Este documento resume as principais categorias da narrativa, incluindo o narrador, narratário, ação, personagens, espaço e tempo. Explica cada categoria e fornece exemplos de como elas funcionam em uma narrativa.
1. FICHA INFORMATIVA DE PORTUGUÊS 10º ANO 2010-11
ASSUNTO: CATEGORIAS DA NARRATIVA
A narrativa, como qualquer outro texto literário, obedece ao esquema apresentado
atrás: pressupõe sempre a existência de um emissor (autor) e de receptores
(leitores), enquanto o texto narrativo é a mensagem.
Mas a narração é também ela um acto comunicativo. Encontramos aí um emissor
(designado narrador), receptores (os narratários), uma mensagem (o discurso
narrativo que recria a história). Essa história recriada pelo discurso do narrador
contempla uma acção, envolvendo personagens e decorrendo em certos espaços e
ao longo de um certo período de tempo. Narrador, narratário, acção, personagens,
espaço e tempo são as chamadas categorias da narrativa.
Portanto, no género narrativo encontramos de facto dois actos comunicativos,
estando um encaixado no outro. É o que se pretende mostrar com o seguinte
esquema:
Autor --> Narrativa --> Leitor
Narrador > Discurso > Narratário
Analisemos mais pormenorizadamente cada uma dessas categorias.
Narrador
É a entidade responsável pelo discurso narrativo, através do qual uma "história" é
contada. O narrador nunca se identifica com o autor: este é um ser real, enquanto
aquele é um ser de ficção, uma "personagem de papel" que só existe na narrativa.
Pode ser exterior à "história" que narra ou identificar-se com uma das personagens
(presença) e só pode contar aquilo de que teve conhecimento (ciência).
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2. Presença
NARRADOR PARTICIPANTE
Autodiegético O narrador identifica-se com a personagem principal. A narração
é feita na 1ª pessoa.
Homodiegético O narrador identifica-se com uma personagem secundária. A
narração é feita na 1ª pessoa.
NARRADOR NÃO PARTICIPANTE
Heterodiegético O narrador é totalmente alheio aos acontecimentos que narra. A
narração é feita na 3ª pessoa.
Ciência (ponto de vista)
Focalização O narrador revela um conhecimento absoluto, quer dos
omnisciente acontecimentos, quer das motivações. É capaz de penetrar no
íntimo das personagens, revelando os seus pensamentos e as
suas emoções.
Focalização O narrador é um mero observador, exterior aos acontecimentos.
externa Narra aquilo que pode apreender através dos sentidos: descreve
os espaços, narra os acontecimentos, mas não penetra no
interior das personagens.
Focalização Este tipo de focalização distingue-se da "focalização externa,
interna porque o narrador adopta o ponto de vista de uma personagem,
narrando os acontecimentos tal como eles foram vistos por essa
personagem.
Narratário
Enquanto a existência do narrador é evidente, a do narratário é menos visível. É
que o narrador revela sempre a sua presença, através do discurso que elabora (se
existe uma narração, ela é da responsabilidade de alguém), enquanto o narratário
pode ser explicitamente identificado pelo narrador, ou, o que é mais frequente, ter
apenas uma existência implícita. Normalmente, não encontramos ao longo do
discurso do narrador nenhuma referência ao destinatário do discurso (narratário), o
que leva a que a sua existência seja frequentemente ignorada. Mas na realidade
existe sempre um narratário, cuja existência é exigida pela própria existència do
narrador, já que quem narra narra para alguém. O narratário nunca se confunde
com o leitor/ouvinte.
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3. Acção
Por acção, entendemos o conjunto de acontecimentos que se desenrolam em
determinados espaços e ao longo de um período de tempo mais ou menos extenso.
Acção principal – É constituída pelo conjunto das sequências narrativas que
assumem maior relevo.
Acção secundária – É constituída por sequências narrativas consideradas
marginais, relativamente à acção principal, embora geralmente se articulem com
ela. Permitem caracterizar melhor os contextos sociais, culturais, ideológicos em
que a acção se insere.
