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A SOCIOLINGUÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA –
UNITAU
Disciplina: TEORIAS LINGUÍSTICAS
Profa. Dra. MARIA APARECIDA GARCIA LOPES ROSSI
Nível semântico
Nível sintático
Nível morfológico
Nível
fonológico
Estudos linguísticos a partir dos anos 60
Semântica
Argumentativa
Sociolinguística
Análise da
conversação
Linguística
textual
Outras áreas
de estudo
Linguística
Aplicada
(inicialmente voltada
ao ensino de línguas
e sub-área restrita da
Linguística)
Teorias do
discurso
Pragmática
Psicolinguística
Linguística
Histórica
Gramática gerativa
Sociolinguística
 Estudos a partir das décadas de 50 e 60, nos Estados
Unidos
 William Labov (pesquisador americano) iniciou a
Sociolingüística Quantitativa (assim chamada por
operar com números e tratamento estatístico dos
dados coletados), também conhecida por Teoria da
Variação e da Mudança Lingüísticas, ou
Sociolingüística variacionista)
 Em 1963
Labov
 Insistiu na relação entre língua e sociedade e na
possibilidade de sistematizar a variação existente
e própria da língua falada
 Com seus estudos, derrubou muitos mitos sobre a
inferioridade da forma de falar de comunidades
pobres, socialmente desprestigiadas, como a
comunidade negra de Nova Iorque, falante do
black English.
Variações linguísticas
 Típicas de grupos de pessoas: dialetos
 Típicas de um mesmo falante: registros
 Típicas de um mesmo aspecto linguístico
(estrutura linguística): variantes
Dialetos
 Variações lingüísticas típicas de grupos de pessoas
 Variedades da língua com sistema léxico, sintático,
morfológico e fonético próprio e usadas num
ambiente mais restrito que a própria língua
 Ocorrem em função do grupo de falantes, que
pode se diferenciar principalmente por: 1) região
(território, ocupação geográfica); 2) classe social;
3) grupo social ou profissional; 4) idade; 5) sexo.
 Podem ter apreciação social diferente; há dialetos
prestigiados socialmente e outros não
Registros
 Variedades da língua de um mesmo falante
decorrentes de diferentes situações no uso social da
língua.
 Uma mesma pessoa não usa a língua da mesma
maneira, em todas as circunstâncias, principalmente
por: 1) grau de formalismo, tanto na escrita quanto na
fala; 2) modo (diferenças entre língua falada e escrita);
3) sintonia do falante com o ouvinte, em função do
status social do ouvinte, da tecnicidade do assunto e
dos conhecimentos do ouvinte, da cortesia que o
falante considera apropriada ao ouvinte.
 O conjunto dos usos de uma língua próprio de um
indivíduo é chamado de idioleto.
Variantes linguísticas
 A partir de gravações de língua falada, o pesquisador seleciona todas as
frases que apresentam a variável linguística que será estudada
 Variável linguística = aspecto linguístico (estrutura) em estudo
 Variantes linguísticas = várias formas que aquele aspecto linguístico pode
assumir na língua falada
Exemplo:
As meninas bonitas As meninas bonita As menina bonita
Variantes
Variável
Concordância
no sintagma
nominal
Em todos os
elementos
No artigo e
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substantivo
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Especialmente
no PE
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falantes
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falantes pouco
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( ) Canto Eu canto Eu canto Eu canto
( ) Cantas Tu cantas / Você
canta
Você canta Você canta
( ) Canta Ele canta Ele canta Ele canta
( ) Cantamos Nós cantamos A gente canta Nóis canta
( ) Cantais Vós cantais / Vocês
cantam
Vocês cantam Voceis canta
( ) Cantam Eles cantam Eles cantam
A turma / O pessoal
canta
Eles / A turma / O
pessoal canta
Exemplo de um caso de variação no Português
Variável: O paradigma de conjugação verbal
Exemplo de um caso de variação no Português
Variável: Pronome pessoal oblíquo de 3ª pessoa
Variantes Exemplos das variantes número de
ocorrência
%
clítico Pedro descascou as
bananas e eu as comi.
97 4,9
pronome ele/ela Pedro descascou as
bananas e eu comi elas.
304 15,4
vazio Pedro descascou as
bananas e eu comi [ ].
