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A terapia cognitiva e o mindfulness:
entrevista com Donna Sudak
The cognitive therapy and mindfulness: interview
with Donna Sudak
Renata Ferrarez Fernandes Lopes 1
Filipe Silva Castro 2
Carmem Beatriz Neufeld 3
Entrevista | InterviewEntrevista | Interview
1
Pós-doutora (Professora Associada do Insti-
tuto Psicologia da Universidade Federal de
Uberlândia - SP - Brasil).
2
Mestrando (Mestrando no programa de
Pós-Graduação em Psicologia da Universidade
Federal de Uberlândia - MG).
3
Doutora (Professora da Graduação e Pós-
Graduação em Psicologia do Departamento
de Psicologia da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Univer-
sidade de São Paulo).
Correspondência:
Renata Ferrarez Fernandes Lopes.
Av. Maranhão, s/n, bloco 2C, Campus
Umuarama. Bairro Jardim Umuarama.
Uberlândia - MG. Brasil. CEP: 38400-902.
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema
de Gestão de Publicações) da RBTC em 28 de
agosto de 2012. cod. 117.
Artigo aceito em 20 de março de 2013.
Resumo
Há um crescente interesse em temas que apresentam interfaces entre espiritualidade
e saúde, entre psicologia e religião. Alguns estudos têm abordado essas aproximações
tanto na perspectiva dos clientes como dos terapeutas religiosos/espirituais, ou ainda
no que se refere às intervenções. Uma técnica que tem se destacado nas intervenções
daterapiacognitivo-comportamentaléo mindfulness,advindadobudismo.O presente
artigo tem como objetivo apresentar uma breve revisão da literatura sobre o tema e,
adicionalmente, o trabalho relata uma entrevista com Donna Sudak, psiquiatra com
diversas produções científicas na abordagem cognitivo-comportamental. Na entrevis-
ta, realizada na oportunidade de sua visita ao Brasil para o Workshop Internacional da
Federação Brasileira de Terapias Cognitivas e a II Jornada de Terapias Cognitivo-Com-
portamentais do Interior de São Paulo, Donna Sudak apresentou suas opiniões sobre a
aproximação das terapias cognitivas e a espiritualidade, sobre as técnicas de aceitação,
bem como sobre a técnica de mindfulness.
Palavras-chave: espiritualidade; mindfulness; terapia cognitivo-comportamental.
Abstract
There is a growing interest in issues with interface between spirituality and health, be-
tween psychology and religion. Some studies have discussed similarities in the context
of clients or therapists religious/spiritual and in the interventions. One technique that
has been highlighted in the interventions of cognitive-behavioral therapy is mindful-
ness. This article aims to present a brief literature review of the topic and, additionally
present an interview with Donna Sudak, a psychiatrist with many scientific productions
in cognitive-behavioral approach. In the interview due to her visit to Brazil during the
International Workshop organized by the Brazilian Federation of Cognitive Therapies
and the II Journey of Cognitive BehaviorTherapies of São Paulo, Donna Sudak exposes
her view about the approximation of cognitive therapy and spirituality, about accep-
tance, and also about the technique of mindfulness.
Keywords: cognitive-behavioral therapy; mindfulness; spirituality.
DOI: 10.5935/1808-5687.20120010
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2012•8(1)•pp.67-72
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2012•8(1)•pp.00-00
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NOVOS OLHARES SOBRE A RELIGIÃO E A
SAÚDE
Recentemente, muitas discussões na área de saúde tem
abordado o tema da religião e espiritualidade. Anteriormente
considerada como relacionada à patologia, a visão sobre a
experiência religiosa foi sofrendo mudanças recentes e hoje já
é reconhecida como um elemento capaz de fornecer equilíbrio
e melhorar a saúde em certas circunstâncias. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) seguindo esta proposta incluiu o
bem-estar espiritual como uma dimensão do estado de saúde,
junto às dimensões corporais, psíquicas e sociais, formalizando
assim o acréscimo do domínio Religiosidade, Espiritualidade e
Crenças Pessoais em seu instrumento de avaliação de quali-
dade de vida (Peres, Simão & Nasello, 2007). O Manual Diag-
nóstico e Estatístico das Doenças Mentais IV: Texto revisado
(DSM-IV-TR American Psychiatric Association, 2002) também
alterou sua maneira de contextualizar o papel da religião substi-
tuindo conotações negativas e incluindo uma categoria específica
para as questões espirituais e religiosas (Marques, 2003).
Muitas pesquisas atuais nas áreas da Medicina e da
Psicologia seguem a mesma tendência e há uma variedade de
produções relacionando saúde e espiritualidade/religião.Alguns
pesquisadores tratam das possíveis relações, outros discutem
aproximações e ainda alguns realizam esforços em avaliar o
efeito de certos hábitos religiosos na vida das pessoas.Panzini
e Bandeira (2007) mostram diversos artigos que apresentam
evidências empíricas da relação da religião/espiritualidade à
saúde física e mental, além de associações positivas com a
qualidade de vida e bem-estar. As autoras referem que há na
maioria das pesquisas a indicação de que crenças e práticas
religiosas estão correlacionadas positivamente a uma melhor
saúde física e mental. As autoras citam que existem quatro
razões para associação entre religião e saúde: crenças reli-
giosas permitem uma visão de mundo que fornece um sentido
às experiências; crenças e práticas religiosas podem evocar
emoções positivas; a religião utiliza rituais que facilitam as
principais transições de vida (nascimento de filhos, casamento,
adoecimento e morte); e crenças religiosas funcionam como
agentes de controle social direcionando os comportamentos
socialmente aceitáveis. Entretanto, as próprias autoras desta-
cam a possibilidade da religião exercer um efeito negativo na
saúde quando as crenças ou práticas religiosas são usadas
para justificar comportamentos desadaptativos ou então são
utilizados para substituir tratamentos médicos importantes.
Peres, Simão e Nasello (2007) indicam que alguns estu-
dos tem demonstrado que a valorização dos sistemas de crenças
dos clientes colabora com a adesão do paciente à terapia e que
esta obtém melhores resultados nas intervenções. Os autores
evidenciam algumas recomendações daAssociação Psiquiátrica
Americana (The American Psychiatric Association, 2006) para
abordar temas de religiosidade/espiritualidade como a identifi-
cação das variáveis religiosas e espirituais como características
das queixas e sintomas, a pesquisa do papel da religião/espiri-
tualidade no sistema de crenças do paciente específico, utilizar
a entrevista para verificar qual o envolvimento e o histórico do
paciente com a religião/espiritualidade, além de sempre utilizar
de princípios éticos para abordar estes temas ou quando se
propuser qualquer intervenção religiosa com algum paciente.
Entretanto, a posição dos pesquisadores e terapeutas
frente às relações entre saúde e religião/espiritualidade está
longe de ser consensual. Comumente, as críticas principiam
pelos problemas nas definições de religião e espiritualidade
e do uso dos termos de forma intercambiável. Alguns autores
optam pela utilização dos dois conceitos como idênticos, mas
de forma geral, no contexto atual da pesquisa na área podem
ser encontradas definições diferenciadas para cada um dos
termos.Assim, segundo Worthington Jr.e Aten (2009) a religião
é caracterizada como a associação a um sistema de crenças e
um conjunto de práticas peculiares relacionadas a uma tradição
e uma comunidade, na qual se partilham crenças e práticas co-
muns. Já no que tange à espiritualidade, apesar da dificuldade
de consenso entre os pesquisadores, o conceito mais recorrente
repousa sobre um sentimento de proximidade e ligação com
o sagrado que estimula um senso de intimidade, respeito e
admiração.Os autores sugerem quatro tipos de espiritualidade:
religiosa, humanística, natural e cósmica. Em cada tipo de
espiritualidade há uma relação com um elemento específico,
como a conexão com uma religião, com a humanidade, com a
natureza/ambiente ou então com a criação, respectivamente.
