Silvio Pellico, ao longo da sua penosa existência, metamorfoseou a sua personalidade política em diferentes opções e sucessivas etapas, hesitando sempre no caminho a escolher. Por isso, começou por ser um fervoroso nacionalista, passou ligeiramente pelas fileiras clandestinas da carbonária, apodreceu durante dez anos nas masmorras austríacas e acabou por se converter definitivamente à causa religiosa, regressando à paz católica em que nascera.
Este último gesto, talvez o de um desiludido, fará de Silvio Pellico uma espécie de desilusão pública do revolucionarismo político, o que lhe granjeará sérios dissabores, entre os quais o escárnio da traição. Para a maioria dos nacionalistas italianos, As Minhas Prisões de Silvio Pellico, são um “bluff”, espécie de literatura de seminário, que ninguém aproveita a não ser os inimigos da própria Itália. Por conseguinte, Silvio Pellico é um traidor à causa independentista italiana, um reles pacifista a quem não cabem as honras de perfilar ao lado de Garibaldi, de Cavour ou de Mazzini.
As primicias jornalísticas de mestre Aquilino Ribeiro no AlgarveJosé Mesquita
Poucos saberão certamente que o escritor Aquilino Ribeiro fez as suas primícias de publicista emérito no Algarve, mais precisamente na vila de Olhão, tendo escolhido para palco da sua estreia jornalística o semanário «O Cruzeiro do Sul», fundado e dirigido por José Marques Corpas Centeno, dedicado secretário da edilidade local e notável publicista. Trata-se de um pormenor biográfico, frequentemente descurado, que à primeira vista poderá parecer irrelevante mas que, no fundo, assume particular interesse para o roteiro literário e estilístico do autor do Malhadinhas. Por outro lado, constitui um elemento de insofismável orgulho para a História da Imprensa Algarvia, que de forma alguma se poderá desdenhar, sob pena de incorrermos num verdadeiro atentado à memória daquele que muito justamente se considera como o maior romancista português do século XX.
Artigo biobibliográfico sobre a obra literária deste poeta algarvio, falecido em 1989, e infelizmente já praticamente esquecido pelos seus comprovincianos. Consegui recentemente que a Câmara Municipal de Faro lhe atribuísse a designação de uma rua.
Este pequeno artigo é uma espécie de última homenagem à sua memória.
Fonseca domingos, erudito poeta do povoJosé Mesquita
1) O documento presta homenagem ao poeta José Maria Fonseca Domingos, descrevendo sua personalidade e obra literária.
2) Fonseca Domingos era um poeta autodidata, progressista e admirador de movimentos libertadores. Ele possuía uma memória prodigiosa e conhecia bem a literatura e cultura portuguesa e mundial.
3) O documento também descreve as tertúlias literárias nas quais Fonseca Domingos participava, onde discutia ideias e criticava o consumismo, apesar de ser um fumador inveter
Na vida de Florbela Espanca existem muitos pontos obscuros (ou menos esclarecidos), que apenas se afloraram sem, contudo, se ousar penetrar no âmago ou na essência das razões que os originaram. A permanência da poetisa em terras do Algarve é um dos trajectos biográficos mais ignorados pelos investigadores, ensaístas e historiadores da nossa cultura. Talvez o facto dessa estadia ter sido curta, transitória e efémera, explique o pouco interesse da investigação. De igual modo se admite que sendo o Algarve uma região predestinada para o turismo tenha levado os estudiosos a supôr que Florbela demandou estas paragens apenas por motivos de lazer. Mas também há quem por falso pudor, imaculando a figura literária de Florbela, procure ignorar essa presença, sabendo de antemão que ela se ficou a dever ao definitivo encerramento das suas naturais expectativas de mulher-mãe.
Calou-se para sempre a voz da eloquência algarvia, o verbo da mediação cívica e da desinteressada ação política, que tudo fez para engrandecer a sua pátria natal. Foi um cidadão exemplar, humilde e desprovido de vaidades, que soube granjear o respeito dos seus conterrâneos e admiração pelos seus colegas e alunos. Acima de tudo foi um homem íntegro, desprendido de interesses, com um forte caráter e de princípios éticos que serviram de exemplo a todos os que o conheceram ou com ele conviveram. Como humanista e homem de cultura, deixou uma vincada imagem de erudição, atestada na vasta obra legada em livro, mas também nas conferências que pronunciou e nos congressos e colóquios, nacionais e internacionais, em que participou. Deixou-nos na memória a recordação do académico competente e do historiador proficiente, do jurista impoluto e do editor mecenas. Mas também guardamos dele o acrisolado amor regionalista e a convicção algarviísta que a todos compete imitar
1. O documento discute o pioneirismo de Ataíde Oliveira no monografismo algarvio, produzindo estudos detalhados sobre vários concelhos da região.
2. Explica que as monografias surgiram como forma de conhecer melhor a realidade local e regional, analisando aspectos históricos, culturais e econômicos.
3. Aponta que o espírito regionalista esteve na origem de muitas monografias, especialmente em regiões periféricas, como forma de dar visibilidade a essas localidades.
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroJosé Mesquita
Trata-se de um breve apontamento sobre o significado histórico do Cenotáfio, enquanto túmulo simbólico ou memorial em homenagem aos heróis caídos em defesa da pátria, da religião, da liberdade ou de supremos ideais humanitários.
Este documento descreve como a cidade de Faro apoiou e deu cobertura ao movimento futurista liderado por Fernando Pessoa, Mário Sá-Carneiro e Almada Negreiros no início do século XX. O semanário "O Heraldo", dirigido pelo pintor Lyster Franco, publicou colaborações destes futuristas e ajudou a divulgar o movimento na região. O último sobrevivente deste movimento futurista português foi o próprio Lyster Franco.
As primicias jornalísticas de mestre Aquilino Ribeiro no AlgarveJosé Mesquita
Poucos saberão certamente que o escritor Aquilino Ribeiro fez as suas primícias de publicista emérito no Algarve, mais precisamente na vila de Olhão, tendo escolhido para palco da sua estreia jornalística o semanário «O Cruzeiro do Sul», fundado e dirigido por José Marques Corpas Centeno, dedicado secretário da edilidade local e notável publicista. Trata-se de um pormenor biográfico, frequentemente descurado, que à primeira vista poderá parecer irrelevante mas que, no fundo, assume particular interesse para o roteiro literário e estilístico do autor do Malhadinhas. Por outro lado, constitui um elemento de insofismável orgulho para a História da Imprensa Algarvia, que de forma alguma se poderá desdenhar, sob pena de incorrermos num verdadeiro atentado à memória daquele que muito justamente se considera como o maior romancista português do século XX.
Artigo biobibliográfico sobre a obra literária deste poeta algarvio, falecido em 1989, e infelizmente já praticamente esquecido pelos seus comprovincianos. Consegui recentemente que a Câmara Municipal de Faro lhe atribuísse a designação de uma rua.
Este pequeno artigo é uma espécie de última homenagem à sua memória.
Fonseca domingos, erudito poeta do povoJosé Mesquita
1) O documento presta homenagem ao poeta José Maria Fonseca Domingos, descrevendo sua personalidade e obra literária.
2) Fonseca Domingos era um poeta autodidata, progressista e admirador de movimentos libertadores. Ele possuía uma memória prodigiosa e conhecia bem a literatura e cultura portuguesa e mundial.
3) O documento também descreve as tertúlias literárias nas quais Fonseca Domingos participava, onde discutia ideias e criticava o consumismo, apesar de ser um fumador inveter
Na vida de Florbela Espanca existem muitos pontos obscuros (ou menos esclarecidos), que apenas se afloraram sem, contudo, se ousar penetrar no âmago ou na essência das razões que os originaram. A permanência da poetisa em terras do Algarve é um dos trajectos biográficos mais ignorados pelos investigadores, ensaístas e historiadores da nossa cultura. Talvez o facto dessa estadia ter sido curta, transitória e efémera, explique o pouco interesse da investigação. De igual modo se admite que sendo o Algarve uma região predestinada para o turismo tenha levado os estudiosos a supôr que Florbela demandou estas paragens apenas por motivos de lazer. Mas também há quem por falso pudor, imaculando a figura literária de Florbela, procure ignorar essa presença, sabendo de antemão que ela se ficou a dever ao definitivo encerramento das suas naturais expectativas de mulher-mãe.
Calou-se para sempre a voz da eloquência algarvia, o verbo da mediação cívica e da desinteressada ação política, que tudo fez para engrandecer a sua pátria natal. Foi um cidadão exemplar, humilde e desprovido de vaidades, que soube granjear o respeito dos seus conterrâneos e admiração pelos seus colegas e alunos. Acima de tudo foi um homem íntegro, desprendido de interesses, com um forte caráter e de princípios éticos que serviram de exemplo a todos os que o conheceram ou com ele conviveram. Como humanista e homem de cultura, deixou uma vincada imagem de erudição, atestada na vasta obra legada em livro, mas também nas conferências que pronunciou e nos congressos e colóquios, nacionais e internacionais, em que participou. Deixou-nos na memória a recordação do académico competente e do historiador proficiente, do jurista impoluto e do editor mecenas. Mas também guardamos dele o acrisolado amor regionalista e a convicção algarviísta que a todos compete imitar
1. O documento discute o pioneirismo de Ataíde Oliveira no monografismo algarvio, produzindo estudos detalhados sobre vários concelhos da região.
2. Explica que as monografias surgiram como forma de conhecer melhor a realidade local e regional, analisando aspectos históricos, culturais e econômicos.
3. Aponta que o espírito regionalista esteve na origem de muitas monografias, especialmente em regiões periféricas, como forma de dar visibilidade a essas localidades.
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroJosé Mesquita
Trata-se de um breve apontamento sobre o significado histórico do Cenotáfio, enquanto túmulo simbólico ou memorial em homenagem aos heróis caídos em defesa da pátria, da religião, da liberdade ou de supremos ideais humanitários.
Este documento descreve como a cidade de Faro apoiou e deu cobertura ao movimento futurista liderado por Fernando Pessoa, Mário Sá-Carneiro e Almada Negreiros no início do século XX. O semanário "O Heraldo", dirigido pelo pintor Lyster Franco, publicou colaborações destes futuristas e ajudou a divulgar o movimento na região. O último sobrevivente deste movimento futurista português foi o próprio Lyster Franco.
«Chronica do Algarve» terá sido o primeiro jornal algarvio?José Mesquita
O documento discute o primeiro jornal publicado no Algarve, chamado "Chronica do Algarve", e data a sua publicação em 15 de Julho de 1833. No entanto, o autor argumenta que este não deve ser considerado o primeiro jornal da região, exibindo como prova o único exemplar conhecido, que na verdade é apenas um prospecto. O autor aponta "O Popular Jornal do Algarve", publicado em 1847, como o primeiro jornal verdadeiro da região.
Este documento apresenta uma crônica de Pinheiro Chagas de 1875 que criticava Eça de Queirós e o realismo. Discute as diferenças entre esta crônica e uma análise posterior feita por Salgado Júnior, e como a visão de Chagas sobre Eça mudou ao longo dos anos.
Subsídios para a História Eclesiástica do Algarve - Os Bispos de SilvesJosé Mesquita
Este Catálogo mais não é do que uma breve relação dos Bispos da Sé de Silves; mas cumpre acrescentar que o seu primordial interesse reside na comprovação documental da existência da conhecida contenda entre o rei de Castela e D. Afonso III respeitante à nomeação dos prelados silvenses, assim como a presença das suas assinaturas em vários diplomas de escrituras, doações e mercês, cuja citação constitui uma fonte de indesmentível importância para o estudo da História Eclesiástica do Algarve. Por outro lado, apercebi-me de que a maioria dos documentos aí referidos pertence ao Arquivo do Mosteiro de S. Cruz de Coimbra e ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, para além de serem citadas várias obras clássicas da historiografia ibérica. Tudo isto dava a entender que o seu autor seria um investigador erudito e bastante cuidadoso. Rapidamente me apercebi de que não me enganava ao verificar que a assinatura pertencia ao historiador Frei Manoel dos Santos, um dos mais notáveis intelectuais do seu tempo.
