O documento discute vários tipos de figuras de linguagem, incluindo comparação, metáfora, metonímia, antítese, paradoxo, eufemismo, prosopopeia, sinestesia, hipérbole, onomatopeia, anáfora e assonância. Exemplos de cada uma são fornecidos através de trechos de poemas e músicas. Os leitores são então encarregados de identificar as figuras de linguagem presentes na música "Pedra, Flor e Espinho", do Barão Vermelho.
3. Observe o poema de Adélia Prado:
Impressionista
Comecemos pelo título:
O que é impressão?
O que é impressionar?
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
O que é arte
impressionista?
Conhece Monet, Manet,
Degas ou Renoir?
Pierre-Auguste Renoir. O Sena perto de Asnièrs, 1879
4. Construindo sentidos...
via sem saída
via bem
via aqui
via além
não via o trem
via sem saída
via tudo
não via a vida
via tudo que havia
não via a vida
a vida havia.
Via sem saída – Paulo Leminski
Podem ser feitas
várias
interpretações?
5. Figura de linguagem
Representação,
desenho,
ilustração.
Recurso estilístico que
embeleza;
enfatiza;
dá mais originalidade;
desperta emoções;
cria sensações...
Observe a
diferença:
Aline Vulcão
A mulher que era
alvoroçada e alvoroçadora,
que causava medo e
fascínio ao mesmo tempo e
que, se explodisse, acabava
com tudo, mas ainda assim
era linda...
6. Existem várias figuras de linguagem
Veremos as seguintes:
Comparação;
Metáfora;
Metonímia;
Antítese;
Paradoxo;
Eufemismo;
Prosopopeia;
Sinestesia;
Hipérbole;
Onomatopeia;
Anáfora;
Aliteração;
Assonância.
7. Comparação
a dutra e seu rio – Frederico Barbosa
o paraíba se enrosca
como cobra
acompanha fiel e tonto
como cão
revela-se em dobras
como ventre
amplifica o caminho
como lente
arrasta atrasa o tempo
como não
Como uma deusa
Você me mantém
E as coisas que você me diz
Me levam além
O amor e o poder - Rosana
8. Metáfora
Meu coração é um almirante louco
Que abandonou a profissão do mar
E que vai relembrando pouco a pouco
Em casa a passear, passear...
ideia a ser
definida
ideia
subjetiva com
que se
relaciona
metáfora
Imagem
resultante
coração almirante louco almirante louco a passear, passear
Eu vou passar cerol na mão
Vou cortar você na mão
Vou aparar pela rabiola
Vou trazer você pra mim
Cerol na mão – Bonde do
tigrão
9. Metonímia
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Vinícius de Moraes
10. Antítese
À instabilidade das coisas do mundo
Nasce o sol, e não dura mais que um dia
Depois da luz se segue a noite escura
Em tristes sonhos morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
[...]
Gregório de Matos
Sou o começo e o fim
O que há de bom e ruim
Um pedaço de ti
Forçado a se reprimir
Danse Macabre - Scalene
11. Paradoxo
Tic-Tac – Hermes Fontes
Este Amor, que, afinal é minha vida
e que será, talvez, a minha morte,
amor que me acalora e me intimida,
que me põe fraco quando me põe forte;
este Amor, que é um broquel e é uma ferida,
vai decidir, por fim, a minha sorte.
Eu tenho andado tão
calado
No meu canto
conversando
Com minha solidão
Muito romântico –
Maurício Mattar
12. Eufemismo
Amar – Florbela Espanca
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... Para me encontrar...
Mas o tempo cercou
minha estrada
E o cansaço me
dominou
Minhas vistas se
escureceram
E o final da corrida
chegou
Estrada da vida –
Milionário e José Rico
13. Prosopopeia (ou Personificação)
Poema de sete faces
Carlos Drummond de Andrade
[...]
As casas espiam os homens
Que correm atrás das mulheres
A tarde talvez fosse azul
Não houvesse tantos desejos
[...]
14. Sinestesia
Uma fada invisível desceu ali
e me disse em voz
igualmente macia e cálida:
“Tu serás feliz, Bentinho; tu
vais ser feliz”.
Trecho de Dom Casmurro,
de Machado de Assis
15. Hipérbole
[...]
Rios te brotarão dos olhos, se chorares!
E se, em torno do teu corpo, encantador e nu,
Tudo morrer, que importa?
A Natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!
[...]
A alvorada do amor – Olavo Bilac
Ser teu pão, ser
tua comida
Todo o amor que
houver nessa
vida
Cássia Eller
16. Anáfora
Ladainha – Cassiano Ricardo
Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome
De ilha de Vera Cruz
Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz
[...]
Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei
À primeira vista – Daniela Mercury
17. Onomatopeia
Chuva – Luísa Ducla Soares
Cai a chuva, ploc, ploc
Corre a chuva, ploc, ploc
Como um cavalo a galope.
Enche a rua, plás, plás
Esconde a lua, plás, plás
E leva as folhas atrás.
Pega a metralhadora
Trá, trá, trá, trá, trá
As que comandam vão
no trá, trá, trá, trá
Paredão Metralhadora
– Vingadora
18. Aliteração
Violões que choram
Cruz e Sousa
[...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]
Chove chuva
Chove sem parar
Chove chuva – Jorge Ben Jor
19. Assonância
Ana de Amsterdam – Chico Buarque
Sou Ana das loucas
Até amanhã
Sou Ana
Da cama, da cana, fulana, sacana
Sou Ana de Amsterdam
Teus lábios são labirintos
Que atraem meus instintos mais
sacanas
O teu olhar sempre distante,
sempre me engana
Eu entro sempre na tua dança
de cigana
É o fim do mundo todo dia da
semana
Refrão de bolero – Engenheiros
do Hawaii
20. Tarefa de casa
Ouça e leia a música “Pedra, flor e espinho”, do Barão
Vermelho e identifique todas as figuras de linguagem
presentes nela.
Obs.: Trabalhe com a versão dessa música que está no
álbum “Balada-MTV”