Elsass (2008) afirma que, a partir das definições e da
aproximação da ciência com os ambientes religiosos, resulta-
dos interessantes começaram a tomar forma. Apontamentos
iniciais associam uma melhor saúde física e mental a uma
maior espiritualidade e maior religiosidade. Em sua revisão,
o autor evidencia estudos que defendem que pessoas religio-
sas, frequentemente, participam mais de contextos sociais de
apoio, são menos solitárias, têm uma vida de trabalho menos
estressante, representando um número de fatores que podem
contribuir para melhorar a saúde entre as pessoas religiosas
e espirituais, em comparação com as pessoas não-religiosas.
Apesar destes estudos sofrerem algumas críticas ligadas prin-
cipalmente à formulação dos questionários e às definições de
um fenômeno que se mostra tão complexo, os mesmos têm
tomado vulto crescente na literatura.
O interesse crescente pode ser observado a partir da
publicação do periódico Journal of Clinical Psychology que
reservou um número especial para artigos que tratassem de
religião/espiritualidade em possíveis relações com a psico-
terapia. Assim, no volume 65, número 2, do ano de 2009, o
periódico trouxe artigos relacionados a intervenções orientadas
espiritualmente para o tratamento de dependência de álcool
e abuso de substâncias e também para casais religiosos a
partir de uma perspectiva adleriana. Além disso, há artigos
que discutem terapia para muçulmanos, formas de intervenção
psicodinâmica orientada espiritualmente, psicoterapia espiritual
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
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teísta e intervenções cognitivo-comportamentais que perpas-
sam aspectos religiosos/espirituais como a técnica mindfulness.
Em um dos artigos, Post e Wade (2009) realizaram uma
revisão sobre psicoterapia religiosa em três níveis de análises:
os terapeutas religiosos, os clientes religiosos e as intervenções
religiosas. Os autores destacaram a importância dos terapeutas
identificarem as próprias atitudes e preconceitos sobre alguma re-
ligião evitando a imposição de valores pessoais sobre os clientes.
Além disso, os autores pontuaram que alguns clientes religiosos
podem encontrar nas discussões religiosas o desenvolvimento
da confiança e aceitação do terapeuta.Os autores ressaltam que
muitos pacientes podem querer falar sobre questões religiosas
ou espirituais em terapia, e estas podem estar inter-relacionadas
com os problemas apresentados ao longo do processo terapêu-
tico.Assim, os autores discutem a importância dos psicoterapeu-
tas avaliarem as preferências dos clientes, incluindo a história
religiosa/espiritual e as preocupações associadas. Post e Wade
(2009) ainda sugerem a busca de recursos informativos sobre a
diversidade religiosa, já que este tema não é abordado de forma
eficaz na formação dos profissionais, de forma que o conheci-
mento sobre as religiões e hábitos espirituais pode contribuir na
confiança do terapeuta em trabalhar com temas religiosos e com
clientes que seguem uma determinada linha espiritual.
Mindfulness: uma nova aproximação
Foi a partir da aproximação das ciências médicas e psi-
cológicas com a religião que surgiu uma técnica muito discutida
atualmente:o mindfulness.Jon Kabat-Zinn, aproveitando-se de
um ambiente mais aberto a essas ideias, incorporou algumas
práticas budistas (principalmente da meditação) à medicina
comportamental em seus trabalhos que visavam à redução de
estresse e manejo de dores crônicas.Assim, no grupo desenvol-
vido por ele, em um programa de gestão de estresse baseado
em mindfulness, o pesquisador começou a desenvolver a ca-
pacidade dessa atenção plena nos pacientes.Especificamente,
o mindfulness refere-se à capacidade de prestar atenção, no
momento presente, a tudo que surge interna ou externamente,
sem a realização de julgamentos ou o desejo de que as coisas
sejam diferentes (Vandenberghe & Assunção, 2009). Assim,
quando o mindfulness ocorre, o indivíduo tem uma consciência
sincera, intencional, ao que está acontecendo de momento a
momento, sem julgar, na vivência enquanto ela ocorre.
Pode-se dizer, então, que mindfulness é a habilidade de
estar consciente dos seus pensamentos, emoções, sensações e
ações, no momento presente sem julgar ou criticar a si mesmo
ou a própria experiência.É “estar no aqui e agora”.Atualmente, a
literatura tem investigado esta técnica em diversos tratamentos
e para diferentes transtornos. Hardt et al. (2011) mostram que
há evidência do mindfulness ligado à saúde física e mental,
estando associado a um menor índice de estresse e distúrbios
mentais.Além disso, o aumento na capacidade de mindfulness
sugere uma diminuição na angústia e no relato de sintomas
médicos. Os autores levantam que vários programas têm sido
desenvolvidos com o objetivo de ajudar os pacientes no trata-
mento de doenças crônicas, câncer e depressão.
McKay et al. (2007) afirmam que as habilidades em min-
dfulness ajudam no foco em um elemento em um dado momento
e isso pode auxiliar no melhor controle de emoções intensas,
visando acalmá-las. Além disso, há argumentos de que o min-
dfulness ajuda na identificação e separação de julgamentos das
experiências, além de agir sobre o equilíbrio entre o raciocínio
dos pensamentos com as necessidades das emoções.
O mindfulness é também conhecido como uma me-
ditação envolvendo o desenvolvimento da atenção plena. Há
inúmeros relatos dessa meditação e de exercícios semelhantes
em diversos sistemas religiosos como cristianismo, islamismo,
judaísmo, mas esta técnica é principalmente conhecida a partir
dos ensinamentos budistas (Mckay et al., 2007). Atualmente,
o budismo é uma das poucas religiões que ainda valoriza o
desenvolvimento dessa habilidade. Ela é muito utilizada para
o trabalho com as emoções e para que o praticante consiga
estabelecer o foco no presente.
Apesar de seu surgimento estar vinculado a um contex-
to religioso, o mindfulness começa a ocupar outros espaços.
Iniciado com os pacientes de Kabat-Zinn, hoje a técnica já
é vista em outras formas de psicoterapia, incluindo algumas
terapias cognitivas. Nestas, o mindfulness é colocado como
uma técnica sistematizada, que pode ser ensinada e que é
treinável.Giuffra (2009) destaca que apesar do mindfulness ser
considerado um componente essencial da psicologia budista
e fazer parte do Caminho Óctuplo para se alcançar o nirvana,
ele não deve ser considerado como um conceito religioso e
nem mesmo um conceito espiritual.O autor classifica como um
conceito cognitivo, usado no budismo, mas que hoje também é
reconhecido e estudado pela Psicologia e que tem se destacado
em abordagens como a Gestalterapia, e diferentes Terapias
Cognitivo-Comportamentais, tais como aTerapia de aceitação e
compromisso (ACT), aTerapia comportamental dialética (TCD),
Terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT) e Programa
de redução de estresse em mindfulness (MBSR).