1.235 62,6
substantivo Pedro descascou as
bananas e eu comi as
bananas.
338 17,1
total 1.974 100,0
Fonte: DUARTE, Maria Eugênia L. Clítico Acusativo, Pronome Lexical e Categoria
Vazia no Português do Brasil. In: TARALLO, F. (Org.). Fotografias sociolinguísticas.
Campinas : Pontes, 1989. p. 19-34.
Obs.: exemplos diferentes dos fornecidos pela autora.
Metodologia da pesquisa Sociolinguística
 Estudo da língua falada, o vernáculo, ou seja, a
enunciação nos momentos em que o mínimo de
atenção é prestado à língua, ao como falar.
 Seleção e gravação de falantes de acordo com os
fatores extralinguísticos que se quer investigar:
sexo, idade, escolaridade, situação sócio-econômica,
profissão, entre outros.
 Colheta de dados de, no mínimo, cinco informantes
para cada combinação dos fatores determinados.
Por exemplo
 Variáveis extralinguísticas (não linguísticas):
 sexo: masculino e feminino
 Nível de escolaridade: fundamental, médio, superior
 Local onde vive: São Paulo e Salvador
 Serão necessários:
 5 homens, de escolaridade fundamental, de São Paulo
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 5 homens, de escolaridade média, de São Paulo
 5 homens, de escolaridade média, de Salvador
 5 homens, de escolaridade superior, de São Paulo
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 O mesmo tipo de combinação para as mulheres
Análise dos dados obtidos
 Descrição das variantes que constituem a variável
em estudo
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condicionam as variantes
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(possíveis relações com outros aspectos da língua)
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porcentagens encontradas, se a língua está em
processo de mudança naquele aspecto focado no
estudo)
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pessoal oblíquo de 3ª pessoa
Variantes Exemplos das
variantes
% Alguns fatores linguísticos que condicionam as
variantes
clítico Pedro descascou as
bananas e eu as
comi.
4,9 55 ocorrências seguem Verbo no infinitivo
3 seguem outro tipo de V
39 precedem V num tempo simples do
indicativo
00 com imperativo, tempos compostos,
gerúndio
pronome
ele/ela
Pedro descascou as
bananas e eu comi
elas.
15,4 Com todas as formas, principalmente com
tempos simples, imperativo e loc. verbais
vazio Pedro descascou as
bananas e eu comi
[ ].
62,6 Com todas as formas verbais
substantivo Pedro descascou as
bananas e eu comi
as bananas.
17,1 Com todas as formas verbais
total 100,0
Fonte: DUARTE, Maria Eugênia L. Clítico Acusativo, Pronome Lexical e Categoria Vazia no Português do Brasil. In:
TARALLO, F. (Org.). Fotografias sociolinguísticas. Campinas : Pontes, 1989. p. 19-34.
Obs.: exemplos diferentes dos fornecidos pela autora.
Encaixamento da variável pronome pessoal oblíquo de 3ª pessoa no sistema
linguístico
(possíveis relações com outros aspectos da língua)
Variantes Exemplos das variantes Relação com as variantes dos
pronomes relativos
pronome
oblíquo/relativo
Eu descasquei as laranjas
e Pedro as comeu.
Encontrei a revista cuja capa estava
rasgada.
pronome
ele/ela
Eu descasquei as laranjas
e Pedro comeu elas.
Encontrei a revista que a capa dela
estava rasgada.
vazio Eu descasquei as laranjas
e Pedro comeu [ ].
Encontrei a revista que a capa [ ]
estava rasgada.
substantivo Eu descasquei as laranjas e
Pedro comeu as laranjas.
Encontrei a revista que a capa da
revista estava rasgada.
Fonte: TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1985.
Obs.: exemplos de Mary A. Kato.
Sobre a gramática da língua falada
 Ainda há poucos estudos
 Porque a tradição de estudos lingüísticos tem dado
atenção à língua escrita
 A sociolingüística estuda a língua falada, o
vernáculo, ou seja, a enunciação e expressão de
fatos e idéias nos momentos em que o mínimo de
atenção é prestado à língua, ao como falar.
