O documento discute os benefícios da caminhada diária para a saúde física e mental. Caminhar por 30 minutos promove uma melhoria do humor, qualidade do sono, controle do peso e reduz riscos de doenças cardíacas e câncer. Além disso, caminhar ajuda a prevenir doenças neurológicas como Alzheimer. O documento enfatiza que caminhar diariamente traz felicidade e bem-estar.
4. E se houvesse algo muito simples que pu-
desse fazer todos os dias, sem custos associa-
dos, que contribuísse para a sua saúde física
e psicológica, faria? Quer saber do que se tra-
ta? Algo tão simples como caminhadas diárias,
com ou sem guarda-chuva, onde lhe der jei-
to. Eu faço e sem dúvida que sinto ganhos no
meu dia-a-dia.
Em caminhadas de 30 minutos, num ritmo
moderado, consegue múltiplos benefícios,
tais como:
1. Diminui os riscos de doença cardiovas-
cular, bem como de diabetes e de doen-
ça metabólica;
2. Ajuda a manter os níveis de gordura
corporal dentro de parâmetros sau-
dáveis, diminuindo assim os riscos
de doenças como cancro da mama;
3. Contribui para uma noite de sono
de que maior qualidade, pois ao an-
dar aumenta os níveis de serotonina,
a hormona do bem-estar, o que ajuda
a relaxar o corpo e consequentemente
a dormir melhor;
Joana Canêlhas da Fonseca
Psicóloga Clínica
01
4. Caminhar com regularidade promove
a libertação de endorfinas que são res-
ponsáveis por regular o seu humor, as-
sim a probabilidade de ver o mundo com
lentes mais coloridas depois de uma ca-
minhada é maior;
5. Favorece a manutenção do peso corpo-
ral segundo diversa investigação, uma
vez que promove um metabolismo ba-
sal mais elevado e consequentemente
a queima superior de calorias;
6. Zela pela saúde dos seus neurónios,
prevenindo doenças degenerativas
como o Alzheimer;
Ainda precisa de mais argumentos para
começar hoje a reservar uns minutos do seu
dia, entre a sua rotina diária, para caminhar
um pouco? Caminhe pela sua saúde e pela sua
felicidade!
6. 02
Como profissional de saúde tenho procu-
rado privilegiar o meu auto-cuidado, por ter
a consciência de que integro uma classe pro-
fissional em que os níveis de burnout são
elevados e por saber que o meu nível de bem
-estar enquanto psicóloga clínica afeta a qua-
lidade da aliança terapêutica que construo
com os meus pacientes bem como a própria
eficácia terapêutica.
Cada pessoa deve desenvolver as suas
estratégias de auto-cuidado. Para mim exis-
tem seis aspetos que sinto como cruciais para
o meu bem-estar e felicidade.
• Foco no momento presente – Pro-
curo manter-me atenta a mim no aqui-e-no
-agora tentando identificar pensamentos,
emoções e sensações físicas e dar-lhes uma
resposta satisfatória, nivelando assim neces-
sidades físicas e psicológicas.
• Rede de suporte – Cuido das minhas
relações por considerar as minhas pessoas
como um elemento crítico no meu bem-es-
tar, pelo que procuro assegurar momentos
de qualidade com os que me são queridos.
Filipa Jardim da Silva
Psicóloga Clínica
• Cuidar do corpo – Não só a mente
precisa de ser cuidada, pelo que faço por asse-
gurar um sono revigorante, uma alimentação
diversificada e saudável e um estilo de vida
ativo.
• Gratidão – Procuro parar e apreciar
o que tenho. Não dou nada por garantido pelo
que desenvolvo uma postura de gratidão
e humildade face à vida.
• Aprendizagem contínua – Regular-
mente privilegio fazer algo de diferente ou
novo, algo que me dê oportunidade de de-
senvolver e desafiar-me de alguma forma,
mantendo assim a sensação de aprendizagem
contínua.