NaTerapiacomportamentaldialética,omindfulnessérelata-
do como uma das quatro habilidades críticas que podem ajudar na
regulação emocional, ajudando o paciente a se manter equilibrado
quandoasemoçõessurgiremdeformaintensa(McKayetal.,2007).
NaTerapia de aceitação e compromisso, o mindfulness é conside-
rado um importante recurso para ajudar o paciente no processo
de aceitação.A aceitação neste contexto é diferente da resignação.
Refere-se a um processo ativo no qual o indivíduo admite o que
acontece consigo sem se apegar aquilo que gostaria que fosse.
Trata-se de compreender a realidade percebendo o aparecimento
inevitáveldepensamentos,sentimentosesensaçõessemevitá-los,
rechaçá-los ou julgá-los (Roomer & Orsillo, 2010).
O mindfulness permite uma maior atenção, uma maior
consciência e ao mesmo tempo permite que o indivíduo entenda
sobre a impermanência daquilo que está se passando naquele
momento.O pensamento, a sensação e a emoção daquele mo-
mento irão passar e por isso o mindfulness permite uma maior
aceitação dos fatos, uma maior compreensão dos processos
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2012•8(1)•pp.00-00
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que estão acontecendo naquele momento. Obviamente, a
aceitação não deve ser entendida como uma postura de con-
formação do indivíduo a uma determinada situação ou circuns-
tância, mas como uma postura mais aberta e compassiva que
permite a flexibilização dos pensamentos, dos comportamentos,
entendendo as ocorrências da vida como partes do caminho
que se deseja trilhar. Opta-se assim por estabelecer o foco no
que está acontecendo sem se prender em atitudes julgadoras
que normalmente são inúteis para o indivíduo.
Nas terapias, as intervenções baseadas na aceitação e
em mindfulness estabelecem o foco na habilidade em manter-se
atento ao momento presente, e atualmente esta habilidade é
apontada como um importante recurso para lidar com emoções
intensas, com dores crônicas, episódios depressivos, trans-
tornos alimentares, transtornos de personalidade borderline.
Entretanto, o fato de ter sido incorporada ao contexto das Tera-
pias cognitivo-comportamentais evidencia a tentativa de buscar
relações entre a Psicologia e a Religião, neste caso, o budismo.
Outras relações têm sido feitas. Giuffra (2009), buscando
discutir as semelhanças entre ambas, utiliza o encontro entre Dalai
Lama(14º)eAaronBecknaaberturadoVCongressoInternacional
de Psicoterapia Cognitiva ocorrido em junho de 2005, na cidade de
Gotemburgo, Suécia.O autor discute as origens daTerapia Cogniti-
va,ealgunspontosinteressantessobreobudismo,incluindoaforma
comoessesistemareligiosovêelidacomamente.Entretanto,como
ponto central nesse artigo estão as semelhanças levantadas no
diálogo por ambos os mestres.Primeiramente, a Terapia Cognitiva
e o Budismo buscam eliminar o sofrimento e gerar o bem-estar.
Ambos defendem que as emoções não são resultados de eventos
reais e sim uma forma de nossas mentes processá-los.Além dis-
so, tanto os terapeutas cognitivos quanto os praticantes budistas
buscam treinar a mente para melhorar a objetividade, diminuir as
distorções, erradicando o sofrimento e alcançando a felicidade.
Ambosvalorizamasabedoria,compaixão,entendimento,aceitação.
Porfim,ambosvalorizamométodocientíficoedãoumgrandevalor
a gerar e cultivar um estado de alerta e atenção mental.
Apesar das origens do mindfulness estarem vinculadas
ao budismo, hoje é possível perceber que ela tem sido conside-
rada, no campo científico, apenas como uma intervenção que
pode contribuir para melhorar o estado de alguns pacientes.
Como técnica ela pode ser aprendida, desenvolvida, treinada
e não precisa estar vinculada a um contexto espiritual/religio-
so. A busca principal (como se pode ver em Davis & Hayes,
2011; Foley et al., 2010; Hofmann et al., 2010, Ma & Teasdale,
2004), tem sido em verificar, de forma empírica, os efeitos e
fundamentos dessa atenção que pode se tornar uma importante
ferramenta terapêutica no futuro.Dentre esse grupo que debate
e analisa intervenções na perspectiva cognitivo-comportamental
está Donna Sudak, de quem trataremos no próximo tópico.
Donna Sudak
Donna Sudak é formada em Medicina pela Faculdade de
Medicina da Pensilvânia, com especialidade em Psiquiatria com
ênfase naTerapia Cognitivo-Comportamental.Atualmente, atua
como docente no Departamento de Psiquiatria na Faculdade de
Medicina da Universidade de Drexel e é diretora do Programa
deTreinamento em Psicoterapia na mesma universidade.Donna
Sudak aborda tópicos da Terapia Cognitivo-Comportamental
e supervisiona os residentes de psiquiatria que escolhem a
ênfase na Terapia Cognitiva. Além disso, ela é a atual presi-
dente da Academy of Cognitive Therapy. Donna faz parte do
Beck Institute for Cognitive Therapy and Research e fornece
supervisões aos residentes das Universidades Albert Einsten
e Thomas Jefferson. Ela possui uma variedade de produções
científicas, sendo autora de diversos artigos e livros que abor-
dam a Terapia Cognitivo-Comportamental.
Donna Sudak escreve sobre temas como: a Terapia
cognitivo-comportamental, sobre a combinação dessa terapia
com a utilização de medicamentos, sobre sessões breves na
abordagem cognitiva.Algumas de suas publicações envolvem o
tratamento de pacientes suicidas, com transtornos alimentares,
depressão, fobia e outros. Em seu livro “A Terapia cognitivo-
-comportamental na prática”, Sudak (2008) seguindo o modelo
cognitivo, defende uma boa conceituação de caso para que
o terapeuta possa então decidir quais técnicas sejam mais
eficientes para cada paciente.A autora discute uma variedade
de técnicas que podem ser aplicadas dependendo do problema
que o paciente apresenta. Em alguns casos, a autora sugere
a combinação do tratamento cognitivo-comportamental com a
medicação para um resultado mais rápido e eficaz. A autora
cita ainda a Terapia comportamental dialética relacionando-a
a eficácia nos estudos com indivíduos com transtorno de per-
sonalidade borderline.
Donna Sudak é pesquisadora vinculada à Universidade
de Drexel e ao Instituto Beck estando em contato com diver-
sos estudos. Na página da Universidade são colocados como
interesses da autora a avaliação psiquiátrica, tratamentos
psiquiátricos e psicoterapia.
Donna Sudak foi a convidada que ministrou o Workshop
Internacional da Federação Brasileira de Terapias Cogniti-
vas e a conferencia de abertura da II Jornada de Terapias
Cognitivo-Comportamentais do Interior de São Paulo (II
JoTCC) ocorridos no período de 23 a 26 de maio de 2012 em
Ribeirão Preto. No workshop, ministrado por ela, foi abordado
o tema: “Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia
Comportamental Dialética (TCD) para circunstâncias clínicas
desafiadoras”. Além disso, ela também realizou a conferência
de abertura da II JoTCC com o tema “Utilizando a TCC com
pacientes suicidas”.
Assim, foi neste contexto que esta importante pesquisa-
dora cedeu a entrevista transcrita abaixo.Na entrevista a autora
apresenta sua visão sobre espiritualidade e religião em contato
com saúde e com as Terapias cognitivas, além de sua visão
sobre a aceitação e o mindfulness, conceitos tão recorrentes
nos estudos recentes da área.
