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Luana Helena Ribeiro - 8072253
Pós-graduação em Comunicação não-violenta
BULLYING E COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA: UMA
POSSIBILIDADE DE ABORDAGEM EMPÁTICA DO CONFLITO
Orientadora: Profa. Dra. Renata Andrea Fernandes Fantacini
CLARETIANO – Centro Universitário de Batatais
São José dos Campos - SP
2020
BULLYING E COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA: UMA
POSSIBILIDADE DE ABORDAGEM EMPÁTICA DO
CONFLITO
Luana Helena RIBEIRO1
Renata Andrea Fernandes FANTACINI2
RESUMO
O problema da violência escolar, analisada neste artigo sob a perspectiva do bullying,
assola escolas pelo mundo todo. No Brasil, a problemática do bullying foi estudada
por pediatras, psicólogos e pedagogos, que propuseram intervenções e programas
para erradicar tais atos. Contudo, ao longo do tempo, os programas de combate ao
bullying evidenciaram a necessidade de trabalhar os conflitos de forma não-violenta e
empática, e não mais apenas punitiva ou preventiva. Tais percepções demonstraram
a urgência de pensar programas com soluções sustentáveis a longo prazo, pois a
violência escolar impacta diretamente no desenvolvimento acadêmico dos alunos.
Assim, o presente artigo se propõe a apresentar possibilidades de uma mediação
empática de situações de bullying por meio da Comunicação não-violenta, a partir da
exposição do panorama histórico e quantitativo do bullying no Brasil, além de traçar
um perfil das necessidades não atendidas de alvos e autores desse tipo de violência.
A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica das contribuições de autores ou
pesquisadores renomados nas áreas da Psicologia, Pedagogia, Filosofia e Sociologia.
O estudo apresentou os resultados e características das primeiras intervenções
propostas para escolas no início dos anos 2000 no Brasil. Pôde-se verificar também
que o perfil de alvos e autores está baseado na insegurança e na falta de habilidades
de comunicação, o que faz da violência e da omissão a única estratégia de resolução
de um conflito interno ou coletivo. Desse modo, a Comunicação não-violenta, por se
tratar de um facilitador da expressão de sentimentos, necessidades e pedidos, oferece
uma opção empática e respeitosa para todos os envolvidos na situação. Assim, a
abordagem empática do conflito do bullying constrói ferramentas internas para que o
aluno possa agir de acordo com seus princípios e respeitar as pessoas em qualquer
situação sem que desrespeite a si mesmo, contribuindo com a melhora do
desempenho acadêmico e da saúde emocional da comunidade escolar.
1
Pós Graduanda em Comunicação não-violenta pelo Claretiano – Centro Universitário de Batatais. E-mail:
luana@luanahelena.com
2 2
Doutora em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade de
São Carlos (UFSCar). Docente do curso Pedagogia do Claretiano – Centro Universitário de Batatais. E-mail:
renatafantacini@claretiano.edu.br
Palavras-chave: Comunicação não-violenta. Bullying. Empatia
1. Introdução
O vocábulo bullying habita as instituições escolares desde o início dos anos
2000. Segundo Meier e Rolim (2013, p. 22), o bullying pode ser definido como ‘’um
conjunto de agressões intencionais e repetidas provocadas por um agressor de maior
poder ou força, que causa na vítima dor física ou emocional’’. No Brasil, segundo
dados do PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes), quase 30% dos estudantes relatam ter sofrido bullying na escola e 13%
sentem-se tristes na escola. Para combater efetivamente o bullying, é preciso
entender mais do perfil dos seus atores: os alvos (vítimas) e os autores (agressores).
Orweus (2013 apud Meier e Rolim, 2013, p. 40) traça um padrão mais inseguro,
ansioso e demasiadamente cuidadoso para os alvos. Tal cuidado sugere uma
anulação permanente de seus próprios sentimentos e vontades em detrimento das
vontades do agressor. Meier e Rolim apontam também um perfil de agressor mais
irritadiço, violento, e, principalmente, insensível às emoções dos colegas.
Goleman (2012) chama de Analfabetismo emocional a incapacidade de
reconhecer e lidar com os próprios sentimentos e os dos outros de forma consciente
e pacífica. Logo, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, a empatia, fica
comprometida. O autor tece uma crítica aos programas americanos que investem
tempo em informação sobre como agir e poucos momentos de desenvolvimento de
habilidades sociais e emocionais. Segundo ele (p. 275), ‘’os melhores programas
ensinam as crianças a defender o que querem, afirmar seus direitos em vez de ficar
passivas, saber quais são suas fronteiras e defendê-las’’. Assim, esse método de
enfrentamento da violência relaciona-se diretamente à comunicação não-violenta.
Marshall Rosenberg define a Comunicação não-violenta como:
CNV: uma forma de comunicação que nos a nos entregarmos de coração.
[...]
A CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que
fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições
adversas. [...] O objetivo é nos lembrar do que já sabemos – de como nós,
humanos, deveríamos nos relacionar uns com os outros – e nos ajudar a viver
de modo que se manifeste concretamente esse conhecimento.
A CNV nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e
ouvimos os outros. ‘’ (ROSENBERG, 2006, p. 21)
Dentro do esquema de comunicação da CNV, a empatia é um ponto crucial,
logo, utilizá-la para combater o bullying é fornecer ferramentas para a alfabetização
emocional do agressor e empoderamento da vítima.
Os crescentes números do bullying nas escolas brasileiras revelados pelo PISA
e a dificuldade apresentada pela comunidade escolar em lidar com a situação de uma
forma empática criam a demanda para o estudo aqui apresentado, pois a escola não
é um lugar que oferece apenas aprendizado acadêmico, mas também emocional e
social. Logo, é de suma importância que os educadores tenham ferramentas para lidar
com os conflitos não de forma a reprimi-los ou puni-los, mas sim encontrando
caminhos sustentáveis a longo prazo de aproximação entre os atores da dinâmica
escolar. A abordagem que será aqui discutida visa à diminuição da violência e da
solidão no ambiente escolar, refletindo positivamente no aprendizado acadêmico e
atenuando as taxas de evasão escolar.