O presente manuscrito que ora se dá a público, pela primeira vez, compõe-se de quatro folhas, preenchidas no rosto e verso, numeradas de fls. 112 a 115 do códice 152 depositado na B. N. L., pertencente ao espólio da antiga Academia Real da História Portuguesa.
Este documento apresenta uma descrição detalhada do personagem principal da história, Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda. Ele é descrito como um erudito conservador de quase 50 anos apaixonado por história e genealogia, que vive recluso em sua propriedade estudando os livros em sua biblioteca.
Este documento apresenta a história de Domingos José Correia Botelho e sua esposa D. Rita Preciosa Caldeirão Castelo Branco. Domingos era um homem feio e burro que conseguiu se casar com Rita, uma bela dama da corte, atraves de sua habilidade com flauta. Eles se mudaram para a vila de Vila Real, onde Rita se sentiu deslocada pela nobreza local e forçou Domingos a construir uma nova casa. A história sugere que seu casamento foi infeliz devido às diferenças entre
Personalidade relevante, com um carácter antidinástico a todos os títulos notável, Manuel de Arriaga procurou esforçadamente, logo após o 5 de Outubro de 1910, a conciliação de todos os portugueses com o novo regime acabado de implantar. A República era encarada, na época, como a «cura de todos os males de que enfermava a Nação», e esse era o ideal, e a esperança, do velho tribuno republicano. «Tendo passado toda a vida a procurar a República foi procurado por ela para seu Procurador», no Verão de 1911, sendo então eleito como primeiro Presidente da República Portuguesa. Era a justa homenagem prestada ao mais ancião dos republicanos. Todavia, a incompreensão dos políticos e o clima de desordem partidária, que se fez sentir com o desmembramento do Partido Republicano Português (PRP), ditaram o seu afastamento da presidência da Nação, depois de ter sido considerado traidor e fora-da-lei por destacados vultos da vida política nacional.
Este documento apresenta um resumo detalhado do Capítulo XVI do livro "Os Maias" de Eça de Queirós. O capítulo descreve um sarau literário que ocorre no Teatro da Trindade em Lisboa, onde várias personagens se reúnem para ouvir recitais e discutir temas da política e agricultura portuguesas da época. O documento caracteriza as personalidades presentes no evento e analisa como o espaço influencia os diálogos e comportamentos entre eles.
Trabalho de investigação sobre a preservação das terras de degredo mais de um século depois de terem sido extintos os Coutos de homiziados em Portugal. O Algarve, e nomeadamente a vila de Castro Marim, foi uma das primeiras regiões de Portugal a receber cartas de Couto para obstar ao fenómeno socioeconómico do ermamento demográfico.
Antes do Sarau: Carlos tenta convencer Ega a não ir ao Teatro da Trindade. Durante o Sarau: O programa inclui apresentações de Rufino, Cruges, Prata e Alencar. Depois do Sarau: Guimarães conta a história de como conheceu Maria Eduarda para Ega.
O documento descreve a sociedade portuguesa da época através dos olhos de Carlos e Ega, que revisitam Lisboa após os eventos do romance. Eles notam que nada mudou - a cidade e as pessoas permanecem estagnadas e ociosas, assim como Portugal. A visita aos lugares e encontro com conhecidos revelam uma nobreza decadente e uma nova geração igualmente ociosa. No final, Carlos e Ega percebem que seu romantismo não é compatível com a realidade degenerada que encontram.
O documento discute dois jantares na sociedade lisboeta - um no Hotel Central e outro na casa dos Gouvarinho - que permitem criticar as classes dirigentes e sua ignorância. Também aborda uma peça de teatro que critica o ultra-romantismo e jornais que publicam apenas textos de correligionários políticos.
O número 15 da nova série da Revista de Portugal, com 96 páginas, cuja capa apresenta o busto do J. Rentes de Carvalho recentemente inaugurado no Solar Condes de Resende e da autoria de Hélder de Carvalho, sendo o número dedicado aos 50 anos da vida literária do escritor. No conteúdo, vários artigos de afetos, o editorial lembra os 130 anos da edição de Os Maias, a memória do comendador Fernando Fernandes, recentemente falecido, um artigo de J. Rentes de Carvalho sobre o falecimento de Fernando Peixoto há 10 anos, um artigo sobre «O regresso a casa» de J. Rentes de Carvalho e o seu espólio depositado no Solar Condes de Resende por J. A. Gonçalves Guimarães, uma notícia sobre a obra artística de Hélder de Carvalho, que, além do busto da capa e de um outro no interior teve honras de contra-capa com a estátua de Abel Salazar no Porto; segue-se um artigo de Felicidade Ferreira sobre «O Colégio da Lapa e a educação dos filhos da burguesia portuense do século XIX: o caso da família de Tomás António de Araújo Lobo»; uma notícia de Jorge Campos Henriques sobre «Eça de Queiroz e Aveiro – “O Solar dos Queiroses”: um triste fim»; de Susana Moncóvio «Anatomia de um caso: o retrato de homem com boina vermelha da Casa-Museu Egas Moniz» sobre uma errada identificação de um pseudo-retrato do escritor; de José Pereira da Graça «O processo do Colmeal (da Marofa): história, realidade, comentários e mitos», o desmontar de uma mentira construída no pós-25 de abril que até teve “honras” de filme televisivo; segue-se a bibliografia produzida em 2017 pelos sócios e confrades da Confraria Queirosiana e o Relatório de Atividades e resumo das contas desse mesmo ano.
- O capítulo descreve a consideração do casamento de Carlos e Maria por Rosa e Afonso da Maia e a vida e educação de Maria Eduarda. Também aborda as visitas de amigos à "Toca" e dois episódios envolvendo jornais.
Este documento apresenta a introdução de um romance situado em Guimarães no século XV. Apresenta brevemente um ourives local chamado Guilherme Nogueira e sua admiração pelas obras de arte sacra da igreja. Também descreve Teresa de Jesus, uma jovem muito devota cujo pai quer casá-la para assegurar a linhagem familiar.
O documento resume os principais acontecimentos apresentados nos seis primeiros capítulos de Os Maias. Apresenta a estrutura da obra, a caracterização das personagens e a evolução da intriga principal no período. Resume ainda a história da família Maia e os principais eventos que envolvem as personagens Carlos da Maia e Maria Eduarda.
O documento analisa símbolos nos Maias de Eça de Queirós, incluindo o Ramalhete, jardim da casa dos Maias, e objetos nele como a estátua de Vênus e as árvores. Também discute as cores e objetos na casa e quarto de Maria Eduarda que pressagiam o destino trágico de Carlos e Pedro.
O documento apresenta uma biografia detalhada do escritor gaúcho João Simões Lopes Neto, incluindo informações sobre sua família, educação, carreira profissional e obra literária, que inclui contos, peças de teatro, crônicas e poesias publicadas em jornais da época. O texto também lista referências bibliográficas sobre a vida e obra de Simões Lopes Neto.
Este documento fornece um resumo detalhado dos capítulos 5 e 6 do romance Os Maias de Eça de Queirós. Apresenta as personagens principais e secundárias, os locais e eventos descritos nestes capítulos, incluindo a chegada de Carlos ao Ramalhete, os projetos frustrados de Carlos e Ega, e o jantar no Hotel Central onde são debatidos temas literários e sociais.
O documento descreve a história da pesca na cidade de Tavira no século XIX. Resume que a pesca sempre foi uma indústria importante para a economia de Tavira, com várias espécies de peixe sendo capturadas, como sardinha e atum. Também discute como os pescadores se organizavam em grupos e como pagavam impostos sobre sua captura de peixe.
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveJosé Mesquita
Desenvolvida análise do trajecto de vida de José Joaquim de Sousa Reis, vulgo o Remexido, não só como heróico guerrilheiro miguelista, mas também como cidadão, como político local e como militar. O trabalho está estribado em documentação inédita e em credíveis fontes bibliográficas. A sua leitura pode ser muito proveitosa até mesmo àqueles que se sentem menos familiarizados com a temático das Lutas Liberais no nosso país.
Artigo científico sobre a acção político-militar de José Joaquim de Sousa Reis, depois transformado no herói popular que o vulgo designava por Remexido, famoso guerrilheiro que sustentou a causa miguelista até ao fim do período histórico conhecido por Setembrimo. Foi, e ainda é, uma das mais carismáticas figuras da história regional algarvia, retratado em diversas obras da literatura portuguesa, desde o séc. XIX até à actualidade.
Da extinção à restauração do concelho de AljezurJosé Mesquita
O antigo ordenamento administrativo português tornara-se, no decurso dos séculos, numa imbricada confusão de concelhos, vilas coutos e honras, a que ninguém ousava pôr cobro. Era uma herança da História que só uma revolução das mentalidades, como aquela que resultaria da vitória liberal em 1834, poderia alterar. Esse foi um princípio de honra e compromisso político do novo regime. Teorizada por José Henriques Nogueira, esboçado por Mouzinho da Silveira mas levada à prática por Manuel da Silva Passos, a Reforma Administrativa exarada no decreto de 6-11-1836 exterminou os coutos da Igreja, as vilas e honras da Nobreza, e reduziu a menos de metade os concelhos então existentes. Não vamos agora dissecar o assunto. Em todo o caso, para se fazer uma ideia do seu profundo alcance, bastará dizer que dos 816 concelhos então existentes apenas se mantiveram 351, dos quais o Algarve foi uma pseudo-vítima.
Na verdade, dos 17 concelhos que o Algarve possuía apenas se extinguiram quatro, a saber: Alvor, Sagres, Aljezur e Castro Marim. Das suas 68 freguesias reduziram-se-lhe duas: N.ª S.ª do Verde, em Monchique, e S. João da Venda, em Faro, a qual se restabeleceria em 1842, mas no concelho de Loulé. Com Aljezur passou-se algo inusitado, pois que estando previsto fundir-se no concelho de Lagos acabaria por ser anexado a Monchique, o que causava grandes transtornos aos seus moradores.
O problema da reforma administrativa nunca foi pacífico e, de certo modo, agudizou-se com a publicação do Código, uma espécie de bandeira do novo regime liberal. Se no Código Administrativo de Passos Manuel, de 1836, os concelhos, como vimos, foram reduzidos para 351, no Código de Costa Cabral, de 1842, cresceram para 381; mas com Rodrigues Sampaio, em 1878, reduziram-se para 290, em 1880 Luciano de Castro não mexeu nos municípios e com João Franco, em 1895, apenas se acrescentou um concelho. Como se constata pela análise dos diversos códigos administrativos, não foi o Algarve objecto de grandes mudanças, pois que desde 1836 se manteve nos 15 concelhos e cerca de 70 freguesias. Porém, não podemos deixar de afirmar que os concelhos algarvios que mais sofreram com as bolandas da reforma administrativa foram Castro Marim, Vila do Bispo e Aljezur. A sua justificação era sempre a mesma: escassez populacional, isolamento geográfico e falta de letrados para a execução do poder autárquico.
«Chronica do Algarve» terá sido o primeiro jornal algarvio?José Mesquita
O documento discute o primeiro jornal publicado no Algarve, chamado "Chronica do Algarve", e data a sua publicação em 15 de Julho de 1833. No entanto, o autor argumenta que este não deve ser considerado o primeiro jornal da região, exibindo como prova o único exemplar conhecido, que na verdade é apenas um prospecto. O autor aponta "O Popular Jornal do Algarve", publicado em 1847, como o primeiro jornal verdadeiro da região.