Conclusões gerais sobre variação
sociolinguística
 Sempre existe variação linguística numa
comunidade de fala. Pode ser no nível fonológico,
morfológico, sintático, semântico, lexical
 É possível sistematizar essa variação e revelar
características de um sistema devidamente
estruturado subjacente ao aparente caos da língua
falada
Conclusões gerais sobre variação
sociolinguística
 As variantes encontram-se sempre em relação de
concorrência:
 Padrão X não padrão
 Conservadoras X inovadoras
 De prestígio X estigmatizadas (desvalorizadas)
 Por causa dessa tensão, a língua pode ser um fator
extremamente importante para demarcar diferenças
sociais em uma comunidade
 As pessoas podem ser valorizadas ou desvalorizadas
em função das variantes linguísticas que produzem
Estudos sociolingüísticos mostraram que
 A partir dos estudos sociolingüísticos, pode-se
combater a discriminação social sobre as formas
populares da língua
Diferença
Não é
deficiência
Formas (variantes) populares
Língua falada coloquial e dialetos de grupos desprestigiados
Crença antiga Verdade revelada pelas pesquisas sociolinguísticas
Desorganizados Organizados de acordo com uma gramática própria,
diferente da gramática da norma padrão
Sem gramática Com gramática própria
Incoerentes Coerentes
Erro X variação sociolinguística
 Só se pode falar em ERRO no caso de violações a
regras invariantes, ou seja, àquelas que não variam em
qualquer dialeto social ou regional da língua, em
qualquer situação que seja. Por exemplo:
Meninos os bonitos são.
 Não é erro, mas é VARIAÇÃO SOCIOLINGÜÍSTICA
dizer:
Os menino são bonitos.
Os menino são bonito.
Os menino é bonito.
Da perspectiva da Sociolinguística
 O quadro de variação da língua precisa ser descrito
 As variantes devem ser julgadas como adequadas
ou não adequadas às situações de comunicação. A
variante padrão, formal, nem sempre é a mais
adequada. Pode ser inadequada numa situação
muito coloquial, informal, por parecer pedante.
 As pessoas precisam conhecer, discutir, entender
essa dinâmica da língua para poderem aprender a
norma padrão ensinada na escola e decidir quando
usá-la ou quando usar as variantes populares
Variação e mudança
 Variação de uma estrutura (de uma variável) não
implica necessariamente mudança linguística (a
variação pode permanecer ocorrendo por séculos)
 Determinadas variações podem causar o
desaparecimento de uma ou mais variantes e/ou o
fortalecimento de uma nova variante, provocando
uma mudança na língua
Duas grandes linhas interpretativas da mudança
linguística
 IMANENTISTA: continuadora do pensamento
neogramático, do estruturalismo e do gerativismo,
assume a mudança linguística como um fato
primordialmente interno, como um acontecimento que
se dá no interior da língua e condicionado por fatores da
própria língua.
 INTEGRATIVA: surgiu de críticas aos neogramáticos,
assumida pela dialetologia e sociolinguística, entende
que a mudança linguística deve ser vista como articulada
com o contexto social, condicionada por uma conjunção
de fatores internos (estruturais) e externos (sociais).
Variações sociolinguísticas no Português Brasileiro
 São inúmeras
 Algumas já foram descritas, pelo menos com
relação a algumas regiões
 Muitas outras ainda não foram estudadas
 O sistema pronominal brasileiro é rico em
variações e já foi relativamente bem estudado
Bibliografia
 ALKMIM, Tânia. Sociolingüística. Parte I. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.).
Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 21-47.
 CAMACHO, Roberto G. . Sociolingüística. Parte II. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C.
Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 49-75.
 LOUZADA, Maria S. O. O ensino da norma na escola. In: MURRIE, Zuleika de F. (Org.). O
ensino de português. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1994. p. 11-21.
 PRETI, Dino. Sociolingüística – os níveis da fala. 7. ed. São Paulo: Edusp, 1994.
 SOARES, Magda. Linguagem e escola – uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1986.
 STAUB, Augostinus. Perguntas e afirmações que devem ser analisadas. In: KIRST, M.;
CLEMENTE, E. (Org.). Lingüística Aplicada ao ensino de português. Porto Alegre
Mercado Aberto, 1987. p. 18-31.
 TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1985.