Tendo em vista o cenário apresentado, o principal intuito deste estudo é apresentar
possibilidades de uma mediação empática de situações de bullying por meio da
comunicação não-violenta, além de traçar um panorama histórico e quantitativo do
bullying no Brasil e um perfil das necessidades não atendidas de autores e alvos do
bullying.
2. Metodologia
A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa é a pesquisa
bibliográfica (revisão de literatura), por meio de livros impressos, documentos oficiais
do Ministério da Educação, revistas e artigos científicos disponíveis em sites
confiáveis.
[...] registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos
impressos, como livros, artigos, teses etc. Utilizam-se dados de categorias
teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados.
Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador
trabalha a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos
constantes dos textos (SEVERINO, 2007, p.122).
Nesse sentido, esta pesquisa bibliográfica encontra-se fundamentada
teoricamente a partir das contribuições de autores ou pesquisadores renomados nas
áreas da Psicologia, Pedagogia, Filosofia e Sociologia, que abordam os temas
Bullying e Comunicação não-violenta, tais como: Rosenberg (2006, 2019), Goleman
(2012), Pedro-Silva. (2013), Meier e Rolim (2013) e Fante (2005).
A pesquisa está dividida em 3 tópicos, sendo eles:
1) Bullying no Brasil: história e números.
2) Perfil de alvo e autor: necessidades negligenciadas.
3) A comunicação não-violenta como possibilidade de mediação empática nas
situações de bullying.
3. Desenvolvimento
3.1 Bullying no Brasil: história e números
A violência escolar é assunto recorrente nas discussões das comunidades
escolares do mundo todo. Massacres como Columbine, nos Estados Unidos, e da
escola Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, trazem à tona as discussões sobre a
prevenção, detecção e formas de diminuir os comportamentos agressivos dentro dos
espaços escolares. De acordo com a Lei brasileira nº 13.185/2015, bullying é:
todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre
sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou
mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e
angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes
envolvidas. (BRASIL. Lei 13185, 2015, art. 1º)
Ou seja, toda ação sistemática de intimidação ocorrida dentro de um sistema
com agressor em vantagem sobre a vítima.
Dr Dan Olweus, professor de psicologia da Universidade de Bergen, na
Noruega, é considerado o precursor dos estudos sobre o bullying no espaço escolar.
Segundo Felizardo:
Olweus desenvolveu seu programa de prevenção fundamentado em uma
pesquisa que envolveu aproximadamente 2500 estudantes, com idade entre
10 e 15 anos, em 42 escolas de Bergen, na Noruega. Os efeitos do programa
foram avaliados durante durantes dois anos e meio, com resultados
satisfatórios – redução do bullying em 50%; redução acentuada de
vandalismo, brigas, roubo e evasão escolar, com claras melhorias no clima
social da sala de aula, na ordem na disciplina; relações sociais com atitudes
mais positivas e aumento da satisfação dos estudantes nas escolas da
Noruega. (FELIZARDO, 2017, p.25)
Os altos índices de diminuição da violência após a utilização do programa
proposto por Olweus chamou atenção de outros países, como Canadá e Portugal, e
trouxe luz a reflexões e ações tomadas nesses territórios.
O assunto bullying começou a ser pesquisado no Brasil no início dos 2000, sob
a coordenação dos médicos pediatras Dr. Lauro Monteiro e Dr. Aramis Antonio Lopes
Neto e a psicóloga e psicopedagoga Lucia Helena Saavedra, na Abrapia, a extinta
Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência. A
exemplo de Olweus, juntos os pesquisadores produziram um estudo intitulado Diga
NÃO para o Bullying: Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre
Estudantes (2003) que é, até hoje, uma das principais referências brasileiras no
assunto. O programa foi aplicado em onze escolas da cidade do Rio de Janeiro entre
novembro de 2002 e março de 2003, com alunos de 6º a 9º ano do ensino fundamental
II. O programa tinha como objetivos específicos:
- Reduzir o Bullying nas escolas selecionadas.
- Criar um programa modelar no combate ao Bullying.
- Monitorar, avaliar e analisar a evolução do problema nas escolas.
- Criar referências para os alunos que precisam de apoio e proteção
(agressores e vítimas) e para que denunciem as violências sofridas ou
testemunhadas.
- Incentivar o protagonismo juvenil.
- Fortalecer e organizar ações já existentes nas escolas.
(LOPES NETO; FILHO; SAAVEDRA, 2003, p.9)
Para atingir os objetivos propostos, o programa contava com sete passos
(LOPES NETO; FILHO; SAAVEDRA, 2003): 1. Pesquisando a realidade; 2. Em busca
de parcerias; 3. Formando um grupo de trabalho; 4. Ouvindo opiniões; 5. Definindo os
compromissos; 6. Divulgando o tema e 7. Informando os pais.
Atualmente, segundo informações presentes no site do Ministério da Educação
(2018), há ações institucionalizadas para prevenção e diminuição da violência nas
escolas. Em novembro de 2016, em parceria com o Ministério da Justiça, o MEC
lançou um conjunto de ações denominado Pacto Universitário pela Promoção do
Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos, mas não há uma
política oficial e consistente de enfrentamento da violência escolar, especialmente no
que diz respeito à educação básica.
A ausência de um plano organizado de ações gera dados como os do PISA
2018, segundo os quais quase 30% dos estudantes brasileiros relatam ter sofrido
bullying na escola e 13% sentem-se tristes na escola.
3.2 Perfil de alvo e autor: necessidades negligenciadas
Os atores sociais do bullying agem motivados pela vontade de atender suas
necessidades de diversas naturezas, sobretudo as emocionais. Marshall Rosenberg,
psicólogo e autor da teoria da Comunicação Não-violenta, acredita que “Por trás de
mensagens intimidadoras, estão simplesmente pessoas pedindo para satisfazermos
suas necessidades” (ROSENBERG, 2006, p. 144). Logo, o bullying surge como um
pedido de ajuda ineficiente e violento.