Este documento apresenta uma crônica de Pinheiro Chagas de 1875 que criticava Eça de Queirós e o realismo. Discute as diferenças entre esta crônica e uma análise posterior feita por Salgado Júnior, e como a visão de Chagas sobre Eça mudou ao longo dos anos.
Subsídios para a História Eclesiástica do Algarve - Os Bispos de SilvesJosé Mesquita
Este Catálogo mais não é do que uma breve relação dos Bispos da Sé de Silves; mas cumpre acrescentar que o seu primordial interesse reside na comprovação documental da existência da conhecida contenda entre o rei de Castela e D. Afonso III respeitante à nomeação dos prelados silvenses, assim como a presença das suas assinaturas em vários diplomas de escrituras, doações e mercês, cuja citação constitui uma fonte de indesmentível importância para o estudo da História Eclesiástica do Algarve. Por outro lado, apercebi-me de que a maioria dos documentos aí referidos pertence ao Arquivo do Mosteiro de S. Cruz de Coimbra e ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, para além de serem citadas várias obras clássicas da historiografia ibérica. Tudo isto dava a entender que o seu autor seria um investigador erudito e bastante cuidadoso. Rapidamente me apercebi de que não me enganava ao verificar que a assinatura pertencia ao historiador Frei Manoel dos Santos, um dos mais notáveis intelectuais do seu tempo.
O presente manuscrito que ora se dá a público, pela primeira vez, compõe-se de quatro folhas, preenchidas no rosto e verso, numeradas de fls. 112 a 115 do códice 152 depositado na B. N. L., pertencente ao espólio da antiga Academia Real da História Portuguesa.
Este documento apresenta uma descrição detalhada do personagem principal da história, Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda. Ele é descrito como um erudito conservador de quase 50 anos apaixonado por história e genealogia, que vive recluso em sua propriedade estudando os livros em sua biblioteca.
Este documento apresenta a história de Domingos José Correia Botelho e sua esposa D. Rita Preciosa Caldeirão Castelo Branco. Domingos era um homem feio e burro que conseguiu se casar com Rita, uma bela dama da corte, atraves de sua habilidade com flauta. Eles se mudaram para a vila de Vila Real, onde Rita se sentiu deslocada pela nobreza local e forçou Domingos a construir uma nova casa. A história sugere que seu casamento foi infeliz devido às diferenças entre
Personalidade relevante, com um carácter antidinástico a todos os títulos notável, Manuel de Arriaga procurou esforçadamente, logo após o 5 de Outubro de 1910, a conciliação de todos os portugueses com o novo regime acabado de implantar. A República era encarada, na época, como a «cura de todos os males de que enfermava a Nação», e esse era o ideal, e a esperança, do velho tribuno republicano. «Tendo passado toda a vida a procurar a República foi procurado por ela para seu Procurador», no Verão de 1911, sendo então eleito como primeiro Presidente da República Portuguesa. Era a justa homenagem prestada ao mais ancião dos republicanos. Todavia, a incompreensão dos políticos e o clima de desordem partidária, que se fez sentir com o desmembramento do Partido Republicano Português (PRP), ditaram o seu afastamento da presidência da Nação, depois de ter sido considerado traidor e fora-da-lei por destacados vultos da vida política nacional.
Este documento apresenta um resumo detalhado do Capítulo XVI do livro "Os Maias" de Eça de Queirós. O capítulo descreve um sarau literário que ocorre no Teatro da Trindade em Lisboa, onde várias personagens se reúnem para ouvir recitais e discutir temas da política e agricultura portuguesas da época. O documento caracteriza as personalidades presentes no evento e analisa como o espaço influencia os diálogos e comportamentos entre eles.
Trabalho de investigação sobre a preservação das terras de degredo mais de um século depois de terem sido extintos os Coutos de homiziados em Portugal. O Algarve, e nomeadamente a vila de Castro Marim, foi uma das primeiras regiões de Portugal a receber cartas de Couto para obstar ao fenómeno socioeconómico do ermamento demográfico.
Antes do Sarau: Carlos tenta convencer Ega a não ir ao Teatro da Trindade. Durante o Sarau: O programa inclui apresentações de Rufino, Cruges, Prata e Alencar. Depois do Sarau: Guimarães conta a história de como conheceu Maria Eduarda para Ega.
O documento descreve a sociedade portuguesa da época através dos olhos de Carlos e Ega, que revisitam Lisboa após os eventos do romance. Eles notam que nada mudou - a cidade e as pessoas permanecem estagnadas e ociosas, assim como Portugal. A visita aos lugares e encontro com conhecidos revelam uma nobreza decadente e uma nova geração igualmente ociosa. No final, Carlos e Ega percebem que seu romantismo não é compatível com a realidade degenerada que encontram.
O documento discute dois jantares na sociedade lisboeta - um no Hotel Central e outro na casa dos Gouvarinho - que permitem criticar as classes dirigentes e sua ignorância. Também aborda uma peça de teatro que critica o ultra-romantismo e jornais que publicam apenas textos de correligionários políticos.
O número 15 da nova série da Revista de Portugal, com 96 páginas, cuja capa apresenta o busto do J. Rentes de Carvalho recentemente inaugurado no Solar Condes de Resende e da autoria de Hélder de Carvalho, sendo o número dedicado aos 50 anos da vida literária do escritor. No conteúdo, vários artigos de afetos, o editorial lembra os 130 anos da edição de Os Maias, a memória do comendador Fernando Fernandes, recentemente falecido, um artigo de J. Rentes de Carvalho sobre o falecimento de Fernando Peixoto há 10 anos, um artigo sobre «O regresso a casa» de J. Rentes de Carvalho e o seu espólio depositado no Solar Condes de Resende por J. A. Gonçalves Guimarães, uma notícia sobre a obra artística de Hélder de Carvalho, que, além do busto da capa e de um outro no interior teve honras de contra-capa com a estátua de Abel Salazar no Porto; segue-se um artigo de Felicidade Ferreira sobre «O Colégio da Lapa e a educação dos filhos da burguesia portuense do século XIX: o caso da família de Tomás António de Araújo Lobo»; uma notícia de Jorge Campos Henriques sobre «Eça de Queiroz e Aveiro – “O Solar dos Queiroses”: um triste fim»; de Susana Moncóvio «Anatomia de um caso: o retrato de homem com boina vermelha da Casa-Museu Egas Moniz» sobre uma errada identificação de um pseudo-retrato do escritor; de José Pereira da Graça «O processo do Colmeal (da Marofa): história, realidade, comentários e mitos», o desmontar de uma mentira construída no pós-25 de abril que até teve “honras” de filme televisivo; segue-se a bibliografia produzida em 2017 pelos sócios e confrades da Confraria Queirosiana e o Relatório de Atividades e resumo das contas desse mesmo ano.
- O capítulo descreve a consideração do casamento de Carlos e Maria por Rosa e Afonso da Maia e a vida e educação de Maria Eduarda. Também aborda as visitas de amigos à "Toca" e dois episódios envolvendo jornais.
Este documento apresenta a introdução de um romance situado em Guimarães no século XV. Apresenta brevemente um ourives local chamado Guilherme Nogueira e sua admiração pelas obras de arte sacra da igreja. Também descreve Teresa de Jesus, uma jovem muito devota cujo pai quer casá-la para assegurar a linhagem familiar.
O documento resume os principais acontecimentos apresentados nos seis primeiros capítulos de Os Maias. Apresenta a estrutura da obra, a caracterização das personagens e a evolução da intriga principal no período. Resume ainda a história da família Maia e os principais eventos que envolvem as personagens Carlos da Maia e Maria Eduarda.
O documento analisa símbolos nos Maias de Eça de Queirós, incluindo o Ramalhete, jardim da casa dos Maias, e objetos nele como a estátua de Vênus e as árvores. Também discute as cores e objetos na casa e quarto de Maria Eduarda que pressagiam o destino trágico de Carlos e Pedro.
O documento apresenta uma biografia detalhada do escritor gaúcho João Simões Lopes Neto, incluindo informações sobre sua família, educação, carreira profissional e obra literária, que inclui contos, peças de teatro, crônicas e poesias publicadas em jornais da época. O texto também lista referências bibliográficas sobre a vida e obra de Simões Lopes Neto.
Este documento fornece um resumo detalhado dos capítulos 5 e 6 do romance Os Maias de Eça de Queirós. Apresenta as personagens principais e secundárias, os locais e eventos descritos nestes capítulos, incluindo a chegada de Carlos ao Ramalhete, os projetos frustrados de Carlos e Ega, e o jantar no Hotel Central onde são debatidos temas literários e sociais.
O documento descreve a história da pesca na cidade de Tavira no século XIX. Resume que a pesca sempre foi uma indústria importante para a economia de Tavira, com várias espécies de peixe sendo capturadas, como sardinha e atum. Também discute como os pescadores se organizavam em grupos e como pagavam impostos sobre sua captura de peixe.
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveJosé Mesquita
Desenvolvida análise do trajecto de vida de José Joaquim de Sousa Reis, vulgo o Remexido, não só como heróico guerrilheiro miguelista, mas também como cidadão, como político local e como militar. O trabalho está estribado em documentação inédita e em credíveis fontes bibliográficas. A sua leitura pode ser muito proveitosa até mesmo àqueles que se sentem menos familiarizados com a temático das Lutas Liberais no nosso país.
Artigo científico sobre a acção político-militar de José Joaquim de Sousa Reis, depois transformado no herói popular que o vulgo designava por Remexido, famoso guerrilheiro que sustentou a causa miguelista até ao fim do período histórico conhecido por Setembrimo. Foi, e ainda é, uma das mais carismáticas figuras da história regional algarvia, retratado em diversas obras da literatura portuguesa, desde o séc. XIX até à actualidade.
Da extinção à restauração do concelho de AljezurJosé Mesquita
O antigo ordenamento administrativo português tornara-se, no decurso dos séculos, numa imbricada confusão de concelhos, vilas coutos e honras, a que ninguém ousava pôr cobro. Era uma herança da História que só uma revolução das mentalidades, como aquela que resultaria da vitória liberal em 1834, poderia alterar. Esse foi um princípio de honra e compromisso político do novo regime. Teorizada por José Henriques Nogueira, esboçado por Mouzinho da Silveira mas levada à prática por Manuel da Silva Passos, a Reforma Administrativa exarada no decreto de 6-11-1836 exterminou os coutos da Igreja, as vilas e honras da Nobreza, e reduziu a menos de metade os concelhos então existentes. Não vamos agora dissecar o assunto. Em todo o caso, para se fazer uma ideia do seu profundo alcance, bastará dizer que dos 816 concelhos então existentes apenas se mantiveram 351, dos quais o Algarve foi uma pseudo-vítima.
Na verdade, dos 17 concelhos que o Algarve possuía apenas se extinguiram quatro, a saber: Alvor, Sagres, Aljezur e Castro Marim. Das suas 68 freguesias reduziram-se-lhe duas: N.ª S.ª do Verde, em Monchique, e S. João da Venda, em Faro, a qual se restabeleceria em 1842, mas no concelho de Loulé. Com Aljezur passou-se algo inusitado, pois que estando previsto fundir-se no concelho de Lagos acabaria por ser anexado a Monchique, o que causava grandes transtornos aos seus moradores.
O problema da reforma administrativa nunca foi pacífico e, de certo modo, agudizou-se com a publicação do Código, uma espécie de bandeira do novo regime liberal. Se no Código Administrativo de Passos Manuel, de 1836, os concelhos, como vimos, foram reduzidos para 351, no Código de Costa Cabral, de 1842, cresceram para 381; mas com Rodrigues Sampaio, em 1878, reduziram-se para 290, em 1880 Luciano de Castro não mexeu nos municípios e com João Franco, em 1895, apenas se acrescentou um concelho. Como se constata pela análise dos diversos códigos administrativos, não foi o Algarve objecto de grandes mudanças, pois que desde 1836 se manteve nos 15 concelhos e cerca de 70 freguesias. Porém, não podemos deixar de afirmar que os concelhos algarvios que mais sofreram com as bolandas da reforma administrativa foram Castro Marim, Vila do Bispo e Aljezur. A sua justificação era sempre a mesma: escassez populacional, isolamento geográfico e falta de letrados para a execução do poder autárquico.