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2012•8(1)•pp.00-00
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Entrevista com Donna Sudak
1. Há muitas concepções quando se fala a respeito
de saúde, que foram sendo alteradas historicamente.
Atualmente, se vê uma mudança neste conceito
buscando-se incluir a espiritualidade. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) realizou alterações incluindo
o bem-estar espiritual como uma das dimensões de
saúde, e também o DSM-IV-TR mudou sua maneira
de contextualizar o papel da religião, substituindo
conotações negativas e incluindo uma categoria
específica para as questões espirituais e religiosas. Qual
a sua concepção de saúde? E qual a relação, para você,
entre espiritualidade e saúde?
O estado geral da mente, do corpo e espírito de uma
pessoa é obtido a partir de uma combinação de bem-estar
físico, psíquico e social. Eu acredito que, para muitas pessoas,
a espiritualidade melhora a saúde, fornecendo senso de pro-
pósito, significado e conexão com outros. Dito isso, eu acredito
que religião não é o mesmo que espiritualidade.
2. As religiões, através de suas técnicas peculiares, podem
ser vistas como importantes recursos para as pessoas
buscarem sentido, paz, esperança, além de fornecer
preceitos e rituais que facilitam transições da vida ao
longo do desenvolvimento. A psicologia assim como a
medicina, através de seus métodos, buscam reestabelecer
um estado de bem-estar, equilíbrio, e em muitos casos
promovem significados para experiências pessoais. Muitas
vezes, a religião e a psicologia/medicina têm como objetivo
melhorar a condição de vida daquela pessoa em um
determinado momento.Você entende ser possível haver uma
aproximação da psicologia ou da medicina com a religião,
enquanto um corpo sistematizado de conhecimento?
Eu acredito que a psicologia e a medicina estão enrai-
zadas no método científico. Eu não me sinto qualificada para
comentar quanto ao fato de uma religião aceitar tal abordagem
às suas crenças e métodos e se essas crenças e métodos
durariam se analisados com o método científico.
3. O mindfulness em uma de suas definições é referido como
a capacidade de prestar atenção, no momento presente,
a tudo que surgir internamente ou externamente, sem se
emaranhar em julgamentos ou no desejo de que as coisas
sejam diferentes. Em que sentido você vê a ligação entre
a aceitação e o mindfulness? Visto que será desenvolvida
essa consciência e atenção ampliada, seria preciso também
desenvolver a aceitação do que se percebe?
Novamente, eu não sou uma pessoa formada na ACT
(terapia de aceitação e compromisso). Mas, mindfulness, na
minha visão, envolve “dar-se conta” (awareness) dos conteúdos
e aceitá-los sem julgamento.
4. O mindfulness é visto hoje como uma técnica capaz de
fornecer sentido, promover uma atenção ao presente e
está associado a maior bem-estar, maior qualidade de vida,
maior saúde. Entretanto, pode ser considerado também
uma filosofia de vida ligada às tradições budistas. Em que
extensão o indivíduo precisa compartilhar dessa filosofia
para se beneficiar desta técnica? E o que você acredita
que a sociedade ocidental precisa desenvolver para
alcançar as habilidades necessárias ao mindfulness?
Mindfulness, como uma técnica, não está ligada a ne-
nhuma tradição religiosa específica.A mente pode ser treinada
com a prática a obsevar, ou participar, ou descrever fenômenos
sem julgamentos, plenamente e na ausência de uma tendência
religiosa em particular.
5. Diante de uma sociedade que não valoriza essa
atenção presente e o não-julgamento, muitos pacientes
podem enfrentar dificuldades por mais treinável que a
habilidade do mindfulness possa ser. Conte-nos um pouco
como a prática de mindfulness é relatada pelos pacientes
em seu cotidiano fora do contexto do consultório?
Na verdade, há maneiras de treinar a atenção de uma
pessoa mesmo nas atividades diárias. Marsha Linehan des-
creve, por exemplo, o uso de luzes vermelhasI
para observar
a respiração. MBSR (Treinamento de redução de estresse ba-
seado em mindfulness) descreve muitas técnicas (bodyscanII
,
alimentação conscienteIII
, consciência da respiração) que
podem ser incorporadas ao cotidiano.
6. Avaliando a diversidade de pacientes que se pode ter
e percebendo que há diferentes adaptações às técnicas
propostas; quais pontos você destacaria para a escolha
dessa técnica a um determinado paciente? Existem
características peculiares que um paciente precisa ter
para ser ajudado pelo mindfulness?
Eu acredito que a questão mais importante a se con-
siderar é quais são as evidências de benefícios da prática do
mindfulness em uma circunstância particular - ele realmente só
faz sentido em ser implantado quando temos clareza que seja
benéfico (como procedimento terapêutico). Muitas pessoas po-
deriam decidir utilizar mindfulness como uma preferência pessoal
e isso não é o mesmo que a prescrição como parte da terapia.
7. O terapeuta, como participante ativo na terapia, precisa
constantemente se preocupar com a formação pessoal e
I
Treino de Marsha Linehan que sugere que ao ver as luzes vermelhas (por ex-
emplo, do semáforo) se reserve um tempo para atentar-se a própria respiração
ou mesmo as sensações que se experimenta naquele momento.
II
Exercício de investigação do corpo, que consiste em se atentar a cada parte
do corpo em suas sensações presentes, das possíveis tensões ou relaxamen-
tos, das posições estabelecidas. Escanear todo o corpo conscientizando-se de
suas partes.
III
Manter-se atento enquanto se come, observando o que está comendo, as
sensações produzidas ao longo da alimentação.
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2012•8(1)•pp.00-00
72
técnica para alcançar a eficiência em seu trabalho. Quais
as características o terapeuta precisa desenvolver para
aplicar de forma correta e adequada o mindfulness?
Alguns profissionais (incluindo Marsha Linehan) acredi-
tam que terapeutas devem ter sua própria prática em mindful-
ness para exercer a TCD (terapia comportamental dialética)
de forma eficaz. Existem alguns trabalhos que terapeutas com
treino em mindfulness tem melhores resultados com seus pa-
cientes.Assim, terapeutas que empregam mindfulness podem
ter melhores resultados se tiverem sua própria prática. Isso, no
entanto, precisa de mais dados para ser provado.
8. Qual seria o conjunto de leituras básicas que você
sugeriria a um terapeuta que quer começar a utilizar o
mindfulness?
Os livros de Kabat Zinn são maravilhosos. E várias
leituras no site behavioraltech4
também.
9. A técnica de mindfulness normalmente é muito
evidenciada em terapias como Terapia de Aceitação e
Compromisso (ACT) e Terapia Comportamental Dialética
(DBT). Você acredita que todas as terapias cognitivas
incluindo, por exemplo, a Terapia Cognitiva de Beck
e a Terapia de Esquemas de Young podem incluir o
mindfulness também como técnica?
A terapia não é sobre adição de técnicas.A conceituação
de caso individualmente pode incorporar o mindfulness como
uma técnica baseada nos dados específicos, nas necessidades
do paciente. Sempre que possível, deve-se utilizar técnicas
quando há dados que a sustentem.
10. Em 2005, na abertura do V Congresso Internacional
de Terapia Cognitiva, realizado em Gotemburgo, na
Suécia, houve o encontro entre Dalai Lama e Aaron
Beck. Neste, Dalai Lama associou a meditação
utilizando mindfulness com a identificação e registro dos
pensamentos. Como você vê esta relação?