Com currículos cada vez mais conteudistas, baseados em provas nacionais e
vestibulares, além da pressão das famílias para atender demandas pessoais, as
escolas vivenciam as múltiplas formas de violência, sofrendo-as e praticando. Em
contrapartida, sobra pouco tempo da vida familiar para exercitar o crescimento
emocional e os pedidos de ajuda disfuncionais surgem como uma manifestação desse
analfabetismo emocional, gerando um grande mal-estar. Segundo Goleman (2012, p.
251.), ‘’esse mal-estar emocional parece ser o preço que a modernidade cobra às
crianças’’. Assim, é necessário entender o perfil emocional dos autores e dos alvos do
bullying para traçar um plano de ação consistente e eficiente.
Segundo Felizardo (2017, p. 54), o agressor de bullying geralmente espera que
os colegas atendam à todas solicitações feitas por ele e sente prazer em humilhar,
sendo recompensado – de forma material, social, psicológica – pelo produto de sua
ação. Além disso, tem dificuldade para relacionar-se, sofre intimidações e maus tratos
por parte de adultos, tornando-se um indivíduo inseguro e inadequado. Ou seja, o
buller busca satisfazer sua necessidade de aceitação humilhando, subjugando,
tentando provar que tem poder sobre os outros para, assim, se sentir no controle da
situação e fortalecido, uma vez que seus adultos de referências mostram que
satisfazem suas necessidades dessa forma.
Cléo Fante, pedagoga e pesquisadora da Educação para paz, na obra
Fenômeno bullying, aponta que:
agressor: aquele que vitimiza os mais fracos. O agressor, de ambos os sexos,
costuma ser um indivíduo que manifesta pouca empatia. Frequentemente, é
membro de família desestruturada, em que há pouco ou nenhum
relacionamento afetivo. Os pais ou responsáveis exercem supervisão
deficitária e oferecem comportamentos agressivos ou violentos como
modelos para solucionar os conflitos. O agressor normalmente se apresenta
mais forte que seus companheiros de classe e que suas vítimas em particular;
pode ter a mesma idade ou ser um pouco mais velho que suas vítimas, pode
ser fisicamente superior nas brincadeiras, nos esportes e nas brigas,
sobretudo no caso dos meninos. Ele sente uma necessidade imperiosa de
dominar e subjugar os outros, de se impor mediante o poder e a ameaça e
de conseguir aquilo a que se propôs. Pode vangloriar-se de sua superioridade
real ou imaginária sobre outros alunos. [...] irrita-se facilmente e tem baixa
resistência às frustrações. Custa a adaptar-se às normas; não aceita ser
contrariado, não tolera os atrasos e pode tentar beneficiar-se de artimanhas
na hora das avaliações. (FANTE, 2005, p. 73).
Deste modo, em resumo, observa-se que o agressor não recebeu uma
educação emocional baseada em empatia por parte de seus cuidadores e, por isso,
não sabe oferecê-la aos outros.
Do outro lado da história, há os alvos, ou as vítimas. De acordo com Felizardo
(2017, p.56), ‘’as vítimas têm dificuldade de se defender, não oferecem resistência,
tampouco buscam ajuda com um adulto ou colega de classe’’. Na maior parte dos
casos, o alvo do bullying é tímido ou está acima do peso, sentindo-se fora do ‘’padrão’’
estabelecido como adequado pelo grupo em que está inserido. A baixa autoestima faz
com que essas vítimas permaneçam caladas e o ciclo do bullying se perpetue.
Fante (2005) classifica as vítimas em três tipos: típica, provocadora e
agressora. A vítima típica é aquela que sofre a violência sem condições de reagir ou
mudar o comportamento do agressor. Ainda de acordo com Fante, ’’a vítima típica
sente dificuldades de impor-se ao grupo, tanto física como verbalmente, e tem uma
conduta habitual não-agressiva, motivo pelo qual parece denunciar ao agressor que
não irá revidar se atacada o que é ‘presa fácil’ para os seus abusos.’’
Já a vítima provocadora caracteriza-se por um comportamento hostil,
desafiador, que desperta reações nos colegas com as quais ela não consegue lidar.
É, na maior parte das vezes, a disparadora das situações de tensão no ambiente
escolar. Por fim, a vítima agressora é aquela que repete a violência à qual foi
submetida, em uma espécie de vingança que retroalimenta o ciclo do bullying.
Os três tipos de vítimas revelam uma característica comum: a inabilidade para
comunicar seu sofrimento e pedir ajuda. Como bem postula Felizardo (2017, p.57) ‘’o
ponto principal contra o bullying está no poder de romper o silêncio’’.
3.3 A comunicação não-violenta como possibilidade de mediação empática
nas situações de bullying.
Em vista de todas as necessidades negligenciadas apresentadas, é necessário
oferecer ferramentas aos envolvidos para que possam falar de seus sentimentos e
fazer pedidos concretos, tanto agressores quanto alvos. O empoderamento por meio
da palavra consciente e empática abre espaço para a escuta e acolhimento das
próprias necessidades e do outro.
Marshall Rosenberg coloca como primeiro pilar da Comunicação não-violenta
a observação sem julgamento. Rosenberg chama atenção para os julgamentos
moralizantes que as pessoas fazem umas das outras e como essa ação bloqueia a
compaixão e empatia:
Estou convicto de que todas essas análises de outros seres humanos são
expressões trágicas de nossos próprios valores e necessidades. São trágicas
porque quando expressamos nossos valores e necessidades de tal forma,
reforçamos a postura defensiva e a resistência a eles nas próprias pessoas
cujos comportamentos nos interessam. (ROSENBERG, 2006, p.39)
Assim, os julgamentos que recaem sobre o agressor reforçam a sua ação por
não encorajarem a reflexão, uma vez que quem é julgado já assume uma postura
defensiva e resistente. A mesma coisa acontece com o alvo do bullying, que, já
fragilizado emocionalmente, toma para si os julgamentos feitos sobre ele.
O segundo pilar da Comunicação não-violenta é a expressão do sentimento.
Expressar os sentimentos significa também expressar a vulnerabilidade, o que há de
mais frágil e humano. Os agressores são ágeis em perceber a vulnerabilidades dos
alvos e tocá-los nesse ponto, tornando essa expressão um grande desafio. Segundo
Marshall (2019, p.49), os sentimentos são aquilo que está vivo nas pessoas e estão
diretamente conectados com as necessidades:
Sentimentos podem ser usados de uma forma destrutiva se insinuarmos que
os comportamentos das outras pessoas são a causa de nossos sentimentos.
