por ano.
Projeto
Tamar
Respectivamente a professora, coitadinha, não é e Elizabeth.
Essa expressão equivale a “Deus me livre!”, “Estou fora!”.
Para reproduzir o modo como a professora teria
falado, isto é, destacando as sílabas para sugerir que
a sopa de tartaruga é realmente deliciosa.
Sim; caso contrário não daria tanto destaque à palavra delícia.
Para indicar que a enumeração não terminou. Se quisesse, ele poderia citar outros animais (no 1º trecho) e outros produtos feitos com o casco da tartaruga (no 2º trecho).
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6. 5. Leia o boxe “Ironia: exer-
cício de inteligência” e tro-
que ideias com os colegas.
O texto “Da utilidade dos
animais” faz uso da ironia?
Se sim, o que ele ironiza?
LEITURA EXPRESSIVA DO TEXTO
Leia com dois colegas o diálogo entre a professora, Daniel e Betty a partir de “— A vicunha, que
vocês estão vendo aí, produz...” até a fala “— Claro. Mas o óleo é bom”.
Durante a leitura, procurem dar às falas o tom usado pelas personagens. Assim, quem ler as falas
da professora deve se expressar de modo pausado e claro, sendo amável e paciente com os alunos. Os
outros dois devem mostrar que estão curiosos e até certo ponto confusos com o que a professora está
explicando. Observe sinais de pontuação como o ponto de interrogação, o dois-pontos e as reticências
e dê a entonação ou a pausa adequada a eles.
Trocando ideias
1. A professora afirma que é preciso respeitar e amar os animais. Para você, de que modo o ser
humano pode manifestar respeito e amor pelos animais?
2. Você já viu animais serem maltratados pelo ser humano? Se sim, conte como foi.
3. Um internauta abriu uma página no Orkut com o seguinte título: “Eu maltrato os animais”.
Até o ano de 2005, cerca de 6 mil pessoas enviaram mensagens a essa comunidade, a maioria
criticando-a. Por que, na sua opinião, tantas pessoas se mostram indignadas com o criador dessa
comunidade?
Sim. O texto ironiza certas pessoas que se dizem preocupadas
com os animais ou o meio ambiente, mas, na verdade, não estão.
Professor: Comente com os alunos que a ironia se revela aos
Ironia: exercício de inteligência
A ironia é um recurso empregado com frequência tanto na lingua-
gem cotidiana quanto na literária. Consiste em dizer alguma coisa para,
na verdade, expressar o contrário. Com isso se cria muitas vezes um
efeito humorístico. Por exemplo, um homem careca diz, brincando: “Este
xampu tem sido ótimo para a minha vasta cabeleira”.
poucos, nas ideias contraditórias da professora. Ela afirma que é importante amar e proteger os animais, mas, ao explicar a importância deles, dá exemplos de como as pessoas, ela inclusive, não
acreditam nisso e só pensam em tirar proveito dos bichos.
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7. Tema:
Meio ambiente
ESTUDO DO TEXTO
Quem tem o nome na lista?
Pode parecer difícil de acreditar que, num
país como o Brasil, onde há tantos animais,
seja possível afirmar quais espécies estão amea-
çadas de extinção. Menos provável ainda deve
ser descobrir as que desapareceram ou aquelas
que sobrevivem apenas em cativeiro. Mas elas
estão lá, com toda a exatidão, na mais recente
Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção, divulgada no final de 2002:
• Seiscentas e vinte e sete espécies de
animais estão ameaçadas de extinção;
• Duas espécies estão extintas
na natureza, isto é, sobrevivem
só em cativeiro;
• Dez espécies de animais estão
completamente extintas.
[...]
CADA MACACO NO SEU GALHO
A nova Lista Oficial da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção foi feita com a ajuda
de cerca de 200 pesquisadores de todo o
país. Para selecionar as espécies que fariam
parte dela, eles levantaram informações sobre
os mais diversos animais, analisaram e, de
acordo com critérios muito rigorosos, fize-
ram as escolhas [...].
Mas que critérios eram esses? Os usados
pela organização de defesa do meio ambien-
te mais antiga e importante do mundo: a
União Internacional para a Conservação da
Natureza, que faz, há anos, listas de bichos
ameaçados de extinção e, portanto, tem
experiência na área!