 ______. Fotografias sociolingüísticas. Campinas: Pontes: Unicamp, 1989.

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Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
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A SOCIOLINGUISTICA-1.pdf

  • 1. A SOCIOLINGUÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA – UNITAU Disciplina: TEORIAS LINGUÍSTICAS Profa. Dra. MARIA APARECIDA GARCIA LOPES ROSSI
  • 2. Nível semântico Nível sintático Nível morfológico Nível fonológico Estudos linguísticos a partir dos anos 60 Semântica Argumentativa Sociolinguística Análise da conversação Linguística textual Outras áreas de estudo Linguística Aplicada (inicialmente voltada ao ensino de línguas e sub-área restrita da Linguística) Teorias do discurso Pragmática Psicolinguística Linguística Histórica Gramática gerativa
  • 3. Sociolinguística Estudos a partir das décadas de 50 e 60, nos Estados Unidos William Labov (pesquisador americano) iniciou a Sociolingüística Quantitativa (assim chamada por operar com números e tratamento estatístico dos dados coletados), também conhecida por Teoria da Variação e da Mudança Lingüísticas, ou Sociolingüística variacionista) Em 1963
  • 4. Labov Insistiu na relação entre língua e sociedade e na possibilidade de sistematizar a variação existente e própria da língua falada Com seus estudos, derrubou muitos mitos sobre a inferioridade da forma de falar de comunidades pobres, socialmente desprestigiadas, como a comunidade negra de Nova Iorque, falante do black English.
  • 5. Variações linguísticas Típicas de grupos de pessoas: dialetos Típicas de um mesmo falante: registros Típicas de um mesmo aspecto linguístico (estrutura linguística): variantes
  • 6. Dialetos Variações lingüísticas típicas de grupos de pessoas Variedades da língua com sistema léxico, sintático, morfológico e fonético próprio e usadas num ambiente mais restrito que a própria língua Ocorrem em função do grupo de falantes, que pode se diferenciar principalmente por: 1) região (território, ocupação geográfica); 2) classe social; 3) grupo social ou profissional; 4) idade; 5) sexo. Podem ter apreciação social diferente; há dialetos prestigiados socialmente e outros não
  • 7. Registros Variedades da língua de um mesmo falante decorrentes de diferentes situações no uso social da língua. Uma mesma pessoa não usa a língua da mesma maneira, em todas as circunstâncias, principalmente por: 1) grau de formalismo, tanto na escrita quanto na fala; 2) modo (diferenças entre língua falada e escrita); 3) sintonia do falante com o ouvinte, em função do status social do ouvinte, da tecnicidade do assunto e dos conhecimentos do ouvinte, da cortesia que o falante considera apropriada ao ouvinte. O conjunto dos usos de uma língua próprio de um indivíduo é chamado de idioleto.
  • 8. Variantes linguísticas A partir de gravações de língua falada, o pesquisador seleciona todas as frases que apresentam a variável linguística que será estudada Variável linguística = aspecto linguístico (estrutura) em estudo Variantes linguísticas = várias formas que aquele aspecto linguístico pode assumir na língua falada Exemplo: As meninas bonitas As meninas bonita As menina bonita Variantes Variável Concordância no sintagma nominal Em todos os elementos No artigo e no substantivo Apenas no artigo
  • 9. Variantes da norma padrão Variantes populares Especialmente no PE Especialmente no PB Forma popular de falantes escolarizados Forma popular de falantes pouco escolarizados ( ) Canto Eu canto Eu canto Eu canto ( ) Cantas Tu cantas / Você canta Você canta Você canta ( ) Canta Ele canta Ele canta Ele canta ( ) Cantamos Nós cantamos A gente canta Nóis canta ( ) Cantais Vós cantais / Vocês cantam Vocês cantam Voceis canta ( ) Cantam Eles cantam Eles cantam A turma / O pessoal canta Eles / A turma / O pessoal canta Exemplo de um caso de variação no Português Variável: O paradigma de conjugação verbal
  • 10. Exemplo de um caso de variação no Português Variável: Pronome pessoal oblíquo de 3ª pessoa Variantes Exemplos das variantes número de ocorrência % clítico Pedro descascou as bananas e eu as comi. 97 4,9 pronome ele/ela Pedro descascou as bananas e eu comi elas. 304 15,4 vazio Pedro descascou as bananas e eu comi [ ]. 1.235 62,6 substantivo Pedro descascou as bananas e eu comi as bananas. 338 17,1 total 1.974 100,0 Fonte: DUARTE, Maria Eugênia L. Clítico Acusativo, Pronome Lexical e Categoria Vazia no Português do Brasil. In: TARALLO, F. (Org.). Fotografias sociolinguísticas. Campinas : Pontes, 1989. p. 19-34. Obs.: exemplos diferentes dos fornecidos pela autora.