A causa de nossos sentimentos são nossas necessidades e não o
comportamento dos outros. (ROSENBERG, 2019, p. 49)
Uma fala bastante presente nas situações de bullying é: eu agi assim porque
ele me faz ficar nervoso. Tal fala reflete a falta de conhecimento das próprias
necessidades, limites e possibilidades de atuação. Reconhecer as necessidades, as
próprias e as do outro, favorece a empatia e a colaboração:
[...] as pessoas se sentem estimuladas a desfrutar a alegria de contribuir
quando enxergam as necessidades do outro – porque todos nos identificamos
com necessidades. Todos os seres humanos têm as mesmas necessidades
básicas. (ROSENBERG, 2019, p. 52)
Desta maneira, é de suma importância promover diálogos mediados entre os
envolvidos, para que se escutem e conheçam as necessidades uns dos outros. É um
caminho que exige transformação na visão que escolas e famílias têm do problema,
pois a punição não permite que o aluno faça uma reflexão profunda e, motivado por
razões interiores, realize a mudança permanente de comportamento.
Marshall (2019, p. 51) diz que ‘’o problema das pessoas que estão conectadas
com as suas necessidades é que elas não são boas escravas’’. Estabelecendo uma
ligação da fala com a situação do bullying, quando os envolvidos na situação
estiverem conectados às suas necessidades, o comportamento não será de escravo,
mas de senhor de suas atitudes, com possibilidades de escolhas mais empáticas.
Ao falar sobre analfabetismo emocional e os programas de combate à violência
no ambiente escolar, Goleman (2012, p. 275) indica que ‘’os melhores programas
ensinam as crianças a defender o que querem, afirmar seus direitos em vez de ficarem
passivas, saber quais são suas fronteiras e defendê-las’’. Tal afirmação vai ao
encontro do quarto passo da Comunicação não-violenta, que é a expressão de um
pedido.
Fazer um pedido pode soar humilhante para o agressor e para o alvo. Para o
primeiro, diante do seu ímpeto de exigências e ordens, pedir lhe parece sinônimo de
fraqueza. Para o segundo, o pedido aparece como um reforço de sua impotência e
pequenez diante do mais forte. Contudo, para Marshall, pedir é comunicar ao outro
quais ações farão a nossa vida melhor. A grande questão é: Como fazer pedidos da
maneira mais assertiva e que preservem a vulnerabilidade do emissor?
Pergunta número um: o que desejamos que nosso interlocutor faça? Observe
que não estamos dizendo o que queremos que ele faça. Se fizermos somente
essa pergunta a punição ainda pode parecer eficaz. Provavelmente podemos
nos lembrar de ocasiões em que usamos a punição e conseguimos fazer com
que as pessoas fizessem o que lhe pedimos. Contudo, se acrescentarmos
uma segunda pergunta, a punição nunca funciona.
E qual seria a segunda pergunta?
Com que motivação queremos que a pessoa faça o que lhe pedimos? Como
mencionei, o propósito da CNV é criar conexões que levem as pessoas a agir
motivadas pela compaixão - não por receio de serem punidas, ou pela
promessa de serem recompensadas, mas pelo prazer natural que sentimos
quando contribuímos para o nosso bem-estar e o dos outros. (ROSENBERG,
2019, p. 58)
Elaborar um pedido concreto é o ponto alto da relação empática que pode ser
construída na mediação do conflito, pois os envolvidos estarão conectados ao
máximo, abertos para escutarem o que pode enriquecer a vida do outro e, assim,
transformar o comportamento agressivo de forma definitiva.
4. Considerações finais
A necessidade de estudar a violência produzida na escola, especialmente o
bullying, é constante e, nos tempos atuais, é urgente. A educação que confere ao
sujeito ferramentas emancipatórias também precisa agir como desenvolvedora de
instrumentos internos que ajudem a lidar com a pressão social produzida pela própria
estrutura escolar e com aquelas que o ser humano sempre enfrentou. Saber lidar com
as próprias emoções, agindo de acordo com princípios que protegem física e
moralmente o outro e a si mesmo, é também se emancipar das amarras sociais e
conquistar uma parcela de liberdade no campo do agir.
A abordagem empática do conflito por meio da CNV, apesar de poder seguir os
passos descritos por Marshall Rosemberg (2006), necessita do desenvolvimento de
um programa adaptado à realidade das escolas brasileiras, sobretudo às públicas,
para que possa se tornar possível e acessível ao maior número de alunos. É
necessário desenvolver também programas de formação para mediadores, bem como
políticas públicas de saúde mental para alunos e professores.
Logo, a abordagem empática do bullying por meio da Comunicação não-
violenta corrobora com o ideal de educação emancipatória e academicamente
eficiente, pois alunos que desenvolvem ferramentas de comunicação para lidar com
as rejeições e intempéries da vida em sociedade cultivam mais resiliência e
consistência, diminuindo os índices de evasão e fracasso escolar.
Referências
BRASIL. Assessoria de Comunicação Social. Ministério da Educação. MEC apoia
enfrentamento ao bullying e violência nas escolas. 2018. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/62581-mec-apoia-
enfrentamento-ao-bullying-e-violencia-nas-escolas. Acesso em: 14 jun. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Programa de Combate à Intimidação
Sistemática (Bullying). Brasília: Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2015.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13185.htm> Acesso em: 14 de jun. de 2020.
FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar
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FELIZARDO, A.R. Bullying escolar: prevenção, intervenção e resolução com
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GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser
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LOPES NETO, Aramis A.; FILHO, Lauro Monteiro; SAAVEDRA, Lucia Helena. Diga não
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MEIER, M., ROLIM, J. Bullying sem blá blá blá. Curitiba: Editora Intersaberes, 2013.
OLIVEIRA, E. Bullying, indisciplina e solidão: o clima nas escolas brasileiras revelado
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<https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/12/04/bullying-indisciplina-e-solidao-o-
clima-nas-escolas-brasileiras-reveladas-pelo-pisa-2018.ghtml>. Acesso em: 30 mar.