Eu não vi esse diálogo. No entanto, quando alguém usa
a prática do mindfulness torna-se possível ser mais consciente
dos pensamentos.
11. E para finalizar, visto que a Terapia Comportamental
Dialética e também o mindfulness tem sido muito discutido
atualmente, qual caminho você pensa que as pesquisas
devem seguir para fortalecer e posteriormente
difundir ainda mais a técnica de mindfulness e a terapia
comportamental dialética? Como você imagina o futuro
desse modelo de tratamento?
A pesquisa deve determinar para quais pacientes, e
quando, os tratamentos são úteis e eficazes.
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A terapia cognitiva e o mindfulness

  • 1. 67 A terapia cognitiva e o mindfulness: entrevista com Donna Sudak The cognitive therapy and mindfulness: interview with Donna Sudak Renata Ferrarez Fernandes Lopes 1 Filipe Silva Castro 2 Carmem Beatriz Neufeld 3 Entrevista | InterviewEntrevista | Interview 1 Pós-doutora (Professora Associada do Insti- tuto Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia - SP - Brasil). 2 Mestrando (Mestrando no programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia - MG). 3 Doutora (Professora da Graduação e Pós- Graduação em Psicologia do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Univer- sidade de São Paulo). Correspondência: Renata Ferrarez Fernandes Lopes. Av. Maranhão, s/n, bloco 2C, Campus Umuarama. Bairro Jardim Umuarama. Uberlândia - MG. Brasil. CEP: 38400-902. Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 28 de agosto de 2012. cod. 117. Artigo aceito em 20 de março de 2013. Resumo Há um crescente interesse em temas que apresentam interfaces entre espiritualidade e saúde, entre psicologia e religião. Alguns estudos têm abordado essas aproximações tanto na perspectiva dos clientes como dos terapeutas religiosos/espirituais, ou ainda no que se refere às intervenções. Uma técnica que tem se destacado nas intervenções daterapiacognitivo-comportamentaléo mindfulness,advindadobudismo.O presente artigo tem como objetivo apresentar uma breve revisão da literatura sobre o tema e, adicionalmente, o trabalho relata uma entrevista com Donna Sudak, psiquiatra com diversas produções científicas na abordagem cognitivo-comportamental. Na entrevis- ta, realizada na oportunidade de sua visita ao Brasil para o Workshop Internacional da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas e a II Jornada de Terapias Cognitivo-Com- portamentais do Interior de São Paulo, Donna Sudak apresentou suas opiniões sobre a aproximação das terapias cognitivas e a espiritualidade, sobre as técnicas de aceitação, bem como sobre a técnica de mindfulness. Palavras-chave: espiritualidade; mindfulness; terapia cognitivo-comportamental. Abstract There is a growing interest in issues with interface between spirituality and health, be- tween psychology and religion. Some studies have discussed similarities in the context of clients or therapists religious/spiritual and in the interventions. One technique that has been highlighted in the interventions of cognitive-behavioral therapy is mindful- ness. This article aims to present a brief literature review of the topic and, additionally present an interview with Donna Sudak, a psychiatrist with many scientific productions in cognitive-behavioral approach. In the interview due to her visit to Brazil during the International Workshop organized by the Brazilian Federation of Cognitive Therapies and the II Journey of Cognitive BehaviorTherapies of São Paulo, Donna Sudak exposes her view about the approximation of cognitive therapy and spirituality, about accep- tance, and also about the technique of mindfulness. Keywords: cognitive-behavioral therapy; mindfulness; spirituality. DOI: 10.5935/1808-5687.20120010 Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2012•8(1)•pp.67-72
  • 2. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2012•8(1)•pp.00-00 68 NOVOS OLHARES SOBRE A RELIGIÃO E A SAÚDE Recentemente, muitas discussões na área de saúde tem abordado o tema da religião e espiritualidade. Anteriormente considerada como relacionada à patologia, a visão sobre a experiência religiosa foi sofrendo mudanças recentes e hoje já é reconhecida como um elemento capaz de fornecer equilíbrio e melhorar a saúde em certas circunstâncias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) seguindo esta proposta incluiu o bem-estar espiritual como uma dimensão do estado de saúde, junto às dimensões corporais, psíquicas e sociais, formalizando assim o acréscimo do domínio Religiosidade, Espiritualidade e Crenças Pessoais em seu instrumento de avaliação de quali- dade de vida (Peres, Simão & Nasello, 2007). O Manual Diag- nóstico e Estatístico das Doenças Mentais IV: Texto revisado (DSM-IV-TR American Psychiatric Association, 2002) também alterou sua maneira de contextualizar o papel da religião substi- tuindo conotações negativas e incluindo uma categoria específica para as questões espirituais e religiosas (Marques, 2003). Muitas pesquisas atuais nas áreas da Medicina e da Psicologia seguem a mesma tendência e há uma variedade de produções relacionando saúde e espiritualidade/religião.Alguns pesquisadores tratam das possíveis relações, outros discutem aproximações e ainda alguns realizam esforços em avaliar o efeito de certos hábitos religiosos na vida das pessoas.Panzini e Bandeira (2007) mostram diversos artigos que apresentam evidências empíricas da relação da religião/espiritualidade à saúde física e mental, além de associações positivas com a qualidade de vida e bem-estar. As autoras referem que há na maioria das pesquisas a indicação de que crenças e práticas religiosas estão correlacionadas positivamente a uma melhor saúde física e mental. As autoras citam que existem quatro razões para associação entre religião e saúde: crenças reli- giosas permitem uma visão de mundo que fornece um sentido às experiências; crenças e práticas religiosas podem evocar emoções positivas; a religião utiliza rituais que facilitam as principais transições de vida (nascimento de filhos, casamento, adoecimento e morte); e crenças religiosas funcionam como agentes de controle social direcionando os comportamentos socialmente aceitáveis. Entretanto, as próprias autoras desta- cam a possibilidade da religião exercer um efeito negativo na saúde quando as crenças ou práticas religiosas são usadas para justificar comportamentos desadaptativos ou então são utilizados para substituir tratamentos médicos importantes. Peres, Simão e Nasello (2007) indicam que alguns estu- dos tem demonstrado que a valorização dos sistemas de crenças dos clientes colabora com a adesão do paciente à terapia e que esta obtém melhores resultados nas intervenções. Os autores evidenciam algumas recomendações daAssociação Psiquiátrica Americana (The American Psychiatric Association, 2006) para abordar temas de religiosidade/espiritualidade como a identifi- cação das variáveis religiosas e espirituais como características das queixas e sintomas, a pesquisa do papel da religião/espiri- tualidade no sistema de crenças do paciente específico, utilizar a entrevista para verificar qual o envolvimento e o histórico do paciente com a religião/espiritualidade, além de sempre utilizar de princípios éticos para abordar estes temas ou quando se propuser qualquer intervenção religiosa com algum paciente. Entretanto, a posição dos pesquisadores e terapeutas frente às relações entre saúde e religião/espiritualidade está longe de ser consensual. Comumente, as críticas principiam pelos problemas