• Sorriso genuíno – Sorrir para nós,
para os outros e para a vida, quando sorrimos
de forma genuína a vida e os outros podem
devolver-nos a abertura.
Porque sei que o bem-estar dos meus pa-
cientes também depende do meu, espero que
a minha partilha possa inspirar algumas pes-
soas.
7. (...) quando sorrimos de forma
genuína a vida e os outros
podem devolver-nos a abertura.
8. Mas como?
Pergunto-lhe onde está a sua maior con-
centração, o seu foco? Naquilo que perdeu ou
no que ganhou e/ou vai ganhando?
Pois é, se o seu foco está voltado quase
em exclusivo para a perda, mente e corpo são
inundados pela pela negatividade e o mundo
parece desabar. Ao se concentrar nos ganhos
em terminar uma relação que já não funciona
é inundado pela esperança pois mesmo com
dor sabe que um novo tipo de pessoa pode
nascer em si mesmo, o seu potencial é ilimita-
As situações difíceis, como o desemprego, o divórcio, são agentes ativadores de
tristeza, de dor e de sofrimento para a maioria de nós. Contudo, é possível diferenciar
alegria de felicidade. Podemos estar a passar por uma situação de separação amorosa,
por exemplo, sentirmos tristeza mas não nos enterrarmos no sofrimento e na resistên-
cia do que já não existe. Vamos caminhando acompanhados pela nossa tristeza, por-
que esta merece ser honrada, mas também podemos experienciar alguns momentos
de felicidade.
Maria Bartolomeu
Terapeuta Corporal | Gestora de Formação
do e os seus recursos (rede afetiva, atividades
de lazer, etc..) podem permitir-lhe experien-
ciar, ainda assim, momentos felizes.
Partilho consigo alguns aspetos, de como
ser feliz em situações difíceis, como terapeuta
e como um ser humano que vivenciou situa-
ções de ruptura:
• O nosso bem estar resulta do rela-
cionamento que temos connosco próprios.
Se nos condicionamos negativamente, o nos-
so cérebro liga mente e corpo à infelicidade.
• Manter-nos construtivos, ou seja,
Como ser uma pessoa feliz mesmo em situações difíceis?
03
9. aceitando que os erros são oportunidades em
nos tornarmos pessoas melhores. O erro faz
parte da condição humana.
• Conversar carinhosamente connos-
co tal como conversariamos com uma criança.
• Fazer o “diário de bordo” como for-
ma de estruturar a nossa conversação inter-
na, anotando as nossas emoções associadas
às situações: identificar onde sentimos que
falhamos, onde erramos e ficamos aquém do
esperado, em seguida realçar como podemos
corrigir o erro ao tomar decisões diferentes,
de forma a podermos enfrentar uma situação
semelhante com resultados mais proveitosos.
• Dar valor às nossas conquistas no
momento presente, valorizando as qualidades
positivas e aceitando as negativas (pois sa-
bemos que não são benéficas mas por algum
motivo ainda precisamos delas).
• Procurar não evocar o passado, nem
pensar que tudo poderia ser de outra maneira.
• Alimentar o nosso continente afeti-
vo, introduzindo a novidade através da par-
ticipação num curso, atividade de lazer, ajuda
voluntária.
• Respirar conscientemente oxigena
as nossas ideias e tende a minimizar com-
portamentos reativos, intempestuosos. Con-
sequentemente deixaremos de sentir culpa
e arrependimento.
• Manter tanto a nossa rotina diária
como a esperança.
Tudo acontece por uma razão, deixe fluir,
não se agarre demasiado a sentimentos ne-
gativos como mágoas e rancores. E quando
surgir a indecisão escolha-se a si mesmo. Só
tem uma vida!
10. 04
Olá, eu sou a Rita, Psicóloga Clínica, feliz por
integrar a equipa da Oficina de Psicologia há
cerca de 2 anos e ½.