  • 11. Metodologia da pesquisa Sociolinguística Estudo da língua falada, o vernáculo, ou seja, a enunciação nos momentos em que o mínimo de atenção é prestado à língua, ao como falar. Seleção e gravação de falantes de acordo com os fatores extralinguísticos que se quer investigar: sexo, idade, escolaridade, situação sócio-econômica, profissão, entre outros. Colheta de dados de, no mínimo, cinco informantes para cada combinação dos fatores determinados.
  • 12. Por exemplo Variáveis extralinguísticas (não linguísticas): sexo: masculino e feminino Nível de escolaridade: fundamental, médio, superior Local onde vive: São Paulo e Salvador Serão necessários: 5 homens, de escolaridade fundamental, de São Paulo 5 homens, de escolaridade fundamental, de Salvador 5 homens, de escolaridade média, de São Paulo 5 homens, de escolaridade média, de Salvador 5 homens, de escolaridade superior, de São Paulo 5 homens, de escolaridade superior, de Salvador O mesmo tipo de combinação para as mulheres
  • 13. Análise dos dados obtidos Descrição das variantes que constituem a variável em estudo Identificação dos fatores linguísticos e extralinguísticos (não linguísticos) que condicionam as variantes Encaixamento da variável no sistema linguístico (possíveis relações com outros aspectos da língua) Projeção histórica (estimativa, em função das porcentagens encontradas, se a língua está em processo de mudança naquele aspecto focado no estudo)
  • 14. Exemplo de fatores linguísticos que condicionam as variantes do pronome pessoal oblíquo de 3ª pessoa Variantes Exemplos das variantes % Alguns fatores linguísticos que condicionam as variantes clítico Pedro descascou as bananas e eu as comi. 4,9 55 ocorrências seguem Verbo no infinitivo 3 seguem outro tipo de V 39 precedem V num tempo simples do indicativo 00 com imperativo, tempos compostos, gerúndio pronome ele/ela Pedro descascou as bananas e eu comi elas. 15,4 Com todas as formas, principalmente com tempos simples, imperativo e loc. verbais vazio Pedro descascou as bananas e eu comi [ ]. 62,6 Com todas as formas verbais substantivo Pedro descascou as bananas e eu comi as bananas. 17,1 Com todas as formas verbais total 100,0 Fonte: DUARTE, Maria Eugênia L. Clítico Acusativo, Pronome Lexical e Categoria Vazia no Português do Brasil. In: TARALLO, F. (Org.). Fotografias sociolinguísticas. Campinas : Pontes, 1989. p. 19-34. Obs.: exemplos diferentes dos fornecidos pela autora.
  • 15. Encaixamento da variável pronome pessoal oblíquo de 3ª pessoa no sistema linguístico (possíveis relações com outros aspectos da língua) Variantes Exemplos das variantes Relação com as variantes dos pronomes relativos pronome oblíquo/relativo Eu descasquei as laranjas e Pedro as comeu. Encontrei a revista cuja capa estava rasgada. pronome ele/ela Eu descasquei as laranjas e Pedro comeu elas. Encontrei a revista que a capa dela estava rasgada. vazio Eu descasquei as laranjas e Pedro comeu [ ]. Encontrei a revista que a capa [ ] estava rasgada. substantivo Eu descasquei as laranjas e Pedro comeu as laranjas. Encontrei a revista que a capa da revista estava rasgada. Fonte: TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1985. Obs.: exemplos de Mary A. Kato.
  • 16. Sobre a gramática da língua falada Ainda há poucos estudos Porque a tradição de estudos lingüísticos tem dado atenção à língua escrita A sociolingüística estuda a língua falada, o vernáculo, ou seja, a enunciação e expressão de fatos e idéias nos momentos em que o mínimo de atenção é prestado à língua, ao como falar.