nas definições de religião e espiritualidade e do uso dos termos de forma intercambiável. Alguns autores optam pela utilização dos dois conceitos como idênticos, mas de forma geral, no contexto atual da pesquisa na área podem ser encontradas definições diferenciadas para cada um dos termos.Assim, segundo Worthington Jr.e Aten (2009) a religião é caracterizada como a associação a um sistema de crenças e um conjunto de práticas peculiares relacionadas a uma tradição e uma comunidade, na qual se partilham crenças e práticas co- muns. Já no que tange à espiritualidade, apesar da dificuldade de consenso entre os pesquisadores, o conceito mais recorrente repousa sobre um sentimento de proximidade e ligação com o sagrado que estimula um senso de intimidade, respeito e admiração.Os autores sugerem quatro tipos de espiritualidade: religiosa, humanística, natural e cósmica. Em cada tipo de espiritualidade há uma relação com um elemento específico, como a conexão com uma religião, com a humanidade, com a natureza/ambiente ou então com a criação, respectivamente. Elsass (2008) afirma que, a partir das definições e da aproximação da ciência com os ambientes religiosos, resulta- dos interessantes começaram a tomar forma. Apontamentos iniciais associam uma melhor saúde física e mental a uma maior espiritualidade e maior religiosidade. Em sua revisão, o autor evidencia estudos que defendem que pessoas religio- sas, frequentemente, participam mais de contextos sociais de apoio, são menos solitárias, têm uma vida de trabalho menos estressante, representando um número de fatores que podem contribuir para melhorar a saúde entre as pessoas religiosas e espirituais, em comparação com as pessoas não-religiosas. Apesar destes estudos sofrerem algumas críticas ligadas prin- cipalmente à formulação dos questionários e às definições de um fenômeno que se mostra tão complexo, os mesmos têm tomado vulto crescente na literatura. O interesse crescente pode ser observado a partir da publicação do periódico Journal of Clinical Psychology que reservou um número especial para artigos que tratassem de religião/espiritualidade em possíveis relações com a psico- terapia. Assim, no volume 65, número 2, do ano de 2009, o periódico trouxe artigos relacionados a intervenções orientadas espiritualmente para o tratamento de dependência de álcool e abuso de substâncias e também para casais religiosos a partir de uma perspectiva adleriana. Além disso, há artigos que discutem terapia para muçulmanos, formas de intervenção psicodinâmica orientada espiritualmente, psicoterapia espiritual
  • 3. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2012•8(1)•pp.00-00 69 teísta e intervenções cognitivo-comportamentais que perpas- sam aspectos religiosos/espirituais como a técnica mindfulness. Em um dos artigos, Post e Wade (2009) realizaram uma revisão sobre psicoterapia religiosa em três níveis de análises: os terapeutas religiosos, os clientes religiosos e as intervenções religiosas. Os autores destacaram a importância dos terapeutas identificarem as próprias atitudes e preconceitos sobre alguma re- ligião evitando a imposição de valores pessoais sobre os clientes. Além disso, os autores pontuaram que alguns clientes religiosos podem encontrar nas discussões religiosas o desenvolvimento da confiança e aceitação do terapeuta.Os autores ressaltam que muitos pacientes podem querer falar sobre questões religiosas ou espirituais em terapia, e estas podem estar inter-relacionadas com os problemas apresentados ao longo do processo terapêu- tico.Assim, os autores discutem a importância dos psicoterapeu- tas avaliarem as preferências dos clientes, incluindo a história religiosa/espiritual e as preocupações associadas. Post e Wade (2009) ainda sugerem a busca de recursos informativos sobre a diversidade religiosa, já que este tema não é abordado de forma eficaz na formação dos profissionais, de forma que o conheci- mento sobre as religiões e hábitos espirituais pode contribuir na confiança do terapeuta em trabalhar com temas religiosos e com clientes que seguem uma determinada linha espiritual. Mindfulness: uma nova aproximação Foi a partir da aproximação das ciências médicas e psi- cológicas com a religião que surgiu uma técnica muito discutida atualmente:o mindfulness.Jon Kabat-Zinn, aproveitando-se de um ambiente mais aberto a essas ideias, incorporou algumas práticas budistas (principalmente da meditação) à medicina comportamental em seus trabalhos que visavam à redução de estresse e manejo de dores crônicas.Assim, no grupo desenvol- vido por ele, em um programa de gestão de estresse baseado em mindfulness, o pesquisador começou a desenvolver a ca- pacidade dessa atenção plena nos pacientes.Especificamente, o mindfulness refere-se à capacidade de prestar atenção, no momento presente, a tudo que surge interna ou externamente, sem a realização de julgamentos ou o desejo de que as coisas sejam diferentes (Vandenberghe & Assunção, 2009). Assim, quando o mindfulness ocorre, o indivíduo tem uma consciência sincera, intencional, ao que está acontecendo de momento a momento, sem julgar, na vivência enquanto ela ocorre. Pode-se dizer, então, que mindfulness é a habilidade de estar consciente dos seus pensamentos, emoções, sensações e ações, no momento presente sem julgar ou criticar a si mesmo ou a própria experiência.É “estar no aqui e agora”.Atualmente, a literatura tem investigado esta técnica em diversos tratamentos e para diferentes transtornos. Hardt et al. (2011) mostram que há evidência do mindfulness ligado à saúde física e mental, estando associado a um menor índice de estresse e distúrbios mentais.Além disso, o aumento na capacidade de mindfulness sugere uma diminuição na angústia e no relato de sintomas médicos. Os autores levantam que vários programas têm sido desenvolvidos com o objetivo de ajudar os pacientes no trata- mento de doenças crônicas, câncer e depressão. McKay et al. (2007) afirmam que as habilidades em min- dfulness ajudam no foco em um elemento em um dado momento e isso pode auxiliar no melhor controle de emoções intensas, visando acalmá-las. Além disso, há argumentos de que o min- dfulness ajuda na identificação e separação de julgamentos das experiências, além de agir sobre o equilíbrio entre o raciocínio dos pensamentos com as necessidades das emoções. O mindfulness é também conhecido como uma me- ditação envolvendo o desenvolvimento da atenção plena. Há inúmeros relatos dessa meditação e de exercícios semelhantes em diversos sistemas religiosos como cristianismo, islamismo, judaísmo, mas esta técnica é principalmente conhecida a partir dos ensinamentos budistas (Mckay et al., 2007). Atualmente, o budismo é uma das poucas religiões que ainda valoriza o desenvolvimento dessa habilidade. Ela é muito utilizada para o trabalho com as emoções e para que o praticante consiga estabelecer o foco no presente. Apesar de seu surgimento estar vinculado a um contex- to religioso, o mindfulness começa a ocupar outros espaços. Iniciado com os pacientes de Kabat-Zinn, hoje a técnica já é vista em outras formas de psicoterapia, incluindo algumas terapias cognitivas. Nestas, o mindfulness é colocado como uma técnica sistematizada, que pode ser ensinada e que é treinável.Giuffra (2009) destaca que apesar do mindfulness ser considerado um componente essencial da psicologia budista e fazer parte do Caminho Óctuplo para se alcançar o nirvana, ele não deve ser considerado como um conceito religioso e nem mesmo um conceito espiritual.O autor classifica como um conceito