Uma das questões para que tenho aumen-
tado a minha sensibilidade, não apenas, mas
sobretudo desde que integro esta empresa,
tem sido para o cultivo do bem-estar, naquilo
a que podemos chamar de autocuidado, di-
mensão fundamental nos profissionais de
saúde, e com especial ênfase nos psicólogos
clínicos e psicoterapeutas.
As minhas estratégias não serão muito
diferentes das dos meus colegas. A primeira
passa pelo que chamaria de “cultivo diário do
silêncio” – todos os dias, após as consultas,
reservo alguns minutos para estar exclusi-
vamente comigo, pensar no dia que passou,
quais os momentos positivos e negativos, es-
tar em contacto com os potenciais pontos de
convergência entre aquelas que são as feridas
e dores dos meus pacientes e as minhas, como
lidar com isso, o que correu bem, o que correu
menos bem e como melhorar. Também a pro-
cura de um estilo de vida o mais saudável pos-
Rita Fonseca de Castro
Psicóloga Clínica
sível, ao nível da atividade física, alimentação
e sono; as idas frequentes até ao mar – sem
o qual me seria difícil viver; a leitura – mais téc-
nica ou de lazer; o cinema e acompanhar as sé-
ries de que mais gosto; a música; a companhia
tão frequente quanto possível das “minhas
pessoas” de eleição.
Sem dúvida que trabalhar numa equipa
feliz, com pessoas felizes e que gostam, tal
como eu, daquilo que fazem, é um ponto fun-
damental para me sentir bem todos os dias
quando acordo para ir trabalhar.
11.
12. 05
Feliz na gestão de papéis
Olá, o meu nome é Rita Mariño Lourenço
e sou psicóloga clínica na Oficina de Psicologia.
É enquanto mulher feliz que vos falo…
Tudo o que me permito ser e sentir enquan-
tomulher…Amulherquecomeçouporserfilha
e neta, que é irmã, que é esposa e que é mãe,
que é amiga, que é colega, que é psicóloga. E é
na gestão que faço desses papéis que queria
partilhar convosco algumas premissas que fui
tornando minhas e me que me permitem gerir
isto tudo, com optimismo. Espero que vos se-
jam úteis.
Rita Mariño Lourenço
Psicóloga Clínica
Primeira Premissa:
Ser feliz não é estar sempre feliz. As emo-
ções são para ser vividas no momento que
surgem, e se o forem, causam muito menos
problemas. Se há algo que me deixa triste,
permito-me estar triste, se me irrita, se me
magoa, se me zanga, se me enoja…que assim
seja. E se for bom, ora que assim seja também.
Se conseguirmos isto, já seremos bem mais
felizes!
E vocês como gerem tudo para
serem felizes? Sejam felizes.
13. Quarta Premissa:
Saber o que fazer quando as coisas come-
Terceira premissa:
Há tempo para tudo! Giram o tempo e a re-
lação que têm com ele. Gerir bem o tempo, é
não ser refém dele – é aproveitar todos os mo-
mentos para fazer o que se gosta e estar com
quem se gosta. Dedico tempo a cada campo
a cada pessoa sem nunca me esquecer de
mim. Muitas vezes dou a seguinte metáfora
em sessão, quando tenho pacientes que es-
tão tão focados nos outros que se esquecem
de cuidar de si. Quando estamos num avião
e caem as máscaras de oxigénio a quem deve-
mos colocar a primeira máscara, a nós ou aos
nossos filhos? A resposta é sempre primeiro
a nós, porque se não estivermos bem, não po-
demos cuidar deles… Por isso, cuidem dos ou-
tros, mas sempre de vós.
Segunda premissa:
Partilhar emoções. O meu lema é dar e re-
ceber – é nessa partilha que me revigoro, seja
em família, seja com amigos, seja como psicó-
loga. Sou sem dúvida uma mulher de relações.