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PEDRO-SILVA, N. Indisciplina e bullying: soluções ao alcance de pais e professores.
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ROSENBERG, M. A linguagem da paz em um mundo de conflitos. São Paulo: Palas
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ROSENBERG, M. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar
relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez,
2007

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BULLYING E COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA: UMA POSSIBILIDADE DE ABORDAGEM EMPÁTICA DO CONFLITO

  • 1. Luana Helena Ribeiro - 8072253 Pós-graduação em Comunicação não-violenta BULLYING E COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA: UMA POSSIBILIDADE DE ABORDAGEM EMPÁTICA DO CONFLITO Orientadora: Profa. Dra. Renata Andrea Fernandes Fantacini CLARETIANO – Centro Universitário de Batatais São José dos Campos - SP 2020
  • 2. BULLYING E COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA: UMA POSSIBILIDADE DE ABORDAGEM EMPÁTICA DO CONFLITO Luana Helena RIBEIRO1 Renata Andrea Fernandes FANTACINI2 RESUMO O problema da violência escolar, analisada neste artigo sob a perspectiva do bullying, assola escolas pelo mundo todo. No Brasil, a problemática do bullying foi estudada por pediatras, psicólogos e pedagogos, que propuseram intervenções e programas para erradicar tais atos. Contudo, ao longo do tempo, os programas de combate ao bullying evidenciaram a necessidade de trabalhar os conflitos de forma não-violenta e empática, e não mais apenas punitiva ou preventiva. Tais percepções demonstraram a urgência de pensar programas com soluções sustentáveis a longo prazo, pois a violência escolar impacta diretamente no desenvolvimento acadêmico dos alunos. Assim, o presente artigo se propõe a apresentar possibilidades de uma mediação empática de situações de bullying por meio da Comunicação não-violenta, a partir da exposição do panorama histórico e quantitativo do bullying no Brasil, além de traçar um perfil das necessidades não atendidas de alvos e autores desse tipo de violência. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica das contribuições de autores ou pesquisadores renomados nas áreas da Psicologia, Pedagogia, Filosofia e Sociologia. O estudo apresentou os resultados e características das primeiras intervenções propostas para escolas no início dos anos 2000 no Brasil. Pôde-se verificar também que o perfil de alvos e autores está baseado na insegurança e na falta de habilidades de comunicação, o que faz da violência e da omissão a única estratégia de resolução de um conflito interno ou coletivo. Desse modo, a Comunicação não-violenta, por se tratar de um facilitador da expressão de sentimentos, necessidades e pedidos, oferece uma opção empática e respeitosa para todos os envolvidos na situação. Assim, a abordagem empática do conflito do bullying constrói ferramentas internas para que o aluno possa agir de acordo com seus princípios e respeitar as pessoas em qualquer situação sem que desrespeite a si mesmo, contribuindo com a melhora do desempenho acadêmico e da saúde emocional da comunidade escolar. 1 Pós Graduanda em Comunicação não-violenta pelo Claretiano – Centro Universitário de Batatais. E-mail: luana@luanahelena.com 2 2 Doutora em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade de São Carlos (UFSCar). Docente do curso Pedagogia do Claretiano – Centro Universitário de Batatais. E-mail: renatafantacini@claretiano.edu.br
  • 3. Palavras-chave: Comunicação não-violenta. Bullying. Empatia 1. Introdução O vocábulo bullying habita as instituições escolares desde o início dos anos 2000. Segundo Meier e Rolim (2013, p. 22), o bullying pode ser definido como ‘’um conjunto de agressões intencionais e repetidas provocadas por um agressor de maior poder ou força, que causa na vítima dor física ou emocional’’. No Brasil, segundo dados do PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), quase 30% dos estudantes relatam ter sofrido bullying na escola e 13% sentem-se tristes na escola. Para combater efetivamente o bullying, é preciso entender mais do perfil dos seus atores: os alvos (vítimas) e os autores (agressores). Orweus (2013 apud Meier e Rolim, 2013, p. 40) traça um padrão mais inseguro, ansioso e demasiadamente cuidadoso para os alvos. Tal cuidado sugere uma anulação permanente de seus próprios sentimentos e vontades em detrimento das vontades do agressor. Meier e Rolim apontam também um perfil de agressor mais irritadiço, violento, e, principalmente, insensível às emoções dos colegas. Goleman (2012) chama de Analfabetismo emocional a incapacidade de reconhecer e lidar com os próprios sentimentos e os dos outros de forma consciente e pacífica. Logo, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, a empatia, fica comprometida. O autor tece uma crítica aos programas americanos que investem tempo em informação sobre como agir e poucos momentos de desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Segundo ele (p. 275), ‘’os melhores programas ensinam as crianças a defender o que querem, afirmar seus direitos em vez de ficar passivas, saber quais são suas fronteiras e defendê-las’’. Assim, esse método de enfrentamento da violência relaciona-se diretamente à comunicação não-violenta. Marshall Rosenberg define a Comunicação não-violenta como: CNV: uma forma de comunicação que nos a nos entregarmos de coração. [...] A CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas. [...] O objetivo é nos lembrar do que já sabemos – de como nós,
  • 4. humanos, deveríamos nos relacionar uns com os outros – e nos ajudar a viver de modo que se manifeste concretamente esse conhecimento. A CNV nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros. ‘’ (ROSENBERG, 2006, p. 21) Dentro do esquema de comunicação da CNV, a empatia é um ponto crucial, logo, utilizá-la para combater o bullying é fornecer ferramentas para a alfabetização emocional do agressor e empoderamento da vítima. Os crescentes números do bullying nas escolas brasileiras revelados pelo PISA e a dificuldade apresentada pela comunidade escolar em lidar com a situação de uma forma empática criam a demanda para o estudo aqui apresentado, pois a escola não é um lugar que oferece apenas aprendizado acadêmico, mas também emocional e social. Logo, é de suma importância que os educadores tenham ferramentas para lidar com os conflitos não de forma a reprimi-los ou puni-los, mas sim encontrando caminhos sustentáveis a longo prazo de aproximação entre os atores da dinâmica escolar. A abordagem que será aqui discutida visa à diminuição da violência e da solidão no ambiente escolar, refletindo positivamente no aprendizado acadêmico e atenuando as taxas de evasão escolar. Tendo em vista o cenário apresentado, o principal intuito deste estudo é apresentar possibilidades de uma mediação empática de situações de bullying por meio da comunicação não-violenta, além de traçar um panorama histórico e quantitativo do bullying no Brasil e um perfil das necessidades não atendidas de autores e alvos do bullying. 2. Metodologia A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa é a pesquisa bibliográfica (revisão de literatura), por meio de livros impressos, documentos oficiais do Ministério da Educação, revistas e artigos científicos disponíveis em sites confiáveis. [...] registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utilizam-se dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2007, p.122).
