1. Adriana Campos (psicóloga 2010-04-28)
Enfrente o autoritarismo dos seus filhos com determinação, pois só desta maneira estará a ajudá-los a crescer
uma forma saudável.
O autoritarismo é um estilo de educação parental em que as regras são impostas pelos pais de
uma forma rígida, não havendo margem para qualquer negociação. Quando aqui é referido o
autoritarismo das crianças, penso que o que está em questão é precisamente o facto de
também elas quererem impor os seus desejos e reagirem negativamente quando são
contrariadas. As birras são manifestações típicas das crianças quando são confrontadas com
comportamentos de oposição por parte dos adultos.
Por volta dos oito meses, sobretudo se a criança já começou a gatinhar, tendo por isso mais
autonomia, vai começar a testar os limites. Se os pais disserem 'não', a criança vai sentir-se
ainda mais aliciada a repetir o comportamento que foi alvo de repressão. Esta atitude das
crianças gera frequentemente sentimentos de frustração e de desânimo nos pais porque, por
um lado, é abalada a imagem de inocência que estes tinham delas e, por outro, passam a ter
de suportar a irritação dos filhos, o que não é uma tarefa agradável.
A grande questão que se coloca é perceber porque todas as crianças tentam testar os
pais. Na verdade, o que os mais pequenos procuram compreender com este
comportamento é se os pais dirão sempre "não" ou se só dirão "não" em determinados
contextos; se utilizarão o "não" apenas quando a criança está só ou se o farão quando
esta estiver com alguém; se um "não" será sempre "não" ou se passará a "sim" ao fim
de alguma insistência.
Apesar de impor limites ser uma tarefa por vezes desgastante e cansativa, já que exige
repetição e paciência, é fundamental para promover a capacidade de autocontrolo da
criança, na medida em que a ajuda a estabelecer os seus próprios limites. Se os pais
estabelecerem limites firmes mas carinhosos desde os primeiros anos de vida, ajudarão
também a criança a reconhecer os seus sentimentos e aquilo que lhes está subjacente, a
ter a percepção dos sentimentos dos outros, a desenvolver um sentido de justiça e ainda
a descobrir a alegria de dar e até de fazer sacrifício em prol do bem-estar dos outros.
Para que todo este processo seja simplificado, é fundamental que as regras sejam claras
e consistentes e que se adaptem às capacidades e necessidades de cada criança. É
também importante que ambos os pais estejam de acordo com as regras estabelecidas e
que façam avaliações e revisões regulares dessas mesmas regras e expectativas, uma
vez que, à medida que a criança cresce, será necessário ajustar algumas delas.
Segundo Selma Fraiberg, perita em desenvolvimento infantil, "uma criança
sem disciplina é uma criança que não se sente amada". Por esta razão,
enfrente o autoritarismo dos seus filhos com determinação, pois só desta
maneira estará a ajudá-los a crescer de uma forma saudável.