Quando nos relacionamos e damos o melhor
de nós e retiramos do outro o melhor dele po-
demos sem dúvida dizer que somos felizes.
çam a falhar. Quando começamos a sentir que
não estamos a conseguir gerir todos estes
papéis? Quando começamos a desejar que
odiapasseater48horasoumais?Começamos
a estar reféns do tempo. Paremos então. Dei-
xo-vos um exercício que me ajuda a reencon-
trar o caminho. Arranjem um lugar que gos-
tem, nem que seja na vossa mente, respirem,
entrem em contacto convosco e analisem sem
julgamento o que está a acontecer. Percebam
o que está a descarrilar, percebam onde estão
a focar-se demasiado e porquê. Gentilmente
oiçam o que o vosso corpo tem para vos di-
zer, quais as emoções que estão a surgir e os
pensamentos que aparecem. E aí, respirando,
pensem como gostavam que fosse. Vejam se
pode ser assim, o que depende de vós, e de-
cidam por onde ir. Se houver coisas que não
podem ser alteradas naquele momento, per-
mitam-se aceitá-las. Depois, percebam se
podem fazer algo no futuro que vos permita
alcançar o que querem, e, gentilmente, aos
poucos, no dia-a-dia, comecem a caminhar
para lá. Terminem o exercício focando-se nas
coisas pelas quais estão gratos.
Este é um exercício que podem fazer
a miúde de forma a conectarem-se convosco
e permitirem de forma consciente e mais feliz
traçar o vosso caminho.
14. 06
Olá
O meu nome é Cristina Ferreira e sou psi-
cóloga da Oficina de Psicologia.
O que me faz Feliz?
O que me faz feliz são os 5 dedos da minha
mão. Estranho? Pois são os 5 pilares funda-
mentais para a minha Felicidade.
No dedo mindinho os meus amigos com-
panheiros de aventuras e gargalhadas e com
quem carrego energias.
No Seu vizinho o local por onde ando no
meu dia a dia. A Oficina de Psicologia. Um lo-
cal onde caminho lado a lado com uma equipa
empenhada e entusiasta, onde sinto que con-
tribuo para um bem maior e onde sei que cada
um conta e faz a diferença. Um local onde sin-
to que pertenço.
No Pai de todos, tenho a minha família
com que está sempre lá para mim, com quem
partilho momentos alegres, serenos, agita-
dos, férias, festas, tanta coisa.
O Fura bolos é estão os meus filhos, onde
furamos geraçãos e nos encontrarmos em
coisas grandes como a partilha de um sucesso
Cristina Ferreira
Psicóloga Clínica
ou na relação de que nos orgulhamos ou nas
coisas mais simples como a saborear um ge-
lado. Os meus filhos com quem tenho muitas
histórias, muitas cumplicidades, muitos sorri-
sos e gargalhadas.
O Mata piolhos é onde mato a minha
curiosidade, a minha sede de conhecimento
de aprendizagem, a minha vontade de ler um
livro na praia, de caminhar à beira mar ou de
fotografar o que me faz Feliz!
E a si? O que o faz FELIZ?
15.
16. 07
A felicidade é um dos maiores anseios da
humanidade e procurar modos de ser feliz tem
sido sua grande obstinação. Mas afinal: O que
é ser feliz?
Segundo o dicionário Michaelis, felicidade
se refere ao “Estado de quem é feliz. Ventura.
Bem-estar, contentamento. Bom resultado,
bom êxito”. Serve como definição semântica,
porém continua vago. Se recorremos à histó-
ria da humanidade, veremos que “ser feliz” já
teve também muitos significados: os gregos
achavam que a felicidade estava atrelada
à virtude, já os orientais a associavam à paz in-
terior; os medievais a cultivavam no exercício
da fé, os iluministas a relacionavam ao poder
da razão, enquanto que psicólogos modernos
a situam nas emoções positivas e os cientis-
tas atuais a inserem na evolução da espécie.