  • 5. Nesse sentido, esta pesquisa bibliográfica encontra-se fundamentada teoricamente a partir das contribuições de autores ou pesquisadores renomados nas áreas da Psicologia, Pedagogia, Filosofia e Sociologia, que abordam os temas Bullying e Comunicação não-violenta, tais como: Rosenberg (2006, 2019), Goleman (2012), Pedro-Silva. (2013), Meier e Rolim (2013) e Fante (2005). A pesquisa está dividida em 3 tópicos, sendo eles: 1) Bullying no Brasil: história e números. 2) Perfil de alvo e autor: necessidades negligenciadas. 3) A comunicação não-violenta como possibilidade de mediação empática nas situações de bullying. 3. Desenvolvimento 3.1 Bullying no Brasil: história e números A violência escolar é assunto recorrente nas discussões das comunidades escolares do mundo todo. Massacres como Columbine, nos Estados Unidos, e da escola Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, trazem à tona as discussões sobre a prevenção, detecção e formas de diminuir os comportamentos agressivos dentro dos espaços escolares. De acordo com a Lei brasileira nº 13.185/2015, bullying é: todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. (BRASIL. Lei 13185, 2015, art. 1º) Ou seja, toda ação sistemática de intimidação ocorrida dentro de um sistema com agressor em vantagem sobre a vítima. Dr Dan Olweus, professor de psicologia da Universidade de Bergen, na Noruega, é considerado o precursor dos estudos sobre o bullying no espaço escolar. Segundo Felizardo: Olweus desenvolveu seu programa de prevenção fundamentado em uma pesquisa que envolveu aproximadamente 2500 estudantes, com idade entre 10 e 15 anos, em 42 escolas de Bergen, na Noruega. Os efeitos do programa foram avaliados durante durantes dois anos e meio, com resultados satisfatórios – redução do bullying em 50%; redução acentuada de vandalismo, brigas, roubo e evasão escolar, com claras melhorias no clima social da sala de aula, na ordem na disciplina; relações sociais com atitudes mais positivas e aumento da satisfação dos estudantes nas escolas da Noruega. (FELIZARDO, 2017, p.25)
  • 6. Os altos índices de diminuição da violência após a utilização do programa proposto por Olweus chamou atenção de outros países, como Canadá e Portugal, e trouxe luz a reflexões e ações tomadas nesses territórios. O assunto bullying começou a ser pesquisado no Brasil no início dos 2000, sob a coordenação dos médicos pediatras Dr. Lauro Monteiro e Dr. Aramis Antonio Lopes Neto e a psicóloga e psicopedagoga Lucia Helena Saavedra, na Abrapia, a extinta Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência. A exemplo de Olweus, juntos os pesquisadores produziram um estudo intitulado Diga NÃO para o Bullying: Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes (2003) que é, até hoje, uma das principais referências brasileiras no assunto. O programa foi aplicado em onze escolas da cidade do Rio de Janeiro entre novembro de 2002 e março de 2003, com alunos de 6º a 9º ano do ensino fundamental II. O programa tinha como objetivos específicos: - Reduzir o Bullying nas escolas selecionadas. - Criar um programa modelar no combate ao Bullying. - Monitorar, avaliar e analisar a evolução do problema nas escolas. - Criar referências para os alunos que precisam de apoio e proteção (agressores e vítimas) e para que denunciem as violências sofridas ou testemunhadas. - Incentivar o protagonismo juvenil. - Fortalecer e organizar ações já existentes nas escolas. (LOPES NETO; FILHO; SAAVEDRA, 2003, p.9) Para atingir os objetivos propostos, o programa contava com sete passos (LOPES NETO; FILHO; SAAVEDRA, 2003): 1. Pesquisando a realidade; 2. Em busca de parcerias; 3. Formando um grupo de trabalho; 4. Ouvindo opiniões; 5. Definindo os compromissos; 6. Divulgando o tema e 7. Informando os pais. Atualmente, segundo informações presentes no site do Ministério da Educação (2018), há ações institucionalizadas para prevenção e diminuição da violência nas escolas. Em novembro de 2016, em parceria com o Ministério da Justiça, o MEC lançou um conjunto de ações denominado Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos, mas não há uma política oficial e consistente de enfrentamento da violência escolar, especialmente no que diz respeito à educação básica. A ausência de um plano organizado de ações gera dados como os do PISA 2018, segundo os quais quase 30% dos estudantes brasileiros relatam ter sofrido bullying na escola e 13% sentem-se tristes na escola. 3.2 Perfil de alvo e autor: necessidades negligenciadas
  • 7. Os atores sociais do bullying agem motivados pela vontade de atender suas necessidades de diversas naturezas, sobretudo as emocionais. Marshall Rosenberg, psicólogo e autor da teoria da Comunicação Não-violenta, acredita que “Por trás de mensagens intimidadoras, estão simplesmente pessoas pedindo para satisfazermos suas necessidades” (ROSENBERG, 2006, p. 144). Logo, o bullying surge como um pedido de ajuda ineficiente e violento. Com currículos cada vez mais conteudistas, baseados em provas nacionais e vestibulares, além da pressão das famílias para atender demandas pessoais, as escolas vivenciam as múltiplas formas de violência, sofrendo-as e praticando. Em contrapartida, sobra pouco tempo da vida familiar para exercitar o crescimento emocional e os pedidos de ajuda disfuncionais surgem como uma manifestação desse analfabetismo emocional, gerando um grande mal-estar. Segundo Goleman (2012, p. 251.), ‘’esse mal-estar emocional parece ser o preço que a modernidade cobra às crianças’’. Assim, é necessário entender o perfil emocional dos autores e dos alvos do bullying para traçar um plano de ação consistente e eficiente. Segundo Felizardo (2017, p. 54), o agressor de bullying geralmente espera que os colegas atendam à todas solicitações feitas por ele e sente prazer em humilhar, sendo recompensado – de forma material, social, psicológica – pelo produto de sua ação. Além disso, tem dificuldade para relacionar-se, sofre intimidações e maus tratos por parte de adultos, tornando-se um indivíduo inseguro e inadequado. Ou seja, o buller busca satisfazer sua necessidade de aceitação humilhando, subjugando, tentando provar que tem