A lista em números
Grupos Ameaçados
Extintos na
natureza
Extintos
Mamíferos 69 0 0
Aves 153 2 2
Répteis 20 0 0
Anfíbios 15 0 1
Peixes 165 0 0
Insetos 93 0 3
Invertebrados
terrestres
21 0 4
Invertebrados
aquáticos
91 0 0
Total 627 2 10
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8. Segundo essa entidade, as espécies de bichos
devem ser classificadas como extintas, extintas na
natureza, criticamente em perigo, em perigo ou
vulnerável. “Ué! Cadê o ameaçado de extinção?”
— alguém pode perguntar! Uma espécie é cha-
mada assim quando entra numa das três últimas
categorias citadas anteriormente. Veja o quadro:
Já para se chegar à conclusão de que um animal
está ameaçado de extinção, a União Internacional
para a Conservação da Natureza propõe vários
critérios. É possível, por exemplo, declarar uma
espécie ameaçada ao se notar que a sua população
diminuiu, porque uma espécie pode ser definida
como vulnerável, em perigo ou criticamente em
perigo, se houver redução de 50%, 70% ou 90% no
tamanho de sua população nos últimos dez anos.
Também pode ser levada em consideração a
extensão da área em que a espécie é encontrada.
Caso ela tenha diminuído muito, seja por causa
do desmatamento, da urbanização ou da polui-
ção, a espécie pode ser definida como ameaçada
de extinção. Assim como se ela estiver isolada ou
restrita a poucos lugares.
Não pense que tantos critérios confundem
mais do que ajudam. Eles foram úteis e facilita-
ram muito o trabalho de produção, por exemplo,
da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção. Afinal, se os pesquisadores não tinham
informações precisas sobre o tamanho da popu-
lação de certa espécie — o que ocorre com fre-
quência quando o animal estudado, como os inver-
tebrados, é pequeno e, portanto, difícil de avistar
e contar —, mas possuíam muitos dados sobre as
condições do local onde ela vive, podiam usá-los
para saber se o animal estava ou não ameaçado. [...]
DE SAÍDA DA LISTA
Entrar na relação de animais ameaçados, no
entanto, não significa que o bicho irá ficar nela
para sempre. O veado-campeiro e a lontra, por
exemplo, marcavam presença na Lista Oficial
da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de
1989, mas não estão na listagem atual. Portanto,
é possível que uma espécie, hoje ameaçada de
extinção e presente na relação dos que podem
desaparecer, não esteja lá no futuro.
Espécie extinta — O último indivíduo da espécie
morreu; portanto, ela não existe mais nem na nature-
za nem em cativeiro. Há apenas exemplares mortos
e conservados em álcool, formol ou empalhados nos
laboratórios e museus.
Espécie extinta na natureza — Não está mais
presente na natureza, porém sobrevive em cativeiro.
Espécie ameaçada de extinção — É aquela que
foi definida como:
• Criticamente em perigo — corre risco extrema-
mente alto de extinção na natureza. [A população é
estimada em menos de 50 indivíduos adultos.]
• Em perigo — corre risco muito alto de extinção na
natureza. [A população tem menos de 2500 indiví-
duos adultos.]
• Vulnerável — corre risco alto de extinção na natu-
reza. [A população tem menos de 40 mil indivíduos
adultos.]
A ESCOLHA
Mas como é que um bicho é incluído em
cada uma dessas categorias? Quando não se acha
um animal de certa espécie após exaustivas bus-
cas na área onde ele costuma ser encontrado, ele
passa a ser considera-
do extinto na natureza.
Caso, no entanto, haja a
certeza de que o último
indivíduo da espécie
morreu, então, significa
que ele está extinto.
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9. No caso do veado-campeiro e da lontra, foi o
aumento do número de pesquisas e, consequentemen-
te, das informações sobre eles, que os tirou da lista dos
ameaçados. Chegou-se à conclusão de que a população
de ambos era maior do que se pensava! Quem sabe, um
dia, os bichos saiam da lista não só porque há mais pes-
quisas, mas, também, porque as pressões sobre eles —
como a caça e a coleta — ou sobre o local onde vivem
— como o desmatamento e a poluição — diminuíram.
Adriano Chiarello, Pontifícia Universidade Católica/
MG, Antonio D. Brescovit, Instituto Butantã, e Mara
Figueira, Ciência Hoje/RJ.
(Ciência Hoje das Crianças, de março de 2003, incluindo o texto que serve
de lide ao capítulo e as ilustrações, cedidas gentilmente pelo ilustrador Cruz.)