Independentemente da definição, sabe-
mos que a felicidade é uma emoção, no meio
de tantas outras que sentimos. E as emoções
determinam nossa qualidade de vida. Elas
acontecem em todos os relacionamentos que
nos interessam: na escola, no trabalho, em
Júnea Chiari
Médica Psiquiatra
17. nossas amizades, nas interações familiares
e em relacionamentos íntimos. Podem nos
fazer agir de um modo que achamos realista
e apropriado, mas também nos levar a agir de
maneira extrema, causando arrependimento
mais tarde.
Para que as relações humanas sejam cons-
trutivas é fundamental a educação e gestão
das emoções. Uma pessoa emocionalmente
inteligente é aquela que aprende a expressar
sentimentos e compreende como esses senti-
mentos têm o poder de influenciar os outros,
além de ter a capacidade de atribuir a si pró-
prio a responsabilidade pelas consequências
das suas atitudes emocionais.
Tudo bem, entendido até aqui! Mas como
a ciência explica a felicidade? Para isto, pre-
cisamos falar um pouco sobre a “emoção”. As
emoções são os estados mentais que mais
conhecemos e que temos claras lembranças,
mas que não sabemos de onde vêm. Assim
como todas as funções do corpo humano, as
emoções também acontecem no sistema ner-
voso central, através de estímulos elétricos
18. e reações neuroquímicas que ocorrem nos
mais de 10 bilhões de neurônios que temos.
Existem locais muito importantes em nosso
cérebro que estão ativados durante o proces-
so emocional. Destacam-se a região da amíg-
dala cerebral, o hipocampo, o hipotálamo e as
regiões corticais frontais.
As neurociências constataram que o pra-
zer é originado de uma forma e o desprazer de
outra. Existem no cérebro dois sistemas: um
para alegria, prazer e felicidade e outro para
dor, tristeza, raiva e medo que funcionam iso-
lada ou concomitantemente. Por isso a pessoa
pode sentir ao mesmo tempo raiva e alegria,
como por exemplo quando um apaixonado
insulta sua parceira num momento de ciúme,
apesar de amá-la. Os mediadores químicos
que atuam na felicidade e no sofrimento tam-
bém são diferentes: no desejo e na satisfação
sexual os mais importantes são dopamina,
ocitocina e endorfinas, enquanto no medo
e estresse são importantes acetilcolina, adre-
nalina e cortisol; na depressão diminui a sero-
tonina.
Pesquisas com imagens cerebrais verifica-
ram que na alegria só o hemisfério esquerdo
é ativado e na raiva, tristeza e medo ambos
os hemisférios são ativados com predomínio
da ativação do lado direito. Não há um centro
cerebral para o prazer e outro para o sofri-
mento. Embora diferentes, os circuitos neu-
rais das emoções positivas e negativas são
interligados e integrados entre si, interagindo
reciprocamente, permitindo que um estado
de ânimo negativo seja substituído por outro
positivo e vice-versa. Uma pessoa pode subs-
tituir a tristeza pela alegria se utilizar técnicas
adequadas, pois existem bases anatômicas
e fisiológicas para a substituição. Portanto há
base científica para se buscar a felicidade pela
substituição de sentimentos desagradáveis
por outros agradáveis. Quando a pessoa man-
da o estímulo “alegria” para o lobo frontal es-
querdo, os neurônios que fazem conexão com
o frontal direito o conduzem para o hemisfé-
rio direito, onde ele entra em competição com
a tristeza existente. Pode até neutralizá-la
a depender da intensidade e da repetição do
estímulo “alegria”. Você pode ser mais feliz
se aprender a utilizar vivências agradáveis
para modificar a tristeza e o sofrimento. Por
exemplo, pode ouvir músicas alegres quando
estiver triste, pensar em coisas agradáveis ou
recordar momentos de felicidade.
