O documento descreve o contexto histórico e literário do período Barroco no Brasil-Colônia. A sociedade brasileira era semelhante à sociedade portuguesa do século XVI, atrasada e que não favorecia o desenvolvimento cultural. Um marco foi a obra Prosopopéia de Bento Teixeira em 1601. A poesia de Gregório de Matos criticava os vícios da Bahia por meio de poemas satíricos, líricos e religiosos que exploravam oposições como espírito e mat
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2. Precedentes
Em meados do século XVII, inúmeras crises
convulsionaram o Ocidente, entre elas, a crise
religiosa, com a Reforma de Lutero e Calvino, e o
rompimento de Henrique VIII com o Papa,
declarando-se chefe da Igreja Anglicana.
Os católicos reagem, convocam o Concílio de Trento
e restauram os tribunais da Inquisição. Inicia-se a
Contra-Reforma, que tenta restabelecer o prestígio da
Igreja e a disciplina religiosa.
A harmonia e o equilíbrio renascentista esfacelam-se,
fruto da ideologia da Contra-Reforma. Surge um
movimento que reflete os conflitos e o sentimento
dilemático da época: o Barroco.
3. Barroco
Expressão da dualidade cultural gerada pela Contra-Reforma:
humanismo renascentista (cultura pagã greco-romana) e a
religiosidade tridentina (cultura medieval) =
antropocentrismo X teocentrismo
A procura de conciliação ou de equilíbrio entre ambas
equivale à procura de uma síntese que, em resumo, é o próprio
estilo Barroco
=
Matéria X espírito
Bem X mal
Deus X Diabo
Céu X Terra
Pureza X Pecado
Alegria X Tristeza
Vida X Morte
Juventude X Velhice
Claridade X Escuridão
=
Antíteses e Paradoxos
4. A consciência da transitoriedade da vida e da
degeneração física e moral traduzem uma
visão pessimista e um sentido trágico da
existência.
5. Diante da dúvida e da incerteza, a literatura
barroca não pretende proporcionar um retrato
claro e direto da realidade e, sim, referir-se a
ela de tal modo indireto e contorcido que mais
se realce a maneira de representar do que
propriamente o representado.
=
metáfora
Perífrase (frase ou recurso verbal que exprime
aquilo que poderia ser expresso por menor
número de palavras)
13. Barroco =
Analogias sensoriais
Contrastes
Jogos de palavras
Trocadilhos
Enigmas
Efeito retórico-psicológico
Exploração do bizarro (feísmo)
Angústia
Sonho, labirinto, jogo de espelhos = triunfo da ilusão
Figuras: sonoras (aliteração, assonância, eco,
onomatopeia...), sintáticas (elipse, hipérbato, e
semânticas (metáfora, metonímia, antítese...)
14. Cultismo e Conceptismo : Tendências
Cultismo (Gongorismo): jogos com as imagens e
sons das palavras,linguagem rebuscada, culta,
extravagante; valorização do pormenor
Conceptismo (Quevedismo): mais intelectual,
voltada para jogos de ideias e de conceitos sutis e
uso de trocadilhos,raciocínio lógico, racionalista
e retórica aprimorada
15. Brasil: contexto histórico
Brasil-Colônia: portugueses exerciam exploração
predatória (não havia amor a terra)
os jesuítas cuidavam da educação e dominavam a
mentalidade
imprensa: proibida
poder = grandes latifúndios
cultivo de cana-de-açúcar
portugueses: monopólio do comércio (nada podia
ser fabricado aqui)
jesuítas: monopólio da cultura
17. Contexto Histórico e Literário
O que se fez durante a época em que o Barroco
predominou como estilo teve caráter quase
eventual: um conjunto de textos decorrentes do
fato de brasileiros e portugueses, sensíveis
para a literatura, terem iniciado ou continuado
a obra literária resultante da formação cultural
que traziam da metrópole.
18. Durante os 150 anos que o Barroco marcou
nossa literatura, a sociedade brasileira era
semelhante àquela sociedade atrasada do
século XVI, que não favorecia a arte literária:
o regime colonial dificultava nosso
desenvolvimento cultural
19. Eu sou aquele
que os passados anos
cantei na minha lira
maldizentes torpezas do Brasil,
vícios, e enganos.
Gregório de Matos
20. Poesia de Gregório de Matos, o
Boca do Inferno
Poesia satírica
Poesia Lírica
Poesia Religiosa
21. Poesia Satírica
Conforme explica José Wisnik, o poema
satírico de Gregório de Matos é marcado por
essa “briga” entre uma sociedade “normal” –
que é a do homem bem nascido” – e outra
“absurda” – que é composta por pessoas
oportunistas, mas que estão instaurados no
poder.
22. Porém, no caso de Gregório de Matos a
“sociedade absurda” é real, pois é a Bahia
onde ele vive; e a sociedade considerada
“normal”, que é a dos homens bem nascidos e
cultos, é absurda perante a realidade baiana.
23. Assim, ambas são consideradas absurdas uma
perante a outra. Esse impasse é o da realidade
histórica desse momento, coexistindo em um
mesmo locas duas Bahia: uma “normal”, que é
vista com ar nostálgico, e outra “absurda” e
amaldiçoada.
24. Poesia Lírica e Religiosa
Se de um lado existe a obra satírica de
Gregório de Matos, onde ele expõe e critica
sem nenhum pudor a sociedade da época, de
outro lado há também a poesia lírica produzida
por ele.
25. Seus poemas líricos são comumente divididos
em: lírico-amorosos e burlescos/eróticos. Há
também uma vasta produção de poemas com
temática religiosa. Nestes, destaca-se o uso de
conceptismo como uma forma de crítica à
igreja católica.
26. Na poesia lírica de Gregório de Matos, o tema
básico é o choque de opostos: “espírito” e
“matéria”, “ascetismo” e “sensualismo”. Essa
visão dualista também aparece na figura da
mulher desejada, sendo que esta representa
uma espécie de “anjo-demônio”.
27. É interessante notar que na obra de Gregório
de Matos o “outro lado” em um par de opostos
sempre irá conter um pedaço do seu par
antagônico. Ou seja, se tomarmos por exemplo
a figura da mulher, quando ela aparece como
um ser angelical, ela também terá uma parte
demoníaca, e vice-versa.