Mil e uma utilidades
O papel da Lista Oficial da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção não é só
informar quais espécies correm risco de
desaparecer. Ela contribui para preservar os
animais citados. Criar ou apoiar programas
para a preservação das espécies presentes
na lista, por exemplo, passa a ser uma
prioridade para o governo. Além
disso, a listagem é importante
para combater o comércio
ilegal de animais. A
venda dentro do
Brasil e no exte-
rior das espé-
cies citadas na
relação passa a
ser proibida.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. Observe no final do texto lido a indicação de sua fonte, isto é, o
nome do livro, jornal ou revista onde ele foi publicado original-
mente. Qual é ela? A revista Ciência Hoje das Crianças.
2. Observe a ilustração que acompanha o texto. Nela alguns ani-
mais olham um cartaz, enquanto outros são atendidos por seres
humanos.
a) Que animais olham o cartaz?
b) O que provavelmente eles procuram no cartaz? Justifique sua
resposta.
c) Que outros animais em risco de extinção você vê nessa ilus-
tração? A ararinha-azul, o mico-leão-dourado, o lobo-guará, entre outros.
d) Os seres humanos que aparecem na ilustração estão colaborando para evitar a extinção de
animais? Justifique sua resposta.
3. A revista em que foi publicado o texto é dirigida a crianças e adolescentes interessados em temas
científicos. Considerando esse dado e o assunto extinção de animais, indique, entre os itens que
seguem, aquele que resume melhor a finalidade principal do texto.
a) Estimular as crianças e os jovens a defender a natureza e a preservar os animais.
X b) Esclarecer os leitores quanto à maneira como é feita a lista que classifica os animais ameaçados
de extinção e, indiretamente, conscientizá-los da situação em que se encontram os animais.
c) Denunciar à sociedade a caça e a pesca predatórias, que têm levado muitos animais à extinção.
vulnerável: frágil, sujeito a ser atacado, ofen-
dido, machucado.
Procure no dicionário outras palavras que você
desconheça.
Sim, pois a menina sentada dá mamadeira ao peixe-boi, que é mamífero. A outra criança faz pesquisas de laboratório. Professor: Na prancheta que está na mão de uma ave, há uma
anotação: “DNA”. Comente com os alunos que essa palavra está relacionada com pesquisas genéticas.
Entre outros, a onça-pintada, o jacaré, a tartaruga
marinha, o tamanduá.
Provavelmente eles procuram seu nome no cartaz para saber se foram ou não incluídos na lista, pois
demonstram preocupação, conforme se vê pelo gesto do jacaré.
Cruz
Keystone
Peixe-boi marinho, mamífero que se encontra no
grupo dos animais classificados como “criticamente
em perigo de extinção”.
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10. 4. De acordo com o texto:
a) Por que ter o nome na lista pode ser
importante para o bicho que corre
risco de extinção?
b) Um animal que entra na lista pode
um dia sair dela? Explique como e
por que isso ocorre, exemplificando.
5. O texto dá destaque aos critérios usa-
dos pelos cientistas para definir se o
animal está extinto ou se está ameaça-
do de extinção. Analise estes casos:
• Em 1989, o mico-leão-dourado era
uma espécie “criticamente em peri-
go”. Na lista de 2002, entretanto,
ele mudou de categoria, passando
a ser uma espécie “em perigo”.
• Em 2000, em todo o mundo, havia um único exemplar da espécie ara-
rinha-azul vivendo em liberdade na natureza, um macho que habitava
a região de Curaçá, uma cidade baiana a 600 quilômetros de Salvador.
Os cientistas tentaram aproximar do macho uma fêmea de cativeiro, mas
a iniciativa não deu resultado. No final de 2000, a última ararinha-azul
desapareceu, talvez vítima de caçadores ou de traficantes de animais.
De acordo com os critérios usados pelos cientistas:
a) Quantos micos-leão-dourados os cientistas imaginavam que existiam em 1989? E em 2002?
b) Entre as categorias dos animais em extinção, como se classificava a ararinha-azul até 2000? E
depois de 2000? Até 2000, era uma ave “criticamente em perigo”; depois de 2000, passou a ser uma ave “extinta na natureza”.
6. A lista de bichos que correm o risco de extinção pode ajudar a preservá-los. Mas será que todas
as pessoas conhecem essa lista? Na sua opinião, que meios poderiam ser utilizados para que mais
pessoas tomassem conhecimento dessa lista? Resposta pessoal.
A LINGUAGEM DO TEXTO
1. Observe a grafia das palavras extinção e extintas, usadas várias vezes no texto. Elas originam-se
do verbo extinguir. Veja:
extinguir → extinção, extinto(a)(s)
Tendo como exemplo essa situação, escreva as palavras que se originam do verbo distinguir.