Sendo a acção um conjunto de sequências narrativas, existem vários possibilidades
de articulação dessas sequências.
Encadeamento – As sequências sucedem-se segundo a ordem cronológica dos
acontecimentos:
S1 --> S2 --> S3 --> S4 --> Sn
Encaixe – Uma acção é introduzida no meio de outra, cuja narração é
interrompida, para ser retomada mais tarde:
A --> B --> A
Alternância – Duas ou mais acções vão sendo narradas alternadamente:
A --> B --> A --> B --> A
Personagens
As personagens suportam a acção, visto que é através delas que a acção se
concretiza. Elas vão adquirindo "forma" à medida que a narração evolui, num
processo designado por caracterização.
Caracterização directa – Os traços físicos e/ou psicológicos da personagem são
fornecidos explicitamente, quer pela própria personagem (autocaracterização), quer
pelo narrador ou por outras personagens (heterocaracterização).
Caracterização indirecta – Os traços característicos da personagem são
deduzidos a partir das suas atitudes e comportamentos. É observando as
personagens em acção que o leitor constrói o seu retrato físico e psicológico.
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4. Relevo
Personagem Assume um papel central no desenrolar da acção e por isso
principal ocupa maior espaço textual.
(protagonista)
Personagem Participa na acção, sem no entanto desempenhar um papel
secundária decisivo.
Figurante Não tem qualquer participação no desenrolar da acção,
cabendo-lhe apenas ajudar a compor um ambiente ou espaço
social.
Composição
Personagem É dinâmica; possui densidade psicológica, vida interior, e por isso
redonda surpreende o leitor pelo seu comportamento.
(modelada)
Personagem É estática; caracteriza-se por possuir um conjunto limitado de
plana traços que se mantêm inalterados ao longo da narração.
(desenhada) Frequentemente assume a forma de personagem-tipo, na medida
em que representa determinado grupo social ou profissional.
Personagem Representa um conjunto de indivíduos, que age como se fosse
colectiva movido por uma vontade única.
Funções (estrutura actancial)
destinador 4 objecto 4 destinatário
5
adjuvante 4 sujeito 3 oponente
Destinador Entidade ou força superior que permite (ou não) ao sujeito alcançar
o objecto.
Destinatário Personagem ou entidade sobre quem recaem os benefícios ou
malefícios da decisão do destinador.
Sujeito Personagem ou entidade que procura alcançar determinado objecto.
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5. Objecto Personagem, entidade ou aquilo que o sujeito procura alcançar.
Adjuvante Personagem ou entidade que ajuda o sujeito a alcançar o objecto.
Oponente Personagem ou entidade que dificulta a obtenção do objecto por
parte do sujeito.
Espaço
Espaço físico É o espaço real, exterior ou interior, onde as personagens se
movem.
Espaço social Designa o ambiente social em que as personagens se integram. A
caracterização deste espaço é feita principalmente pelo recurso
aos figurantes.
Espaço É o espaço interior da personagem, o conjunto das suas vivências,
psicológico emoções e pensamentos.
Tempo
Tempo da Aquele ao longo do qual decorrem os acontecimentos narrados.
história
(cronológico)
Tempo do Resulta do modo como o narrador trata o tempo da história. O
discurso narrador pode respeitar a ordem cronológica ou alterá-la, recuando
no tempo (analepse) ou antecipando acontecimentos posteriores
(prolepse). Pode ainda narrar ao ritmo dos acontecimentos,
recorrendo ao diálogo (isocronia), fazer uma narração abreviada
(resumo ou sumário), ou até omitir alguns acontecimentos
(elipse).
Tempo É de natureza subjectiva; designa o modo como a personagem
psicológico sente o fluir do tempo.
Clica no link, para aplicares os conhecimentos adquiridos sobre este conteúdo:
http://stortomas.no.sapo.pt/categoriasnarrativa.htm
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