Vila Real de Santo António no I Centenário do seu FundadorJosé Mesquita
1) O documento descreve as comemorações do centenário da morte do Marquês de Pombal em Vila Real de Santo António em 1882.
2) Uma comissão foi formada para organizar os eventos, incluindo um sarau literário-musical para inaugurar as comemorações.
3) O sarau contou com discursos sobre a vida e obra do Marquês de Pombal, bem como performances musicais.
Este documento discute a origem e autoria do órgão da Sé de Faro. Apresenta três teorias principais: 1) Que foi construído pelo mestre organeiro alemão Arp Schnitger em 1701; 2) Que foi encomendado em 1715 ao organeiro João Henriques de Lisboa; 3) Que sua origem permanece incerta devido à falta de evidências conclusivas sobre seu construtor. O autor analisa cada teoria e argumenta que, embora possa ter influência alemã, a autoria de Schnitger não é definitivamente comprovada
Aquilo que verdadeiramente distingue a Imprensa, como órgão de comunicação social, é a sua capacidade de interferência pública e de consciencialização das massas. Em certos momentos da História da Humanidade, essas capacidades transformaram-se em elementos catalizadores, isto é, em princípios revolucionários conducentes à irrupção de uma nova ordem social. A implantação da República em Portugal, o regime republicano e a democracia plena, muito devem à força e perseverança da imprensa, nomeadamente dos órgãos regionais que propagandearam os novos ideais. É desses jornais e dessa luta pela conquista da liberdade que vamos tratar neste artigo, aqui colocado ao dispôr do grande público.
Tavira, o Marquês de Pombal e a fábrica de TapeçariasJosé Mesquita
A acção política do marquês de Pombal na 2ª metade do séc. XVIII teve como objectivo a centralização do poder no Estado-Pessoa. Porém, quase em simultâneo, desenvolveu iniciativas de fomento económico que, em grande parte, contribuíram para um vasto programa de reformas, quer na organização da administração pública, quer no ordenamento social, introduzindo ideias e projectos que se assemelham, em certa medida, à revolução iluminista. O fomento do sector industrial foi um dos sectores de maior sucesso e grande dinamismo económico durante o seu consulado. A cidade de Tavira foi contemplada com o apoio à instalação de uma unidade fabril dedicada à produção de tapeçarias. Razões de vária ordem, nomeadamente o afastamento do Marquês do poder, contribuíram para o insucesso mercantil e encerramento desta unidade industrial, única em toda a História do Algarve.
A economia agrária do Algarve, na transição do Antigo Regime para o Liberalis...J. C. Vilhena Mesquita
a situação económica da agricultura algarvia foi sempre deficitária, mercê
dos baixos índices de produtividade e de rendimento, suscitados pela desigual
distribuição social da propriedade, pelo baixo investimento financeiro e
pelo atraso científico-tecnológico, que – desde o período de reestruturação
político-económica levado a cabo nos finais do séc. XVIII pelo consulado
pombalino – dependia da reformulação de novas estratégias para a potencialização
dos recursos endógenos. Além disso, os factores naturais de dinamismo
energético, como a amenidade climática, os recursos hídricos e a fertilidade
dos solos, só foram aproveitados na vigência do Liberalismo, e com especial
acuidade no declinar de Oitocentos. Acrescente-se, por fim, que o sector
dependia de factores extrínsecos, como a estrutura social da terra, a educação
agrícola, o investimento integrado e as leis de mercado, entre outros elementos
de fomento ou de desagregação do sector. Por outro lado, vemos que essa
dualidade se distribuía numa geo-economia do espaço entre a beira-mar e as
terras altas da serra algarvia.
Este estudo sobre a vida e obra do célebre escritor Silvio Pellico, foi publicado em 13/04/1982, no suplemento de «Cultura e Arte» do vespertino portuense «Comércio do Porto», por solicitação do meu saudoso amigo Prof. Doutor Augusto Seabra, que no ano seguinte seria nomeado Ministro da Educação no IX Governo Constitucional, formado pelo então designado por Bloco Central, o qual vigorou entre 1983-1985.
A figura de Silvio Pellico é ainda hoje pouco conhecida em Portugal, sendo que é na Itália uma das figuras cimeiras do Romantismo oitocentista.
O estudo que agora se coloca ao dispor dum público mais vasto é apenas uma visão de síntese de toda a problemática histórica que envolveu a vida daquele notável escritor italiano.
Este documento fornece um resumo da ópera Don Carlo de Giuseppe Verdi. O resumo descreve: (1) A ópera gira em torno de Carlos, príncipe da Espanha que se apaixona por Isabel, sua madrasta, (2) Carlos sofre por seu amor proibido e pede permissão a seu pai Filipe II para partir para a Flandres, (3) Seu amigo Rodrigo o ajuda em sua causa política e emocional.
Eliseu Visconti nasceu na Itália em 1866 e se mudou para o Brasil ainda criança. Ele estudou pintura na Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro e mais tarde na École des Beaux Arts em Paris, onde foi influenciado pelo impressionismo e art nouveau. Visconti fez várias obras públicas importantes no Brasil e introduziu estilos artísticos modernos, embora tenha se desatualizado em suas últimas décadas.
Este documento descreve a vida e obra da escritora alemã Ilse Losa, que imigrou para Portugal após fugir do regime nazi na Alemanha. Detalha sua vasta obra literária, que abordou temas como a guerra, o Holocausto e questões sociais, e como ela contribuiu para renovar a literatura infantil portuguesa. Também menciona seus amigos e contemporâneos nas artes, como o crítico de cinema Henrique Alves Costa, e sua atuação política contra o regime autoritário em Portugal.
Destaques Enciclopédia 17-05-2015 a 23-05-2015Umberto Neves
O documento resume vários acontecimentos históricos e biografias de figuras importantes em 17 de maio, incluindo a eleição de papas, casamentos reais, invenções musicais, publicações literárias, canonizações, inaugurações e nascimentos/mortes de artistas renomados como Botticelli, Verdaguer e Valentim Magalhães. O texto também fornece links para biografias completas dessas figuras.
George Orwell - Lutando na Espanha e Recordando a Guerra CivilWesley Guedes
utando na Espanha, escrito em 1937, é o relato de Orwell sobre sua participação na Guerra Civil espanhola, ao lado dos republicanos, e seu afastamento do front depois de levar um tiro no pescoço. Recordando a Guerra Civil, um texto bem mais breve, prossegue as lembranças do escritor em sua luta em prol da democracia e contra o avanço fascista na Espanha.
Este documento apresenta uma lista de 10 livros e fornece resumos sobre cada um. Os livros incluem obras de autores como Pedro Nava, Autran Dourado, Rubem Fonseca e José Lins do Rego. Cada resumo descreve o autor, a obra em questão e os principais temas ou eventos cobertos.
O documento descreve a história de duas famílias judias, os Cipis e os Epstein, que imigraram para São Paulo no início do século XX. Ambas as famílias estavam envolvidas no teatro ídish e atuavam para a pequena população judia da cidade. O documento também fornece detalhes sobre o teatro ídish na Europa Oriental e sua importância cultural para os judeus da região.
O documento resume o enredo do romance "Aves de Arribação", de Antonio Sales. Conta a história da cidade fictícia de Ipuçaba no período entre o fim da Monarquia e início da República. Apresenta os principais personagens como o promotor Alípio Flávio que é enviado para Ipuçaba e se envolve com as famílias de Asclepíades e Herculano.
O documento apresenta um resumo do enredo do romance "Aves de Arribação", de Antonio Sales. O romance descreve a vida na cidade fictícia de Ipuçaba no período entre o fim da Monarquia e início da República. A história foca nas figuras do padre Serrão, João Ferreira e Coronel Herculano e na chegada do promotor Alípio Flávio de Campos à cidade.
O documento descreve a vida e obra do escritor e jornalista Adonias Filho, nascido em 1915 em Itajuípe, Bahia. Ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1936 e trabalhou como colaborador e crítico literário em diversos jornais. Publicou livros como "Os Servos da Morte" (1946) e "Memórias de Lázaro" (1952). Também ocupou cargos como diretor do Instituto Nacional do Livro e da Biblioteca Nacional. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em
Este documento é um informativo maçônico chamado JB News número 2.174, publicado em Florianópolis em 14 de setembro de 2016. Ele contém seções sobre efemérides do dia, uma crônica semanal, uma fábula, um artigo sobre mitologia grega e maçonaria, e outras notícias e artigos de interesse maçônico.
Lygia Fagundes Telles é uma importante escritora brasileira nascida em 1923. Sua biografia descreve sua infância em cidades do interior paulista e seus estudos em Direito e Educação Física. Seus principais romances incluem Ciranda de Pedra e As Meninas, que faz uma crítica velada ao regime militar da época através das histórias entrelaçadas de três jovens mulheres. Ao longo de sua carreira, Lygia Fagundes Telles recebeu inúmeros prêmios literários e ocup
O documento apresenta informações sobre a obra "Lisbela e o Prisioneiro" de Osman Lins, incluindo: 1) Breve biografia do autor; 2) Contexto histórico da produção da peça nos anos 1960; 3) Sinopse da trama centrada na personagem Lisbela que se apaixona pelo funâmbulo Leléu preso na cadeia.
Este documento apresenta uma breve biografia do poeta João Lúcio, nascido em 1880 na vila de Olhão. Após destacar-se na Universidade de Coimbra, publicou três livros de poesia que receberam elogios da crítica. Exerceu advocacia em Olhão e envolveu-se na política como franquista. Faleceu prematuramente em 1918, aos 38 anos. O documento também inclui anexos com poemas inéditos e homenagens ao poeta, sugerindo que sua memória foi esquecida
Edição 166 do Diz Jornal, um jornal plural que aborda os mais variados temas desde internet, política, videogames até saúde e direitos do consumidor.
Acesse nosso site: http://dizjornal.com/
Zeca Afonso era um cantor e compositor português conhecido por suas canções de intervenção política e social. Ele acreditava na necessidade de "criar desassossego" para despertar as consciências e defender a liberdade e a justiça. Ao longo de sua carreira, sofreu perseguição da polícia política por suas letras que criticavam o regime autoritário em Portugal. Zeca Afonso utilizou sua música para promover valores democráticos e denunciar os problemas sociais enfrentados pelo povo português.
O documento resume a terceira geração do Romantismo brasileiro, caracterizada pelo condoreirismo, que defendia ideais igualitários, e pela poesia e romance social, com foco em denunciar problemas sociais. Apresenta os principais autores dessa geração, como Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto, e trechos de suas obras que ilustram essas características.
O documento descreve a infância e adolescência do cronista A. Tito Filho através de suas próprias crônicas autobiográficas. Sua infância foi marcada por ausências, tendo perdido a mãe e madrinha ainda criança. Ele dividia seu tempo entre a fazenda da família, sua cidade natal e a cidade de Porto, onde desfrutava de momentos de sociabilidade durante festividades religiosas. Suas crônicas evocam essas memórias de infância de forma alegre e despreocup
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfJosé Mesquita
O documento discute a oposição nacionalista ao rei D. Pedro IV no início do liberalismo português. Detalha como o país se dividiu entre partidários de D. Pedro e D. Miguel durante esta época turbulenta. Também descreve um dos maiores inimigos de D. Pedro, Joaquim António da Silva, conhecido como "Silva das Barbas", que distribuía panfletos difamatórios contra o rei.