2. O texto é organizado em partes, identificadas com subtítulos, e em um boxe. Um dos subtítulos
é “Cada macaco no seu galho” e o título do boxe é “Mil e uma utilidades”. Considerando o con-
teúdo dessa parte e do boxe, responda:
a) O que geralmente significa a expressão “Cada macaco no seu galho”?
b) O subtítulo “Cada macaco no seu galho” é adequado à parte do texto iniciada por ele? Por quê?
c) E o título “Mil e uma utilidades”? Justifique sua resposta.
Por que bicho de
cativeiro é diferente?
Pelos critérios dos cientistas, apesar
de existirem mais de sessenta ararinhas-
azuis em cativeiro, o desaparecimento repre-
senta o fim da memória selvagem de
toda a espécie. Geneticamente, a
ararinha não morreu. Mas jamais
será possível recriar os hábitos do
animal em liberdade.
“Do ponto de vista do comportamento, os bichos em
cativeiro têm a mesma importância de um animal empa-
lhado”, ensina o ornitólogo e professor da Universidade de
Campinas (Unicamp) Jacques Vielliard.
(Veja, 14/2/2001.)
Fabio
Colombini
Ararinha-azul.
Mico-leão-dourado.
F
a
b
io
C
o
lo
m
b
in
i
2. b) Sim, pois nessa parte do texto os bichos são divididos em categorias, organizadas de acordo com o risco que correm de serem extintos na natureza.
do governo, que passam a cuidar melhor dessa espécie e a estimular sua preservação.
Porque chama a atenção de
pesquisadores, de ecologistas e
4. b) Sim. Isso ocorre se a população do animal aumentar ou se houver a certeza de que ela é maior
do que se imaginava, como ocorreu com o veado-campeiro e com a lontra. Professor: Lembre aos
alunos que, às vezes, as informações obtidas sobre a população de animais podem não ser corretas
e, por essa razão, os dados podem ser alterados.
Em 1989, imaginavam que a população tivesse no máximo 50 indivíduos adultos. Em 2002, imaginavam que esse número pudesse chegar a no máximo 2500 indivíduos.
distinguir → distinção, distinto(a)(s)
Equivale a dizer “Cada um na sua”, ou seja,
cada um deve ficar no grupo a que pertence,
ou fazer as coisas que sabe fazer, etc.
Sim, pois ele sugere que a Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada
tem várias utilidades.
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11. 3. Ao longo do texto, os autores fazem várias
perguntas ao leitor. Observe:
• “Mas que critérios eram esses?”
• “Ué! Cadê o ameaçado de extinção?”
• “Mas como é que um bicho é incluído em
cada uma dessas categorias?”
a) Quem responde a essas perguntas?
b) Levante hipóteses: Por que, na sua opinião,
os autores fazem essas perguntas ao leitor?
4. A expressão Ué! é bastante utilizada na lingua-
gem oral.
a) O que ela expressa? Expressa espanto, surpresa.
b) O uso dessa expressão num texto escrito
torna-o menos ou mais formal? Menos formal.
Cruzando linguagens
Leia este anúncio:
Espécies ameaçadas: a corrida
contra o tempo
Elefantes, rinocerontes, ursos-polares,
baleias, pandas, onças-pintadas, araras-azuis. O
que esses animais tão diferentes têm em comum?
Correm o risco de desaparecer para sempre da
face da Terra. Entre os anos de 1600 e 1900, uma
espécie animal ou vegetal era extinta a cada qua-
tro anos. Hoje, calcula-se que esse número seja
de uma extinção a cada 20 minutos. Felizmente,
espalham-se pelo mundo as organizações que
trabalham pela preservação das espécies, lutando
para que elas não sejam vistas apenas em dese-
nhos ou zoológicos.
(De olho no mundo, nº 17, p. 3. Publicação da revista Recreio.)
Para estimular o pensamento do leitor ou para tornar o texto mais atraente, com o
jeito de uma conversa informal, um “bate-papo” com o leitor.
Os próprios
autores.
(Terra da Gente — Animais, nº 11.)
Renctas
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12. Geralmente se coloca embaixo da forquilha uma isca para atrair o animal. Quando o animal vai comer a isca, a forquilha é puxada ou ele esbarra na forquilha e a derruba; por conse-
quência, o alçapão cai e aprisiona o animal.
1. Observe a imagem principal do anúncio. Nela, há uma mala, uma forquilha de galho de árvore e
uma corda. Juntos, esses elementos se parecem com outro objeto.
a) Qual é esse objeto e para que ele serve? Uma armadilha, usada para caçar animais.
b) Se você conhece esse objeto, explique para os colegas como ele funciona.
