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Diamantino Piloto, um mago da guitarra e
das letras olhanenses
J. C. Vilhena Mesquita
Embora não tivesse sido uma das figuras mais notáveis da cultura
algarvia, não deixa de ser verdade que o Diamantino Piloto foi um
homem de raros talentos, particularmente predestinado para a
música, mas também para as letras, cujo talento e mérito intelectual
lhe permitiu alcandorar-se aos lugares cimeiros das artes e da
literatura algarvia.
Conheci-o em avançada idade,
quando se encontrava doente,
cansado e algo resignado à
velhice, que lhe tolhia os
movimentos e o impedia de
dedilhar a sua viola com a
mestria a que nos havia
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desanuviava, então dava largas
ao seu talento escrevendo
belos contos sobre a sociedade
olhanense, dos tempos em que
as fábricas de conservas
despontavam pela vila e os
pescadores desafiavam as
lonjuras do mar. Era um homem
culto e talentoso, que por mérito
próprio se impôs não só como Engenheiro-técnico eletromecânico,
mas também professor, músico e publicista.
Diamantino Augusto Piloto nasceu em Tavira a 24-5-1922, no seio
duma família de operários da indústria conserveira radicada em
Olhão, e aí veio a falecer em 7-3-2000. Após a instrução primária
empregou-se como serralheiro, contra a vontade do pai que sendo
um homem inteligente e autodidata cuidou de preparar o filho para o
exame do 1.º ciclo em que ficou aprovado. Apesar de ingressar no
Liceu de Faro quando chegou ao 5.º ano transferiu-se para a Escola
Industrial a fim de frequentar o curso de serralharia, que também
não concluiu. Admitindo os erros da juventude, decidiu então
preparar-se, mais uma vez externamente, para a admissão ao
Instituto Industrial de Lisboa, onde viria em 1947 a terminar o seu
curso de eletromecânica. Entretanto, notava-se nele uma grande
Diamantino Piloto poucos anos antes de falecer
propensão para a música, nomeadamente para a guitarra clássica,
em que viria a revelar-se um exímio executante. Por isso, reparte o
seu tempo de engenheiro com a música, recebendo lições do Prof.
Duarte Costa, que lhe augurou um futuro brilhante. Todavia, em
1947 aceita o lugar de professor de Matemática nas Escolas
Técnicas de Faro e de Olhão, para quatro anos depois ser chefe da
Secção de Pesos e Medidas na Inspeção Geral dos Produtos
Agrícolas e Industriais, que trocará, em 1962, por um lugar de chefe
da secção de Métodos e Estudos na Federação dos Municípios do
Distrito de Faro, acabando por se reformar no quadro superior da
empresa Eletricidade de Portugal.
No premeio deste périplo
laboral dedica-se às letras,
escrevendo nos órgãos
regionais sobre a ética
desportiva, os problemas
sociais dos trabalhadores, a
proteção da pesca algarvia,
os problemas da cultura
operária e a educação dos
mais desfavorecidos, etc.
Estreou-se nas páginas do
Boletim do Clube Os
Olhanenses, prosseguindo
depois nas colunas da
«Gazeta do Sul», «Correio
Olhanense», «Algarve
Ilustrado», «Notícias do
Algarve», «Jornal do
Algarve», «Postal do
Algarve» e, sobretudo, em
«O Sporting Olhanense», no tempo em que o nosso saudoso amigo
Herculano Valente mantinha com enormes dificuldades financeiras
a periodicidade daquele órgão. A veia literária de Diamantino Piloto
começou a revelar-se nas colunas de alguns desses jornais,
nomeadamente através da publicação de contos sobre a vida
castiça olhanense, alguns dos quais fez submeter à apreciação de
conceituadas personalidades que ao tempo compunham os júris
dos Jogos Florais. E neles chegou a ser premiado por diversas
vezes.