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...José Mesquita
O documento descreve as principais instituições reguladoras da fazenda pública no Algarve no início do período liberal em Portugal. Estas incluíam a Provedoria da Fazenda Pública, a Superintendência Geral dos Tabacos, o Corregedor e os Juízes de Fora, que supervisionavam a cobrança de impostos e a gestão financeira dos municípios. O documento também discute outros tributos como a sisa.
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaJosé Mesquita
O Algarve, pelo evoluir dos acontecimentos políticos, que marcaram a primeira metade do séc. XIX, constituiu-se numa espécie de enclave revolucionário, liberal-constitucionalista, de
apoio e em consonância com a Junta Governativa do Porto. Se tivesse havido melhor coordenação de meios, e sobretudo mais apoio no efectivo castrense, a revolta cartista do eixo Porto-Algarve não teria desembocado no triste episódio da “belfastada”. O fracasso da “Revolta de Maio”, em 1828 no Algarve, contribuiu decisivamente para a usurpação miguelista e para a restauração do absolutismo, cujo clima persecutório acabaria por desencadear a guerra civil.
Na verdade, a prepotência miguelista deixou-se resvalar para os limites da insanidade política, num quotidiano excessivamente repressivo, vedando à nação os seus mais elementares direitos de cidadania. O autismo político do regime absolutista dividiu o país em dois projectos distintos – o do passado tradicionalista,
apostólico e legitimista; e o do futuro, liberal, constitucional e parlamentar. A grande diferença entre os dois projectos políticos incidia na concepção e cedência da liberdade, para transformar os vassalos em cidadãos.
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828José Mesquita
Artigo de investigação sobre o primeiro relógio público comprado pela Câmara Municipal de Lagoa em 1828, através de uma colecta subscrita integralmente pelos moradores daquela vila algarvia. Todavia, a autarquia não tinha meios financeiros para pagar regularmente um salário a alguém que se responsabilizasse pela manutenção desse grande símbolo do progresso e da modernidade, ao som de cujas badaladas passou a regular-se a vida quotidiana dos lagoenses. Esse relógio ainda hoje figura na torre da Igreja Matriz daquela bela e tradicional vila algarvia.
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Mesquita
Depoimento memorialista sobre o convívio, a amizade e a vida académica desenvolvida ao longo de anos com o Prof. Doutor Joaquim Antero Romero Magalhães, eminente historiador, docente da universidade de Coimbra, deputado da 1ª Assembleia Constituinte após o 25 de Abril, e figura de relevo na sociedade portuguesa, no último quartel do século XX.
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisJosé Mesquita
Durante as lutas liberais no século XIX, Loulé e o Algarve apoiaram amplamente as forças liberais devido à sua mentalidade cosmopolita moldada pelo comércio e à sua proximidade com o Porto, centro do movimento liberal. Embora não tenha participado ativamente nas revoluções iniciais, o Algarve expressou apoio à Constituição de 1826. Nas disputas entre absolutistas e liberais, os algarvios ficaram do lado dos liberais e de Pedro IV, apesar das questões de legitimidade de ambos os l
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...José Mesquita
O documento descreve o caso de Felipa de Sousa, uma mulher de Tavira, Portugal condenada pela Inquisição no Brasil colonial no século XVI pelo "pecado nefando da sodomia". Ela foi acusada junto com outra mulher após interrogatório forçado. Este foi o primeiro caso registrado de condenação por lesbianismo pela Inquisição nas Américas. O documento também fornece contexto histórico sobre a Inquisição e a sociedade colonial brasileira na época.
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaJosé Mesquita
Entende-se por “Banha da Cobra” tudo aquilo que sendo um simples placebo, isto é, inócuo e inútil, se difunde e propaga publicamente como algo comprovadamente eficaz, seguro, poderoso e miraculosamente infalível. Para os lexicólogos significa algo que se publicita ou anuncia para endrominar incautos; um palavreado com o velado propósito de enganar os outros; uma proposta ou promessa de que não existe intenção de cumprir. Em suma, uma mentira, uma trapaça, um ludíbrio, uma vigarice. Hoje a expressão “banha da cobra” é usualmente empregue de modo pejorativo. E o "vendedor de banha da cobra" identifica alguém que é mentiroso, charlatão e de falsa índole. A banha da cobra é sempre a mesma, porque o prazer psicótico da fraude não se refreia perante a ganância de lucros tão arrebatadores. O que muda é a embalagem, isto é, o design e o marketing, porque a finalidade é sempre a mesma, sendo inclusivamente comum à mensagem hipocrática: submeter a dor e o sofrimento, vencer a doença. A diferença é que os charlatães visam apenas o lucro pelo embuste, enquanto os médicos e a medicina validam a ciência no confronto com a doença e o padecimento, na quimérica ilusão de triunfarem sobre a morte.
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXJosé Mesquita
1. O documento discute as epidemias ao longo da história, incluindo a Peste Negra que matou metade da população européia no século XIV.
2. Ele define os termos infecção, epidemia e peste, explicando como as doenças se espalham.
3. O foco é nas epidemias de cólera no século XIX no Algarve, Portugal.
Sagres um lugar na história e no património universalJosé Mesquita
A insignificante aldeia, que de Sagres usufrui o nome, despertou para a luz da ribalta histórica pela mão do Infante D. Henrique. À partida e no regresso da expedição a Ceuta se ficou a dever o seu primeiro contacto com o Algarve e no preço das surtidas pescarescas dos seus marinheiros, que arpoavam as baleias no mar alto e se defendiam bravamente dos corsários marroquinos, parece residir a sua escolha e o seu encanto por estas recônditas paragens. Concentrado no desafio dos mares e na expansão da Fé, o Infante lança ferro na baía de Lagos, o seu "grande porto de armamento". Daí até à fundação daquela que ficou conhecida como a "vila do Infante" será um pequeno passo no tempo.
Artigo científico, cujo texto constitui a comunicação apresentada às VI Jornadas Regionais sobre Monumentos Militares, realizadas em Vila do Bispo, Lagos Silves, Loulé e Faro, de 28 de Novembro a 1 de Dezembro de 1986, sob a égide da APAC - Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos.
Este documento é um projeto de 1825 para construir um canal no rio Séqua em Tavira, desviando seu curso diretamente para o mar. Isso abriria uma nova barra e evitaria assoreamento, revitalizando o porto da cidade. O projeto parece simples e eficiente, aproveitando a topografia para poupar custos e preservar o meio ambiente. Infelizmente, sem o orçamento completo, não se pode avaliar sua viabilidade.
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXJosé Mesquita
O documento descreve a economia do Algarve na primeira metade do século XX. A economia era baseada principalmente na agricultura, pesca e indústria conserveira. A região litoral era mais próspera do que o interior serrano, devido à fertilidade dos solos e culturas de regadio. A pesca e indústria conserveira eram importantes fontes de renda, apesar de dependerem de investimento estrangeiro.
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaJosé Mesquita
Apesar de Salazar ser um ultraconservador, antidemocrata e antipartidário, de espírito rural, atreito a modernismos e inovações reformistas, teve no seio do seu primeiro governo uma figura de marcante iniciativa, contagiante ativismo, destacado empreendedorismo e de fulgurante reputação, que foi o Eng.º Duarte Pacheco. Não foi um convicto partidário do corporativismo salazarista, ate porque nas manifestações oficiais e públicas, em que intervinha, não fazia a saudação fascista nem evidenciava o júbilo esfuziante, quase fanático, dos outros ministros e acólitos do «Estado Novo». Inclino-me a aceitar que Duarte Pacheco nunca foi um fascista, na verdadeira asserção do termo, mas já não tenha duvidas quanto as suas convicções nacionalistas.
Este documento descreve as tradições de Natal portuguesas. Apresenta as principais tradições como a queima do madeiro, a consoada, a missa do galo, o presépio, as janeiras e reis, e os cortejos dos reis magos. Explora as variações regionais destas tradições, especialmente no que diz respeito à gastronomia de Natal, e discute a origem e significado destas celebrações.
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formigaJosé Mesquita
Urge proceder à “alfabetização cultural” da nação portuguesa, não só através duma educação auto-sustentada, como principalmente dum programa nacional de instrução das massas laborais, urbanas e rurais. O processo educativo deve contemplar não só os jovens estudantes, como também as classes etárias intermédias ou produtivas. Aos desempregados deverá ser dada prioridade num programa de formação intelectual e de reaprendizagem da vida produtiva. Aos idosos deverá ser franqueada a entrada nas universidades para obterem cursos reais e efectivos, e não apenas a simples ocupação dos tempos livres, como acontece nas designadas Universidades para a Terceira Idade.
Convém incutir não só nos jovens como nas classes adultas uma educação autodidáctica, estribada na observação e na análise empírica, a qual poderá vir a ser consolidada por um acompanhamento de leituras educativas a preços controlados e acessíveis. O Estado precisa de optar urgentemente por uma política do Livro, que facilite a edição a baixo custo e proporcione o consumo e a popularização da leitura. Daqui resultará uma política de defesa e valorização da língua portuguesa, uma divulgação e fomento da leitura pelo prazer da descoberta autodidáctica dos grandes valores da literatura nacional.
Na esperança de encontrarmos as genuínas manifestações culturais do Natal, fomos até à serra algarvia, cujos lugarejos percorremos ao sabor e à aventura de seculares caminhos. Conversámos com anciãos de provecta idade, em diferentes “montes” e em esconsos sítios, mas também falámos com pessoas instruídas e alguns jovens, que nesta quadra retornam às suas origens familiares para passarem as suas férias natalícias. Depressa concluímos que as tradições antigas se perderam, e são já irrecuperáveis; que a juventude pouco se interessa com o passado e que despreza as tradições etnográficas; que a televisão, pela sua massificação telenovelesca, faz reter as pessoas em casa e retira o convívio social, perdendo-se também o diálogo familiar em torno da lareira, durante o qual se transmitiam aos jovens as estórias do romanceiro popular; que a carestia de vida exterminou quase por completo as visitas aos lares para estreitar relações… Consensual entre as diferentes gerações é a ideia de o Natal ser a época em que se recebem presentes, sendo, enfim, a consoada uma noite especialmente feliz, mas muito menos alegre do que a noite da Passagem de Ano.
Permanece ainda desse passado a Ceia de Natal, assim como a gastronomia tradicional, a reunião da família, o presépio e os grupos de cantadores populares, a que chamam «charolas», que animam as noites frias das janeiras e das reisadas.
O documento resume um discurso sobre o lançamento do livro de poemas "A Minha Rua", de Ernesto Silva. Em três frases:
1) Elogia o livro por perpetuar a cultura e memória de Aljezur através da poesia popular de Ernesto Silva.
2) Destaca a diversidade de temas abordados nos poemas, como a família, a terra e a filosofia de vida.
3) Parabeniza a Câmara Municipal por promover a cultura local através de obras como esta.
As origens e desenvolvimento do ensino em FaroJosé Mesquita
São intrinsecamente religiosas as origens do ensino em Portugal. E se nos primeiros tempos cabia aos Dominicanos, Beneditinos, Agostinianos a missão de educar, a partir de meados do século XVI o ensino tornara-se praticamente monopólio dos inacianos. A reforma Pombalina do ensino constitui a pedra basilar do nosso sistema educativo. Essa reforma atribuía a todas as cidades e vilas do reino uma escola de «aprender a ler, escrever e contar». Em 1836, Manuel da Silva Passos, procedeu ao reordenamento educativo, criando os Liceus Nacionais, as Escolas Médico-Cirúgicas, as Escolas Politécnica de Lisboa e do Porto, o Conservatório de Arte Dramática, as Academias de Belas Artes de Lisboa e do Porto, a Escola do Exército, etc. Nunca se tinha ido tão longe numa reforma educativa.