2. Considerando que o anúncio faz parte de uma campanha, leia o enunciado verbal que aparece
sobre a mala.
a) A que armadilha se refere o enunciado? Ao aprisionamento e ao tráfico de animais silvestres.
b) Levante hipóteses: Quem está na outra ponta da corda?
c) Deduza: Por que o anunciante utilizou a imagem da mala?
d) A mala encontra-se na sombra, com alguns reflexos de luz. Interprete: O que representa a
sombra?
3. Na parte de baixo do anúncio, lemos: “Nossa fauna silvestre não deverá ser passageira”. Essa frase,
no contexto, assume dois sentidos. Quais são eles?
4. A Renctas (Rede Nacional contra o Tráfico de Animais Silvestres) é uma organização não gover-
namental, sem fins lucrativos, criada com a finalidade de combater o tráfico de animais silvestres;
o Grupo Itapemirim é uma empresa de transportes.
Observe a fonte do anúncio, isto é, a publicação em que o anúncio foi divulgado, e levante hipó-
teses: Na sua opinião, o que o Grupo Itapemirim ganha em apoiar essa campanha?
Trocando ideias
1. Às vezes, é muito grande o esforço dos
cientistas para preservar um determinado
animal que corre risco de extinção. Foi o
que aconteceu, por exemplo, com rela-
ção à ararinha-azul. O empenho em sua
preservação envolveu durante dez anos
muitas pesquisas, pesquisadores e verbas, e
mesmo assim ela acabou desaparecendo da
natureza.
Na sua opinião, as pesquisas relacionadas
com animais em risco de extinção devem continuar, apesar de isso custar muito dinheiro e esfor-
ço à sociedade? Por quê?
2. Você sabia que existe uma Declaração Universal dos Direitos dos Animais? Ela foi criada em
1978, pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura),
entidade que se encarrega de promover a paz entre os seres humanos. Conheça alguns trechos
dessa declaração:
Consultando a lista
A lista de animais em risco de extinção é atua-
lizada periodicamente. Caso você queira saber se um
bicho está incluído nela, e em que categoria, consulte
os sites:
• www.biodiversitas.org.br/f_ameaca/fauna.htm
• www.ibama.gov.br
O traficante de animais, aquele que vende ilegalmente animais silvestres.
Representa a ilegalidade, ou seja, o tráfico de animais é feito às escondidas, porque não está de acordo com as leis vigentes no país.
2. c) Para sugerir que é desse modo que os animais são levados nos ônibus. Professor: Comente com os alunos que, em alguns casos, os animais vão engaiolados em ônibus até o aeroporto
mais próximo e, de lá, são transportados de avião para outros países.
a) Nossa fauna não será passageira (“viajante”) nesse ônibus, ou seja, nesse tipo de viagem, a do tráfico.
b) Nossa fauna não desaparecerá (passageiro como algo breve, que passa ou desaparece).
Professor: É conveniente abrir a discussão com a classe. Sugestão: o Grupo Itapemirim não ganha dinheiro ao participar dessa campanha, mas promove seu nome entre os leitores da revista,
passando a imagem de uma empresa responsável, com consciência ecológica. Professor: Comente com os alunos que uma imagem positiva traz benefícios para uma empresa, já que,
passando a ser bem vista pelo público, ela pode vir a ser mais procurada, o que, consequentemente, pode resultar em ganhos financeiros.
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13. ARTIGO I
Todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mesmo direito à existência.
ARTIGO III
a) Nenhum animal será submetido a maus-
tratos e atos cruéis.
b) Se a morte de um animal é necessária, deve
ser instantânea, sem dor nem angústia.
ARTIGO IV
a) Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no
seu ambiente natural terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de reproduzir-se.
b) A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a esse direito.
[...]
(Ciência Hoje das Crianças, março 2003.)
Na sua opinião, esses direitos dos animais vêm sendo respeitados? Por quê?
ARTIGO II
a) Cada animal tem direito ao respeito.
b) O homem, enquanto espécie animal,
não pode atribuir-se o direito de exter-
minar outros animais ou explorá-los,
violando esse direito. Ele tem o dever
de colocar sua consciência a serviço de
outros animais.
c) Cada animal tem direito à cura e à pro-
teção do homem.
A
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g
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via
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no
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m.
br
Os direitos dos animais
Conheça na íntegra a Declaração dos
Direitos dos Animais acessando o site:
www.geocities.com/salve_animais/
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