  • 17. Conclusões gerais sobre variação sociolinguística Sempre existe variação linguística numa comunidade de fala. Pode ser no nível fonológico, morfológico, sintático, semântico, lexical É possível sistematizar essa variação e revelar características de um sistema devidamente estruturado subjacente ao aparente caos da língua falada
  • 18. Conclusões gerais sobre variação sociolinguística As variantes encontram-se sempre em relação de concorrência: Padrão X não padrão Conservadoras X inovadoras De prestígio X estigmatizadas (desvalorizadas) Por causa dessa tensão, a língua pode ser um fator extremamente importante para demarcar diferenças sociais em uma comunidade As pessoas podem ser valorizadas ou desvalorizadas em função das variantes linguísticas que produzem
  • 19. Estudos sociolingüísticos mostraram que A partir dos estudos sociolingüísticos, pode-se combater a discriminação social sobre as formas populares da língua Diferença Não é deficiência
  • 20. Formas (variantes) populares Língua falada coloquial e dialetos de grupos desprestigiados Crença antiga Verdade revelada pelas pesquisas sociolinguísticas Desorganizados Organizados de acordo com uma gramática própria, diferente da gramática da norma padrão Sem gramática Com gramática própria Incoerentes Coerentes
  • 21. Erro X variação sociolinguística Só se pode falar em ERRO no caso de violações a regras invariantes, ou seja, àquelas que não variam em qualquer dialeto social ou regional da língua, em qualquer situação que seja. Por exemplo: Meninos os bonitos são. Não é erro, mas é VARIAÇÃO SOCIOLINGÜÍSTICA dizer: Os menino são bonitos. Os menino são bonito. Os menino é bonito.
  • 22. Da perspectiva da Sociolinguística O quadro de variação da língua precisa ser descrito As variantes devem ser julgadas como adequadas ou não adequadas às situações de comunicação. A variante padrão, formal, nem sempre é a mais adequada. Pode ser inadequada numa situação muito coloquial, informal, por parecer pedante. As pessoas precisam conhecer, discutir, entender essa dinâmica da língua para poderem aprender a norma padrão ensinada na escola e decidir quando usá-la ou quando usar as variantes populares
  • 23. Variação e mudança Variação de uma estrutura (de uma variável) não implica necessariamente mudança linguística (a variação pode permanecer ocorrendo por séculos) Determinadas variações podem causar o desaparecimento de uma ou mais variantes e/ou o fortalecimento de uma nova variante, provocando uma mudança na língua
  • 24. Duas grandes linhas interpretativas da mudança linguística IMANENTISTA: continuadora do pensamento neogramático, do estruturalismo e do gerativismo, assume a mudança linguística como um fato primordialmente interno, como um acontecimento que se dá no interior da língua e condicionado por fatores da própria língua. INTEGRATIVA: surgiu de críticas aos neogramáticos, assumida pela dialetologia e sociolinguística, entende que a mudança linguística deve ser vista como articulada com o contexto social, condicionada por uma conjunção de fatores internos (estruturais) e externos (sociais).
  • 25. Variações sociolinguísticas no Português Brasileiro São inúmeras Algumas já foram descritas, pelo menos com relação a algumas regiões Muitas outras ainda não foram estudadas O sistema pronominal brasileiro é rico em variações e já foi relativamente bem estudado
  • 26. Bibliografia ALKMIM, Tânia. Sociolingüística. Parte I. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 21-47. CAMACHO, Roberto G. . Sociolingüística. Parte II. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 49-75. LOUZADA, Maria S. O. O ensino da norma na escola. In: MURRIE, Zuleika de F. (Org.). O ensino de português. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1994. p. 11-21. PRETI, Dino. Sociolingüística – os níveis da fala. 7. ed. São Paulo: Edusp, 1994. SOARES, Magda. Linguagem e escola – uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1986. STAUB, Augostinus. Perguntas e afirmações que devem ser analisadas. In: KIRST, M.; CLEMENTE, E. (Org.). Lingüística Aplicada ao ensino de português. Porto Alegre Mercado Aberto, 1987. p. 18-31. TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1985. ______. Fotografias sociolingüísticas. Campinas: Pontes: Unicamp, 1989.