SlideShare uma empresa Scribd logo
Canto VIII
Trabalho realizado por:
Rui Ferreira nº 12
Miguel Pereia nº6
Canto VIII
Est. (96)
Nas naus estar se deixa, vagaroso,

Não se confia
no Catual.

Até ver o que o tempo lhe descobre;
Que não se fia já do cobiçoso
Regedor, corrompido e pouco nobre.
Veja agora o juízo curioso
Quanto no rico, assi como no pobre,

Pode o vil interesse e sede imiga
Do dinheiro, que a tudo nos obriga.

Aqui vê-se o poder
que o dinheiro tem
sobre o rico e o
pobre.
Canto VIII
Est. (97)
A Polidoro mata o Rei Treício,

Polidoro mata o rei
de Treício, para ficar
com o seu ouro.

Só por ficar senhor do grão tesouro;
Entra, pelo fortíssimo edifício,

Quando Júpiter
entra em chuva de
ouro, e
engravidou-a.

Com a filha de Acriso a chuva de ouro;
Pode tanto em Tarpeia avaro vício
Que, a troco do metal luzente e louro,

Entrega aos inimigos a alta torre,
Do qual quase afogada em pago morre.

Tarpeia morre
soterrada pelo
ouro que lhe ia ser
pago.
Canto VIII
Est. (98)
Este rende munidas fortalezas;
Faz trédoros e falsos os amigos;
Este a mais nobres faz fazer vilezas,
E entrega Capitães aos inimigos;

Ouro

Este corrompe virginais purezas,
Sem temer de honra ou fama alguns perigos;
Este deprava às vezes as ciências,
Os juízos cegando e as consciências.

Até mesmo pessoas
puras, são
corrompidas pelo
ouro.
Canto VIII
Est. (99)
Este interpreta mais que sutilmente

Julgamento falso.

Os textos; este faz e desfaz leis;
Este causa os perjúrios entre a gente
E mil vezes tiranos torna os Reis.
Até os que só a Deus omnipotente
Se dedicam, mil vezes ouvireis
Que corrompe este encantador, e ilude;
Mas não sem cor, contudo, de virtude.

Até os membros religiosos
se deixam levar pela
fascinação do ouro,
embora sob aparências
virtuosas.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sermao de santo antonio aos peixes
Sermao de santo antonio aos peixesSermao de santo antonio aos peixes
Sermao de santo antonio aos peixesLiliana Matos
 
Orientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptx
Orientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptxOrientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptx
Orientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptxJMTCS
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasclaudiarmarques
 
Modificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nomeModificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nomeAntónio Fernandes
 
Cantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumoCantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumoGijasilvelitz 2
 
A representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de CamõesA representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de CamõesCristina Martins
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoHelena Coutinho
 
Esquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versosEsquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versosdomplex123
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoHelena Coutinho
 
A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70
A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70 A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70
A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70 Fernanda Pereira
 

Mais procurados (20)

Sermao de santo antonio aos peixes
Sermao de santo antonio aos peixesSermao de santo antonio aos peixes
Sermao de santo antonio aos peixes
 
Barca bela
Barca belaBarca bela
Barca bela
 
Canto v 92_100
Canto v 92_100Canto v 92_100
Canto v 92_100
 
Orientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptx
Orientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptxOrientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptx
Orientações para a análise do poema Orfeu Rebelde.pptx
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
 
Ilha dos Amores
Ilha dos AmoresIlha dos Amores
Ilha dos Amores
 
Modificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nomeModificador restritivo e apositivo do nome
Modificador restritivo e apositivo do nome
 
Cantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumoCantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumo
 
Final canto I
Final canto IFinal canto I
Final canto I
 
A representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de CamõesA representação na amada na lírica de Camões
A representação na amada na lírica de Camões
 
De tarde - Cesário Verde
De tarde - Cesário VerdeDe tarde - Cesário Verde
De tarde - Cesário Verde
 
Endechas a bárbara
Endechas a bárbaraEndechas a bárbara
Endechas a bárbara
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadoso
 
Os Planos d'Os Lusíadas
Os Planos d'Os LusíadasOs Planos d'Os Lusíadas
Os Planos d'Os Lusíadas
 
Esquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versosEsquema rimatico e versos
Esquema rimatico e versos
 
Canto vii est 78_97
Canto vii est 78_97Canto vii est 78_97
Canto vii est 78_97
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
 