Em 1849 abriu portas o Liceu de Faro. Daí por diante, assiste-se à fundação das escolas de Desenho Industrial Pedro Nunes, a Escola Primária Superior, a Escola Normal Superior, a Escola Comercial e Industrial Tomás Cabreira, o Magistério Primário, a Escola de Hotelaria e Turismo, o Instituto Politécnico e a Universidade do Algarve.
Museu Antonino de Faro e o turismo no AlgarveJosé Mesquita
No contexto museológico da cidade de Faro assume particular interesse o Museu Antonino, que, reunindo características populares, perpectualiza justamente a memória de um dos mais antigos padroeiros desta cidade: Santo António. A ermida de Stº António do Alto, onde se acha inserido o Museu, situa-se na mais alta colina da cidade, que em tempos idos foi uma primitiva torre de vigia da costa (as conhecidas atalaias), que para contrariarem as constantes investidas dos corsários árabes davam o sinal de rebate chamando as populações a defenderem os seus haveres. Igualmente ali se verificaram sangrentas lutas, durante a guerra civil de 1832-1834, pela posse do mais estratégico ponto militar da cidade, facto esse que era há anos facilmente constatável pelos buracos das balas incrustadas nas paredes do edifício, mas que, infelizmente, são hoje irreconhecíveis devido aos trabalhos de reboco e restauro mandados executar pela edilidade.
O que mais impressiona em Aljezur é a pureza ambiental, e a beleza paisagística do casario que sobe até ao castelo, por entre ruelas estreitas e sinuosas, íngremes ladeiras no ardor da cal, que nos levam, no olhar atento da calçada acutilante, para as cumeadas do seu velho castelo árabe. Lá no alto, espraiando o olhar sobre o horizonte, depara-se-nos a várzea fértil, tricotada em viçosas leiras, o prateado reflexo do rio cristalino, a ebúrnea colina da Aldeia Nova, e a entrecortada linha verde da serra… Um quadro de ímpar beleza que nos faz sentir senhores do mundo, como nos tempos dos espatários conquistadores. A pureza ambiental é a pedra filosofal de Aljezur.
Slides Lição 11, Central Gospel, Os Mortos Em CRISTO, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 11, Central Gospel, Os Mortos Em Cristo, 1Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, Revista ano 11, nº 1, Revista Estudo Bíblico Jovens E Adultos, Central Gospel, 2º Trimestre de 2024, Professor, Tema, Os Grandes Temas Do Fim, Comentarista, Pr. Joá Caitano, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
Atividade letra da música - Espalhe Amor, Anavitória.Mary Alvarenga
A música 'Espalhe Amor', interpretada pela cantora Anavitória é uma celebração do amor e de sua capacidade de transformar e conectar as pessoas. A letra sugere uma reflexão sobre como o amor, quando verdadeiramente compartilhado, pode ultrapassar barreiras alcançando outros corações e provocando mudanças positivas.
O Que é Um Ménage à Trois?
A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças comportamentais no âmbito da sexualidade humana, tendo inversão de valores indescritíveis, que assusta as famílias tradicionais instituídas na Palavra de Deus.
REGULAMENTO DO CONCURSO DESENHOS AFRO/2024 - 14ª edição - CEIRI /UREI (ficha...Eró Cunha
XIV Concurso de Desenhos Afro/24
TEMA: Racismo Ambiental e Direitos Humanos
PARTICIPANTES/PÚBLICO: Estudantes regularmente matriculados em escolas públicas estaduais, municipais, IEMA e IFMA (Ensino Fundamental, Médio e EJA).
CATEGORIAS: O Concurso de Desenhos Afro acontecerá em 4 categorias:
- CATEGORIA I: Ensino Fundamental I (4º e 5º ano)
- CATEGORIA II: Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano)
- CATEGORIA III: Ensino Médio (1º, 2º e 3º séries)
- CATEGORIA IV: Estudantes com Deficiência (do Ensino Fundamental e Médio)
Realização: Unidade Regional de Educação de Imperatriz/MA (UREI), através da Coordenação da Educação da Igualdade Racial de Imperatriz (CEIRI) e parceiros
OBJETIVO:
- Realizar a 14ª edição do Concurso e Exposição de Desenhos Afro/24, produzidos por estudantes de escolas públicas de Imperatriz e região tocantina. Os trabalhos deverão ser produzidos a partir de estudo, pesquisas e produção, sob orientação da equipe docente das escolas. As obras devem retratar de forma crítica, criativa e positivada a população negra e os povos originários.
- Intensificar o trabalho com as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, buscando, através das artes visuais, a concretização das práticas pedagógicas antirracistas.
- Instigar o reconhecimento da história, ciência, tecnologia, personalidades e cultura, ressaltando a presença e contribuição da população negra e indígena na reafirmação dos Direitos Humanos, conservação e preservação do Meio Ambiente.
Imperatriz/MA, 15 de fevereiro de 2024.
Produtora Executiva e Coordenadora Geral: Eronilde dos Santos Cunha (Eró Cunha)
1. José Carlos Vilhena Mesquita
Ensaio publicado no matutino portuense «Comércio do Porto», no seu
suplemento de Cultura e Arte, série II, n.º 57, de 13/04/1982
QUEM FOI SILVIO PELLICO?
UM HERÓI? UM TRAIDOR?
2. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 2
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
Quem foi Silvio Pelllico. Um herói? Um Traidor?
Numa altura em que se assiste ao renascimento de Silvio Pellico, na Faculdade de
Letras de Lisboa, não quero deixar de apontar, talvez antes desvelar, alguns passos da
atribulada existência desta figura político-literária, ainda hoje mal compreendida e
estudada.
Efectivamente, com a vinda a lume das suas memórias e recordações prisionais,
imortalizadas segundo a epígrafe de As Minhas Prisões, tudo levava a crer que Silvio
Pellico voltava, após o cativeiro de Spielberg, à cena política, desta vez, pensava-se,
com redobradas forças. Ora, acontece que, nenhuma das esperanças revolucionárias
depositadas na obra de Pellico se veio a concretizar, na medida em que, o seu livro não
era o almejado manual político que os carbonários italianos tanto esperavam, mas antes
um ingénuo, doce e romântico relato da vida de um homem convertido definitivamente
ao catolicismo. Na verdade, Silvio Pellico, ao longo da sua penosa carreira política,
metamorfoseara-se sucessivamente, como se hesitasse relativamente ao caminho a
escolher. Por isso, começou por ser um nacionalista, passou ligeiramente pelas fileiras
clandestinas da carbonária, apodreceu durante dez anos nas masmorras austríacas e
acabou por se converter definitivamente à causa religiosa, regressando à paz católica em
que nascera.
Este último gesto, talvez o de um desiludido, fará de Silvio Pellico uma múmia
política, o que lhe granjeará sérios dissabores, entre os quais o escárnio da traição. Para a
maioria dos nacionalistas italianos, As Minhas Prisões de Silvio Pellico, são um “bluff”,
espécie de literatura de seminário, que ninguém aproveita a não os inimigos da própria
Itália. Por conseguinte, Silvio Pellico é um traidor à causa independentista, um reles
pacifista a quem não cabem as honras de perfilar ao lado de um Garibaldi, de um Cavour
ou de um Mazzini.
Mas, para que não se façam juízos precipitados acerca deste homem, resolvemos
iniciar este estudo sobre As Minhas Prisões, (curiosamente, editadas na cidade do Porto
3. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 3
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
no ano de 1936), começando exactamente por dissecar a sua própria biografia, na qual
podemos, aliás, encontrar as razões mais remotas que ditaram o seu ultrajante
comportamento, relativamente à causa revolucionário-independentista.
Assim, vejamos.
Silvio Pellico, oriundo da Provença, cuja família transitou de Nizza para Saluzzo,
nasceu nessa localidade a 25 de Junho de 1789, tendo recebido então o nome de
Giuseppe Eligio Silvio Felice.
Curiosamente, esta criança veio à
luz do dia precisamente a 19 luas de
distância da Revolução Francesa.
Tratava-se do segundo filho do
casal Onorato Pellico e Margherita
Tournier da Chambery, cujos
proventos económicos lhe advinham
dum negócio colonial e dos parcos
honorários auferidos nos correios locais, onde o senhor Onorato desempenhava funções
bastante modestas. A infância desta criança foi bastante atribulada, com doenças graves
que quase lhe roubavam a vida, não fosse o amantíssimo carinho de sua mãe que «non
perdendosi d'animo, gli prodigò tutte le amorose e perseveranti cure, suggeritele piu dal
previdente affecto che dalla scienza, tanto che riusci a vincere a poco a poco il pericolo
imminente, e potè vederselo crescere, gracile si e alquanto piccolo di statura, ma
proporzionato almeno nelle forme e non storpio di gambe»...1
Escapando à Revolução Francesa, a família Pellico deixou Saluzzo em 1792 em
direcção a Pinerolo onde montou com um tal Gullino um negócio de drogaria. Aí
começou Silvio a tomar contacto com as primeiras letras administradas por sua mãe que,
com o decorrer dos anos, pediu ajuda ao Padre Manavella, cuja leitura dos clássicos e da
1
Egídio Bellorini, «lntroduzione», in Le Mie Prigioni, de Silvio Pellico, Milano, Editrice Dr. Francesco Vallardi, 1907,
p. X. (Biblioteca di Classici Italiani Annotati).
Lápides comemorativas do local da casa e do 1.º
centenário do nascimento de Silvio Pellico
4. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 4
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
história romana contribuiu para a exaltação patriótica daquele que havia de sagrar-se
como um dos mais notáveis nacionalistas italianos.
Os humildes rendimentos familiares não permitiram à família dar estudos públicos
aos seus jovens filhos, por isso valeram-se da ajuda do sacerdote Manavella e do seu
próprio pai, cujas qualidades literárias, fundamentalmente poéticas, lhe proporcionaram
a inscrição em várias academias, nomeadamente na «Arcadia di Roma» e na «Unanimi
di Torino». Para Silvio, a estadia em Pinerolo foi talvez o período mais feliz da sua vida.
Aliás é ele quem o diz nos seus escritos, ao lembrar-se da primeira comunhão e de
outros factos que, mais tarde, ao visitar pela última vez aquela encantadora vila, recorda
com grande saudade. Porém, em 1799, o pai resolveu transferir-se para Torino, levando
consigo naturalmente a família, agora acrescida por Giuseppina, nascida um ano antes e
que viria a ser a dilecta irmã de Silvio.
Apesar dos sonhos do pai Onorato, a família
acabou por sofrer privações ainda mais agudas do
que as que sentira em tempos passados. Não
admira, pois, que os dois, rapazes, Luigi e Silvio,
deixassem de estudar na procura das profissões
que haveriam de transformar por completo as suas
vidas. Entretanto, a casa de Onorato Pellico,
continuava a ser um templo de Orfeu, cujo
anfitrião assinava alguns trabalhos de valor
incontestável. As receitas sucediam-se e o clima
artístico que ali se vivia levou-os a erigir, numa
das salas dos seus modestos aposentos, um palco onde se representaram peças de Dante
e Ossian, tomando nelas presença alguns dos amigos e vizinhos da família Pellico. Entre
as jovens moças intervenientes uma houve que perturbou o coração de Silvio. Não
tardou a nascer entre eles uma paixão que durou toda a vida, embora, na época, essa vida
não passasse de um ápice. Na verdade, a jovem morreu pouco tempo depois «Isciando di
5. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 5
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
sè lungo desiderio nell'animo del giovine amico».2
Como o negócio do senhor Onorato não desse para as sopas da família, o desespero
de uma mãe cada vez mais carregada de filhos levou-a a empregar os herdeiros mais
velhos, destinando ao primeiro o lugar de secretário em Posen, enquanto o segundo
partia para Lion onde foi recolhido por um parente, o sr. Rubot. Por essa altura, o pai de
Pellico abriu falência e viu-se obrigado a fugir de Torino para Milão, juntamente com os
seus três filhos mais novos, Giuseppina, Francesco (n.1801) e Marietta (n.1803).