A região frontal esquerda favorece senti-
mentos agradáveis e está ligada à amígdala
que é responsável pelo desencadeamento da
raiva e do medo. Acredita-se que os neurônios
19. o lobo frontal esquerdo envia impulsos que
inibem a atividade da amígdala e as emoções
negativas. Pesquisas mostram que pessoas
com o hemisfério cerebral direito mais ativo
são mais pessimistas e desconfiadas e as que
têm maior atividade do hemisfério esquer-
do são mais otimistas, têm mais bom humor
e são autoconfiantes. Um pesquisador acom-
panhou através de exames cerebrais bebês
até os dez anos e constatou que muitos com
predominância da atividade frontal esquer-
da no início a transferiram para o lobo fron-
tal direito e vice-versa. Seus temperamentos
foram modificados ao longo da vida por suas
experiências emocionais, graças a estímulos
vindos do meio social.
As neurociências no seu estágio atual dei-
xam claro que da mesma forma que o cérebro
pode ser reprogramado na criança, pode ser
no adulto, na medida que sejam utilizadas téc-
nicas apropriadas e durante o tempo necessá-
rio. Uma das formas de você ter mais momen-
tos felizes e menos sofrimento é aprender
a controlar suas emoções negativas e substi-
tuí-las pelas positivas.
20. 08
Isto de ser feliz é uma coisa que requer cui-
dados. Dá um bocadito de trabalho… O que
não tem nada de lógico, se formos a acredi-
tar que nascemos para andar de bem com
o mundo e connosco, mas a realidade da nossa
fisiologia é outra. Aquilo para que o ser huma-
no tem mesmo jeito é para medos, ansiedades
e angústias diversas – a não ser que, diaria-
mente, vá criando hábitos mentais e de com-
portamento, que contrariem esta tendência.
E são simples – assim, tão simples como os
hábitos de higiene; ninguém pensa que tem
de arranjar tempo para tomar duche ou lavar
os dentes, ou se põe a pensar que talvez não
valha a pena, porque já são coisas que perten-
cem às nossas rotinas automáticas.
Por mim, se a felicidade se medisse em
decibéis, as minhas gargalhadas habituais de
certeza que me conquistariam um prémio de
pessoa feliz. Mas apenas porque tenho toma-
do atenção para que isso se mantenha ao lon-
go da vida. E que dicas lhe posso dar, de coisas
acessíveis a todos, que eu faça no dia-a-dia?
Madalena Lobo
Psicóloga Clínica
Em primeiro lugar, a perspectiva. As di-
mensões das coisas são função daquilo que
lhes colocamos ao lado. A sua casa é grande
ou pequena? Depende… Provavelmente gran-
de em relação a uma cabana de pescador e pe-
quena em relação a um palácio real. Por isso,
quando alguma coisa me começa a incomodar
mais do que penso ser a sua conta, tiro sem-
pre uns momentos para trazer à consciência
várias outras coisas de que conheço a real
dimensão para mim, e uso-as como escala.
Funciona às mil maravilhas! É inacreditável
a quantidade de irrelevâncias com que nos an-
damos a desgastar no dia-a-dia.
A perspectiva também do tempo – à luz dos
anos, dentro de 5, 10, 20 anos, isto que agora
me ocupa e desestabiliza vai ter importância
suficiente sequer para fazer parte das minhas
memórias?
E a perspectiva dos valores pessoais, que
nos dá o grande plano, a “grande imagem” –
mas para que é que estou a deixar-me ficar
21. tão aborrecida por ter perdido aquele objecto
se, pessoalmente, não ligo nenhuma a temas
materiais? A sério? Se for para me aborrecer,
que seja por qualquer coisa de fundamental
para mim.
Depois, cultivo o sentido de humor – gosto
de me rir e gosto que se riam à minha volta.