Teste Leandro 7º ano
Teste Leandro 7º anoTeste Leandro 7º ano
Teste Leandro 7º ano
 
A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70
A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70 A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70
A ilha dos amores canto ix, estâncias52 53; 66-70
 
Advérbios
AdvérbiosAdvérbios
Advérbios
 

Destaque

Ciência em portugal após o 25 de abril
Ciência em portugal após o 25 de abril Ciência em portugal após o 25 de abril
Ciência em portugal após o 25 de abril nanasimao
 
Os lusíadas - Canto VII
Os lusíadas - Canto VIIOs lusíadas - Canto VII
Os lusíadas - Canto VIIAiltinho
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106nanasimao
 
Análise do canto ix
Análise do canto ixAnálise do canto ix
Análise do canto ixKaryn XP
 
Tudo sobre "Os lusíadas"
Tudo sobre "Os lusíadas"Tudo sobre "Os lusíadas"
Tudo sobre "Os lusíadas"Inês Santos
 
Os Lusíadas: sistematização dos Cantos
Os Lusíadas: sistematização dos CantosOs Lusíadas: sistematização dos Cantos
Os Lusíadas: sistematização dos Cantossin3stesia
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaDina Baptista
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Lurdes Augusto
 

Destaque (9)

Ciência em portugal após o 25 de abril
Ciência em portugal após o 25 de abril Ciência em portugal após o 25 de abril
Ciência em portugal após o 25 de abril
 
Os lusíadas - Canto VII
Os lusíadas - Canto VIIOs lusíadas - Canto VII
Os lusíadas - Canto VII
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
 
Análise do canto ix
Análise do canto ixAnálise do canto ix
Análise do canto ix
 
Tempos Compostos
Tempos CompostosTempos Compostos
Tempos Compostos
 
Tudo sobre "Os lusíadas"
Tudo sobre "Os lusíadas"Tudo sobre "Os lusíadas"
Tudo sobre "Os lusíadas"
 
Os Lusíadas: sistematização dos Cantos
Os Lusíadas: sistematização dos CantosOs Lusíadas: sistematização dos Cantos
Os Lusíadas: sistematização dos Cantos
 
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
 
Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas Análise de Os Lusíadas
Análise de Os Lusíadas
 

Canto viii os lusidas

  • 1. Canto VIII Trabalho realizado por: Rui Ferreira nº 12 Miguel Pereia nº6
  • 2. Canto VIII Est. (96) Nas naus estar se deixa, vagaroso, Não se confia no Catual. Até ver o que o tempo lhe descobre; Que não se fia já do cobiçoso Regedor, corrompido e pouco nobre. Veja agora o juízo curioso Quanto no rico, assi como no pobre, Pode o vil interesse e sede imiga Do dinheiro, que a tudo nos obriga. Aqui vê-se o poder que o dinheiro tem sobre o rico e o pobre.
  • 3. Canto VIII Est. (97) A Polidoro mata o Rei Treício, Polidoro mata o rei de Treício, para ficar com o seu ouro. Só por ficar senhor do grão tesouro; Entra, pelo fortíssimo edifício, Quando Júpiter entra em chuva de ouro, e engravidou-a. Com a filha de Acriso a chuva de ouro; Pode tanto em Tarpeia avaro vício Que, a troco do metal luzente e louro, Entrega aos inimigos a alta torre, Do qual quase afogada em pago morre. Tarpeia morre soterrada pelo ouro que lhe ia ser pago.
  • 4. Canto VIII Est. (98) Este rende munidas fortalezas; Faz trédoros e falsos os amigos; Este a mais nobres faz fazer vilezas, E entrega Capitães aos inimigos; Ouro Este corrompe virginais purezas, Sem temer de honra ou fama alguns perigos; Este deprava às vezes as ciências, Os juízos cegando e as consciências. Até mesmo pessoas puras, são corrompidas pelo ouro.
  • 5. Canto VIII Est. (99) Este interpreta mais que sutilmente Julgamento falso. Os textos; este faz e desfaz leis; Este causa os perjúrios entre a gente E mil vezes tiranos torna os Reis. Até os que só a Deus omnipotente Se dedicam, mil vezes ouvireis Que corrompe este encantador, e ilude; Mas não sem cor, contudo, de virtude. Até os membros religiosos se deixam levar pela fascinação do ouro, embora sob aparências virtuosas.