Apesar das suas naturais aptidões literárias, reconhecia-se-lhe
também uma grande capacidade para a música, chegando a fazer
parte de um grupo de notáveis melómanos da burguesia olhanense.
Os seus concertos de guitarra clássica ficaram na memória dos
anos cinquenta, numa terra em que Bernardino da Silva ou
Fernandes Lopes fizeram alarde duma grande erudição, e duma
consequente educação musical que aparentemente estaria
desenquadrada do ambiente pobre e fabril daquela vila piscatória.
Quando em 1965 a pianista Maria Campina, que conhecia e
apreciava o seu talento musical, veio dirigir o Conservatório
Regional do Algarve não se esqueceu de o convidar para o corpo
docente, lugar em que permaneceu praticamente até ao fim da sua
vida. A maior parte dos jovens que no Conservatório de Faro
aprenderam a dedilhar uma guitarra clássica fizeram-no pela mão
do Diamantino Piloto.
Na vida associativa foi
Presidente da Assembleia
Geral de Os Olhanense e
da Sociedade Recreativa
Olhanense, chegando a
Vice-Presidente do Sporting
Clube Olhanense. Nas
agremiações por onde
passou deixou atrás de si
grupos musicais, boletins
informativos e bibliotecas,
numa clara e salutar
dedicação à cultura e à instrução dos mais desfavorecidos. Na
RDP/Algarve manteve um programa de grande aceitação nacional,
a que deu o título de «Lugar ao Sul», premiado pelas instâncias
superiores devido à sua larga difusão. Nas colunas dos jornais e
nas gavetas do seu escritório jazem centenas de crónicas e belos
contos literários sobre as bravas gentes de Olhão, retratos das suas
fraquezas e virtudes, das grandezas e misérias que fizeram de um
porto de pescadores uma próspera vila industrial, a maioria dos
quais compilou nos livros Contos de Olhão, 1989, 2.ª ed. 1997; e
em O Meu Olhão, 1997. Os seus escritos constituem para as
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Diamantino piloto

  • 1. Diamantino Piloto, um mago da guitarra e das letras olhanenses J. C. Vilhena Mesquita Embora não tivesse sido uma das figuras mais notáveis da cultura algarvia, não deixa de ser verdade que o Diamantino Piloto foi um homem de raros talentos, particularmente predestinado para a música, mas também para as letras, cujo talento e mérito intelectual lhe permitiu alcandorar-se aos lugares cimeiros das artes e da literatura algarvia. Conheci-o em avançada idade, quando se encontrava doente, cansado e algo resignado à velhice, que lhe tolhia os movimentos e o impedia de dedilhar a sua viola com a mestria a que nos havia habituado desde há longa data. Quando o estado de espírito desanuviava, então dava largas ao seu talento escrevendo belos contos sobre a sociedade olhanense, dos tempos em que as fábricas de conservas despontavam pela vila e os pescadores desafiavam as lonjuras do mar. Era um homem culto e talentoso, que por mérito próprio se impôs não só como Engenheiro-técnico eletromecânico, mas também professor, músico e publicista. Diamantino Augusto Piloto nasceu em Tavira a 24-5-1922, no seio duma família de operários da indústria conserveira radicada em Olhão, e aí veio a falecer em 7-3-2000. Após a instrução primária empregou-se como serralheiro, contra a vontade do pai que sendo um homem inteligente e autodidata cuidou de preparar o filho para o exame do 1.º ciclo em que ficou aprovado. Apesar de ingressar no Liceu de Faro quando chegou ao 5.º ano transferiu-se para a Escola Industrial a fim de frequentar o curso de serralharia, que também não concluiu. Admitindo os erros da juventude, decidiu então preparar-se, mais uma vez externamente, para a admissão ao Instituto Industrial de Lisboa, onde viria em 1947 a terminar o seu curso de eletromecânica. Entretanto, notava-se nele uma grande Diamantino Piloto poucos anos antes de falecer