Sigamos agora a vida de Silvio, com menos pormenor, até à publicação de As Minhas
Prisões. Em Lião, Silvio dedicou-se de forma autodidáctica ao estudo da língua francesa
e à leitura dos clássicos, apesar do sr. Rubot pretender financiar os seus estudos. Aqui,
Silvio perdeu lentamente a sua fé religiosa, muito embora haja sido educado no seio de
uma família fiel ao catolicismo. E, como se isso não bastasse, apaixonou-se pela filha do
anfitrião Rubot, que, aliás, já estava prometida a outro jovem. Para não causar mais
problemas, e porque já tinha completado vinte anos, regressou a Itália, a fim de ser
incorporado no exército. Todavia, por falta de estatura foi dado como inapto e,
infelizmente, devido aos seus conhecimentos de Francês, consegue arranjar emprego no
«Real Collegio degli Orfani Militari con 1200 lire annue di
stipendio e tre ore setti manali di lezione».3
Tempos depois, logrou empregar-se no
departamento de Censura dramática, sob a
direcção da Polícia, profissão que, aliás, o
envergonhava imenso, não obstante a sua
necessidade de ganhar a vida e de possuir tempo disponível para
adiantar as suas leituras.
Em Milão, por intermédio do seu irmão Luigi, vem a conhecer Vicenzo Monti e vários
outros intelectuais, entre os quais assumia especial destaque o eterno apaixonado Ugo
2
Idem, p. XI.
3
Idem, p. XII.
Retrato de Vicenzo Monti
Retrato de Ugo Foscolo
6. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 6
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
Foscolo, autor da famosa tragédia «Tieste» e das notáveis e incompletas «Últimas Cartas de
Jacopo Ortis». Este homem, cuja vida amorosa lhe destroçara o coração e a saúde, será um
dos grandes ídolos de Silvio, apesar das diferenças de carácter que os separava. Todavia,
«presto furono amici intrinseci, quasi fratelli».4
É dessa amizade que despertará o sentimento nacionalista de Silvio, originado pela
profunda admiração que sentia por Ugo e pelo «Sepolcri». Os dois amigos sentem-se
agora unidos pelas ideias políticas e pelo desmesurado amor que dedicavam à poesia.
Como Luigi se entregasse com um certo êxito à comédia, o seu irmão resolveu
enveredar pelo caminho da tragédia, estreando-se neste género literário com a
publicação da «Laodamia» em 1813. Na qualidade de amigo, Foscolo dedica-lhe alguns
encómios, muito embora esta peça não possuísse uma enorme originalidade. Passado um
ano, Silvio publica «Turno», inspirado no estilo romano, nomeadamente nas obras de
Virgílio e Tácito. Pondo de parte os temas clássicos, Pellico encaminha-se para o
Romantismo, corrente filosófico-literária favorável à independência dos povos e à
recuperação dos costumes e tradições
perdidas pela aculturação do domínio
estranho, tanto intra-fronteiras como
extra-fronteiras. Imbuído do espírito
romântico, escreve então uma das
obras que o imortalizaria, «Francesca
de Remini», realizada no estilo trágico, a qual causou grande celeuma nos meios
revolucionários italianos.
Os núcleos nacionalistas eram formados especialmente por jovens de coração
arrebatado pela causa separatista que, tal como o nosso biografado, preconizavam a
libertação da Itália. De entre estes destacou-se Ludovico di Breme, proveniente de uma
família nobre do Piemonte e desejoso de fazer algo pela Itália, nessa altura submetida às
4
Idem, pp. XII-XIII.
Paolo e Francesca da Rimini, quadro de Dante G. Rossetti
7. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 7
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
mãos dos austríacos. O gosto pela leitura levou Ludovico a conhecer a «Francesca»,
cuja admiração lhe valeu os mais vivos aplausos, a ponto de afirmar «che dopo quelle
dell'Alfieri era la prima tragedia Italiana digna di fama».5
Frente a uma obra tão
promissora, Ludovico
encetou esforços no
sentido de conseguir obter
a anuência de uma
companhia de teatro que se
comprometesse a levar à
cena a «Francesca».
Felizmente, encontrou na
companhia dramática
Marchionni a maior receptividade, inclusivamente, até, da parte da censura que não opôs
quaisquer obstáculos, estreando-se a peça no teatro «Re di Milano» na noite de 18 de
Agosto de 1815, tendo como protagonista a famosa jovem Carlotta Marchionni.
Apesar de Foscolo não acreditar no êxito da peça, o certo è que a «Francesca» atingiu
um sucesso extraordinário,
que se espalhou a toda a
Itália, a ponto de, nos
cinquenta anos que se lhe
seguiram, ainda se poder
assistir àquela que foi
considerada com o expoente
máximo das tragédias
românticas italianas.
Num clima de dominação estrangeira, a família Pellico sofria as consequências dum
saneamento desenfreado aos lugares políticos ocupados por piemonteses. Daí o chefe de
5
Idem, p. XIV.
L'Accademia dei pugni - O conde Luigi Porro Lambertenghi está
sentado na mesa da direita com casaca castanha
O Scala de Milão, que Pellico frequentava a convite do amigo Ludovico
di Breme, conforme refere Stendal no seu livro Viagem a Itália
8. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 8
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
família ter regressado a Torino, cidade onde outrora abrira falência, e onde obteve
colocação no Ministério das Finanças do novo reino sardo. Quanto a Luigi, deixou
Milão e acabou por assentar raízes em Génova, onde tomou o posto de secretário
provisório do governo local. Só Silvio permaneceu em Milão percorrendo um rosário de
privações, desempenhando funções docentes, efémeras e precárias, a estrangeiros,
acabando como sempre a preceptor de jovens, nobres como Odoardo Briche, por quem
aliás sentia grande dedicação, apesar das míseras 50 liras que recebia em troca.
Desencantado pelos desgostos da vida, estava prestes a ceder aos chamamentos do
pai, que o atraía a Torino, quando conheceu o Conde Luigi Porro Lambertenghi, que o
convidou a aceitar o lugar de preceptor dos seus dois filhos, Giulio e Giacomo, para
além de ficar ao seu dispor como secretário particular, funções que lhe rendiam mil liras,
o que em 1816 era um substancial ordenado. O Conde Porro era um homem «richissimo
e generoso, liberale d'idee e franco di modi, um po’rumoroso ma simpatico, si fece
subito ben volere dall Pellico, che egli trattava da amico, non da dipendente».6
Efectivamente, a casa do Conde Porro era poiso obrigatório dos espíritos mais cultos
da época, daí o relacionamento de Silvio com personalidades como Madame de Stael,
Lord Byron, Stendhal, Sismondi e outros, que ao passarem por Milão não dispensavam o
repousante conforto da casa da «Via dei Piatti» ou do Palácio que em 1818 o Conde
construiu na «Via Monte di
Pietá». A residência do Conde
Porro transformara-se, assim,
num templo dedicado às musas e
à cultura, onde ecoava estridente
a polémica surgida entre clássicos
e românticos. Para os clássicos, a
literatura deveria respeitar a
«tradizioni letterarie nazionali, lo
studio non solo, ma anche l’imitazione del dei sommi scrittorri antichi e dei moderni che
6
Idem, p. XVII.
Palácio do Conde Porro na Via Monte di Piètá
9. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 9
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
angli antichi s'erano inspirati, e il culto di quel tipo di bellezza serena e regolare,
plasticamente perfetta, che era piaciuto ai loro modelli».7
Em contrapartida, os românticos, na sua globalidade, preconizavam «l’esaltazione del
sentimento e della passione, a scapito anche della plastica regolarità delle forme, e,
ribellandosi alla cieca ammirazione per gli antichi e deridendo chi se ne faceva imitatore,
fino a travestire all’antica soggetti moderni, rimpinzandoli anche di favole mitologiche;
sostenevano doversi bensi studiare i grandi esemplari greci e latini, ma, pur senza
abbandonarsi mai all’imitazione, doversi anche tender l'orecchio, più che non si fosse fatto
sino allora, alle voci che dalla Germania, dall’lnghilterra, dalla Francia stessa additavano ai
letterati nuove e più 1ibere vie e mostravano esempi d'opere non meno belle delle antiche».8
A cidade de Milão no início do séc. XIX, num quadro de Giovanni Migliara
Passando do campo literário ao político, os românticos na sua maioria perfilhavam
ideias patrióticas, de exaltação nacionalista, procurando a todo o transe desencadear um
7
Idem, p. XVIII.
8
Idem, ibidem.
10. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 10
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
processo de revolta contra a dominação estrangeira. No campo oposto, situavam-se os
classicistas, de índole mais conservadora, pactuando com a situação como se nada
houvesse para transformar num reino cuja capital se erguia em Milão. Como fruto dos
tempos, Pellico sentia-se clássico nas raízes mas romântico no espírito.
Aliás, os seus primeiros escritos são indubitavelmente clássicos, mas após a
«Francesca» sentiu-se atraído pelo romance histórico, que traduzisse a figura de um
herói cujo sentir patriótico lembrasse aos italianos o esplendor da sua velha existência ao
longo de muitos séculos. Receando, todavia, a perseguição da inquisitória Censura, o
talentoso dramaturgo hesitou em declarar-se abertamente favorável às ideias românticas,
preferindo deixar a cena à imparcialidade ideológica. Apesar disso, as pressões dos amigos
mais íntimos, como Breme e Borsieri, fizeram-no perder o terror às ideias novas
convertendo-se ao romantismo. Acto contínuo veio à baila a ideia de se fundar um jornal
que combatesse o obscurantismo estatal, de tal forma que em 1818, com a ajuda financeira
dos Condes Porro e Confalonieri, foi fundado «Il Conciliatore», no qual tomaram digno
destaque Giovanni Rasori, Giuseppe e Luigio Pecchio,
Cristofori, Giovanni Berchet, Ermes Visconti, Domenico
Romagnosi, Sismondi e Giuseppe Nicolini.
O objectivo deste periódico era bem-intencionado,
pretendia divulgar uma «literatura seria e morale, e
insieme contribuirebbe all'utilità generale d'Italia e a
quella della Lombardia in particolare, divulgando
cognizioni di agricoltura, d'industria, d'economia, di
legislazione».9
Apesar das constantes perseguições "il foglio
azzurro" (o jornal imprimia-se num papel azulado),
conseguiu publicar-se durante 13 meses na situação de
bissemanário, somando 118 números mercê do esforço de Pellico que, muito embora
9
Idem, p. XX.
11. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 11
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
não fosse o seu director (como alguns historiadores afirmam), foi com certeza o seu
chefe de redacção, cabendo-lhe por isso a major responsabilidade e dedicação. O débil e
míope Silvio foi o mais profícuo colaborador da “folha azul”, onde publicou duas
novelas, inúmeras recensões críticas (de obras de história, viagens, ginástica, equitação,
estenografia etc.), fundamentalmente sobre as tragédias de Alfieri, Chenier e Schiller,
sobre poemas de Byron, Campbel e Rogers, não falando já de um sem-número de
assuntos políticos, filosóficos, económicos etc., que lhe mereceram igual reparo.
Perante tão vasto raio de acção, o governo não pode suportar por mais tempo a
“azulada guerra” que o «Conciliatore» lhe movia, pelo que em 26 de Outubro de 1819 o
Conde Villata intimidou o jovem Pellico a comparecer na
intendência da polícia, a fim de o pôr ao corrente da
situação de incompatibilidade política gerada entre o
“grupo azul” e o governo. Daí, a promessa de proibir a
saída dos seus artigos políticos no jornal, caso
continuassem a insistir na sua perigosa actuação
subversiva. Pellico, sentindo-se frontalmente atingido,
procurou acatar as ordens do “castiço” Villata. Porém, os
seus companheiros, tentando evitar mais polémicas,
resolveram suspender a publicação do «Conciliatore»,
não sem antes deixarem bem vincada a intenção de
«conservare viva per tredici mesi la scintilla del patriottismo e della veritá».10
Terminava, assim, uma das mais brilhantes facetas políticas de Silvio Pellico; talvez a
mais importante já que a sua fama se deve, quanto a nós injustificadamente, à publicação
de As Minhas Prisões, que, no fundo, é uma obra bisonhamente revolucionária.