Por isso, vou procurando aquele rebrilho que
as mais variadas situações escondem na sua
face oculta. E vou preferindo ocupar tempo
com literatura, cinema, actividades e pessoas
que tenham humor natural e a capacidade
para me manterem o riso à superfície. E esfor-
ço-me para ter um sorriso pronto para todos,
mesmo os desconhecidos com quem me vou
cruzando.
E aprendo. Pergunto a cada segundo
o que tem para me ensinar. Quero lá saber se
sabe bem ou mal. Quero lá saber se tem uti-
lidade prática. Ponho pontos de interrogação
em tudo o que vejo e escuto. Persigo ideias
novas em todas as áreas do conhecimento
(bem, dispenso os temas de contabilidade…).
Estudo, leio, faço perguntas. O cérebro fica
logo cheio de sorrisos e espanto e, enquanto
isso, vai-se esquecendo de me ferroar com as
arrelias quotidianas.
22. ces e gargalhadas. Com quem aprendo. Que me
dão um lugar nesse mundo imenso. Que estão
na origem da energia que me permite estar lá
para quem precisa e contagia-las de esperan-
ça. Pessoas – tantas - a quem estou grata por
existirem na minha vida.
E no seu caso? O que faz concretamente
para se sentir feliz? E qual o seu compromisso
em começar a praticar mais hábitos que man-
tenham e aumentem os seus níveis de felici-
dade?
E trato da paixão. Na medida do possível,
tento investir o meu tempo nas actividades
e pessoas que me entusiasmem de facto,
que me interessem, em que acredite, que me
mobilizem em torno de uma ideia de um bem
maior, a um ponto em que o esforço diário
para levar a bom porto os meus dias longos
seja reduzido ao mínimo porque a curiosidade,
vontade e paixão me fazem mexer, sem que
eu sinta o dispêndio de energia.
E a minha última dica: não deixe passar um
diasemquesintaagratidão.Dequê?Detudo.
Eu vejo uma nova app que me dá jeito e penso
“Que fantástico viver nestes tempos”; ater-
ro cansada na cama e penso “que bom sentir
o corpo a afundar-se confortavelmente neste
colchão”; vou a um espectáculo de que gosto
e sinto “que sorte poder usufruir disto”; olho
para os meus campos alentejanos pintados de
todas as cores da Primavera e penso “que pri-
vilégio poder viver esta beleza”. Mas acima de
tudo, a gratidão preenche-me e emociona-me
pelas pessoas fantásticas que me rodeiam:
de marido a amigos, à grande família Oficina
de Psicologia. Pessoas que são o meu chão
e o meu ar. Que me dão a perspectiva do que
é grande, intemporal e verdadeiramente im-
portante. Com quem partilho sorrisos cúmpli-
23.
24. Partilhe com as pessoas ao seu
redor quando está feliz!
Todos os dias
dê um abraço/
sorriso a alguém
para ser um
bocadinho mais
Feliz
Podemos estar felizes com
pequenos momentos da
nossa vida e não apenas com
grandes acontecimentos.
Faça uma pequena caminhada/
exercício físico
Procure momentos positivos no
seu dia, partilhe e valorize-os.
Fale/ligue a um
amigo
Estará mais atento aos bons
momentos da sua vida e sentir-
se-á ainda mais feliz quando o
verbalizar.
Ouça musica
Suba às arvores
25. Ao fim do dia relembre
tudo de bom que se passou
durante o dia.
As refeições começam
com um sorriso e
terminam num “que bom”
Conceda 15’ diários a
si próprio procurando
fazer algo que lhe dê
verdadeiro prazer.
Arrisque mudar
qualquer coisa na
sua vida
Cuide do que põe no
prato às refeições
Desfruta da
natureza, vá a um
jardim, serra , mar
e permita-se sentir
os sons , as cores,
cheiros. Ponha os
seus sentidos ao
vento/ ao sabor da
paisagem, observe,
esteja simplesmente
Faça uma
surpresa a
alguém de
quem goste
Dance com os
seus filhos
Dê um mergulho
no mar.