cognitivo, usado no budismo, mas que hoje também é reconhecido e estudado pela Psicologia e que tem se destacado em abordagens como a Gestalterapia, e diferentes Terapias Cognitivo-Comportamentais, tais como aTerapia de aceitação e compromisso (ACT), aTerapia comportamental dialética (TCD), Terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT) e Programa de redução de estresse em mindfulness (MBSR). NaTerapiacomportamentaldialética,omindfulnessérelata- do como uma das quatro habilidades críticas que podem ajudar na regulação emocional, ajudando o paciente a se manter equilibrado quandoasemoçõessurgiremdeformaintensa(McKayetal.,2007). NaTerapia de aceitação e compromisso, o mindfulness é conside- rado um importante recurso para ajudar o paciente no processo de aceitação.A aceitação neste contexto é diferente da resignação. Refere-se a um processo ativo no qual o indivíduo admite o que acontece consigo sem se apegar aquilo que gostaria que fosse. Trata-se de compreender a realidade percebendo o aparecimento inevitáveldepensamentos,sentimentosesensaçõessemevitá-los, rechaçá-los ou julgá-los (Roomer & Orsillo, 2010). O mindfulness permite uma maior atenção, uma maior consciência e ao mesmo tempo permite que o indivíduo entenda sobre a impermanência daquilo que está se passando naquele momento.O pensamento, a sensação e a emoção daquele mo- mento irão passar e por isso o mindfulness permite uma maior aceitação dos fatos, uma maior compreensão dos processos
  • 4. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2012•8(1)•pp.00-00 70 que estão acontecendo naquele momento. Obviamente, a aceitação não deve ser entendida como uma postura de con- formação do indivíduo a uma determinada situação ou circuns- tância, mas como uma postura mais aberta e compassiva que permite a flexibilização dos pensamentos, dos comportamentos, entendendo as ocorrências da vida como partes do caminho que se deseja trilhar. Opta-se assim por estabelecer o foco no que está acontecendo sem se prender em atitudes julgadoras que normalmente são inúteis para o indivíduo. Nas terapias, as intervenções baseadas na aceitação e em mindfulness estabelecem o foco na habilidade em manter-se atento ao momento presente, e atualmente esta habilidade é apontada como um importante recurso para lidar com emoções intensas, com dores crônicas, episódios depressivos, trans- tornos alimentares, transtornos de personalidade borderline. Entretanto, o fato de ter sido incorporada ao contexto das Tera- pias cognitivo-comportamentais evidencia a tentativa de buscar relações entre a Psicologia e a Religião, neste caso, o budismo. Outras relações têm sido feitas. Giuffra (2009), buscando discutir as semelhanças entre ambas, utiliza o encontro entre Dalai Lama(14º)eAaronBecknaaberturadoVCongressoInternacional de Psicoterapia Cognitiva ocorrido em junho de 2005, na cidade de Gotemburgo, Suécia.O autor discute as origens daTerapia Cogniti- va,ealgunspontosinteressantessobreobudismo,incluindoaforma comoessesistemareligiosovêelidacomamente.Entretanto,como ponto central nesse artigo estão as semelhanças levantadas no diálogo por ambos os mestres.Primeiramente, a Terapia Cognitiva e o Budismo buscam eliminar o sofrimento e gerar o bem-estar. Ambos defendem que as emoções não são resultados de eventos reais e sim uma forma de nossas mentes processá-los.Além dis- so, tanto os terapeutas cognitivos quanto os praticantes budistas buscam treinar a mente para melhorar a objetividade, diminuir as distorções, erradicando o sofrimento e alcançando a felicidade. Ambosvalorizamasabedoria,compaixão,entendimento,aceitação. Porfim,ambosvalorizamométodocientíficoedãoumgrandevalor a gerar e cultivar um estado de alerta e atenção mental. Apesar das origens do mindfulness estarem vinculadas ao budismo, hoje é possível perceber que ela tem sido conside- rada, no campo científico, apenas como uma intervenção que pode contribuir para melhorar o estado de alguns pacientes. Como técnica ela pode ser aprendida, desenvolvida, treinada e não precisa estar vinculada a um contexto espiritual/religio- so. A busca principal (como se pode ver em Davis & Hayes, 2011; Foley et al., 2010; Hofmann et al., 2010, Ma & Teasdale, 2004), tem sido em verificar, de forma empírica, os efeitos e fundamentos dessa atenção que pode se tornar uma importante ferramenta terapêutica no futuro.Dentre esse grupo que debate e analisa intervenções na perspectiva cognitivo-comportamental está Donna Sudak, de quem trataremos no próximo tópico. Donna Sudak Donna Sudak é formada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Pensilvânia, com especialidade em Psiquiatria com ênfase naTerapia Cognitivo-Comportamental.Atualmente, atua como docente no Departamento de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Drexel e é diretora do Programa deTreinamento em Psicoterapia na mesma universidade.Donna Sudak aborda tópicos da Terapia Cognitivo-Comportamental e supervisiona os residentes de psiquiatria que escolhem a ênfase na Terapia Cognitiva. Além disso, ela é a atual presi- dente da Academy of Cognitive Therapy. Donna faz parte do Beck Institute for Cognitive Therapy and Research e fornece supervisões aos residentes das Universidades Albert Einsten e Thomas Jefferson. Ela possui uma variedade de produções científicas, sendo autora de diversos artigos e livros que abor- dam a Terapia Cognitivo-Comportamental. Donna Sudak escreve sobre temas como: a Terapia cognitivo-comportamental, sobre a combinação dessa terapia com a utilização de medicamentos, sobre sessões breves na abordagem cognitiva.Algumas de suas publicações envolvem o tratamento de pacientes suicidas, com transtornos alimentares, depressão, fobia e outros. Em seu livro “A Terapia cognitivo- -comportamental na prática”, Sudak (2008) seguindo o modelo cognitivo, defende uma boa conceituação de caso para que o terapeuta possa então decidir quais técnicas sejam mais eficientes para cada paciente.A autora discute uma variedade de técnicas que podem ser aplicadas dependendo do problema que o paciente apresenta. Em alguns casos, a autora sugere a combinação do tratamento cognitivo-comportamental com a medicação para um resultado mais rápido e eficaz. A autora cita ainda a Terapia comportamental dialética relacionando-a a eficácia nos estudos com indivíduos com transtorno de per- sonalidade borderline. Donna Sudak é pesquisadora vinculada à Universidade de Drexel e ao Instituto Beck estando em contato com diver- sos estudos. Na página da Universidade são colocados como interesses da autora a avaliação psiquiátrica, tratamentos psiquiátricos e psicoterapia. Donna Sudak foi a convidada que ministrou o Workshop Internacional da Federação Brasileira de Terapias Cogniti- vas e a conferencia de abertura da II Jornada de Terapias Cognitivo-Comportamentais do Interior de São Paulo (II JoTCC) ocorridos no período de 23 a 26 de maio de 2012 em Ribeirão Preto. No workshop, ministrado por ela, foi abordado o tema: “Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia Comportamental Dialética (TCD) para circunstâncias clínicas desafiadoras”. Além disso, ela também realizou a conferência de abertura da II JoTCC com o tema “Utilizando a TCC com pacientes suicidas”. Assim, foi neste contexto que esta importante pesquisa- dora cedeu a entrevista transcrita abaixo.Na entrevista a autora apresenta sua visão sobre espiritualidade e religião em contato com saúde e com as Terapias cognitivas, além de sua visão sobre a aceitação e o mindfulness, conceitos tão recorrentes nos estudos recentes da área.