Compulsivamente arrasado para a vida jornalística, resolve voltar ao teatro. Escreve
então, o «Eufemio di Messina», que veio a publicar nos princípios de 1820, muito
embora sofresse o desgosto de nunca a ter visto em cena por a Censura lho não permitir.
10
Idem, p. XXII.
12. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 12
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
Na verdade, a qualidade literária era inferior à de «Francesca», todavia o enredo podia
ser encarado como subversivo, já que aludia à invasão dos mouros sobre a Sicília, facto
que apesar de histórico podia
ser associado à recente
invasão dos austríacos sobre
a Lombardia. Enquanto isto,
a flecha do Cupido fê-lo
esquecer as admoestações
havidas com a censura,
prendendo-se, desta vez, o
seu coração aos belos olhos de uma artista dramática, Gegia Marchionni. Para
compensar os seus dotes cénicos, Pellico escreveu uma «farsetta per musica» intitulada
«La Festa di Bussone», especialmente dedicada aos seus encantos. Acontece que,
necessitando de um maestro capaz de pôr em cena a farsa musical, veio a ter
conhecimento de um jovem prometedor de 24 anos, chamado Maronchelli, o qual havia
de sofrer ao seu lado um longo e penoso rosário no castelo de Spielberg. As voltas que a
vida dá.
Enquanto os preparativos decorriam, Pellico vai a Torino a fim de se despedir
definitivamente do seu amigo Ludovico di Breme, gravemente doente e que acabaria por
expirar em Agosto desse mesmo ano. Aproveita também para rever os seus pais,
especialmente a mãe, à qual dedica um amor quase doentio. Esta sua estadia, foi
provavelmente, encetada por Pellico a pedido de Maroncelli e de outros patriotas que o
incumbiram de auscultar as aspirações populares e «di annodar relazioni tra i liberali
piemontesi e i lombardi, in nista di qualche futuro tentativo di risconssa».11
Aliás, escamoteadamente no cap. II de As Minhas Prisões, cita as palavras da mãe
que deve ter-se apercebido das suas intenções subversivas por terras do Piemonte: «Ah,
11
Idem. p. XXIV.
Catedral de Milão, onde Pellico ia com com Ugo Foscolo
13. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 13
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
il nostro Silvio non e venuto a Torino per deder noi».12
Realmente ele não deveria ter ido
só para ver os pais, mas o que é certo é que ele pouco mais viu, regressando a Milão
decorridos doze dias. A paixão por Gegia Marchionni e a incoerência ideológica
suscitada pelas suas raízes familiares, levaram-no a apressar a viagem de regresso. Já em
Milão, a jovem artista recusa a declaração de amor do desiludido dramaturgo que, ferido
de amor e deprimido pelo repúdio, mergulha as mágoas na política activa e clandestina.
Maronchelli, também ele rejeitado pela coquete artista, convence Pellico a entrar para a
recentemente formada venda carbonária. Assim, «ai primi d’agosto, con tutte de
cerimonie di rito, riceve dall'amico l'iniziazione ad apprendente della setta».13
Pela sua
mão entrarão outros carbonários como os condes Porro e Confalonieri.
Uma organização
secreta de tão grande
responsabilidade
política necessitava
anualmente de um
número crescente de
aderentes capazes de
levar por diante a
iniciativa dos
brilhantes patriotas
piemonteses. Por isso
mesmo partiu
Maronchelli em missão de propaganda para as margens do lago de Como, enquanto o
seu camarada Pellico se dirigiu com igual intenção para Veneza. Estávamos no final do
Verão de 1820, quando Maronchelli cometeu a imprevidência de enviar uma carta a seu
irmão Francesco, que se encontrava em Génova, confiando-lhe instruções para a
orientação da «venda» de Milão. A carta acabaria por ir parar às mãos do Conde de
12
Silvio Pellico, Le Mie Prigioni, Milano, Ed. Dr. Francesco Vallardi, 1907, pp. 4-5.
13
Egidio Bellorini, op. cit, p. XXVI.
Prisão de Silvio Pellico, juntamente com o seu amigo Maroncelli, no palácio
do conde Porro, em Milão, a 13 de Outubro de 1820
14. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 14
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
Bubna, governador da dita cidade, que baseando-se na lei de Agosto (que proibia as
associações carbonárias, considerando os seus partidários como traidores nacionais),
mandou imediatamente aprisionar o jovem Maronchelli, caindo-lhe este nas garras a 6
de Outubro do mesmo ano. A notícia correu célere, não tardando a chegar ao
conhecimento de Pellico, que ainda tentou camuflar in sittu os restos da propaganda do
amigo. Pensando ter destruído todas as provas que incriminassem a organização,
regressou a Milão onde a 13 do referido mês acabaria por ser detido na casa do conde
Porro, por determinação do Comissário Villata.
Pesava sobre ele a acusação de ser citado numa carta
incriminatória de Maroncelli e de lhe ter entregado um
bilhete destinado ao seu irmão Luigi, recomendando-lhe
que prestasse ajuda ao seu amigo na propaganda
carbonária em Génova. Bastava isso para ser condenado
à morte, como haveremos de ver em seguida.
Primeiramente foi julgado em Milão, onde o seu
amigo Maroncelli se acusou como responsável de tudo
quanto se estava a passar. Contudo, as provas, apesar de ambíguas, foram suficientes
para condenar à prisão os dois carbonários, que nessa qualidade acabaram por ser
transferidos no ano seguinte para Veneza. Aí, foram novamente julgados. Confessaram
pertencer à Carbonária juntamente com outros camaradas que foram entretanto presos
como cúmplices. No dia 21 de Fevereiro de 1822 foi proclamada a sentença real na
praça de San Marco, recaindo sobre Maroncelli, Pellico e Canova, a pena de morte,
enquanto para Rezia e Ressi se pronunciava a prisão perpétua. Felizmente, o imperador
comutou as penas dos três primeiros em 20, 15 e 5 anos de prisão respectivamente,
enquanto os dois últimos cumpriam 5 anos cada um.
Ressi, todavia, não resistiu às privações do cárcere e morreu pouco tempo depois.
Quanto a Rezia e Canova transferiram-nos para a prisão de Lubiana, fazendo o mesmo a
Maroncelli e Pellico que foram parar ao castelo de Spielberg, prisão donde praticamente
era impossível fugir.
retrato de Maronchelli
15. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 15
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
Durante os dez anos da pena, que acabaria por cumprir, Silvio Pellico meditou muito
dentro das quatro lúgubres paredes dos cárceres de Milão, Veneza e, finalmente, nas
masmorras do castelo de
Spielberg. Não sabemos
bem no que terá
pensado, mas uma coisa
é certa, converteu-se
definitivamente ao
catolicismo. O medo, o
terror da solidão deverão
ser, provavelmente, os
agentes causadores deste regresso às origens, pelo abandono do racionalismo anti-
religioso do séc. XVIII.
De 1820 a 1830, Silvio Pellico transformou-se num fervoroso adepto do catolicismo,
virando costas à política activa e aos seus camaradas da “venda” maçónica. Tornou-se
um conservador, talvez mesmo um retrógrado, considerado traidor à causa liberal e anti
dinástica que tinha marcado o rumo da sua juventude. O liberalismo foi chama que
arrefeceu lentamente no seu coração amargurado, injustamente dilacerado pelo
impiedoso desterro a que havia sido sujeito no húmido e insalubre castelo de Spielberg.
Enquanto durou o penoso interlúdio, aproveitou para voltar a escrever teatro,
sobretudo tragédias, para além de inúmeros poemas e traduções de obras clássicas. As
amizades, as privações, os desgostos, o medo, a descoberta de Deus, a ansiedade pela
liberdade, são tudo sentimentos e frustrações que Pellico nos deixou magistralmente na
sua obra Le Mie Prigioni. Estas memórias são mais propriamente um testemunho de
terror, de esperança e abnegação, do que propriamente um libelo acusatório do arbitrário
poder que o lançou na escura masmorra. O autor parece querer perdoar aos seus algozes
e as críticas ao regime, se bem que disfarçadas, são muitas vezes inocentes e infantis.
Para quem esperou de Pellico um tratado político ou um manifesto revolucionário,
ficou com a ideia de que Le Mie Prigioni são autenticamente um embuste, uma pieguice
Castelo de Spielberg, transformado em prisão para reprimir o liberalismo
16. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 16
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
beata, em suma, um fracasso literário-político. Todavia, a obra teve repercussões e deu
muito que falar, acabando até por ser colocada nas listas de livros proibidos.
No dia 1 de Agosto de 1830,
Spielberg abriu as suas portas
para deixar passar os dois
companheiros do infortúnio,
Maroncelli e Pellico, que
começavam uma nova vida em
liberdade. Cada qual seguiu o
seu rumo. Mês e meio depois,
Pellico abraçava efusivamente
a mãe, jurando a si mesmo que
jamais se haveria de privar da
liberdade de poder ficar para
sempre junto dela em paz.
Tinha então 41 anos, mas a
reclusão marcou-lhe profundos
sulcos no rosto. Estava velho,
sentia-se cansado e a saúde já
não era muita. Os pulmões, a
«asma nervosa», sacudiam de tempos a tempos a sua mísera resistência física. Os
padecimentos sofridos com esta doença acabariam por arrebatar-lhe a vida. O pequeno
míope, com ar de sábio, era agora «um lânguido cadáver ambulante», como ele
costumava dizer, vivendo das ajudas financeiras dos amigos e já perto do fim, da
protecção do Marques de Barolo. Após um período em que viveu de esmolas,
nomeadamente do seu amigo Confalonieri, o desgraçado dramaturgo resolveu escrever
as suas memórias, vindo então a lume As Minhas Prisões. Como já disse, o seu valor
político era diminuto. No entanto, teve enormes repercussões sendo até apontado por
alguns como uma obra-prima da literatura italiana.
Silvio Pellico quando escrevia Les Mi Prisione, quadro de Lorfino
17. J o s é C a r l o s V i l h e n a M e s q u i t a página 17
Quem foi Silvio Pellico. Um herói? Um Traidor? D.N. 13-IV-1982
Seja como for, granjeou-lhe enorme fama e uma generalizada admiração do povo
italiano, mercê da sua figura de político sofredor, resignado a receber o castigo sem nada
objectar a seu favor, que não seja aceitar os homens como eles são no fundo: inocentes
pecadores. Sem pretender os louros do triunfo, recolhe-se à solitude da casa dos
Marqueses de Barolo; onde se dedica ao fervor ascético e à literatura, escrevendo teatro,
tragédias e poesia.
Velho e cansado, amargurado pela morte de alguns dos seus amigos mais chegados,
acabou por acolher-se, finalmente, à cidade que sempre amara: Torino. Aí ficou até
findar os seus dias ao lado da querida irmã Giuseppina, que o amparou maternalmente
até ao dia 31 de Janeiro de 1854, data em que expirou após longo tormento.
O povo italiano acompanhou o humilde féretro à última morada num dia de luto
nacional. E hoje «ancora visitano riverenti la modesta tomba che, inalzata dalla piètà
della marcheza di Barolo, segna nel camposant di Torino il luogo dove riposano le sue
stanche ceneri».14
O Povo não esquece os seus filhos.
Placa comemorativa do 1.º centenário da morte de Silvio Pellico
14
Idem, p. LIII.