poder sobre os outros para, assim, se sentir no controle da situação e fortalecido, uma vez que seus adultos de referências mostram que satisfazem suas necessidades dessa forma. Cléo Fante, pedagoga e pesquisadora da Educação para paz, na obra Fenômeno bullying, aponta que: agressor: aquele que vitimiza os mais fracos. O agressor, de ambos os sexos, costuma ser um indivíduo que manifesta pouca empatia. Frequentemente, é membro de família desestruturada, em que há pouco ou nenhum relacionamento afetivo. Os pais ou responsáveis exercem supervisão deficitária e oferecem comportamentos agressivos ou violentos como modelos para solucionar os conflitos. O agressor normalmente se apresenta mais forte que seus companheiros de classe e que suas vítimas em particular; pode ter a mesma idade ou ser um pouco mais velho que suas vítimas, pode ser fisicamente superior nas brincadeiras, nos esportes e nas brigas, sobretudo no caso dos meninos. Ele sente uma necessidade imperiosa de dominar e subjugar os outros, de se impor mediante o poder e a ameaça e de conseguir aquilo a que se propôs. Pode vangloriar-se de sua superioridade real ou imaginária sobre outros alunos. [...] irrita-se facilmente e tem baixa resistência às frustrações. Custa a adaptar-se às normas; não aceita ser
  • 8. contrariado, não tolera os atrasos e pode tentar beneficiar-se de artimanhas na hora das avaliações. (FANTE, 2005, p. 73). Deste modo, em resumo, observa-se que o agressor não recebeu uma educação emocional baseada em empatia por parte de seus cuidadores e, por isso, não sabe oferecê-la aos outros. Do outro lado da história, há os alvos, ou as vítimas. De acordo com Felizardo (2017, p.56), ‘’as vítimas têm dificuldade de se defender, não oferecem resistência, tampouco buscam ajuda com um adulto ou colega de classe’’. Na maior parte dos casos, o alvo do bullying é tímido ou está acima do peso, sentindo-se fora do ‘’padrão’’ estabelecido como adequado pelo grupo em que está inserido. A baixa autoestima faz com que essas vítimas permaneçam caladas e o ciclo do bullying se perpetue. Fante (2005) classifica as vítimas em três tipos: típica, provocadora e agressora. A vítima típica é aquela que sofre a violência sem condições de reagir ou mudar o comportamento do agressor. Ainda de acordo com Fante, ’’a vítima típica sente dificuldades de impor-se ao grupo, tanto física como verbalmente, e tem uma conduta habitual não-agressiva, motivo pelo qual parece denunciar ao agressor que não irá revidar se atacada o que é ‘presa fácil’ para os seus abusos.’’ Já a vítima provocadora caracteriza-se por um comportamento hostil, desafiador, que desperta reações nos colegas com as quais ela não consegue lidar. É, na maior parte das vezes, a disparadora das situações de tensão no ambiente escolar. Por fim, a vítima agressora é aquela que repete a violência à qual foi submetida, em uma espécie de vingança que retroalimenta o ciclo do bullying. Os três tipos de vítimas revelam uma característica comum: a inabilidade para comunicar seu sofrimento e pedir ajuda. Como bem postula Felizardo (2017, p.57) ‘’o ponto principal contra o bullying está no poder de romper o silêncio’’. 3.3 A comunicação não-violenta como possibilidade de mediação empática nas situações de bullying. Em vista de todas as necessidades negligenciadas apresentadas, é necessário oferecer ferramentas aos envolvidos para que possam falar de seus sentimentos e fazer pedidos concretos, tanto agressores quanto alvos. O empoderamento por meio da palavra consciente e empática abre espaço para a escuta e acolhimento das próprias necessidades e do outro.
  • 9. Marshall Rosenberg coloca como primeiro pilar da Comunicação não-violenta a observação sem julgamento. Rosenberg chama atenção para os julgamentos moralizantes que as pessoas fazem umas das outras e como essa ação bloqueia a compaixão e empatia: Estou convicto de que todas essas análises de outros seres humanos são expressões trágicas de nossos próprios valores e necessidades. São trágicas porque quando expressamos nossos valores e necessidades de tal forma, reforçamos a postura defensiva e a resistência a eles nas próprias pessoas cujos comportamentos nos interessam. (ROSENBERG, 2006, p.39) Assim, os julgamentos que recaem sobre o agressor reforçam a sua ação por não encorajarem a reflexão, uma vez que quem é julgado já assume uma postura defensiva e resistente. A mesma coisa acontece com o alvo do bullying, que, já fragilizado emocionalmente, toma para si os julgamentos feitos sobre ele. O segundo pilar da Comunicação não-violenta é a expressão do sentimento. Expressar os sentimentos significa também expressar a vulnerabilidade, o que há de mais frágil e humano. Os agressores são ágeis em perceber a vulnerabilidades dos alvos e tocá-los nesse ponto, tornando essa expressão um grande desafio. Segundo Marshall (2019, p.49), os sentimentos são aquilo que está vivo nas pessoas e estão diretamente conectados com as necessidades: Sentimentos podem ser usados de uma forma destrutiva se insinuarmos que os comportamentos das outras pessoas são a causa de nossos sentimentos. A causa de nossos sentimentos são nossas necessidades e não o comportamento dos outros. (ROSENBERG, 2019, p. 49) Uma fala bastante presente nas situações de bullying é: eu agi assim porque ele me faz ficar nervoso. Tal fala reflete a falta de conhecimento das próprias necessidades, limites e possibilidades de atuação. Reconhecer as necessidades, as próprias e as do outro, favorece a empatia e a colaboração: [...] as pessoas se sentem estimuladas a desfrutar a alegria de contribuir quando enxergam as necessidades do outro – porque todos nos identificamos com necessidades. Todos os seres humanos têm as mesmas necessidades básicas. (ROSENBERG, 2019, p. 52) Desta maneira, é de suma importância promover diálogos mediados entre os envolvidos, para que se escutem e conheçam as necessidades uns dos outros. É um caminho que exige transformação na visão que escolas e famílias têm do problema, pois a punição não permite que o aluno faça uma reflexão profunda e, motivado por razões interiores, realize a mudança permanente de comportamento.