  • 5. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2012•8(1)•pp.00-00 71 Entrevista com Donna Sudak 1. Há muitas concepções quando se fala a respeito de saúde, que foram sendo alteradas historicamente. Atualmente, se vê uma mudança neste conceito buscando-se incluir a espiritualidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou alterações incluindo o bem-estar espiritual como uma das dimensões de saúde, e também o DSM-IV-TR mudou sua maneira de contextualizar o papel da religião, substituindo conotações negativas e incluindo uma categoria específica para as questões espirituais e religiosas. Qual a sua concepção de saúde? E qual a relação, para você, entre espiritualidade e saúde? O estado geral da mente, do corpo e espírito de uma pessoa é obtido a partir de uma combinação de bem-estar físico, psíquico e social. Eu acredito que, para muitas pessoas, a espiritualidade melhora a saúde, fornecendo senso de pro- pósito, significado e conexão com outros. Dito isso, eu acredito que religião não é o mesmo que espiritualidade. 2. As religiões, através de suas técnicas peculiares, podem ser vistas como importantes recursos para as pessoas buscarem sentido, paz, esperança, além de fornecer preceitos e rituais que facilitam transições da vida ao longo do desenvolvimento. A psicologia assim como a medicina, através de seus métodos, buscam reestabelecer um estado de bem-estar, equilíbrio, e em muitos casos promovem significados para experiências pessoais. Muitas vezes, a religião e a psicologia/medicina têm como objetivo melhorar a condição de vida daquela pessoa em um determinado momento.Você entende ser possível haver uma aproximação da psicologia ou da medicina com a religião, enquanto um corpo sistematizado de conhecimento? Eu acredito que a psicologia e a medicina estão enrai- zadas no método científico. Eu não me sinto qualificada para comentar quanto ao fato de uma religião aceitar tal abordagem às suas crenças e métodos e se essas crenças e métodos durariam se analisados com o método científico. 3. O mindfulness em uma de suas definições é referido como a capacidade de prestar atenção, no momento presente, a tudo que surgir internamente ou externamente, sem se emaranhar em julgamentos ou no desejo de que as coisas sejam diferentes. Em que sentido você vê a ligação entre a aceitação e o mindfulness? Visto que será desenvolvida essa consciência e atenção ampliada, seria preciso também desenvolver a aceitação do que se percebe? Novamente, eu não sou uma pessoa formada na ACT (terapia de aceitação e compromisso). Mas, mindfulness, na minha visão, envolve “dar-se conta” (awareness) dos conteúdos e aceitá-los sem julgamento. 4. O mindfulness é visto hoje como uma técnica capaz de fornecer sentido, promover uma atenção ao presente e está associado a maior bem-estar, maior qualidade de vida, maior saúde. Entretanto, pode ser considerado também uma filosofia de vida ligada às tradições budistas. Em que extensão o indivíduo precisa compartilhar dessa filosofia para se beneficiar desta técnica? E o que você acredita que a sociedade ocidental precisa desenvolver para alcançar as habilidades necessárias ao mindfulness? Mindfulness, como uma técnica, não está ligada a ne- nhuma tradição religiosa específica.A mente pode ser treinada com a prática a obsevar, ou participar, ou descrever fenômenos sem julgamentos, plenamente e na ausência de uma tendência religiosa em particular. 5. Diante de uma sociedade que não valoriza essa atenção presente e o não-julgamento, muitos pacientes podem enfrentar dificuldades por mais treinável que a habilidade do mindfulness possa ser. Conte-nos um pouco como a prática de mindfulness é relatada pelos pacientes em seu cotidiano fora do contexto do consultório? Na verdade, há maneiras de treinar a atenção de uma pessoa mesmo nas atividades diárias. Marsha Linehan des- creve, por exemplo, o uso de luzes vermelhasI para observar a respiração. MBSR (Treinamento de redução de estresse ba- seado em mindfulness) descreve muitas técnicas (bodyscanII , alimentação conscienteIII , consciência da respiração) que podem ser incorporadas ao cotidiano. 6. Avaliando a diversidade de pacientes que se pode ter e percebendo que há diferentes adaptações às técnicas propostas; quais pontos você destacaria para a escolha dessa técnica a um determinado paciente? Existem características peculiares que um paciente precisa ter para ser ajudado pelo mindfulness? Eu acredito que a questão mais importante a se con- siderar é quais são as evidências de benefícios da prática do mindfulness em uma circunstância particular - ele realmente só faz sentido em ser implantado quando temos clareza que seja benéfico (como procedimento terapêutico). Muitas pessoas po- deriam decidir utilizar mindfulness como uma preferência pessoal e isso não é o mesmo que a prescrição como parte da terapia. 7. O terapeuta, como participante ativo na terapia, precisa constantemente se preocupar com a formação pessoal e I Treino de Marsha Linehan que sugere que ao ver as luzes vermelhas (por ex- emplo, do semáforo) se reserve um tempo para atentar-se a própria respiração ou mesmo as sensações que se experimenta naquele momento. II Exercício de investigação do corpo, que consiste em se atentar a cada parte do corpo em suas sensações presentes, das possíveis tensões ou relaxamen- tos, das posições estabelecidas. Escanear todo o corpo conscientizando-se de suas partes. III Manter-se atento enquanto se come, observando o que está comendo, as sensações produzidas ao longo da alimentação.
  • 6. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2012•8(1)•pp.00-00 72 técnica para alcançar a eficiência em seu trabalho. Quais as características o terapeuta precisa desenvolver para aplicar de forma correta e adequada o mindfulness? Alguns profissionais (incluindo Marsha Linehan) acredi- tam que terapeutas devem ter sua própria prática em mindful- ness para exercer a TCD (terapia comportamental dialética) de forma eficaz. Existem alguns trabalhos que terapeutas com treino em mindfulness tem melhores resultados com seus pa- cientes.Assim, terapeutas que empregam mindfulness podem ter melhores resultados se tiverem sua própria prática. Isso, no entanto, precisa de mais dados para ser provado. 8. Qual seria o conjunto de leituras básicas que você sugeriria a um terapeuta que quer começar a utilizar o mindfulness? Os livros de Kabat Zinn são maravilhosos. E várias leituras no site behavioraltech4 também. 9. A técnica de mindfulness normalmente é muito evidenciada em terapias como Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e Terapia Comportamental Dialética (DBT). Você acredita que todas as terapias cognitivas incluindo, por exemplo, a Terapia Cognitiva de Beck e a Terapia de Esquemas de Young podem incluir o mindfulness também como técnica? A terapia não é sobre adição de técnicas.A conceituação de caso individualmente pode incorporar o mindfulness como uma técnica baseada nos dados específicos, nas necessidades do paciente. Sempre que possível, deve-se utilizar técnicas quando há dados que a sustentem. 10. Em 2005, na abertura do V Congresso Internacional de Terapia Cognitiva, realizado em Gotemburgo, na Suécia, houve o encontro entre Dalai Lama e Aaron Beck. Neste, Dalai Lama associou a meditação utilizando mindfulness com a identificação e registro dos pensamentos. Como você vê esta relação? Eu não vi esse diálogo. No entanto, quando alguém usa a prática do mindfulness torna-se possível ser mais consciente dos pensamentos. 11. E para finalizar, visto que a Terapia Comportamental Dialética e também o mindfulness tem sido muito discutido atualmente, qual caminho você pensa que as pesquisas devem seguir para fortalecer e posteriormente difundir ainda mais a técnica de mindfulness e a terapia comportamental dialética? Como você imagina o futuro desse modelo de tratamento? A pesquisa deve determinar para quais pacientes, e quando, os tratamentos são úteis e eficazes. REFERÊNCIAS American Psychiatric Association (2006). American Psychiatric Associa- tion Practice Guidelines for the treatment of psychiatric disorders: Compendium 2006. American Psychiatric Publication. American Psychiatric Association. (2002). DSM-IV-TR - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed. Davis, D.M.; Hayes, J.A. (2011). What are the benefits of mindfulness? 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