  • 2. propensão para a música, nomeadamente para a guitarra clássica, em que viria a revelar-se um exímio executante. Por isso, reparte o seu tempo de engenheiro com a música, recebendo lições do Prof. Duarte Costa, que lhe augurou um futuro brilhante. Todavia, em 1947 aceita o lugar de professor de Matemática nas Escolas Técnicas de Faro e de Olhão, para quatro anos depois ser chefe da Secção de Pesos e Medidas na Inspeção Geral dos Produtos Agrícolas e Industriais, que trocará, em 1962, por um lugar de chefe da secção de Métodos e Estudos na Federação dos Municípios do Distrito de Faro, acabando por se reformar no quadro superior da empresa Eletricidade de Portugal. No premeio deste périplo laboral dedica-se às letras, escrevendo nos órgãos regionais sobre a ética desportiva, os problemas sociais dos trabalhadores, a proteção da pesca algarvia, os problemas da cultura operária e a educação dos mais desfavorecidos, etc. Estreou-se nas páginas do Boletim do Clube Os Olhanenses, prosseguindo depois nas colunas da «Gazeta do Sul», «Correio Olhanense», «Algarve Ilustrado», «Notícias do Algarve», «Jornal do Algarve», «Postal do Algarve» e, sobretudo, em «O Sporting Olhanense», no tempo em que o nosso saudoso amigo Herculano Valente mantinha com enormes dificuldades financeiras a periodicidade daquele órgão. A veia literária de Diamantino Piloto começou a revelar-se nas colunas de alguns desses jornais, nomeadamente através da publicação de contos sobre a vida castiça olhanense, alguns dos quais fez submeter à apreciação de conceituadas personalidades que ao tempo compunham os júris dos Jogos Florais. E neles chegou a ser premiado por diversas vezes. Apesar das suas naturais aptidões literárias, reconhecia-se-lhe também uma grande capacidade para a música, chegando a fazer parte de um grupo de notáveis melómanos da burguesia olhanense.
  • 3. Os seus concertos de guitarra clássica ficaram na memória dos anos cinquenta, numa terra em que Bernardino da Silva ou Fernandes Lopes fizeram alarde duma grande erudição, e duma consequente educação musical que aparentemente estaria desenquadrada do ambiente pobre e fabril daquela vila piscatória. Quando em 1965 a pianista Maria Campina, que conhecia e apreciava o seu talento musical, veio dirigir o Conservatório Regional do Algarve não se esqueceu de o convidar para o corpo docente, lugar em que permaneceu praticamente até ao fim da sua vida. A maior parte dos jovens que no Conservatório de Faro aprenderam a dedilhar uma guitarra clássica fizeram-no pela mão do Diamantino Piloto. Na vida associativa foi Presidente da Assembleia Geral de Os Olhanense e da Sociedade Recreativa Olhanense, chegando a Vice-Presidente do Sporting Clube Olhanense. Nas agremiações por onde passou deixou atrás de si grupos musicais, boletins informativos e bibliotecas, numa clara e salutar dedicação à cultura e à instrução dos mais desfavorecidos. Na RDP/Algarve manteve um programa de grande aceitação nacional, a que deu o título de «Lugar ao Sul», premiado pelas instâncias superiores devido à sua larga difusão. Nas colunas dos jornais e nas gavetas do seu escritório jazem centenas de crónicas e belos contos literários sobre as bravas gentes de Olhão, retratos das suas fraquezas e virtudes, das grandezas e misérias que fizeram de um porto de pescadores uma próspera vila industrial, a maioria dos quais compilou nos livros Contos de Olhão, 1989, 2.ª ed. 1997; e em O Meu Olhão, 1997. Os seus escritos constituem para as gerações atuais, uma útil fonte de referência para o estudo socioeconómico do concelho de Olhão. Imagem do mercado de Olhão nos anos vinte do século passado