  • 10. Marshall (2019, p. 51) diz que ‘’o problema das pessoas que estão conectadas com as suas necessidades é que elas não são boas escravas’’. Estabelecendo uma ligação da fala com a situação do bullying, quando os envolvidos na situação estiverem conectados às suas necessidades, o comportamento não será de escravo, mas de senhor de suas atitudes, com possibilidades de escolhas mais empáticas. Ao falar sobre analfabetismo emocional e os programas de combate à violência no ambiente escolar, Goleman (2012, p. 275) indica que ‘’os melhores programas ensinam as crianças a defender o que querem, afirmar seus direitos em vez de ficarem passivas, saber quais são suas fronteiras e defendê-las’’. Tal afirmação vai ao encontro do quarto passo da Comunicação não-violenta, que é a expressão de um pedido. Fazer um pedido pode soar humilhante para o agressor e para o alvo. Para o primeiro, diante do seu ímpeto de exigências e ordens, pedir lhe parece sinônimo de fraqueza. Para o segundo, o pedido aparece como um reforço de sua impotência e pequenez diante do mais forte. Contudo, para Marshall, pedir é comunicar ao outro quais ações farão a nossa vida melhor. A grande questão é: Como fazer pedidos da maneira mais assertiva e que preservem a vulnerabilidade do emissor? Pergunta número um: o que desejamos que nosso interlocutor faça? Observe que não estamos dizendo o que queremos que ele faça. Se fizermos somente essa pergunta a punição ainda pode parecer eficaz. Provavelmente podemos nos lembrar de ocasiões em que usamos a punição e conseguimos fazer com que as pessoas fizessem o que lhe pedimos. Contudo, se acrescentarmos uma segunda pergunta, a punição nunca funciona. E qual seria a segunda pergunta? Com que motivação queremos que a pessoa faça o que lhe pedimos? Como mencionei, o propósito da CNV é criar conexões que levem as pessoas a agir motivadas pela compaixão - não por receio de serem punidas, ou pela promessa de serem recompensadas, mas pelo prazer natural que sentimos quando contribuímos para o nosso bem-estar e o dos outros. (ROSENBERG, 2019, p. 58) Elaborar um pedido concreto é o ponto alto da relação empática que pode ser construída na mediação do conflito, pois os envolvidos estarão conectados ao máximo, abertos para escutarem o que pode enriquecer a vida do outro e, assim, transformar o comportamento agressivo de forma definitiva. 4. Considerações finais
  • 11. A necessidade de estudar a violência produzida na escola, especialmente o bullying, é constante e, nos tempos atuais, é urgente. A educação que confere ao sujeito ferramentas emancipatórias também precisa agir como desenvolvedora de instrumentos internos que ajudem a lidar com a pressão social produzida pela própria estrutura escolar e com aquelas que o ser humano sempre enfrentou. Saber lidar com as próprias emoções, agindo de acordo com princípios que protegem física e moralmente o outro e a si mesmo, é também se emancipar das amarras sociais e conquistar uma parcela de liberdade no campo do agir. A abordagem empática do conflito por meio da CNV, apesar de poder seguir os passos descritos por Marshall Rosemberg (2006), necessita do desenvolvimento de um programa adaptado à realidade das escolas brasileiras, sobretudo às públicas, para que possa se tornar possível e acessível ao maior número de alunos. É necessário desenvolver também programas de formação para mediadores, bem como políticas públicas de saúde mental para alunos e professores. Logo, a abordagem empática do bullying por meio da Comunicação não- violenta corrobora com o ideal de educação emancipatória e academicamente eficiente, pois alunos que desenvolvem ferramentas de comunicação para lidar com as rejeições e intempéries da vida em sociedade cultivam mais resiliência e consistência, diminuindo os índices de evasão e fracasso escolar. Referências
  • 12. BRASIL. Assessoria de Comunicação Social. Ministério da Educação. MEC apoia enfrentamento ao bullying e violência nas escolas. 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/62581-mec-apoia- enfrentamento-ao-bullying-e-violencia-nas-escolas. Acesso em: 14 jun. 2020. BRASIL. Presidência da República. Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Brasília: Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2015. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13185.htm> Acesso em: 14 de jun. de 2020. FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. rev. e ampl. Campinas, SP: Verus, 2005. FELIZARDO, A.R. Bullying escolar: prevenção, intervenção e resolução com princípios da justiça restaurativa. Curitiba: Editora Intersaberes, 2017. GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 2ª edição. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. LOPES NETO, Aramis A.; FILHO, Lauro Monteiro; SAAVEDRA, Lucia Helena. Diga não para o Bullying: programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes. Rio de Janeiro, 2003. MEIER, M., ROLIM, J. Bullying sem blá blá blá. Curitiba: Editora Intersaberes, 2013. OLIVEIRA, E. Bullying, indisciplina e solidão: o clima nas escolas brasileiras revelado pelo Pisa 2018. G1, 04/12/2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/12/04/bullying-indisciplina-e-solidao-o- clima-nas-escolas-brasileiras-reveladas-pelo-pisa-2018.ghtml>. Acesso em: 30 mar. 2020. PEDRO-SILVA, N. Indisciplina e bullying: soluções ao alcance de pais e professores. Petrópolis: Vozes, 2013. ROSENBERG, M. A linguagem da paz em um mundo de conflitos. São Paulo: Palas Athena, 2019. ROSENBERG, M. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007